Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Artigo 3.º
SECÇÃO I
Subsidiariedade
Sujeitos
Os regulamentos de extensão só podem ser emitidos
na falta de instrumentos de regulamentação colectiva de SUBSECÇÃO I
trabalho negociais.
Artigo 4.º Direitos de personalidade
legislativa que beneficiem certos grupos desfavorecidos, conhecimentos, ser actualizadas, revogadas ou tornadas
nomeadamente em função do sexo, capacidade de trabalho extensivas a todos os trabalhadores.
reduzida, deficiência ou doença crónica, nacionalidade ou 3 — A violação do disposto no n.º 1 do presente arti-
origem étnica, com o objectivo de garantir o exercício, go confere ao trabalhador direito a indemnização, por da-
em condições de igualdade, dos direitos previstos neste nos patrimoniais e não patrimoniais, nos termos gerais.
Regime e de corrigir uma situação factual de desigualdade
que persista na vida social. Artigo 22.º
Regras contrárias ao princípio da igualdade
Artigo 17.º
Obrigação de indemnização 1 — As disposições de qualquer instrumento de regula-
mentação colectiva de trabalho que se refiram a profissões
A prática de qualquer acto discriminatório lesivo de um e categorias profissionais que se destinem especificamente
trabalhador ou candidato a emprego confere-lhe o direito a trabalhadores do sexo feminino ou masculino têm-se por
a uma indemnização, por danos patrimoniais e não patri- aplicáveis a ambos os sexos.
moniais, nos termos da lei. 2 — Os instrumentos de regulamentação colectiva de
trabalho devem incluir, sempre que possível, disposições
DIVISÃO II
que visem a efectiva aplicação das normas da presente
Igualdade e não discriminação em função do sexo divisão.
2 — No caso de nascimentos múltiplos, o período de trate, com início a partir da confiança judicial ou adminis-
licença previsto no número anterior é acrescido de 30 dias trativa a que se referem os diplomas legais que disciplinam
por cada gemelar além do primeiro. o regime jurídico da adopção.
3 — Nas situações de risco clínico para a trabalhadora 2 — Sendo dois os candidatos a adoptantes, a licença
ou para o nascituro, impeditivo do exercício de funções, a que se refere o número anterior pode ser repartida entre
independentemente do motivo que determine esse impedi- eles.
mento, caso não lhe seja garantido o exercício de funções
ou local compatíveis com o seu estado, a trabalhadora Artigo 30.º
goza do direito a licença, anterior ao parto, pelo período
Dispensas para consultas, amamentação e aleitação
de tempo necessário para prevenir o risco, fixado por pres-
crição médica, sem prejuízo da licença por maternidade 1 — A trabalhadora grávida tem direito a dispensa de
prevista no n.º 1. trabalho para se deslocar a consultas pré-natais, pelo tempo
4 — É obrigatório o gozo de, pelo menos, seis semanas e número de vezes necessários e justificados.
de licença por maternidade a seguir ao parto. 2 — A mãe que, comprovadamente, amamente o filho
5 — Em caso de internamento hospitalar da mãe ou tem direito a dispensa de trabalho para o efeito durante
da criança durante o período de licença a seguir ao parto, todo o tempo que durar a amamentação.
este período é suspenso, a pedido daquela, pelo tempo de 3 — No caso de não haver lugar a amamentação, a
duração do internamento. mãe ou o pai têm direito, por decisão conjunta, à dispensa
6 — A licença prevista no n.º 1, com a duração mínima referida no número anterior para aleitação até o filho per-
de 14 dias e máxima de 30 dias, é atribuída à trabalhadora fazer 1 ano.
em caso de aborto espontâneo, bem como nas situações
previstas no artigo 142.º do Código Penal. Artigo 31.º
Faltas para assistência a menores
Artigo 27.º
Licença por paternidade
1 — Os trabalhadores têm direito a faltar ao trabalho,
até um limite máximo de 30 dias por ano, para prestar
1 — O pai tem direito a uma licença por paternidade de assistência inadiável e imprescindível, em caso de doença
cinco dias úteis, seguidos ou interpolados, que são obri- ou acidente, a filhos, adoptados ou a enteados menores
gatoriamente gozados no 1.º mês a seguir ao nascimento de 10 anos.
do filho. 2 — Em caso de hospitalização, o direito a faltar estende-
2 — O pai tem ainda direito a licença, por período de -se pelo período em que aquela durar, se se tratar de meno-
duração igual àquele a que a mãe teria direito nos termos res de 10 anos, mas não pode ser exercido simultaneamente
do n.º 1 do artigo anterior, ou ao remanescente daquele pelo pai e pela mãe ou equiparados.
período caso a mãe já tenha gozado alguns dias de licença, 3 — O disposto nos números anteriores é aplicável
nos seguintes casos: aos trabalhadores a quem tenha sido deferida a tutela ou
confiada a guarda da criança, por decisão judicial ou ad-
a) Incapacidade física ou psíquica da mãe e enquanto
ministrativa.
esta se mantiver;
b) Morte da mãe;
c) Decisão conjunta dos pais. Artigo 32.º
Faltas para assistência a netos
3 — No caso previsto na alínea b) do número anterior, o O trabalhador pode faltar até 30 dias consecutivos, a
período mínimo de licença assegurado ao pai é de 30 dias. seguir ao nascimento de netos que sejam filhos de ado-
4 — A morte ou incapacidade física ou psíquica da mãe lescentes com idade inferior a 16 anos, desde que consigo
não trabalhadora durante o período de 120 dias imediata- vivam em comunhão de mesa e habitação.
mente a seguir ao parto confere ao pai os direitos previstos
nos n.os 2 e 3.
Artigo 33.º
Artigo 28.º Faltas para assistência a pessoa com deficiência ou doença crónica
Assistência a menor com deficiência O disposto no artigo 31.º aplica-se, independentemente
da idade, caso o filho, adoptado ou filho do cônjuge que
1 — A mãe ou o pai têm direito a condições especiais
com este resida seja pessoa com deficiência ou doença
de trabalho, nomeadamente a redução do período normal
crónica.
de trabalho, se o menor for portador de deficiência ou
doença crónica.
Artigo 34.º
2 — O disposto no número anterior é aplicável, com as
necessárias adaptações, à tutela, à confiança judicial ou Licença parental e especial para assistência a filho ou adoptado
administrativa e à adopção, de acordo com o respectivo
1 — Para assistência a filho ou adoptado e até aos 6 anos
regime.
de idade da criança, o pai e a mãe que não estejam impe-
didos ou inibidos totalmente de exercer o poder paternal
Artigo 29.º têm direito, alternativamente:
Adopção
a) A licença parental de três meses;
1 — Em caso de adopção de menor de 15 anos, o can- b) A trabalhar a tempo parcial durante 12 meses, com
didato a adoptante tem direito a 100 dias consecutivos de um período normal de trabalho igual a metade do tempo
licença para acompanhamento do menor de cuja adopção se completo;
6532 Diário da República, 1.ª série — N.º 176 — 11 de Setembro de 2008
c) A períodos intercalados de licença parental e de tra- 2 — O regime estabelecido no número anterior aplica-
balho a tempo parcial em que a duração total da ausência -se ao pai que beneficiou da licença por paternidade nos
e da redução do tempo de trabalho seja igual aos períodos termos do n.º 2 do artigo 27.º
normais de trabalho de três meses.
Artigo 38.º
2 — O pai e a mãe podem gozar qualquer dos direitos
Trabalho no período nocturno
referidos no número anterior de modo consecutivo ou até
três períodos interpolados, não sendo permitida a acumu- 1 — A trabalhadora é dispensada de prestar trabalho
lação por um dos progenitores do direito do outro. entre as 20 horas de um dia e as 7 horas do dia seguinte:
3 — Depois de esgotado qualquer dos direitos referidos
nos números anteriores, o pai ou a mãe têm direito a licença a) Durante um período de 112 dias antes e depois do
especial para assistência a filho ou adoptado, de modo parto, dos quais pelo menos metade antes da data presu-
consecutivo ou interpolado, até ao limite de dois anos. mível do parto;
4 — No caso de nascimento de um terceiro filho ou b) Durante o restante período de gravidez, se for apre-
mais, a licença prevista no número anterior é prorrogável sentado atestado médico que certifique que tal é necessário
até três anos. para a sua saúde ou para a do nascituro;
5 — O trabalhador tem direito a licença para assistência c) Durante todo o tempo que durar a amamentação, se
a filho de cônjuge ou de pessoa em união de facto que com for apresentado atestado médico que certifique que tal é
este resida, nos termos do presente artigo. necessário para a sua saúde ou para a da criança.
6 — O exercício dos direitos referidos nos números
anteriores depende de aviso prévio dirigido à entidade 2 — À trabalhadora dispensada da prestação de traba-
empregadora pública, com antecedência de 30 dias rela- lho nocturno deve ser atribuído, sempre que possível, um
tivamente ao início do período de licença ou de trabalho horário de trabalho diurno compatível.
a tempo parcial. 3 — A trabalhadora é dispensada do trabalho sempre que
7 — Em alternativa ao disposto no n.º 1, o pai e a mãe não seja possível aplicar o disposto no número anterior.
podem ter ausências interpoladas ao trabalho com duração
igual aos períodos normais de trabalho de três meses desde Artigo 39.º
que reguladas em instrumento de regulamentação colectiva Reinserção profissional
de trabalho.
Artigo 35.º A fim de garantir uma plena reinserção profissional do
trabalhador, após o decurso da licença para assistência a
Licença para assistência a pessoa com deficiência
ou doença crónica filho ou adoptado e para assistência a pessoa com deficiência
ou doença crónica, a entidade empregadora pública deve
1 — O pai ou a mãe têm direito a licença por período facultar a sua participação em acções de formação e reci-
até seis meses, prorrogável com limite de quatro anos, para clagem profissional.
acompanhamento de filho, adoptado ou filho de cônjuge Artigo 40.º
que com este resida, que seja pessoa com deficiência ou
doença crónica, durante os primeiros 12 anos de vida. Protecção da segurança e saúde
2 — À licença prevista no número anterior é aplicável, 1 — A trabalhadora grávida, puérpera ou lactante tem
com as necessárias adaptações, inclusivamente quanto ao direito a especiais condições de segurança e saúde nos locais
seu exercício, o estabelecido para a licença especial de de trabalho de modo a evitar a exposição a riscos para a
assistência a filhos no artigo anterior. sua segurança e saúde, nos termos dos números seguintes.
2 — Sem prejuízo de outras obrigações previstas em
Artigo 36.º legislação especial, nas actividades susceptíveis de apre-
Tempo de trabalho sentarem um risco específico de exposição a agentes, pro-
cessos ou condições de trabalho, a entidade empregadora
1 — O trabalhador com um ou mais filhos menores de pública deve proceder à avaliação da natureza, grau e
12 anos tem direito a trabalhar a tempo parcial ou com duração da exposição da trabalhadora grávida, puérpera
flexibilidade de horário. ou lactante de modo a determinar qualquer risco para a sua
2 — O disposto no número anterior aplica-se, indepen- segurança e saúde e as repercussões sobre a gravidez ou a
dentemente da idade, no caso de filho com deficiência, nos amamentação, bem como as medidas a tomar.
termos previstos em legislação especial. 3 — Sem prejuízo dos direitos de informação e consulta
3 — A trabalhadora grávida, puérpera ou lactante tem previstos em legislação especial, a trabalhadora grávida,
direito a ser dispensada de prestar a actividade em regime puérpera ou lactante tem direito a ser informada, por escrito,
de adaptabilidade do período de trabalho. dos resultados da avaliação referida no número anterior,
4 — O direito referido no número anterior pode estender- bem como das medidas de protecção que sejam tomadas.
-se aos casos em que não há lugar a amamentação, quando a 4 — Sempre que os resultados da avaliação referida no
prática de horário organizado de acordo com o regime de adap- n.º 2 revelem riscos para a segurança ou saúde da trabalha-
tabilidade afecte as exigências de regularidade da aleitação. dora grávida, puérpera ou lactante ou repercussões sobre a
gravidez ou amamentação, a entidade empregadora pública
Artigo 37.º deve tomar as medidas necessárias para evitar a exposição
Trabalho extraordinário da trabalhadora a esses riscos, nomeadamente:
1 — A trabalhadora grávida ou com filho de idade in- a) Proceder à adaptação das condições de trabalho;
ferior a 12 meses não está obrigada a prestar trabalho b) Se a adaptação referida na alínea anterior for im-
extraordinário. possível, excessivamente demorada ou demasiado one-
Diário da República, 1.ª série — N.º 176 — 11 de Setembro de 2008 6533
rosa, atribuir à trabalhadora grávida, puérpera ou lactante competente para a decisão ou, na ausência de tal re-
outras tarefas compatíveis com o seu estado e categoria cepção, quando se considere verificada a exigência de
profissional; parecer.
c) Se as medidas referidas nas alíneas anteriores não 5 — É inválido o procedimento de despedimento
forem viáveis, dispensar do trabalho a trabalhadora du- de trabalhadora grávida, puérpera ou lactante caso não
rante todo o período necessário para evitar a exposição tenha sido solicitado o parecer referido no n.º 1, cabendo
aos riscos. o ónus da prova deste facto à entidade empregadora
pública.
5 — É vedado à trabalhadora grávida, puérpera ou lac- 6 — Se o parecer referido no n.º 1 for desfavorável ao
tante o exercício de todas as actividades cuja avaliação despedimento, este só pode ser efectuado pela entidade
tenha revelado riscos de exposição aos agentes e condi- empregadora pública após decisão jurisdicional, em acção
ções de trabalho, que ponham em perigo a sua segurança administrativa comum, que reconheça a existência de justa
ou saúde. causa ou motivo justificativo.
6 — As actividades susceptíveis de apresentarem um 7 — A providência cautelar de suspensão da eficácia do
risco específico de exposição a agentes, processos ou con- acto de despedimento de trabalhadora grávida, puérpera ou
dições de trabalho referidos no n.º 2 bem como os agentes lactante só não é decretada se o parecer referido no n.º 1
e condições de trabalho referidos no número anterior são for favorável ao despedimento e o tribunal considerar que
determinados em legislação especial. existe probabilidade séria de verificação de justa causa ou
motivo justificativo.
Artigo 41.º 8 — Sem prejuízo do disposto no número seguinte, se
Regime das licenças, faltas e dispensas o despedimento de trabalhadora grávida, puérpera ou lac-
tante for declarado ilícito, esta tem direito, em alternativa
1 — Não determinam perda de quaisquer direitos e são à reintegração, a uma indemnização calculada nos termos
consideradas, salvo quanto à remuneração, como prestação previstos nos n.os 1 e 3 do artigo 278.º ou estabelecida em
efectiva de serviço as ausências ao trabalho resultantes: instrumento de regulamentação colectiva de trabalho apli-
a) Do gozo das licenças por maternidade e em caso de cável, bem como, em qualquer caso, a indemnização por
aborto espontâneo ou nas situações previstas no artigo 142.º danos não patrimoniais.
do Código Penal; 9 — No caso de despedimento decidido em procedi-
b) Do gozo das licenças por paternidade, nos casos mento disciplinar, a indemnização em substituição da rein-
previstos no artigo 27.º; tegração a que se refere o número anterior é calculada nos
c) Do gozo da licença por adopção; termos previstos no Estatuto Disciplinar dos Trabalhadores
d) Das faltas para assistência a menores; que Exercem Funções Públicas.
e) Das dispensas ao trabalho da trabalhadora grávida,
puérpera ou lactante, por motivos de protecção da sua Artigo 43.º
segurança e saúde;
Legislação complementar
f) Das dispensas de trabalho nocturno;
g) Das faltas para assistência a filhos com deficiência O desenvolvimento do disposto na presente subsecção
ou doença crónica. consta do anexo II, «Regulamento».
SUBSECÇÃO I
Artigo 57.º
Negociação
Efeitos profissionais da valorização escolar
Ao trabalhador-estudante devem ser proporcionadas Artigo 64.º
oportunidades de promoção profissional adequadas à Culpa na formação do contrato
valorização obtida nos cursos ou pelos conhecimentos
adquiridos. Quem negoceia com outrem para a conclusão de um
Artigo 58.º contrato deve, tanto nos preliminares como na formação
Legislação complementar
dele, proceder segundo as regras da boa fé, sob pena de
responder pelos danos culposamente causados.
O desenvolvimento do regime previsto na presente sub-
secção consta do anexo II, «Regulamento». SUBSECÇÃO II
Contrato de adesão
SUBSECÇÃO VII
Trabalhador estrangeiro Artigo 65.º
Contrato de adesão
Artigo 59.º
1 — A vontade contratual pode manifestar-se, por parte
Âmbito
da entidade empregadora pública, através dos regulamentos
Sem prejuízo do estabelecido quanto à lei aplicável, internos do órgão ou serviço e, por parte do trabalhador,
a prestação de trabalho subordinado em território portu- pela adesão expressa ou tácita aos ditos regulamentos.
guês por cidadão estrangeiro está sujeita às normas desta 2 — Presume-se a adesão do trabalhador quando este não
subsecção. se opuser por escrito no prazo de 21 dias a contar do início
Artigo 60.º da execução do contrato ou da divulgação do regulamento,
Igualdade de tratamento
se esta for posterior.
Artigo 66.º
O trabalhador estrangeiro que esteja autorizado a exercer
Cláusulas contratuais gerais
uma actividade profissional subordinada em território por-
tuguês goza dos mesmos direitos e está sujeito aos mesmos O regime das cláusulas contratuais gerais aplica-se aos
deveres do trabalhador com nacionalidade portuguesa. aspectos essenciais do contrato em que não tenha havido
prévia negociação individual, mesmo na parte em que o
Artigo 61.º seu conteúdo se determine por remissão para cláusulas de
instrumento de regulamentação colectiva de trabalho.
Formalidades
1 — O contrato celebrado com um cidadão estrangeiro, SUBSECÇÃO III
para a prestação de actividade executada em território por-
Informação
tuguês, para além de revestir a forma escrita, deve cumprir
as formalidades reguladas no anexo II, «Regulamento».
2 — O disposto neste artigo não é aplicável à celebração Artigo 67.º
de contratos com cidadãos nacionais dos países membros Dever de informação
do espaço económico europeu e dos países que consagrem
1 — A entidade empregadora pública tem o dever de in-
a igualdade de tratamento com os cidadãos nacionais em
formar o trabalhador sobre aspectos relevantes do contrato.
matéria de livre exercício de actividades profissionais.
2 — O trabalhador tem o dever de informar a entidade em-
pregadora pública sobre aspectos relevantes para a prestação
Artigo 62.º
da actividade laboral.
Deveres de comunicação Artigo 68.º
1 — A celebração ou cessação de contratos a que se Objecto do dever de informação
refere esta subsecção determina o cumprimento de deve-
1 — A entidade empregadora pública deve prestar ao
res de comunicação à entidade competente, regulados no
trabalhador, pelo menos, as seguintes informações relativas
anexo II, «Regulamento».
ao contrato:
2 — O disposto no número anterior não é aplicável
à celebração de contratos com cidadãos nacionais dos a) A respectiva identificação;
países membros do espaço económico europeu ou outros b) O local de trabalho, bem como a sede ou localização
relativamente aos quais vigore idêntico regime. da entidade empregadora pública;
6536 Diário da República, 1.ª série — N.º 176 — 11 de Setembro de 2008
Artigo 89.º
SECÇÃO VI
Garantias do trabalhador
Direitos, deveres e garantias das partes
É proibido à entidade empregadora pública:
SUBSECÇÃO I a) Opor-se, por qualquer forma, a que o trabalhador
Disposições gerais exerça os seus direitos, bem como despedi-lo, aplicar-lhe
outras sanções ou tratá-lo desfavoravelmente por causa
Artigo 86.º desse exercício;
b) Obstar, injustificadamente, à prestação efectiva do
Princípio geral trabalho;
1 — A entidade empregadora pública e o trabalhador, c) Exercer pressão sobre o trabalhador para que actue
no cumprimento das respectivas obrigações, assim como no sentido de influir desfavoravelmente nas condições de
no exercício dos correspondentes direitos, devem proceder trabalho dele ou dos companheiros;
de boa fé. d) Diminuir a remuneração, salvo nos casos previstos
2 — Na execução do contrato devem as partes colaborar na lei;
na obtenção da maior qualidade de serviço e produtividade, e) Baixar a categoria do trabalhador, salvo nos casos
bem como na promoção humana, profissional e social do previstos na lei;
trabalhador. f) Sujeitar o trabalhador a mobilidade geral ou especial,
salvo nos casos previstos na lei;
Artigo 87.º g) Ceder trabalhadores do mapa de pessoal próprio
para utilização de terceiros que sobre esses trabalhadores
Deveres da entidade empregadora pública exerçam os poderes de autoridade e direcção próprios da
Sem prejuízo de outras obrigações, a entidade empre- entidade empregadora pública ou por pessoa por ela indi-
gadora pública deve: cada, salvo nos casos especialmente previstos;
h) Obrigar o trabalhador a adquirir bens ou a utilizar
a) Respeitar e tratar com urbanidade e probidade o serviços fornecidos pela entidade empregadora pública ou
trabalhador; por pessoa por ela indicada;
b) Pagar pontualmente a remuneração, que deve ser i) Explorar, com fins lucrativos, quaisquer cantinas,
justa e adequada ao trabalho; refeitórios, economatos ou outros estabelecimentos direc-
Diário da República, 1.ª série — N.º 176 — 11 de Setembro de 2008 6539
abertos para atender o público, podendo este período ser termos médios, caso em que o limite diário fixado no n.º 1
igual ou inferior ao período de funcionamento. do artigo anterior pode ser aumentado até ao máximo de
2 — O período de atendimento deve, tendencialmente, três horas, sem que a duração do trabalho semanal exceda
ter a duração mínima de sete horas diárias e abranger os cinquenta horas, só não contando para este limite o trabalho
períodos da manhã e da tarde, devendo ser obrigatoria- extraordinário prestado por motivo de força maior.
mente afixadas, de modo visível ao público, nos locais de 2 — O período normal de trabalho definido nos termos
atendimento, as horas do seu início e do seu termo. previstos no número anterior não pode exceder quarenta
e cinco horas semanais em média num período de dois
Artigo 124.º meses.
Ritmo de trabalho
Artigo 128.º
A entidade empregadora pública que pretenda organizar
a actividade laboral segundo um certo ritmo deve observar Período de referência
o princípio geral da adaptação do trabalho ao homem, com 1 — A duração média do trabalho deve ser apurada por
vista, nomeadamente, a atenuar o trabalho monótono e o referência ao período que esteja fixado em instrumento
trabalho cadenciado em função do tipo de actividade e das de regulamentação colectiva de trabalho aplicável, não
exigências em matéria de segurança e saúde, em especial podendo ser superior a 12 meses, ou, na falta de fixação do
no que se refere às pausas durante o tempo de trabalho. período de referência em instrumento de regulamentação
colectiva de trabalho, por referência a períodos máximos
Artigo 125.º de 4 meses.
Registo 2 — O período de referência de quatro meses referido
1 — A entidade empregadora pública deve manter um no número anterior pode ser alargado para seis meses nas
registo que permita apurar o número de horas de trabalho seguintes situações:
prestadas pelo trabalhador, por dia e por semana, com a) Havendo afastamento entre o local de trabalho e o
indicação da hora de início e de termo do trabalho, bem local de residência do trabalhador ou entre diferentes locais
como dos intervalos efectuados. de trabalho do trabalhador;
2 — Nos órgãos ou serviços com mais de 50 trabalha- b) Trabalhadores directamente afectos a actividades de
dores, o registo previsto no número anterior é efectuado vigilância, transporte e tratamento de sistemas electrónicos
por sistemas automáticos ou mecânicos. de segurança.
3 — Em casos excepcionais e devidamente fundamen-
tados, o dirigente máximo ou órgão de direcção do ser- 3 — O disposto no número anterior é ainda aplicável a
viço pode dispensar o registo por sistemas automáticos actividades caracterizadas pela necessidade de assegurar
ou mecânicos. a continuidade do serviço, nomeadamente:
SUBSECÇÃO II
a) Recepção, tratamento ou cuidados de saúde em esta-
Limites à duração do trabalho belecimentos e serviços prestadores de cuidados de saúde,
instituições residenciais, prisões e centros educativos, in-
Artigo 126.º cluindo os médicos em formação;
Limites máximos dos períodos normais de trabalho b) Serviço de ambulâncias, bombeiros ou protecção
civil;
1 — O período normal de trabalho não pode exceder c) Distribuição e abastecimento de água;
sete horas por dia nem trinta e cinco horas por semana. d) Recolha de lixo ou instalações de incineração;
2 — O trabalho a tempo completo corresponde ao pe- e) Actividades em que o processo de trabalho não possa
ríodo normal de trabalho semanal e constitui o regime ser interrompido por motivos técnicos;
regra de trabalho dos trabalhadores integrados nas carreiras f) Investigação e desenvolvimento;
gerais, correspondendo-lhe as remunerações base mensais g) Havendo acréscimo previsível de actividade no tu-
legalmente previstas.
rismo;
3 — Há tolerância de quinze minutos para as transac-
h) Caso fortuito ou motivo de força maior;
ções, operações e serviços começados e não acabados
na hora estabelecida para o termo do período normal de i) Em caso de acidente ou de risco de acidente imi-
trabalho diário, não sendo, porém, de admitir que tal to- nente.
lerância deixe de revestir carácter excepcional, devendo
o acréscimo de trabalho ser pago quando perfizer quatro 4 — Salvo quando expressamente previsto em instru-
horas ou no termo de cada ano civil. mento de regulamentação colectiva de trabalho, o período
4 — O período normal de trabalho diário dos trabalhadores de referência apenas pode ser alterado durante a sua exe-
que prestem trabalho exclusivamente nos dias de descanso cução quando justificado por circunstâncias objectivas e o
semanal dos restantes trabalhadores do órgão ou serviço pode total de horas de trabalho prestadas for inferior ou igual às
ser aumentado, no máximo, em quatro horas diárias, sem que teriam sido realizadas caso não vigorasse um regime
prejuízo do disposto em instrumento de regulamentação co- de adaptabilidade.
lectiva de trabalho. 5 — Nas semanas em que a duração do trabalho seja
Artigo 127.º inferior a trinta e cinco horas, a redução diária não pode
ser superior a duas horas mas as partes podem também
Adaptabilidade
acordar na redução da semana de trabalho em dias ou
1 — Por instrumento de regulamentação colectiva de meios dias, sem prejuízo do direito ao subsídio de re-
trabalho, o período normal de trabalho pode ser definido em feição.
6544 Diário da República, 1.ª série — N.º 176 — 11 de Setembro de 2008
3 — Para efeitos da presente subsecção, se o período 6 — O trabalhador a tempo parcial tem ainda direito a
normal de trabalho não for igual em cada semana, é con- subsídio de refeição, excepto quando a sua prestação de
siderada a respectiva média num período de quatro meses trabalho diário seja inferior a metade da duração diária do
ou período diferente estabelecido por instrumento de re- trabalho a tempo completo, sendo então calculado em pro-
gulamentação colectiva de trabalho. porção do respectivo período normal de trabalho semanal.
A liberdade de celebração de contratos a tempo par- 1 — O trabalhador a tempo parcial pode passar a tra-
cial não pode ser excluída por aplicação de disposições balhar a tempo completo, ou o inverso, a título definitivo
constantes de instrumentos de regulamentação colectiva ou por período determinado, mediante acordo escrito com
de trabalho. a entidade empregadora pública.
