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Católica de
Brasília
PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
Relações
Internacionais
ESTADO, CAPITALISMO E COOPERAÇÃO
INTERNACIONAL NO PROCESSO DE REVERSÃO DO
AQUECIMENTO GLOBAL
BRASÍLIA 2008
PRISCILLA LUZ OTONI
Brasília
2008
Monografia de autoria de Priscilla Luz Otoni, intitulada “ESTADO,
CAPITALISMO E COOPERAÇÃO INTERNACIONAL NO PROCESSO DE
REVERSÃO DO AQUECIMENTO GLOBAL”, apresentada como requisito parcial
para obtenção do grau de bacharel em Relações Internacionais da Universidade
Católica de Brasília, em 12 de novembro de 2008, pela banca examinadora
constituída por:
Brasília
2008
Dedico esta monografia ao meu pai, Otoniel
Otoni, orientador integral da minha vida e do
meu curso superior, sempre presente ao meu
lado em todos os momentos dessa longa
trajetória, crescendo junto comigo como
internacionalista, mas, acima de tudo, como
ser humano.
AGRADECIMENTO
Agradeço aos meus pais, pelo apoio e paciência, ao Professor Mestre José Romero
Pereira Junior, pela presença assídua, indispensável e enriquecedora no meu último ano
acadêmico, ao Professor Doutor Rodrigo Pires de Campos, por sua estimulante contribuição à
minha formação acadêmica, e a Deus, que me guiou e me deu forças para continuar, mesmo
nos momentos mais difíceis.
“Eu tenho um sonho [...]”
(Martin Luter King)
RESUMO
This study presents a diagnosis of the present climate of the planet and explores the causal
relationship between the dynamics of the functioning of capitalism and global warming
and its adverse effects on civilization, for the balance of the climate system and to maintain
biodiversity. Within this context, examines the role of the state in the globalized capitalist
world and notes the need for state strengthening, to meet the new challenges of society,
associated with the severity of the climate crisis. Furthermore, it identifies the threat posed
by the rise of temperature of the planet as motivating the search for joint solutions to
environmental problems. In this sense, considers it essential to influence the collective
consciousness in the reversal of the scale of power between the State and Capitalism and
international cooperation in the miigation of global warming.
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................12
1.1 O PROBLEMA E SUA IMPORTÂNCIA .....................................................................12
1.2 HIPÓTESE .....................................................................................................................17
1.3 OBJETIVOS...................................................................................................................17
1.3.1 Objetivo Geral .........................................................................................................17
1.3.2 Objetivos Específicos ..............................................................................................17
1.4 METODOLOGIA...........................................................................................................18
2 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................................20
2.1 Marco Teórico ................................................................................................................20
2.1.1 Pluralismo................................................................................................................21
2.1.4 Globalismo ..............................................................................................................25
2.1.5 Desenvolvimento Sustentável..................................................................................26
3 DIAGNÓSTICO DO AQUECIMENTO GLOBAL............................................................28
3.1 O MUNDO SOB UMA NOVA REALIDADE GLOBAL – A DISSEMINAÇÃO DO
PROBLEMA ..................................................................................................................28
3.2 CÉTICOS X APOCALÍPTICOS - ANÁLISE DAS CORRENTES CIENTÍFICAS E
AS EVIDÊNCIAS DO AQUECIMENTO GLOBAL ...................................................31
3.3 A ORIGEM – REVOLUÇÃO INDUSTRIAL, CAPITALISMO E MEIO
AMBIENTE ...................................................................................................................37
3.4 INTENSIFICAÇÃO DA CRISE AMBIENTAL E PROJEÇÕES CLIMÁTICAS PARA
O SÉCULO XXI ............................................................................................................40
4 O PAPEL DO ESTADO NO MUNDO CAPITALISTA GLOBALIZADO –
NECESSIDADE DE AJUSTES ...........................................................................................45
4.1 A REDUÇÃO DO ESTADO E A EXPANSÃO DO CAPITALISMO .........................45
4.2 PRÁTICAS ANTROPOGÊNICAS INDUTORAS DO AQUECIMENTO GLOBAL .48
5 A MITIGAÇÃO DO AQUECIMENTO GLOBAL VIA COOPERAÇÃO
INTERNACIONAL ..............................................................................................................57
5.1 O CAMINHO PARA A SOLUÇÃO – INICIATIVAS DE REVERSÃO .....................57
5.1.1 A Fundamental Consciência Coletiva .....................................................................65
6 CONCLUSÃO ......................................................................................................................70
7 RECOMENDAÇÕES ...........................................................................................................76
REFERÊNCIAS.......................................................................................................................77
12
1 INTRODUÇÃO
1
A Convenção Quadro das Nações Unidas para Mudança do Clima e o Protocolo de Quioto são os
principais instrumentos do Regime Internacional de Mudanças Climáticas, cujo objetivo principal se
sustenta na estabilização das concentrações de gases estufa na atmosfera e na necessidade de
transformar os modelos de desenvolvimento vigentes, em consonância com a conservação e
proteção dos ecossistemas do planeta. O Protocolo é um desdobramento da Convenção, aprovado
em 1997 na cidade de Quioto, no Japão. O acordo estabelece metas de redução na emissão de
gases causadores do efeito estufa em pelo menos 5,2% em relação aos níveis apresentados em
1990 (REGIME INTERNACIONAL DE MUDANÇA DO CLIMA, 1992; PROTOCOLO DE QUIOTO,
1997).
