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DOUTRINA. SF LEGISLAGAO AMBIENTAL BRASILEIRA: EVOLUGAO HISTORICA DO DIREITO AMBIENTAL ANN HELEN WAINER* da Pocaradora do Municipio de ote na oca do descbrimento do mins = 3. ras Caldna — 4, As. Ordenasies pimas ~~ 6 Laila abundant inetieaz — 7, Regimento sobre 0 pav-brasil € oe we As discussdes de temas como a escas- sez de recursos nat a Aguas, 0 dano ambi © povoamento do solo se intensificaram 8 assos largos & vésperas da fo, esses assuntos nao slo ini- tos. Basia estudar com mais acuidade a Walcacer. De notar-se, entre tantos ou- tros aspectos, a necessidade constatada de um tratamento que extrapole je forma a alcangar povos que assinem urna peticlo apoian- do a emenda & Carta das Ragses th ‘mos a atualidade do trato dado, do, Bs questies ambientais novo € 0 tratamento glob: matérias passam a ser di Em outubro de 1991, Conferéncia Internacional de Direito a fim de introduzir uma Lei de ‘proteger o meio ambiente é tum problema: mun de em seu trabalho sobre a“ ‘ional da camada de oz Meio Ambiente © a glok 2. Jornal do Brasil, de 3.0 Prof, Michel Prieur, em seu livro Prof. Alexandre Kiss, Presidente do Podemos afirmar que Jeis ambientais no, Bras Portugal e em sua rica fomos coldnia até 0 inicio do Século xix. Portanto, em primeiro lugar, objetiva ultineo da nar a marinha mercante. 2. Legislagao portuguesa vigente na Gpoca do descobrimento do Brasil: as Ordenagies Afonsinas ** Ao tempo em que 0 Brasil foi desco- berto, vigoravam em Portugal as Ordena imeiro Cédigo legal lho de compilagde foi de 1446. io dessas Ordenagies ‘cujo nome homenageia 0 rei que ocupa~ va o trono, D. Afonso V, seus comptla ica a autonomia do Direito Ambiental por er um amo gue trata de questBes propria tal feomo 0 estudo de impacto ambient 14. Ordenagses Afonsinas, ed ‘pp. 224,229 ¢ 231. Esia edigho, de da realizada |. Coimbra. 1851, tuma pesquisa profunda sobre as ordenagdes bem como sobre as Ordenagoes dores tiveram como fonte bésica 0 Direi- to Romano ¢ 0 Candnico. ‘A legislagio ambiental portuguesa, naquela ép0ca, ja. A preocupacao com a falta de principaimente de cereais, data de "quando D. Afonso TIT deter minava que 0 pio ¢ a farinha no pode~ iam ser transportados para fora do rei Para o caso de descumprimento da nor- ica, a pena era “dos corpos ¢ dos ago a0s ‘go com a8 aves oF pelo 7 que equiparava 0 furto das aves, para efeitos criminais, a qualquer ‘outra espécie de furto, Registre-se tam~ bém 0 pioneirismo desta norma legal ‘0 pagamento de uma quantia fim de reparar mater lmente o proprietério pela perda de seu ‘Ainda nla se_estimava, de modo ex} aves, tai te da escassez. de géneros alimen- jos em Portugal, **° foram smarias, através da Lei de 26.6.1375, no reinado de D. Fernando I, visando ‘Afonsings. ‘de aves como 66 ‘9. Veja-se também os Donos do Poder. de Raymundo Fao%0, 37 cd.. Ed. Globo, Porto 196. pp. 123 a 125, De ovtra parte, os Talo XXXII 160 REVISTA DE DIREITO AMBIENTAL ‘com esta medida a incrementar 0 cultivo do_maior ndmero de terras tual, Sua redagdo comeca por a falta de mantimentos oriundos todos os que tenham terra que as fe semeiem, sob pena de perder a dit terra Caso 0 proprietério da terra “por al rma Tidima razor’ udesse lavr alei ordenava que oct Posteriormente, nas Ordenagées Manuelinas e Filipinas, as sesmarias ‘ganham um sentido de povoamento, dada a necessidade de manter a unidade € defesa do territério contra os ataques estrangeiros. ‘Apenas para fazer um paralelo, hoje, a '504/1964, que dispde sobre 0 Es- da Terra, traz em seu texto 0 fungio social da terra (prinef- pio consagrado no art. 186 da CF) A propriedade rural fica vinculada a su Fungdo social. O Poder Publico pode desapropriar a terra, quando seus propri- etérios po ponham em pritica normas de conservagéo de recursos naturais, J propriar érea uubana, para reloteamento, dem incorporagio. tipitica crime de injoria ao rei, tamanha a preo~ COrdenagbes Alonsines. ccupagiio com as mi Alls, talc me era previsto.na Biblia, Deuterondmio 20:19, que proibia o corte de Arvores frusfferas durante um assédio, punindo os infratores com a pena de ag E sob a 6tica desse quadro legi que reflete, de forma nitida, 0 de Portugal sta ultramarina que a te € descoberta. 