2 — O acordo referido no número anterior pode cessar
Artigo 144.º por iniciativa do trabalhador até ao 7.º dia seguinte à data
da respectiva celebração, mediante comunicação escrita
Preferência na admissão ao trabalho a tempo parcial enviada à entidade empregadora pública.
Os instrumentos de regulamentação colectiva de tra- 3 — Quando a passagem de trabalho a tempo completo
balho devem estabelecer, para a admissão em regime de para trabalho a tempo parcial, nos termos do n.º 1, se ve-
tempo parcial, preferências em favor dos trabalhadores rificar por período determinado, até ao máximo de três
com responsabilidades familiares, dos trabalhadores com anos, o trabalhador tem direito a retomar a prestação de
capacidade de trabalho reduzida, pessoa com deficiência trabalho a tempo completo.
ou doença crónica e dos trabalhadores que frequentem 4 — No caso previsto no número anterior, o trabalhador
estabelecimentos de ensino médio ou superior. não pode retomar antecipadamente a prestação de trabalho
a tempo completo quando, nos termos da alínea d) do n.º 1
Artigo 145.º do artigo 93.º, se tenha verificado a sua substituição por um
trabalhador contratado a termo certo e enquanto esta durar.
Forma e formalidades 5 — O prazo previsto no n.º 3 pode ser elevado por instru-
1 — Do contrato a tempo parcial deve constar a indica- mento de regulamentação colectiva de trabalho ou por acordo
ção do período normal de trabalho diário e semanal com entre as partes.
referência comparativa ao trabalho a tempo completo. Artigo 148.º
2 — Se faltar no contrato a indicação do período nor- Deveres da entidade empregadora pública
mal de trabalho semanal, presume-se que o contrato foi
celebrado para a duração máxima do período normal de 1 — Sempre que possível, a entidade empregadora pú-
trabalho admitida para o contrato a tempo parcial pela blica deve tomar em consideração:
lei ou por instrumento de regulamentação colectiva de a) O pedido de mudança do trabalhador a tempo com-
trabalho aplicável. pleto para um trabalho a tempo parcial que se torne dis-
ponível no órgão ou serviço;
Artigo 146.º b) O pedido de mudança do trabalhador a tempo parcial
Condições de trabalho
para um trabalho a tempo completo ou de aumento do seu
tempo de trabalho, se surgir esta possibilidade;
1 — Ao trabalho a tempo parcial é aplicável o regime c) As medidas destinadas a facilitar o acesso ao trabalho
previsto na lei e na regulamentação colectiva que, pela sua a tempo parcial em todos os níveis do órgão ou serviço, in-
natureza, não implique a prestação de trabalho a tempo cluindo os postos de trabalho qualificados, e, se pertinente,
completo, não podendo os trabalhadores a tempo parcial as medidas destinadas a facilitar o acesso do trabalhador
ter um tratamento menos favorável do que os trabalhadores a tempo parcial à formação profissional, para favorecer a
a tempo completo, a menos que um tratamento diferente progressão e a mobilidade profissionais.
seja justificado por motivos objectivos.
2 — As razões objectivas atendíveis nos termos do n.º 1 2 — A entidade empregadora pública deve, ainda:
podem ser definidas por instrumento de regulamentação a) Fornecer, em tempo oportuno, informação sobre os
colectiva de trabalho. postos de trabalho a tempo parcial e a tempo completo dis-
3 — Os instrumentos de regulamentação colectiva de poníveis no órgão ou serviço de modo a facilitar as mudanças
trabalho, sempre que tal for consentido pela natureza das a que se referem as alíneas a) e b) do número anterior;
actividades ou profissões abrangidas, devem conter normas b) Fornecer aos órgãos de representação dos trabalhadores
sobre o regime de trabalho a tempo parcial. informações adequadas sobre o trabalho a tempo parcial no
4 — O trabalhador a tempo parcial tem direito à remu- órgão ou serviço.
neração base prevista na lei, em proporção do respectivo
período normal de trabalho semanal. SUBSECÇÃO V
5 — São ainda calculados em proporção do período Trabalho por turnos
normal de trabalho semanal do trabalhador a tempo parcial
os suplementos remuneratórios devidos pelo exercício de Artigo 149.º
funções em postos de trabalho que apresentem condições
Noção
mais exigentes de forma permanente, bem como os pré-
mios de desempenho, previstos na lei ou em instrumento Considera-se trabalho por turnos qualquer modo de or-
de regulamentação colectiva de trabalho. ganização do trabalho em equipa em que os trabalhadores
Diário da República, 1.ª série — N.º 176 — 11 de Setembro de 2008 6547
ocupem sucessivamente os mesmos postos de trabalho, a 3 — Na ausência de fixação por instrumento de regu-
um determinado ritmo, incluindo o ritmo rotativo, que pode lamentação colectiva de trabalho, considera-se período de
ser de tipo contínuo ou descontínuo, o que implica que os trabalho nocturno o compreendido entre as 22 horas de um
trabalhadores podem executar o trabalho a horas diferentes dia e as 7 horas do dia seguinte.
no decurso de um dado período de dias ou semanas.
Artigo 154.º
Artigo 150.º Trabalhador nocturno
Organização
Entende-se por trabalhador nocturno aquele que execute,
1 — Devem ser organizados turnos de pessoal diferente pelo menos, três horas de trabalho normal nocturno em
sempre que o período de funcionamento ultrapasse os cada dia ou que possa realizar durante o período nocturno
limites máximos dos períodos normais de trabalho. uma certa parte do seu tempo de trabalho anual, definida
2 — Os turnos devem, na medida do possível, ser or- por instrumento de regulamentação colectiva de trabalho
ganizados de acordo com os interesses e as preferências ou, na sua falta, correspondente a três horas por dia.
manifestados pelos trabalhadores.
3 — A duração de trabalho de cada turno não pode Artigo 155.º
ultrapassar os limites máximos dos períodos normais de Duração
trabalho.
4 — O trabalhador só pode ser mudado de turno após 1 — O período normal de trabalho diário do trabalhador
o dia de descanso semanal obrigatório. nocturno, quando vigore regime de adaptabilidade, não
5 — Os turnos no regime de laboração contínua e dos deve ser superior a sete horas diárias, em média semanal,
trabalhadores que assegurem serviços que não possam ser salvo disposição diversa estabelecida em instrumento de
interrompidos, nomeadamente trabalhadores directamente regulamentação colectiva de trabalho.
afectos a actividades de vigilância, transporte e tratamento 2 — Para o apuramento da média referida no número
de sistemas electrónicos de segurança, devem ser orga- anterior não se contam os dias de descanso semanal obri-
nizados de modo que aos trabalhadores de cada turno gatório ou complementar e os dias feriados.
seja concedido, pelo menos, um dia de descanso em cada 3 — O trabalhador nocturno cuja actividade implique
período de sete dias, sem prejuízo do período excedente riscos especiais ou uma tensão física ou mental signi-
de descanso a que o trabalhador tenha direito. ficativa não deve prestá-la por mais de sete horas num
período de vinte e quatro horas em que execute trabalho
Artigo 151.º nocturno.
4 — O disposto nos números anteriores não é aplicável
Protecção em matéria de segurança, higiene e saúde a trabalhadores titulares de cargos dirigentes e a chefes de
1 — Sem prejuízo do disposto nos artigos 221.º a 229.º, equipas multidisciplinares.
a entidade empregadora pública deve organizar as activi- 5 — O disposto no n.º 3 não é igualmente aplicável:
dades de segurança, higiene e saúde no trabalho de forma a) Quando seja necessária a prestação de trabalho ex-
que os trabalhadores por turnos beneficiem de um nível traordinário por motivo de força maior ou por ser indis-
de protecção em matéria de segurança e saúde adequado pensável para prevenir ou reparar prejuízos graves para o
à natureza do trabalho que exercem. órgão ou serviço devido a acidente ou a risco de acidente
2 — A entidade empregadora pública deve assegurar iminente;
que os meios de protecção e prevenção em matéria de b) A actividades caracterizadas pela necessidade de
segurança e saúde dos trabalhadores por turnos sejam assegurar a continuidade do serviço, nomeadamente as ac-
equivalentes aos aplicáveis aos restantes trabalhadores e tividades indicadas no número seguinte, desde que através
se encontrem disponíveis a qualquer momento. de instrumento de regulamentação colectiva de trabalho
negocial sejam garantidos ao trabalhador os correspon-
Artigo 152.º dentes descansos compensatórios.
Registo dos trabalhadores em regime de turnos
6 — Para efeito do disposto na alínea b) do número
A entidade empregadora pública que organize um re- anterior, atender-se-á às seguintes actividades:
gime de trabalho por turnos deve ter registo separado dos
trabalhadores incluídos em cada turno. a) Actividades de vigilância, transporte e tratamento de
sistemas electrónicos de segurança;
b) Recepção, tratamento e cuidados dispensados em
SUBSECÇÃO VI
estabelecimentos e serviços prestadores de cuidados de
Trabalho nocturno saúde, instituições residenciais, prisões e centros educa-
tivos;
Artigo 153.º c) Distribuição e abastecimento de água;
Noção
d) Ambulâncias, bombeiros ou protecção civil;
e) Recolha de lixo e incineração;
1 — Considera-se período de trabalho nocturno o que f) Actividades em que o processo de trabalho não possa
tenha a duração mínima de sete horas e máxima de onze ho- ser interrompido por motivos técnicos;
ras, compreendendo o intervalo entre as 0 e as 5 horas. g) Investigação e desenvolvimento.
2 — Os instrumentos de regulamentação colectiva de
trabalho podem estabelecer o período de trabalho nocturno, 7 — O disposto no número anterior é extensivo aos
com observância do disposto no número anterior. casos de acréscimo previsível de actividade no turismo.
6548 Diário da República, 1.ª série — N.º 176 — 11 de Setembro de 2008
3 — O disposto no n.º 1 não é igualmente aplicável: 2 — Em substituição de qualquer dos feriados referidos
no número anterior, pode ser observado, a título de feriado,
a) Quando seja necessária a prestação de trabalho extraor-
dinário por motivo de força maior ou por ser indispensável qualquer outro dia em que acordem entidade empregadora
para prevenir ou reparar prejuízos graves para o órgão ou pública e trabalhador.
serviço devidos a acidente ou a risco de acidente iminente;
b) Quando os períodos normais de trabalho são fraccio- Artigo 170.º
nados ao longo do dia com fundamento nas características Imperatividade
da actividade, nomeadamente serviços de limpeza;
c) A actividades caracterizadas pela necessidade de as- São nulas as disposições de contrato ou de instrumento
segurar a continuidade do serviço, nomeadamente as acti- de regulamentação colectiva de trabalho que estabeleçam
vidades indicadas no número seguinte, desde que através feriados diferentes dos indicados nos artigos anteriores.
de instrumento de regulamentação colectiva de trabalho
ou de acordo individual sejam garantidos ao trabalhador SUBSECÇÃO X
os correspondentes descansos compensatórios. Férias
c) 27 dias úteis até o trabalhador completar 59 anos parecer favorável em contrário das estruturas representati-
de idade; vas referidas no número anterior ou disposição diversa de
d) 28 dias úteis a partir dos 59 anos de idade. instrumento de regulamentação colectiva de trabalho.
4 — Na marcação das férias, os períodos mais pretendi-
2 — A idade relevante para efeitos de aplicação do nú- dos devem ser rateados, sempre que possível, beneficiando,
mero anterior é aquela que o trabalhador completar até 31 alternadamente, os trabalhadores em função dos períodos
de Dezembro do ano em que as férias se vencem. gozados nos dois anos anteriores.
3 — Ao período de férias previsto no n.º 1 acresce um 5 — Salvo se houver prejuízo grave para a entidade
dia útil de férias por cada 10 anos de serviço efectivamente empregadora pública, devem gozar férias em idêntico
prestado. período os cônjuges que trabalhem no mesmo órgão ou
4 — A duração do período de férias pode ainda ser serviço, bem como as pessoas que vivam em união de facto
aumentada no quadro de sistemas de recompensa do de- ou economia comum nos termos previstos em legislação
sempenho, nos termos previstos na lei ou em instrumento especial.
de regulamentação colectiva de trabalho. 6 — O gozo do período de férias pode ser interpolado,
5 — Para efeitos de férias, são úteis os dias da semana por acordo entre a entidade empregadora pública e o tra-
de segunda-feira a sexta-feira, com excepção dos feriados, balhador e desde que, num dos períodos, sejam gozados,
não podendo as férias ter início em dia de descanso semanal no mínimo, 11 dias úteis consecutivos.
do trabalhador. 7 — O mapa de férias, com indicação do início e termo
6 — O trabalhador pode renunciar parcialmente ao di- dos períodos de férias de cada trabalhador, deve ser elabo-
reito a férias, recebendo a remuneração e o subsídio res- rado até 15 de Abril de cada ano e afixado nos locais de
pectivos, sem prejuízo de ser assegurado o gozo efectivo trabalho entre esta data e 31 de Outubro.
de 20 dias úteis de férias.
Artigo 177.º
Artigo 174.º Alteração da marcação do período de férias
Direito a férias nos contratos de duração inferior a seis meses
1 — Se, depois de marcado o período de férias, exi-
1 — O trabalhador admitido com contrato cuja duração gências imperiosas do funcionamento do órgão ou serviço
total não atinja seis meses tem direito a gozar dois dias úteis determinarem o adiamento ou a interrupção das férias já
de férias por cada mês completo de duração do contrato. iniciadas, o trabalhador tem direito a ser indemnizado pela
2 — Para efeitos da determinação do mês completo entidade empregadora pública dos prejuízos que compro-
devem contar-se todos os dias, seguidos ou interpolados, vadamente haja sofrido na pressuposição de que gozaria
em que foi prestado trabalho. integralmente as férias na época fixada.
3 — Nos contratos cuja duração total não atinja seis me- 2 — A interrupção das férias não pode prejudicar o
ses, o gozo das férias tem lugar no momento imediatamente gozo seguido de metade do período a que o trabalhador
anterior ao da cessação, salvo acordo das partes. tenha direito.
3 — Há lugar a alteração do período de férias sempre
Artigo 175.º que o trabalhador, na data prevista para o seu início, es-
teja temporariamente impedido por facto que não lhe seja
Cumulação de férias
imputável, cabendo à entidade empregadora pública, na
1 — As férias devem ser gozadas no decurso do ano falta de acordo, a nova marcação do período de férias, sem
civil em que se vencem, não sendo permitido acumular sujeição ao disposto no n.º 3 do artigo anterior.
no mesmo ano férias de dois ou mais anos. 4 — Terminando o impedimento antes de decorrido o
2 — As férias podem, porém, ser gozadas no 1.º tri- período anteriormente marcado, o trabalhador deve gozar
mestre do ano civil seguinte, em acumulação ou não com os dias de férias ainda compreendidos neste, aplicando-se
as férias vencidas no início deste, por acordo entre enti- quanto à marcação dos dias restantes o disposto no número
dade empregadora pública e trabalhador ou sempre que anterior.
este pretenda gozar as férias com familiares residentes 5 — Nos casos em que a cessação do contrato esteja
no estrangeiro. sujeita a aviso prévio, a entidade empregadora pública
3 — Entidade empregadora pública e trabalhador podem pode determinar que o período de férias seja antecipado
ainda acordar na acumulação, no mesmo ano, de metade do para o momento imediatamente anterior à data prevista
período de férias vencido no ano anterior com o vencido para a cessação do contrato.
no início desse ano.
Artigo 178.º
Artigo 176.º Doença no período de férias
Marcação do período de férias
1 — No caso de o trabalhador adoecer durante o pe-
1 — O período de férias é marcado por acordo entre ríodo de férias, são as mesmas suspensas desde que a
entidade empregadora pública e trabalhador. entidade empregadora pública seja do facto informada,
2 — Na falta de acordo, cabe à entidade empregadora prosseguindo, logo após a alta, o gozo dos dias de férias
pública marcar as férias e elaborar o respectivo mapa, compreendidos ainda naquele período, cabendo à entidade
ouvindo para o efeito a comissão de trabalhadores ou, empregadora pública, na falta de acordo, a marcação dos
na sua falta, a comissão sindical ou intersindical ou os dias de férias não gozados, sem sujeição ao disposto no
delegados sindicais. n.º 3 do artigo 176.º
3 — A entidade empregadora pública só pode marcar o 2 — Cabe à entidade empregadora pública, na falta de
período de férias entre 1 de Maio e 31 de Outubro, salvo acordo, a marcação dos dias de férias não gozados, que
6552 Diário da República, 1.ª série — N.º 176 — 11 de Setembro de 2008
podem decorrer em qualquer período, aplicando-se neste 4 — O disposto no número anterior aplica-se ainda
caso o n.º 3 do artigo seguinte. sempre que o contrato cesse no ano subsequente ao da
3 — A prova da doença prevista no n.º 1 é feita por admissão.
estabelecimento hospitalar, por declaração do centro de
saúde ou por atestado médico. Artigo 181.º
4 — A doença referida no número anterior pode ser fis- Violação do direito a férias
calizada por médico designado pela segurança social, me-
diante requerimento da entidade empregadora pública. Caso a entidade empregadora pública, com culpa, obste
5 — No caso de a segurança social não indicar o mé- ao gozo das férias nos termos previstos nos artigos anterio-
dico a que se refere o número anterior no prazo de vinte res, o trabalhador recebe, a título de compensação, o triplo
e quatro horas, a entidade empregadora pública designa o da remuneração correspondente ao período em falta, que
médico para efectuar a fiscalização, não podendo este ter deve obrigatoriamente ser gozado no 1.º trimestre do ano
qualquer vínculo contratual anterior à entidade emprega- civil subsequente.
dora pública.
6 — Em caso de desacordo entre os pareceres médicos Artigo 182.º
referidos nos números anteriores, pode ser requerida por Exercício de outra actividade durante as férias
qualquer das partes a intervenção de junta médica.
7 — Em caso de incumprimento das obrigações pre- 1 — O trabalhador não pode exercer durante as férias
vistas no artigo anterior e nos n.os 1 e 2, bem como de qualquer outra actividade remunerada, salvo se já a viesse
exercendo cumulativamente ou a entidade empregadora
oposição, sem motivo atendível, à fiscalização referida nos
pública o autorizar a isso.
n.os 4, 5 e 6, os dias de alegada doença são considerados
2 — A violação do disposto no número anterior, sem
dias de férias. prejuízo da eventual responsabilidade disciplinar do tra-
8 — O desenvolvimento do disposto no presente arti- balhador, dá à entidade empregadora pública o direito de
go consta do anexo II, «Regulamento». reaver a remuneração correspondente às férias e respectivo
subsídio, da qual metade reverte para o Instituto de Gestão
Artigo 179.º Financeira da Segurança Social, no caso de o trabalhador
Efeitos da suspensão do contrato por impedimento prolongado ser beneficiário do regime geral de segurança social para
todas as eventualidades, ou constitui receita do Estado nos
1 — No ano da suspensão do contrato por impedimento restantes casos.
prolongado, respeitante ao trabalhador, se se verificar a 3 — Para os efeitos previstos no número anterior, a
impossibilidade total ou parcial do gozo do direito a férias entidade empregadora pública pode proceder a descon-
já vencido, o trabalhador tem direito à remuneração cor- tos na remuneração do trabalhador até ao limite de um
respondente ao período de férias não gozado e respectivo sexto, em relação a cada um dos períodos de vencimento
subsídio. posteriores.
2 — No ano da cessação do impedimento prolongado
o trabalhador tem direito às férias nos termos previstos no Artigo 183.º
n.º 2 do artigo 172.º
Contacto em período de férias
3 — No caso de sobrevir o termo do ano civil antes de
decorrido o prazo referido no número anterior ou antes de Antes do início das férias, o trabalhador deve indicar,
gozado o direito a férias, pode o trabalhador usufruí-lo até se possível, à respectiva entidade empregadora pública, a
30 de Abril do ano civil subsequente. forma como pode ser eventualmente contactado.
4 — Cessando o contrato após impedimento prolongado
respeitante ao trabalhador, este tem direito à remuneração e SUBSECÇÃO XI
ao subsídio de férias correspondentes ao tempo de serviço Faltas
prestado no ano de início da suspensão.
Artigo 184.º
Artigo 180.º
Noção
Efeitos da cessação do contrato
1 — Falta é a ausência do trabalhador no local de tra-
1 — Cessando o contrato, o trabalhador tem direito a balho e durante o período em que devia desempenhar a
receber a remuneração correspondente a um período de actividade a que está adstrito.
férias proporcional ao tempo de serviço prestado até à data 2 — Nos casos de ausência do trabalhador por períodos
da cessação, bem como ao respectivo subsídio. inferiores ao período de trabalho a que está obrigado, os
2 — Se o contrato cessar antes de gozado o período de respectivos tempos são adicionados para determinação dos
férias vencido no início do ano da cessação, o trabalhador períodos normais de trabalho diário em falta.
tem ainda direito a receber a remuneração e o subsídio cor- 3 — Para efeito do disposto no número anterior, caso os
respondentes a esse período, o qual é sempre considerado períodos de trabalho diário não sejam uniformes, considera-
para efeitos de antiguidade. -se sempre o de menor duração relativo a um dia completo
3 — Da aplicação do disposto nos números anteriores de trabalho.
ao contrato cuja duração não atinja, por qualquer causa,
12 meses não pode resultar um período de férias superior Artigo 185.º
ao proporcional à duração do vínculo, sendo esse período
Tipos de faltas
considerado para efeitos de remuneração, subsídio e an-
tiguidade. 1 — As faltas podem ser justificadas ou injustificadas.
Diário da República, 1.ª série — N.º 176 — 11 de Setembro de 2008 6553
2 — São consideradas faltas justificadas: b) Dois dias consecutivos por falecimento de outro
parente ou afim na linha recta ou em 2.º grau da linha
a) As dadas, durante 15 dias seguidos, por altura do
colateral.
casamento;
b) As motivadas por falecimento do cônjuge, parentes
ou afins, nos termos do artigo 187.º; 2 — Aplica-se o disposto na alínea a) do número ante-
c) As motivadas pela prestação de provas em estabele- rior ao falecimento de pessoa que viva em união de facto ou
cimento de ensino, nos termos da legislação especial; economia comum com o trabalhador nos termos previstos
d) As motivadas por impossibilidade de prestar traba- em legislação especial.
lho devido a facto que não seja imputável ao trabalhador,
nomeadamente doença, acidente ou cumprimento de obri- Artigo 188.º
gações legais; Faltas por conta do período de férias
e) As motivadas pela necessidade de prestação de as-
sistência inadiável e imprescindível a membros do seu 1 — Sem prejuízo do disposto em lei especial, o traba-
agregado familiar, nos termos previstos neste Regime e lhador pode faltar 2 dias por mês por conta do período de
no anexo II, «Regulamento»; férias, até ao máximo de 13 dias por ano, os quais podem
f) As motivadas pela necessidade de tratamento ambu- ser utilizados em períodos de meios dias.
latório, realização de consultas médicas e exames comple- 2 — As faltas previstas no número anterior relevam,
mentares de diagnóstico que não possam efectuar-se fora segundo opção do interessado, no período de férias do
do período normal de trabalho e só pelo tempo estritamente próprio ano ou do seguinte.
necessário; 3 — As faltas por conta do período de férias devem ser
g) As motivadas por isolamento profiláctico; comunicadas com a antecedência mínima de vinte e quatro
h) As ausências não superiores a quatro horas e só pelo horas ou, se não for possível, no próprio dia e estão sujeitas
tempo estritamente necessário, justificadas pelo responsá- a autorização, que pode ser recusada se forem susceptíveis
vel pela educação de menor, uma vez por trimestre, para de causar prejuízo para o normal funcionamento do órgão
deslocação à escola tendo em vista inteirar-se da situação ou serviço.
educativa do filho menor;
i) As dadas para doação de sangue e socorrismo; Artigo 189.º
j) As motivadas pela necessidade de submissão a méto- Comunicação da falta justificada
dos de selecção em procedimento concursal;
l) As dadas por conta do período de férias; 1 — As faltas justificadas, quando previsíveis, são obri-
m) As dadas pelos trabalhadores eleitos para as estruturas gatoriamente comunicadas à entidade empregadora pública
de representação colectiva, nos termos do artigo 293.º; com a antecedência mínima de cinco dias.
n) As dadas por candidatos a eleições para cargos públicos, 2 — Quando imprevisíveis, as faltas justificadas são
durante o período legal da respectiva campanha eleitoral; obrigatoriamente comunicadas à entidade empregadora
o) As que por lei forem como tal qualificadas, designa- pública logo que possível.
damente as previstas nos Decretos-Leis n.os 220/84, de 4 de 3 — A comunicação tem de ser reiterada para as faltas
Julho, 272/88, de 3 de Agosto, 282/89, de 23 de Agosto, justificadas imediatamente subsequentes às previstas nas
e 190/99, de 5 de Junho. comunicações indicadas nos números anteriores.
Efeitos das faltas justificadas Para efeitos deste Regime, considera-se teletrabalho
a prestação laboral realizada com subordinação jurídica,
1 — As faltas justificadas não determinam a perda ou habitualmente fora do órgão ou serviço da entidade em-
prejuízo de quaisquer direitos do trabalhador, salvo o dis- pregadora pública, e através do recurso a tecnologias de
posto no número seguinte. informação e de comunicação.
2 — Sem prejuízo de outras previsões legais, determi-
nam a perda de remuneração as seguintes faltas ainda que Artigo 195.º
justificadas:
Formalidades
a) Por motivo de doença, desde que o trabalhador bene-
ficie de um regime de protecção social na doença; 1 — Do contrato para prestação subordinada de teletra-
b) As previstas na alínea o) do n.º 2 do artigo 185.º, balho devem constar as seguintes indicações:
quando superiores a 30 dias por ano. a) Identificação dos contraentes;
b) Cargo ou funções a desempenhar, com menção ex-
3 — Nos casos previstos na alínea d) do n.º 2 do ar- pressa do regime de teletrabalho;
tigo 185.º, se o impedimento do trabalhador se prolongar c) Duração do trabalho em regime de teletrabalho;
efectiva ou previsivelmente para além de um mês, aplica- d) Actividade antes exercida pelo teletrabalhador ou, não
-se o regime de suspensão da prestação do trabalho por estando este vinculado à entidade empregadora pública,
impedimento prolongado. aquela que exercerá aquando da cessação do trabalho em
4 — No caso previsto na alínea n) do n.º 2 do ar- regime de teletrabalho, se for esse o caso;
tigo 185.º, as faltas justificadas conferem, no máximo, e) Propriedade dos instrumentos de trabalho a utilizar
direito à remuneração relativa a um terço do período de pelo teletrabalhador, bem como a entidade responsável pela
duração da campanha eleitoral, só podendo o trabalhador respectiva instalação e manutenção e pelo pagamento das
faltar meios dias ou dias completos com aviso prévio de inerentes despesas de consumo e de utilização;
quarenta e oito horas. f) Identificação do estabelecimento ou unidade orgânica
do órgão ou serviço ao qual deve reportar o teletrabalhador;
Artigo 192.º g) Identificação do superior hierárquico ou de outro
Efeitos das faltas injustificadas interlocutor do órgão ou serviço com o qual o teletraba-
lhador pode contactar no âmbito da respectiva prestação
1 — As faltas injustificadas constituem violação do laboral.
dever de assiduidade e determinam perda da remunera-
ção correspondente ao período de ausência, o qual será 2 — Não se considera sujeito ao regime de teletrabalho
descontado na antiguidade do trabalhador. o acordo não escrito ou em que falte a menção referida na
2 — Tratando-se de faltas injustificadas a um ou meio alínea b) do número anterior.
período normal de trabalho diário, imediatamente ante-
riores ou posteriores aos dias ou meios dias de descanso Artigo 196.º
ou feriados, considera-se que o trabalhador praticou uma
infracção grave. Liberdade contratual
3 — No caso de a apresentação do trabalhador, para 1 — O trabalhador pode passar a trabalhar em regime
início ou reinício da prestação de trabalho, se verificar com de teletrabalho por acordo escrito celebrado com a enti-
atraso injustificado superior a trinta ou sessenta minutos, dade empregadora pública, cuja duração inicial não pode
pode a entidade empregadora pública recusar a aceitação exceder três anos.
da prestação durante parte ou todo o período normal de 2 — O acordo referido no número anterior pode cessar
trabalho, respectivamente. por decisão de qualquer das partes durante os primeiros
30 dias da sua execução.
