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PESQUISA
A música, desde o início de sua história, foi considerada uma prática cultural e humana.
Provavelmente, fruto da observação dos sons da natureza, despertou no homem, através
do sentido auditivo, a necessidade e vontade de fazê-la. Defini-la não é tarefa fácil
porque apesar de ser intuitivamente conhecida por qualquer pessoa, é difícil encontrar
um conceito que abarque todos os significados dessa prática. Mais do que qualquer
outra manifestação humana, a música contém e manipula o tempo e o som. Talvez por
essa razão ela esteja sempre fugindo a qualquer definição, pois ao buscá-la, ela já se
modificou, já evoluiu. E esse jogo do tempo é simultaneamente físico e emocional. Uma
das maiores dificuldades em definir música tem sido o emprego dessa palavra na
descrição de todas as atividades e elementos relacionadas aos sons organizados.
Conceitos pré-definidos aplicam-se a práticas exploradas, esquadrinhadas,
completamente conhecidas, o que não ocorre na música, que é infinita.
Na música, um cantor, vocal ou vocalista é um tipo de músico que canta, ou seja, usa a
voz como instrumento musical para fazer música. Um cantor principal é aquele que
canta as vozes primárias de uma música, ao contrário do cantor de apoio que canta
vozes de apoio para uma música ou harmonia para o cantor principal.
Na música clássica e na ópera, as vozes são tratadas tal como instrumentos musicais.
As vozes são comumente classificados por gênero e extensão vocal, como se segue:
• Vozes Femininas:
o soprano
o mezzo-soprano
o alto ou contralto
• Vozes Masculinas:
o sopranista
o contratenor
o tenor
o barítono
o baixo-barítono
o baixo
Todos podemos cantar e o canto tem de ser trabalhado, exercitado e aprimorado. O dom
de cantar existe mas, em grande parte dos casos, as condições anatômicas e fisiológicas
podem ser auxiliares importantes.
Problemas vocais
POSTURA
TIPOS RESPIRATÓRIOS
Há muita discussão sobre o tipo adequado de respiração para a fonação e canto, porém
deve-se observar se a respiração efetuada pelo cantor é a adequada para o canto.
Existem três tipos básicos de respiração que são o superior, misto e inferior. No canto
encontram-se vários casos de respiração inferior e mista, ou seja, o cantor, no ato do
canto recorre instintivamente a um tipo de respiração de forma que a pressão subglótica
torne-se mais longa, forte e estável.
TEMPO DE EMISSÃO
A capacidade de emitir um som por longo período e de enfatizar uma nota nos
momentos finais de uma sentença pode definir o repertório e longevidade da voz de um
cantor. Observa-se tal fato quando existe a solicitação para a emissão de um som ou
vogal prolongada ou sustentada, glissando ascendente e descendentemente e fazendo
uma vogal sustentada com intensificação no terço final da emissão.
COORDENAÇÃO PNEUMOFONOARTICULATÓRIA
PITCH
É a sensação auditiva que temos sobre a altura da voz, podendo ser classificado em
grave, médio ou agudo. Mede-se o pitch através de sistemas computadorizados de
análise vocal. Normalmente, no canto, o pitch eleva–se, pois há uma busca das
cavidades superiores de ressonância que acaba levando para a agudização do pitch,
muitas vezes camuflado por uma hipernasalisação.
LOUDNESS
Tem relação com a percepção do volume da voz e deve ter com o tipo de ambiente em
que a voz está sendo emitida. Pode ser classificado em forte, fraco e adequado. Na voz
cantada, deve-se lembrar do ambiente e da utilização da aparelhagem de amplificação
sonora. O cantor pode não possuir uma boa aparelhagem de som ou retornos eficientes,
fazendo com que produza uma voz cantada com muito volume, e solicitando ao seu
corpo que produza um apoio muito potente para que não ocorra sobrecarga das pregas
vocais. O cantor popular normalmente não precisa utilizar um volume maior para cantar
pois possui um bom sistema de amplificação. O cantor de coral emprega muitas vezes
excesso de volume para poder se escutar dentro do coro. O cantor lírico procura
explorar todas as suas caixas de ressonância, todo o seu potencial respiratório para
atingir o quarto formante e assim ser ouvido junto com a orquestra que o acompanha. A
voz transforma-se, neste momento, em mais um e único instrumento.
