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RESUMO
RESUMEN
Inté mesmo a
Asa branca
Bateu asas
1
Aluna do curso de Letras Português Espanhol e suas respectivas literaturas do Instituto de
Ensino Superior de Nova Venécia
2
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Ensino Superior de Nova Venécia
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Aluna do curso de Letras Português Espanhol e suas respectivas literaturas do Instituto de
Ensino Superior de Nova Venécia
Do sertão
Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira
O Quinze, de Rachel de Queiroz (1910-2003), é um romance que traz dois
planos de fundo: o primeiro é a saga dos retirantes do Ceará na seca de 1915;
o segundo, o romance de Vicente e Conceição.
Ele era bom de ouvir e de olhar, como uma bela paisagem, de quem
só se exigisse beleza e cor.(...)
Pensou no esquisito casal que seria o deles, quando a noite, nos
serões da fazenda, ela sublinhasse num livro querido um
pensamento feliz e quisesse repartir com alguém a impressão
recebida. Talvez Vicente levantasse a vista e lhe murmurasse um “é”
distraído por detrás do jornal... mas naturalmente a que distância e
com quanta diferença. (QUEIROZ: 1930, p. 81-82)
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Bolsa escola / bolsa família – recentemente o Jornal Nacional, da TV Globo, vem
denunciando irregularidades no programa.
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A justificativa das aspas é que estes se enquadram ao sinônimo.
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As prefeituras não direcionam essas distribuições de maneira eficaz e justa, o que é o caso
recentemente também denunciado pelo veículo de comunicação já citado.
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Segundo o crítico português, Adolfo Casais Monteiro, Conceição é o alter ego da autora
Rachel de Queiroz.
em relação à cultura do homem rural, por meio do julgamento etnocêntrico de
Conceição em condenar a sua felicidade porque o nível cultural dela é
“superior” ao do matuto, bom, rico, viril, comprometido com os seus, contudo
“inferior” não economicamente, mas a um outro tipo de posse que começava a
massacrar gritantemente a população brasileira10 da época e seguiria até a
contemporaneidade, que é a mais preciosa: a do conhecimento teórico,
intelectual e cultural. Esta, Vicente não possuía, o que para a normalista
neutralizava todas as demais virtudes do fazendeiro. Ressaltando que
Conceição idealizava o relacionamento deles, ambos vivem o romance no
plano da sensibilidade e do imaginário. A história passa sem que eles tenham
um contato concreto, como: um beijo. Nesse plano, o romance deles inicia e
finaliza por uma impressão, na verdade o que Conceição não quer é a
condição submissa da mulher, o que mais uma vez Rachel de Queiroz chama a
atenção para qual seria o papel da mulher diante dessa nova sociedade
brasileira. Ela, propositalmente, coloca Conceição e Vicente em igual condição,
Vicente não abre mão da terra; Conceição privilegia a sua liberdade; deduz-se,
então, que ela foi criada pela autora com o propósito de quebrar paradigmas
até então possíveis só ao homem. Órfã, criada pela avó, vai para a capital
estudar, trabalhar, adota filho de retirante, dispensa companhia para andar pela
cidade, enfrenta as mazelas do campo de concentração em nome da
solidariedade, e, ao invés de sofrer preconceito como outras personagens
femininas – Lucíola –, ela é que julga e descarta o Vicente por não ser
compatível com o seu nível intelectual, havendo uma inversão de papéis,
mesmo sendo de maneira sutil.
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Com a evolução técnico-científica, a sociedade pós-guerra é obrigada a trilhar o caminho
intelectual, principalmente a das cidades, ou aquela que quisesse continuar com prestígio e
fazer parte dos salões sociais.
_ De que morreu essa novilha, se não é da minha conta?
Um dos homens levantou-se com a faca escorrendo sangue, as
mãos tintas de vermelho, um fartum sangrento envolvendo-o todo:
_ De mal-dos-chifres. Nós já achamos ela doente. E vamos
aproveitar, mode não dar para os urubus. (QUEIROZ: 1930, p.42-43)
Esse êxodo tem o lado positivo e negativo. O primeiro, é que para muitos é a
possibilidade de uma vida digna; o segundo, é desastroso tanto para o
migrante quanto para o Estado que os recebe: para ele é o confronto da
realidade da cidade grande que em vez de oportunidade, obriga-lhe a confluir
no sub-mundo, onde as conseqüências são piores do que as já vivenciadas na
região da seca; para o Estado, é a explosão do crescimento de todas as
mazelas, como crescimento demográfico desordenado – favelas, periferias,
aumento da criminalidade, atendimento precário na área de saúde, educação e
cultura. Pois o estado receptor não está preparado para acolher essa super-
população, é o caso dos problemas sociais que os dois estados já
mencionados vêm enfrentando nos últimos tempos.
Chico Bento demonstra aceitar a morte e a perda dos filhos, mas não a miséria
que o cerca naquele campo de concentração. Para ele, o sensato a fazer é ir
embora para o Amazonas, onde floresce o seringal como veículo de lucro
certo, ignorando até mesmos os riscos de contrair febre amarela e outras
pestes daquele território ainda pouco explorado pelo homem. Tudo que viesse
seria melhor do que aquele ambiente decadente em que a seca o transformara.
A leitura das passagens é que aqueles papéis significavam muito mais que
simples comprovantes para um embarque, era para ele o passaporte para uma
vida melhor que sonhara dar para sua família. E diante dessa felicidade em
conseguir, o que sem a ajuda da comadre seria impossível, o protagonista
demonstra tristeza, não por estar indo embora, mas por não poder levar todos
consigo. (QUEIROZ: 1930, p.111-112). A fraternidade é uma constância na
alma desse personagem, que nem mesmo a rudez da seca a arrancou da sua
alma. Analisando do ponto de vista intimista o que mantém a energia do
sertanejo é a religiosidade, é essa fé incondicional ou onde a condição é a
vinda da chuva, uma esperança que protege e preserva sua identidade.
É neles que essa gente se apega com todas as suas forças para suportar os
longos períodos de estiagem. Nesse trecho, observa-se uma sutil ironia da
autora em relação à igreja, bem ao estilo neo-realista de visionar os fatos para
que o leitor tire suas conclusões, proposta também do grupo da semana de 22,
como também é proposta desses movimentos, o veio fecundo da matéria oral
folclórica brasileira na ficção.
A autora Rachel de Queiroz, neste romance, mais uma vez foi feliz, pelo uso da
linguagem impessoal, introspectiva, livre de adornos lingüísticos exagerados,
seca como o espaço, próximo da linguagem oral do Ceará, em que através
desta metalinguagem o leitor é capaz de identificar a condição socioeconômica,
cultural, intelectual e psicológica de cada personagem: “_ Pois madrin’ Nácia
não me conhece? Eu sou a mocinha, a cunhada do Chico Bento, das Aroeiras”.
(QUEIROZ: 1930, p.140)
2 REFERÊNCIAS
3. NICOLA, José de. Literatura brasileira das origens aos nossos dias.
São Paulo: Scipione, 2003.