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UNIVERSIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO

Estudo das aptidões agrícolas para o


uso dos solos da micro-bacia do
ribeirão da Água Limpa (SP)

Profª. Ms Ana Maria Bortolozzi


Penteado
Elvis M. Christian Ramos
Wellington dos Santos Figueiredo

Bauru/SP
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1998
INTRODUÇÃO

O trabalho agrícola quando não realizado sob técnicas adequadas,


pode ocasionar uma baixa produtividade e aliado a isso, uma série de
conseqüências prejudiciais ao solo. Entretanto, com os avanços
tecnológicos, hoje é possível minimizar tais conseqüências, como a
diminuição da fertilidade, deslizamentos de encostas, assoreamentos em
ribeirões e rios e intensificação de sulcos de erosão no solo (voçorocas).
Ultimamente surge novas técnicas auxiliadoras às atividades
agrícolas como geoprocessamento e sensoriamento remoto. Essas técnicas
permitem melhor avaliação de uso dos solos, informações mais precisas e
seguras para análise ambiental, possibilitando ainda trabalhos de
planejamento e gerenciamento agrícola.
A princípio o estudo de áreas agrícolas focalizando-as em bacias
hidrográficas possibilita maior conhecimento dos agentes edáficos que
ajudam a determinar o uso do solo, a configuração da rede drenagem,
índices de declividade e entre outros elementos ambientais, que uma vez
estudados em sua forma interagida auxilia em uma melhor abordagem das
atividades agrícolas que aí se inserem .
Sabendo-se da importância do melhor aproveitamento agrícola e da
viabilidade da utilização de ferramentas automatizadas para trabalhos
agrícolas, o presente trabalho enfocará o estudo de uso do solo e culturas
apropriadas em uma micro-bacia.
Para o objetivo da pesquisa delineou-se traçar um perfil agrícola da
micro-bacia do ribeirão da Água Limpa, especificando o levantando da
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disposição do solo quanto à sua declividade, características físico-


químicas, uso atual do solo, aptidões agrícolas e uso preferencial.

Características gerais da área de estudo


O médio e baixo curso do ribeirão da micro-bacia do ribeirão da
Água limpa localiza-se entre 22º08’ e 22º12’ de latitude Sul e entre 48º55’
e 48º49’ de longitude Oeste, estando aproximadamente no centro do Estado
de São Paulo. (Figura 1)
A área de estudo faz parte da unidade geomorfológica denominada
planalto ocidental paulista “comportando-se como uma vasta extensão de
chapadões areníticos de vertentes convexas e suaves”
(AB’SABER,1969:01), percebe-se valores altimétricos que variam de
467 a 586 metros da foz à cabaceira da micro-bacia . Visualizando-se o
mapa geológico de São Paulo a micro-bacia está associada a sedimentos do
grupo São Bento.
O clima que abrange a área é do tipo Cwa (tropical de altitude)
designado pelo verão quente e úmido e o inverno seco, de maneira
específica a micro-bacia atinge a temperatura média de 21°C e uma média
pluviométrica de 1.250mm . (NIMER, 1989)
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Micro-bacia do ribeirão da Água Limpa

Figura 1 - Mapa da área de estudo

Materiais
Para a composição e confecção do trabalho utilizou-se os seguintes
materiais:
 Programa SAMPA ( Sistema de Análise Ambiental para Planejamento
Agrícola), versão 2.0; desenvolvidos por pesquisadores da UNESP
(KOFFLER et al, 1995);
 Programa NEOPAINT, versão 1.1, 1992 ;
 Microcomputador Pentium 166 MHz;
 Carta topográfica IBGE, esc. 1:100 000 folha de Arealva,1972;
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 Imagem de satélite (Thematic mapper), LANDSAT-5. 03/09/97 –


Bandas 3/4/5.