RESSONÂNCIA
ARTICULAÇÃO
A articulação pode ser precisa, imprecisa, travada, exagerada, pastosa ou aberta. Estas
características podem se combinar aos pares mas não de maneira fixa. Pode-se por
exemplo, encontrar uma articulação travada e precisa assim como uma aberta e
imprecisa. Nem sempre abrir mais a boca para cantar melhora a articulação das
palavras. Pode sim projetá-la muito mais.
ATAQUE VOCAL
O ataque vocal pode ser dividido em brusco, aspirado e suave, podendo ser observado
na fala espontânea. Normalmente o tipo de ataque se modifica da fala para o canto.
Existem pessoas que falam com ataque brusco, porém na hora de cantar optam pelo
estilo bossa-nova , que trabalha com um ataque mais suave.
Há outros nomes diferentes dos utilizados acima, mas estes combinados entre si quando
necessários são suficientes para definir precisamente uma qualidade vocal.
RITMO
É um aspecto que avaliamos apenas na voz falada, pois na cantada dependerá do estilo,
melodia e harmonia da música e da maneira como o cantor interpreta a canção. Na fala
usamos um ritmo lento, acelerado, muito acelerado e adequado.
TESSITURA
A tessitura e a extensão são dois aspectos a serem avaliados apenas na voz cantada.
Quando o cantor disfônico tem queixa apenas na voz cantada não há necessidade de
avaliação dos dois aspectos. Pesquisar a tessitura do cantor, que seriam as notas
confortáveis dentro da sua extensão vocal, quando o cantor está totalmente disfônico, é
algo que não tem muito sentido.
A classificação vocal das vozes masculinas em tenor, barítono e baixo e das femininas
em soprano, mezzo-soprano e contralto têm relação com o canto lírico, é muitas vezes
empregada no canto popular, porém mais para auxiliar na definição da tessitura do que
para classificar uma voz dentro de um repertório específico. Considerando-se as formas
diferentes de configuração glótica do canto popular para o lírico, não acredita-se na
importância dessa classificação para o canto popular.
REGISTRO
É o modo de vibração variado das pregas vocais de acordo com vários pitchs,
fornecendo diferentes qualidades vocais que são chamados de registro, que nada mais é
do que a produção de freqüências consecutivas que se originam da mesma maneira da
freqüência fundamental. Deve ser avaliado apenas na voz cantada, pois trata-se de um
conceito dividido em registro basal (fry), modal (peito e cabeça) e falsete.
BRILHO
Tem relação direta com o uso das cavidades de ressonância e a produção de formantes.
Quanto mais amplo for o uso dessas cavidades maior será a riqueza de harmônicos
amplificados, fazendo com que a voz pareça cheia, preenchendo todo o ambiente.
PROJEÇÃO
Termo advindo do canto, mas muito utilizado no meio teatral e em oratória. Tem
relação direta com respiração, pressão subglótica e superiormente com a boca aberta.
Não é possível se ouvir um cantor com projeção com a articulação totalmente travada.
Na avaliação deve-se evitar termos qualitativos (boa projeção/péssima projeção). Deve-
se gravar a voz do cantor para registro, solicitando sonorizações específicas, como
vogais (/a/e/i/) prolongadas, escalas ascendente e descendente em stacatto e ligatto, fala
encadeada (dias da semana, meses do ano) e conversa espontânea.
Por definição, a disfonia funcional é a alteração vocal que decorre geralmente do mau
uso ou abuso de um aparelho fonador anatômica e fisiologicamente intacto, mas que
também pode ser resultado de um mecanismo compensatório mal adaptado, como
conseqüência de uma condição orgânica preexistente. Mesmo nos casos de alteração
vocal onde a função laríngea é normal ao exame clínico, ou quando há presença de
sinais de tensão muscular laríngea anormal, a disfonia é classificada com funcional.
CLASSIFICAÇÀO
DISFONIAS PSICOGÊNICAS
A laringoscopia é geralmente normal, mas pode haver tensão glótica. A laringe pode
também estar elevada e sua tração para baixo pode mostrar mudança de registro vocal
para um pitch mais adequado.
A laringoscopia pode ser normal, mas também pode apresentar aproximação de bandas
ventriculares, constrição supraglótica ântero-posterior parcial e ainda fechamento
supraglótico do tipo esfinctérico.
