1. BIOSSINTESE DO LEITE
2.3 LACTOSE
2.4 ENZIMAS
Classificam-se como enzimas, um grupo de proteínas produzidas pelos
organismos vivos, que têm a habilidade de acelerar os processos bioquímicos nos
organismos. Por esta razão, são muitas vezes chamadas de biocatalisadores. A ação das
enzimas é específica, cada enzima catalisa somente um tipo de reação.
Dois fatores influenciam fortemente a ação enzimática: temperatura e pH.
Geralmente as enzimas têm uma temperatura ótima de atividade entre 25 e 50 ºC. Após
esta temperatura, elas iniciam o processo de desnaturação (inativação enzimática).
Quanto ao pH, o valor ótimo depende da enzima em questão.
A presença ou não de certas enzimas no leite é utilizada nos testes de qualidade.
Entre as principais enzimas encontradas no leite estão: lipases, proteases e
oxidorredutases.
As lipases presentes no leite podem ser de origem microbiana ou endógena.
Essas enzimas hidrolizam a gordura em glicerol e ácidos graxos. A ruptura do glóbulo
de gordura aumenta muito a eficácia da lipólise pelo aumento da superfície de contato e
da freqüência de contato. As lipases naturais do leite são termolábeis (inativadas pela
pasteurização), sensíveis à oxidação e ainda sensíveis às proteases, o que torna sua
atividade de pouca importância. Contudo, as lipases de origem microbiana são muito
mais resistentes à desnaturação térmica e, portanto, possuem grande importância
tecnológica, uma vez que causam a degradação progressiva de produtos lácteos de longa
vida de prateleira.
As proteases presentes no leite podem ser de origem microbiana ou endógena.
Essas enzimas hidrolisam as proteínas em aminoácidos e peptídeos, podendo provocar
amargor. A plasmina é a principal protease natural do leite. Essa enzima é termo-estável
no pH normal do leite e mantém de 70 a 80% da sua atividade após a pasteurização e,
de 30 a 40% após o tratamento UHT.
Coagulação
Corte da
massa
Enformagem
Salga
Embalage
m
Maturaçã
o
COAGULAÇÃO ÁCIDA
COAGULAÇÃO ENZIMÁTICA
Esta coagulação é a mais empregada no Brasil. Embora a acidificação do leite
tenha alguma influência na coagulação enzimática, esta se processa de uma forma
independente uma vez que o leite se coagula prontamente no seu pH natural, ou seja, em
torno de 6,6. As miscelas coloidais da caseína são constituídas de 4 frações protéicas
principais, que são alfa; beta; gama e kapa. A fração kapa, embora representando
somente cerca de 10 a 20% da caseína, exerce um importante papel protetor sobre as
partículas coloidais, evitando que se coagulem ou se precipitem em presença de cálcio
solúvel.
Na coagulação enzimática, uma enzima proteolítica qualquer (sendo a renina a
mais importante), age sobre a fração “kapa” destruindo a sua capacidade protetora e as
partículas coloidais se tornam instáveis em presença de íons de cálcio, coagulando o
leite (gel).
Ainda não muito bem provado sabe-se que a ação proteolítica da renina (obtida
de estômago de novilhos) sobre a fração “kapa” remove uma cadeia glucopeptídica,
perdendo assim a sua ação protetora do colóide, tornando-se instável. Na presença de
cálcio solúvel esse colóide instável, denominado paracaseína, dá origem à formação do
para caseinato de cálcio, que é o coágulo.
Em condições de repouso, o caseinato de cálcio formado se agrega em um só
bloco reticular tomando uma aparência semi-sólida que é, então, o coágulo ou gel
desejado na fabricação de queijos.
