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52 histórias infantis
Página
01 - A Boa Idéia de Suzana............................................................................................................ 04
02 – A Exposição de Flores de Guilherme..................................................................................... 05
03 - A História de Duque................................................................................................................ 05
04 - A História de Estela................................................................................................................. 07
05 - A Honestidade de Henrique..................................................................................................... 08
06 - A Menina que Falou a Verdade............................................................................................... 11
07 - A Menina que se Tornou Grande............................................................................................. 11
08 - A Promessa de Paula............................................................................................................... 13
09 - A Resposta de Deus................................................................................................................. 15
10 - A Vingança do Indígena.......................................................................................................... 17
11 - Amor Suficiente Para Todos.................................................................................................... 19
12 – Arteiro..................................................................................................................................... 20
13 - As Estrelas São Para Nos Guiar.............................................................................................. 21
14 - As Mãos de Minha Mãe........................................................................................................... 23
15 - Carlinhos Muda de Opinião..................................................................................................... 24
16 - Davi e as Panelas Novas.......................................................................................................... 26
17 - Fidelidade Recompensada....................................................................................................... 28
18 - Filho de Alguém...................................................................................................................... 29
19 - Gelo, Neve e anjos................................................................................................................... 30
20 - História de Um Chinês............................................................................................................. 31
21 - Inundação na Floresta.............................................................................................................. 32
22 - Joãozinho e os Fósforos........................................................................................................... 34
23 - Mãe de Verdade....................................................................................................................... 36
24 - Mãos Através do Campo de Trigo........................................................................................... 37
25 - Meia Hora de Vida................................................................................................................... 39
26 - Nancy e as Flores..................................................................................................................... 41
27 - O Barco Quebrado................................................................................................................... 42
28 - O Custo de Uma Desobediência.............................................................................................. 43
29 - O Fiel Tupí............................................................................................................................... 44
30 - O Lema de Judite..................................................................................................................... 45
31 - O Melhor Caminho.................................................................................................................. 47
32 - O Nome Gravado no Braço de Ramon.................................................................................... 48
33 - O Prato de Comida para Pássaros............................................................................................ 49
34 - O Que Merece Ser Feito.......................................................................................................... 49
35 - O Sacrifício Supremo.............................................................................................................. 51
36 - Oito Minutos............................................................................................................................ 52
37 - Os Caminhos do Senhor.......................................................................................................... 53
38 – Perdão..................................................................................................................................... 55
39 – Perdidos................................................................................................................................... 56
40 - Perseguido Por um Leopardo................................................................................................... 57
41 - Posso Fazer Qualquer Coisa.................................................................................................... 58
42 - Preparado Para a Volta de Jesus.............................................................................................. 59
43 - Sabes Mandar.......................................................................................................................... 60
44 - Sementes de Abóbora Revelam um Segredo........................................................................... 62
45 – Silky........................................................................................................................................ 63
46 - Sundar e a Roda de Oração...................................................................................................... 65
47 - Um Bom Amigo...................................................................................................................... 67
A história que segue mostra como Suzana escolheu fazer o que agrada a Jesus.
Suzana olhou alegremente ao seu redor e para os pequenos convidados. – Faço sete anos hoje!
Disse ela. Dentro de um ou dois minutos abrirei meus presentes de aniversário. Então encontrarei
o relógio de pulso que o papai e a mamãe prometeram dar-me, quando eu fizesse meu sétimo
aniversário!
Suzana desatou fitas azuis, fitas amarelas, fitas cor-de-rosa – um verdadeiro arco-íris de fitas.
Quão interessante era ter uma festa de aniversário!
- Trouxe-te um jogo para limpeza de casa de verdade! E Leti sorriu para Suzana, enquanto os
negros cachos lhe dançavam pela face. – Olha, Sue! Leti ajudou Suzana a desembrulhar o
pequenino esfregão para a limpeza do pó, o vidrinho com óleo para a limpeza de móveis, e foi
Leti quem colocou em Suzana o lindo aventalzinho estampado de flores alegres. Até havia um
pequeno espanador, e uma vassoura!
- Você agora pode arrumar seu próprio quarto, Suzana, disse-lhe a mãe, sorrindo.
Suzana acenou com a cabeça.
Ajudar a mamãe agora seria coisa realmente bem interessante.
Tinha somente mais um presente a desembrulhar e esse devia ser o relógio de pulso. Havia
numa caixa cor-de-rosa e prateada. Havia realmente um relógio! E aí Suzana viu Nete, com seu
engraçado narizinho chato, espreitando pelos vãos da cerca. Neti parecia estar fazendo o possível
para não chorar! Não vou convidar Neti Almeida, vai se desfazer em pranto e molhar todos os
meus presentes, e portar-se mal, dissera Suzana a sua companheira predileta Leti. Esta
concordara com ela...
Suzana voltou as costas para a cerca, e fez de conta que Neti fora embora. Começou a brincar
de “lenço-atrás” com as outras crianças, mas, por mais que fizesse, não podia achar graça no
brinquedo. Não, não havia graça alguma. Até Leti não demonstrava vontade de brincar, e olhava
triste para Neti.
Durante toda a manhã Suzana excluíra Neti da mente. No dia anterior, quando sua mãe lhe
dissera bondosamente: - Querida Suzana, não gostaria você que Neti tomasse parte, amanhã, na
sua festinha de aniversário? Suzana batera o pé e dissera: “Não!”.
A mãe estivera muito ocupada, fazendo os bolos para a festinha, e arranjando os brinquedos e
outras coisas, mas parara para dizer: - Temo que você magoe Neti, Suzana. Bem sei que lhe
prometi que poderia escolher os companheiros que desejava que viessem no seu aniversário, mas
não seria melhor que qualquer hora, hoje, você desse um pulo e convidasse Neti? Ela,
certamente, não assiste a muitas festas de aniversário, e haveria de gostar bastante se a
convidasse. Não espere que lhe traga um presente, querida, porque seus pais são muito pobres.
Tão ocupada estava a mãe de Suzana com os planos da festinha, que se esqueceu de Neti,
justamente como Suzana esperava que acontecesse.
- Convidou Neti? Perguntou-lhe a mãe. (Suzana pendeu a cabeça e corou de vergonha, pois ela
e Leti haviam rasgado o lindo cartão cor-de-rosa do convite reservado para Neti.) Confiei na
Guilherme, um dia, foi com sua escola visitar uma exposição de flores. Era muito divertido sair
com os professores e com as outras crianças. Guilherme deu a mão para seu melhor amigo e para
algumas outras mamães, e os professores também estavam ali junto com eles.
Quando voltou para casa, Guilherme contou para a mãe tudo o que tinha visto na exposição de
flores. Ele contou que tinha visto flores azuis, flores cor-de-rosa, e flores amarelas. Havia muitas
flores, tipos diferentes, eram tantas que Guilherme não pôde ver tudo.
Guilherme estava tão excitado que quase não podia parar de falar.
A mamãe ficou feliz em ver que Guilherme gostava de flores. E ela disse:
- Guilherme, estou contente porque você gosta das flores, porque algum dia nós vamos a um
lugar onde existem flores muito mais bonitas do que as que você viu hoje.
- Onde, mãe? Onde? Eu quero ir – disse Guilherme feliz, pulando, pronto para ir ali.
- Não é agora, Guilherme – disse a mamãe. – Logo Jesus vai voltar para nos levar a um lugar
maravilhoso, chamado Céu. Lembra que estudamos sobre o Céu na lição da Escola Dominical. Lá
vamos ver lindas flores como as que você viu hoje, e além disto, haverá outras coisas bonitas. Lá
vai haver bonitos pássaros que cantam, e animais com os quais poderemos brincar. Além disso,
todos vamos ter uma coroa brilhante para usar. Vai ser maravilhoso ir para o Céu. E Jesus vai
estar conosco lá. Ele vai nos dizer o nome de todas as flores, também vai fazer com que elas
cresçam. Eu quero ir para o Céu, você também quer?
- Sim, mamãe, eu quero ir para o Céu. Quero ver as flores, quero usar uma coroa, e
principalmente, quero ver a Jesus – disse Guilherme para sua mãe.
Eu também quero ir, e vocês?
Que coisas Jesus criou que vocês gostam hoje? Vocês acham que elas serão ainda melhores
quando estivermos lá no Céu? De que maneira?
03 - A HISTÓRIA DE DUQUE
- Vocês gostariam de ouvir o meu cavalo falar? – perguntou o Sr. Oliveira, por cima da cerca
dos fundos, para os três meninos que tinham se mudado recentemente para aquela vizinhança e
estavam brincando num terreno vazio ali perto.
- Oh, sim – respondeu Tony, e todos os três vieram correndo.