14
1.2 HIPÓTESE
1.3 OBJETIVOS
1.4 METODOLOGIA
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1.1 Pluralismo
2.1.4 Globalismo
2
Diagnósticos técnicos fundamentados em relatório do IPCC.
3
O termo antropogênico está associado essencialmente a atividades humanas.
29
Conodontes e
Cambriana 488 ma Glaciação
Equinodermos
Braquiópodes,
Ordovícico 444 ma Crinóides e Glaciação
Equinóides
Devônico
360 ma Placodermos Meteoros
Superior
Formação da
Permo- Trilobites e 96% dos
251 ma Pangéia e dos
Triássica gêneros marinhos
Oceanos
K-T 65,5 ma Dinossauros Asteróide
ma = milhões de anos
Tabela 1 – Algumas Extinções em Massa
Fonte: Discovery Channel, 2007
32
Faixa natural
Concentração pré
Gases últimos 650 mil Concentração 2005
Revolução Industrial
anos
Dióxido de
180 a 300 ppm 280 ppm 379 ppm
carbono (CO2)
Óxido nitroso
270 ppb 319 ppb
(N2O)
ppm- partes por milhão
6
ppb - partes por bilhão
Tabela 2- Evolução da Concentração de Gases de Efeito Estufa no Planeta
Fonte: IPCC (2007).
6
ppm (partes por milhão) ou ppb (partes por bilhão, 1 bilhão = 1.000 milhões) é a razão do número de
moléculas de gases de efeito estufa em relação ao número total de moléculas de ar seco. Por
exemplo, 300 ppm significam 300 moléculas de um gás de efeito estufa por milhão de moléculas de
ar seco (IPCC, 2007).
33
7
Um testemunho do gelo é uma amostra da acumulação de neve e gelo durante diversos anos que recristalizou e
aprisionou bolhas de ar de vários períodos diferentes. A composição destes testemunhos, especialmente a
presença de isótopos de hidrogênio e oxigênio, e também dos gases dióxido de carbono e metano, permite
investigar as variações climáticas com o tempo (OLIVEIRA, 2008).
34
8
O fordismo, idealizado pelo empresário Henry Ford, é um modelo rígido de produção em massa e
teve seu ápice no período posterior à Segunda Guerra Mundial. Teve como objetivo produzir com
maior eficiência e menor custo (MAIA, 2002). Esse modelo entrou em declínio em 1970, com a
desregulamentação do capitalismo, e cedeu lugar ao pós-fordismo (HAESBAERT, 2001).
38
9
No pós fordismo são criadas estratégias de flexibilização do circuito produtivo, por meio da difusão
de subcontratações, de empregos temporários e de terceirização. Essa prática enfraquece o
movimento trabalhista e incorpora inovações tecnológicas transformadoras dos processos
produtivos (HAESBAERT, 2001).
39
10
Conciliar as práticas perversas do capitalismo à preservação ambiental é o grande desafio ao qual
a humanidade está exposta. A proposta do presente estudo é que essa conciliação aconteça por
meio de ações estatais acertadas, de forma a induzir o capitalismo a uma nova fase, mediante
regulamentações e regras específicas. Esse assunto será abordado detalhadamente na próxima
seção desse trabalho.
40
11
Os satélites geoestacionários são satélites que se encontram parados relativamente a um
ponto fixo sobre a Terra, geralmente sobre a linha do equador (OLIVEIRA, 2008).
42
12
A Paleoclimatologia realiza reconstrução do clima do passado, utilizando dados instrumentais e de
indicadores indiretos (OLIVEIRA, 2008).