Os sintomas vocais mais comuns são fadiga vocal, alterações de pitch, alterações
ressonantais e extensão dinâmica reduzida.
EDEMA DE REINKE
É uma lesão de aspecto edematoso e por vezes polipóide, o que lhe rendeu a
denominação de degeneração polipóide, ou ainda, pólipo edematoso de pregas vocais. É
geralmente bilateral, porém quase sempre assimétrica. Estende-se ao longo de toda a
borda livre das pregas vocais na maioria dos casos. Apresenta crescimento progressivo,
podendo obstruir completamente a glote com conseqüente asfixia, em seu estágio mais
avançado. Interfere na vibração mucosa contralateral e está freqüentemente associado
ao tabagismo crônico e, em menor escala, ao hipotireoidismo e ao refluxo
gastroesofágico. A fonoterapia pode reduzir a lesão em alguns casos, ainda que ocorra
melhora importante da qualidade vocal nos casos com lesões pouco exuberantes.
Entretanto, o encaminhamento posterior para tratamento cirúrgico é necessário.
ULCERAS E GRANULOMAS
São as únicas lesões orgânicas localizadas fora da borda livre das pregas vocais,
decorrentes de distúrbios funcionais da laringe. São associadas a processos
inflamatórios extralaríngeos ou secundários à entubação endotraqueal prolongada. Nos
casos funcionais, são provocados por trauma fonatório na apófise vocal das aritenóides,
em pacientes com importante tensão muscular laríngea e ataque vocal brusco.
Geralmente são lesões pequenas que comprometem o fechamento glótico. Quando são
de grandes dimensões, outras possibilidades diagnósticas devem ser aventadas.
A qualidade vocal manifesta-se sob forma de disfonia variável, com pitch grave e
ataque vocal brusco. A laringoscopia mostra ulceração do processo vocal uni ou
bilateral, ou granuloma, com hiperfechamento glótico posterior. Outros fatores
observados em pacientes portadores de úlceras ou granulomas são apoio respiratório
pobre, uso de ar residual, freqüente associação ao refluxo gastroesofágico, hábito de
pigarrear e tossir e abuso vocal.
Pode-se compreender o estilo do canto e tentar, juntamente com o cantor, por meio de
exercícios, possibilitar que produza, de maneira satisfatória e sem prejuízo do trato
vocal, a voz cantada desejada. O fonoaudiólogo não deve discutir a escolha de
repertório, mas esclarecer as possibilidades de cada voz, localizando o pitch confortável
e a tessitura adequada para o cantor assim como demonstrar aspectos
anatomofisiológicos existentes, mas muitas vezes desconhecidos, que possam facilitar
ou limitar a produção de algum tipo de voz cantada.
As questões da saúde vocal devem ser tratadas com paciência e esclarecimento, sem
virar uma lista de proibições, pois o ideal é passar informações aos poucos e obter o
retorno do cantor sobre a verdadeira compreensão dos porquês sobre sua voz.
Não é possível abordar a parte de exercícios, pois cada indivíduo tem seu problema e os
exercícios devem ser aplicados de maneira pessoal. O terapeuta tem que experimentar
os exercícios consigo mesmo e, posteriormente, observar como cada paciente realiza ou
reage diante daquele exercício. De maneira geral, acredita-se que o terapeuta não
necessita ser um cantor ou músico para poder prestar atendimento, porém deve ouvir as
queixas do paciente e saber que as dúvidas que ocorrerem durante o processo
terapêutico poderão ser investigadas e respondidas por ambos, paciente e terapeuta.
CONCLUSÃO
Ficou claro porém que, para a eficácia levantamento dos problemas apresentados, bem
como o respectivo tratamento, há necessidade de se recorrer ao profissional médico da
voz, especificamente ao Otorrinolaringologista e ao Fonoterapeuta para a obtenção de
sucesso para a resolução dos distúrbios que possam ocorrer com a voz.
Creio porém que deve haver um relacionamento muito aproximado entre o profissional
da voz, o médico da voz e o preparador vocal, pois suas atividades se interagem e, com
essa aproximação o resultado pode se tornar mais produtivo, fazendo com que a voz do
profissional possa ser melhor elaborada para um bom resultado profissional.
Referências