Todo tipo de queijo requer o emprego de cultura lática. O primeiro efeito dessa
cultura é a produção de acidez, que se inicia logo após sua adição, ou seja, durante a
coagulação. Essa acidificação é pequena, geralmente de 1 a 4 ºD, ou cerca de 0,1 a 0,3
unidades de pH, mas mesmo assim tem um efeito marcante na ação do coalho, o qual
tem o seu poder coagulante aumentado. Daí a necessidade de se adicionar cultura lática
quando se determina a atividade coagulante ou “força do coalho”. Além de ajudar na
ação da renina, essa acidificação aumenta sensivelmente a coeso ou consistência do
coágulo e auxilia na dessora.
Corte da massa: Introduz-se uma espátula, na superfície do coágulo, no sentido
inclinado, ao forçá-lo para cima, o rompimento do gel deverá ocorrer de uma única
fenda retilínea, sem fragmentação do coágulo, se isso ocorrer, este será o ponto de corte,
marcado pela sinerese (saída de soro)
Maturação: é uma etapa da produção de queijos, em que estes são mantidos, por um
período, em câmaras especiais com temperatura e umidade controladas. Neste período,
ocorre uma série de processos bioquímicos (glicólise, proteólise e lipólise) e
microbiológicos, que caracterizarão o flavor e a textura específicos e individuais de
cada variedade de queijo. Os três processos bioquímicos (a glicólise, a proteólise e a
lipólise) que ocorrem durante a maturação dos queijos transformam seus principais
constituintes (lactose, proteínas e lipídeos) em produtos primários e depois, secundários.
As proteínas são transformadas em peptídeos, aminoácidos, aminas, ácidos, tiols e
tioésters; os lipídeos em ácidos graxos livres, metil-cetonas, lactonas e ésters; a lactose
em ácidos orgânicos (ácido láctico, acético e propiônico), dióxido de carbono, ésters e
álcoois, os quais, em concentrações e combinações adequadas, conferem aos queijos
sabor, aroma, textura e aparência características.
A definição deste produto gera controvérsias, mas pode ser caracterizado como
um produto que resulta da fermentação do leite por culturas “starters” que contenham
somente o Streptococcus thermophilus e o Lactobacillus delbrüeckii, subsp. bulgaricus.
No entanto, não se impede que o produto possa ser veículo de outra bactéria, como
Lactobacillus acidophilus, adicionado após a elaboração do produto durante o seu
resfriamento.
Qualquer que seja a definição dada, há certas características que devem ser
obedecidas para que possa ser considerado Iogurte: deve conter, em abundância,
microorganismos vivos; não conter estabilizantes e espessantes.
Estão listadas, a seguir, as etapas de fabricação e as principais alterações
ocorridas (assinaladas):
4.1 homogeneização
4.3 Fermentação
Durante a fermentação, as bactérias do iogurte, Streptococcus termophilus e
Lactobacillus bulgaricus, crescem simbioticamente, produzindo acido lático e
compostos aromáticos, além de formar o coágulo. No inicio da fermentação, a acidez do
leite (menor que 20º D) favorece o crescimento do S. termophilus, estimulado por
alguns aminoácidos livres (especialmente a valina) produzidos pelo L. bulgaricus, o que
provoca um aumento de acidez. Nesta fase, o S. termophilus libera acido fórmico
estimulante do desenvolvimento do L. bulgaricus.
4.4 Agitação
O processo de agitação, ou quebra do gel, em iogurtes batidos, modifica a
estrutura coloidal da massa, liberando soro que deverá ser completamente redistribuído
no colóide, de maneira uniforme.
O gel só deverá ser quebrado após a massa ter sido resfriada em torno de 10 °C.
Quando se adiciona aroma, sabores e pedaços de frutas, este é o momento ideal para
adição. O produto final deverá ter uma aparência lisa, sem grumos, e a quebra da massa
a frio permite que as micelas de caseína reabsorvam o soro, evitando a sinérese. Quando
se deseja um produto com consistência mais líquida, pode-se iniciar a quebra tão logo,
durante o resfriamento, a massa atingir 35ºC. Esta temperatura facilita o bombeamento
para um trocador de calor, onde o produto continuará sendo resfriado e, posteriormente,
será adicionado de aroma, sabores e pedaços de frutas