Por que vocês acham que os meninos jogavam pedras em Duque? Vocês acham que eles
sabiam que era errado? Por quê? A que mandamento ou regra estavam desobedecendo quando
eram maldosos para com o cavalo? Será que eles imaginavam o que poderia acontecer ao cavalo
quando jogavam pedras nele? O que vocês imaginam que os meninos estavam pensando quando
apertavam a mão (pata) de Duque?
04 - A HISTÓRIA DE ESTELA
Tessa era uma idosa senhora que vivia num dos mais pobres bairros de Roma. Pobre, sem
amigos, fiava para ganhar a escassa subsistência.
Convertida à religião cristã, Tessa muitas vezes se dirigia de noite às catacumbas, onde pequeno
grupo de consagrados cristãos se reunia secretamente para o culto.
O imperador Nero olhava com amargo ódio a todos os cristãos, e seus soldados sempre
estavam de vigia para prendê-los. Era plano desse monstro, para exterminar a nova religião,
mandar todos os cristãos serem espedaçados por feras, para divertimento do povo romano.
Sendo muito pobre e inteiramente desconhecida, Tessa nunca era molestada pelos soldados e
vivia em paz fiando, fiando o dia todo.
Certa noite bateram à porta. Embora fosse tarde e ela nunca recebesse visitas, não temeu
levantar-se e abri-la. Que tinha a recear quem era tão pobre? Entrou um homem, conduzindo pela
mão uma meninazinha.
- Lúcio exclamou Tessa, admirada. A esta hora! Que grave acontecimento levou você,
professor cristão, a expor-se aos perigos destas escuras e perversas ruas?
- Silêncio! Disse ele, levando o dedo aos lábios. Não posso demorar-me. Foram presas hoje
centenas de verdadeiros crentes. Amanhã ou depois, serão lançados aos leões.
- Ah! Que crime cometeram? Suspirou Tessa.
Lúcio apenas meneou a cabeça e murmurou “ai”!
- Esta menininha, continuou, trazendo para frente à criança, chama-se Estela. Os pais foram
levados e condenados à morte. Salvei-a e trouxe-a aqui. Sei que a senhora é pobre. É lhe possível
cuidar dela?
- Sim, certamente, respondeu Tessa. Sempre foi meu sonho ter uma frágil criaturinha, como
essa para amar e proteger. Agora Deus me concedeu esse desejo. Louvado seja Seu nome!
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Trabalharei para duas, isso é tudo.
- Deus a recompensará também por isso. E agora preciso ir. Adeus, Estelinha. Que o céu as
abençoe e as livre da mão dos ímpios!
- Amém! Disse Tessa. Aonde vai a esta hora?
- Unir-me no cárcere a meus infelizes irmãos. Cumpre-me levar-lhes, em seus últimos
momentos, o conforto da oração e da palavra de Deus, e depois morrer com eles.
- Quão nobre e bom é você! volveu Tessa, inclinando-se.
Estela era uma criança doce e terna, e sua presença foi um raio de sol na pobre habitação de
Tessa. Nada sabia da terrível sorte dos pais e, pequenina como era, logo se habituou ao novo lar.
Começou a chamar a Tessa “mãe” e interessou-se profundamente na fiação.
Passaram-se assim longos anos e a criança tornou-se encantadora moça. Nada veio empanar o
brilho da quieta casinha, e Tessa começou a nutrir esperanças de ter o imperador encontrado
algum outro divertimento que não o de matar cristãos.
Ah! Em breve deveria ser-lhe desfeita a ilusão. Circulou em Roma a notícia de que a estátua de
Nero fora danificada por pequeno grupo de cristãos e, sem verificar se isso era ou não verdade, o
imperador começou a castigá-los mais que antes.
Dessa vez Tessa e sua amiguinha não escaparam. Foram levadas por soldados e postas em
celas separadas, entre outros infelizes prisioneiros, todos condenados à morte.
Chegou a manhã do fatal dia em que todos deveriam ser lançados às feras. As celas em que
estavam encerrados os crentes eram prisões ao redor da grande arena, ou circo, e a ela davam
acesso, separadas por barras de ferro. Através dessas barras, os infelizes prisioneiros que ainda
esperavam sua vez, viam os companheiros sendo mandados à morte.
Os assentos ao redor do vasto circo elevavam-se fileira sobre fileira e estavam tomados por
pessoas que se compraziam em assistir a esses terríveis espetáculos. Ninguém os apreciava mais
que o próprio Nero. Lá estava ele no camarote imperial, numa espécie de embriagado torpor,
contemplando a tortura dos cristãos.
As últimas a serem mandadas para a arena foram Estela e a velhinha. Ao ver Tessa, a menina
exclamou: “Oh, Mamãe!”. Correu para ela pondo-lhe os braços em volta do pescoço. Estela não
viu os leões, nem o imperador, nem o vasto auditório que a contemplava, mas unicamente a
amiga, a quem estreitou nos braços.
De repente Tessa soltou um grito penetrante. “Olhe”! Disse ela apontando para frente, com
mão trêmula. Estela voltou-se. Enorme leão africano para elas se dirigia com passo lento e
majestoso.
Tessa ajoelhou-se e começou a orar. Estela, encarando o leão, postou-se firmemente em frente
da senhora, como para protegê-la. Nessa posição, olhava resolutamente ao animal, enquanto de
todos os lados se levantavam murmúrios de admiração. Até o imperador, surpreso ante a estranha
cena, inclinou-se para frente.
O leão avançava. Estela estendeu os braços para fechar o caminho entre a fera e sua mãe
adotiva. Os romanos nunca tinham visto tanta coragem, e estrepitosos aplausos encheram o ar.
Ao ver o que aconteceu caminhou-se para o terrível animal, ajoelhou-se e, pondo-lhe os braços
em volta do pescoço, acariciou-o suavemente. Ele deteve-se por um momento, entre os braços da
jovem, e depois, vagarosa e calmamente, voltou-se e foi-se embora.
Nero riu-se. Agradou-lhe a romântica cena. Essa pequena fez alguma coisa nova, disse ele. Não
vemos todos os dias tal coragem. Que ela e a mãe sejam postas em liberdade.
Minutos depois, ambas se dirigiam para casa, louvando a Deus pelo milagre que operara para
salvá-las.
Uma carteira de senhora no banco do bonde! Foi a descoberta que Henrique fez no momento em
que o bonde arrancava, depois de uma parada. Henrique vira à senhora que acabava de descer.
Tinha-a visto no bonde e lembra-se de que essa era a carteira que ela levava.
Imediatamente tocou a campainha. Desceria na primeira esquina. Era o que de melhor poderia
fazer. Precisava encontrar a dona da carteira. Voltou depressa à esquina onde a senhora havia
descido e encaminhou-se para o lado onde ele a vira seguir. Correu vários quarteirões, olhando à
direita e à esquerda, em cada esquina que chegava, para ver se a via. De repente percebeu que
assim nada faria. Parou um pouco para pensar e nesse momento encontrou um de seus amigos,
um jovem mais ou menos de sua idade.
- Parece que você andou correndo – disse Jaime. – Está muito agitado. Que aconteceu?
Henrique contou rapidamente a história da carteira e explicou que não sabia como entregá-la à
dona.
- Suponho que pertence a alguma senhora rica – disse Jaime rindo – e você espera receber uma
gratificação. Bem poderia ficar com a carteira. Você não receberá mais do que ela vale e contém.
E isso de querer encontrar uma pessoa de quem não sabe o nome, é como procurar agulha em
palheiro.
- Não me parece que a dona seja rica, disse Henrique, e, portanto não faço isso visando uma
recompensa. Ela vestia-se bem, porém suas roupas não pareciam ser de muito preço. Quanto a
encontrá-la, creio que você tem razão. Mas, quem sabe, se eu olhasse dentro da carteira
encontraria o nome e o endereço.
- Como me haveria de rir se nela estivessem apenas alguns níqueis! Isso sim seria uma boa
peça, depois de tanta correria...
- Oh! Isso não teria importância alguma, replicou Henrique. Não é a quantia de dinheiro que
haja dentro o que me preocupa, mas sim a sua devolução. Você sabe que, segundo dizem, os
grandes ladrões começaram com pequenas desonestidades. Tenho certeza de que todos os que
acabam roubando automóveis ou grande soma de dinheiro, começaram roubando apenas alguns
níqueis.
- Nunca pensei nisso – disse Jaime. Mas acho que você tem razão. Muitos começam até por
uma fruta ou umas balas. Já tenho visto tanta gente fazer isso e não dar a mínima importância ao
caso! Essas coisas, porém, não lhes pertencem e mais tarde, como você já o disse, farão roubos
mais vultuosos.
- Voltando ao assunto da carteira, vejamos o que ela contém.
Henrique abriu a carteira e exclamou:
- Oh! Aqui está um cartão!