Método
Definiu-se a área da micro-bacia, através da carta topográfica da folha
de Arealva, em função das áreas de interflúvio, auxílio dos pontos cotados
e da separação do seu baixos, médio e longo curso, neste caso particular
ficando definida em nossa pesquisa, a área do baixo é médio curso .
Prosseguimos transpondo dados geográficos da área, para uma folha de
papel poliester (papel vegetal); ribeirões afluentes do ribeirão Água Limpa,
estradas principais e núcleo de povoamento.
Para subtrair dados computáveis ao sistema do software , ou seja,
retirar os dados das folhas de mapa para armazenamento de dados, foi
confeccionada em papel vegetal , quadriculações (abordando toda a micro-
bacia definida). Uma nas dimensões 5mm X 5mm, com base nas
coordenadas UTM, o que representa uma faixa de 250m X 250m na carta
topográfica que utilizamos , a segunda folha quadriculada apresenta a
medida de 2,5mm X 2,5mm, esta folha foi usada para retirar dados da carta
de solos na escala de 1 : 100 000, o tamanho dessa folha quadriculada foi a
mesma para se sobrepor a imagem de satélite, cuja a escala é a mesma.
A elaboração da base de dados, iniciou-se sobrepondo o papel
quadriculado específico à carta topográfica. Para obter as variações de
declividade, foi necessário a confecção do ábaco, que funciona como
classificador de declividades; o ábaco escorrega de quadrícula em
quadrícula de toda a área definida, observando a distância de curva de nível
em relação a uma outra adjacente e mediante uma numeração no ábaco que
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inicia-se de 1 à 5, correspondendo de 2 à 45 graus de declividade, que vai


definindo a cada quadrícula seu intervalo de declividade.
A próxima base de dados , iniciou-se retirando as informações
da carta de solos (esc: 1:100.000 ), informações essas, referentes aos tipos
de solo da área pesquisada. O papel quadriculado (2,5mm X 2,5mm) foi
sobreposto à área definida da micro-bacia, e a cada contorno de solo
encontrado designou-se um número, que por sua vez foi inserido ao sistema
de informações SAMPA.
Quanto ao uso atual do solo, utilizou-se o processo semelhante aos
anteriores, assim, aplicamos o papel vegetal quadriculado (2,5mm X
2,5mm) sobre a imagem do satélite, para o trabalho de interpretação
(análise fotointerpretativa; textura, cor, aspectos associados, etc.),
considerando os códigos normatizados pelo SAMPA; 2 = cultura de ciclo
longo, 3 = pastagens, 4 = silvicutura, 5 = outros, e 6 = área urbana.
Posteriormente com o trabalho de interpretação , foram identificados as
quadrículas mediante esses códigos, por fim , foram digitalizados e
entraram no sistema.
A análise pedológica dos solos, foi realizada com base nos aspectos
morfológicos e aspectos físico-químicos. As informações e tipologias dos
solos foram subtraídas da tabela 1:
Características dos solos
SOLOS VA VB CTCA CTBC SAA SAB SS CE PE NI ARGA ARGB RT NA PED
LE1 B B MB MB A A MB MB MA SI MB B M NE MB
LE2 M B M B M A MB MB MA SI B M B NE MB
LE3 MB B A M A M MB MB MA SI A A MB NE MB
LRd B B A B M M MB MB MA SI A A B NE MB
LV B B B MB A MA MB MB MA SI B B B NE MB
TE1 M M M M MB B MB MB A RD A MA B NE MB
TE2 A A M M MB MB MB MB A RD A MA M NE MB
AQ M B MB MB M A MB MB MA SI MB MB MB NE MB
HI M M A A M M MB MB B LF M A MB NE MB
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V: saturação com base; CTC: capacidade de troca catiônica; SA: saturação com
alumínio; SS: saturação com sódio; CE: condutividade elétrica; PE: profundidade
efetiva; NI: natureza de impedimento físico; ARG: teor de argila; RT: razão textural;
NA: natureza das argilas; PED: pedregosidade; MB: muito baixo; B: baixo; M:
moderado; A: alto; MA: muito alto; SI: impedimento à 150 cm ou mais; RD: rocha
dura ou similar; LF: lençol freático; NE: não expansivas; a: horizonte genético A ou à
30 cm; b: horizonte genético B ou 30 à 60 cm.

