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Dilma rompe laços do Brasil com o regime do

Irã
Juan Arias
No Rio de Janeiro

O ex-presidente Lula conversa com a presidente Dilma Rousseff

Em um discurso aplaudido de pé no Rio Grande do Sul, diante de sobreviventes do


Holocausto judeu nas mãos dos nazistas, a presidente brasileira, Dilma Rousseff,
surpreendeu na noite de quinta-feira por sua enérgica defesa dos direitos humanos por
parte de seu país em todo o mundo: "Meu governo será um incansável defensor da
igualdade e dos direitos humanos em qualquer parte do mundo", disse. "Nós não somos
um povo que odeia, nem um povo que respeita o ódio, por isso o Brasil tem uma posição
histórica que nos orgulha".
O discurso da presidente diante da influente Confederação Israelita do Brasil (Conib) foi
interpretado como uma clara mudança na política externa brasileira em relação ao Irã,
depois de dois fortes laços forjados pelo ex-presidente Lula, sobretudo em seu segundo
mandato, com o presidente Mahmoud Ahmadinejad. O regime islâmico de Teerã executa
homossexuais e condena à morte mulheres por adultério - como é o caso de Sakineh
Ashtiani - e também nega o Holocausto.
Talvez por isso, durante a cerimônia, o presidente da Conib, o oftalmologista Claudio
Lottenberg, comentou a mudança da política brasileira em relação ao Irã. Ainda
distinguindo que os ataques a Israel são do presidente, e não da população iraniana em
seu conjunto, Lottenberg mostrou-se feliz "ao saber que a presidente Dilma Rousseff tem
hoje uma posição diferente da mantida pelo presidente Lula no passado".
Na primeira entrevista que Rousseff deu depois de assumir o cargo, em 1º de janeiro, para
um veículo da mídia americana, no caso o jornal "The Washington Post", a presidente já
revelou uma mudança de posição sobre o Irã. Para Rousseff, a população do Brasil "é
integrada por valores que respeitam dois grandes princípios: a paz e a conciliação". E,
falando na cerimônia do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto,
Rousseff lembrou que o mundo "ignorou na época da Segunda Guerra Mundial os sinais
do avanço da barbárie antes da ascensão do nazismo" e que o Holocausto inaugurou uma
época de "violência industrializada" e de "tortura científica".
Diante da presença dos sobreviventes do Holocausto Max Schanzer e Sara Perelmuter, de
87 anos, Rousseff lembrou que durante séculos o povo judeu manteve sua pátria através
de seus intelectuais, seus livros, sua cultura, religião e vida familiar, até conquistar sua
pátria física. "Um direito que não pode ser negado a nenhum povo", afirmou.
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

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