Diz: “Sra. H. Lemos, ao cuidado do Dr. D. Lemos. É uma pessoa de muita influência. Tinha uma
expressão muito agradável, mas não era diferente de qualquer outra senhora”.
- Talvez, no final você acabe recebendo mesmo uma gratificação – disse rindo Jaime.
- Talvez..., Respondeu Henrique; mas eu não estava pensando nisso.
- Já sei – replicou Jaime. – Já sei. Sei que é honrado. Sei que você não pensava na recompensa,
mas dava o primeiro lugar às coisas que vêm em primeiro lugar. Antes de tudo você quis
devolver a carteira.
Uma vez, há muito tempo, uma linda menina brincava com tranqüilidade que tão bem
caracteriza o espírito infantil. Sua mãe, da janela onde tecia um tapete, vigiava com indizível
ternura seu rico tesouro ao qual dedicava tanto amor! De repente, ao longe, nuvens de poeira
levantavam-se como que anunciando a chegada de apressados visitantes. O olhar calmo e meigo,
da mãe bondosa, tornou-se aflito quando divisou tropas de estrangeiros dominadores de sua raça.
- Ó filha, esconde-te – diz a mãe. Avisarei teu pai que os soldados estrangeiros se aproximam.
Que desejarão eles, agora? E, tomada de aflição e medo, entrou à procura do marido.
Enquanto isto, a pequenina de olhos pretos, bem pretos e brilhantes, hesitava entre o desejo de
esconder-se e a curiosidade de ver de perto soldados uniformizados e tão estranhos. A curiosidade
venceu-a e ali se quedou, sozinha, com olhar inquirido. Foi então que o mais importante dentre os
soldados viu-a ali e, achegando-se a ela, disse:
- Não me temes, pequena?
- Não, meu senhor. O meu Deus sempre cuida de mim.
- O teu Deus, menina? Confias, então, muito, n’Ele?
- Oh, muito, meu senhor. Ele nunca deixou de atender-me.
A esta altura, a mãe pressurosa corre à porta e depara a filha entre os soldados. Bruscamente
agarra-a, tentando levá-la consigo. – Mulher, diz-lhe o chefe dos exércitos estrangeiros, és nossa
escrava, tu e toda a tua raça. Permitirás que eu leve tua gentil e corajosa filha para companheira
de minha esposa?
A pobre mãe, aturdida com a pergunta, afasta-se com lentidão, estampando na face grande
amargura. Não tinha dúvidas que não lhe seria permitido negar sua filha, uma escravazinha, para
o serviço de uma nobre e ilustre dama estrangeira. Preparou a roupa da pequena e os três,
ajoelhados na humildade daquela casa pobre, mostraram a riqueza que possuíam – a fé em um
- Clara! Clara!
A voz de David era trêmula e fraca, pois estava muito doente. Ele amava muito ao pai e à
mãe, que lhe eram muito caros, mas na doença não queria perto de si outra pessoa senão
Clara. Quando a menina saía do quarto, ele começava a gemer, a chorar e a chamar por ela. O
doutor deu-lhe diferentes remédios, mas nenhum lhe parecia fazer bem algum.
Finalmente todos desanimaram, dizendo que nada mais podiam fazer por ele. Diziam todos
que David não viveria por muito tempo mais – todos, menos Clara. Ela ficou sempre ao seu
lado, refrescando-lhe, freqüentemente, a fronte escaldada pela febre ou dando-lhe bebidas
nutritivas. Orava para que Deus o poupasse. Não o abandonava.
Clara faltou às aulas para cuidar de David. Ele ardeu em febre durante muito tempo, mas
finalmente esta cedeu, deixando-o muito fraco. Contudo, não melhorava como devia. Afinal,
passado um ano, o pai de David ouviu falar num doutor que tratava de modo diferente. O
doutor veio e levou David para o seu sanatório, a fim de o tratar. E o menino começou a
melhorar rapidamente. Quão contente ficou a família, e como se alegrou Clara de ter
perseverado e feito tudo ao seu alcance por David, quando os outros pensavam já ser tarde.
Clara costumava fazer bem tudo o que empreendia. Em criança foi boa aluna, vindo mais
tarde a ser professora. Era ainda nova quando começou a lecionar, muito mais nova do que a
maioria dos professores, mas fez esplendidamente o trabalho. Tinha uma escola que ninguém
conseguira dirigir, pois havia quatro rapazes bem grandes que estavam determinados a
dominar a situação e expulsar qualquer professor, fosse homem ou mulher, que os viesse
ensinar.
Clara tinha um modo especial de tratá-los, que os outros não tinham. Brincava com eles e
lhes perguntava bondosamente se não lhe queriam prestar favores. Era tão paciente com eles
que os conseguiu ganhar, levando-os a se tornarem alunos muito quietos e obedientes.
Clara ouviu dizer que havia em uma cidade próxima meninos e meninas que não tinham
escolas em que pudessem aprender a ler, escrever e fazer contas. Isso certamente faz muitos
anos. Havia umas poucas escolas, mas estas eram somente para pessoas que tinham bastante
dinheiro para pagar os estudos. Clara achava que devia haver escolas gratuitas para os
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meninos e meninas pobres, tanto como para os filhos dos ricos. Mas todos diziam que ela
nunca poderia fazer alguma coisa neste sentido; ela, porém, o fez. Suas escolas tiveram
tamanho sucesso que muitos ricos tiraram os filhos das escolas que estavam freqüentando,
para pô-los nas escolas de Clara.
Veio a guerra – a terrível guerra. Clara era agora um pouco mais velha, e embora fosse
ainda pequena e delicada, tinha bastante determinação. Não podia consentir em ver homens
sofrerem e morrerem nos campos de batalha sem os devidos cuidados. Era o tempo da Guerra
Civil nos Estados Unidos. Rogou que lhe permitissem fazer alguma coisa, mas seus pedidos
não foram atendidos, visto ser mulher.
Ela, porém, persistiu, sendo-lhe, finalmente, concedida a oportunidade de ir ajudar os
feridos. Muitas vezes esteve sua vida em perigo. Certa vez, quando estava dando algo a beber
a um homem ferido, foi-lhe o copo arrebatado da mão por uma bala. Doutra vez, uma bala
rasgou-lhe a manga do vestido. Ela, porém, continuou lidando com os feridos, dando água
fria aos sedentos e confortando os moribundos.
Foi a fundadora da Cruz Vermelha Americana, que tanto tem ajudado aos que sofrem, em
suas necessidades. Nunca há um terremoto, maremoto, enchente, guerra, ou qualquer outra
terrível calamidade que as enfermeiras da Cruz Vermelha ali não estejam para fazer o
possível em favor do povo.
Clara Barton propôs em seu coração, quando ainda menina, fazer quanto lhe fosse possível
para ajudar aos que sofrem. Pôs bem alto o alvo, e seu nome é exaltado como de uma mulher
digna de toda estima.
08 - A PROMESSA DE PAULA
“Clara”, chamou Paula da frente de sua casa, “espere um minuto! Quero lhe contar uma coisa”.
E Paula correu bem depressa para o portão onde Clara estava esperando.
“O que tem de tão importante?”, perguntou Clara, “parece que você encontrou um milhão de
dólares ou coisa semelhante”.
“Não”, disse Paula, “eu não achei um milhão de dólares nem coisa semelhante. Eu tenho um
trabalho para esta noite. Eu estava esperando conseguir um trabalho para poder ajudar a comprar
meu uniforme escolar, e agora encontrei. Vou cuidar dos gêmeos da Sra. Mendes. Ela precisa sair
por algumas horas para cuidar de sua mãe que está doente”.
“Ah, isto, disse Clara”, eu poderia dizer que é mais do que um trabalho. Eu cuidei dos gêmeos
da Sra. Mendes, uma vez quando eram bebezinhos, mas a Sra. Mendes era tão crítica e maldosa,
que preferi nunca mais trabalhar para ela”.
Clara começou, bem devagar a caminhar para longe do portão. “Bem, divirta-se”, ela disse,
“talvez você goste da maneira como a Sra. Mendes dá ordens, mais do que eu”.
Paula voltou a sentar-se na beira da varanda. Ela se sentia preocupada, será que Clara estava
com inveja? Ou será que é tão difícil trabalhar para a Sra. Mendes? Paula viu quando Clara
Durante a guerra, grandes aviões com sua carga mortal sobrevoaram a Áustria. Milhares de casas
foram destruídas, fábricas incendiadas e a Capital passou por grande aflição. Inúmeras famílias
foram deixadas sem lar, como só acontece quando há guerra. Gene e Maria chamemo-los assim,
voltaram um dia da escola para casa apenas para descobrir que não somente a casa tinha sido
destruída pelas bombas, mas tanto o pai como a mãe haviam sido mortos. Os vizinhos os levaram,
com muitas outras crianças sem lar, para o grande orfanato da cidade. Bem podemos imaginar a
tristeza e a amargura daquelas pobres crianças. Contudo, não esqueceram os ensinamentos dos
pais e muitas vezes ao encontrarem-se no vestíbulo do orfanato, cruzavam as mãozinhas e oravam
ao Pai celeste. Não sabiam o que o futuro lhes reservaria.
