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Módulo: Módulo 2

Título: Dificuldades encontradas pelo professor em sua prática docente.


Aluno: Adriano Silva Henrique
Disciplina: EAD – Docência no Ensino Turma:
Superior
Introdução

A globalização1 é o processo de aprimoramento da integração econômica, social,


cultural e política. Com ela veio a difusão das informações e surgiu a chamada era
do conhecimento, bem como um conjunto impactante de transformações nas
ultimas décadas do século passado. O que já evidenciou a necessidade de
transformação da atividade educacional e a atualização das práticas de ensino,
revisando seus conceitos, principalmente os de novos papéis em relação ao
docente. Não é simplesmente a inserção de novas metodologias para melhorar o
que já está estabelecido. É necessário repensar todo o sistema educacional com
auxílio da teoria pedagógica, das subjetividades (e a influencia que estas exercem
em sala de aula), e a prática docente para prever os próximos passos e
compreender o novo papel do professor na pós-modernidade.
A nova sociedade provoca a necessidade das escolas se tornarem resilientes e
sinergéticas e de reforçar o professor como um agente de mudanças, desfazendo a
visão que o papel do professor é o de “auleiro”, mas ao contrário, é o de contribuir
para o desenvolvimento da sociedade. Como a sociedade esta inserida na era da
informação a função política e social do professor o torna um dos profissionais mais
demandados, muito embora essa percepção seja ainda sutil por fatores diversos.
Mas para que essa demanda seja atendida a altura, uma série de mudanças deve
acontecer, sobretudo na perfilagem do professor. Essas mudanças vêm
acontecendo, mas passam por uma série de resistências provocadas pelo modelo
institucional de ensino, que limita a iniciativa, a criatividade e o livre arbítrio, e
avalia mal o nível e a efetividade do ensino dentro das instituições de ensino. O
grande volume de informações existentes contribui para tornar o conhecimento
uma ferramenta a disposição de todos, mestres e alunos. A comunicação passou a
ser valorizada, pois é o meio pelo qual se disseminam as informações, agregando
valor aos indivíduos que conseguem transformá-las em conhecimento. Há
necessidade de uma grande habilidade de relacionamento interpessoal, em
aspectos como linguagem, comportamento, vivência multicultural e habilidade para
manusear e aplicar os processos e técnicas pedagógicas de maneira adequada e
contextualizada.
Assim como ninguém aprende tanto sobre um assunto como o homem que é
obrigado a ensiná-lo, também ninguém se desenvolve tanto como o homem que
tenta ajudar os outros a se autodesenvolverem. (Drucker, 2000). Sob a luz da
reflexão de Drucker discorreremos sobre as dificuldades encontradas pelo professor
em sua prática docente, a partir das variáveis que interferem nas tarefas propostas
em sala de aula.

Dificuldades encontradas pelo professor em sua prática docente

As constantes e rápidas transformações influenciam diretamente a sala de aula. E o

1
O termo globalização, segundo o Novo Dicionário Aurélio 6.0, é o processo típico da metade do século
XX que conduz a crescente integração das economias e das sociedades dos vários países, especialmente
no que toca à produção de mercadorias e serviços, aos mercados financeiros, e à difusão de
informações.

