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ENSINO DA MÚSICA

ACTIVIDADES DE
ENRIQUECIMENTO CURRICULAR

ENSINO DA MÚSICA

Introdução

Há duas espécies de iniciação musical: aquela em que se aprende a ouvir, a


música e aquela em que se aprende a praticá-la. O melhor método é ligar a primeira à
segunda, apesar de dar primordial importância à primeira.
A iniciação prática tornou-se, graças aos progressos da orientação psicológica da
educação musical, acessível a todas as crianças a quem a música interesse. Esta
iniciação é um meio de desenvolvimento artístico e um elemento de cultura geral, uma
vez que, exigindo a comparticipação total do ser humano - dinâmico, sensorial,
afectivo, mental e espiritual - colabora no desenvolver de todas as faculdades ,
harmonizando-as entre si e contribuindo para o desenvolvimento da personalidade
humana.
Trata-se de uma educação musical e não de um simples ensino
Esta educação pode ser começada desde a idade de três anos e mesmo mais
cedo. Tem pois lugar nos Jardins-de-Infância e continua no Ensino Básico.
O método que irá ser focado neste pequeno apontamento, é um método activo,
comparável a outros já existentes para outras disciplinas.

Objectivos

A iniciação musical infantil, pretende atingir os seguintes objectivos:

1º Desenvolver nas crianças o amor pela música e prepará-las, com alegria, para a
prática vocal ou instrumental.

2º Dar às crianças, por meios pedagógicos apropriados, um máximo de possibilidades


de aprenderem música, ainda que não sejam para isso especialmente dotadas.

3º Dar esta oportunidade, quanto possível, a todas as crianças, o que é realizável, visto
que os elementos fundamentais da actividade musical são próprios a todo o ser humano,
como o sentido rítmico, a audição e a sensibilidade, a emotividade e a inteligência
ordenadora e criadora.

4º Dotar o ensino da música, desde o começo, de raízes profundamente humanas. Trata-


se não apenas de ensinar os "rudimentos da música" mas de estabelecer as "bases" da
arte musical.

5º Favorecer, por meio da música viva, a evolução mental da criança.

A música é muitas vezes tomada como um simples meio de distracção, de


evasão ou de divertimento superficial, quando pode ser, e é realmente, a expressão
daquilo que o ser humano tem em si de mais profundo.
Bases
Condições de base indispensáveis ao professor de música:

1º Amar as crianças e a música.

2º Conhecer as bases psicológicas da educação musical, assim como a psicologia da


criança.

3º Encarar a música como um meio de cultura humana.


O professor deve ser receptivo à vida e ser vivo e dinâmico.

É necessário não esquecer que a criança vem para a música com alegria, e essa
alegria deve ser mantida constantemente pela beleza e pelo interesse dos exercícios,
assim como pelo entusiasmo do professor.

Por outro lado, ao princípio, é menos importante conduzir à perfeição do que


permitir que a criança exteriorize a sua vitalidade e desenvolva a sua iniciativa.

Os princípios de ordem geral a serem adoptados e que devem poder manter o


seu valor ao longo de todo o estudo musical, dizem respeito, principalmente, aos
elementos fundamentais da música encarados em função da natureza do ser humano.
Seria um grave erro psicológico e pedagógico considerar a música apenas em si mesma,
como se pode fazer para outras ciências. Como arte, a música é directamente tributária
das faculdades humanas, físicas, afectivas e mentais.

Em primeiro lugar há que valorizar as relações psicológicas estabelecidas entre a


música e o ser humano; em segundo lugar é necessário não recorrer a processos
marginais á música com o fim, apenas, de tornar o ensino mais atraente, porquanto o
som e o ritmo, pela sua própria natureza, são de uma riqueza infinita; e em terceiro
lugar, que o ensino da musical propriamente dito, teoria e ciência, só exista depois de
uma iniciação prática, e que este ensino, baseado na vida musical, nunca se afaste dela,
dando uma importância de primeiro plano ao sentido rítmico e ao ouvido musical, até
ao fim dos estudos de música.

Trata-se, portanto, mais de seguir princípios do que adoptar métodos. Os


métodos inventam-se e podem mesmo manter-se ao abrigo de garantias
verdadeiramente perigosas. Ao contrário, os princípios existiram desde sempre. É
preciso descobri-los, só ou com o auxílio de outrem. Portanto, é necessário que uma
experiência inteligente e sensível desperte os princípios de vida, a fim de que o aluno
seja também pedagogo e se torne vivo e criador. Assim, poderá adaptar o ensino ao seu
próprio temperamento e às suas possibilidades, pois os processos metodológicos,
quando partem da vida, são de uma riqueza ilimitada.

É evidente que se pode também partir de formas estabelecidas - rítmicas,


melódicas e harmónicas - para alcançar a vida através delas e aproveitar assim a
herança do passado.
É normal que uma criança imite antes de criar. O perigo está em crer que as
formas constituem a música quando, o que é preciso, é sempre ultrapassá-las.

