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Lembro-me da primeira vez em que levei minha filha à praia, morávamos em Roma e ela

contava então com 9 meses de vida. Depois de um longo inverno europeu, os ares da
primavera, o desabrochar das flores e o verde, chegaram como um presente da natureza,
como acontece agora com os primeiros dias lindos - anunciando a primavera daqui.
Naquele dia, entendi ainda mais minha paixão pela fotografia. Entendi também, que na
falta de uma máquina fotográfica, você pode fotografar com o coração, o que faz de todos
nós um pouco poetas. Guardo tudo isso comigo. A poesia eterniza lembranças e as
imagens ficam para sempre na nossa memória. Não estava naquele momento com a
minha máquina fotográfica, mas tenho lembranças nítidas da carinha dela em frente ao
mar e brincando na areia. Costumo dizer que algumas de “nossas gavetas”, mesmo que
queiramos, não dá para dividir com ninguém. Estas imagens serão, para sempre, muito
minhas. São minhas poesias, imagens do coração que não consegui traduzir em
fotografias.
Eu amo fotografia. A fotografia, antes de tudo, é um testemunho, a evidência de um
momento que não mais se repetirá.

Aquele instante de magia, o brilho daquele olhar, a luz daquela paisagem, a poesia
daquele instante. A poesia que eterniza sentimentos, porque só uma bela imagem pode
traduzir mil palavras. A fotografia e a poesia se entrelaçam como formas de expressões. É
o momento que nunca se desfaz. A memória de um momento traduzida na imagem.
Fotografar é captar o instante e eternizar o momento como numa poesia.
Olhando através das minhas lentes, eu quero descobrir a poesia de cada semblante, adoro
retratar crianças, velhos, adultos, homens e mulheres, descobrindo a poesia de cada um.
Construir um significado e criar para o expectador o desafio da leitura, as sensações,
contar uma história através de uma imagem. A poesia de cada expressão ou da natureza.

Em tudo que você faz, em tudo que voce é, haverá aqueles que dirão que ficou lindo, que
tem a sensibilidade e a afinidade necessária para a interpretação da sua imagem feito
poesia, e haverá, também, aqueles que serão indiferentes e nem assunto darão. Não
importa, o importante é o coração e a sensibilidade de quem elogia. É o que o fotógrafo
busca atingir, porque a poesia está nos olhos do observador. Busque a sua arte, faça a sua
arte, porque como disse Gandhi: “A arte da vida consiste em fazer da vida uma obra de
arte”. Abracos e até a próxima semana.

Arilda Costa

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