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O SIGNIFICADO DO FANTÁSTICO

Devemos nos voltar antes de tudo para uma tentativa de esmiuçar o

significado do fantástico, maravilhoso e outros nomes. Para Tzvetan Todorov,

este gênero específico (mas de difícil definição) está calcado no sentimento de

incerteza. As incertezas são múltiplas, então faremos múltiplos também os

exemplos utilizados para definirmos alguns dos mais presentes subgêneros da

literatura fantástica.

1.1 - O Sobrenatural

Talvez a maior fonte de alimento para a literatura desde o início dos tempos, o

sobrenatural em muitas vezes esteve ligado a crenças metafísicas dominantes

de um certo período e local (Epopéias gregas, literatura egípcia faraônica, o

antigo testamento) ou também em lendas em folclores que não estão

fortemente conectados com algum fenômeno de ordem religiosa (As Mil e Uma

noites como o maior exemplo). Podemos dizer que os exemplos acima foram

os fundadores de boa parte ( para evitar a audácia de dizer de toda) dos temas

utilizados nos milênios seguintes.

Usaremos como exemplo a figura do demônio. Como figura antagônica da

benevolência do poder divino, sua presença nunca se extinguiu do imaginário

literário. De Goethe à Poe, de Tchekov à Kipling. Seja em pactos, descidas ao


inferno ou assumindo diferentes formas, este é um exemplo de personagem

que carrega em si um tema que nunca se extingue que por vir de uma fonte

metafísica/religiosa, possui um enorme poder como signo.

1.2 – O Sonho

Experiência essencial no decorrer da vida humana, o sonho é acessível a todos

e nos fornece o mais eficiente dos escapes à realidade. Nenhuma forma de

interação empírica pode superá-lo. Por se tratar de um terreno que não

obedece as leis espaço/tempo em qual nos prendemos ao continuo devir de

nossa existência, obviamente a literatura sugou o que pode deste fenômeno

natural e humano.

Como exemplo, utilizaremos o incrível conto “ O Sonho infinito de Pao Yu” de

Tsue Hsue King, compilado em “O livro dos sonhos” de Jorge Luis Borges. O

Jogo de espelhos criado a partir de situações em que não sabemos se o que é

narrado é sonho ou realidade, faz surtir um efeito que escapa para um gênero

vizinho do fantástico; O estranho ou o maravilhoso.

A ambigüidade se mantém até o fim: Realidade ou sonho? Verdade ou ilusão.

Machado de Assis em seu conto “ Uns Braços” emula um diálogo

sonho/realidade em que a nem o personagem nem o leitor pode dizer com

firmeza se o que se passou realmente aconteceu no plano real.


Para clarear um pouco este tipo de construção narrativa, podemos utilazr um

estudo feito por Witold Ostrowski, analisando o seguinte esquema:

Personagens

1 2 5 6

Matéria + Consciência Em ação regida por Casualidade

Mundo dos objetos

3 4 e/ou 8

Matéria + Espaço 7 No Tempo

Objetivos

Os temas do fantástico se definem como sendo, cada um, , a transgressão de

um ou vários outros dos oito elementos constitutivos deste esquema.

Temoas aí uma tentativa de sistematização a um nível abstrati, não mais um

catálogo ao nível das imagens.

É difícil entretanto admitir um tal esquema por causa,vê se imediatamente, do

caráter a priori ( e alem do mais não literário) das categorias que aí se

consideram descrever textos literários.

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