Artigo 193.º 3 — Cessado o acordo, o trabalhador tem direito a retomar
Efeitos das faltas no direito a férias a prestação de trabalho, nos termos previstos no contrato ou
em instrumento de regulamentação colectiva de trabalho.
1 — As faltas não têm efeito sobre o direito a férias do 4 — O prazo referido no n.º 1 pode ser modificado por
trabalhador, salvo o disposto no número seguinte. instrumento de regulamentação colectiva de trabalho.
2 — Nos casos em que as faltas determinem perda de
remuneração, as ausências podem ser substituídas, se o Artigo 197.º
trabalhador expressamente assim o preferir, por dias de
Igualdade de tratamento
férias, na proporção de 1 dia de férias por cada dia de falta,
desde que seja salvaguardado o gozo efectivo de 20 dias O teletrabalhador tem os mesmos direitos e está adstrito
úteis de férias ou da correspondente proporção, se se tratar às mesmas obrigações dos trabalhadores que não exerçam
de férias no ano de admissão. a sua actividade em regime de teletrabalho tanto no que
3 — O disposto no número anterior não é aplicável às se refere à formação e promoção profissionais como às
faltas previstas na alínea l) do n.º 2 do artigo 185.º condições de trabalho.
Diário da República, 1.ª série — N.º 176 — 11 de Setembro de 2008 6555
trumentos de regulamentação colectiva de trabalho, bem sinistro, bem como os trabalhadores ou serviços encarre-
como as instruções determinadas com esse fim pela enti- gados de as pôr em prática.
dade empregadora pública;
b) Zelar pela sua segurança e saúde, bem como pela 2 — Sem prejuízo da formação adequada, a informação
segurança e saúde das outras pessoas que possam ser afec- a que se refere o número anterior deve ser sempre propor-
tadas pelas suas acções ou omissões no trabalho; cionada ao trabalhador nos seguintes casos:
c) Utilizar correctamente e segundo as instruções trans-
mitidas pela entidade empregadora pública máquinas, a) Admissão no órgão ou serviço;
aparelhos, instrumentos, substâncias perigosas e outros b) Mudança de posto de trabalho ou de funções;
equipamentos e meios postos à sua disposição, designa- c) Introdução de novos equipamentos de trabalho ou
damente os equipamentos de protecção colectiva e indi- alteração dos existentes;
vidual, bem como cumprir os procedimentos de trabalho d) Adopção de uma nova tecnologia;
estabelecidos; e) Actividades que envolvam trabalhadores de diversos
d) Cooperar, no órgão ou serviço, para a melhoria do órgãos ou serviços.
sistema de segurança, higiene e saúde no trabalho;
e) Comunicar imediatamente ao superior hierárquico 3 — A entidade empregadora pública deve consultar por
ou, não sendo possível, aos trabalhadores que tenham escrito e, pelo menos, duas vezes por ano, previamente ou
sido designados para se ocuparem de todas ou algumas em tempo útil, os representantes dos trabalhadores ou, na
das actividades de segurança, higiene e saúde no trabalho sua falta, os próprios trabalhadores sobre:
as avarias e deficiências por si detectadas que se lhe afi- a) A avaliação dos riscos para a segurança e saúde no
gurem susceptíveis de originar perigo grave e iminente, trabalho, incluindo os respeitantes aos grupos de trabalha-
assim como qualquer defeito verificado nos sistemas de dores sujeitos a riscos especiais;
protecção; b) As medidas de segurança, higiene e saúde antes de
f) Em caso de perigo grave e iminente, não sendo pos- serem postas em prática ou, logo que seja possível, em
sível estabelecer contacto imediato com o superior hierár- caso de aplicação urgente das mesmas;
quico ou com os trabalhadores que desempenhem funções c) As medidas que, pelo seu impacte nas tecnologias e
específicas nos domínios da segurança, higiene e saúde no nas funções, tenham repercussão sobre a segurança, higiene
local de trabalho, adoptar as medidas e instruções estabe- e saúde no trabalho;
lecidas para tal situação. d) O programa e a organização da formação no domínio
da segurança, higiene e saúde no trabalho;
2 — Os trabalhadores não podem ser prejudicados por e) A designação e a exoneração dos trabalhadores que
causa dos procedimentos adoptados na situação referida desempenhem funções específicas nos domínios da segu-
na alínea f) do número anterior, nomeadamente em virtude rança, higiene e saúde no local de trabalho;
de, em caso de perigo grave e iminente que não possa ser f) A designação dos trabalhadores responsáveis pela
evitado, se afastarem do seu posto de trabalho ou de uma aplicação das medidas de primeiros socorros, de combate
área perigosa ou tomarnoutras medidas para a sua própria a incêndios e de evacuação de trabalhadores, a respectiva
segurança ou a de terceiros. formação e o material disponível;
3 — Se a conduta do trabalhador tiver contribuído para g) O recurso a serviços exteriores ao órgão ou serviço ou
originar a situação de perigo, o disposto no número anterior a técnicos qualificados para assegurar o desenvolvimento
não prejudica a sua responsabilidade, nos termos gerais. de todas ou parte das actividades de segurança, higiene e
4 — As medidas e actividades relativas à segurança, hi- saúde no trabalho;
giene e saúde no trabalho não implicam encargos financei- h) O material de protecção que seja necessário utilizar;
ros para os trabalhadores, sem prejuízo da responsabilidade i) As informações referidas na alínea a) do n.º 1;
disciplinar e civil emergente do incumprimento culposo j) A lista anual dos acidentes de trabalho mortais e dos
das respectivas obrigações. que ocasionem incapacidade para o trabalho superior a
5 — As obrigações dos trabalhadores no domínio da três dias úteis, elaborada até ao final de Março do ano
segurança e saúde nos locais de trabalho não excluem a subsequente;
responsabilidade da entidade empregadora pública pela l) Os relatórios dos acidentes de trabalho;
segurança e a saúde daqueles em todos os aspectos rela- m) As medidas tomadas de acordo com o disposto nos
cionados com o trabalho. n.os 6 e 9.
referidas nas alíneas a), b), h), j) e l) do n.º 3 e no n.º 5 definitivo, cabendo a mesma aos candidatos efectivos e
deste artigo. suplentes pela ordem indicada na respectiva lista.
7 — As consultas, respectivas respostas e propostas 7 — Os representantes dos trabalhadores dispõem, para
referidas nos n.os 3 e 4 deste artigo devem constar de registo o exercício das suas funções, de um crédito de cinco horas
em livro próprio organizado pelo órgão ou serviço. por mês.
8 — A entidade empregadora pública deve informar os 8 — O crédito de horas referido no número anterior não
serviços e os técnicos qualificados exteriores ao órgão ou é acumulável com créditos de horas de que o trabalhador
serviço que exerçam actividades de segurança, higiene e beneficie por integrar outras estruturas representativas
saúde no trabalho sobre os factores que reconhecida ou dos trabalhadores.
presumivelmente afectam a segurança e saúde dos traba-
lhadores e as matérias referidas nas alíneas a) do n.º 1 e f) Artigo 227.º
do n.º 3 deste artigo. Formação dos trabalhadores
9 — O órgão ou serviço em cujas instalações os tra-
balhadores prestam serviço deve informar as respecti- 1 — O trabalhador deve receber uma formação ade-
vas entidades empregadoras públicas sobre as matérias quada no domínio da segurança, higiene e saúde no tra-
referidas nas alíneas a) do n.º 1 e f) do n.º 3 deste ar- balho, tendo em atenção o posto de trabalho e o exercício
tigo, devendo também ser assegurada informação aos de actividades de risco elevado.
trabalhadores. 2 — Aos trabalhadores e seus representantes, de-
signados para se ocuparem de todas ou algumas das
Artigo 225.º actividades de segurança, higiene e saúde no trabalho,
deve ser assegurada, pela entidade empregadora pública,
Serviços de segurança, higiene e saúde no trabalho a formação permanente para o exercício das respectivas
A entidade empregadora pública deve garantir a or- funções.
ganização e o funcionamento dos serviços de segurança, 3 — A formação dos trabalhadores do órgão ou serviço
higiene e saúde no trabalho, nos termos previstos em le- sobre segurança, higiene e saúde no trabalho deve ser
gislação especial. assegurada de modo que não possa resultar prejuízo para
os mesmos.
Artigo 226.º
Artigo 228.º
Representantes dos trabalhadores
Inspecção
1 — Os representantes dos trabalhadores para a segu-
rança, higiene e saúde no trabalho são eleitos pelos traba- 1 — A fiscalização do cumprimento da legislação
lhadores por voto directo e secreto, segundo o princípio relativa a segurança, higiene e saúde no trabalho, as-
da representação pelo método de Hondt. sim como a aplicação das correspondentes sanções,
2 — Só podem concorrer listas apresentadas pelas orga- compete ao serviço com competência inspectiva do
nizações sindicais que tenham trabalhadores representados ministério responsável pela área laboral, sem prejuízo
no órgão ou serviço ou listas que se apresentem subscri- de competência fiscalizadora específica atribuída a ou-
tas, no mínimo, por 20 % dos trabalhadores do órgão ou tras entidades.
serviço, não podendo nenhum trabalhador subscrever ou 2 — Compete ao serviço com competência inspec-
fazer parte de mais de uma lista. tiva do ministério responsável pela área laboral a rea-
3 — Cada lista deve indicar um número de candidatos lização de inquéritos em caso de acidente de trabalho
efectivos igual ao dos lugares elegíveis e igual número de mortal ou que evidencie uma situação particularmente
candidatos suplentes. grave.
4 — Os representantes dos trabalhadores não poderão 3 — Nos casos de doença profissional ou de quais-
exceder: quer outros danos para a saúde ocorridos durante o
trabalho ou com ele relacionados, a Direcção-Geral da
a) Órgãos ou serviços com menos de 61 trabalhado- Saúde, através das autoridades de saúde, bem como o
res — um representante; Centro Nacional de Protecção contra os Riscos Profis-
b) Órgãos ou serviços de 61 a 150 trabalhadores — sionais, podem, igualmente, promover a realização dos
dois representantes; inquéritos.
c) Órgãos ou serviços de 151 a 300 trabalhadores — 4 — Os representantes dos trabalhadores podem apre-
três representantes; sentar as suas observações por ocasião das visitas e fis-
d) Órgãos ou serviços de 301 a 500 trabalhadores — qua- calizações efectuadas ao órgão ou serviço pelo serviço
tro representantes; com competência inspectiva do ministério responsável
e) Órgãos ou serviços de 501 a 1000 trabalhadores — pela área laboral ou outra autoridade competente, bem
cinco representantes; como solicitar a sua intervenção se as medidas adoptadas
f) Órgãos ou serviços de 1001 a 1500 trabalhadores — e os meios fornecidos pela entidade empregadora pública
seis representantes; forem insuficientes para assegurar a segurança, higiene e
g) Órgãos ou serviços com mais de 1500 trabalhado- saúde no trabalho.
res — sete representantes.
Artigo 229.º
5 — O mandato dos representantes dos trabalhadores
Legislação complementar
é de três anos.
6 — A substituição dos representantes dos trabalha- O desenvolvimento do regime previsto no presente ca-
dores só é admitida no caso de renúncia ou impedimento pítulo consta do anexo II, «Regulamento».
Diário da República, 1.ª série — N.º 176 — 11 de Setembro de 2008 6561
Artigo 234.º
SECÇÃO I
Concessão e recusa da licença
Redução da actividade e suspensão do contrato
1 — A entidade empregadora pública pode conceder
SUBSECÇÃO I ao trabalhador, a pedido deste, licenças sem remuneração.
2 — Sem prejuízo do disposto em legislação especial
Disposições gerais ou em instrumento de regulamentação colectiva de traba-
lho, o trabalhador tem direito a licenças sem remuneração
Artigo 230.º de longa duração para frequência de cursos de formação
Factos que determinam a redução ou a suspensão ministrados sob responsabilidade de uma instituição de
ensino ou de formação profissional ou no âmbito de pro-
1 — A redução do período normal de trabalho ou a grama específico aprovado por autoridade competente e
suspensão do contrato pode fundamentar-se na impossi- executado sob o seu controlo pedagógico ou frequência de
bilidade temporária, respectivamente, parcial ou total, da cursos ministrados em estabelecimento de ensino.
prestação do trabalho, por facto respeitante ao trabalhador, 3 — A entidade empregadora pública pode recusar a
e no acordo das partes. concessão da licença prevista no número anterior nas se-
2 — Permite também a redução do período normal de guintes situações:
trabalho ou a suspensão do contrato a celebração, entre
trabalhador e entidade empregadora pública, de um acordo a) Quando ao trabalhador tenha sido proporcionada
de pré-reforma. formação profissional adequada ou licença para o mesmo
fim, nos últimos 24 meses;
Artigo 231.º b) Quando a antiguidade do trabalhador no órgão ou
Efeitos da redução e da suspensão
serviço seja inferior a três anos;
c) Quando o trabalhador não tenha requerido a licença
1 — Durante a redução ou suspensão mantêm-se os com uma antecedência mínima de 90 dias em relação à
direitos, deveres e garantias das partes na medida em data do seu início;
que não pressuponham a efectiva prestação do traba- d) Para além das situações referidas nas alíneas anterio-
lho. res, tratando-se de trabalhadores titulares de cargos dirigen-
2 — O tempo de redução ou suspensão conta-se para tes que chefiem equipas multidisciplinares ou integrados
efeitos de antiguidade. em carreiras ou categorias de grau 3 de complexidade
3 — A redução ou suspensão não interrompe o decurso funcional, quando não seja possível a substituição dos
do prazo para efeitos de caducidade, nem obsta a que qual- mesmos durante o período da licença, sem prejuízo sério
quer das partes faça cessar o contrato nos termos gerais. para o funcionamento do órgão ou serviço.
tem direito à ocupação de um posto de trabalho no órgão trabalhador, em proporção do período normal de trabalho
ou serviço quando terminar a licença. semanal acordado.
5 — Nas restantes licenças, o trabalhador que pretenda 2 — A prestação referida no número anterior é actuali-
regressar ao serviço e cujo posto de trabalho se encontre zada anualmente em percentagem igual à do aumento de
ocupado, deve aguardar a previsão, no mapa de pessoal, de remuneração de que o trabalhador beneficiaria se estivesse
um posto de trabalho não ocupado, podendo candidatar-se no pleno exercício das suas funções.
a procedimento concursal para outro órgão ou serviço para 3 — As regras para a fixação da prestação a atribuir
o qual reúna os requisitos exigidos. na situação de pré-reforma que corresponda à suspensão
6 — Ao regresso antecipado do trabalhador em gozo da prestação de trabalho são fixadas por decreto regula-
de licença sem remuneração é aplicável o disposto no mentar.
número anterior.
Artigo 240.º
SUBSECÇÃO IV
Não pagamento pontual da prestação de pré-reforma
Pré-reforma
No caso de falta de pagamento pontual da prestação de
pré-reforma, se a mora se prolongar por mais de 30 dias,
Artigo 236.º
o trabalhador tem direito a retomar o pleno exercício de
Noção de pré-reforma funções, sem prejuízo da sua antiguidade, ou a resolver o
Considera-se pré-reforma a situação de redução ou de contrato, com direito à indemnização prevista nos n.os 2 e
suspensão da prestação do trabalho em que o trabalhador 3 do artigo seguinte.
com idade igual ou superior a 55 anos mantém o direito a
receber da entidade empregadora pública uma prestação Artigo 241.º
pecuniária mensal até à data da verificação de qualquer Extinção da situação de pré-reforma
das situações previstas no n.º 1 do artigo 241.º
1 — A situação de pré-reforma extingue-se:
Artigo 237.º a) Com a passagem à situação de pensionista por limite
Acordo de pré-reforma de idade ou invalidez;
b) Com o regresso ao pleno exercício de funções por
1 — A situação de pré-reforma constitui-se por acordo acordo entre o trabalhador e a entidade empregadora pú-
entre a entidade empregadora pública e o trabalhador e blica ou nos termos do artigo anterior;
depende da prévia autorização dos membros do Governo c) Com a cessação do contrato.
responsáveis pelas áreas das finanças e da Administração
Pública. 2 — Sempre que a extinção da situação de pré-reforma
2 — Do acordo de pré-reforma devem constar as se- resulte de cessação do contrato que conferisse ao trabalha-
guintes indicações: dor direito a indemnização ou compensação caso estivesse
a) Data de início da situação de pré-reforma; no pleno exercício das suas funções, aquele tem direito a
b) Montante da prestação de pré-reforma; uma indemnização correspondente ao montante das pres-
c) Forma de organização do tempo de trabalho no caso tações de pré-reforma até à idade legal de reforma.
de redução da prestação de trabalho. 3 — A indemnização referida no número anterior tem
por base a última prestação de pré-reforma devida à data
3 — A entidade empregadora pública deve remeter o da cessação do contrato.
acordo de pré-reforma à segurança social ou, sendo o caso,
à Caixa Geral de Aposentações, conjuntamente com a Artigo 242.º
folha de remunerações relativa ao mês da sua entrada em Requerimento da reforma por velhice
vigor.
O trabalhador em situação de pré-reforma é considerado
Artigo 238.º requerente da reforma ou aposentação por velhice logo que
complete a idade legal, salvo se até essa data tiver ocorrido
Direitos do trabalhador a extinção da situação de pré-reforma.
1 — O trabalhador em situação de pré-reforma tem
os direitos constantes do acordo celebrado com a enti- CAPÍTULO VI
dade empregadora pública, sem prejuízo do disposto nos
artigos seguintes. Incumprimento do contrato
2 — O trabalhador em situação de pré-reforma pode de-
senvolver outra actividade profissional remunerada, nos ter- SECÇÃO I
mos previstos nos artigos 25.º a 30.º da Lei n.º 12-A/2008,
de 27 de Fevereiro. Disposições gerais
contrato tenha durado até seis meses, de seis meses até administrações directa e indirecta do Estado, regionais e
dois anos ou por período superior. autárquicas, incluindo as respectivas entidades públicas
2 — Tratando-se da situação prevista na alínea i) do empresariais, e com os outros órgãos do Estado, durante
n.º 1 do artigo 93.º, que dê lugar à contratação de vários o número de meses igual ao dobro do número resultante
trabalhadores, a comunicação a que se refere o número da divisão do montante da compensação atribuída pelo da
anterior deve ser feita, sucessivamente, a partir da verifi- sua remuneração base mensal, calculado com aproximação
cação da diminuição gradual da respectiva ocupação, com por excesso.
a aproximação da conclusão do projecto para o desenvol-
vimento do qual foram contratados. Artigo 257.º
3 — A falta da comunicação a que se refere o n.º 1 im-
plica para a entidade empregadora pública o pagamento da Forma
remuneração correspondente ao período de aviso prévio 1 — O acordo de cessação deve constar de documento
em falta. assinado por ambas as partes, ficando cada uma com um
4 — A cessação do contrato confere ao trabalhador o exemplar.
direito a uma compensação calculada nos termos dos n.os 3 2 — O acordo de cessação deve discriminar as quantias
e 4 do artigo anterior. pagas a título de compensação pela cessação do contrato
e, sendo o caso, as decorrentes de créditos já vencidos ou
Artigo 254.º exigíveis em virtude dessa cessação, bem como mencionar
Reforma por velhice expressamente a data da celebração do acordo e a de início
1 — O contrato caduca pela reforma do trabalhador da produção dos respectivos efeitos.
por velhice ou, em qualquer caso, quando o trabalhador
complete 70 anos de idade. Artigo 258.º
2 — São aplicáveis ao trabalhador reformado, com as Cessação do acordo de revogação
necessárias adaptações, os regimes de incompatibilida-
des e de cumulação de remunerações dos trabalhadores 1 — Os efeitos do acordo de revogação do contrato
aposentados. podem cessar por decisão do trabalhador até ao 7.º dia
3 — Para os efeitos dos números anteriores, o Centro seguinte à data da respectiva celebração, mediante comu-
Nacional de Pensões notifica, simultaneamente, o traba- nicação escrita.
lhador beneficiário e a entidade empregadora pública da 2 — No caso de não ser possível assegurar a recepção
atribuição da pensão de velhice e da data a que o início da comunicação prevista no número anterior, o trabalhador
da mesma se reporta. deve remetê-la à entidade empregadora pública, por carta
4 — A caducidade do contrato verifica-se decorridos registada com aviso de recepção, no dia útil subsequente
30 dias sobre o conhecimento, por ambas as partes, da ao fim desse prazo.
reforma do trabalhador por velhice. 3 — A cessação prevista no n.º 1 só é eficaz se, em
5 — O disposto no n.º 1 aplica-se aos contratos cele- simultâneo com a comunicação, o trabalhador entregar
brados com trabalhadores que sejam subscritores da Caixa ou puser por qualquer forma à disposição da entidade
Geral de Aposentações. empregadora pública, na totalidade, o valor das compen-
sações pecuniárias eventualmente pagas em cumprimento
SECÇÃO III do acordo, ou por efeito da cessação do contrato.
Revogação
SECÇÃO IV
Artigo 255.º Cessação por iniciativa da entidade empregadora pública
Cessação por acordo
SUBSECÇÃO I
A entidade empregadora pública e o trabalhador podem
fazer cessar o contrato por acordo, nos termos do disposto Resolução
nos artigos seguintes.
DIVISÃO I
Artigo 256.º Despedimento por inadaptação
Acordo de cessação
Artigo 259.º
O acordo de cessação é regulamentado por portaria
dos membros do Governo responsáveis pelas áreas das Noção
finanças e da Administração Pública com observância das Constitui fundamento de despedimento do trabalhador
seguintes regras: a sua inadaptação superveniente ao posto de trabalho, nos
a) A compensação a atribuir ao trabalhador toma como termos dos artigos seguintes.
referência a sua remuneração base mensal, sendo o res-
pectivo montante aferido em função do número de anos Artigo 260.º
completos, e com a respectiva proporção no caso de fracção Situações de inadaptação
de ano, de exercício de funções públicas;
b) A sua celebração gera a incapacidade do trabalha- 1 — A inadaptação verifica-se em qualquer das situa-
dor para constituir uma relação de vinculação, a título de ções previstas nas alíneas seguintes, quando, sendo deter-
emprego público ou outro, com os órgãos e serviços das minadas pelo modo de exercício de funções do trabalhador,
Diário da República, 1.ª série — N.º 176 — 11 de Setembro de 2008 6565
2 — A manutenção do volume de emprego deve ser 2 — A decisão é comunicada, por cópia ou transcrição,
assegurada no prazo de 180 dias, a contar da cessação do ao trabalhador e às estruturas de representação colectiva
contrato, admitindo-se, para o efeito, qualquer das seguin- de trabalhadores nos termos estabelecidos no n.º 1 do ar-
tes situações: tigo 268.º
a) Admissão de trabalhador;
SUBSECÇÃO III
b) Colocação de outro trabalhador no posto de trabalho
no decurso do processo, visando a extinção do seu anterior Ilicitude do despedimento
posto de trabalho.
Artigo 271.º
SUBSECÇÃO II
Princípio geral
Procedimento
Sem prejuízo do disposto nos artigos seguintes e em
DIVISÃO I legislação especial, qualquer tipo de despedimento é ilí-
Despedimento por inadaptação cito:
a) Se não tiver sido precedido do respectivo procedi-
Artigo 268.º mento;
Comunicações b) Se se fundar em motivos políticos, ideológicos, étni-
cos ou religiosos, ainda que com invocação de motivo
1 — No caso de despedimento por inadaptação, a enti- diverso;
dade empregadora pública comunica, por escrito, ao tra- c) Se forem declarados improcedentes os motivos jus-
balhador, à comissão de trabalhadores e às associações tificativos invocados para o despedimento.
sindicais representativas, designadamente àquela em que
o trabalhador esteja filiado, a necessidade de fazer cessar Artigo 272.º
o contrato.
Despedimento por inadaptação
2 — A comunicação a que se refere o número anterior
é acompanhada de: O despedimento por inadaptação é ainda ilícito se:
a) Indicação dos motivos invocados para a cessação a) Faltarem os requisitos do artigo 261.º;
do contrato; b) Não tiverem sido feitas as comunicações previstas
b) Indicação das modificações introduzidas no posto no artigo 268.º;
de trabalho, dos resultados da formação ministrada e do c) Não tiver sido posta à disposição do trabalhador
período de adaptação facultado, nos casos do n.º 1 do despedido, até ao termo do prazo de aviso prévio, a com-
artigo 261.º; pensação a que se refere o artigo 266.º e bem assim os
c) Indicação da inexistência de outro posto de trabalho créditos vencidos ou exigíveis em virtude da cessação do
que seja compatível com a categoria do trabalhador, no contrato.
caso da alínea d) do n.º 1 do artigo 261.º
Artigo 273.º
Artigo 269.º
Suspensão do despedimento
Consultas
O trabalhador pode requerer a suspensão da eficácia do
1 — Dentro do prazo de 10 dias a contar da comunica- acto de despedimento nos termos do Código de Processo
ção a que se refere o artigo anterior, a estrutura representa- nos Tribunais Administrativos.
tiva dos trabalhadores emite parecer fundamentado quanto
aos motivos invocados para o despedimento. Artigo 274.º
2 — Dentro do mesmo prazo o trabalhador pode deduzir
Impugnação do despedimento
oposição à cessação do contrato, oferecendo os meios de
prova que considere pertinentes. 1 — O acto de despedimento pode ser objecto de apre-
ciação jurisdicional nos termos do Código de Processo nos
Artigo 270.º Tribunais Administrativos.
Decisão
2 — A acção tem de ser intentada no prazo de um ano
a contar da data do despedimento.
1 — Decorridos cinco dias sobre o termo do prazo a que 3 — A entidade empregadora pública apenas pode in-
se refere o n.º 1 do artigo anterior, em caso de cessação do vocar factos e fundamentos constantes da decisão de des-
contrato, e sem prejuízo da eventual colocação do traba- pedimento comunicada ao trabalhador.
lhador em situação de mobilidade especial, nos termos da
lei, a entidade empregadora pública profere, por escrito, Artigo 275.º
decisão fundamentada de que conste:
Efeitos da ilicitude
a) Motivo da cessação do contrato;
Sendo o despedimento declarado ilícito, a entidade em-
b) Verificação dos requisitos previstos no artigo 261.º, com
pregadora pública é condenada:
justificação de inexistência de posto de trabalho alternativo
ou menção da recusa de aceitação das alternativas propostas; a) A indemnizar o trabalhador por todos os danos, pa-
c) Montante da compensação, assim como a forma e o trimoniais e não patrimoniais, causados;
lugar do seu pagamento; b) A reintegrá-lo no seu posto de trabalho sem prejuízo
d) Data da cessação do contrato. da sua categoria e antiguidade.
