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Faculdade de Ciências e Tecnologia da UNL

Economia Ecológica 2010/2011

AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE
André Amaro (22656), Inês Martins (22745) e Mariana Corrêa (22454)

1. Análise dos padrões e tendências globais de sustentabilidade à luz dos indicadores ilustrados
no texto; causas e implicações globais dessa evolução.

Utilizando a figura 2 do artigo “Measuring sustainable development – nation by nation”, é possível


analisar os padrões e tendências globais e regionais de sustentabilidade, esta analise é feita através de
dois indicies : Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e o rácio entre a pegada ecológica regional
per capita e a biocapacidade global per capita (Rácio P/B).

O artigo define como padrões os valores de IDH acima ou iguais a 0,8 e valores de rácio p/b
inferiores ou iguais a 1, embora exista a possibilidade de estes valores não garantirem a
sustentabilidade, são certamente condições necessárias. Desta forma, no limite, será de esperar que
para evitar o “overshoot” do planeta, pelo menos, a média global se situe dentro deste intervalo, e não
fora dele.
No gráfico, as curvas a cinzento representam as
tendências de desenvolvimento entre 1975 e
2003, o que permite inferir as diferentes
eficácias de desenvolvimento das diferentes
regiões, através da observação dos diferentes
declives. Um declive maior indica um
desenvolvimento mais sustentável, atingindo
um maior valor de IDH com um menor aumento
do rácio, enquanto que um declive menos
acentuado indica um desenvolvimento
económico à custa de uma utilização excessiva
de recursos, o que se traduz num elevado valor
de rácio.

Em termos mundiais, observa-se que o IDH tem um valor de aproximadamente 0,7 e o rácio p/b é
ligeiramente superior a 1. Assim, a média mundial não indica uma distância à sustentabilidade muito
elevada, no entanto, o problema reside na discrepância destes indicadores nas diferentes regiões do
planeta. Para além do facto do Planeta estar efectivamente em “overshoot”, nenhuma região consegui
cumprir ambos os critérios de sustentabilidade explicando assim este cenário de insustentabilidade.

As regiões em desenvolvimento (África, Este asiático, América Latina, Médio Oriente e Ásia Central)
situam-se todas abaixo do valor mínimo de IDH para a sustentabilidade.

África e o Este asiático têm a possibilidade de aumentar o seu IDH dentro dos limites de rácio p/b
para a sustentabilidade, uma vez que ainda não ultrapassaram o valor limite. No entanto, embora estas
regiões tenham sido aquelas que verificaram um crescimento de IDH mais eficiente, a eficácia
demonstrada no período de 1975 a 2003 poderá ser insuficiente para alcançar dos objectivos no caso da
África. A região do este asiático é única que mantendo o crescimento do nível humano dos últimos 25
anos poderá alcançar a sustentabilidade ainda que muito próxima dos seus balizes.

A América Latina, o Médio Oriente e Ásia Central embora próximas da região de sustentabilidade,
encontram-se no quadrante mais negativo do gráfico, ou seja, abaixo dos 0,8 do IDH e acima de 1 no
rácio p/b, ou seja para atingir os padrões de sustentabilidade teriam de aumentar o IDH e implementar
medidas ambientais que diminuíssem o rácio, contrariando de forma veemente a tendência
demonstrada.

As regiões desenvolvidas (América do Norte e a Europa) estão dentro dos valores de IDH que indicam
uma boa qualidade de vida, no entanto para atingirem a sustentabilidade têm um grande percurso
ambiental a seguir, pois estão muito distantes do valor limite do rácio.
Ao analisar as curvas de propensão da América do Norte e Europa podemos classifica-las como as
menos próximas do desenvolvimento sustentável, pois para obterem um ganho de 0,1 no índex de IDH
foi necessário um crescimento do rácio p/b na ordem das 2 unidades, que pode ser visto como uma
eficiência de 5%. Esta diminuição de retorno no padrão é esperado devido às limitações naturais do
índex IDH; o padrão sugere também que países ricos direccionam o consumo em melhorias da
qualidade de vida não abrangida pelo IDH

2. Análise crítica dos indicadores utilizados no estudo, discutindo os seus principais pressupostos,
vantagens/desvantagens. Por exemplo, quais as implicações da substituição do PIB per capita
“convencional” utilizado no IDH por outra métrica macroeconómica ajustada ao ambiente.