O que tange a entrada de dados ao sistema, foram observadas as


instruções do manual do usuário. Acessando o menu para digitalização dos
mapas em um sistema alfanumérico, os códigos de cada folha quadriculada
(quadrículas) uma vez digitalizadas, foi dando forma aos mapas, com
informações de tipos de solo , declividade e do uso atual do solo.
Entretanto houve a necessidade de exportação de mapas do SAMPA para o
software NEOPAINT afim de possibilitar a reconversão dos mapas
coloridos, em preto e branco para a impressão dos mapas geridos.
As informações computadas, forneceram classificações quanto a
limitações dos solos, aptidão agrícola, os grupos de aptidão, uso
preferencial e unidades de manejo (grupos de solos com o mesmos tipos de
limitações). Enquanto classificação de aptidão agrícola, o sistema SAMPA
reconhece quatro tipos de uso agrícola:
 Culturas de ciclo curto: tipos de cultura que apresentam um período de
semeação e colheita inferior a seis meses, plantas herbáceas , geralmente
plantas que necessitam de grande quantidade de nutrientes. Além disso,
onde se evidencia essas culturas o solo apresenta-se sob ataque erosivos
(tipo erosão laminar);
 Culturas de ciclo longo: culturas que apresentam período superior a
um ano, podem ser semi-perenes (cana-de-açúcar e a mandioca) e
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perenes (café e fruticultura), esse tipo de cultura geralmente não causa


gradientes erosivos maiores que às de ciclo curto;
 Pastagem: plantas que se adaptam em solos pobres, ácidos e pouco
profundos, suas características de fixação ajudam a proteger os solos da
erosão;
 Silvicultura: culturas florestais para fins econômicos, no caso
específico da área de pesquisa, encontra-se plantações de Pinus e
Eucalyptus, são culturas que se adaptam em solos mais pobres, além de
adaptar-se a declividades acentuadas .
O grau de limitações do solo refere-se a disponibilidade de
nutrientes, toxidês de alumínio, profundidade efetiva, disponibilidade de
água, drenagem interna, suscetibilidade à erosão e mecanização das
operações.
Uso preferencial tem como resultado a indicação de um tipo de uso
do solo (ciclo curto, ciclo longo, pastagem, silvicultura), a partir das
combinações solo x declividade .
As unidades de manejo e grupos de aptidão são agrupamentos onde
se destaca mais de um tipo de uso de solo, caracterizando suas limitações
em boa, regular e inapta.

RESULTADOS

O levantamento dos resultados, implica o conhecimento dos solos da


área, classes de declividade, uso atual do solo, aptidão agrícola, grupos de
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aptidão agrícola, assim como uso preferencial e por último o grau de


intensidade que vem apresentado as terras da área em pesquisa.
Solos da área (Figura 2): constatou-se pela delimitação da área a
existência de solos latossolos vermelho-amarelo (unidades Coqueiro e
Laranja Azeda), latossolos vermelho escuro (unidades Hortolândia e
Limeira) e terras roxas da unidade estruturada, reconhecidas
respectivamente por LV1,LV2,LE2,LE3 e TE1.
Através da geração de dados do SAMPA, constatou-se que os
latossolos escuros estende-se com maior área, em torno de 74.3% o que
equivale a uma área de 5.311 de hectares, por sua vez os latossolos
vermelho-amarelo perfazem uma área de 17.7% e terras roxas a extensão de
apenas 8.2%. Vale dizer que área pesquisada tem um total de 71.564 Km²
ou 71.535 hectares.
Mapa de Solos

Figura 2 - Mapa de solos da micro-bacia do rib. da Água Limpa


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Classes de declividade (tabela 2): cerca de 82.1% da área possui


declividade com intervalo (B, C), invariavelmente todos os tipos de solos
se enquadram com estas classes de declividade.