Diário da República, 1.ª série — N.º 176 — 11 de Setembro de 2008 6567
proporcionalmente, mas, independentemente da antigui- obrigado a pagar à entidade empregadora pública uma
dade do trabalhador, a indemnização nunca pode ser infe- indemnização de valor igual à remuneração base correspon-
rior a três meses de remuneração base. dente ao período de antecedência em falta, sem prejuízo da
3 — No caso de contrato a termo, a indemnização pre- responsabilidade civil pelos danos eventualmente causados
vista nos números anteriores não pode ser inferior à quantia em virtude da inobservância do prazo de aviso prévio ou
correspondente às remunerações vincendas. emergentes da violação de obrigações assumidas em pacto
de permanência.
Artigo 283.º
Impugnação da resolução Artigo 288.º
1 — A resolução do contrato pode ser objecto de apre- Não produção de efeitos da declaração de cessação do contrato
ciação jurisdicional nos termos do Código de Processo nos 1 — A declaração de cessação do contrato por iniciativa
Tribunais Administrativos. do trabalhador, tanto por resolução como por denúncia,
2 — A acção tem de ser intentada no prazo de um ano pode por este ser revogada por qualquer forma até ao
a contar da data da resolução. 7.º dia seguinte à data em que chega ao poder da entidade
3 — Na acção em que for apreciada a ilicitude da reso- empregadora pública.
lução apenas são atendíveis para a justificar os factos cons- 2 — No caso de não ser possível assegurar a recepção
tantes da comunicação referida no n.º 1 do artigo 281.º da comunicação prevista no número anterior, o trabalhador
deve remetê-la à entidade empregadora pública, por carta
Artigo 284.º registada com aviso de recepção, no dia útil subsequente
Resolução ilícita ao fim desse prazo.
3 — A cessação prevista no n.º 1 só é eficaz se, em
No caso de ter sido impugnada a resolução do contrato simultâneo com a comunicação, o trabalhador entregar
com base em ilicitude do procedimento previsto no n.º 1
ou puser por qualquer forma à disposição da entidade
do artigo 281.º, o trabalhador pode corrigir o vício até ao
empregadora pública, na totalidade, o valor das compen-
termo do prazo para contestar, não se aplicando, no entanto,
este regime mais de uma vez. sações pecuniárias eventualmente pagas em consequência
da cessação do contrato.
Artigo 285.º 4 — Para a cessação do vínculo, a entidade empre-
gadora pública pode exigir que os documentos de onde
Responsabilidade do trabalhador em caso de resolução ilícita conste a declaração prevista no n.º 1 do artigo 281.º e o
A resolução do contrato pelo trabalhador com invoca- aviso prévio a que se refere o n.º 1 do artigo 286.º tenham
ção de justa causa, quando esta não tenha sido provada, a assinatura do trabalhador objecto de reconhecimento
confere à entidade empregadora pública o direito a uma notarial presencial.
indemnização pelos prejuízos causados não inferior ao
montante calculado nos termos do artigo 287.º
TÍTULO III
SUBSECÇÃO II Direito colectivo
Denúncia
Artigo 290.º suas funções, as quais contam, salvo para efeito de remu-
Autonomia e independência
neração, como tempo de serviço efectivo.
3 — As ausências a que se referem os números ante-
1 — Sem prejuízo das formas de apoio previstas na lei, riores são comunicadas, por escrito, com um dia de ante-
não podem as entidades empregadoras públicas promover cedência, com referência às datas e ao número de dias de
a constituição, manter ou financiar o funcionamento, por que os respectivos trabalhadores necessitam para o exer-
quaisquer meios, das estruturas de representação colectiva cício das suas funções, ou, em caso de impossibilidade de
dos trabalhadores ou, por qualquer modo, intervir na sua previsão, nas quarenta e oito horas imediatas ao primeiro
organização e direcção, assim como impedir ou dificultar dia de ausência.
o exercício dos seus direitos. 4 — A inobservância do disposto no número anterior
2 — As estruturas de representação colectiva são in- torna as faltas injustificadas.
dependentes do Estado, dos partidos políticos, das ins-
tituições religiosas e de quaisquer associações de outra Artigo 294.º
natureza, sendo proibida qualquer ingerência destes na
sua organização e direcção, bem como o seu recíproco Protecção em caso de procedimento disciplinar e despedimento
financiamento. 1 — A suspensão preventiva de trabalhador eleito
3 — O Estado pode apoiar as estruturas de representação para as estruturas de representação colectiva não obsta
colectiva dos trabalhadores, nos termos previstos na lei. a que o mesmo possa ter acesso aos locais e activida-
4 — O Estado não pode discriminar as estruturas de des que se compreendam no exercício normal dessas
representação colectiva dos trabalhadores relativamente funções.
a quaisquer outras entidades associativas. 2 — O despedimento de trabalhador candidato a corpos
sociais das associações sindicais, bem como do que exerça
Artigo 291.º ou haja exercido funções nos mesmos corpos sociais há
Proibição de actos discriminatórios menos de três anos, presume-se feito sem justa causa ou
motivo justificativo.
É proibido e considerado nulo todo o acordo ou acto 3 — No caso de o trabalhador despedido ser represen-
que vise: tante sindical ou membro de comissão de trabalhadores,
a) Subordinar o emprego do trabalhador à condição de tendo sido interposta providência cautelar de suspensão da
este se filiar ou não se filiar numa associação sindical ou eficácia do acto de despedimento, esta só não é decretada
de se retirar daquela em que esteja inscrito; se o tribunal concluir pela existência de probabilidade séria
b) Despedir, mudar de local de trabalho ou, por qualquer de verificação da justa causa ou do motivo justificativo
modo, prejudicar um trabalhador devido ao exercício dos invocados.
direitos relativos à participação em estruturas de repre- 4 — As acções administrativas que tenham por
sentação colectiva ou pela sua filiação ou não filiação objecto litígios relativos ao despedimento dos traba-
sindical. lhadores referidos no número anterior têm natureza
urgente.
SUBSECÇÃO II 5 — Sem prejuízo do disposto no número seguinte, não
Protecção especial dos representantes dos trabalhadores havendo justa causa ou motivo justificativo, o trabalha-
dor despedido tem o direito de optar entre a reintegração
Artigo 292.º no órgão ou serviço e uma indemnização calculada nos
termos previstos no n.º 1 do artigo 278.º ou estabelecida
Crédito de horas em instrumento de regulamentação colectiva de trabalho,
1 — Beneficiam de crédito de horas, nos termos previs- e nunca inferior à remuneração base correspondente a
tos neste Regime, os trabalhadores eleitos para as estruturas seis meses.
de representação colectiva. 6 — No caso de despedimento decidido em procedi-
2 — O crédito de horas é referido ao período normal de mento disciplinar, a indemnização em substituição da rein-
trabalho e conta como tempo de serviço efectivo. tegração a que se refere o número anterior é calculada nos
3 — Sempre que pretendam exercer o direito ao gozo termos previstos no Estatuto Disciplinar dos Trabalhadores
do crédito de horas, os trabalhadores devem avisar, por es- Que Exercem Funções Públicas.
crito, a entidade empregadora pública com a antecedência
mínima de dois dias, salvo motivo atendível. Artigo 295.º
Protecção em caso de mudança de local de trabalho
Artigo 293.º
1 — Os trabalhadores eleitos para as estruturas de
Faltas representação colectiva, bem como na situação de can-
1 — As ausências dos trabalhadores eleitos para as es- didatos e até dois anos após o fim do respectivo man-
truturas de representação colectiva no desempenho das suas dato, não podem ser mudados de local de trabalho sem
funções e que excedam o crédito de horas consideram-se o seu acordo expresso e sem audição da estrutura a que
faltas justificadas e contam, salvo para efeito de remune- pertencem.
ração, como tempo de serviço efectivo. 2 — O disposto no número anterior não é aplicável
2 — Relativamente aos delegados sindicais, apenas se quando a mudança de local de trabalho resultar da mu-
consideram justificadas, para além das que correspondam dança de instalações do órgão ou serviço ou decorrer
ao gozo do crédito de horas, as ausências motivadas pela de normas legais aplicáveis a todos os seus trabalha-
prática de actos necessários e inadiáveis no exercício das dores.
6570 Diário da República, 1.ª série — N.º 176 — 11 de Setembro de 2008
horas e n o número de membros da comissão de traba- ções no órgão a que pertençam, quer na sua actividade
lhadores; ou profissional.
b) Por dispor de um dos seus membros durante metade
do seu período normal de trabalho, independentemente SECÇÃO III
dos créditos referidos no n.º 1.
Associações sindicais
4 — Tem de ser tomada por unanimidade a opção pre-
vista no número anterior, bem como, no caso da alínea a), SUBSECÇÃO I
a distribuição do montante global do crédito de horas pe- Disposições preliminares
los diversos membros da comissão de trabalhadores, não
podendo ser atribuídas a cada um mais de quarenta horas Artigo 308.º
mensais.
5 — Os membros das entidades referidas no n.º 1 ficam Direito de associação sindical
obrigados, para além do limite aí estabelecido, e ressal- 1 — Os trabalhadores têm o direito de constituir asso-
vado o disposto nos n.os 2 a 4, à prestação de trabalho nas ciações sindicais a todos os níveis para defesa e promoção
condições normais. dos seus interesses sócio-profissionais.
6 — Não pode haver lugar a acumulação de crédito de 2 — As associações sindicais abrangem sindicatos, fe-
horas pelo facto de um trabalhador pertencer a mais de derações, uniões e confederações.
uma das entidades referidas no n.º 1. 3 — Os estatutos das federações, uniões ou confedera-
ções podem admitir a representação directa dos trabalha-
Artigo 305.º dores não representados em sindicatos.
Reuniões dos trabalhadores
Artigo 309.º
1 — Salvo o disposto nos números seguintes, as comis- Noções
sões de trabalhadores devem marcar as reuniões gerais a
realizar nos locais de trabalho fora do horário de trabalho Entende-se por:
observado pela generalidade dos trabalhadores e sem pre- a) «Sindicato» — associação permanente de trabalha-
juízo da execução normal da actividade no caso de trabalho dores para defesa e promoção dos seus interesses sócio-
por turnos ou de trabalho extraordinário. -profissionais;
2 — Podem realizar-se reuniões gerais de trabalhadores b) «Federação» — associação de sindicatos de traba-
nos locais de trabalho durante o horário de trabalho obser- lhadores da mesma profissão ou do mesmo sector de ac-
vado pela generalidade dos trabalhadores até um máximo tividade;
de quinze horas por ano, desde que se assegure o funcio- c) «União» — associação de sindicatos de base regional;
namento dos serviços de natureza urgente e essencial. d) «Confederação» — associação nacional de sindi-
3 — Para efeito do número anterior, as comissões ou as catos;
subcomissões de trabalhadores são obrigadas a comunicar e) «Secção sindical de órgão ou serviço» — conjunto
aos órgãos de direcção do órgão ou serviço a realização de trabalhadores de um órgão ou serviço, estabelecimento
das reuniões com a antecedência mínima de quarenta e periférico ou unidade orgânica desconcentrada filiados no
oito horas. mesmo sindicato;
f) «Comissão sindical de órgão ou serviço» — orga-
Artigo 306.º nização dos delegados sindicais do mesmo sindicato no
órgão ou serviço, estabelecimento periférico ou unidade
Apoio às comissões de trabalhadores
orgânica desconcentrada;
1 — Os órgãos de direcção dos órgãos e serviços devem g) «Comissão intersindical de órgão ou serviço» — or-
pôr à disposição das comissões ou subcomissões de tra- ganização dos delegados das comissões sindicais do órgão
balhadores as instalações adequadas, bem como os meios ou serviço de uma confederação, desde que abranjam no
materiais e técnicos necessários ao desempenho das suas mínimo cinco delegados sindicais, ou de todas as comis-
atribuições. sões sindicais do órgão ou serviço, estabelecimento peri-
2 — As comissões e subcomissões de trabalhadores férico ou unidade orgânica desconcentrada.
têm igualmente direito a distribuir informação relativa aos
interesses dos trabalhadores, bem como à sua afixação em Artigo 310.º
local adequado que for destinado para esse efeito. Direitos
como tempo de serviço efectivo, desde que assegurem o fun- Artigo 336.º
cionamento dos serviços de natureza urgente e essencial. Direito de afixação e informação sindical
3 — A convocação das reuniões referidas nos números
anteriores é regulada nos termos previstos no anexo II, Os delegados sindicais têm o direito de afixar, no in-
«Regulamento». terior do órgão ou serviço e em local apropriado, para o
efeito reservado pela entidade empregadora pública, textos,
Artigo 332.º convocatórias, comunicações ou informações relativos à
vida sindical e aos interesses sócio-profissionais dos traba-
Delegado sindical, comissão sindical e comissão intersindical
lhadores, bem como proceder à sua distribuição, mas sem
1 — Os delegados sindicais são eleitos e destituídos prejuízo, em qualquer dos casos, do funcionamento normal
nos termos dos estatutos dos respectivos sindicatos, em do órgão ou serviço.
escrutínio directo e secreto. Artigo 337.º
2 — Nos órgãos ou serviços em que o número de dele-
Direito a informação e consulta
gados o justifique, ou que compreendam estabelecimentos
periféricos ou unidades orgânicas desconcentradas, podem 1 — Os delegados sindicais gozam do direito a infor-
constituir-se comissões sindicais de delegados. mação e consulta relativamente às matérias constantes das
3 — Sempre que num órgão ou serviço existam de- suas atribuições.
legados de mais de um sindicato pode constituir-se uma 2 — O direito a informação e consulta abrange, para
comissão intersindical de delegados. além de outras referidas na lei ou identificadas em acordo
colectivo de trabalho, as seguintes matérias:
Artigo 333.º
a) A informação sobre a evolução recente e a evolução
Comunicação à entidade empregadora pública sobre eleição provável das actividades do órgão ou serviço, do estabele-
e destituição dos delegados sindicais cimento periférico ou da unidade orgânica desconcentrada
1 — As direcções dos sindicatos comunicam por escrito e a sua situação financeira;
à entidade empregadora pública a identificação dos dele- b) A informação e consulta sobre a situação, a estrutura
gados sindicais, bem como daqueles que fazem parte de e a evolução provável do emprego no órgão ou serviço
comissões sindicais e intersindicais de delegados, sendo o e sobre as eventuais medidas de antecipação previstas,
teor dessa comunicação publicitado nos locais reservados nomeadamente em caso de ameaça para o emprego;
às informações sindicais. c) A informação e consulta sobre as decisões suscep-
2 — O mesmo deve ser observado no caso de substi- tíveis de desencadear mudanças substanciais a nível da
tuição ou cessação de funções. organização do trabalho ou dos contratos de trabalho.
do direito a faltas justificadas para o exercício de funções 2 — Em caso de concorrência entre os regulamentos
sindicais. de extensão, compete aos trabalhadores escolherem, por
2 — O crédito de horas a que se refere o número an- maioria, no prazo de 30 dias, o instrumento aplicável,
terior, bem como o regime aplicável às faltas justificadas comunicando a escolha à entidade empregadora pública.
para o exercício de funções sindicais, é definido nos termos 3 — A declaração e a deliberação previstas no número
previstos no anexo II, «Regulamento». anterior são irrevogáveis até ao termo da vigência do ins-
trumento por eles adoptado.
4 — Na ausência de escolha pelos trabalhadores, é apli-
SUBTÍTULO II cável o instrumento de publicação mais recente.
Instrumentos de regulamentação colectiva de trabalho 5 — No caso de os instrumentos concorrentes terem
sido publicados na mesma data, aplica-se o que regular a
principal actividade da entidade empregadora pública.
CAPÍTULO I
Princípios gerais Artigo 345.º
Instrumentos de regulamentação colectiva
SECÇÃO I de trabalho negociais e não negociais
SECÇÃO II SECÇÃO II
2 — Têm legitimidade para celebrar acordos colectivos c) Os direitos e deveres recíprocos dos trabalhadores e
de carreiras especiais: das entidades empregadoras públicas;
d) Os processos de resolução dos litígios emergentes
a) Pelas associações sindicais, as confederações sindi-
de contratos, instituindo mecanismos de conciliação, me-
cais com assento na Comissão Permanente de Concertação
diação e arbitragem;
Social e as associações sindicais que representem, pelo
e) A definição de serviços mínimos e dos meios neces-
menos, 5 % do número total de trabalhadores integrados
sários para os assegurar em caso de greve.
na carreira especial em causa;
b) Pelas entidades empregadoras públicas, os mem-
bros do Governo responsáveis pelas áreas das finanças Artigo 349.º
e da Administração Pública e os restantes membros do Comissão paritária
Governo interessados em função das carreiras objecto
1 — O acordo colectivo de trabalho deve prever a cons-
dos acordos.
tituição de uma comissão formada por igual número de
representantes das entidades signatárias com competência
3 — Têm legitimidade para celebrar acordos colectivos
para interpretar e integrar as suas cláusulas.
de entidade empregadora pública:
2 — O funcionamento da comissão é regulado pelo
a) Pelas associações sindicais, as confederações sindi- acordo colectivo de trabalho.
cais com assento na Comissão Permanente de Concertação 3 — A comissão paritária só pode deliberar desde que
Social e as restantes associações sindicais representativas esteja presente metade dos representantes de cada parte.
dos respectivos trabalhadores; 4 — A deliberação tomada por unanimidade considera-se
b) Pela entidade empregadora pública, os membros do para todos os efeitos como integrando o acordo colectivo
Governo responsáveis pelas áreas das finanças e da Admi- de trabalho a que respeita, devendo ser depositada e publi-
nistração Pública e o que superintenda no órgão ou serviço, cada nos mesmos termos do acordo colectivo de trabalho.
bem como a própria entidade empregadora pública. 5 — A deliberação tomada por unanimidade pode ser
objecto de regulamento de extensão.
4 — Têm ainda legitimidade para celebrar acordos co-
lectivos de carreiras gerais as associações sindicais que Artigo 350.º
apresentem uma única proposta de celebração ou de revisão Conteúdo obrigatório
de um acordo colectivo de trabalho e que, em conjunto,
cumpram os critérios das subalíneas ii) ou iii) da alínea a) O acordo colectivo de trabalho deve referir:
do n.º 1.
a) Designação das entidades celebrantes;
5 — No caso previsto no número anterior o processo
b) Nome e qualidade em que intervêm os representantes
negocial decorre conjuntamente.
das entidades celebrantes;
6 — Os acordos colectivos de trabalho são assinados
c) Âmbito de aplicação;
pelos representantes das associações sindicais determina-
d) Data de celebração;
das nos termos dos números anteriores, bem como pelos
e) Acordo colectivo de trabalho alterado e respectiva
membros do Governo e entidade referidos naqueles nú-
data de publicação, caso exista;
meros, ou respectivos representantes.
f) Prazo de vigência, caso exista;
7 — Para efeitos do disposto no número anterior,
g) Estimativa pelas entidades celebrantes do número
consideram-se representantes das associações sindicais:
de órgãos ou serviços e de trabalhadores abrangidos pelo
a) Os membros das respectivas direcções com poderes acordo colectivo de trabalho.
para contratar;
b) As pessoas, singulares ou colectivas, mandatadas SECÇÃO III
pelas direcções das associações sindicais.
Negociação
8 — A revogação do mandato só é eficaz após comu-
nicação escrita à outra parte até à data da assinatura do Artigo 351.º
acordo colectivo de trabalho. Proposta
9 — Para efeitos do disposto no n.º 6, é representante da
entidade empregadora pública, tenha ou não personalidade 1 — O processo de negociação inicia-se com a apresen-
jurídica, o respectivo dirigente máximo ou aquele no qual tação à outra parte da proposta de celebração ou de revisão
tenha sido delegada tal competência. de um acordo colectivo de trabalho.
2 — A proposta deve revestir forma escrita, ser devida-
Artigo 348.º mente fundamentada e conter os seguintes elementos:
Conteúdo a) Designação das entidades que a subscrevem em nome
próprio e em representação de outras;
Os acordos colectivos de trabalho devem, designada-
b) Indicação do acordo colectivo de trabalho que se pre-
mente, regular:
tende rever, sendo caso disso, e respectiva data de publicação.
a) As relações entre as partes outorgantes, em particular
quanto à verificação do cumprimento do acordo colectivo Artigo 352.º
de trabalho e aos meios de resolução de conflitos decor-
Resposta
rentes da sua aplicação e revisão;
b) O âmbito temporal, nomeadamente a sobrevigência 1 — A entidade destinatária da proposta deve responder,
e o prazo de denúncia; de forma escrita e fundamentada, nos 30 dias seguintes à
6578 Diário da República, 1.ª série — N.º 176 — 11 de Setembro de 2008
recepção daquela, salvo se houver prazo convencionado -Geral da Administração e do Emprego Público, nos cinco
ou prazo mais longo indicado pelo proponente. dias subsequentes à data da assinatura.
2 — A resposta deve exprimir uma posição relativa a 2 — O depósito considera-se feito se não for recusado
todas as cláusulas da proposta, aceitando, recusando ou nos 15 dias seguintes à recepção do acordo colectivo de
contrapropondo. trabalho nos serviços referidos no número anterior.
3 — A falta de resposta ou de contraproposta, no prazo
fixado no n.º 1 e nos termos do número anterior, legitima Artigo 357.º
a entidade proponente a requerer a conciliação. Recusa de depósito
colectivo de trabalho aplica-se até ao final do prazo que 3 — Decorrido o período referido no número anterior
dele expressamente constar ou, sendo o acordo objecto de o acordo colectivo de trabalho caduca, mantendo-se, até
alteração, até à sua entrada em vigor. à entrada em vigor de um outro acordo colectivo de tra-
2 — No caso de o acordo colectivo de trabalho não ter balho ou decisão arbitral, os efeitos definidos por acordo
prazo de vigência, os trabalhadores ou as respectivas asso- das partes ou, na sua falta, os já produzidos pelo mesmo
ciações que se tenham desfiliado dos sujeitos outorgantes acordo nos contratos no que respeita a:
são abrangidos durante o prazo mínimo de um ano.
a) Remuneração do trabalhador;
Artigo 362.º b) Duração do tempo de trabalho.
Efeitos da sucessão nas atribuições 4 — Para além dos efeitos referidos no número anterior,
1 — Em caso de reorganização de órgãos ou serviços o trabalhador beneficia dos demais direitos e garantias
com transferência das suas atribuições ou competências decorrentes da aplicação do presente Regime.
para outro órgão ou serviço, os acordos colectivos de enti- 5 — Decorrido o prazo de um ano após a caducidade
dade empregadora pública que vinculam aqueles órgãos ou do acordo colectivo de trabalho sem que tenha sido cele-
serviços são aplicáveis ao órgão ou serviço integrador até brado um novo acordo e esgotados os meios de resolução
ao termo dos respectivos prazos de vigência, e no mínimo de conflitos colectivos, qualquer das partes pode accionar
durante 12 meses a contar da data da transferência, salvo se, a arbitragem necessária, mediante comunicação à parte
entretanto, outro acordo colectivo de entidade empregadora que se lhe contrapõe na negociação do acordo colectivo
pública passar a aplicar-se ao órgão ou serviço integrador. de trabalho e à Direcção-Geral da Administração e do
2 — Em caso de transferência de atribuições ou de res- Emprego Público.
ponsabilidade de gestão de órgão ou serviço para entidades Artigo 365.º
públicas empresariais ou entidades privadas sob qualquer Denúncia
forma, o instrumento de regulamentação colectiva de traba-
lho que vincula aquele órgão ou serviço é aplicável a estas 1 — O acordo colectivo de trabalho pode ser denun-
entidades até ao termo do respectivo prazo de vigência, e no ciado, por qualquer dos outorgantes, mediante comunica-
mínimo durante 12 meses a contar da data da transferência, ção escrita dirigida à outra parte, desde que seja acompa-
salvo se, entretanto, outro instrumento de regulamentação nhada de uma proposta negocial.
colectiva de trabalho negocial passar a aplicar-se às mesmas 2 — A denúncia deve ser feita com uma antecedência
entidades. de, pelo menos, três meses, relativamente ao termo do
prazo de vigência previsto no artigo 363.º ou no n.º 1 do
SECÇÃO VI artigo 364.º
Âmbito temporal Artigo 366.º
Cessação
Artigo 363.º
O acordo colectivo de trabalho pode cessar:
Vigência
a) Mediante revogação por acordo das partes;
1 — O acordo colectivo de trabalho vigora pelo prazo b) Por caducidade, nos termos do artigo 364.º
que dele constar, não podendo ser inferior a um ano.
2 — Decorrido o prazo de vigência aplica-se o seguinte Artigo 367.º
regime:
Sucessão de acordos colectivos de trabalho
a) O acordo colectivo de trabalho renova-se nos termos
nele previstos; 1 — O acordo colectivo de trabalho posterior revoga
b) No caso de o acordo colectivo de trabalho não regular integralmente o acordo anterior, salvo nas matérias ex-
a matéria prevista na alínea anterior, renova-se sucessiva- pressamente ressalvadas pelas partes.
mente por períodos de um ano. 2 — A mera sucessão de acordos colectivos de trabalho
não pode ser invocada para diminuir o nível de protecção
3 — O acordo colectivo de trabalho pode ter diferentes global dos trabalhadores.
períodos de vigência para cada matéria ou grupo homo- 3 — Os direitos decorrentes de acordo colectivo de
géneo de cláusulas. trabalho só podem ser reduzidos por novo acordo de cujo
4 — O disposto nos números anteriores não prejudica a texto conste, em termos expressos, o seu carácter global-
aplicação do regime previsto no artigo seguinte. mente mais favorável.
4 — No caso previsto no número anterior, o novo acordo
Artigo 364.º colectivo de trabalho prejudica os direitos decorrentes de acordo
anterior, salvo se, no novo acordo, forem expressamente res-
Sobrevigência salvados pelas partes.
1 — Qualquer acordo colectivo de trabalho pode ser SECÇÃO VII
denunciado, independentemente do período de vigência
ou das cláusulas de renovação nele previstas, decorrido Cumprimento
o prazo de 10 anos contado desde a sua entrada em vigor
ou, sendo o caso, da sua última revisão global. Artigo 368.º
2 — Havendo denúncia, o acordo colectivo de trabalho Execução
renova-se por um período de 18 meses, devendo as partes
promover os procedimentos conducentes à celebração de 1 — No cumprimento do acordo colectivo de trabalho devem
novo acordo. as partes, tal como os respectivos filiados, proceder de boa fé.
6580 Diário da República, 1.ª série — N.º 176 — 11 de Setembro de 2008
todos os representantes ou, na falta destes, uma hora depois de regulamentos de extensão, nos termos dos artigos se-
com os que estiverem presentes. guintes.
7 — O regime da arbitragem voluntária estabelecido na
secção anterior é subsidiariamente aplicável, sem prejuízo Artigo 380.º
da regulamentação prevista no anexo II, «Regulamento».