Um dia foi anunciado que um país vizinho se oferecia para arranjar lares para muitas daquelas
crianças. Todos estavam excitados e felizes no dia da partida. Gene e Maria saíram felizes com
seus poucos pertences debaixo do braço e entraram no ônibus que os havia de levar até a estação,
onde tomariam o longo trem sibilante. Seria sua primeira viagem de trem. Centenas de crianças
seriam levadas da pátria para um país estranho, onde deveriam encontrar novos lares – novos
papais e novas mamães.
Quando soou o apito, o trem começou a movimentar-se, ganhando velocidade. Logo cortava os
campos com rapidez enquanto ansiosos olhinhos perscrutavam cenários que nunca seriam
esquecidos. Gene e Maria, contudo, não estavam demasiado ocupados para poderem cruzar de
vez em quando as mãozinhas e curvar as cabecinhas para uma oração: “Querido Jesus, Tu sabes
que perdemos nosso papai e nossa mamãe: dá-nos, por favor, um novo lar. Não permitas que
sejamos separados e envia-nos para o lar conveniente”.
Logo o trem diminuiu a velocidade e parou numa estação. Crianças e mais crianças emergiram
dos superlotados carros e fizeram filas na plataforma. Muita gente da cidade ali estava, a fim de
escolher uma criança e adotá-la. Aqui e ali uma era escolhida por ansiosos casais que fitavam
aqueles orfãozinhos de um país estranho. Aqueles rostinhos tristes se voltavam para cima para
verem seus novos pais. Os que sobravam voltavam para o trem e viajavam para a próxima cidade.
O dia inteiro repetiu-se a cena, enquanto o grande trem, hora após hora carregava aqueles
pedacinhos da humanidade para novas aventuras. De quando em quando Gene e Maria repetiam a
oração para que de qualquer maneira Deus encontrasse para eles o devido lar.
Estava quase escuro quando o trem parou outra vez numa grande estação. Gene e Maria
separavam-se ao descerem do trem para a fila, onde, conforme pensavam seriam passados por
alto, como tantas vezes já havia acontecido antes.
Essa manhã, em certa cidade, um casal adventista do sétimo dia estava fazendo o culto quando
uma batida na porta anunciou a chegada do jornal matutino. Depois de terminado o culto
passaram os olhos pelo jornal para lerem as manchetes: “Trem de crianças austríacas chega esta
noite”, foi o que lhes atraiu a atenção. A bondosa senhora olhou para o marido e disse: “Querido,
esta é a nossa oportunidade de conseguirmos o menino que há tanto tempo você deseja”.
O marido respondeu com um sorriso: “Não, querida, você sempre desejou uma menina e não
quero ser egoísta. Enquanto vou trabalhar, você vai à estação e, quando o trem chegar, escolha
uma linda menina de cabelos crespos, para nós”.
Por algum tempo estiveram considerando se devia ser menino ou menina. De uma coisa
estavam convictos: que só poderiam cuidar de uma criança. Existia no coração de ambos uma
simpatia especial pelos austríacos, pois ambos tinham parentes na Áustria. Finalmente chegaram
10 - A VINGANÇA DO INDÍGENA
Era um fim de verão, faz muitos, muitos anos, na América do Norte. Fazia meses que não
chovia, e o sol castigava a terra sem piedade, de maneira a secar os córregos e riachos, ficando só
os rios de maior volume d’água.
Um jovem alto, esbelto, chamado Daniel Wilson, trabalhava perto de seu rancho, localizado
numa curva em que os campos se encontravam com a imensa floresta. Era o único homem
branco, muitas e muitas léguas separado dos demais, e a esposa dele era a única mulher branca
naquele lugar.
Por um trilho que vinha da floresta para o campo, apareceu um indígena de estatura elevada e
de aspecto nobre. Porém andava como que cansado, movimentando-se irregularmente, e em seu
rosto se observavam traços de doença e de quem estava muito sedento. Ao se aproximar do
rancho, hesitou, por um momento, e depois se aproximou do homem branco.
“Estou muito sedento; pode fazer o favor de me dar água para beber”, disse ele.
“Vá embora”, foi a áspera resposta. “Não dou coisa alguma a indígenas”.
A descortês e violenta atitude do homem branco feriu profundamente o orgulho do selvícola,
mas, como estava para morrer de sede, mesmo em desespero, suplicou de novo: “Não posso mais
andar. Tenha a bondade de me arranjar água para beber!”.
“Desapareça daqui! Não quero conversa com bugres”, foi à resposta, ainda mais violenta do
que a primeira.
O indígena, o exausto pele vermelha, pouco a pouco se foi virando, para partir, mas seus olhos
demonstravam o desejo intenso de vingança. Vagarosamente seguiu pela estrada do campo, até
penetrar na mata densa, em direção de sua aldeia.
A jovem esposa do homem branco tinha ouvido a súplica insistente do homem das selvas,
assim como a cruel recusa do marido. Ficara comovida e confusa. Quando o índio se retirava
lentamente, sem poder andar direito, ela foi observá-lo da janela. Quando o trilho por que andava
descia, para se encobrir mato adentro, a mulher viu o caboclo parar, trêmulo, cambaleante, e cair
estendido no chão.
De repente apanhou um vaso d’água, um bule de leite e um bom pedaço de pão e, como o
marido estivesse do lado oposto, saiu sem ser vista para acudir aquele pobre índio. Temia que
estivesse morto. Chegando lá, porém, ao local, verificou que ele havia desfalecido em
conseqüência da exaustão e da sede. Com a água fresca que levara e com palavras de simpatia,
conseguiu fazê-lo voltar a si. Deu-lhe de beber e alimentou-o. Pediu, então, que não levasse em
Ricardo podia ouvir o vento frio soprando lá fora e se sentiu muito alegre por ter uma casa
confortável e quentinha. Ele estava observando sua mãe descascando maçãs para fazer um doce,
enquanto alisava seu cachorrinho de estimação que já estava quase dormindo.
A mamãe, com todo cuidado tirava a fina casca das maçãs. A casca se enrolava, enquanto sua
faca dava voltas ao redor da maçã. Sua irmã, Sandra, estava bem perto da mamãe, pegando as
cascas antes que tocassem na panela.
- Eu também quero fazer isto – disse Ricardo, enquanto chegava mais perto da mamãe. – A
próxima casca é minha, não é, mãe?
- Há cascas suficientes para os dois – disse a mãe – e acho que ainda vai sobrar. – E ela sorriu
para Ricardo.
O sorriso da mamãe fez com que Ricardo ficasse muito satisfeito. Ele olhou para ela e sorriu
também, e notou que a mamãe estava sorrindo para Sandra.
Neste momento uma casca de maçã caiu no chão, e Muchinga, a gatinha, pulou em cima dela.
- Ó, Muchinga, você é muito malandra! Disse Ricardo se divertindo, vendo como ela jogava a
casca. – Você quer brincar, não é? Está bem, então venha aqui que eu vou brincar com você.
Ricardo foi até a sala e encontrou o brinquedo especial e preferido da gatinha, uma longa fita
com uma pequena bola vermelha amarrada na ponta. Ele corria ao redor da sala puxando fita,
enquanto Muchinga procurava caçar a bolinha.
- Grrr! – resmungou Tuty, o cachorrinho, correndo e tentando agarrar a bola. Ele havia acabado
de acordar e queria entrar na brincadeira. Mas, Muchinga não gostou da história, levantou suas
costas e seu pêlo, e... arranhou o Tuty. Este por sua vez, latiu, latiu e deu uma patada em
Muchinga.
- Que aconteceu. Venham aqui vocês dois – disse Ricardo, sentando entre eles e gentilmente
agradando cada um. – Não se preocupem. Nós podemos brincar todos juntos. Eu gosto de cada
um da mesma maneira.
Pouco tempo depois tanto o cachorrinho quanto à gatinha, estavam dormindo, e Ricardo voltou
para a cozinha. Sandra continuava ajudando a mãe a colocar as maçãs numa panela grande.
- Eu quero fazer isso – disse Ricardo, tentando alcançar a panela.
- Há lugar suficiente para os dois, e muitas maçãs também – disse a mãe. E desta maneira
Ricardo e Sandra se revezavam ajudando até que a panela estava bem cheia.
Quando as maçãs estavam fervendo em cima do fogo, Ricardo olhou para a mamãe e
perguntou:
- De quem você gosta mais, mãe, de Sandra ou de mim?
