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1. Introdução
2. Consumo de alimentos
ocorrer quando alguns itens de manejo não são observados com atenção na rotina diária da
fazenda.
O conhecimento na área de formulação e balanceamento de rações para vacas leiteiras
tem evoluído de forma expressiva nas últimas décadas. Ajustes finos na formulação, como a
adequação da ração em proteína degradável e não degradável no rúmen, o balanceamento em
aminoácidos essenciais, o ajuste nas proporções entre carboidratos fibrosos e não fibrosos e o
uso de aditivos nas rações, são práticas que têm permitido aumentar a produtividade dos
animais. Entretanto, todo esse conhecimento pode não ter o efeito positivo esperado em
produção de leite, caso um ou mais fatores do manejo nutricional não recebem a devida atenção
e o consumo da vaca seja afetado negativamente.
Otimizar o consumo da ração de vacas leiteiras tem sido um desafio constante de
produtores de leite, consultores e pesquisadores. Rebanhos com médias de produção
superiores a 14.000 kg de leite vaca/ano já são realidade em sistemas de produção em
confinamento, assim como produções de 6 a 7.000 kg de leite/vaca/ano em sistemas em
pastagens tropicais. Otimizar o consumo da ração é um dos objetivos prioritários nesses
sistemas.
Quando os animais são mantidos em pastagens, apesar da produção menor de leite das
vacas, o desafio em busca da otimização do consumo não é menos importante que nos
sistemas em confinamento. O manejo do sistema solo, planta e animal é extremamente
complexo, com reflexos expressivos no consumo de forragem do animal. O manejo da pastagem
tem impacto marcante no consumo de forragem, não apenas por afetar a qualidade da forragem
colhida, mas também por alterar a estrutura do pasto. A proporção de folhas e hastes, a altura e
a densidade da pastagem interferem com a capacidade de colheita de forragem pelo animal.
Em estudo com vacas em lactação concluído recentemente no Departamento de
Zootecnia da ESALQ/USP, foram comparadas duas estratégias para determinação do intervalo
entre pastejos em capim elefante. Comparou-se o período fixo entre pastejos de 27 dias com o
período variável, determinado pela interceptação de luz da pastagem. No sistema variável o
intervalo entre pastejos variou de 17 a 21 dias nos meses de janeiro e fevereiro. Apesar de
diferença mínima na composição bromatológica das duas pastagens, as vacas do sistema
variável produziram 2,6 kg de leite/vaca/dia a mais que as do sistema fixo. Esta diferença em
produção ocorreu devido ao consumo de pasto maior no sistema variável. Os pastos do sistema
variável foram pastejados com 1,05m em média contra 1,2m no sistema fixo. A estrutura do
pasto do sistema variável, mais baixo e com proporção de hastes e material morto menores,
certamente permitiu consumo maior das vacas que no sistema fixo. A produção de forragem e
consequentemente a lotação dos pastos também foram maiores no sistema variável que no
sistema fixo.
O consumo de alimentos pelos bovinos é controlado por dois mecanismos básicos: a) o
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3.1 Energia
As vacas em lactação têm exigências específicas de energia para sua manutenção,
crescimento, lactação e gestação. A energia pode ser obtida a partir do metablismo dos
carboidratos, dos lipídeos e das proteínas dos alimentos. A principal fonte de energia para os
bovinos, são os carboidratos, seguidos dos lipídeos. As proteínas são fontes caras e
ineficientes de energia para o animal.
A unidade padrão de energia é a caloria, que é difinida como o calor requerido para
elevar a temperatura de 1 grama de água de 16,5 0 para 17,50 C. A caloria é tão pequena que os
nutricionistas trabalham com unidades multiplas de energia como a quilocaloria (Kcal ) que
corresponde a 1.000 calorias ou a megacaloria (Mcal) que corresponde a 1.000 Kcal.
Existem várias medidas de energia, como a energia bruta, energia digestível, energia
metabolizável e energia líquida, discutidas a seguir.