Tabela 2

Cálculo de área para solo x declividade

Solo Decl. Ocorr. ha %


LV1 A 4 25.000 0.4
LV1 B 26 162.50 2.3
LV1 C 8 50.00 0.7
LV2 A 12 75.00 1.1
LV2 B 74 462.50 6.5
LV2 C 64 400.00 5.6
LV2 D 13 81.25 1.1
LE1 A 41 256.25 3.6
LE1 B 320 2000.00 28.0
LE1 C 185 1156.25 16.2
LE1 D 60 375.00 5.3
LE1 E 1 6.25 0.1
LE3 A 6 37.50 0.5
LE3 B 64 400.00 5.6
LE3 C 119 743.75 10.4
LE3 D 50 312.50 4.4
TE1 A 4 25.00 0.4
TE1 B 32 200.00 2.8
TE1 C 46 287.50 4.0
TE1 D 12 75.00 1.1

Uso atual do solo: Através da análise das imagens de satélite


evidenciou o predomínio da cultivo de cana-de-açúcar, pelos números, foi
confirmado que 97.2% é ocupada por esse tipo de cultura, não obstante as
áreas de vegetação natural são reduzidas a 2 .4%. Na figura 3 , é possível
visualizar o domínio da cana (ciclo longo).
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Mapa do uso atual dos solos

Figura 3 - Mapa do uso atual dos solos da micro-bacia do rib. da Água Limpa

Aptidão agrícola (tabela 3): Com base na tabela, verifica-se que no


caso de culturas de ciclo curto como por exemplo culturas de feijão e
milho, existe aptidão quanto a 55.4% da área, por outro lado as culturas de
ciclo longo, neste caso, o da própria cana, evidencia-se aptidão para 94.7%
da área, isto é, um total de 6.750 hectares com capacidade de
aproveitamento para ciclo longo. Com relação a implantação para
pastagens e silvicultura a micro-bacia permite total aptidão para esse tipo
de aproveitamento.
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Tabela 3
Cálculo de Área por Aptidão Agrícola
Uso Classe Ocorr. ha %
C BOM 36 225.00 3.2
C REGULAR 596 3725.00 52.2
C RESTRITO 509 3181.25 44.6
L BOM 82 512.50 7.2
L REGULAR 998 6237.50 87.5
L RESTRITO 61 381.25 5.3
P BOM 443 2768.75 38.8
P REGULAR 697 4356.25 61.1
P RESTRITO 1 6.25 0.1
S RESTRITO 1 27.688 38.8
S REGULAR 698 4362.50 61.2
S RESTRITO 0 0.00 0.0

Grupos de aptidão (figura 4): são uma forma de reunir as classes de


aptidão em grupos, geralmente em função da aptidão para os quatro tipos
de
usos (ciclo longo, ciclo curto, pastagens e silvicultura).

Mapa de aptidão agrícola


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Figura 4 - Mapa dos grupos de aptidão agrícola da micro-bacia do rib. da Água

De maneira geral, como é observado na pela tabela 4 o grupo VI


(aptidão regular para ciclo longo e restritas e inaptas para culturas de ciclo
curto) tem uma área de maior potencial de aproveitamento na ordem de
39.3% e por sua vez , o grupo VIII que é caracterizado pela possibilidade
restrita de cultivos de ciclo longo, ciclo curto, pastagens e regular para
silvicultura, acha-se com apenas 0.1% do total de grupos de aptidão.
Segue-se a descrição de cada grupo. Entretanto, importa salientar que os
grupos de aptidão fornecem múltiplas escolhas quanto ao tipo de atividade
econômica que se pode adaptar ao solo, esgotando as possibilidades quanto
uma boa, regular ou restrita adaptação edáfica.