Admissibilidade de emissão de regulamentos de extensão
Artigo 382.º
CAPÍTULO V
Publicação e entrada em vigor dos instrumentos
Regulamento de extensão de regulamentação colectiva de trabalho
5 — Se as partes discordarem sobre o objecto da me- dicais e que a assembleia seja expressamente convocada
diação, o mediador decide tendo em consideração a via- para o efeito por 20 % ou 200 trabalhadores.
bilidade de acordo das partes. 3 — As assembleias referidas no número anterior delibe-
6 — Para a elaboração da proposta, o mediador pode ram validamente desde que participe na votação a maioria
solicitar às partes e a qualquer órgão ou serviço os dados dos trabalhadores do órgão ou serviço e que a declaração
e informações de que estes disponham e que aquele con- de greve seja aprovada pela maioria dos votantes.
sidere necessários.
7 — O mediador deve remeter às partes a sua proposta Artigo 394.º
por carta registada no prazo de 30 dias a contar da sua Representação dos trabalhadores
nomeação.
8 — A proposta do mediador considera-se recusada se 1 — Os trabalhadores em greve serão representados
não houver comunicação escrita de ambas as partes a aceitá- pela associação ou associações sindicais ou por uma co-
-la no prazo de 10 dias a contar da sua recepção. missão eleita para o efeito, no caso a que se refere o n.º 2
9 — Decorrido o prazo fixado no número anterior, o do artigo anterior.
mediador comunica, em simultâneo, a cada uma das partes, 2 — As entidades referidas no número anterior podem
no prazo de cinco dias, a aceitação ou recusa das partes. delegar os seus poderes de representação.
10 — O mediador está obrigado a guardar sigilo de
todas as informações colhidas no decurso do procedimento Artigo 395.º
que não sejam conhecidas da outra parte. Piquetes de greve
nomeadamente o direito à remuneração e, em consequên- 3 — Na falta de um acordo até ao termo do 3.º dia poste-
cia, desvincula-os dos deveres de subordinação e assi- rior ao aviso prévio de greve, a definição dos serviços e dos
duidade. meios referidos no número anterior compete a um colégio
2 — Relativamente aos vínculos laborais dos grevistas, arbitral composto por três árbitros constantes das listas de
mantêm-se, durante a greve, os direitos, deveres e garantias árbitros previstas no artigo 375.º, nos termos previstos no
das partes na medida em que não pressuponham a efectiva anexo II, «Regulamento».
prestação do trabalho, assim como os direitos previstos na 4 — A decisão do colégio arbitral produz efeitos imedia-
legislação sobre protecção social e as prestações devidas tamente após a sua notificação aos representantes referidos
por acidentes de trabalho e doenças profissionais. no n.º 2 e deve ser afixada nas instalações do órgão ou
3 — O período de suspensão não pode prejudicar a serviço, nos locais habitualmente destinados à informação
antiguidade e os efeitos dela decorrentes, nomeadamente dos trabalhadores.
no que respeita à contagem de tempo de serviço. 5 — Os representantes dos trabalhadores a que se refere
o artigo 394.º devem designar os trabalhadores que ficam
Artigo 399.º adstritos à prestação dos serviços referidos no artigo ante-
Obrigações durante a greve rior, até vinte e quatro horas antes do início do período de
greve, e, se não o fizerem, deve a entidade empregadora
1 — Nos órgãos ou serviços que se destinem à satisfação pública proceder a essa designação.
de necessidades sociais impreteríveis ficam as associações 6 — A definição dos serviços mínimos deve respeitar
sindicais e os trabalhadores obrigados a assegurar, durante os princípios da necessidade, da adequação e da propor-
a greve, a prestação dos serviços mínimos indispensáveis cionalidade.
para ocorrer à satisfação daquelas necessidades.
2 — Para efeitos do disposto no número anterior, Artigo 401.º
consideram-se órgãos ou serviços que se destinam à sa-
tisfação de necessidades sociais impreteríveis os que se Regime de prestação dos serviços mínimos
integram, nomeadamente, em alguns dos seguintes sec- 1 — Os trabalhadores afectos à prestação de serviços
tores: mínimos mantêm-se, na estrita medida necessária à pres-
a) Segurança pública, quer em meio livre quer em meio tação desses serviços, sob a autoridade e direcção da enti-
institucional; dade empregadora pública, tendo direito, nomeadamente,
b) Correios e telecomunicações; à remuneração.
c) Serviços médicos, hospitalares e medicamentosos; 2 — O disposto no número anterior é aplicável a tra-
d) Salubridade pública, incluindo a realização de fu- balhadores que prestem durante a greve os serviços ne-
nerais; cessários à segurança e manutenção do equipamento e
e) Serviços de energia e minas, incluindo o abasteci- instalações.
mento de combustíveis;
f) Distribuição e abastecimento de água; Artigo 402.º
g) Bombeiros; Incumprimento da obrigação de prestação dos serviços mínimos
h) Serviços de atendimento ao público que assegurem
a satisfação de necessidades essenciais cuja prestação in- No caso de não cumprimento da obrigação de prestação
cumba ao Estado; de serviços mínimos, sem prejuízo dos efeitos gerais, o
i) Transportes relativos a passageiros, animais e géneros Governo pode determinar a requisição ou mobilização,
alimentares deterioráveis e a bens essenciais à economia nos termos previstos em legislação especial.
nacional, abrangendo as respectivas cargas e descargas;
j) Transporte e segurança de valores monetários. Artigo 403.º
Termo da greve
3 — As associações sindicais e os trabalhadores ficam
obrigados a prestar, durante a greve, os serviços necessários A greve termina por acordo entre as partes ou por deli-
à segurança e manutenção do equipamento e instalações. beração das entidades que a tiverem declarado, cessando
imediatamente os efeitos previstos no artigo 398.º
Artigo 400.º
Artigo 404.º
Definição dos serviços mínimos
Proibição de discriminações devidas à greve
1 — Os serviços mínimos previstos nos n.os 1 e 3 do
artigo anterior devem ser definidos por instrumento de É nulo e de nenhum efeito todo o acto que implique
regulamentação colectiva de trabalho ou por acordo com coacção, prejuízo ou discriminação sobre qualquer traba-
os representantes dos trabalhadores. lhador por motivo de adesão ou não à greve.
2 — Na ausência de previsão em instrumento de regu-
lamentação colectiva de trabalho e não havendo acordo Artigo 405.º
anterior ao aviso prévio quanto à definição dos serviços Inobservância da lei
mínimos previstos no n.º 1 do artigo anterior, o membro do
Governo responsável pela área da Administração Pública 1 — A greve declarada ou executada de forma contrária
convoca os representantes dos trabalhadores referidos no à lei faz incorrer os trabalhadores grevistas no regime de
artigo 394.º e os representantes das entidades emprega- faltas injustificadas.
doras públicas interessadas, tendo em vista a negociação 2 — O disposto no número anterior não prejudica a
de um acordo quanto aos serviços mínimos e quanto aos aplicação, quando a tal haja lugar, dos princípios gerais
meios necessários para os assegurar. em matéria de responsabilidade civil.
Diário da República, 1.ª série — N.º 176 — 11 de Setembro de 2008 6585
mente, o território de origem, língua, raça, instrução, si- legítimo, designadamente de política de emprego, mercado
tuação económica, origem ou condição social. de trabalho ou formação profissional.
2 — Considera-se: 4 — As disposições legais ou de instrumentos de re-
gulamentação colectiva de trabalho que justifiquem os
a) Discriminação directa sempre que, em razão de um
comportamentos referidos no n.º 3 devem ser avaliadas
dos factores indicados no referido preceito legal, uma
periodicamente e revistas se deixarem de se justificar.
pessoa seja sujeita a tratamento menos favorável do que
aquele que é, tenha sido ou venha a ser dado a outra pessoa
em situação comparável; Artigo 8.º
b) Discriminação indirecta sempre que uma disposição, Protecção contra actos de retaliação
critério ou prática aparentemente neutra seja susceptível de
colocar pessoas que se incluam num dos factores caracte- É inválido qualquer acto que prejudique o trabalhador
rísticos indicados no referido preceito legal numa posição em consequência de rejeição ou submissão a actos discri-
de desvantagem comparativamente com outras, a não ser minatórios.
que essa disposição, critério ou prática seja objectivamente
justificada por um fim legítimo e que os meios para o Artigo 9.º
alcançar sejam adequados e necessários; Extensão da protecção em situações de discriminação
c) Trabalho igual aquele em que as funções desempe-
nhadas na mesma entidade empregadora pública são iguais Em caso de invocação de qualquer prática discrimina-
ou objectivamente semelhantes em natureza, qualidade e tória no acesso ao trabalho, à formação profissional e nas
quantidade; condições de trabalho, nomeadamente por motivo de li-
d) Trabalho de valor igual aquele que corresponde a cença por maternidade, dispensa para consultas pré-natais,
um conjunto de funções, prestadas à mesma entidade em- protecção da segurança e saúde e de despedimento de
pregadora pública, consideradas equivalentes, atendendo, trabalhadora grávida, puérpera ou lactante, licença parental
nomeadamente, às qualificações ou experiência exigida, às ou faltas para assistência a menores, aplica-se o regime
responsabilidades atribuídas, ao esforço físico e psíquico previsto no n.º 3 do artigo 14.º do Regime em matéria de
e às condições em que o trabalho é efectuado. ónus da prova, sem prejuízo da aplicação de regimes legais
mais favoráveis.
3 — Constitui discriminação uma ordem ou instrução
que tenha a finalidade de prejudicar pessoas em razão SUBSECÇÃO II
de um factor referido no n.º 1 deste artigo ou no n.º 1 do Igualdade e não discriminação em função do sexo
artigo 14.º do Regime.
DIVISÃO I
Artigo 7.º Princípios gerais
Direito à igualdade nas condições de acesso e no trabalho
Artigo 10.º
1 — O direito à igualdade de oportunidades e de tra-
tamento no que se refere ao acesso ao emprego, à forma- Formação profissional
ção e promoção profissionais e às condições de trabalho Nas acções de formação profissional dirigidas a profis-
respeita: sões exercidas predominantemente por trabalhadores de um
a) Aos critérios de selecção e às condições de contrata- dos sexos deve ser dada, sempre que se justifique, preferên-
ção, em qualquer sector de actividade e a todos os níveis cia a trabalhadores do sexo com menor representação, bem
hierárquicos; como, em quaisquer acções de formação profissional, a
b) Ao acesso a todos os tipos de orientação e formação trabalhadores com escolaridade reduzida, sem qualificação
profissional de qualquer nível, incluindo a aquisição de ou responsáveis por famílias monoparentais ou no caso de
experiência prática; licença por maternidade, paternidade ou adopção.
c) À remuneração, promoções a todos os níveis hierár-
quicos e aos critérios que servem de base para a selecção Artigo 11.º
dos trabalhadores a despedir; Igualdade de remuneração
d) À filiação ou participação em organizações de traba-
lhadores ou em qualquer outra organização cujos membros 1 — Para efeitos do n.º 1 do artigo 19.º do Regime,
exercem uma determinada profissão, incluindo os benefí- a igualdade de remuneração implica, nomeadamente, a
cios por elas atribuídos. eliminação de qualquer discriminação fundada no sexo,
no conjunto de elementos de que depende a sua determi-
2 — O disposto no número anterior não prejudica a nação.
aplicação das disposições legais relativas: 2 — Sem prejuízo do disposto no n.º 2 do artigo 19.º
do Regime, a igualdade de remuneração implica que para
a) Ao exercício de uma actividade profissional por es- trabalho igual ou de valor igual:
trangeiro ou apátrida;
b) À especial protecção da gravidez, maternidade, pater- a) Qualquer modalidade de remuneração variável seja
nidade, adopção e outras situações respeitantes à concilia- estabelecida na base da mesma unidade de medida;
ção da actividade profissional com a vida familiar. b) A remuneração calculada em função do tempo de
trabalho seja a mesma.
3 — Nos aspectos referidos no n.º 1, são permitidas
diferenças de tratamento baseadas na idade que sejam 3 — Não podem constituir fundamento das diferencia-
necessárias e apropriadas à realização de um objectivo ções remuneratórias, a que se refere o n.º 2 do artigo 19.º do
Diário da República, 1.ª série — N.º 176 — 11 de Setembro de 2008 6587
Regime, as licenças, faltas e dispensas relativas à protecção do trabalhador ou dos seus descendentes constam de lista
da maternidade e da paternidade. elaborada pelo serviço competente do ministério respon-
sável pela saúde e aprovada por portaria dos ministros
Artigo 12.º responsáveis pelas áreas da saúde e laboral.
Sanção sem motivo justificativo
2 — A lista referida no número anterior deve ser re-
vista em função dos conhecimentos científicos e técnicos,
Presume-se sem motivo justificativo o despedimento ou competindo a promoção da sua actualização ao ministério
a aplicação de qualquer sanção sob a aparência de punição responsável pela saúde.
de outra falta, quando tenha lugar até um ano após a data da 3 — A regulamentação das actividades que são proibi-
reclamação, queixa ou propositura da acção jurisdicional das ou condicionadas por serem susceptíveis de implicar
contra a entidade empregadora pública. riscos para o património genético do trabalhador ou dos
seus descendentes consta dos artigos 16.º a 39.º
Artigo 13.º
Regras contrárias ao princípio da igualdade DIVISÃO III
1 — As disposições de estatutos das organizações re- Actividades proibidas que envolvam agentes biológicos,
físicos ou químicos proibidos
presentativas de trabalhadores, bem como os regulamen-
tos internos de órgão ou serviço que restrinjam o acesso
a qualquer emprego, actividade profissional, formação Artigo 16.º
profissional, condições de trabalho ou carreira profissional Agentes biológicos, físicos ou químicos proibidos
exclusivamente a trabalhadores masculinos ou femini-
nos, fora dos casos previstos no n.º 2 do artigo 14.º e no São proibidas aos trabalhadores as actividades que en-
artigo 21.º do Regime, têm-se por aplicáveis a ambos os volvam a exposição aos agentes biológicos, físicos ou
sexos. químicos susceptíveis de implicar riscos para o património
2 — As disposições de instrumentos de regulamentação genético do trabalhador ou dos seus descendentes, que
colectiva de trabalho, bem como os regulamentos internos constam da lista referida no n.º 1 do artigo anterior com
de órgão ou serviço que estabeleçam condições de traba- indicação de que determinam a proibição das mesmas.
lho aplicáveis exclusivamente a trabalhadores masculinos
ou femininos para categorias profissionais com conteúdo Artigo 17.º
funcional igual ou equivalente consideram-se substituídas Utilizações permitidas de agentes proibidos
pela disposição mais favorável, a qual passa a abranger os
trabalhadores de ambos os sexos. 1 — A utilização dos agentes proibidos referidos no
3 — Para efeitos do número anterior, considera-se que artigo anterior é permitida:
a categoria profissional tem igual conteúdo funcional ou a) Para fins exclusivos de investigação científica;
é equivalente quando a respectiva descrição de funções b) Em actividades destinadas à respectiva eliminação.
corresponder, respectivamente, a trabalho igual ou traba-
lho de valor igual, nos termos das alíneas c) e d) do n.º 2 2 — Nas utilizações previstas no número anterior, deve
do artigo 6.º ser evitada a exposição dos trabalhadores aos agentes em
Artigo 14.º
causa, nomeadamente através de medidas que assegurem
Registos que a sua utilização decorra durante o tempo mínimo pos-
Todas as entidades empregadoras públicas devem man- sível e que se realize num único sistema fechado, do qual
ter durante cinco anos registo dos recrutamentos feitos só possam ser retirados na medida em que for necessário
donde constem, por sexos, nomeadamente, os seguintes ao controlo do processo ou à manutenção do sistema.
elementos: 3 — A entidade empregadora pública apenas pode fazer
uso da permissão referida no n.º 1 após ter comunicado
a) Publicitação de procedimentos concursais; ao organismo do ministério responsável pela área laboral
b) Número de candidaturas apresentadas; competente em matéria de segurança, higiene e saúde no
c) Número de candidatos presentes nos métodos de trabalho as seguintes informações:
selecção;
d) Resultados dos métodos de selecção utilizados; a) Agente e respectiva quantidade utilizada anual-
e) Ordenação final dos candidatos; mente;
f) Balanços sociais relativos a dados que permitam anali- b) Actividades, reacções ou processos implicados;
sar a existência de eventual discriminação de um dos sexos c) Número de trabalhadores expostos;
no acesso ao emprego, formação e promoção profissionais d) Medidas técnicas e de organização tomadas para
e condições de trabalho. prevenir a exposição dos trabalhadores.
6 — A entidade empregadora pública deve, sempre que 2 — Nas actividades que impliquem a exposição a vá-
for solicitado, facultar às entidades fiscalizadoras os do- rias espécies de agentes, a avaliação dos riscos deve ser
cumentos referidos nos números anteriores. feita com base no perigo resultante da presença de todos
esses agentes.
DIVISÃO IV 3 — A avaliação dos riscos deve ser repetida trimes-
Actividades condicionadas que envolvam agentes tralmente, bem como sempre que houver alterações das
biológicos, físicos ou químicos condicionados condições de trabalho susceptíveis de afectar a exposição
dos trabalhadores a agentes referidos no número anterior
Artigo 18.º e, ainda, nas situações previstas no n.º 5 do artigo 28.º
4 — A avaliação dos riscos deve ter em conta todas
Disposições gerais
as formas de exposição e vias de absorção, tais como a
1 — São condicionadas aos trabalhadores as activida- absorção pela pele ou através desta.
des que envolvam a exposição aos agentes biológicos, 5 — A entidade empregadora pública deve atender, na
físicos ou químicos susceptíveis de implicar riscos para o avaliação dos riscos, aos resultados disponíveis de qual-
património genético do trabalhador ou dos seus descen- quer vigilância da saúde já efectuada aos eventuais efeitos
dentes que constam da lista referida no n.º 1 do artigo 15.º sobre a saúde de trabalhadores particularmente sensíveis
com indicação de que determinam o condicionamento das aos riscos a que estejam expostos, bem como identificar
mesmas. os trabalhadores que necessitem de medidas de protecção
2 — As actividades referidas no número anterior estão especiais.
sujeitas ao disposto nos artigos 19.º a 31.º, bem como às 6 — O resultado da avaliação dos riscos deve constar
disposições específicas constantes dos artigos 32.º a 39.º de documento escrito.
f) Adopção de medidas de protecção colectiva adequadas responsável pela área laboral competente em matéria de
ou, se a exposição não puder ser evitada por outros meios, segurança, higiene e saúde no trabalho e a Direcção-Geral
medidas de protecção individual; da Saúde de qualquer acidente ou incidente que possa ter
g) Adopção de medidas de higiene, nomeadamente a provocado a disseminação de um agente susceptível de
limpeza periódica dos pavimentos, paredes e outras su- implicar riscos para o património genético.
perfícies;
h) Delimitação das zonas de riscos e utilização de ade- Artigo 24.º
quada sinalização de segurança e de saúde, incluindo de
Exposição previsível
proibição de fumar em áreas onde haja riscos de exposição
a esses agentes; Nas actividades em que seja previsível um aumento
i) Instalação de dispositivos para situações de emer- significativo de exposição, se for impossível a aplicação de
gência susceptíveis de originar exposições anormalmente medidas técnicas preventivas suplementares para limitar a
elevadas; exposição, a entidade empregadora pública deve:
j) Verificação da presença de agentes biológicos utili-
zados fora do confinamento físico primário, sempre que a) Reduzir ao mínimo a exposição dos trabalhadores
for necessário e tecnicamente possível; e assegurar a sua protecção durante a realização dessas
l) Meios que permitam a armazenagem, manuseamento actividades;
e transporte sem riscos, nomeadamente mediante a uti- b) Colocar à disposição dos trabalhadores vestuário de
lização de recipientes herméticos e rotulados de forma protecção e equipamento individual de protecção respira-
clara e legível; tória, a ser utilizado enquanto durar a exposição;
m) Meios seguros de recolha, armazenagem e evacuação c) Assegurar que a exposição de cada trabalhador não
dos resíduos, incluindo a utilização de recipientes hermé- tenha carácter permanente e seja limitada ao estritamente
ticos e rotulados de forma clara e legível, de modo a não necessário;
constituírem fonte de contaminação dos trabalhadores e d) Delimitar e assinalar as zonas onde se realizam essas
dos locais de trabalho, de acordo com a legislação especial actividades;
sobre resíduos e protecção do ambiente; e) Só permitir acesso às zonas onde se realizam essas
n) Afixação de sinais de perigo bem visíveis, nomeada- actividades a pessoas autorizadas.
mente o sinal indicativo de perigo biológico;
o) Elaboração de planos de acção em casos de acidentes Artigo 25.º
que envolvam agentes biológicos. Exposição imprevisível
de agentes biológicos, físicos ou químicos susceptíveis físico ou químico susceptível de implicar riscos para o
de implicar riscos para o património genético à entidade património genético.
empregadora pública e ao responsável pelos serviços de
segurança, higiene e saúde no trabalho. Artigo 29.º
Higiene e protecção individual
Artigo 28.º
1 — Nas actividades susceptíveis de contaminação
Vigilância da saúde
por agentes biológicos, físicos ou químicos que possam
1 — A entidade empregadora pública deve assegurar a implicar riscos para o património genético, a entidade
vigilância da saúde do trabalhador em relação ao qual o empregadora pública deve:
resultado da avaliação revele a existência de riscos, através a) Impedir os trabalhadores de fumar, comer ou beber
de exames de saúde de admissão, periódicos e ocasionais, nas áreas de trabalho em que haja riscos de contamina-
devendo os exames, em qualquer caso, ser realizados antes ção;
da exposição aos riscos. b) Fornecer vestuário de protecção adequado;
2 — A vigilância da saúde deve permitir a aplicação de c) Assegurar que os equipamentos de protecção são
medidas de saúde individuais, dos princípios e práticas da guardados em local apropriado, verificados e limpos, se
medicina do trabalho, de acordo com os conhecimentos possível antes e, obrigatoriamente, após cada utilização,
mais recentes, e incluir os seguintes procedimentos: bem como reparados ou substituídos se tiverem defeitos
a) Registo da história clínica e profissional de cada ou estiverem danificados;
trabalhador; d) Pôr à disposição dos trabalhadores instalações sani-
b) Avaliação individual do seu estado de saúde; tárias e vestiários adequados para a sua higiene pessoal.
c) Vigilância biológica, sempre que necessária;
d) Rastreio de efeitos precoces e reversíveis. 2 — Em actividades em que são utilizados agentes bio-
lógicos susceptíveis de implicar riscos para o património
3 — A entidade empregadora pública deve tomar, em genético, a entidade empregadora pública deve:
relação a cada trabalhador, as medidas preventivas ou de a) Definir procedimentos para a recolha, manipulação
protecção propostas pelo médico responsável pela vigi- e tratamento de amostras de origem humana ou animal;
lância da saúde do trabalhador. b) Assegurar a existência de colírios e anti-sépticos
4 — Se um trabalhador sofrer de uma doença identifi- cutâneos em locais apropriados, quando se justificarem.
cável ou um efeito nocivo que possa ter sido provocado
pela exposição a agentes biológicos, físicos ou químicos 3 — Antes de abandonar o local de trabalho, o trabalha-
susceptíveis de implicar riscos para o património genético, dor deve retirar o vestuário de trabalho e os equipamentos
a entidade empregadora pública deve: de protecção individual que possam estar contaminados e
guardá-los em locais apropriados e separados.
a) Assegurar a vigilância contínua da saúde do traba-
4 — A entidade empregadora pública deve assegurar
lhador;
a descontaminação, limpeza e, se necessário, destruição
b) Repetir a avaliação dos riscos; do vestuário e dos equipamentos de protecção individual
c) Rever as medidas tomadas para eliminar ou reduzir referidos no número anterior.
os riscos, tendo em conta o parecer do médico responsá- 5 — A utilização de equipamento de protecção indivi-
vel pela vigilância da saúde do trabalhador e incluindo dual das vias respiratórias deve:
a possibilidade de afectar o trabalhador a outro posto de
trabalho em que não haja riscos de exposição. a) Ser limitada ao tempo mínimo necessário, não po-
dendo ultrapassar quatro horas diárias;
5 — Nas situações referidas no número anterior, o mé- b) Tratando-se de aparelhos de protecção respiratória
dico responsável pela vigilância da saúde do trabalhador isolantes com pressão positiva, a sua utilização deve ser
pode exigir que se proceda à vigilância da saúde de qual- excepcional, por tempo não superior a quatro horas diárias,
quer outro trabalhador que tenha estado sujeito a exposição as quais, se forem seguidas, devem ser intercaladas por
idêntica, devendo nestes casos ser repetida a avaliação uma pausa de, pelo menos, trinta minutos.
dos riscos.
6 — O trabalhador tem direito de conhecer os exames e Artigo 30.º
o resultado da vigilância da saúde que lhe digam respeito Registo e arquivo de documentos
e pode solicitar a revisão desse resultado.
7 — A entidade empregadora pública deve informar o 1 — A entidade empregadora pública deve organizar
médico responsável pela vigilância da saúde do trabalha- registos de dados e conservar arquivos actualizados sobre:
dor sobre a natureza e, se possível, o grau das exposições a) Os resultados da avaliação dos riscos a que se referem
ocorridas, incluindo as exposições imprevisíveis. os artigos 20.º, 32.º e 34.º, bem como os critérios e proce-
8 — Devem ser prestados ao trabalhador informações dimentos da avaliação, os métodos de medição, análises
e conselho sobre a vigilância da saúde a que deve ser sub- e ensaios utilizados;
metido depois de terminar a exposição aos riscos. b) A lista dos trabalhadores expostos a agentes bioló-
9 — O médico responsável pela vigilância da saúde gicos, físicos ou químicos susceptíveis de implicar riscos
deve comunicar ao organismo do ministério responsável para o património genético, com a indicação da natureza
pela área laboral competente em matéria de segurança, e, se possível, do agente e do grau de exposição a que cada
higiene e saúde no trabalho os casos de cancro identifica- trabalhador esteve sujeito;
dos como resultantes da exposição a um agente biológico, c) Os registos de acidentes e incidentes.
Diário da República, 1.ª série — N.º 176 — 11 de Setembro de 2008 6591
b) Se a natureza da actividade não permitir a aplicação peitantes a agentes químicos susceptíveis de implicar riscos
do disposto na alínea anterior, evitar a presença de fontes para o património genético sejam prestadas aos serviços
de ignição que possam provocar incêndios e explosões ou de segurança, higiene e saúde no trabalho, bem como a
de condições adversas que possam fazer que substâncias outras entidades internas e externas que intervenham em
ou misturas de substâncias quimicamente instáveis provo- situação de emergência ou acidente.
quem efeitos físicos nocivos; 2 — As informações referidas no número anterior de-
c) Atenuar os efeitos nocivos para a saúde dos trabalha- vem incluir:
dores no caso de incêndio ou explosão resultante da ignição
de substâncias inflamáveis ou os efeitos físicos nocivos a) Avaliação prévia dos perigos da actividade exercida,
provocados por substâncias ou misturas de substâncias os modos de os identificar, as precauções e os procedi-
quimicamente instáveis. mentos adequados para que os serviços de emergência
possam preparar os planos de intervenção e as medidas
Artigo 37.º de precaução;
b) Informações disponíveis sobre os perigos específicos
Acidentes, incidentes e situações de emergência
verificados ou que possam ocorrer num acidente ou numa
1 — A entidade empregadora pública deve dispor de situação de emergência, incluindo as informações relativas
um plano de acção, em cuja elaboração e execução de- aos procedimentos previstos no artigo 37.º
vem participar as entidades competentes, com as medidas
adequadas a aplicar em situação de acidente, incidente ou
de emergência resultante da presença no local de trabalho CAPÍTULO III
de agentes químicos susceptíveis de implicar riscos para Protecção da maternidade e da paternidade
o património genético.