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Energia bruta (EB) é a energia total gerada por um alimento, quando este é totalmente
oxidado a gás carbônico e água em uma câmara de combustão. Parte da energia bruta
consumida pelo animal é digerida e absorvida pelo trato digestivo, enquanto a fração não
digerida é excretada através das fezes. A fração da energia bruta digerida é denominada energia
digestível aparente (ED). Parte da energia digestível é perdida na forma de gases e através da
urina. A diferença entre a energia digestível e estas perdas, é denominada de energia
metabolizável (EM). Durante os processos de fermentação dos alimentos no rúmen, digestão e
absorção nos intestinos, síntese de compostos nos tecidos e síntese e excreção de produtos
não utilizáveis, ocorre produção de calor, chamado de incremento calórico (IC). A EM
descontada do IC resulta na energia líquida (EL). A EL por sua vez pode ser dividida em duas
frações: a energia gasta com o metabolismo basal e atividade voluntária, denominada de energia
líquida de manutenção (ELm) e a energia retida na forma de tecido corporal, leite e tecido fetal,
denominada de energia líquida retida (ELr). Para bovinos leiteiros a ELr é expressa unicamente
como energia líquida de lactação (ELl) uma vez que a eficiêcia de utilização da energia
metabolizável é igual tanto para a produção de leite como para ganho de peso.
Os primeiros sistemas de avaliação de rações para bovinos leiteiros trabalharam
incialmente com o conceito de nutrientes digestíveis totais (NDT) como unidade de energia. O
valor de NDT de um alimento equivale ao valor de energia digestível (ED). Em termos práticos,
o valor de NDT de um alimento seria:
NDT = carboidratos digestíveis + proteínas digestíveis + lipídeos digestíveis * 2,25
O fator 2,25 se deve ao fato dos lipídeos conter 2,25 vezes mais energia que os
carboidratos e proteías.
Todos os sistemas atuais de avaliação de rações para bovinos leiteiros não trazem mais
as exigências energéticas dos animais em NDT, mas sim em energia líquida (de manutenção e
de lactação).
3.1.1. Carboidratos
Vacas em lactação têm exigência alta por glicose. O principal componente do letie, a
lactose é sintetizada a partir de glicose e galactose. Entretanto, a principal fonte de glicose para
a vaca leiteira é o amido, que é na sua maioria fermentado no rúmen com produção de AGV.
Assim sendo, a quantidade de glicose absorvida no intestino delgado é insuficiente para suprir
as exigências de vacas em lactação. A quase totalidade da glicose utilizada pelas vacas leiteiras
vem do processo de gliconeogênse hepática. O fígado utiliza o ácido propiônico e o ácido lático
produzidos no rúmen e parte dos aminoácidos abosrvidos pelo intestino delgado, para sintetizar
glicose, que é liberada para os demais tecidos do animal.
O metabolismo de AGV e glicose (glicólise, ciclo de Krebs e cadeia respiratória) nos
diferentes tecidos do animal, geram energia (ATP) necessária para suprir as exigências de
manutenção e produção do animal.
3.1.2. Lipídeos
O termo lipídeo engloba diversos compostos heterogêneos que incluem gorduras, óleos,
ceras e diversos compostos relacionados. As gorduras verdadeiras são as que têm valor
nutricional real para os bovinos. Elas são compostas basicamente por ácidos graxos. O extrato
etéreo obtido na análise bromatológica não inclue apenas ácidos graxos, mas outros compostos
como ceras, clorofila, etc, sem valor nutricional. Portanto, não apenas o teor de extrato etéreo é
importante, mas também a sua composição.
A principal função de se fornecer lipídeos para bovinos é que eles são ricos em energia.
As forragens de modo geral contêm teores baixos de extrato etéreo, entre 1 a 4%,
sendo que os ácidos graxos representam menos de 50% deste. Os grãos de cereais,
subprodutos destes grãos e os suplementos protéicos normalmente contêm teores baixos a
moderados de extrato etéreo. Alimentos ricos em extrato etéreo são as sementes de
oleaginosas como os grãos de soja e o caroço de algodão, dentre outros. Nestes ingredientes o
extrato etéreo é composto basicamente por ácidos graxos (90% ou mais).
Nos alimentos são encontrados ácidos graxos saturados e os insaturados. A gordura
animal é rica em ácidos graxos saturados enquanto a vegetal é rica em ácidos graxos
insaturados.
Cada grama de ácidos graxos contem 2,25 vezes mais energia que a mesma
quantidade de carboidratos ou proteínas. Daí o interesse por este gurpo de nutrientes na
alimentação de vacas leiteiras.