Deus nos ama muito mesmo – ama a cada um de nós. Vamos lhe dizer “Muito Obrigado” por
nos amar tanto e por ter feito um mundo tão maravilhoso onde podemos viver.
12 - ARTEIRO
Arteiro era um gatinho preto, que apareceu no quintal, e as crianças trouxeram para
dentro de casa.
Célia deu-lhe o nome de Arteiro, porque a primeira arte que fez foi enfiar as patinhas na cesta
de costura da mamãe enroscá-las na linha, desenrolar o carretel, puxá-lo para fora e embrulhar-se
todo na linha já embaraçada.
Um dia, ele pulou e puxou a ponta da toalha da mesa e subiu por ela, pondo-se todo contente
bem no centro da mesa! Era tão pretinho e engraçado sobre a toalha alva, que até a mamãe não
pode deixar de rir ao tirá-lo de lá, dizendo que ali não era lugar para gatinhos!
“Ele precisa tomar umas lições de boas maneiras”, disse Rosália; “mas como ele aprenderá, se
não entende o que dizemos?”.
Papai gostava do Arteiro também. Quando estava em casa à tarde, deixava que o gatinho lhe
subisse pelas pernas, e se aninhasse no alto dos seus ombros. Depois o levava consigo até à
biblioteca, e o ajeitava na mesa, onde ele tirava um bom sono. Mas quando não queria dormir, o
Arteiro fazia artes: Mexia nos papéis... Um dia ele pulou na escrivaninha e passou um tempo
delicioso espalhando penas e lápis pela sala toda; mas quando entornou o tinteiro, mamãe disse:
“Não há jeito; precisamos ensinar boas maneiras ao Sr. Arteiro, ou então conservar a escrivaninha
sempre fechada”.
“O melhor é fechar a escrivaninha”, disse Rosália que achava que o Arteiro era muito pequeno
para aprender boas maneiras.
Um dia, papai estava muito ocupado e chegou tarde para o almoço. As crianças almoçaram e
estavam prontas para ir à escola.
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“Antes de almoçar, preciso ver o jornal”, disse o papai, “não tive tempo de correr os olhos
pelas notícias esta manhã!”.
Ele abriu o jornal e começou a ler, quando...
“Papai, olhe! Gritou Rosália”, Olhe, papai!”.
Papai afastou o jornal, sobre a mesa, saboreando placidamente seu prato!
“Será possível!” Exclamou a mamãe! “Este gatinho tem que aprender bons modos!”Ela retirou
o gatinho de lá, levou-o para o “hall”, fechou a porta e trocou o prato do papai”.
Papai simplesmente riu. “Ele aprenderá quando for mais velho”, disse.
Mamãe esqueceu-se do Arteiro enquanto tirava a mesa. De repente, lembrou-se. “Ora!
Esqueci-me do gatinho lá no hall!”.
Ela foi procurá-lo. Nem sinal de gatinho no “hall”! Ela chamou, chamou, mas o Arteiro não
apareceu. Procurou-o pela casa toda, e nada do Arteiro!
Quando as meninas voltaram da escola, a mamãe disse-lhes:
“Coitado do Arteiro! Sumiu-se! Procurem-no pelo quintal; não quero que ele passe a noite fora,
sozinho!”.
As crianças procuraram e procuraram... Perguntaram aos vizinhos, e nada. Ninguém vira o
Arteiro.
“Papai ficará triste quando souber do desaparecimento do Arteiro”, disse Rosália.
“Vou tentar mais uma vez. Vou olhar por toda parte”, disse Célia. Mas não foi encontrado. As
crianças estavam tristes quando papai chegou para jantar.
“Papai, Arteiro sumiu-se”, disseram elas.
Papai riu gostoso
“Olhem aqui!” Disse ele. Enfiou a mão no bolso do sobretudo e retirou de lá... O gatinho preto!
“O Arteiro!” Gritaram as crianças, correndo ambas para pegá-lo.
Onde você o encontrou; perguntou mamãe.
Papai contou que já estava na metade do caminho para a cidade, quando, ao tirar, o lenço do
bolso, deu com o gatinho que dormia sossegadamente no seu bolso. Quando mamãe levou-o para
o “hall”, ele subiu no, sobretudo do papai e acomodou-se num dos bolsos.
“Que fez com ele, papai?” Perguntou Célia.
“Levei-o para o escritório, naturalmente”, disse ele; “não havia tempo para voltar em casa. No
escritório, ele se comportou muito bem; brincou com todos e dormiu no cesto de papel. E ainda se
fala em ensinar-lhe boas maneiras! Vamos tratá-lo como a um cavalheiro, e mais tarde verão que
ele será o melhor e mais ajuizado gato do mundo!”.
Bruce queria acompanhar seu pai nas planícies do grande Deserto de Gobi. O Gobi se estende
por muitos e muitos quilômetros, mas com muito poucas marcas ou sinais que indiquem a
direção. Existem somente quilômetros de planícies onduladas – sem estradas, sem árvores, sem
cidades e sem vilas.
O pai de Bruce ia com freqüência ali, porque, bem distante, além daquelas planícies, estava
uma importante sede da missão. Mas era uma viagem longa, muito cansativa, e a pessoa tinha que
levar tudo o que precisava, colchonete para dormir, coisas para comer e roupa suficiente para
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todo o tipo de temperatura. E se estivesse na época das chuvas, qualquer tipo de viagem seria
muito difícil.
O papai estava se preparando para a viagem, e Bruce tinha esperança que poderia ir junto.
Depois de muitas considerações sobre o assunto, e tendo de fazer uma preparação adicional, o
papai decidiu que Bruce poderia ir junto desta vez. O pai carregou o carro na noite anterior, e
tudo estava preparado para a partida na manhã seguinte.
“Vamos”, disse o pai, “está na hora de acordar, já é tempo de tomarmos nosso caminho”.
Bruce esfregou os olhos, se espreguiçou um pouco, e somente meio acordado, lembrou que
naquela manhã iria acompanhar o pai na longa viagem. E assim, rapidamente, saiu da cama, se
vestiu, e bem depressa estava sentado à mesa, tomando seu desjejum na madrugada. O papai
estava colocando as últimas coisas no carro, esquentando o motor e esperando pela hora de partir.
Com um alegre “viva”, e um último carinho em Rom-rom, Bruce e seu pai saíram do portão
para a estrada, e logo começaram a subir a estrada adicional que os levaria à parte alta da planície
do Deserto de Gobi. Em menos de uma hora, estavam mais próximas e mais brilhantes.
O carro seguia pela escuridão, e o dirigir requeria muito pouca atenção. Bruce sentado no
banco da frente com seu pai adormeceu um pouco, e o ronco contínuo do motor parece que estava
embalando o pai em uma sonolência, também; mas não foram muito longe porque o carro caiu
em um declive que levava a um desfiladeiro profundo. O caminho defeituoso e a sacudidura
acordaram o pai, que olhando ao redor logo viu que tinham saído da estrada. Ao invés de
viajarem para o sudoeste, estavam indo direto para o Este, e naturalmente logo estariam em áreas
desconhecidas.
“Bem”, disse o pai, “acho que cochilei um pouco e não sabia para onde estava guiando. Eu
nunca tinha visto esse desfiladeiro antes”.
“Como você sabe?”, perguntou Bruce, “existem tantos desfiladeiros, como você pode saber
qual que já viu e qual não viram?”.
“Você precisa ter certeza”, respondeu o pai, “estou acostumado com os que já vi, e nunca
estive neste desfiladeiro antes”.
“Você sabe em que direção está o norte, pai?”.
“Não, mas sei uma maneira que podemos descobrir”.
“Mas você não tem uma bússola”, disse Bruce.
“Não”, replicou o pai, “vamos nos guiar pelas estrelas”.
“Pelas estrelas!”, exclamou Bruce, “como, se todas estão no céu! Como pode se guiar por
estrelas?”.
“Certamente podemos, filho; os marinheiros nos grandes navios que atravessam os oceanos
calculam sua localização corretamente, olhando para o céu e localizando certas estrelas. Embora
não estejamos no mar, estas grandes planícies são exatamente como um oceano, e nós também
podemos calcular nossa localização, e encontrar o caminho certo pelas estrelas. Primeiro precisa
encontrar a Estrela Polar, a Estrela do Norte, e seguir a linha até onde estão agora. Depois
identificando outras constelações, e encontrando a relação com outras estrelas, podemos ter uma
direção geral e saber como devemos proceder para encontrar um certo ponto no mapa”, explicou
o pai.
“Isto é muito interessante”, disse Bruce. “Eu lembro que o primeiro capítulo de Gênesis nos
fala que quando Deus criou o céu e a Terra, Ele mandou que aparecessem os luminares no céu, e
a Bíblia nos diz que eles deveriam servir de sinal para as estações, para os dias e para os anos;
mas eu não sabia que também poderiam nos ajudar a encontrar o caminho quando estamos
perdidos”.
