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III

SILABAÇÃO

...e não há nas nossas palavras sílabas longas e sílabas breves, assim
chamadhs, porque umas ressoam durante mais tempo e outras durante menos
tempo? Fazei, meu Deus, com que os homens conheçam por meio deste simples
exemplo as noções comuns das coisas grandes e pequenas.
Santo Agostinho

Saussure vem se sobressaindo, mais uma vez, como grande fun


dador, agora das pesquisas que visam recuperar o "tempo" perdido
e o "ritmo" esquecido na condição de simples ornamento poético .
Depois do potencial paradigmático fartamente disseminado nos
estudos lingüísticos do nosso século - e levado a bom termo sobre-
tudo no plano da expressão -, o mestre de Genebra novamente é con-
vocado em nome de um enfoque, à primeira vista, incompatível com
tudo aquilo que a lingüística e a semiótica, suas herdeiras, construí-
ram no passado . Hoje assistimos, com um misto de perplexidade e
interesse, à releitura de Saussure como precursor da nova epistemo-
logia que examina as propriedades de condução da cadeia sintagmá-
tica e a pressuposição do processo em relação ao sistema¡ No fundo,
é o retomo inevitável dos termos categoriais, rejeitados por falta de
recursos teóricos numa determinada fase da investigação, para o pri-
meiro plano das preocupações, na tentativa de solucionar impasses
geralmente criados pelas próprias delimitações conceptuais . A esco-1
lha da língua, da forma e do espaço, como lugares teóricos privile-
giados de uma reflexão cientificamente conseqüente, trouxe de fato
muitas vantagens metodológicas e epistemológicas, mas também ge-
rou um lamentável desconforto toda a vez que o campo de pertinên-J

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