2 — O plano de acção referido no número anterior deve
incluir a realização periódica de exercícios de segurança SECÇÃO I
e a disponibilização dos meios adequados de primeiros Âmbito
socorros.
3 — Se ocorrer alguma das situações referidas no n.º 1,
Artigo 40.º
a entidade empregadora pública deve adoptar imediata-
mente as medidas adequadas, informar os trabalhadores Âmbito
envolvidos e só permitir a presença na área afectada de
trabalhadores indispensáveis à execução das reparações O presente capítulo regula o artigo 43.º do Regime.
ou outras operações estritamente necessárias.
4 — Os trabalhadores autorizados a exercer tempora- SECÇÃO II
riamente funções na área afectada, nos termos do número
anterior, devem utilizar vestuário de protecção, equipa- Licenças, dispensas e faltas
mento de protecção individual e equipamento e material
de segurança específico adequados à situação. Artigo 41.º
5 — A entidade empregadora pública deve instalar Dever de informação
sistemas de alarme e outros sistemas de comunicação ne-
cessários para assinalar os riscos acrescidos para a saúde, A entidade empregadora pública deve afixar no órgão
de modo a permitir a adopção de medidas imediatas ade- ou serviço, em local apropriado, a informação relativa aos
quadas, incluindo operações de socorro, evacuação e sal- direitos e deveres do trabalhador em matéria de materni-
vamento. dade e paternidade.
A entidade empregadora pública deve assegurar que: 1 — A trabalhadora pode optar por uma licença por
maternidade superior em 25 % à prevista no n.º 1 do ar-
a) Haja controlo suficiente de instalações, equipamento
tigo 26.º do Regime, devendo o acréscimo ser gozado
e máquinas ou equipamentos de prevenção ou limitação
necessariamente a seguir ao parto, nos termos da legislação
dos efeitos de explosões ou ainda que sejam adoptadas
medidas imediatas adequadas para reduzir a pressão de sobre protecção social.
explosão; 2 — A trabalhadora deve informar a entidade emprega-
b) O conteúdo dos recipientes e canalizações utiliza- dora pública até sete dias após o parto de qual a modalidade
dos por agentes químicos seja claramente identificado de licença por maternidade por que opta, presumindo-se,
de acordo com a legislação respeitante à classificação, na falta de declaração, que a licença tem a duração de
embalagem e rotulagem das substâncias e preparações 120 dias.
perigosas e à sinalização de segurança no local de tra- 3 — O regime previsto nos números anteriores aplica-
balho. -se ao pai que goze a licença por paternidade nos casos
previstos nos n.os 2 e 4 do artigo 27.º do Regime.
Artigo 39.º 4 — A trabalhadora grávida que pretenda gozar parte
da licença por maternidade antes do parto, nos termos do
Informação sobre as medidas de emergência
n.º 1 do artigo 26.º do Regime, deve informar a entidade
1 — A entidade empregadora pública deve assegurar empregadora pública e apresentar atestado médico que
que as informações sobre as medidas de emergência res- indique a data previsível do mesmo.
Diário da República, 1.ª série — N.º 176 — 11 de Setembro de 2008 6593
5 — A informação referida no número anterior deve 3 — O trabalhador deve comunicar à entidade empre-
ser prestada com a antecedência de 10 dias ou, em caso gadora pública que pretende reduzir o período normal de
de urgência comprovada pelo médico, logo que possível. trabalho com a antecedência de 10 dias, bem como:
6 — Em caso de internamento hospitalar da mãe ou da a) Apresentar atestado médico comprovativo da defi-
criança durante o período de licença a seguir ao parto, nos ciência ou da doença crónica;
termos do n.º 5 do artigo 26.º do Regime, a contagem deste b) Declarar que o outro progenitor tem actividade pro-
período é suspensa pelo tempo de duração do internamento, fissional ou que está impedido ou inibido totalmente de
mediante comunicação à respectiva entidade empregadora exercer o poder paternal e, sendo caso disso, que não exerce
pública, acompanhada de declaração emitida pelo estabe- ao mesmo tempo este direito.
lecimento hospitalar.
7 — O disposto nos n.os 4 e 5 aplica-se também, nos 4 — A entidade empregadora pública deve adequar a
termos previstos no n.º 3 do artigo 26.º do Regime, em redução do período normal de trabalho tendo em conta
situação de risco clínico para a trabalhadora ou para o a preferência do trabalhador, salvo se outra solução for
nascituro, impeditivo do exercício de funções, que seja imposta por exigências imperiosas do funcionamento do
distinto de risco específico de exposição a agentes, pro- órgão ou serviço.
cessos ou condições de trabalho, se o mesmo não puder
ser evitado com o exercício de outras tarefas compatíveis Artigo 45.º
com o seu estado e categoria profissional ou se a entidade
empregadora pública não o possibilitar. Licença por adopção
1 — O período de licença por adopção, previsto no
Artigo 43.º n.º 1 do artigo 29.º do Regime, é acrescido, no caso de
Licença por paternidade adopções múltiplas, de 30 dias por cada adopção além
da primeira.
1 — É obrigatório o gozo da licença por paternidade 2 — Quando a confiança administrativa consistir na
prevista no n.º 1 do artigo 27.º do Regime, devendo o confirmação da permanência do menor a cargo do adop-
trabalhador informar a entidade empregadora pública com tante, este tem direito a licença desde que a data em que o
a antecedência de cinco dias relativamente ao início do menor ficou de facto a seu cargo tenha ocorrido há menos
período, consecutivo ou interpolado, de licença ou, em de 100 dias e até ao momento em que estes se comple-
caso de urgência comprovada, logo que possível. tam.
2 — Para efeitos do gozo de licença em caso de incapa- 3 — O trabalhador candidato a adopção deve informar
cidade física ou psíquica ou morte da mãe, nos termos do a entidade empregadora pública do gozo da respectiva
n.º 2 do artigo 27.º do Regime, o trabalhador deve, logo que licença com a antecedência de 10 dias ou, em caso de
possível, informar a entidade empregadora pública, apre- urgência comprovada, logo que possível, fazendo prova
sentar certidão de óbito ou atestado médico comprovativo da confiança judicial ou administrativa do adoptando e
e, sendo caso disso, declarar qual o período de licença por da idade deste.
maternidade gozado pela mãe. 4 — No caso de os cônjuges candidatos à adopção serem
3 — O trabalhador que pretenda gozar a licença por trabalhadores, o período de licença pode ser integralmente
paternidade, por decisão conjunta dos pais, deve informar gozado por um deles ou por ambos, em tempo parcial ou
a entidade empregadora pública com a antecedência de em períodos sucessivos, conforme decisão conjunta.
10 dias e: 5 — Em qualquer dos casos referidos no número ante-
rior, o trabalhador deve:
a) Apresentar documento de que conste a decisão con-
junta; a) Apresentar documento de que conste a decisão con-
b) Declarar qual o período de licença por maternidade junta;
gozado pela mãe, que não pode ser inferior a seis semanas b) Declarar qual o período de licença gozado pelo seu
a seguir ao parto; cônjuge, sendo caso disso;
c) Provar que a entidade empregadora, pública ou pri- c) Provar que o seu cônjuge informou a respectiva
vada, da mãe foi informada da decisão conjunta. entidade empregadora, pública ou privada, da decisão
conjunta.
Artigo 44.º
6 — Se o trabalhador falecer durante a licença, o côn-
Condições especiais de trabalho para assistência
a filho com deficiência ou doença crónica juge sobrevivo que não seja adoptante tem direito a licença
correspondente ao período não gozado ou a um mínimo
1 — Para efeitos do n.º 1 do artigo 28.º do Regime, de 14 dias se o adoptado viver consigo em comunhão de
o trabalhador tem direito, nomeadamente, à redução de mesa e habitação.
cinco horas do período normal de trabalho semanal para 7 — Em caso de internamento hospitalar do candidato
assistência a filho até 1 ano de idade com deficiência ou à adopção ou do adoptando, o período de licença é sus-
doença crónica se o outro progenitor exercer actividade penso pelo tempo de duração do internamento, mediante
profissional ou estiver impedido ou inibido totalmente de comunicação daquele à respectiva entidade empregadora
exercer o poder paternal. pública, acompanhada de declaração passada pelo estabe-
2 — Se ambos os progenitores forem titulares do di- lecimento hospitalar.
reito, a redução do período normal de trabalho pode ser 8 — O trabalhador candidato a adoptante não tem direito
utilizada por qualquer deles ou por ambos em períodos a licença por adopção do filho do cônjuge ou de pessoa
sucessivos. que com ele viva em união de facto.
6594 Diário da República, 1.ª série — N.º 176 — 11 de Setembro de 2008
ou estiver impedido ou inibido totalmente de exercer o 4 — O trabalhador que trabalhe em regime de flexibili-
poder paternal. dade de horário pode efectuar até seis horas consecutivas
2 — Se houver dois titulares, a licença pode ser gozada de trabalho e até dez horas de trabalho em cada dia e
por qualquer deles ou por ambos em períodos sucessi- deve cumprir o correspondente período normal de trabalho
vos. semanal, em média de cada período de quatro semanas.
3 — O trabalhador deve informar a entidade emprega- 5 — O regime de trabalho com flexibilidade de horário
dora pública, por escrito e com a antecedência de 30 dias, referido nos números anteriores deve ser elaborado pela
do início e termo do período em que pretende gozar a entidade empregadora pública.
licença e declarar que o outro progenitor tem actividade
profissional e não se encontra ao mesmo tempo em situ- Artigo 54.º
ação de licença ou está impedido ou inibido totalmente Autorização para trabalho a tempo parcial
de exercer o poder paternal, que o filho faz parte do seu ou com flexibilidade de horário
agregado familiar e não está esgotado o período máximo
de duração da licença. 1 — Para efeitos do artigo 36.º do Regime, o trabalhador
4 — Na falta de indicação em contrário por parte do que pretenda trabalhar a tempo parcial ou com flexibili-
trabalhador, a licença tem a duração de seis meses. dade de horário deve solicitá-lo à entidade empregadora
pública, por escrito, com a antecedência de 30 dias, com
5 — O trabalhador deve comunicar à entidade emprega-
os seguintes elementos:
dora pública, por escrito e com a antecedência de 15 dias
relativamente ao termo do período de licença, a sua inten- a) Indicação do prazo previsto, até ao máximo de dois
ção de regressar ao trabalho, ou de a prorrogar, excepto anos, ou de três anos no caso de três filhos ou mais;
se o período máximo da licença entretanto se completar. b) Declaração de que o menor faz parte do seu agre-
gado familiar, que o outro progenitor não se encontra ao
SECÇÃO III
mesmo tempo em situação de trabalho a tempo parcial,
que não está esgotado o período máximo de duração
Regimes de trabalho especiais deste regime de trabalho ou, no caso de flexibilidade de
horário, que o outro progenitor tem actividade profissio-
Artigo 52.º nal ou está impedido ou inibido totalmente de exercer o
poder paternal;
Trabalho a tempo parcial
c) A repartição semanal do período de trabalho preten-
1 — Para efeitos dos n.os 1 e 2 do artigo 36.º do Regime, dida, no caso de trabalho a tempo parcial.
o direito a trabalhar a tempo parcial pode ser exercido por
qualquer dos progenitores, ou por ambos em períodos 2 — A entidade empregadora pública apenas pode
sucessivos, depois da licença parental, ou dos regimes recusar o pedido com fundamento em exigências impe-
alternativos de trabalho a tempo parcial ou de períodos riosas ligadas ao funcionamento do órgão ou serviço,
intercalados de ambos. ou à impossibilidade de substituir o trabalhador se este
2 — Salvo acordo em contrário, o período normal de for indispensável, carecendo sempre a recusa de pare-
trabalho a tempo parcial corresponde a metade do praticado cer prévio favorável da entidade que tenha competência
a tempo completo e é prestado diariamente, de manhã ou na área da igualdade de oportunidades entre homens e
de tarde, ou em três dias por semana, conforme o pedido mulheres.
do trabalhador. 3 — Se o parecer referido no número anterior for desfa-
vorável, a entidade empregadora pública só pode recusar
Artigo 53.º o pedido após decisão jurisdicional que reconheça a exis-
tência de motivo justificativo.
Flexibilidade de horário 4 — A entidade empregadora pública deve informar o
1 — Para efeitos dos n.os 1 e 2 do artigo 36.º do Regime, trabalhador, por escrito, no prazo de 20 dias contados a
o direito a trabalhar com flexibilidade de horário pode ser partir da recepção do pedido, indicando o fundamento da
exercido por qualquer dos progenitores ou por ambos. intenção de recusa.
2 — Entende-se por flexibilidade de horário aquele em 5 — O trabalhador pode apresentar uma apreciação
que o trabalhador pode escolher, dentro de certos limites, escrita do fundamento da intenção de recusa, no prazo de
as horas de início e termo do período normal de trabalho cinco dias contados a partir da sua recepção.
diário. 6 — A entidade empregadora pública deve submeter o
3 — A flexibilidade de horário deve: processo à apreciação da entidade que tenha competência
na área da igualdade de oportunidades entre homens e
a) Conter um ou dois períodos de presença obrigatória, mulheres, nos cinco dias subsequentes ao fim do prazo
com duração igual a metade do período normal de trabalho para apreciação pelo trabalhador, acompanhado de cópia
diário; do pedido, do fundamento da intenção de o recusar e da
b) Indicar os períodos para início e termo do trabalho apreciação do trabalhador.
normal diário, cada um com duração não inferior a um 7 — A entidade que tenha competência na área da igual-
terço do período normal de trabalho diário, podendo esta dade de oportunidades entre homens e mulheres deve no-
duração ser reduzida na medida do necessário para que o tificar a entidade empregadora pública e o trabalhador do
horário se contenha dentro do período de funcionamento seu parecer, no prazo de 30 dias.
do órgão ou serviço; 8 — Se o parecer não for emitido no prazo referido no
c) Estabelecer um período para intervalo de descanso número anterior, considera-se que é favorável à intenção
não superior a duas horas. da entidade empregadora pública.
6596 Diário da República, 1.ª série — N.º 176 — 11 de Setembro de 2008
Artigo 72.º deve, para que o possa exercer, mencionar essa qualidade
Protecção no despedimento
à entidade empregadora pública.
7 — A contagem das faltas para assistência a menores termos idênticos ao previsto na lei para a frequência de
é suspensa nos casos previstos no n.º 2 do artigo 31.º do aulas no regime do trabalhador-estudante.
Regime e retomada após a alta do internamento. 5 — A dispensa para amamentação ou aleitação, pre-
vista no artigo 30.º do Regime, pode ser acumulada com
SUBSECÇÃO II a jornada contínua e o horário de trabalhador-estudante,
não podendo implicar no total uma redução superior a
Regime de trabalho especial
duas horas diárias.
Artigo 85.º
Faltas para assistência a membros do agregado familiar CAPÍTULO IV
1 — O trabalhador tem direito a faltar ao trabalho até Trabalhador-estudante
15 dias por ano para prestar assistência inadiável e im-
prescindível em caso de doença ou acidente ao cônjuge, Artigo 87.º
parente ou afim na linha recta ascendente ou no 2.º grau Âmbito
da linha colateral, filho, adoptado ou enteado com mais
de 10 anos de idade. O presente capítulo regula o artigo 58.º, bem como a
2 — Aos 15 dias previstos no número anterior acresce alínea c) do n.º 2 artigo 185.º do Regime.
um dia por cada filho, adoptado ou enteado além do pri-
meiro. Artigo 88.º
3 — O disposto nos números anteriores é aplicável aos Concessão do estatuto de trabalhador-estudante
trabalhadores a quem tenha sido deferida a tutela de outra
pessoa ou confiada a guarda de menor com mais de 10 anos 1 — Para poder beneficiar do regime previsto nos ar-
por decisão judicial ou administrativa. tigos 52.º a 58.º do Regime, o trabalhador-estudante deve
4 — Para justificação de faltas, a entidade empregadora comprovar perante a entidade empregadora pública a sua
pública pode exigir ao trabalhador: condição de estudante, apresentando igualmente o respec-
tivo horário escolar.
a) Prova do carácter inadiável e imprescindível da as- 2 — Para efeitos do n.º 2 do artigo 52.º do Regime, o
sistência; trabalhador deve comprovar:
b) Declaração de que os outros membros do agregado
familiar, caso exerçam actividade profissional, não fal- a) Perante a entidade empregadora pública, no final
taram pelo mesmo motivo ou estão impossibilitados de de cada ano lectivo, o respectivo aproveitamento escolar;
prestar a assistência. b) Perante o estabelecimento de ensino, a sua qualidade
de trabalhador.
5 — As faltas previstas neste artigo não determinam a
perda de quaisquer direitos e são consideradas como pres- 3 — Para efeitos do número anterior considera-se apro-
tação efectiva de serviço, sendo-lhes aplicável o disposto veitamento escolar o trânsito de ano ou a aprovação em,
nos n.os 2 e 4 do artigo 84.º pelo menos, metade das disciplinas em que o trabalhador-
-estudante esteja matriculado ou, no âmbito do ensino
Artigo 86.º recorrente por unidades capitalizáveis no 3.º ciclo do en-
sino básico e no ensino secundário, a capitalização de
Trabalho a tempo parcial e flexibilidade de horário
um número de unidades igual ou superior ao dobro das
1 — Os regimes de trabalho a tempo parcial e de flexi- disciplinas em que aquele se matricule, com um mínimo
bilidade de horário previstos no artigo 36.º do Regime são de uma unidade de cada uma dessas disciplinas.
regulados pela lei aplicável aos trabalhadores que exercem 4 — É considerado com aproveitamento escolar o traba-
funções públicas na modalidade de nomeação em matéria lhador que não satisfaça o disposto no número anterior por
de duração e horário de trabalho. causa de ter gozado a licença por maternidade ou licença
2 — O regime de trabalho a tempo parcial e os horários parental não inferior a um mês ou devido a acidente de
específicos, com a necessária flexibilidade e sem prejuízo trabalho ou doença profissional.
do cumprimento da duração semanal do horário de trabalho 5 — O trabalhador-estudante tem o dever de escolher,
a que se refere o artigo 36.º do Regime, são aplicados a de entre as possibilidades existentes no respectivo esta-
requerimento dos interessados, de forma a não perturbar belecimento de ensino, o horário escolar compatível com
o normal funcionamento dos órgãos ou serviços, mediante as suas obrigações profissionais, sob pena de não poder
acordo entre o dirigente e o trabalhador, com observância beneficiar dos inerentes direitos.
do previsto na lei em matéria de duração e modalidades
de horários de trabalho para os trabalhadores que exercem Artigo 89.º
funções públicas na modalidade de nomeação. Dispensa de trabalho
3 — Sempre que o número de pretensões para utilização
das facilidades de horários se revelar manifesta e compro- 1 — Para efeitos do n.º 2 do artigo 53.º do Regime, o
vadamente comprometedora do normal funcionamento dos trabalhador-estudante beneficia de dispensa de trabalho
órgãos ou serviços, são fixados, pelo processo previsto até seis horas semanais, sem perda de quaisquer direitos,
no número anterior, o número e as condições em que são contando como prestação efectiva de serviço, se assim o
deferidas as pretensões apresentadas. exigir o respectivo horário escolar.
4 — Quando não seja possível a aplicação do disposto 2 — A dispensa de trabalho para frequência de aulas
nos números anteriores, o trabalhador é dispensado por prevista no n.º 1 pode ser utilizada de uma só vez ou frac-
uma só vez ou interpoladamente em cada semana, em cionadamente, à escolha do trabalhador-estudante, depen-
Diário da República, 1.ª série — N.º 176 — 11 de Setembro de 2008 6601
curso, em graus de ensino em que isso seja possível, nem vas à entrada e à permanência ou residência do cidadão
a regimes de prescrição ou que impliquem mudança de estrangeiro em Portugal.
estabelecimento de ensino.
2 — O trabalhador-estudante não está sujeito a qualquer Artigo 99.º
disposição legal que faça depender o aproveitamento es- Comunicação da celebração e da cessação
colar de frequência de um número mínimo de aulas por
disciplina. 1 — Para efeitos do n.º 1 do artigo 62.º do Regime, antes
3 — O trabalhador-estudante não está sujeito a limi- do início da prestação de trabalho por parte do trabalhador
tações quanto ao número de exames a realizar na época estrangeiro ou apátrida, a entidade empregadora pública
de recurso. deve comunicar, por escrito, a celebração do contrato à
4 — No caso de não haver época de recurso, o Inspecção-Geral de Finanças.
trabalhador-estudante tem direito, na medida em que for 2 — Verificando-se a cessação do contrato, a entidade
legalmente admissível, a uma época especial de exame em empregadora pública deve comunicar, por escrito, esse
todas as disciplinas. facto, no prazo de 15 dias, à Inspecção-Geral de Finan-
5 — O estabelecimento de ensino com horário pós- ças.
-laboral deve assegurar que os exames e as provas de 3 — O disposto nos números anteriores não é aplicá-
avaliação, bem como serviços mínimos de apoio ao vel à celebração de contratos com cidadãos nacionais de
trabalhador-estudante decorram, na medida do possível, países membros do espaço económico europeu ou outros
no mesmo horário. relativamente aos quais vigore idêntico regime.
6 — O trabalhador-estudante tem direito a aulas de
compensação ou de apoio pedagógico que sejam consi- CAPÍTULO VI
deradas imprescindíveis pelos órgãos do estabelecimento
de ensino. Taxa social única
1 — Sem prejuízo do n.º 2 do artigo 165.º do Regime, 1 — Os serviços da segurança social devem, no prazo
o visto do registo das horas de início e termo do trabalho de vinte e quatro horas a contar da recepção do requeri-
extraordinário é dispensado quando o registo for directa- mento:
mente efectuado pelo trabalhador. a) Designar o médico de entre os que integram comis-
2 — O registo de trabalho extraordinário deve conter sões de verificação de incapacidade temporária;
os elementos e ser efectuado de acordo com o modelo b) Comunicar a designação do médico à entidade em-
aprovado por portaria do membro do Governo responsável pregadora pública;
pela área da Administração Pública. c) Convocar o trabalhador para o exame médico, in-
3 — O registo referido no número anterior é efectu- dicando o local, dia e hora da sua realização, que deve
ado em suporte documental adequado, nomeadamente ocorrer nas setenta e duas horas seguintes;
em impressos adaptados a sistemas de relógio de ponto, d) Informar o trabalhador de que a sua não comparência
mecanográficos ou informáticos, devendo reunir as con- ao exame médico, sem motivo atendível, tem como con-
dições para a sua imediata consulta e impressão, sempre sequência que os dias de alegada doença são considerados
que necessário. dias de férias, bem como que deve apresentar, aquando da
4 — Os suportes documentais de registo de trabalho sua observação, informação clínica e os elementos auxi-
extraordinário devem encontrar-se permanentemente liares de diagnóstico de que disponha, comprovativos da
actualizados, sem emendas nem rasuras não ressal- sua incapacidade.
vadas.
2 — Os serviços de segurança social, caso não possam
Artigo 114.º cumprir o disposto no número anterior, devem, dentro do
Actividade realizada no exterior do órgão ou serviço mesmo prazo, comunicar essa impossibilidade à entidade
empregadora pública.
1 — O trabalhador que realize o trabalho extraordi-
nário no exterior do órgão ou serviço deve visar imedia-
SECÇÃO III
tamente o registo do trabalho extraordinário após o seu
regresso ou mediante devolução do registo devidamente Verificação da situação de doença por médico designado
visado. pela entidade empregadora pública
2 — O órgão ou serviço deve possuir, devidamente vi-
sado, o registo de trabalho extraordinário no prazo máximo Artigo 118.º
de 15 dias a contar da prestação. Designação de médico
1 — A entidade empregadora pública pode designar um
CAPÍTULO X médico para efectuar a verificação da situação de doença
Fiscalização de doenças durante as férias do trabalhador:
a) Não se tendo realizado o exame no prazo previsto
SECÇÃO I na alínea c) do n.º 1 do artigo 117.º por motivo não im-
putável ao trabalhador ou, sendo caso disso, do n.º 2 do
Âmbito artigo 122.º;
b) Tendo recebido a comunicação prevista no n.º 2 do
Artigo 115.º artigo 117.º ou, na falta desta, se não tiver obtido indicação
Âmbito do médico por parte dos serviços da segurança social nas
vinte e quatro horas após a apresentação do requerimento
O presente capítulo regula o n.º 8 do artigo 178.º do previsto no n.º 1 do artigo 116.º
Regime.
2 — Na mesma data da designação prevista no nú-
SECÇÃO II mero anterior a entidade empregadora pública deve dar
cumprimento ao disposto nas alíneas c) e d) do n.º 1 do
Verificação da situação de doença por médico designado artigo 117.º
pela segurança social
2 — Sem prejuízo do previsto no número seguinte, a pública se o trabalhador está ou não apto para desempenhar
comissão de reavaliação é constituída por três médicos, a actividade, salvo autorização deste.
um designado pelos serviços da segurança social, que 2 — O médico que proceda à verificação da situação de
preside com o respectivo voto de qualidade, devendo ser, doença deve proceder à comunicação prevista no número
quando se tenha procedido à verificação da situação de anterior nas vinte e quatro horas subsequentes.
doença ao abrigo do artigo 117.º, o médico que a reali-
zou, um indicado pelo trabalhador e outro pela entidade Artigo 124.º
empregadora pública.
Comunicações
3 — A comissão de reavaliação é constituída por apenas
dois médicos no caso de: As comunicações previstas no presente capítulo devem
a) O trabalhador ou entidade empregadora pública não ser efectuadas por escrito e por meio célere, designada-
ter procedido à respectiva designação; mente telegrama, telefax ou correio electrónico.
b) O trabalhador e entidade empregadora pública não
terem procedido à respectiva designação, cabendo aos Artigo 125.º
serviços de segurança social a designação de outro médico. Eficácia do resultado da verificação da situação de doença
com remuneração ou sem remuneração nos casos em que em matéria de prevenção da segurança, higiene e saúde
outra entidade atribua aos trabalhadores um subsídio es- no trabalho.
pecífico. 4 — Os trabalhadores designados nos termos do n.º 2
2 — Para efeitos do disposto no número anterior, a en- não devem ser prejudicados por causa do exercício das
tidade empregadora pública pode solicitar o apoio dos actividades.
serviços públicos competentes quando careça dos meios 5 — A autorização referida no n.º 3 é revogada se o
e condições necessários à realização da formação, bem órgão ou serviço apresentar, por mais de uma vez num
como as estruturas de representação colectiva dos tra- período de cinco anos, taxas de incidência e de gravidade
balhadores no que se refere à formação dos respectivos de acidentes de trabalho superiores à média do respectivo
representantes. sector.