3. Brasil-Colénia © nome de nossa Patria é, em ecolégico, Foi 0 pau-brasil a primeira riqueza permutével, geradora do primeiro contra- to de arrendamento entre a Coroa Portux guesa © um consbrcio de cristios-novos. No entanto, a margem do lucro decorren tante aquém do que a metrép¢ com a explora¢io € 0 comérci dutos advindos do litoral afticano © das as. Assim, aper 2 suficiente para motivar 0 nuel a determinar o povoamento regular da nova terra descoberta, habitada até centio exclusivamente por grupos 4, As Ordenagées Manuelinas fs, estava 0 rei preocupado, entre outras coisas, em perpetuar seu nome j0, Por essa razio, orde- sob a denominagio de Orde Senhor Rey Dom Manoel. As vagantes dectetadas, no perfodo 1446 (término da compilagio das Orde- ages Afonsinas) e 1521, foram em grande maioria incorporadas as novas Ordenagies. A estrutura — permanece a compila- quase nada diferem das Ordenagdes Afonsinas, Mas no tocante 2 legislagao 1, houve uma protegio mais fada.e moderna. A tal ponto que foi iéa a caga de determinados ani ‘com instrumentos capazes de calt- $a morte com dor € sofrimento, notar, abrindo parénteses, nesse ‘ordenamento, uma introdugio do imbiental. A dos local define a Politica Ambiente, ena Lei 6:902/1981 ia a ctiaglo de areas de. pr amb iaas pela Lei 7.8 se o cardter inovad ‘que permi reas especialmente prote- las da propriedade par iém disso, outro ordenamento prote- ge a vida de certos animais,? punindo fom severidade o infrator da norma. Entretanto, ao lado deste avanco norma- tivo, encontramos uma Justiga classista, intas. penalidades icadas conforme a fosse pesson a quem s, era degredado pelo is anos. ‘Hoje em dia, apesar de termos a Lei 7653/1988, que dispde serem os crimes cometidos contra a fauna inafiangdveis, € ‘que pune com reclusio poluidor que cause dano irres ‘nfo temos noticia da aplicagao inresttita destas normas a qualquer cida- ‘dio, e sim, tio-somente contra uns pou- cos miserdveis cagadores... 11, cag de perl, eres coe 7 /, Titulo LXXX! Braengtes Manone t ab insatos est pre / dag Ordenagoes Mane ‘Ainda nas Ordenagdes Manoel relagio a0 corte de arvores frurfferas, teoria da reparagdo do dano apresenta fdas. severas Essas nort cernentes & questo do meio ambiente, extraldas das referi- ‘das Ordenagées, vao vigorar em Portugal @ no Brasil-Colnia apenas até o inicio do Século XVIL A partir de 1580. 0 Brasil passa para o dominio espanho! sob |, que comegou a reinar em Por- ipe 1. al sob 0 nome de 5, As Ordenagées Filipinas Em junho de 1595, 0 monarca espa- nhol expede um Alvaté mandando com- jo sido seu sucessor 0 seu ro de 1603, expedia aprovadas as Ordenagies Fi codificagdo tornou-se obri Reino e nas coldnias portuguesas, tendo vigorado em parte no oadven- to do Codigo Ci : ‘Dos Dispositivos relativos, am: ental, inclusive quanto & ‘chafarizes, pogos, bem com« «do plantio de érvores em jos, Da mesma forma, nos 10 do passado, em ni do Programa Nacional jas Ordenagdes Manoelinas. 14, A determinagio para construglo do. fonies, esté regulada no Livro I. Ti ENIII (§§ 42. 43 ¢ 46) combinado com 0TH XVI, §8 24, 25 € 26) das Ordenagdes Fi as. 162 REVISTA DE DIREITO.AMBIENTAL, de Arporizagio Urbana, instituido pela Lei 7.563/1986 e, no nivel municipal, femos 0 plano diretor. — a tipificagio do le drvores de fruto, como crime, é cuja morte “por ma- imbém acarretava 20 infrator cum- © pomares do dano causado p pasto de animais de vizinhos, estabele- © penas que variavam des- do Pelourinho”) a0 pagamento de multas e perda dos ani- mais Durante 0 periodo coloni cada 2 teoria da responsabi ‘iva pelo dano causado “com mal or animais a pomares vizinhos, expres de 210.1607, reiterado pela "180, sobre o mesmo objeto. Lei de 24. da_responsa objetiva para os danos causados pelo gado no olivais vizinhos, sem culpa do dono ou de seu empregado.” nnagies."" A determinago era de proibit a qualquer pessoa que jogasse material que, pudlesse manter 0s peixes e sua criagiio ou Sujasse as dguas dos rios ¢ das lagoas, sobre 0 langamento ou oleosos nas aguas neas do Pas; — dispée sobre’ a 7 — pro- rulga a Convengao internacional sobre a lade civil em danos esusa- 4d0s por poluiga0 por 1981 — in: to de poluigao as degradacées da qua- lidade. ambiental resul ‘ i foi regulamen- tada pelo Dec. 99.274/1994 ‘Adem biam 2 ‘mentos & em certos locais estipulados, de modo semelhante & proibiggo da pesca em espécies, contida na Lei 7.679/1988,” Vale registrar que inimeras normas valor de bem piiblico no espirito ¢ na ‘a do homem que n io da pesca om determinadas poeas © com certos instrumentos foi proibida na lei compilada nas DOUTRINA 163 © 20 Padre Antonio Vieira, em seu Ser _ndes, apresentava essa deniincia, quando Avisava ao rei que seus proprios Minis- ty0s no vinham para as terras buscar 0 bem, € sim, os bens. f ‘ménte, da mesma forma, Duarte Coelho, * aguem coube a Capitania de Pernambuco, ‘on carta datada de dezembro de 1546, | Togava ao rei que olivrasse dos degreda- ‘dos, que “nenhum fruto nem bem fazem fia terra..”. O Capitio aio teve seu pe- dido atendido e os degredados nao foram ‘daguiafastados, Em conseqiiéncia, che- {garam em nossas terras, grandes gentes humanos de baixo qualidade Tectual e moral que se ave para c& trabalhar e se estabelecer, 6: Legislagio abundante e ineficaz © Apesar do grande nimero de normas pode ser a centralizagio dos documentos pela metrépole Jusa, muitos dos quais foram destrufdos no incéndio de 1.11.15. Na Espanha, encontra-se a maioria dos documentos pert dominagio espanhola, chamado de Unido Peninsular. Em poder dos holandeses esti documentacao leg: vvigente durante 0 do Nordeste brasileiro. 7. Regimento sobre o pau-brasil ¢ a legislagio complementar Em 12.12.1605, foi editada a sobre 0 paucbrasil”? que as severfssimas para aqueles de regimentos e alvaris n, 541, v, 1: Arquivo Nacional ue cortassemn a madeira sem expressa jicenga real. & preocupagao com 0 uma constante € foi exposto no art. 225, da CF brasileira Nesse, 0 meio ambiente & considerado “bem de uso comum do povo” € essen- foram sendo editadas suplementares, conhecidas por I travagante, as Ordenacdes nas © aos forais, Nela destacavi além dos regimentos, as cartas de alvards, cargas régias, provisdes e avi reals AS cartas de leis, ou simplesmente leis, ‘eram de caréter geral, por tempo indeter- nem sempre era observada e um alvard i ha © mesmo valor de inagens, 2 Alvaro Rodrigues de Azevedo, Typ. Funcho- lense, 1873, p. 464, uma Lei de 12.9.1780. eressante rdade das suas pessoas, bens e co- cio, foi estendida, através de Alvard de 28.5.1758, Em relagio 2 legislagdo florestal, em maio de 1773, €, através de uma carta régia, que D. Maria T ordena ao Vice-Rei do Brasil proteco para as madeiras nas Esse ordenamento é reiterado de forma ‘em margo de 1797, quando expe- Capito do Rio Grande de S. preciosa carta, para que se Jobrasse 0 cuidado na conservagio das matas ¢ arvoredos, especialmente na ores de patt-bra 2, 6. pro formas de tag situadas nas nascentes, ainda iermitentes € a Lei 7.754/1989, ce medidas para protegao das restas existentes nas nascentes dos 8. Dominio holandés_no Nordeste brasileiro ¢ a legislagdo ambiental Nao foram apenas 0s nossos coloniza- dores que produziram uma legislagio dessa natureza bastante avangada, mes- 0 que com o objetivo de proteger a sua de géneros tropicais de grande econdmico. lo & Colepdo da Legislagto Des. Antonio Delgado’ da Conia da Cunta, Lisboa, REVISTA DE DIREITO AMBIENTAL Portugal era 0 cultivo da terra, que no Brasil visava-se, essenc 2 povoagio das grandes extensdes daquela época. Proibiram 0 abate do cajueiro, deter- minaram o cuidado com a poluigéo das Aguas e obrigaram os senhores de terras € lavradores de canaviais a. plantarem rogas de mandioca proporcionalmente a0 miimero de seus escravos. Atesta Sérgio Buarque de Holand que, em 5.3.1642, os holandeses nfo permitiam o langamento do bagago de 8 ios € agudes, a fim de proteg \gbes pobres que se ‘yam dos peixes de dgua doce. Alias, esta norma é semelhante 2 precursora prote= ‘go portuguesa, constante do § 7° do Tiwlo LXXXVIII, do Livro V, das O1 denagbes Filipinas, que assim reza “pessoa alguma nfo lance nos tios € lagoas, em qualquer tempo do anno. occa, cal, nem outro al com que fe 0 peixe mata Na atualidade, 0 Dec. através do art. 35, emprego de explosivos e de su t6xicas, estabelecendo a Lei 7.679/198 2 punigo para os infratores. No tocante &s terras.** 0 Governo bi land8s, deliberou que aquelas sem p io, Ou que estivessem desertas €

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