Nos alimentos, os ácidos graxos normalmente estão esterificados com outors compostos
formando os fosfolipídeos, triglicerídeos, etc. Os triglicerídeos são os lipídeos mais abundantes
nas oleaginosas como soja e caroço de algodão. Os triglicerídeos são compostos por 3
moléculas de ácidos graxos esterificadas a uma mólecula de glicerol. No rúmen estes lipídeos
são hidrolisados pelos microrganismos. A hidrólise de um triglicerídeo separa as moléculas de
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ácidos graxos da molécula de glicerol. Esses ácidos graxos são agora chamdos de ácidos
graxos livres no rúmen. Estes ácidos graxos, na sua maioria insaturados, vão ser agora
saturados pelos microrganismos ruminais. Os microrganismos ruminais incorporam pequenas
quantidades dos ácidos graxos em suas células, mas não conseguem obter energia destes
compostos.
Os ácidos graxos chegam ao intestino delgado, onde serão absorvidos e transportados
para os tecidos do animal através do sistema linfático. Os ácidos graxos poderão ser oxidados
nos mais diversos tecidos do animal gerando energia (ATP). Também são utilizados para a
compor a gordura do leite, além de uma série de outras funções no organismo do animal.
Quando em excesso, são armazenados no tecido adiposo, formando reservas de energia para o
animal.
As rações normalmente consumidas pelos bovinos têm entre 2 a 3% de extrato etéreo.
Entretanto, vacas leiteiras respondem em produção de leite a teores mais altos de extrato etéreo
da ração. Esse aumento tem que ser feito de forma criteriosa. A principal forma de aumentar a
densidade energética da ração com a adição de gordura é através da inclusão de oleaginosas na
ração, como o caroço de algodão ou a soja grão. Como essas fontes contêm 18 a 20% de
extrato etéreo, a adição de 10% dessas oleaginosas na ração, aumenta em aproximadamente 2
unidades percentuais o teor extrato etéreo da ração. Com isso os valores totais ficam entre 4 a
5% de extrato etéreo na matéria seca da ração.
A recomendação geral é não ultrapassar 6% de extrato etéreo na ração com a adição de
fontes de gordura insaturada, com é o caso das sementes de oleaginosas. A gordura insaturada
quando em excesso na ração, prejudica a ação das bactérias que fermentam fibra no rúmen.
Nesse caso também muitas moléculas de ácidos graxos passam para o intestino sem sofrerem
o processo completo de saturação no rúmen. Os resultados podem ser, queda no consumo de
ração, queda na produção de leite e queda no teor de gordura do leite.
Na prática, a inclusão de caroço de algodão acima de 17% da matéria seca da ração
total consumida por vacas leiteiras, tem prejudicado o desempenho destes animais. No caso de
uma vaca de 500 kg de peso vivo, com produção de 20 kg de leite/dia e consumo de MS de 16
kg/dia, a dose máxima de caroço de algodão recomendada seria de 2,70 kg de MS. Como o
caroço tem em média 90% de MS, a dose máxima seria de 3,00 kg de matéria natural do
produto (2,7/0,9).
4. Proteínas
4.1. Introdução
Os conceitos sobre nutrição protéica de ruminantes têm evoluído de forma considerável
nas últimas duas décadas.
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essenciais (AANE). Os AAE não são sintetizados pelo organismo do animal, ou são sintetizados
(Arg e His) em quantidades insuficientes para suprir as exigências dos animais. Portanto, eles
têm que ser supridos na ração.
Dos 20 AA, 10 são considerados AAE tanto para ruminantes como para não ruminantes:
ariginina (Arg), histidina (His), isoleucina (Ile), leucina (Leu), lisina (Lis), metionina (Met),
fenilalanina (Phe), treonina (Thr), triptofano (Trp) e valina (Val). Os AANE são aqueles que
podem ser sintetizados pelo tecido animal a partir de metabólitos do metabolismo intermediário e
de grupamentos amino provenientes do excesso de AA. Podem ser sintetizados a partir de
outros AANE ou mesmo de AAE, quando necessário. São eles: alanina, ácido aspartico,
asparagina, cisteína, ácido glutâmico, glutamina, glicina, prolina, serina e tirosina.
Os AA são requeridos pelo organismo principalmente para a síntese de proteínas, mas
podem também ser utilizados para a síntese de outros metabólitos como glicose por exemplo.
Quando o AA não é utilizado para a síntese de proteínas ou de outro AA, o seu grupamento
amino (NH3+) é convertido em uréia (ciclo da uréia) e excretado.