6 — No caso referido no número anterior, a entidade
Artigo 137.º empregadora pública deve adoptar outra modalidade de
Formação dos trabalhadores
organização dos serviços de segurança e higiene no tra-
balho no prazo de três meses.
1 — Sem prejuízo do disposto no artigo 227.º do Re- 7 — A entidade empregadora pública pode adoptar
gime, a entidade empregadora pública deve formar, em diferentes modalidades de organização em cada estabe-
número suficiente, tendo em conta a dimensão do órgão lecimento periférico ou unidade orgânica desconcentrada.
ou serviço e os riscos existentes, os trabalhadores respon- 8 — As actividades de saúde podem ser organizadas
sáveis pela aplicação das medidas de primeiros socorros, separadamente das de segurança e higiene, observando-se,
de combate a incêndios e de evacuação de trabalhadores, relativamente a cada uma, o disposto no número anterior.
bem como facultar-lhes material adequado. 9 — Os serviços organizados em qualquer das modali-
2 — Para efeitos da formação dos trabalhadores, é apli- dades referidas no n.º 1 devem ter capacidade para exercer
cável o disposto na primeira parte do n.º 2 do artigo an- as actividades principais de segurança, higiene e saúde no
terior. trabalho.
10 — A utilização de serviços partilhados ou de serviços
SECÇÃO III externos não isenta a entidade empregadora pública das
responsabilidades que lhe são atribuídas pela legislação
Serviços de segurança, higiene e saúde no trabalho sobre segurança, higiene e saúde no trabalho.
Para efeitos dos artigos anteriores, as taxas de incidência Autorização de serviços externos
e de gravidade de acidentes de trabalho médias do sector
são apuradas pelo serviço competente do ministério res- Artigo 147.º
ponsável pela área laboral. Autorização
1 — Os serviços externos, com excepção dos prestados
DIVISÃO III por instituição integrada no Serviço Nacional de Saúde,
carecem de autorização para o exercício da actividade de
Serviços partilhados
segurança, higiene e saúde no trabalho.
2 — A autorização pode ser concedida para actividades
Artigo 145.º das áreas de segurança, higiene e saúde, de segurança e
Serviços partilhados
higiene ou de saúde, para todos ou alguns sectores de
actividade, bem como para determinadas actividades de
Os serviços partilhados funcionam nos termos da lei. risco elevado.
3 — A autorização depende da satisfação dos seguintes
requisitos:
DIVISÃO IV
a) Recursos humanos suficientes com as qualificações
Serviços externos legalmente exigidas, no mínimo dois técnicos superiores de
segurança e higiene no trabalho e um médico do trabalho,
Artigo 146.º para autorização das actividades de segurança e higiene e
de saúde, respectivamente;
Serviços externos b) Instalações devidamente equipadas, com condições
1 — Os serviços externos são contratados pelas enti- adequadas ao exercício da actividade;
dades empregadoras públicas a outras entidades, públicas c) Equipamentos e utensílios de avaliação das condições
ou privadas. de segurança, higiene e saúde no trabalho nos órgãos ou
2 — Os serviços externos têm as seguintes modalidades: serviços e equipamentos de protecção individual a utilizar
pelo pessoal técnico do requerente;
a) Associativos — prestados por associações com per- d) Qualidade técnica dos procedimentos;
sonalidade jurídica sem fins lucrativos; e) Recurso a subcontratação de serviços apenas em relação
b) Cooperativos — prestados por cooperativas cujo ob- a tarefas de elevada complexidade e pouco frequentes.
jecto estatutário compreenda, exclusivamente, a actividade
de segurança, higiene e saúde no trabalho; 4 — A autorização para actividades de risco elevado
c) Privados — prestados por sociedades de cujo pacto depende de a qualificação dos recursos humanos, as ins-
social conste o exercício de actividades de segurança, talações e os equipamentos serem adequados às mesmas.
higiene e saúde no trabalho, ou por pessoa individual com 5 — O serviço externo pode requerer que a autorização
habilitação e formação legais adequadas; seja ampliada ou reduzida no que respeita a áreas de segu-
d) Convencionados — prestados por qualquer entidade rança, higiene e saúde no trabalho, a sectores de actividade
da Administração Pública central, regional ou local, insti- e a actividades de risco elevado.
tuto público ou instituição integrada no Serviço Nacional
de Saúde. Artigo 148.º
Requerimento de autorização de serviços externos
3 — A entidade empregadora pública pode adoptar um
modo de organização dos serviços externos diferente das 1 — O requerimento de autorização de serviços externos
modalidades previstas no número anterior, desde que seja deve ser apresentado pelo respectivo titular ao organismo do
previamente autorizada, nos termos dos artigos 147.º a ministério responsável pela área laboral competente em maté-
154.º ria de prevenção da segurança, higiene e saúde no trabalho.
4 — O contrato entre a entidade empregadora pública 2 — O requerimento deve indicar a modalidade de ser-
e a entidade que assegura a prestação de serviços exter- viço externo, as áreas de segurança, higiene e saúde, de
Diário da República, 1.ª série — N.º 176 — 11 de Setembro de 2008 6609
3 — Constituem elementos de apreciação das condições 1 — Depois de definido o prazo após o qual a visto-
de segurança, higiene e saúde no trabalho nas instalações ria pode ser realizada, de acordo com os n.os 4 ou 5 do
do requerente: artigo 149.º, o organismo que assegura a direcção da ins-
trução notifica o requerente para o pagamento prévio da
a) Conformidade das instalações e dos equipamentos taxa referente à vistoria.
com as prescrições mínimas de segurança e saúde no tra- 2 — Após a instrução do procedimento de autorização
balho; ou para alteração desta, o organismo que assegura a direc-
b) Adequação dos equipamentos de trabalho às tarefas ção da instrução notifica o requerente, antes de apresentar
a desenvolver e ao número máximo de trabalhadores que, o relatório com a proposta de decisão, para pagar a taxa
em simultâneo, deles possam necessitar. devida pela apreciação do requerimento.
4 — Constituem elementos de apreciação no domínio Artigo 154.º
dos equipamentos e utensílios de avaliação das condições
Decisão
de segurança, higiene e saúde, de segurança e saúde ou
de saúde no trabalho nos órgãos ou serviços, consoante o 1 — A autorização do serviço externo, a sua altera-
conteúdo do requerimento: ção e revogação são decididas por despacho conjunto dos
ministros responsáveis pela área laboral e pelo sector da
a) Características dos equipamentos e utensílios a uti- saúde.
lizar na avaliação das condições de segurança, higiene e 2 — O procedimento relativo aos actos referidos no
saúde no trabalho, tendo em conta os riscos potenciais dos número anterior é regulado pelo Código do Procedimento
sectores de actividade para que se pretende autorização; Administrativo, considerando-se haver indeferimento tá-
b) Procedimentos no domínio da metrologia relativos cito se o requerimento não tiver decisão final no prazo
aos equipamentos e utensílios referidos na alínea anterior. de 90 dias.
3 — A autorização deve especificar as áreas de segu-
5 — Constituem elementos de apreciação no domínio da rança, higiene e saúde, os sectores de actividade e, se for
qualidade técnica dos procedimentos as especificações do caso disso, as actividades de risco elevado abrangidas.
manual referido na alínea m) do n.º 3 do artigo 148.º
DIVISÃO VI
Artigo 151.º
Qualificação dos restantes serviços
Alteração da autorização
Artigo 155.º
1 — Ao requerimento de alteração da autorização, no
que respeita a actividades de segurança, higiene e saúde, Qualificação
de segurança e saúde ou de saúde no trabalho, a sectores de A organização dos serviços internos e dos serviços parti-
actividade em que são exercidas, ou a actividades de risco lhados deve atender aos requisitos definidos nas alíneas b)
elevado em que o serviço pode ser prestado, é aplicável a e) do n.º 3 do artigo 147.º, bem como, quanto aos recursos
o disposto nos artigos anteriores, tendo em consideração humanos, ao disposto nos artigos 159.º e 166.º
apenas os elementos que devam ser modificados por causa
da alteração. SUBSECÇÃO III
2 — Há lugar a uma nova vistoria se os elementos mo-
dificados por causa da alteração da autorização incluírem Funcionamento dos serviços de segurança, higiene
as instalações, bem como os equipamentos e os utensílios e saúde no trabalho
referidos nas alíneas i), j) e l) do n.º 3 do artigo 148.º
DIVISÃO I
Audiência do interessado
Artigo 156.º
1 — Se os elementos constantes do procedimento Objectivos
conduzirem a uma decisão desfavorável ao requerente,
o organismo que assegura a direcção da instrução deve A acção dos serviços de segurança, higiene e saúde no
informá-lo, sendo caso disso, na audiência do interessado, trabalho tem os seguintes objectivos:
da possibilidade de reduzir o pedido no que respeita a áreas a) Estabelecimento e manutenção de condições de tra-
de segurança, higiene e saúde no trabalho e a sectores de balho que assegurem a integridade física e mental dos
actividade potencialmente abrangidos. trabalhadores;
2 — No caso de o pedido abranger a actividade de saúde b) Desenvolvimento de condições técnicas que asse-
no trabalho, a informação ao requerente referida no número gurem a aplicação das medidas de prevenção previstas no
anterior efectua-se de harmonia com parecer prévio emitido artigo 222.º do Regime;
pela Direcção-Geral da Saúde. c) Informação e formação dos trabalhadores no domínio
3 — Considera-se favorável o parecer que não for emi- da segurança, higiene e saúde no trabalho;
tido no prazo de 15 dias a contar da data da sua solicitação d) Informação e consulta dos representantes dos traba-
pelo organismo que assegura a direcção da instrução. lhadores ou, na sua falta, dos próprios trabalhadores.
Diário da República, 1.ª série — N.º 176 — 11 de Setembro de 2008 6611
b) Redução dos recursos técnicos necessários à avaliação b) Da designação dos trabalhadores responsáveis pelas
das condições de segurança, higiene e saúde no trabalho; actividades de primeiros socorros, combate a incêndios e
c) Aumento do recurso a subcontratação de serviços. evacuação de trabalhadores;
c) Da designação do representante da entidade empre-
Artigo 168.º gadora pública que acompanha a actividade dos serviços
Auditoria
partilhados ou dos serviços externos;
d) Da designação dos trabalhadores que prestam acti-
1 — A capacidade dos serviços externos autorizados é vidades de segurança e higiene no trabalho;
avaliada através de auditoria, que incide sobre os requisitos e) Do recurso a serviços partilhados ou a serviços ex-
referidos no n.º 3 do artigo 147.º, concretizados nos termos ternos.
dos n.os 2, 3, 4 e 5 do artigo 150.º Artigo 170.º
2 — A auditoria é realizada pelos serviços a seguir refe- Consulta
ridos, por sua iniciativa ou, sendo caso disso, na sequência
das comunicações referidas no artigo anterior: 1 — Na consulta dos representantes dos trabalhadores
ou, na sua falta, dos próprios trabalhadores, nos termos do
a) A Direcção-Geral da Saúde e o serviço com com- n.º 3 do artigo 224.º do Regime, o respectivo parecer deve
petência inspectiva do ministério responsável pela área ser emitido no prazo de 15 dias ou em prazo superior fixado
laboral, no que respeita às instalações, tendo em conta as pela entidade empregadora pública atendendo à extensão
condições de segurança, higiene e saúde no trabalho; ou complexidade da matéria.
b) A Direcção-Geral da Saúde, no que respeita às condições 2 — Decorrido o prazo referido no número anterior sem
de funcionamento do serviço na área da saúde no trabalho,
que o parecer tenha sido entregue à entidade empregadora
nomeadamente o efectivo de pessoal técnico, recurso a sub-
pública, considera-se satisfeita a exigência da consulta.
contratação, equipamentos de trabalho na sede e nos estabele-
cimentos e equipamentos para avaliar as condições de saúde;
Artigo 171.º
c) O organismo do ministério responsável pela área la-
boral competente em matéria de segurança, higiene e saúde Deveres dos trabalhadores
no trabalho, em relação às condições de funcionamento 1 — Os trabalhadores devem cooperar para que seja
do serviço na área da segurança e higiene no trabalho, assegurada a segurança, higiene e saúde no trabalho e,
nomeadamente o efectivo de pessoal técnico, recurso a em especial:
subcontratação, equipamentos de trabalho na sede e nos
estabelecimentos, equipamentos para a avaliação da segu- a) Tomar conhecimento da informação prestada pela
rança e higiene no trabalho e equipamentos de protecção entidade empregadora pública sobre segurança, higiene
individual, sem prejuízo das competências atribuídas por e saúde no trabalho;
lei ao serviço com competência inspectiva do ministério b) Comparecer às consultas e exames médicos deter-
responsável pela área laboral. minados pelo médico do trabalho.
pelas áreas das finanças e laboral, tendo em conta os ti- pública, com a antecedência mínima de 90 dias, a data do
pos de actos, as áreas de segurança, higiene e saúde no acto eleitoral.
trabalho a que os mesmos respeitam e as actividades de
risco elevado integradas nos sectores de actividade a que Artigo 183.º
a autorização se refere. Publicidade
d) Fixar o período durante o qual as listas candidatas 2 — Os boletins de voto devem conter por ordem alfa-
podem afixar comunicados nos locais apropriados no órgão bética de admissão as listas concorrentes.
ou serviço; 3 — As urnas devem ser providenciadas pela comis-
e) Fixar o número e a localização das secções de são eleitoral, devendo assegurar a segurança dos boletins.
voto;
f) Realizar o apuramento global do acto eleitoral; Artigo 190.º
g) Proclamar os resultados;
Secções de voto
h) Comunicar os resultados da eleição aos serviços
competentes do ministério responsável pela área laboral; 1 — Em cada estabelecimento periférico ou unidade
i) Resolver dúvidas e omissões do procedimento da orgânica desconcentrada com um mínimo de 10 trabalha-
eleição. dores deve existir, pelo menos, uma secção de voto.
2 — A cada secção de voto não podem corresponder
3 — A comissão eleitoral delibera por maioria, tendo o mais de 500 eleitores.
presidente voto de qualidade. 3 — Cada mesa de voto é composta por um presidente,
que dirige a respectiva votação, e um secretário, escolhi-
Artigo 186.º dos pelo presidente da comissão eleitoral nos termos do
Caderno eleitoral artigo 184.º, e por um representante de cada lista, ficando,
para esse efeito, dispensados da respectiva prestação de
1 — A entidade empregadora pública deve entregar à trabalho.
comissão eleitoral, no prazo de quarenta e oito horas após
a recepção da comunicação que identifica o presidente Artigo 191.º
e o secretário, o caderno eleitoral, procedendo aquela à
imediata afixação no órgão ou serviço, estabelecimento Acto eleitoral
periférico ou unidade orgânica desconcentrada. 1 — As urnas de voto são colocadas nos locais de traba-
2 — O caderno eleitoral deve conter o nome dos traba- lho, de modo a permitir que todos os trabalhadores possam
lhadores do órgão ou serviço e, sendo caso disso, identifi- votar sem prejudicar o normal funcionamento do órgão
cados por estabelecimento periférico ou unidade orgânica ou serviço.
desconcentrada, à data da marcação do acto eleitoral. 2 — A votação é efectuada no local e durante as horas
de trabalho.
Artigo 187.º 3 — A votação deve ter a duração mínima de três horas
Reclamações e máxima de cinco, competindo à comissão eleitoral fixar
o seu horário de funcionamento, cinco dias antes da data
1 — Os trabalhadores do órgão ou serviço podem recla- do acto eleitoral, não podendo o encerramento ocorrer
mar, no prazo de cinco dias a contar da afixação prevista no
depois das 21 horas.
n.º 1 do artigo anterior, para a comissão eleitoral de quais-
4 — No caso de trabalho por turnos ou de horários di-
quer erros ou omissões constantes do caderno eleitoral.
2 — A comissão eleitoral decide as reclamações apre- ferenciados no órgão ou serviço, o acto eleitoral do turno
sentadas no prazo máximo de 10 dias, após o qual afixa da noite deve preceder o do turno de dia.
as correcções do caderno eleitoral que se tenham verifi- 5 — Os trabalhadores podem votar durante o seu horá-
cado. rio de trabalho, para o que cada um dispõe do tempo para
tanto indispensável.
Artigo 188.º 6 — Nos estabelecimentos periféricos ou unidades orgâ-
nicas desconcentradas, o acto eleitoral realiza-se em todos
Listas eles no mesmo dia, horário e nos mesmos termos.
1 — As listas de candidaturas devem ser entregues, 7 — Quando, devido ao trabalho por turno ou outros
acompanhadas de declaração de aceitação dos respectivos motivos, não seja possível respeitar o disposto no número
trabalhadores, ao presidente da comissão eleitoral. anterior, deve ser simultânea a abertura das urnas de voto
2 — A comissão eleitoral decide sobre a admissão das para o respectivo apuramento em todos os estabelecimentos
listas apresentadas nos cinco dias seguintes ao termo do periféricos ou unidades orgânicas desconcentradas.
período de apresentação. 8 — Os votantes devem ser identificados e registados
3 — Em caso de rejeição de admissibilidade de qualquer em documento próprio, com termo de abertura e encerra-
lista apresentada, os seus proponentes podem sanar os mento, assinado e rubricado em todas as folhas pela mesa
vícios existentes no prazo de quarenta e oito horas. eleitoral.
4 — Após a decisão da admissão de cada lista, o presi-
dente da comissão eleitoral atribui-lhe uma letra do alfabeto Artigo 192.º
de acordo com a ordem de apresentação. Apuramento do acto eleitoral
5 — As listas devem ser imediatamente afixadas, em
locais apropriados, no órgão ou serviço, estabelecimento 1 — O apuramento do acto eleitoral deve realizar-se
periférico e unidade orgânica desconcentrada. imediatamente após o encerramento das urnas.
2 — O apuramento do resultado da votação na secção
Artigo 189.º de voto é realizado pela respectiva mesa, competindo ao
seu presidente comunicar de imediato os resultados à co-
Boletins de voto e urnas
missão eleitoral.
1 — Os boletins de voto são elaborados pela comissão 3 — O apuramento global do acto eleitoral é feito pela
eleitoral nos 15 dias anteriores à data do acto eleitoral. comissão eleitoral.
Diário da República, 1.ª série — N.º 176 — 11 de Setembro de 2008 6617
Artigo 208.º
SECÇÃO I
Capacidade
Âmbito
Nenhum trabalhador do órgão ou serviço pode ser pre-
Artigo 205.º judicado nos seus direitos, nomeadamente de participar na
constituição da comissão de trabalhadores, na aprovação
Âmbito
dos estatutos ou de eleger e ser eleito, designadamente por
O presente capítulo regula o artigo 300.º do Regime. motivo de idade ou função.
Diário da República, 1.ª série — N.º 176 — 11 de Setembro de 2008 6619
2 — O acto eleitoral é convocado com a antecedência 4 — A reunião referida no número anterior deve ser con-
de 15 dias, salvo se os estatutos fixarem um prazo supe- vocada com a antecedência de 15 dias, por pelo menos duas
rior, pela comissão eleitoral constituída nos termos dos comissões de trabalhadores que a comissão coordenadora se
estatutos ou, na sua falta, por, no mínimo, 100 ou 20 % dos destina a coordenar.
trabalhadores do órgão ou serviço, com ampla publicidade Artigo 223.º
e menção expressa do dia, local, horário e objecto, devendo Número de membros
ser remetida simultaneamente cópia da convocatória ao
órgão de direcção do órgão ou serviço. O número de membros da comissão coordenadora não
3 — Só podem concorrer as listas que sejam subscritas pode exceder o número das comissões de trabalhadores que
por, no mínimo, 100 ou 20 % dos trabalhadores do órgão a mesma coordena, nem o máximo de 11 membros.
ou serviço ou, no caso de listas de subcomissões de traba-
lhadores, 10 % dos trabalhadores do estabelecimento peri- Artigo 224.º
férico ou unidade orgânica desconcentrada, não podendo Duração dos mandatos
qualquer trabalhador subscrever ou fazer parte de mais de À duração do mandato dos membros das comissões
uma lista concorrente à mesma estrutura. coordenadoras aplica-se o disposto no artigo 221.º
4 — A eleição dos membros da comissão de trabalha-
dores e das subcomissões de trabalhadores decorre em Artigo 225.º
simultâneo, sendo aplicável o disposto nos artigos 210.º
Participação das comissões de trabalhadores
a 214.º, com as necessárias adaptações.
5 — Na falta da comissão eleitoral eleita nos termos 1 — Os trabalhadores do órgão ou serviço deliberam
dos estatutos, a mesma é constituída por um representante sobre a participação da respectiva comissão de trabalhado-
de cada uma das listas concorrentes e igual número de res na constituição da comissão coordenadora e a adesão à
representantes dos trabalhadores que convocaram a eleição. mesma, bem como a revogação da adesão, por iniciativa
da comissão de trabalhadores ou de 100 ou 10 % dos tra-
Artigo 219.º balhadores do órgão ou serviço.
2 — As deliberações referidas no número anterior são
Publicidade do resultado da eleição adoptadas por votação realizada nos termos dos artigos 206.º
À publicidade dos resultados da eleição é aplicável o e 208.º a 214.º, com as necessárias adaptações.
disposto no artigo 216.º
SECÇÃO V
Artigo 220.º Eleição da comissão coordenadora
Início de actividades
Artigo 226.º
A comissão de trabalhadores e as subcomissões de traba-
Eleição
lhadores só podem iniciar as respectivas actividades depois
da publicação dos estatutos da primeira e dos resultados 1 — Os membros das comissões de trabalhadores aderentes
da eleição na 2.ª série do Diário da República. elegem, de entre si, os membros da comissão coordenadora.
2 — A eleição deve ser convocada com a antecedência
Artigo 221.º de 15 dias, por pelo menos duas comissões de trabalha-
dores aderentes.
Duração dos mandatos 3 — A eleição é feita por listas, por voto directo e se-
O mandato dos membros da comissão de trabalhadores creto, e segundo o princípio da representação proporcional,
e das subcomissões de trabalhadores não pode exceder em reunião de que deve ser elaborada acta assinada por
quatro anos, sendo permitida a reeleição para mandatos todos os presentes, a que deve ficar anexo o documento
sucessivos. de registo dos votantes.
4 — Cada lista concorrente deve ser subscrita por, no
mínimo, 20 % dos membros das comissões de trabalha-
SECÇÃO IV dores aderentes, sendo apresentada até cinco dias antes
Constituição e estatutos da comissão coordenadora da votação.
Artigo 227.º
Artigo 222.º Início de funções
Constituição e estatutos A comissão coordenadora só pode iniciar as respectivas
1 — A comissão coordenadora é constituída com a apro- actividades depois da publicação dos seus estatutos e dos
vação dos seus estatutos pelas comissões de trabalhadores resultados da eleição na 2.ª série do Diário da República.
que ela se destina a coordenar.
2 — Os estatutos da comissão coordenadora estão sujei- SECÇÃO VI
tos ao disposto no n.º 1 do artigo 207.º, com as necessárias Registo e publicação
adaptações.
3 — As comissões de trabalhadores aprovam os estatu- Artigo 228.º
tos da comissão coordenadora, por voto secreto de cada um
Registo
dos seus membros, em reunião de que deve ser elaborada
acta assinada por todos os presentes, a que deve ficar anexo 1 — A comissão eleitoral referida no n.º 1 do ar-
o documento de registo dos votantes. tigo 214.º deve, no prazo de 15 dias a contar da data do
Diário da República, 1.ª série — N.º 176 — 11 de Setembro de 2008 6621
apuramento, requerer ao ministério responsável pela área mentada sobre a legalidade da constituição da comissão
da Administração Pública o registo da constituição da de trabalhadores e dos estatutos ou das suas alterações,
comissão de trabalhadores e da aprovação dos estatutos ao magistrado do Ministério Público da área da sede do
ou das suas alterações, juntando os estatutos aprovados respectivo órgão ou serviço.
ou alterados, bem como cópias certificadas das actas da 2 — O disposto no número anterior é aplicável, com
comissão eleitoral e das mesas de voto, acompanhadas dos as necessárias adaptações, à constituição e aprovação dos
documentos de registo dos votantes. estatutos da comissão coordenadora.
2 — A comissão eleitoral referida nos n.os 2 ou 5 do
artigo 218.º deve, no prazo de 15 dias a contar da data do
apuramento, requerer ao ministério responsável pela área CAPÍTULO XV
da Administração Pública o registo da eleição dos mem- Direitos das comissões e subcomissões
bros da comissão de trabalhadores e das subcomissões de trabalhadores
de trabalhadores, juntando cópias certificadas das listas
concorrentes, bem como das actas da comissão eleitoral
e das mesas de voto, acompanhadas dos documentos de SECÇÃO I
registo dos votantes. Âmbito
3 — As comissões de trabalhadores que participaram na
constituição da comissão coordenadora devem, no prazo Artigo 231.º
de 15 dias, requerer ao ministério responsável pela área
da Administração Pública o registo da constituição da Âmbito
comissão coordenadora e da aprovação dos estatutos ou O presente capítulo regula os n.os 1 e 2 do artigo 303.º do
das suas alterações, juntando os estatutos aprovados ou Regime.
alterados, bem como cópias certificadas da acta da reunião
em que foi constituída a comissão e do documento de SECÇÃO II
registo dos votantes.
4 — As comissões de trabalhadores que participaram Direitos em geral
na eleição da comissão coordenadora devem, no prazo de
15 dias, requerer ao ministério responsável pela área da Artigo 232.º
Administração Pública o registo da eleição dos membros Direitos das comissões e das subcomissões de trabalhadores
da comissão coordenadora, juntando cópias certificadas
das listas concorrentes, bem como da acta da reunião e do 1 — Constituem direitos das comissões de trabalhado-
documento de registo dos votantes. res, nomeadamente:
5 — O ministério responsável pela área da Administra- a) Receber todas as informações necessárias ao exercí-
ção Pública regista, no prazo de 10 dias: cio da sua actividade;
a) A constituição da comissão de trabalhadores e da b) Exercer o controlo de gestão nos respectivos órgãos
comissão coordenadora, bem como a aprovação dos res- ou serviços;
pectivos estatutos ou das suas alterações; c) Participar nos procedimentos relativos aos trabalha-
b) A eleição dos membros da comissão de trabalhadores, dores no âmbito dos processos de reorganização de órgãos
das subcomissões de trabalhadores e da comissão coorde- ou serviços;
nadora e publica a respectiva composição. d) Participar na elaboração da legislação do trabalho,
directamente ou por intermédio das respectivas comissões
Artigo 229.º coordenadoras.
Publicação 2 — As subcomissões de trabalhadores podem:
O ministério responsável pela área da Administração a) Exercer os direitos previstos nas alíneas a), b) e c) do
Pública procede à publicação na 2.ª série do Diário da número anterior, que lhes sejam delegados pelas comissões
República: de trabalhadores;
a) Dos estatutos da comissão de trabalhadores e da b) Informar a comissão de trabalhadores dos assuntos que
comissão coordenadora, ou das suas alterações; entenderem de interesse para a normal actividade desta;
b) Da composição da comissão de trabalhadores, das c) Fazer a ligação entre os trabalhadores dos estabeleci-
subcomissões de trabalhadores e da comissão coordena- mentos periféricos ou unidades orgânicas desconcentradas
dora. e as respectivas comissões de trabalhadores, ficando vin-
culadas à orientação geral por estas estabelecida.