Nem sempre é fácil fazer compreender, a alunos e professores, a vantagem de


utilizar as forças vitais musicais e humanas. É grande o prestígio das fórmulas, das
receitas e mesmo dos truques que favorecem a lei do menor esforço. Ora, na arte, o
esforço é a única garantia de reais progressos.

A actividade pedagógica centraliza-se nas canções (encaradas


pedagogicamente), na cultura auditiva (com material auditivo) e no desenvolvimento do
sentido rítmico (instinto e consciência).
A tudo isto juntamos posteriormente o nome das notas (como simples
denominação dos sons), assim como algum vocabulário musical referente aos
elementos do som e do ritmo.
Introdução ao Plano de Trabalho

O seguinte plano de trabalho obedece a uma determinada ordem de importância


cronológica do ponto de vista estritamente musical.
O ritmo e o som precedem a música propriamente dita. São os chamados
elementos pré - musicais.

Está indicado que cada professor faça a gestão da planificação conforme os seus
gostos e concepções, uma vez que a ideia de perfeição varia de indivíduo para
indivíduo.

O professor é o responsável pela descoberta dos princípios susceptíveis de serem


vividos e realizados por ele próprio num sentido criador.

A primeira finalidade do pedagogo é a de despertar vida nas crianças, favorecer


a sua espontaneidade e a sua expressão pessoal.

A primeira atitude a obter da criança é a sua adesão.

A segunda a sua participação activa.

Não se trata de criação, mas de um acto pessoal partindo primeiro da


imaginação reprodutiva e depois da construtiva.
Materiais de Trabalho a Utilizar

Conjunto de livros e CD´s:


“Da escola ao Palco”
Expressão Musical e Dramática
Foco Musical (Educação e Cultura)

Livros e material didáctico, lda


Bairro das lombas, lote 8 Trajouce
2785-219 São Domingos de Rana
Telf/Fax: 214452261

Música 1 -2 – 3 – 4

Educação Artística 1º Ciclo do Ensino Básico


Livro do Professor e Livro do Aluno
Porto Editora

Pequenos Músicos

Expressão e Educação Musical 1º Ciclo


Manual e Livro de actividades
Paulo Henriques – Nuno Castanheira – Luís Batalha
Gailivro
Plano de Trabalho

I II
Canções Escutar
Reconhecer
Reproduzir

1º ao 4º Ano Canções de embalar. Escutar: Interesse, atenção


e silêncio.
Canções e jogos.
Reconhecer: Postais
Lenga-lengas. ilustrados sonoros com
diversos instrumentos e
Pequenas canções, partindo objectos sonoros.
de um movimento natural:
balanceado, salto e palmas, Reproduzir:
etc... Sons diversos, mesmo com
alguma imprecisão.
(escalas e acordes)

3º ao 4º Ano Canções temáticas Escutar e reconhecer:


Sons mais difíceis e em
Canções com ritmos grande número.
interessantes.
Canções de intervalos Reproduzir: Com mais
fáceis. precisão alguns sons
isolados e seguidos.
Canções fáceis com
acompanhamento de Reproduzir Pequenas
percussão. frases melódicas.

Letras diferentes para a


mesma melodia.
III IV
Emparcelamento Altura do Som
Classificação Subida e Descida

1º ao 4º Ano Emparceirar os Diferenciação de sons


instrumentos sonoros pelo graves (mais baixos) e
seu género. agudos (mais altos).

Emparceirar tons e meios Diferenciar sons grossos e


tons. pesados e finos e leves.

Ordenar a forma da música Sentir a subida e a descida


com nomes ou algarismos. do som por meio de
glissandos sobre o xilofone
ou outro instrumento.

3º ao 4º Ano Emparceirar os sons Estudo de alguns


segundo o timbre ou a movimentos sonoros.
intensidade.
Exercícios variados, por
Classificar instrumentos imitação ou invenção.
quanto à sonoridade e
quanto à família. Seguir com a mão, no
espaço, os sons de canções
Exercícios para a simples.
ordenação de sons segundo
os nomes. Início dos gráficos de
movimentos sonoros.
V VI
Ritmo e Métrica Invenção
Improvisação

1º ao 4º Ano Clavas: bater pancadas Invenções rítmicas:


dizendo vocábulos ou batendo com as mão ou
algarismos. com os pés; com
instrumentos de percussão
Bater o ritmo de algumas ou instrumentos sonoros
canções.
Subidas e descidas com a
Reproduzir e inventar voz ou com os
ritmos. instrumentos.

Jogos de batimentos com


vocábulos variando as
intensidades.

Canções com marchas


saltos, rodas, etc...

3º ao 4º Ano Ritmos, mas com um grau Idem, mas com um grau de


de dificuldade dificuldade
mais elevado. mais elevado.

Início da noção de Bater o ritmo de frases


compasso: marchar ditas ou pensadas.
segundo o compasso. Invenção de frases
ritmadas ou de melodias
Numa canção, bater: com quadratura.
1º o ritmo
2º o tempo Invenção de marchas,
saltos e movimentos para
acompanhar canções.
VII VIII
Nomes das notas Introdução à escrita e à
leitura musical

3º ao 4º Ano Nomes das notas Educação do ouvido e do


introduzidas em certas sentido da altura relativa
canções simples. dos sons.