O teor de AAE e a proporção entre esses AA na proteína metabolizável no intestino,
determinam a eficiência de utilização dessa proteína pelo ruminante. Quando a proteína
metabolizável é de alta qualidade (rica e com perfil adequado em AAE), o teor de proteína bruta
da ração pode ser reduzido, a eficiência de utilização da proteína metabolizável é otimizada, a
excreção de uréia e de outros compostos nitrogenados é reduzida e o desempenho animal é
maximizado.
A proteína bruta (PB) contida nos alimentos consumidos por ruminantes, calculada como
N x 6,25 (assume teor de N na proteína de 16%), contêm N na forma protéica (AA unidos
através de ligações peptídicas que formam uma molécula de proteína) e N na forma não protéica
(NNP), representado por AA livres, peptídeos, ácidos nucléicos, amidas, aminas e amônia. A
proteína bruta das gramíneas e leguminosas forrageiras contém uma porcentagem considerável
de NNP. Este valor aumenta substancialmente quando essas forrageiras são conservadas na
forma de feno ou silagem devido à proteólise durante a secagem e ensilagem. Os teores de
NNP na PB em geral variam de 10 a 40% no material fresco, e de 30 a 65% no material
ensilado. Doses crescentes de fertilizantes nitrogenados aumentam o teor de PB da forragem,
sendo a fração NNP da PB a que mais aumenta. Nos alimentos concentrados, os teores de NNP
na PB são normalmente inferiores a 12%.
A proteína bruta contida nos alimentos dos ruminantes é composta por uma fração
degradável no rúmen (PDR) e uma fração não degradável no rúmen (PNDR). A degradação de
proteína no rúmen ocorre através da ação de enzimas (proteases, peptidases e deaminases)
secretadas pelos microrganismos ruminais. Esses microrganismos degradam a fração PDR da
PB até peptídeos, AA e amônia. Os microrganismos então utilizam esses 3 compostos
nitrogenados para a síntese de proteína microbiana e multiplicação celular. Quando a velocidade
de degradação ruminal da proteína excede a velocidade de utilização dos compostos
nitrogenados para a síntese microbiana, ocorre excesso de amônia no rúmen. Esta amônia
atravessa a parede ruminal, chega ao fígado onde é convertida em uréia e pode ser excretada
via urina ou reciclada de volta para o rúmen.
De acordo com o NRC (2001) são necessários 1,18 kg de PDR para cada kg de proteína
microbiana produzida no rúmen. Caso esta quantidade de PDR não seja suprida, o NRC (2001)
adota a seguinte fórmula para o cálculo da Pmic:
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As fontes de proteína que chegam ao intestino dos ruminantes são a Pmic, a PNDR e a
proteína endógena. A mistura de AA provenientes da digestão dessas fontes é denominada
proteína metabolizável (PM).
O processo de digestão da proteína no abomaso e intestino dos ruminantes é muito
parecido com o processo em não ruminantes, exceto pela neutralização lenta da acidez da
digesta duodenal. A digestão da proteína que deixa o rúmen tem início com a ação da pepsina
no abomaso, ação essa prolongada no duodeno, pela neutralização lenta da digesta nesse
compartimento. Entretanto, a maior parte da digestão ocorre no jejuno médio e no íleo médio.
No jejuno médio as enzimas tripsina, quimotripsina e carboxipetidases secretadas pelo
pâncreas, apresentam atividade máxima. No íleo médio ocorre o pico da atividade das
aminopeptidases e dipeptidases secretadas pelo intestino.
A pepsina age sobre as moléculas de proteínas e produz peptídeos no geral. Tripsina e
quimotripsina agem sobre proteínas e peptídeos e produzem polipeptídeos e dipeptídeos.
Carboxipeptidases agem sobre polipeptídeos e produzem pequenos peptídeos e AA livres. As
aminopeptidases agem sobre polipeptídeos e produzem pequenos peptídeos e AA livres,
enquanto as dipeptidases transformam dipeptídeos em AA livres.
exclusivamente com silagem de milho ou sorgo, o teor baixo de proteína destes alimentos limita
a produção a patamares inferiores ao das pastagens tropicais. No caso da cana-de-açúcar as
limitações em proteína são tão severas que não permitem sequer a manutenção do animal.
O uso de alimentos concentrados tem por objetivo suprir as deficiências nutricionais das
forrageiras e perimitir produções elevadas das vacas leiteiras. Os concentrados são na grande
maioria compostos por suplementos energéticos, suplementos protéicos e suplementos minerais
e vitamínicos.