44
13
Bioma: conjunto de vida, vegetal e animal, especificado pelo agrupamento de tipos de
vegetação e identificável em escala regional, com condições geográficas e de clima similares
e uma história compartilhada de mudanças cujo resultado é uma diversidade biológica
própria (EMBRAPA).
50
14
Em 1886, o condado de Santa Clara, nos EUA, enfrentou nos tribunais a Southern Pacific Railroad,
poderosa companhia de estradas de ferro. No veredicto, o juiz responsável pelo caso declarou, em sua
argumentação, que a corporação ré é um indivíduo que goza das premissas da 14ª Emenda da
Constituição dos Estados Unidos, que proíbe ao Estado que este negue, a qualquer pessoa sob sua
jurisdição, igual proteção perante a lei. Isso significa que, a partir daquele momento, era estabelecida
uma jurisprudência através da qual, perante as leis norte-americanas, corporações poderiam considerar-
se indivíduos (SOARES, 2004).
52
15
Uma externalidade surge quando uma pessoa se dedica a uma ação que provoca impacto no bem- estar
de um terceiro que não participa dessa ação, sem pagar nem receber nenhuma compensação por esse
impacto (MANKIW, 2001).
53
• filantropia e caridade;
• controle do trabalho infantil (idade mínima);
• urbanização;
• atenção à saúde coletiva;
• sistemas nacionais de emprego e de educação;
• lazer e descanso semanal;
• educação de jovens e adultos;
• trabalho voluntário;
• saúde preventiva;
• fundo previdenciário;
• fundo moradia;
• desenvolvimento comunitário; e
• política pública de combate à miséria e de proteção do trabalhador.
Também, apresentou diagnóstico sobre as condições de vida e de
trabalho da classe operária como subsídio à regulamentação e postulou sobre
a importância da intervenção do Estado na economia.
Posteriormente, no início do século XX, o modelo fordista de produção,
embasado na produção em massa e na especialização operária, passou a ser
alvo de preocupações pelas possíveis conseqüências para o futuro da
civilização. Na década de 1930, em sua obra literária “Admirável Mundo Novo”,
Aldous Huxley descreve, em alusão ao modelo fordista, uma sociedade cega,
domesticada e condicionada pelo sistema estabelecido. Essa reflexão de
Huxley (1932) mostra o homem como um mero produto, controlado rigidamente
pelos donos do poder. Se na década de 1930 “Admirável Mundo Novo” era
uma obra de ficção, para muitos sem fundamento, hoje se percebe interessante
similaridade entre a ficção futurista do passado e a realidade da sociedade
atual, com o Capitalismo globalizado e desregulamentado a impor processos
produtivos, regras de comércio e a criar e fomentar a sociedade consumista.
Na lógica contemporânea da desregulamentação do Capitalismo, a
intensa competitividade gerada pelo livre mercado acarreta diminuição dos
preços e aumento na demanda por bens e serviços. Assim, as corporações
precisam se diferenciar no mercado e, para isso, buscam conquistar a
confiança dos clientes, de forma a tornar mais fácil conduzir a sociedade no
55
16
Desenvolvimento sustentável: atender as necessidades do presente sem comprometer as necessidades
de gerações futuras. (NOSSO FUTURO COMUM, 1987).
60
gases de efeito estufa nos países desenvolvidos, em pelo menos 5,2% até
2012, em relação aos níveis de 1990 (PROTOCOLO DE QUIOTO, 1997).
As metas tímidas do Regime e seu Protocolo não foram suficientes para
agilizar os processos de negociação, haja vista a falta de iniciativa dos países
quanto aos ajustes em suas políticas, na busca de um novo modelo de
desenvolvimento e de novos padrões de conduta, adequados à preservação
ambiental. O temor de um impacto negativo no modelo hegemônico capitalista
e no padrão de vida material fez os países inclinarem-se em favor da
manutenção do status quo.
A não ratificação do acordo, por parte dos Estados Unidos, responsáveis
por um quarto das emissões globais de gases estufa, contribuiu para gerar
grandes incertezas quanto ao futuro do Protocolo de Quioto, haja vista sua
eficácia para a mitigação do problema depender de consenso global e da
mobilização de todos os atores que sustentam o modelo capitalista (Estados,
grupos empresariais, organismos internacionais e não governamentais,
mercado global e sociedade civil), em prol do comprometimento com metas
rígidas de redução das emissões, do investimento em novas tecnologias e da
busca por fontes de energia limpas e renováveis (VIOLA, 2002).