No estudo realizado foi examinado o desenvolvimento sustentável nas suas duas dimensões. Avaliou-
se o progresso no desenvolvimento através do índice IDH pois é uma das medidas globalmente usadas
do bem-estar humano. A outra dimensão do desenvolvimento sustentável é o compromisso de
desenvolvimento dentro da capacidade ecológica do planeta Terra. Esta dimensão pode ser medida
através do índice de pegada ecológica, uma ferramenta que avalia quanto da capacidade regenerativa
da biosfera está ocupada por actividades humanas.
IDH
Este índice, amplamente utilizado para medir o desenvolvimento nacional, determina as condições
necessárias para residentes de um país desfrutarem de vidas longas, saudáveis e criativas. O IDH de um
determinado país é composto por 4 sub-indicadores: esperança média de vida (que representa uma
medida da saúde da população e longevidade); taxa de alfabetização de adultos; taxa bruta de matrícula
escolar e nível de vida com base no PIB per capita. Esta medida é usualmente utilizada como uma
medida métrica complementar juntamente com indicadores mais tradicionais: PIB, que reflecte
puramente o desenvolvimento económico.
Um valor de IDH igual a 1.0 indica que um determinado país atingiu o valor máximo para cada um dos
sub-índices, e um valor igual a 0 implica que o país está no valor mínimo de todos os sub-índicies.
Trata-se de um indicador com elevada visibilidade e utilização, ainda que assente no crescimento
económico, desconsiderando as eventuais debilidades causadas, quer ambientais quer sociais.
Existem críticas à substituibilidade implícita neste índice dado o facto de se somar a educação, saúde e
rendimento. A maior parte das críticas ao IDH aponta o desconto aos rendimentos acima do limiar
considerado, havendo inclusive autores que publicaram IDH modificado, onde é dado mais peso a
rendimentos elevados. Há por isso dúvidas da complementaridade do IDH face ao rendimento,
duvidando da sua utilidade como indicador compósito.
Pegada Ecológica e Biocapacidade
A Pegada ecológica trata-se de um indicador que mede o impacto das actividades humanas através da
área bioprodutiva necessária, considerando a extracção de recursos e a produção de resíduos face à
capacidade regenerativa do planeta. Na base está o pressuposto que a maioria do consumo de recursos
e da produção de resíduos podem ser seguidos, e que a maioria desses fluxos (recursos e resíduos)
podem ser medidos em termos de área bioprodutiva necessária para manter esses mesmos fluxos.
A Biocapacidade é composta pelas áreas bioprodutivas a multiplicar pela produtividade de cada
hectare.
O rácio p/b entre a pegada ecológica e a biocapacidade global mede área total necessária para produzir
recursos, absorver resíduos e locais para construção de infraestruturas. Os valores utilizados neste rácio
são maiores que 1 quando os bens e serviços são consumidos a uma velocidade a que a biosfera não os
consegue repor, sendo o valor 1 o limite máximo para garantir a reposição dos recursos pela biosfera.
Na determinação da pegada ecológica é acrescentada uma componente relativa a emissões de carbono
para a qual não existe uma área associada de biocapacidade. Deste modo, o consumo de combustíveis
fósseis é traduzido através da estimativa da área biológica produtiva necessária para assimilar esse
fluxo.
Existem 5 factores que determinam as diferenças entre Pegada e Biocapacidade: Áreas bioprodutivas;
Produtividade de cada hectare; Intensidade de recursos na produção de bens e serviços; Consumo de
bens e serviços por pessoa; Dimensão da população.
Como limitações associadas, sublinha-se a definição de áreas bioprodutivas que no limite podem
ocupar a totalidade da superfície do planeta, o que implica a não inclusão de áreas relativas à
biodiversidade. Outra limitação é a incapacidade do indicador em lidar com produções intensivas,
considerando que eventuais consequências serão reflectidas na biocapacidade, o que implica na grande
parte dos casos um sinal tardio, pois os efeitos sentidos na bioprodutividade podem ser camuflados,
face à resiliência dos sistemas naturais.
Críticas à utilização da PE, como um indicador de sustentabilidade, nomeadamente: 1) Pela própria
natureza, de se tratar de um indicador agregado e pelas implicações dos factores de conversão
utilizados, que têm implicitamente a mesma função; 2) O uso hipotético e insustentável do solo, que
por um lado, dada a utilização de uma medida hipotética, pode ser perigoso por poder ser interpretada
como uma medida real, e por outro, não permitir, a separação entre uso sustentável e insustentável do
solo; 3) Cenário de uso sustentável de energia, que não é devidamente enquadrado na componente
relativa às emissões de carbono, em que para a maior parte dos países de rendimentos superiores,
metade da PE assenta nas emissões de carbono; 4) Escala espacial e regional; 5) Comércio entre
regiões e países, em que a PE é parcial em relação ao comércio e como tal não deve ser enquadrado
como um indicador objectivo.
O Genuine Progress Indicator (GPI) é um sistema métrico alternativo que pode ser visto como uma
adição ao sistema nacional de contas, que tem sido sugerido para substituir ou complementar o PIB
como uma medida de crescimento económico. Este indicador é usualmente utilizado nas economias
“verdes”, sustentabilidade, economia ecológica.
Ao se substituir o PIB per capita pelo GPI per capita no IDH obteríamos uma avaliação da
sustentabilidade mais correcta. O GPI ao incluir factores ambientais no PIB torna-o mais completo, o
que permitiria ter uma noção mais correcta da sustentabilidade de cada país, pois conseguiríamos
avaliar o real desenvolvimento social e económico e de que modo os recursos naturais seriam
utilizados.