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professor tem que lidar toda a instabilidade em seu cotidiano. Como aprender não é
– de modo nenhum – manejar certezas, mas trabalhar com inteligência as
incertezas, porquanto, sendo função vital, tão vital que se confunde com a vida,
não poderia fantasiar propostas contraditórias com a criatividade e com a
fragilidade da vida. (Demo, 2000), portanto na escola formam-se pessoas e os
professores vêm assumindo papéis além daqueles explicitados na formação
tradicional, esses profissionais incorporaram os papéis de líderes, psicólogos, pais,
além de simples seres humanos. Sem esse combo2, o professor corre o risco de não
conseguir realizar o que é propriedade de seu trabalho: o ensino.
É possível que o mau aproveitamento do aluno tenha diversas razões com variáveis
externas incontroláveis, e mesmo internas ao sistema educacional tais como: vícios
de aprendizagem, incompetência dos ciclos educacionais anteriores e desinteresse.
Mesmo o aluno que estuda ou aquele que dá um jeito de passar, não deixa a
condição de objeto a ser educado. O professor tem a função, normalmente
complexa de instigar, provocar, desafiá-lo a contribuir, e a de desenvolver
capacidade de raciocínio, de posicionamento do aluno. Para isso o docente precisa
se capacitar e construir ambiente propício levando o aluno a fazer analise critica
das coisas, alcançando autonomia e a expressando-se com desenvoltura.
Dominando conhecimentos e informações estratégicas que o façam pensar fora da
caixa transformando o que já fora estabelecido como regra, fazendo-o começar a
produzir alguma coisa, de pequenas pesquisas, trabalhos em grupo, experimentos,
algumas práticas, até elaborações mais exigentes, que já expressam capacidade de
síntese, de compreensão global independente do tipo de inteligência que lhe seja
latente.
Mas, voltando ao cerne da questão para elevar a qualidade da educação e levar a
sociedade a níveis educativos melhores é primordial resolver a questão dos
professores. Algo complexo que coloca em pauta a valorização do profissional, a
capacitação e a competência técnica.
Segundo Demo (2000) “a educação é algo político e não apenas técnico”, nesse
aspecto o problema do docente é de qualidade formal e política. “Em relação a
qualidade formal, o professor não detém formação adequada pois a pedagogia
continua atrasada em termos de competência técnica e não existe sistema
conveniente de atualização constante, seja porque a atividade de professor tem
decaído para o rol das facilitadas e marcadas pela seleção negativa” (Mello, 1986).
Ainda segundo o autor, “em termos de qualidade política, a questão também a
muito grave, porquanto, se educação básica a instrumentação fundamental da
cidadania, o professor não poderia ser agente dela, sem ser, ele mesmo, um
cidadão. Este horizonte da cidadania é múltiplo, incluindo a valorização profissional,
sobretudo em termos de remuneração e carreira.”.

A questão salarial, muito em evidência, não resolverá problemas de capacitação do


professor. Este deve saber direcionar a formação básica em qualquer instância – do
ensino fundamental ao nível superior – o que é essência para educação, e mola
propulsora da cidadania e da produtividade.

Segundo Teixeira (2011) “a alma da formação básica é aprender a aprender, saber


pensar, informar-se e refazer todo dia a informação, questionar. Conhecimentos
pertinentes e, sobretudo seu manejo propedêutico são base para o exercício do
papel de sujeito participativo e produtivo.”.

A pedra de toque da qualidade educativa é o professor (Demo, 1988). A meta para


a qualidade do professor é capacidade de elaborar o seu próprio plano pedagógico à

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Pequeno grupo de jazz, fusão, combinação

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luz das ferramentas ao seu dispor, do seu próprio conhecimento e habilidades.

Expectativas do professor quanto à inteligência do aluno

Segundo Demo (2000) é fundamental aprender a conviver com os limites buscando


transformá-los em desafio, desta forma, precisamos aprender a ultrapassar
barreiras, buscando valorizar o aluno e experimentar crer que eles podem nos dar
mais do que esperamos e essa mudança deve partir dos professores. Quando o
professor espera que seu aluno de desempenhe bem, ele busca e cria meios para
que este aprenda efetivamente e o motiva a isso. O sucesso do ensino dependerá
da motivação tanto do professor, quanto do aluno e expectativa explicitada (sob a
medida do contexto a que se está inserido), pode ser um grande começo, bem
como a subestimação pode ser um obstáculo. A expectativa do professor derruba a
barreira professor/aluno, pois o conduz a construir algo e vai além, faz com que
este mesmo aluno se apaixone pelo objeto de desejo do que construiu. No nível
superior, por exemplo, o professor, intencionalmente, incita o aluno a se envolver
com o conteúdo de forma profissional, evitando obviamente ultrapassar o limite
para não desvirtuar o foco, ou seja, o aprendizado. Isso torna claro que o professor
deseja que o aluno vá além do conhecimento. Todos nós já sentimos a deliciosa
emoção que se manifesta na relação [entre aluno-professor]: Eu estou sentindo o
poder e a beleza de compreender, e meu mestre está satisfeito comigo, olhando-
me com olhos de admiração. Bologna (2011). Portanto, nesse ponto o ganho é a
autoconfiança na formação ou aquisição do conhecimento do aluno, o que consolida
a autoestima intelectual como um aprendiz competente e capaz. Esse processo não
é apenas intelectual, mas também sócio afetivo. Desta forma, espera-se que as
dificuldades no ensino-aprendizagem sejam minimizadas através da expectativa
pela inteligência do aluno por parte do professor.
Um professor competente, técnica e politicamente (que saiba equilibrar a ambos), é
capaz de arquitetar a formação adequada, estabelecendo o ambiente do aprender a
aprender, do saber pensar, do questionar criativamente. Com isso, o aluno avança
dentro de seu ritmo próprio sendo impelido até onde for possível (para o alto e
avante).