Os processos de negociação sobre acordos e regimes internacionais
continuam mergulhados em uma lentidão estrutural (RICUPERO, 2007). Por
esse motivo Viola (2002, p. 28) assinala que
O regime internacional de mudança climática não se restringe aos
acordos estabelecidos na Convenção do Rio de Janeiro e no
Protocolo de Kyoto, mas prevê também a necessidade de uma
consciência pública favorável a estabilizar o clima e de um vetor
tecnológico que favoreça o investimento em tecnologias não
intensivas de carbono.
Ainda, o PNUD (2008,p. 13) afirma que
Em muitas áreas das relações internacionais, a inatividade ou os
atrasos nos acordos têm custos limitados. O comércio internacional é
um exemplo. Esta é uma área em que as negociações podem ser
interrompidas e reiniciadas de novo, sem prejudicar o sistema
subjacente a longo prazo como testemunhado pela infeliz história da
Agenda de Desenvolvimento de Doha. No que se refere às alterações
climáticas, por cada ano que demoramos a chegar a um consenso
para reduzir as emissões estamos a aumentar os stocks de gases
com efeito estufa, determinando uma mais elevada temperatura para
o futuro.
Por isso, diante das incertezas e dos riscos existentes, a sociedade não
pode continuar a aceitar a complacência e a prevaricação, características das
61
Estados
4,6% 21,3% US$ 29.200 24,5% 6% 0%
Unidos
União
6,3% 20,5% US$ 24.000 14,5% 2% 0%
Européia
poder. Este lhes foi dado de bandeja e, além do mais, por razões de
Estado.
Por isso, ações estatais objetivas e bem orientadas também não serão
espontâneas. A intervenção dos Estados no mercado geralmente vem
acompanhada de uma situação de crise, a exemplo da atual crise financeira
mundial, cuja solução depende de medidas e ações estatais para evitar
maiores impactos nos países e seus mercados.
A busca de solução para a crise financeira tem sinalizado algumas
mudanças rumo a uma carga regulamentar para o mercado, mediante
restrições de atuação e a instituição de melhores mecanismos de fiscalização,
cujas perspectivas já fazem parte dos discursos das principais lideranças
mundiais e representam a quebra do paradigma capitalista da
desregulamentação e do livre mercado. Assim, essa quebra de paradigma,
possível apenas em situação de crise indutora de graves impactos diretos ao
Capitalismo, pode favorecer o avanço da nova regulamentação para os
aspectos ambientais, não menos importantes, porém, menos sensíveis ao
senso capitalista da acumulação de riquezas.
Nesse contexto, em entrevista concedida a Globo News, a economista
Clarisse Messer chama a atenção para a necessidade de um esforço conjunto
da comunidade internacional na busca de mecanismos acertivos para
solucionar o problema. Para ela a civilização precisa ser conduzida sob novos
caminhos e os Estados, ao limitarem a expansão, até então ilimitada do
Capitalismo, devem buscar uma taxa de crescimento que não interfira na saúde
do planeta, considerando a questão ambiental, nem na saúde e no equilíbrio
financeiro do mundo.
Há uma diferença importante entre a recessão econômica mundial e a
crise ambiental. A primeira reflete diretamente no coração do Capitalismo: o
mercado financeiro. Por esse motivo, os Estados se mobilizam e interferem,
objetivamente, para reverter a crise, garantir a estabilidade do capital e, assim,
evitar conseqüências maiores nos países e seus mercados. A segunda,
embora comprometa o equilíbrio do sistema climático do planeta, a princípio,
favorece as pretensões capitalistas de geração de riqueza e maximização do
lucro, enquanto a adoção das medidas necessárias para equacionar a crise
impacta inversamente a dinâmica de funcionamento desse sistema.
68
6 CONCLUSÃO
7 RECOMENDAÇÕES
REFERÊNCIAS
<http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Agencia16/AG01/arvore/AG01_23_911
200585232.html >Acesso em: 20 nov. 2008.
MOULATLET, Ana Luiza. Educação Ambiental não é bla bla blá. Caros
Amigos, ano 11, n. 34, p. 29, set 2007.
THE DAY the world nearly died. Produção: Nick Davidson. Roteiro: Jonh Lynch.
BBC. Discovery Channel Co Production. 1 DVD (46 min).
THE GREAT global warming swindle torrent. Direção: Martin Durkin. Produção:
Eiya Arman, 2005. 1 DVD (75 min).