Faz anos, quando minha irmã mais velha tinha meses de idade, aconteceu adormecer no quarto
da frente. Mamãe estivera ocupada com o serviço da casa e, ao aproximar-se da hora do almoço,
encheu o fogão de querosene, preparando-se para cozinhar o almoço.
Cheio o fogão, mamãe riscou um fósforo para acender. Seguiu-se terrível explosão, e em breve
a pequenina casa se achava em chamas. Na explosão minha mãe ficou seriamente ferida. O braço
esquerdo e o ombro ficaram em carne viva. Os vizinhos acorreram à cena e ajudaram-na a pôr-se
em segurança.
O corpo de bombeiros da pequenina cidade; com seu primitivo aparelhamento daqueles
tempos, apareceu dentro de alguns minutos. Por essa altura toda a casa era uma verdadeira
fornalha.
Naturalmente, a primeira coisa de que mamãe se lembrou ao recuperar-se do choque, foi a
criancinha adormecida em meio àquelas chamas. Os bombeiros e os espectadores disseram não
haver esperança de penetrar nos aposentos cheios de fumaça e dos caibros a cair. Desprendendo-
se, porém, dos que a procuravam conter, mamãe precipitou-se para a incendiada casa, abrindo
caminho por entre o fumo e as chamas, em direção do quarto em que se achava sua filhinha –
ainda adormecida.
Agarrando-a com aqueles braços já horrivelmente queimados pela explosão, mamãe carregou o
precioso fardo para fora, a salvo. Apenas uma cicatriz produzida por um botão quente assinalou
minha irmã mais velha, mas mamãe levou ao túmulo os vestígios de seu ato de heroísmo.
Por mais de um ano esteve ela em tratamento, enquanto a pele enxertada ia aos poucos
cobrindo as feridas. Aqueles repuxados tendões desfiguraram-lhe a bela mão, e feias cicatrizes
marcaram o braço que transportou a pequenina para lugar seguro. Aqueles dentre nós, porém, que
conheciam a história que se achava por trás daquelas cruéis cicatrizes, amávamos aquela mãe, que
a constrange a não poupar a própria vida para salvar seu filho!
Como esse amor tem inspirado e moldado à vida dos grandes homens deste mundo! Podemos
seguir, através dos séculos, a influência do amor e da educação de uma mãe.
Aí está José, o jovem escravo que se tornou poderoso governador do Egito – o segundo Faraó.
Em meio de adversidade e popularidade José não se desviou da senda da retidão. Por que?
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Porque, como menino aos joelhos de Raquel, absorvera de sua piedosa mãe aqueles princípios de
verdade e justiça que o mantiveram fiel ao ser combatido pelas ondas da tentação.
Jorge Washington foi, em sua infância, moldado pelo caráter e o amor de uma piedosa mãe.
Abraão Lincoln disse uma vez: “Tudo quanto eu sou ou tudo quanto ainda espero ser, devo a
minha angélica mãe!”.
“O trabalho da mãe muitas vezes se afigura, aos seus próprios olhos, sem importância. Raras
vezes é apreciado. Pouco sabem os outros de seus muitos cuidados e encargos. Seus dias são
ocupados com uma série de pequeninos deveres, exigindo todos paciente esforço, domínio de si
mesma, tato, sabedoria e abnegado amor; todavia ela se não pode vangloriar do que fez como de
algum importante feito. Fez apenas com que tudo corresse suavemente no lar; muitas vezes
fatigada e perplexa, esforçou-se por falar bondosamente às crianças, mantê-las ocupadas e
satisfeitas, guiar os pequeninos pés no caminho reto. Sente que nada fez. Assim não é, entretanto.
Anjos do céu observam a mãe, fatigada de cuidados, notando suas responsabilidades dia a dia.
Seu nome pode não ser ouvido no mundo; achava-se, porém, escrito no livro da vida do
Cordeiro.
“Existe um Deus no céu, e a luz e glória do Seu trono repousam sobre a fiel mãe enquanto ela
se esforça por educar os filhos para resistirem à influência do mal. Nenhuma outra obra se pode
comparar a sua em importância. Ela não tem, como o artista, de pintar na tela uma bela forma,
nem, como o escultor, de cinzelá-la no mármore. Não tem, como o escritor, de expressar um
nobre pensamento em eloqüentes palavras, nem, como o músico, de exprimir em melodia um
belo sentimento. Cumpre-lhe, com o auxílio divino, gravar na alma humana a imagem de Deus”.
Quão adequado, neste Dia das Mães, que nos detenhamos um pouco e prestemos um tributo a
quem tantas vezes tem enchido plenamente a medida da dedicação por aqueles a quem ama! Por
intermédio de sua ilimitada afeição, quanto filho ou filha coxeante não tem sido conduzido à luz
do supremo amor celeste! Que alegre dia de reunião será aquele em que as piedosas mães de
todos os séculos se encontrarem com os seus ao redor do grande trono branco!
“Pode uma mulher esquecer-se tanto de seu filho que cria, que se não compadeça dele, do filho
de seu ventre? Mas ainda que esta se esquecesse, Eu, todavia, não Me esquecerei de ti. Eis que
nas palmas das Minhas mãos te tenho gravado: os teus muros estão continuamente perante Mim”.
Isaías 49:15 e 16.
Não quereis vós, neste Dia das Mães – enquanto o coração se acha enternecido ao pensamento
do lar e da mãe – pensar também naquele incomparável amor de Cristo e entrar com Ele em mais
íntimas relações – com Ele que vos amou e Se entregou a Si mesmo por vós?
- Não emprestarei para ninguém! Exclamou Carlinhos ao ver, na manhã de seu aniversário, a
bela caixa de ferramentas, enviada pelo tio, acompanhada de um bonito cartão de felicitações. E
para maior segurança, acrescentou ele, para que ninguém me venha pedir nada emprestado,
manterei a caixa fechada e guardarei a chave comigo, no bolso.
- Não se esqueça, Carlinhos, disse o pai, que você por mais de um ano tem usado livremente as
ferramentas de José. É justo que você seja reconhecido!
Pela quarta vez naquela manhã, Davi correu para casa e perguntou: “Que horas são,
mamãe?”.
“Agora são nove e vinte e cinco. Você precisa esperar mais trinta e cinco minutos”, respondeu
a mãe dando uma olhada para Davi.
“Está bem!”, ele concordou, “mas eu queria que o vendedor se apressasse. Quero ver as
panelas novas que ele está trazendo. Você tem certeza que elas podem cozinhar batatas e
cenouras sem água e assim mesmo não queimar?”.
“Sim, Davi!”, riu a mamãe. “Você vai poder ver com os seus próprios olhos hoje mesmo. Logo
que o vendedor chegar irá fazer o almoço, para que nós possamos aprender como usar as novas
panelas e assim não deixar queimar a comida”.
“É difícil de acreditar que essas panelas possam ser tão boas”. O tom de voz de Davi
demonstrava que ele não podia acreditar no que sua mãe estava dizendo. “Vou ficar bem perto
para poder ver com meus próprios olhos”.E saiu rapidamente mais uma vez, saiu para esperar
pelo vendedor de panelas que cozinhavam sem água.
O tempo parecia se arrastar. Será que aquele homem nunca chegaria? Davi se sentou nos
degraus da escada e dava um pulo a cada vez que um carro entrava na rua onde ele morava.
Finalmente chegou o vendedor. “Ele chegou! Ele Chegou!” Rápido Davi abriu a porta da frente
e chamou sua mãe.
A mamãe convidou o vendedor para entrar, e Davi ajudou a carregar algumas das caixas onde
estavam as panelas.
O vendedor desempacotou as brilhantes panelas. “Muito bem, vamos examinar bem cada
panela para ver se estão perfeitas”, ele disse. “Depois teremos de lavar cada uma antes de
começar a fazer o almoço”.
“Por que lavar? Perguntou Davi muito surpreso”, elas nunca foram usadas".
“Não”, disse o vendedor, “elas nunca foram usadas, mas também não foram lavadas depois do
último polimento dado na fábrica. Nós não vamos querer cozinhar alguma coisa nelas sem ter a
certeza de que estejam muito bem lavadas. Isto não será bom para você e nem para as panelas”.
“Ah, sim”, respondeu Davi. E ficou observando como o vendedor colocava detergente em uma
esponja e esfregava, com todo o cuidado, as panelas e as tampas. Depois enxaguou bastante e
enxugou cada panela.
“Como estão lindas e brilhantes!”, exclamou a mamãe, “espero que continuem sempre assim”.
“Elas ficarão”, prometeu o vendedor, “quer dizer, se a senhora não usar palha de aço, e nem
outra coisa afiada e áspera para limpar. Lembre-se sempre disto, pois é muito importante”.