Tanto os suplementos energéticos quanto os protéicos, contêm energia e proteína, com
raras excessões. Os suplementos energéticos são assim chamados por conterem teores altos
de energia e teores baixos de proteína. Por outro lado, os suplementos protéicos contêm teores
elevados de proteína, podendo também ser ricos em energia.
Os concentrados para vacas leiteiras devem conter núcleo mineral na sua composição.
A formulação do núcleo mineral vai depender da exigência do animal e da composição mineral
dos alimentos consumidos pelo bovino.
Pastagens são ricas em vitaminas A, D e E, não havendo a necessidade de
suplementar os animais. Entretanto, forragens conservadas na forma de silagem ou feno,
perdem quantidades grandes dessas vitaminas, principalmente de vitamina A, sendo
recomendado suprir essas vitaminas no concentrado.
Na tabela 2 pode-se observar que a medida que a lactação da vaca avançou no tempo e
a produção de leite foi sendo reduzida, foram feitas altereações na ração total. Tanto os teores
de energia como os teores de proteína bruta foram reduzidos na ração. A concentração de
proteína degradável no rúmen foi muito pouco alterada. Já a concentração de PNDR foi reduzida
de 5,3 para 4,5%, uma vez que a exigência da vaca em proteína metabolizável diminuiu, mas
não a exigência do rúmen em PDR. Na prática isto significou redução no teor de farelo de soja e
aumento no teor de uréia na ração com o avançar da lactação.
ração são pasto de alta qualidade, polpa cítrica, farelo de soja e mistura mineral.
De acordo com o programa, o consumo de MS esperado é de 16,78 kg/dia. As
exigências para manutenção e produção de leite são de 11,91 kg de NDT e de 2,56 kg de PB.
Suponhamos que a dose fornecida de concentrado seja de 1 kg de matéria natural de
concentrado por kg de leite. Portanto, 25 kg de leite divididos por 3 resulta na dose de 8,3 kg de
matéria natural de concentrado por vaca/dia. O teor de MS do concentrado é de 90%, portanto
serão necessários 7,47 kg de MS de concentrado (8,3 x 0,9).
O consumo total predito pelo programa é de 16,78 kg de MS. Assim o animal terá que
ingerir 9,31 kg de MS de pasto. Esta ingestão de pasto fornecerá 6,05 kg de NDT (9,31 x 0,65) e
1,49 kg de PB (9,31 x 0,16).
Portanto o concentrado terá que fornecer 5,86 kg de NDT (11,91 – 6,05) e 1,07 kg de
PB (2,56 – 1,49).
Para fazermos o cálculo do concentrado em matéria natural, teremos que incluir os 5,86
kg de NDT e 1,07 kg de PB nos 8,3 kg de concentrado que a vaca irá consumir. Isto é, teremos
que formular um concentrado com 70,6% de NDT e 12,9% de PB na matéria natural. Vamos
arredondar os valores para 71% de NDT e 13% de PB.
Para formular o concentrado com 13% de PB com os ingredientes polpa cítrica e farelo
de soja pode-se utilizar o quadrado de Pearson, da seguinte maneira:
O teor de PB do milho moído na MS é 9,4%. Para calcular o teor de PB na matéria
natural, basta multiplicarmos 9,4 pelo teor de MS do milho:
9,4 x 0,88 = 8,27% de PB na matéria natural
O mesmo é feito para o farelo de soja:
50 x 0,88 = 44 % de PB na matéria natural
Para facilidade de cálculo vamos arredondar os valores para 8% de PB na matéria
natural do milho. Agora monta-se o quadrado de Pearson:
Milho: 8% de PB 31
13% de PB
F. soja: 44% de PB 5
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Para incluir 5 kg de núcleo mineral nos 100 kg de ração e manter o teor de 13%
de PB na mistura, será necessário fazer o seguinte ajuste:
Após todos estes cálculos fica claro que não faz sentido abrir mão da utilização
de um programa informatizado de formulação de ração.
Na coluna do meio, constará o item Cabeçalho (header text) e rodapé (footer text):
Escolha a seu critério como gostaria que saísse o impresso dos relatórios. Sugestão:
left( long date); center (simulation fale name); right (page number)
d) Clique em "production":
e) Clique em "Management/Environment"
FEEDS
Concluídas todas estas etapas clique na janela RATION para formular a ração.
g) RATION
h) REPORT
Ao clicar esta janela você encontrará os relatórios que podem ser visualizados ou
impressos.
5. SIMULAÇÃO
Vamos agora utilizar o NRC (2001) para formular dietas para uma vaca leiteira.