Artigo 230.º
3 — As comissões e as subcomissões de trabalhadores
Controlo de legalidade da constituição
e dos estatutos das comissões não podem, através do exercício dos seus direitos e do
desempenho das suas funções, prejudicar o normal fun-
1 — Após o registo da constituição da comissão de cionamento do órgão ou serviço.
trabalhadores e da aprovação dos estatutos ou das suas
alterações, o ministério responsável pela área da Adminis- Artigo 233.º
tração Pública remete, dentro do prazo de oito dias a contar
da publicação, cópias certificadas das actas da comissão Reuniões da comissão de trabalhadores com o dirigente
máximo ou órgão de direcção do órgão ou serviço
eleitoral e das mesas de voto, dos documentos de registo
dos votantes, dos estatutos aprovados ou alterados e do 1 — A comissão de trabalhadores tem o direito de reu-
requerimento de registo, bem como a apreciação funda- nir periodicamente com o dirigente máximo ou órgão de
6622 Diário da República, 1.ª série — N.º 176 — 11 de Setembro de 2008
direcção do órgão ou serviço para discussão e análise dos 5 — Decorridos os prazos referidos nos n.os 2 e 3 sem
assuntos relacionados com o exercício dos seus direitos, que o parecer tenha sido entregue à entidade que o tiver
devendo realizar-se, pelo menos, uma reunião em cada solicitado considera-se preenchida a exigência referida
mês. no n.º 1.
2 — Da reunião referida no número anterior é lavrada
acta, elaborada pelo órgão ou serviço, que deve ser assinada Artigo 236.º
por todos os presentes.
Prestação de informações
3 — O disposto nos números anteriores aplica-se igual-
mente às subcomissões de trabalhadores em relação aos 1 — Os membros das comissões e subcomissões devem
dirigentes dos respectivos estabelecimentos periféricos ou requerer, por escrito, respectivamente, ao dirigente máximo
unidades orgânicas desconcentradas. ou órgão de direcção do órgão ou serviço ou ao dirigente
do estabelecimento periférico ou da unidade orgânica des-
SECÇÃO III concentrada os elementos de informação respeitantes às
matérias referidas nos artigos anteriores.
Informação e consulta 2 — As informações são-lhes prestadas, por escrito,
no prazo de oito dias, salvo se, pela sua complexidade,
Artigo 234.º se justificar prazo maior, que nunca deve ser superior a
Conteúdo do direito a informação
15 dias.
3 — O disposto nos números anteriores não prejudica
O direito a informação abrange as seguintes matérias: o direito à recepção de informações nas reuniões previstas
a) Plano e relatório de actividades; no artigo 233.º
b) Orçamento;
c) Gestão dos recursos humanos, em função dos mapas SECÇÃO IV
de pessoal;
Exercício do controlo de gestão no órgão ou serviço
d) Prestação de contas, incluindo balancetes, contas de
gerência e relatórios de gestão;
e) Projectos de reorganização do órgão ou serviço. Artigo 237.º
Finalidade do controlo de gestão
Artigo 235.º O controlo de gestão visa promover o empenhamento
Obrigatoriedade de parecer prévio responsável dos trabalhadores na vida do respectivo órgão
ou serviço.
1 — Têm de ser obrigatoriamente precedidos de parecer
escrito da comissão de trabalhadores os seguintes actos da
entidade empregadora pública: Artigo 238.º
Conteúdo do controlo de gestão
a) Regulação da utilização de equipamento tecnológico
para vigilância a distância no local de trabalho; No exercício do direito do controlo de gestão, as co-
b) Tratamento de dados biométricos; missões de trabalhadores podem:
c) Elaboração de regulamentos internos do órgão ou
a) Apreciar e emitir parecer sobre os orçamentos do
serviço;
órgão ou serviço e respectivas alterações, bem como acom-
d) Definição e organização dos horários de trabalho
panhar a respectiva execução;
aplicáveis a todos ou a parte dos trabalhadores do órgão
b) Promover a adequada utilização dos recursos técni-
ou serviço;
cos, humanos e financeiros;
e) Elaboração do mapa de férias dos trabalhadores do
c) Promover, junto dos órgãos de direcção e dos tra-
órgão ou serviço;
balhadores, medidas que contribuam para a melhoria
f) Quaisquer medidas de que resulte uma diminuição
da actividade do órgão ou serviço, designadamente nos
substancial do número de trabalhadores do órgão ou ser-
domínios dos equipamentos técnicos e da simplificação
viço ou agravamento substancial das suas condições de
administrativa;
trabalho e, ainda, as decisões susceptíveis de desencadear
d) Apresentar aos órgãos competentes do órgão ou ser-
mudanças substanciais no plano da organização de trabalho
viço sugestões, recomendações ou críticas tendentes à qua-
ou dos contratos.
lificação inicial e à formação contínua dos trabalhadores
e, em geral, à melhoria da qualidade de vida no trabalho e
2 — O parecer referido no número anterior deve ser
das condições de segurança, higiene e saúde;
emitido no prazo máximo de 10 dias a contar da recepção
e) Defender junto dos órgãos de direcção e fiscalização
do escrito em que for solicitado, se outro maior não for
do órgão ou serviço e das autoridades competentes os
concedido em atenção da extensão ou complexidade da
legítimos interesses dos trabalhadores.
matéria.
3 — Nos casos a que se refere a alínea c) do n.º 1, o
Artigo 239.º
prazo de emissão de parecer é de cinco dias.
4 — Quando seja solicitada a prestação de informação Exclusões do controlo de gestão
sobre as matérias relativamente às quais seja requerida a
1 — O controlo de gestão não pode ser exercido em
emissão de parecer ou quando haja lugar à realização de
relação às seguintes actividades:
reunião nos termos do n.º 1 do artigo 233.º, o prazo conta-
-se a partir da prestação das informações ou da realização a) Defesa nacional;
da reunião. b) Representação externa do Estado;
Diário da República, 1.ª série — N.º 176 — 11 de Setembro de 2008 6623
2 — A pedido das associações sindicais ou das comis- A presente secção regula o n.º 3 do artigo 331.º do Re-
sões promotoras da respectiva constituição, é permitida a gime.
instalação e funcionamento de mesas de voto nos locais
de trabalho durante as horas de serviço. Artigo 247.º
3 — As dispensas de serviço previstas no n.º 1 não são Convocação de reuniões de trabalhadores
imputadas noutros créditos previstos na lei.
4 — As dispensas de serviço previstas no n.º 1 são equi- 1 — Para efeitos do n.º 2 do artigo 331.º do Regime, as
paradas a serviço efectivo, para todos os efeitos legais. reuniões podem ser convocadas:
5 — O exercício dos direitos previstos no presente a) Pela comissão sindical ou pela comissão intersin-
artigo só pode ser impedido com fundamento, expresso dical;
e por escrito, em grave prejuízo para a realização do in- b) Excepcionalmente, pelas associações sindicais ou os
teresse público. respectivos delegados.
6624 Diário da República, 1.ª série — N.º 176 — 11 de Setembro de 2008
2 — Cabe exclusivamente às associações sindicais re- b) Nas estruturas de base distrital, até ao limite máximo
conhecer a existência das circunstâncias excepcionais que de 18 — 1 membro por cada 200 associados ou fracção
justificam a realização da reunião. correspondente a, pelo menos, 100 associados, até ao li-
mite máximo de 7 membros da direcção de cada estrutura.
Artigo 248.º
3 — Da aplicação conjugada dos n.os 1 e 2 deve corrigir-
Procedimento
-se o resultado por forma a que não se verifique um número
1 — Os promotores das reuniões devem comunicar à inferior a 1,5 do resultado da aplicação do disposto na
entidade empregadora pública, com a antecedência mínima alínea b) do n.º 1, considerando-se, para o efeito, que o
de vinte e quatro horas, a data, hora, número previsível de limite máximo aí referido é de 100 membros.
participantes e local em que pretendem que elas se efec- 4 — Quando as associações sindicais compreendam
tuem, devendo afixar as respectivas convocatórias. estruturas distritais no continente e estruturas nas regiões
2 — No caso das reuniões a realizar durante o horário autónomas aplica-se-lhes o disposto na alínea b) do n.º 2
de trabalho, os promotores devem apresentar uma proposta e o disposto na alínea a) do mesmo número até ao limite
que assegure o funcionamento dos serviços de natureza máximo de 2 estruturas.
urgente e essencial. 5 — Em alternativa ao disposto nos números anteriores,
3 — Após a recepção da comunicação referida no n.º 1 sem prejuízo do disposto em instrumento de regulamenta-
e, sendo caso disso, da proposta prevista no número ante- ção colectiva de trabalho, o número máximo de membros
rior, a entidade empregadora pública deve pôr à disposição da direcção de associações sindicais representativas de
dos promotores das reuniões, desde que estes o requeiram trabalhadores das autarquias locais que beneficiam do
e as condições físicas das instalações o permitam, um local crédito de horas é determinado da seguinte forma:
apropriado à realização das mesmas, tendo em conta os a) Município em que exercem funções entre 25 e
elementos da comunicação e da proposta, bem como a 50 trabalhadores sindicalizados — 1 membro;
necessidade de respeitar o disposto na parte final dos n.os 1 b) Município em que exercem funções 50 a
e 2 do artigo 331.º do Regime. 99 trabalhadores sindicalizados — 2 membros;
4 — Os membros da direcção das associações sindicais c) Município em que exercem funções 100 a 199 traba-
que não trabalhem no órgão ou serviço podem participar lhadores sindicalizados — 3 membros;
nas reuniões mediante comunicação dos promotores à d) Município em que exercem funções 200 a
entidade empregadora pública com a antecedência mínima 499 trabalhadores sindicalizados — 4 membros;
de seis horas. e) Município em que exercem funções 500 a 999 traba-
lhadores sindicalizados — 6 membros;
f) Município em que exercem funções 1000
CAPÍTULO XVII a 1999 trabalhadores sindicalizados — 7 membros;
Associações sindicais g) Município em que exercem funções 2000
a 4999 trabalhadores sindicalizados — 8 membros;
Artigo 249.º h) Município em que exercem funções 5000
a 9999 trabalhadores sindicalizados — 10 membros;
Âmbito i) Município em que exercem funções 10 000 ou mais
trabalhadores sindicalizados — 12 membros.
O presente capítulo regula o n.º 2 do artigo 339.º do
Regime.
6 — Para o exercício das suas funções, cada membro
da direcção beneficia, nos termos dos números anteriores,
Artigo 250.º do crédito de horas correspondente a quatro dias de traba-
Crédito de horas dos membros da direcção lho por mês, que pode utilizar em períodos de meio dia,
mantendo o direito à remuneração.
1 — Sem prejuízo do disposto em instrumento de re- 7 — A associação sindical deve comunicar a identifi-
gulamentação colectiva de trabalho, o número máximo cação dos membros que beneficiam do crédito de horas à
de membros da direcção da associação sindical que be- Direcção-Geral da Administração e do Emprego Público
neficiam do crédito de horas é determinado da seguinte e ao órgão ou serviço em que exercem funções, até 15
forma: de Janeiro de cada ano civil e nos 15 dias posteriores a
a) Associações sindicais com um número igual ou in- qualquer alteração da composição da respectiva direcção,
ferior a 200 associados — 1 membro; salvo se especificidade do ciclo de actividade justificar
b) Associações sindicais com mais de 200 associa- calendário diverso.
dos — 1 membro por cada 200 associados ou fracção, até 8 — A associação sindical deve comunicar aos órgãos
ao limite máximo de 50 membros. ou serviços onde exercem funções os membros da direcção
referidos nos números anteriores as datas e o número de
2 — Nas associações sindicais cuja organização interna dias de que os mesmos necessitam para o exercício das
compreenda estruturas de direcção de base regional ou respectivas funções com um dia de antecedência ou, em
distrital beneficiam ainda do crédito de horas, numa das caso de impossibilidade, num dos dois dias úteis imediatos.
seguintes soluções: 9 — O previsto nos números anteriores não prejudica a
possibilidade de a direcção da associação sindical atribuir
a) Nas estruturas de base regional, até ao limite máximo créditos de horas a outros membros da mesma, ainda que
de sete — 1 membro por cada 200 associados ou fracção pertencentes a serviços diferentes, e independentemente de
correspondente a, pelo menos, 100 associados, até ao limite estes se integrarem na administração directa ou indirecta
máximo de 20 membros da direcção de cada estrutura; do Estado, na administração regional, na administração
Diário da República, 1.ª série — N.º 176 — 11 de Setembro de 2008 6625
autárquica ou noutra pessoa colectiva pública, desde que, garem para além de um mês aplica-se o regime de suspen-
em cada ano civil, não ultrapasse o montante global do são do contrato por facto respeitante ao trabalhador.
crédito de horas atribuído nos termos dos n.os 1 a 3 e co- 2 — O disposto no número anterior não é aplicável aos
munique tal facto à Direcção-Geral da Administração e do membros da direcção cuja ausência no local de trabalho,
Emprego Público e ao órgão ou serviço em que exercem para além de um mês, seja determinada pela cumulação
funções com a antecedência mínima de 15 dias. do crédito de horas.
10 — Os membros da direcção de federação, união ou
confederação não beneficiam de crédito de horas, aplicando-
-se-lhes o disposto no número seguinte. CAPÍTULO XVIII
11 — Os membros da direcção de federação, união Arbitragem necessária
ou confederação podem celebrar acordos de cedência de
interesse público para o exercício de funções sindicais
naquelas estruturas de representação colectiva, sendo as SECÇÃO I
respectivas remunerações asseguradas pela entidade em- Âmbito
pregadora pública cedente até ao seguinte número máximo
de membros da direcção: Artigo 254.º
a) 4 membros, no caso das confederações sindicais que Âmbito
representem pelo menos 5 % do universo dos trabalhadores
que exercem funções públicas; O presente capítulo regula o artigo 377.º do Regime.
b) No caso de federações, 2 membros por cada
10 000 associados ou fracção correspondente, pelo me- SECÇÃO II
nos, a 5000 associados, até ao limite máximo de 10 mem-
bros; Designação de árbitros
c) 1 membro quando se trate de união de âmbito distrital
ou regional e represente pelo menos 5 % do universo dos Artigo 255.º
trabalhadores que exerçam funções na respectiva área. Escolha dos árbitros
12 — Para os efeitos previstos na alínea b) do número 1 — Para efeitos do n.º 4 do artigo 374.º do Regime, a
anterior, deve atender-se ao número de trabalhadores filia- Direcção-Geral da Administração e do Emprego Público
dos nas associações que fazem parte daquelas estruturas comunica às partes a escolha por sorteio do árbitro em
de representação colectiva de trabalhadores. falta ou, em sua substituição, a nomeação do árbitro pela
13 — A Direcção-Geral da Administração e do Emprego parte faltosa.
Público, bem como entidade em que esta em razão da 2 — A comunicação referida no número anterior deve
especificidade das carreiras delegue essa função, mantém ser feita decorridas quarenta e oito horas após o sorteio.
actualizado mecanismos de acompanhamento e controlo
do sistema de créditos previstos nos números anteriores. Artigo 256.º
Escolha do terceiro árbitro
Artigo 251.º
Para efeitos do n.º 4 do artigo 374.º do Regime, os ár-
Não cumulação de crédito de horas
bitros indicados comunicam a escolha do terceiro árbitro
Não pode haver lugar a cumulação do crédito de horas à Direcção-Geral da Administração e do Emprego Público
pelo facto de o trabalhador pertencer a mais de uma estru- e às partes, no prazo de vinte e quatro horas.
tura de representação colectiva dos trabalhadores.
Artigo 257.º
Artigo 252.º Sorteio de árbitros
Faltas
1 — Para efeitos dos n.os 4, 5 e 6 do artigo 374.º do Re-
os
1 — Os membros da direcção referidos nos n. 6 e 9 do gime, cada uma das listas de árbitros dos trabalhadores, das
artigo 250.º cuja identificação é comunicada à Direcção- entidades empregadoras públicas e presidentes é ordenada
-Geral da Administração e do Emprego Público e ao órgão alfabeticamente.
ou serviço em que exercem funções, nos termos do n.os 7 2 — O sorteio do árbitro efectivo e do suplente deve ser
e 9 do mesmo artigo, para além do crédito de horas, usu- feito através de tantas bolas numeradas quantos os árbitros
fruem ainda do direito a faltas justificadas, que contam que não estejam legalmente impedidos no caso concreto,
para todos os efeitos legais como serviço efectivo, salvo correspondendo a cada número o nome de um árbitro.
quanto à remuneração. 3 — A Direcção-Geral da Administração e do Emprego
2 — Os demais membros da direcção usufruem do di- Público notifica os representantes da parte trabalhadora
reito a faltas justificadas até ao limite de 33 faltas por e das entidades empregadoras públicas do dia e hora do
ano, que contam para todos os efeitos legais como serviço sorteio, com a antecedência mínima de vinte e quatro horas.
efectivo, salvo quanto à remuneração. 4 — Se um ou ambos os representantes não estiverem
presentes, a Direcção-Geral da Administração e do Em-
Artigo 253.º prego Público designa trabalhadores da direcção-geral, em
igual número, para estarem presentes no sorteio.
Suspensão do contrato
5 — A Direcção-Geral da Administração e do Emprego
1 — Quando as faltas determinadas pelo exercício de Público elabora a acta do sorteio, que deve ser assinada
actividade sindical, previstas no artigo anterior, se prolon- pelos presentes e comunicada imediatamente às partes.
6626 Diário da República, 1.ª série — N.º 176 — 11 de Setembro de 2008
2 — Compete ao presidente do tribunal arbitral preparar 3 — O prazo previsto no n.º 1 não pode ser inferior a
o processo, dirigir a instrução e conduzir os trabalhos. cinco nem superior a 20 dias.
SUBSECÇÃO VI SECÇÃO I
Apoio técnico e administrativo Âmbito
O tribunal arbitral pode requerer à Direcção-Geral da O presente capítulo regula o n.º 3 do artigo 400.º do
Administração e do Emprego Público, aos demais órgãos Regime.
e serviços e às partes a informação necessária de que dis-
ponham. SECÇÃO II
Designação de árbitros
Artigo 283.º
Apoio administrativo Artigo 288.º
A Direcção-Geral da Administração e do Emprego Pú- Constituição do colégio arbitral
blico assegura o apoio administrativo ao funcionamento 1 — No 4.º dia posterior ao aviso prévio de greve o
do tribunal arbitral. membro do Governo responsável pela área da Adminis-
tração Pública declara constituído o colégio arbitral nos
Artigo 284.º termos do n.º 3 do artigo 400.º do Regime, de tal notifi-
Local cando as partes e os árbitros.
2 — Para eventual constituição do colégio arbitral pre-
1 — A arbitragem realiza-se em local indicado pelo visto no número anterior, cada uma das listas de árbitros
presidente do Conselho Económico e Social, só sendo per- dos trabalhadores, das entidades empregadoras públicas
mitida a utilização de instalações de quaisquer das partes e presidentes é ordenada alfabeticamente.
no caso de estas e os árbitros estarem de acordo. 3 — O sorteio do árbitro efectivo e do suplente deve ser
2 — Compete ao ministério responsável pela área da feito através de tantas bolas numeradas quantos os árbitros
Administração Pública a disponibilização de instalações que não estejam legalmente impedidos no caso concreto,
para a realização da arbitragem sempre que se verifique correspondendo a cada número o nome de um árbitro.
indisponibilidade das instalações indicadas pelo presidente 4 — A Direcção-Geral da Administração e do Emprego
do Conselho Económico e Social. Público notifica os representantes da parte trabalhadora
e das entidades empregadoras públicas do dia e hora do
Artigo 285.º sorteio, com a antecedência mínima de vinte e quatro horas.
5 — Se um ou ambos os representantes não estiverem
Honorários dos árbitros e peritos
presentes, a Direcção-Geral da Administração e do Em-
Os honorários dos árbitros e peritos são fixados por prego Público designa trabalhadores dessa direcção-geral,
portaria do membro do Governo responsável pela área da em igual número, para estarem presentes no sorteio.
Administração Pública, precedida de audição das confe- 6 — A Direcção-Geral da Administração e do Emprego
derações sindicais com assento na Comissão Permanente Público elabora a acta do sorteio, que deve ser assinada
de Concertação Social. pelos presentes e comunicada imediatamente às partes.
7 — A Direcção-Geral da Administração e do Emprego
Artigo 286.º Público comunica imediatamente o resultado do sorteio
aos árbitros que constituem o tribunal arbitral, aos su-
Encargos do processo plentes e às partes que não tenham estado representadas
1 — Os encargos resultantes do recurso à arbitragem são no sorteio.
suportados pelo Orçamento do Estado, através da Direcção-
-Geral da Administração e do Emprego Público. SECÇÃO III
2 — Constituem encargos do processo: Do funcionamento da arbitragem
a) Os honorários, despesas de deslocação e estada dos
árbitros; SUBSECÇÃO I
b) Os honorários, despesas de deslocação e estada dos Disposições gerais
peritos.
Artigo 289.º
3 — O disposto nos números anteriores e no artigo 285.º
aplica-se, com as devidas adaptações, aos processos de Impedimento e suspeição
conciliação, mediação e arbitragem voluntária sempre que 1 — Sendo caso disso, as partes e os árbitros devem
o conciliador, o mediador ou o árbitro presidente sejam apresentar imediatamente após a comunicação prevista no
escolhidos de entre a lista de árbitros presidentes prevista artigo anterior o requerimento de impedimento e o pedido
no artigo 375.º do Regime. de escusa, respectivamente.
Diário da República, 1.ª série — N.º 176 — 11 de Setembro de 2008 6629
Artigo 297.º
SUBSECÇÃO II
Atribuições
Audição das partes
A Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego
Artigo 290.º é a entidade que tem por objectivo promover a igualdade
Início e desenvolvimento da arbitragem
e não discriminação entre homens e mulheres no trabalho,
no emprego e na formação profissional, a protecção da
A arbitragem tem imediatamente início após a notifi- maternidade e da paternidade e a conciliação da actividade
cação dos árbitros sorteados, podendo desenvolver-se em profissional com a vida familiar, no sector privado e no
qualquer dia do calendário. sector público.
1 — O colégio arbitral notifica cada uma das partes A Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego
para que apresentem, por escrito, a posição e respectivos tem a seguinte composição:
documentos quanto à definição dos serviços mínimos e a) Dois representantes do ministério responsável pela
quanto aos meios necessários para os assegurar. área laboral, um dos quais preside;
2 — As partes devem apresentar a posição e respectivos b) Um representante do ministro responsável pela área
documentos no prazo fixado pelo colégio arbitral. da Administração Pública;
c) Um representante do ministro responsável pela área
Artigo 292.º da administração local;
Redução da arbitragem d) Um representante da Comissão para a Cidadania e
Igualdade de Género;
No caso de acordo parcial, incidindo este sobre a defi- e) Dois representantes das associações sindicais;
nição dos serviços mínimos, a arbitragem prossegue em f) Dois representantes das associações de empregadores.
relação aos meios necessários para os assegurar.
Artigo 299.º
Artigo 293.º
Competências
Peritos
1 — Compete à Comissão para a Igualdade no Trabalho
O colégio arbitral pode ser assistido por peritos. e no Emprego:
SUBSECÇÃO III a) Emitir pareceres, em matéria de igualdade no tra-
balho e no emprego, sempre que solicitados pelo serviço
Decisão com competência inspectiva do ministério responsável
pela área laboral, pelo tribunal, pelos ministérios, pelas
Artigo 294.º associações sindicais e de empregadores, ou por qualquer
Decisão interessado;
b) Emitir o parecer prévio ao despedimento de traba-
1 — A notificação da decisão é efectuada até quarenta lhadoras grávidas, puérperas e lactantes;
e oito horas antes do início do período da greve. c) Emitir parecer prévio no caso de intenção de recusa,
2 — No caso de o aviso prévio ser de cinco dias úteis, a pelo empregador, de autorização para trabalho a tempo
notificação da decisão é efectuada até vinte e quatro horas parcial ou com flexibilidade de horário a trabalhadores
antes do início do período da greve. com filhos menores de 12 anos;
d) Comunicar de imediato, ao serviço com competência
Artigo 295.º inspectiva do ministério responsável pela área laboral,
Designação dos trabalhadores os pareceres da Comissão que confirmem ou indiciem a
existência de prática laboral discriminatória para acção
Na situação referida no n.º 2 do artigo anterior, os repre- inspectiva, a qual pode ser acompanhada por técnicos
sentantes dos trabalhadores a que se refere o artigo 394.º do desta Comissão;
Regime devem designar os trabalhadores que ficam adstri- e) Determinar a realização de visitas aos locais de traba-
tos à prestação dos serviços mínimos até doze horas antes lho ou solicitá-las ao serviço com competência inspectiva
do início do período de greve e, se não o fizerem, deve a do ministério responsável pela área laboral, com a fina-
entidade empregadora pública proceder a essa designação. lidade de comprovar quaisquer práticas discriminatórias;
f) Organizar o registo das decisões judiciais que lhe
Artigo 296.º sejam enviadas pelos tribunais em matéria de igualdade e
Subsidiariedade
não discriminação entre homens e mulheres no trabalho,
no emprego e na formação profissional e informar sobre o
O regime geral previsto nos artigos 254.º a 286.º é sub- registo de qualquer decisão já transitada em julgado;
sidiariamente aplicável, com excepção do disposto nos g) Analisar as comunicações dos empregadores sobre
artigos 266.º, 273.º, 274.º, 275.º, 276.º, 277.º e 279.º a não renovação de contrato de trabalho a termo sempre
6630 Diário da República, 1.ª série — N.º 176 — 11 de Setembro de 2008
que estiver em causa uma trabalhadora grávida, puérpera planta anexa à presente portaria e que dela faz parte in-
ou lactante. tegrante.
2.º A zona de caça concessionada pela presente portaria
2 — No exercício da sua competência a Comissão para produz efeitos, relativamente a terceiros, com a instalação
a Igualdade no Trabalho e no Emprego pode solicitar infor- da respectiva sinalização.
mações e pareceres a qualquer entidade pública ou privada, 3.º A presente portaria produz efeitos a partir de 10 de
bem como a colaboração de assessores de que careça. Setembro de 2008.
3 — As informações e os pareceres referidos no número
anterior devem ser fornecidos com a maior brevidade e de Pelo Ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural
forma tão completa quanto possível. e das Pescas, Ascenso Luís Seixas Simões, Secretário de
Estado do Desenvolvimento Rural e das Florestas, em 26
Artigo 300.º de Agosto de 2008.
Deliberação
1 — A Comissão para a Igualdade no Trabalho e no
Emprego só pode deliberar validamente com a presença
da maioria dos seus membros.
2 — As deliberações são tomadas por maioria dos votos
dos membros presentes.
3 — O presidente tem voto de qualidade.
Artigo 301.º
Recursos humanos e financeiros
1 — O apoio administrativo é facultado à Comissão
para a Igualdade no Trabalho e no Emprego pelo Instituto
do Emprego e da Formação Profissional, I. P. (IEFP, I. P.)
2 — Os encargos com o pessoal e o funcionamento da
Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego são
suportados pelo orçamento do IEFP, I. P.
Artigo 302.º
Regulamento de funcionamento
O regulamento de funcionamento da Comissão para
Igualdade no Trabalho e no Emprego é aprovado por des-
pacho conjunto dos ministros responsáveis pelas áreas das
finanças e laboral. Portaria n.º 1026/2008
de 11 de Setembro