Tabela 4
Cálculo de Área para Grupos de Aptidão
Grupo Ocorr. ha %
I 36 225.00 3.2
15

II 46 287.50 4.0
III 361 2256.25 31.6
IV 0 0.00 0.0
V 189 1181.25 16.6
VI 448 2800.00 39.3
VII 60 375.00 5.3
VIII 1 6.25 0.1
IX 0 0.00 0.0
X 0 0.00 0.0

Grupo I ( Terras com aptidão boa para todos os usos agrícolas):


sua área margeia o baixo e médio curso da ribeirão da Água Limpa, inclui-
se nesse grupo, uma parte da extensão do solo terra roxa estruturada. Um
total de área correspondente a 3.2% da micro-bacia, suas terras apresentam
limitações nulas ou ligeiras para aproveitamento econômico.
Grupo II (Terras com aptidão regular para culturas de ciclo
curto e boa para culturas de ciclo longo, pastagem e silvicultura):
Nesse grupo o domínio é de 4% do total de área, ainda aqui inclue-se o solo
terra roxa estruturada, de certa forma a localização desse grupo intercala-se
com o grupo I, destacando como diferença maior, suscetibilidade à erosão e
ao emprego de mecanização.
Grupo III (Terras com aptidão regular para culturas de ciclo
curto e longo e boa para pastagem e silvicultura): 31.6% da área da
micro-bacia é dominado por esse grupo, faz parte dele extensões de
latossolo escuro unidade Dois Córregos, ocorre declividades A e B, possui
limitações ligeiras e fortes quanto a nutrientes nos horizontes e ligeiras a
moderadas quanto a toxidade de alumínios e erodibilidade . Distribuí-se de
maneira descontínua.
Grupos V (Terras com aptidão regular para todos os usos
agrícolas): Latossolos vermelho escuro da unidade Hortolândia apresenta-
se nesse grupo, como se verifica no mapa sua ocorrência segue o ribeirão
Água Limpa distantes dos solos do Grupo I e II sempre pela margem
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direita e esquerda. Possui de moderadas a fortes limitações de nutrientes e


de ligeiras a fortes quanto a toxidade de alumínio, já erodibilidade e
recursos de mecanização é sugestionado pelo SAMPA limitações ligeiras a
moderadas.
Grupo VI (Terras com aptidão regular para cultura de ciclos
longos, pastagem e silvicultura e restrita a inapta para cultura de ciclo
curto): São identificados nesse grupo os seguintes solos: latossolo
vermelho-amarelo unidades Dois Córregos e Hortolândia e terra roxa
estruturada. Possui a maior área de ocorrência porém desigual, cobrindo
uma área de 39.3%, isto é, 2.800 hectares, concentrando-se com maior
intensidade no centro-sul da micro-bacia. Suas limitações agrícolas vão de
ligeira a muito forte quanto a concentração de nutrientes, e de nula a forte
quanto a toxidade de alumínio, e também erodibilidade e emprego de
mecanização agrícola.
Grupo VII (Terras com aptidão regular para pastagem e
silvicultura e restrita e inapta para outros usos agrícolas): Nessa área é
destacado o solo latossolo vermelho-escuro, unidade Dois Córregos. Vai de
ligeira a forte as limitações de nutrientes e ligeira a moderada quanto a
toxidade. O total da área é de 5.3% de sua ocorrência, ainda assim
distribuído de maneira desigual na micro-bacia.
Grupo VIII (Terras com aptidão regular para silvicultura e
restrita a inapta para outros usos agrícolas): É o grupo que possui a
extensão mais reduzida da micro-bacia 0,01%. Nele se concentra o solo
latossolo escuro, limitações de ligeira a moderada quanto a nutrientes nos
horizontes A e B e de moderada limitação de mecanização, no entanto tem
excessivo grau de erosão.
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Uso Preferencial (figura 5): Considera a implantação de atividades


econômicas em áreas agrícolas, tomando em conta a qualidade do solo,
respectivamente parte da recomendação de ciclo curto, ciclo longo,
pastagem e silvicultura. Na tabela 5, é dado o número de hectares e a
porcentagem dos tipos de usos com o máximo de aproveitamento
encontrado na micro-bacia.