Logo as panelas estavam lavadas e o vendedor pronto para demonstrar como usar. Pedaços
tenros e brilhantes de cenoura foram colocados dentro de uma panela, ervilhas em outra e as
batatas dentro de outra panela ainda. Colocaram as tampas, mas não colocaram água. As panelas
foram colocadas sobre o fogo e acenderam o gás, mas colocaram fogo bem baixo.
A mamãe e Davi se sentaram para conversar com seu novo amigo, o vendedor, enquanto os
vegetais estavam cozinhando. Uma pequena válvula, do tamanho da metade de um dedal,
17 - FIDELIDADE RECOMPENSADA
Nos distantes dias de minha infância, sempre me parecia que o sábado era um impedimento
para se ter êxito na vida e empreender uma obra de valor. Meus companheiros ambicionavam
posições de destaque em que ganhassem muito dinheiro. A mim não me parecia que essas
aspirações se adaptassem ao programa de um menino adventista do sétimo dia.
Quarenta anos mais tarde, quando visitei a velha cidadezinha onde eu nascera, e comecei a
indagar acerca daqueles meus antigos companheiros, ninguém me soube dar informações.
Quando, naquele dia, visitei o cemitério, notei que a maioria deles se achava debaixo da terra. Um
daqueles amigos da infância construíra na cidade um lindo palacete. Agora, fazia pouco fora
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sepultado – morrera bêbado! Quando deixei o cemitério, não pude conter as lágrimas. Deus me
estava a dizer, muito claramente: “Meu filho, coloquei a cerca dos Meus Dez Mandamentos em
torno de você, nos dias de sua infância, para que tivesse uma vida mais abundante”.
Existem também muitas histórias acerca de como a obediência à lei de Deus trouxe bom êxito.
Todos vocês, meus pequenos leitores, sabem o que a Bíblia diz acerca de Daniel e seus
companheiros, e acerca de José, de Ester, Rute e muitos outros. Mas há também muitas histórias
acerca de meninos e meninas dos nossos dias, a quem Deus honrou assinaladamente porque
guardavam a Sua lei.
Uma das melhores histórias que conheço fala de um rapaz que trabalhava numa fábrica de
alimentos enlatados. Quando o menino apresentou o seu pedido para o dispensarem do trabalho
aos sábados, disseram-lhe, em poucas palavras, que a companhia não tinha lugar para alguém que
não trabalhasse aos sábados, ou em outro qualquer dia em que a companhia precisasse de seus
serviços. Devia comparecer no escritório na sexta-feira para receber a conta, e o seu caso estaria
encerrado.
Mas aconteceu que, antes que chegasse o sábado, o Senhor enviou uma chuva. Foi uma dessas
chuvas pesadas, que vem inesperadamente e mesmo fora de tempo. Deus mandou essa chuva para
ajudar um de Seus filhos que estava resolvido a honrar o Seu sábado.
Certa ocasião essa companhia de conservas tinha cerca de vinte mil latas de frutas em
conserva, todas rotuladas e prontas para o despacho. Mas estavam fora, ao ar livre, e poderia vir
chuva para estragá-las. Nosso menino, observador do sábado, estava quase certo de que iria
chover. E sabia que aquelas latas não podiam apanhar umidade. Nem era de sua responsabilidade
Dar-lhes qualquer atenção. Tinha já terminado o trabalho do dia, e o cuidado das latas não lhe
cabia. Entretanto, arrumou mais algumas pessoas e com elas pôs todas aquelas latas debaixo de
coberta. Apenas terminaram o trabalho, quando desabou pesado aguaceiro.
O gerente da companhia estava de volta de uma cidade distante, e enquanto se dirigia para
casa, pensava: “Todas aquelas latas se molharam. Tem de ser muito bem enxutas, para não
enferrujarem; todos os rótulos tem de ser tirados, e colocados outros. Isto significa alguns
milhares de cruzeiros de despesas extraordinárias, em trabalho e material...”.
Como ele ficou contente quando viu todas aquelas latas abrigadas da chuva! Naturalmente, foi
logo perguntando:
- Quem fez isso?
- Aquele menino adventista foi à resposta.
E o menino adventista, depois disso, teve liberdade para guardar todos os sábados que quisesse. E
é claro que queria guardar todos.
Nenhum menino ou jovem adventista ficará num beco sem saída, por causa do sábado. Ainda que
às vezes seja provado por algum tempo, Deus lhe providenciará um livramento glorioso!
Em certa localidade veio um menininho alegrar o lar humilde de um pobre casal. Chamaram-
no Joãozinho.
Sendo Joãozinho ainda pequenino, penetrou a enfermidade em sua pequena família. Não havia
médicos por ali perto, que fossem ajudar a seu pai enfermo, e assim não tardou a que ele
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morresse. Pouco mais tarde sua mãe também veio a falecer, ficando Joãozinho completamente só.
Embora seu tio tomasse conta dele, o pequeno se sentia muito triste e solitário sem o papai e a
mamãe. Tinha as roupas sujas e rotas.
Não tardou a que Joãozinho sentisse que não era de ninguém. Começou a vagar em companhia
de alguns meninos maus, e ele próprio se tornou mau. Às vezes um menino órfão aprende muitas
coisas más de outras crianças na rua. Nós, que temos um bom papai e uma boa mamãe, devemos
cada dia dar graças a Jesus por isso.
Depois de algum tempo seu tio se mudou para a povoação, ficando vizinho de um de nossos
missionários. Também aí Joãozinho fez amizade com meninos maus. Uns homens ruins ouviram
falar nele, e uma vez resolveram servir-se dele para maus fins. Eram ladrões que tiravam aos
outros o que lhes pertencia.
Um dia muito frio esses maus homens quiseram roubar na casa do missionário. Falaram com
Joãozinho a esse respeito. Disseram-lhe que ele devia rondar a casa, e ver onde guardavam as
chaves, de modo que ele pudesse roubar uma. Devia também ver quando os missionários saíam
de casa. Prometeram dar-lhe uma boa parte do que roubassem. Joãozinho concordou em fazer
esse feio papel.
À noite estava fria, e Joãozinho estava pobremente vestido enquanto se dirigia para a casa do
missionário. Tremendo de frio, parou debaixo da janela, olhando para dentro, a ver o que a
família estava fazendo. Ao ver o missionário dirigir-se para a porta da frente, procurou esconder-
se; mas ele o viu. Falando-lhe amavelmente, disse: “Pequenino, deves estar com frio. Entra
comigo e aquece-te”. O menino entrou em casa, pensando que agora tinha melhor ensejo que
nunca de conhecer o arranjo de tudo por dentro, e saber onde se guardavam as coisas de valor.
A esposa do missionário sentiu compaixão pelo pequeno sujo e esfarrapado. Preparou-lhe um
banho quente e deu-lhe roupa limpa e trouxe-lhe também uma ceia quentinha. Joãozinho não
podia compreender essa bondade tão grande. Ao terminar a refeição, a família missionária reuniu-
se na sala para o culto vespertino. O dono da casa disse:
- Agora repitamos juntos S. João 3:16: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o
Seu Filho unigênito, para que todo aquele que N’Ele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.
Joãozinho escutava. Seu coração se enternecia enquanto repetia as belas palavras de S. João 3:16
uma e mais vezes, mas não podia recordar todas as palavras. Depois do culto, o missionário
perguntou a Joãozinho se queria fazer um recado para eles. Ele respondeu: Sim, senhor.
- E deitou a correr pela rua em que os homens maus o estavam esperando. Agora eles viram
um menino limpo e bem vestidinho. Estava todo mudado. Os ladrões pediram-lhe informações
acerca da casa do missionário, mas o menino negou-se a falar. Foi ameaçado, e depois açoitado
até que o deixaram quase morto.
Ao ser encontrado na rua, Joãozinho estava inconsciente. Tinha as roupas sujas, e as feridas a
sangrar. Vocês se lembram da história do bom samaritano, que encontrou no caminho o pobre
homem espancado pelos ladrões. Pessoas de bom coração recolheram o menino inconsciente e
ensangüentado, e levaram-no ao hospital. Durante toda a longa noite ele delirava e dizia:
- Deixem-me em paz; já não sou aquele menino mau. Sou João 3:16. Repetidamente o ouviam
as enfermeiras dizer: “Sou João 3:16”. Elas não podiam entender o que ele queria dizer com isso.
Mais tarde, quando Joãozinho começou a melhorar, explicou como pensara em ajudar os
ladrões; como havia parado, sujo, faminto e friorento, sob a janela do missionário. Como este o
levara para sua cômoda morada, lhe dera um banho quente, roupas limpas e uma boa ceia quente,
e João 3:16. Então, o menino disse: “Se João 3:16 pôde fazer tudo isto por mim, mostrando-me
tanto amor e bondade, então também eu quero ser um João 3:16. Quero ser o filho de alguém”.