Comunicação entre professor e alunos

Freire (2000) afirma que o professor pode utilizar-se das falas diretas e indiretas,
ou seja, é um grande influenciador e tem que assumir seu papel social, buscando
aproveitar o melhor da relação professor-aprendiz. Quando há deficiência no
desempenho escolar sempre se coloca em xeque o aluno, porém não se leva e
conta que a relação se dá através do professor, que é o motivador na relação
professor/aluno. Ai entra a questão da comunicação, mas o que significa?
Comunicação vem do latim communicare, que significa “tornar comum”,
“comungar” ou, em linguagem literária, “o que vai em mim também vai em você”.
É um processo onipresente e complexo. Comunicação é o processo pelo qual
compreendemos os outros e, em contrapartida, esforçamo-nos por compreendê-
los. É uma dinâmica, que muda e varia constantemente em resposta a situação em
sua totalidade, levando à compreensão.
Através da comunicação o professor consegue reduzir as dúvidas e incertezas
advindas das questões levantadas (as quais ele mesmo estimula que sejam) pelos
alunos. Além de ser uma ferramenta para atuação eficiente faz com que se
defendam ideias e fortalece a relação de aprendizagem criando um sentido de
participação.

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Quando o professor estimula de maneira adequada a sua classe a boa comunicação
é a resposta racional a este estimulo.

Interação entre os participantes

Guareschi e Jovchelovitch (1995) escrevem que crenças e práticas são construídas


num contexto de interação e negociação social constantes, em que o compromisso
com a identidade social, normas grupais e tradições culturais têm um papel central.
Conceitos e práticas são recheados pelas interações entre idéias e representações
que constituem referência numa sociedade e representações e idéias que os
indivíduos criam para si mesmos em decorrência de suas relações sociais.

É importante trabalhar como princípio da interação que gera autoridade e não o


autoritarismo na sala de aula. Buscando interação os professores tornam visível
para os alunos o pensamento, a lógica que há por trás das ações. Mostrando por
que, como, quando e sob que condições certas coisas deveriam ser feitas. O
importante é o professor romper com o direcionamento cego aos alunos e, sim,
fazê-los compreender que os resultados e as consequências do domínio das ações
por parte deles são diferentes em cada sob cada condição ou situação distintas.
Compreendem a coerência que há por trás das propostas colocadas em sala de aula
os alunos podem optar. É importante fazer com que os alunos tenham condições de
dominar as possibilidades das práticas, não simplesmente executá-las.
Com o termo “possibilidades” vem a tona as multiplicidades e as identificações que
os alunos podem ter em sala de aula, algo que se origina da interação estabelecida
entre os participantes. Um bom exemplo disso, temos nas aulas de música em
grupo onde alunos aptos cada qual a seu instrumento, por força da interação,
agregam na própria execução de seu instrumento características rítmicas e ou
melódicas de outro.
Isso faz lembrar que a questão da interação não é somente da relação entre
professor e aluno, mas também no plano das relações entre os alunos (deles para
com eles).