Mapa do uso preferencial do solo

NN
N
NN

Tabela 5
Cálculo de Área para uso Preferencial
Uso Ocorr. ha %
C 632 3950.00 55.4
L 448 2800.00 39.3
P 60 375.00 5.3
R 0 0.00 0.0
S 1 6.25 0.1

Destaque-se que mais de 55.4% da área tem uso preferencial para uso
de ciclo curto, ou seja, 3.950 hectares, por sua vez a cultura de ciclo longo
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tem uma área de 39.3% para que se possa subtrair o máximo de


aproveitamento agrícola.
Cálculo de área para intensidade de uso do solo (tabela 6): Aqui
se realiza uma comparação visando qualificar o uso dos solos da micro-bacia,
assim se observa pela tabela 6 que 57% ou um total de 3.981 hectares são
terras subutilizadas não se retirando daí um aproveitamento adequado, 37.2%
está sendo utilizado dentro de um padrão adequado quanto a um real
aproveitamento do solo e 5.5% é superutilizado, o que evidencia uma
intensidade de uso do solo aquém das possibilidades reais da terra utilizada.

Tabela 6
Cálculo de Área para Intensidade de uso do Solo
Uso Ocorr. ha %
Adequado 415 2593.75 37.2
Sub 637 3981.25 57.0
Super 61 381.25 5.5
Urbana 4 25.00 0.4

CONCLUSÃO

A micro-bacia da Água-Limpa apresenta-se quase que totalmente


encoberta pela monocultura da cana-de-açúcar. Por sua vez, as culturas de
ciclo curto, quase inexistem, além de uma reduzida área de vegetação natural.
Verificando a aptidão agrícola, isto é, culturas que se adaptam em boas
ou regulares condições quanto aos tipos de solos e declividade, evidencia-se
que 94% das terras da micro-bacia sugere adaptação para ciclo longo,o que
em parte justifica a cultura de cana-de-açucar, todavia, quanto ao máximo
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aproveitamento e uso mais específico, 55% dessas terras adaptam-se para


culturas de ciclo curto, ainda sob esse critério, o uso preferencial para ciclo
longo se reduz à 39% da área, e ainda sobram aproximadamente 5.5% para
aproveitamento de pastagens, embora este último possua um total de áreas
disjuntas que se fragmentam ao longo da micro-bacia, o que tecnicamente
invalidaria um maior aproveitamento econômico com relação a essa prática.
Também é eduzido pelo SAMPA que 57% do solos da micro-bacia são
subutilizados, isto é, solos que podem não apresentar um máximo de
aproveitamento agrícola. Por outro lado, aproximadamente 37% dessas terras
estão potencializadas a um aproveitamento adequado, podendo se retirar daí
maiores rentabilidade quanto ao solo.
A extensão do cultivo da cana-de-açúcar na micro-bacia da Água-
Limpa insere-se no total de áreas do centro-oeste paulista ocupada por essa
monocultura, uma rotina que vem tornando os espaços dessa região
homogeneizados , por conta da invasão de novos espaços ou por uma
justaposição a outras culturas. Como no mapa de uso atual de solo dessa
micro-bacia, percebe-se residuais áreas de vegetação natural e inexistentes
atividades de outras culturas, pode-se dizer que esse cenário acompanha toda
a região em que compreende-se os solos roxos.
Os resultados apresentados nesta pesquisa ou mesmo em outras dessa
natureza formam um arcabouço no sentido de clarificar e oferecer maiores
recursos aos agricultores, quanto as potencialidades que se descortinam em
seu meio. Não obstante, existem os fatores que não se relacionam a uma
vocação agrícola ou a uma demanda natural, mas tomam parte de um escopo
de decisões quanto as atividades agrícolas invariavelmente dependentes de
macropolíticas agrícolas , causas geográficas ( clima, fluxos de transporte,
20

redes de distribuição, centros estratégicos e de decisões...), fatores sociais,


além dos princípios tecnológicos e técnicos .

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