Nomes das notas da escala. Audições comentadas


de CD's, cassetes e
Pequenas ordenações algumas videotapes e
Dó - Ré / Dó - Ré - Mi DVD’s.
Dó - Ré - Mi - Fá ...
Memória dos sons
(audição absoluta).

Emprego dos nomes das


notas como simples
denominação dos sons.

Desenvolvimento do
sentido rítmico.

3º a 4º Ano Consciência da escala. Idem, com um grau de


dificuldade mais elevado.
Canções com o nome das
notas. Desenvolvimento do
ouvido absoluto e relativo.
Escalas e ordenações
contando as notas. Prática de ritmos, tempos e
compassos das canções,
assim como a subdivisão
dos tempos.
O plano de uma Aula

O domínio da educação musical infantil é vasto. As aulas podem, portanto ter


formas muito diversas. Não é preciso que as oito colunas deste plano de trabalho sejam
representadas em cada aula. As colunas I, II, IV, V e VI são as mais importantes no
princípio. A coluna III é menos urgente. A coluna VII será realizada logo que possível e
a coluna VIII virá logo a seguir.
O plano das oito colunas não é limitativo, podendo sempre que necessário
acrescentar outros motivos de interesse como jogos musicais, audições em CD's e
cassetes, cassetes de vídeo, DVD’S, computador, etc...
O plano de aula pode ter várias ordenações que serão desenvolvidas conforme o
local e a organização do educador, do material disponível, da natureza das crianças,
entre outros factores.
Porém por uma questão de prática é aconselhável começar pelo material
auditivo. Este dá sempre alegria às crianças, desperta nelas interesse seja qual for o grau
de desenvolvimento e permite fazer verdadeiros jogos sonoros. Em seguida pode-se
passar aos exercícios de batimentos, com grande variedade de exercícios com a
comparticipação inventiva das crianças, uma de cada vez cria um ritmo sendo imitada
pelas restantes.
Poderão vir depois as canções que exigem já mais esforço (quer de memória
quer vocal), a escala, a prática dos nomes das notas, entre outras coisas, tudo realizado à
volta do piano ou outro instrumento, preferencialmente polifónico. As crianças podem
bater (com instrumentos de percussão simples) o ritmo das canções, os tempos, o
primeiro tempo a subdivisão. Depois, poder-se-á passar à reprodução de ritmos dados
com o instrumento disponibilizado e tocado pelo professor, e, sobretudo, à invenção
individual de ritmos, que serão repetidos pelo grupo.
Em seguida virá o estudo dos compassos e para terminar os exercícios de ritmo
com marchas, saltos e alguns movimentos diversificados. É bom que a lição comece por
uma nota de alegria real para a criança, e acabe da mesma forma. O piano pode ser
substituído ou completado por outros instrumentos.
Os CD's, as cassetes, os DVD’s e os sistemas de gravação, podem ser
importantes. Estes sistemas permitem libertar o professor para que este possa ajudar o
aluno nos movimentos mais desajeitados e fazer com que os alunos executem os
exercícios com os instrumentos de uma forma mais correcta.

Como avaliar os conhecimentos e capacidades de uma criança

Partindo de bases gerais, válidas em todos os graus de desenvolvimento musical,


propõe-se a observação dos seguintes pontos:

1º - Um elemento sintético prático: uma canção ou uma execução instrumental.


2º - Um exame auditivo:
a) Do ponto de vista sensorial (divisão intratonal e reprodução de uma
simultaneidade de sons).
b) Do ponto de vista afectivo (sensibilidade às consonâncias e dissonâncias e ao
grau de afinação na entoação).
3º - Exame do instinto rítmico e métrico, que é preciso não confundir (bater ritmos,
andar a compasso, etc...).
4º - Verificar os diferentes domínios da consciência musical (nomes das notas,
ordenações de sons, etc...). Para os alunos adiantados: conhecimento auditivo dos
intervalos e dos acordes, harmonias, ditado musical, teoria geral, etc...
5º - Exame respeitante à iniciativa, à improvisação e "composição", nesta última avaliar
a criatividade da criança; se cria canções novas, com novas palavras, se inventa novas
notas, etc.

Para que esta avaliação resulte, é preciso estar à altura de sentir as reacções dos
alunos, porque o mesmo resultado exterior pode provir de processos interiores
diferentes. Aos cinco pontos de ordem musical acima enumerados, juntam-se as
apreciações psicológicas que se podem fazer do comportamento do aluno, que pode ser
extrovertido, introvertido, primário, secundário, sensível, inteligente, doentio ou não,
etc... É evidente que se o professor conhece por experiência as relações psicológicas
que existem entre os elementos fundamentais da música e os da natureza humana, os
traços característicos da criança revelar-se-ão pelo próprio exame musical.
ACEAV 2008 / 2009 – Actividades de Enriquecimento Curricular – Ensino de Música

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