Habilidades cognitivas

Snow e Cols. (1984) afirmam: O sistema cognitivo humano (a maneira na qual


adquire conhecimento, percepção) deve de alguma maneira se engajar em adquirir,
reter e reutilizar conceitos e procedimentos que irão ajudá-lo em novas situações-
problema e de aprendizagem. Mas o sistema deve também se engajar em adaptar
estes conceitos cristalizados previamente e organizar novos conceitos porque as
novas tarefas a serem enfrentadas diferem apreciavelmente daquelas vividas no
passado.
À medida que as habilidades cognitivas são relativamente estáveis e relativamente
resistentes às tentativas de mudança por meio de experiências educacionais ou de
treinamento, e ao mesmo tempo, são preditoras de sucessos futuros, elas são
muitas vezes consideradas aptidões (Carroll, 1993). Ter uma habilidade cognitiva
latente não significa estar apto a todas as situações a todo o tempo, mesmo
direcionando o individuo num contexto onde ele estará utilizando, por exemplo, a
inteligência lógico-matemática, ele precisará ser lapidado dentro do trinômio -
habilidade, conteúdo e nível de realização. O investimento deste potencial em
experiências de aprendizagem pode conduzir à excelência, que envolve um
conhecimento organizado sobre um determinado tema e estágios de melhoria
continua. A habilidade mostra que o indivíduo tem facilidade em lidar com um tipo

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de informação e para que se transforme em competência será necessário
investimento em experiências de aprendizagem, ou seja, vários níveis de teoria e
prática.

Habilidades afetivas

Pensar envolve imaginação, expressão de valores, atitudes, sentimentos. Segundo


Bloom, a afetividade se dá a partir de habilidades hierarquizadas segundo o grau de
complexidade de interação do eu com o outro. Nessa hierarquia, a receptividade é o
nível mais primário, e o complexo de valores, o nível mais intrincado.
Para desenvolver habilidades afetivas o docente, em primeiro lugar precisa ter
empatia e feeling do seu ambiente de sala de aula e, mesmo da forma da qual
ministra suas aulas.
Não adianta o professor ter visão da turma como um bloco, tem que tratar as
nuanças, por isso é importe desenvolver a visão holística sobre cada nota que
compõe a peça (classe).
As instituições de ensino necessitam de profissionais que não sejam carrascos ou
mesmo paternalistas, mas que promovam harmonia, que saibam escutar e
direcionar o aprendizado.

Conclusão

O professor deve dar suporte ao aluno, com o intuito de levá-lo a superar as


dificuldades, descobrindo e potencializando suas habilidades, desenvolvendo novas
e aguçando a reflexão crítica.
Sou tão melhor professor, então, quanto mais eficazmente consiga provocar o
educando no sentido de que prepare ou refine sua curiosidade, que deve trabalhar
com minha ajuda, com vistas a que produza sua inteligência do objeto ou do
conteúdo de que falo afirma Freire (1996). Ser professor refere-se à possibilidade
de se inventar novas maneiras singulares de ser e de fazer, no confronto e na
ruptura com as práticas já pré-estabelecidas e estratificadas (Guattarri; Rolnik,
1993). O maior desafio educacional na sociedade do conhecimento é preparar o
professor para direcioná-la.
Utilizando-se de mecanismo de comunicação adequados, desenvolvendo habilidades
afetivas e cognitivas, técnicas e políticas para que com isso leve o aluno a atender
as expectativas de aprendizado e conquiste autonomia para pensar e criar. É um
desafio, mas ninguém se desenvolve tanto quanto aquele que se dispõe e se
prepara para ensinar.

Referências bibliográficas

DRUCKER, Peter F. O Líder do Futuro. Visões, Estratégias e Práticas para uma Nova
Era. 2ª Edição. Editora Futura, 2000.

DEMO, Pedro. Introdução. In: ______. Conhecer e aprender: sabedoria dos limites
e desafios. Porto Alegre: ArtMed, 2000. p. 9-12.

MELLO G.N. Magistério de lº grau: da competência técnica compromisso político.


São Paulo: Cortez, 1986.

TEIXEIRA, Gilberto. O papel do professor na sociedade do conhecimento. Disponível

5
em < http://www.serprofessoruniversitario.pro.br/ler.php?modulo=10&texto=510>
Acesso em 14/01/2011.

BOLOGNA, J.E. O poder do Olhar. São Paulo: Revista [eletrônica] Educação –


Edição 149 / 2011 <http://revistaeducacao.uol.com.br/textos.asp?codigo=12766>
Acesso em 08/01/2011.

*Esta matriz serve para a apresentação de trabalhos a serem desenvolvidos segundo ambas as linhas de
raciocínio: lógico-argumentativa ou lógico-matemática.

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