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Grazing
Distance: 200 m
One way trips: 4
Flat
Escolha os alimentos:
NDF: 60
27
CP: 13
Lignin: 3
RAÇÃO 1
Isto significa que a ração é capaz de suprir Energia Líquida de lactação (Nel) para a
produção de 23,3 kg de leite. Há sobra de energia, uma vez que a vaca está produzindo 20 kg.
Isto é recomendável uma vez que aos 150 dias de lactação esta vaca deverá estar ganhando
condição corporal. Entretanto, o ganho de 0,4kg/d mostrado no SUMARY REPORT, está um
pouco acima do ideal, exigindo que se monitore a condição corporal da vaca para evitar vacas
obesas na secagem.
Uma unidade de condição corporal corresponde à aproximadamente 80 kg de peso vivo. O
objetivo é que a vaca chegue no momento da secagem, aos 305 dias de lactação (12 meses de
intervalo entre partos) com condição corporal 3,5. Portanto, esta vaca deveria ganhar 0,5 (3,5 –
3,0) unidades, ou seja, 40 kg de peso vivo (0,5 x 80) nos 155 dias restantes de sua lactação. Isto
significa 40/155 = 0,258 kg/d.
Sendo conservador, uma vez que a qualidade do pasto pode variar ou a vaca pode estar
consumindo menos pasto que o previsto por causa de estresse térmico ou outros fatores, seria
prudente manter esta sobra de energia (0,4 kg/d), desde que a condição corporal do animal seja
monitorada regularmente.
Observe que há proteína metabolizável suficiente para apenas 14,5 kg de leite/d, quando o
objetivo é atingir 20 kg de leite. Recordando, a proteína metabolizável é representada pelos
aminoácidos provenientes da digestão intestinal da proteína microbiana, PNDR e proteína
endógena. Portanto, o primeiro passo para aumentar a disponibilidade de proteína metabolizável
para a vaca é tentar aumentar a síntese microbiana no rúmen.
Observe que na parte inferior do quadro RATION RESULTS está escrito em negrito que
há falta de PDR. Olhe no RATION RESULTS que há um balanço negativo de 357g. Isto significa
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que a síntese microbiana está sendo limitada no por falta de PDR. A forma mais barata de tentar
suprir esta deficiência é através da adição de uréia. Uma deficiência do programa é que o NRC
(2001) considera PDR como uma entidade única, desconsiderando que na realidade ela é
composta por peptídeos, aminoácidos e amônia. Vale lembrar que a adição de uréia adiciona
apenas amônia ao fluido ruminal e, portanto, a resposta em produção de leite sugerida pelo
programa pode não ser obtida na íntegra na prática.
Na tentativa de suprir a deficiência de PDR adicione 0,15 kg de uréia e retire os
correspondentes 0,15 kg de milho, mantendo o consumo total em 17,4kg de MS. Observe que
continua sobrando energia (suficiente para 23,1 kg de leite) e que agora há proteína
metabolizável para 19,2kg de leite. Este aumento na disponibilidade de proteína metabolizável
ocorreu devido a uma maior síntese de proteína microbiana, que pode ser constatada checando
o SUMARY REPORT. Houve um aumento na proteína metabolizável proveniente de bactérias
(MP-Bacterial =939 g/d contra 751g/d antes da adição de uréia).
Observe também que o balanço de PDR mostra uma sobra de 68 g, valor este adequado.
Apesar do aumento em produção de leite, ainda não foi possível fazer a vaca produzir os
desejados 20 kg/d, por falta de proteína metabolizável, que ainda apresenta um balanço
negativo de – 51g/d.
Há duas formas de surprir esta proteína metabolizável:
a) A primeira alternativa é suprir mais milho, mais ureía e menos pasto, a fim de
aumentar o NDT e a PDR da dieta e estimular uma maior síntese de proteína
microbiana. Lembre-se que a produção de proteína microbiana é computada pelo NRC
(2001) como: kg de NDT ajustado * 0,13
b) A Segunda alternativa é suprir um pouco de farelo de soja, a fim de aumentar o
suprimento de PNDR para o intestino. Forneça 4,5 kg de miho, 0,5 kg de farelo de
soja, 0,1 kg de uréia, 0,3 kg de mineral e 12 kg de pasto. Observe que continua
havendo sobra de energia e que houve aumento na disponibilidade de proteína
metabolizável, agora suficiente para produzir 20,5 kg de leite/d.