3.
 Preparação de um roadmap de sustentabilidade – apresentação de sugestões para caminhos


para a sustentabilidade para dois países-tipo em estágios de sustentabilidade substancialmente
diferentes.
A Noruega é o país que surge no artigo com maior IDH (0,96), no entanto possui um rácio de 3.2
(pegada ecológica=5.9). A tendência evolutiva da Noruega, bem como dos restantes países europeus e
da América do Norte, foi o aumento de IDH ter acompanhado o aumento do rácio p/b e pegada
ecológica. No caso da Europa Ocidental, verifica-se que com o aumento do IDH de cerca de 0,82 para
0,96, o aumento do rácio p/b foi de 1,5 para 3. Apesar de estes países demonstrarem uma óptima
qualidade de vida, a nível económico e social, não têm a mesma preocupação a nível ambiental o que
não permite atingir a sustentabilidade.
Estes países podem mudar estas tendências ao aplicar medidas que promovam o desenvolvimento
sustentável tal como a integração de princípios de sustentabilidade nas políticas e programas de cada
país ou a redução do consumo de recursos.
O Bangladesh é o país com menor rácio p/b (0,3) mas com um IDH de 0,52. Neste caso, bem como de
alguns países Asiáticos e Africanos não tem os valores de IDH desejados (≥0,8), no entanto possuem
um valor de rácio bastante favorável. Pela análise do gráfico, verifica-se que apesar dos aumentos de
IDH serem mais ou menos substanciais, o aumento do rácio não é assim tão grande, permanecendo
esses países abaixo do limite de sustentabilidade (1).
No artigo há referência a 5 países (Burundi, Congo, Costa do Marfim, Malawi e Uruguai) que
conseguiram aumentar o seu IDH sem aumentar a sua pegada ecológica e o seu rácio.
Através da análise do gráfico apresentado, nota-se que é necessário existir uma educação ambiental na
economia das regiões desenvolvidas, de forma a implementar novas tecnologias nos seus processos
produtivos, mantendo o IDH e diminuindo o rácio p/b para valores mais sustentáveis. Por outro lado,
os países em desenvolvimento necessitam de medidas politicas que subsidiem a economia para
aumentar a qualidade de vida, mas sem que haja um aumento significativo do rácio. Para tal, é
necessário que haja uma estrutura que aposte no desenvolvimento sustentável destes países,
fomentando a cooperação entre países mais e menos desenvolvidos, sendo que os primeiros devem
partilhar conhecimento e investir em tecnologias limpas, para o desenvolvimento dos segundos.

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