Três rostos se viraram ansiosamente da janela para sua mãe que estava costurando ali perto,
sentada em uma cadeira de balanço.
- Oh! Mãezinha, o papai vai mesmo chegar esta noite? – perguntou Carla.
Largando um pouco a agulha, a mamãe sorrindo disse:
- Sim, Carla, o papai disse que estaria aqui hoje à noite.
- Mas, mãe, as estradas estão horríveis, muito perigosas agora – disse Tadeu com uma voz
assustada.
E novamente os olhos voltaram a olhar pela janela. Duas horas antes tinha começado uma
chuva gelada, o gelo estava pendurado nas árvores e arbustos, fazendo com que parecessem de
prata. Agora estava caindo neve, cobrindo todo o chão. O gelo nas estradas foi rapidamente
escondido e coberto pela camada de neve. A mamãe levantou de sua cadeira e juntou as crianças
ao redor dela. Jaime, que tinha três anos, passou os braços ao redor da mãe e perguntou:
- O papai está bem?
Arrumando seus cabelos, a mamãe sorriu novamente e perguntou:
- Crianças, vocês lembram quem está cuidando de nós todo o tempo?
Todos os três mexeram a cabeça para cima e para baixo.
- Jesus – disse Carla.
- E quem manda para estar com cada um o tempo todo?
- Nosso anjo da guarda! – disse Tadeu sorrindo.
- Um anjo está cuidando do papai? Perguntou Jaime.
- Sim, ele está ao lado do papai, Jaime – disse a mamãe. – Sabe de uma coisa, vamos todos
ajoelhar e fazer uma oração especial pedindo que Jesus traga o papai logo, logo para casa e em
segurança.
Todos ajoelharam em cima do tapete no meio da sala quentinha e deram as mãos. Cada um
orou – mamãe, depois Jaime, Carla e por último Tadeu.
“Querido Jesus”, orou Tadeu, você sabe onde está o papai. Por favor, mande o anjo da guarda
proteger o papai na estrada gelada e fazer com que ele chegue logo em casa. Obrigado. Amém”.
Logo que levantaram da oração, de repente a sala ficou escura. O peso do gelo e neve tinha
arrebentado o fio da linha elétrica em algum lugar. A mamãe foi acender uma vela e observou o
relógio – eram 7:30 horas. Depois a mamãe acertou o seu relógio de pulso e sentou com as
crianças no sofá.
- Vamos cantar algumas canções de Natal! – disse Carla.
- É isto mesmo, vamos cantar! – disse Tadeu.
E começaram a cantar “Num Berço de Palhas”, “Sinos de Natal” (escolha outros hinos). Até
mesmo o Jaiminho estava cantando, mesmo não conseguindo dizer muito bem as palavras por ser
muito pequeno.
20 - HISTÓRIA DE UM CHINÊS
Numa pequena choça, no alto de uma colina de onde se avista o verde mar, vivia um jovem
pescador chinês. A choça era deveras pequena. Consistia apenas num quarto, atrás do qual ficava
um alpendre que servia de cozinha. As paredes e o soalho eram de barro batido e encarnadas
telhas formavam o teto. A cama, ou melhor, algumas tábuas sobre dois bancos, duas tripeças e
uma pequena mesa constituíam a singela mobília. Do outro lado oposto à porta, achava-se uma
mesa alta e estreita, onde se encontrava o ídolo de barro pintado, dos pescadores. Ladeavam
encarnadas velas em candelabros de metal branco e a sua frente ficava a pesada taça de bronze,
cheia de cinzas provindas das barras de incenso.
Toda manhã, antes de sair à pesca, o jovem chinês Khiok-ah apanhava duas novas barras de
incenso, segurava-as diante do ídolo, agitava-as no ar, e colocava-as na taça, rogando dessa
21 - INUNDAÇÃO NA FLORESTA
Não se pode negar que eu era um rapaz levado, que causava muitos aborrecimentos à mãe.
Meu pai, que era pianista, naquele tempo pouco se podia dedicar à educação dos filhos. Eu tinha
um prazer especial em brincar com fogo. Quando encontrava uma caixa de fósforos esquecida,
logo acendia um pauzinho. Com alegria, contemplava a pequena chama e em seguida lançava
fora o fósforo, sem cuidar se ele ainda ardia. Isto eu fiz durante muito tempo, até que uma vez
minha mãe chegou a observar e deu um fim repentino ao meu divertimento.
- Espero que você nunca mais pegue numa caixa de fósforos sem licença, disse ela, e ameaçou-
me com um severo castigo.
Prometi, todo amor e bondade, e pretendia também cumprir a promessa.
Certa manhã, porém, minha mãe teve de ir à feira. Deixou a nós dois, a mim, Joãozinho, e a
irmãzinha que era dois anos mais nova, aos cuidados da empregada recém-chegada ao serviço.
- Joãozinho – ela aconselhou, ainda, ao partir – lembre-se de que Deus pode vê-lo também,
quando eu não estou aqui.
Eu prometi ser bonzinho. Mas logo que me senti livre dos olhos vigilantes de mamãe, a velha
insolência tomou conta de mim, porque, com a empregada tão nova e quieta, eu não me
importava. Nós começamos a correr por todos os compartimentos da casa, eu na frente, e minha
irmãzinha, que ainda estava um pouco fraca, atrás de mim.
Em nossa correria doida chegamos ao quarto de nossos pais. Ali, sobre a estufa, uma caixa de
fósforos me tentava. Logo tive o desejo de acender um pauzinho. Ao mesmo tempo veio-me à
lembrança a severa proibição de mamãe. Eu procurava desviar-me dali. Mas a caixa com a linda
etiqueta vermelha parecia estar em todos os cantos do quarto e tentava-me irresistivelmente.
Apenas vou ver se há fósforos dentro, eu pensei.
Uma cadeira foi carregada para perto da estufa, pois eu era muito pequeno para alcançar a
caixa. Subi na cadeira, enquanto minha irmã olhava admirada. Logo peguei a caixa almejada,
com muito gosto. Estava bem cheia de fósforos de cabecinha vermelha. Será que eles também
queimavam? Somente um, apenas um, eu queria experimentar. Que bela chama! Era tão linda!
Mais uma vez, mais outra. De um fósforo aceso, tornaram-se dois, três, quatro!
- Eu também, eu também, Joãozinho, pedia à pequena que achava bonitos os fósforos
inflamados.
Dei um fósforo à irmãzinha; depois lhe estendi a caixa para riscar, sem pensar que estava
ensinando a desobediência a ela. Minha irmãzinha não sabia bem riscá-los.
- Dá-me, aqui, tolinha – disse eu, sentindo-me muito superior a ela, e tomei-lhe os fósforos da
mão, dando a caixa em troca.
Enquanto eu me esforçava a dar, à criança assustada, o pauzinho aceso, não notei que o meu
próprio fósforo chegava debaixo da manga de seu vestidinho vermelho, de lã. Eu ainda não sabia
o que acontecera, até que vi a fumaça subir e o fogo aparecer.
Atônito, eu estava ali, olhando como minha irmã corria de um lado ao outro, gritando, e com os
braços erguidos. Pelo movimento a chama ficava maior e maior. A pequena gritava quanto podia,
de susto e de dor. A empregada veio correndo. Em vez de ajudar, ela ficou parada em nossa
frente, sem saber o que fazer. Pôs o avental na frente dos olhos e começou a soluçar.
23 - MÃE DE VERDADE
Carlos gostava de olhar o dourado campo de trigo, e ver como se dobravam e balançavam com
o vento. “Ele faz ondas assim como no mar!” Ele disse.
O pai de Carlos sorriu: “Sim, filho, é isto mesmo. E amanhã os combinados vão começar a
rolar”.
Carlos sabia o que eram combinados. Eram máquinas grandes que iam de um lado ao outro do
campo. Elas colhiam os grãos que estavam na haste do trigo, amontoavam dentro dos caminhões
que levavam os grãos para os mercados da cidade,
Por isto, Carlos ficou um pouco triste, ao pensar que não teria mais muito tempo para ficar
vendo o trigo balançando com o vento. Se os combinados começassem a trabalhar de manhã
cedo, provavelmente de tarde todo o campo de trigo já teria sido colhido.
“Vou ficar com saudades do trigo, papai”, disse Carlos com tristeza.
O papai sorriu e colocou sua mão no ombro de Carlos. “Eu acho que também vou ficar com
saudades. Mas é tempo de colheita. Você sabe que a Bíblia nos diz que existe tempo para plantar
e tempo para colher. Nós plantamos o trigo no tempo certo, ele cresceu verde e forte. Depois de
muitos meses, o vento, a chuva e o sol, fizeram com que ele amadurecesse. Agora está no ponto
de ser colhido. Se ficar mais um pouco, o talo do trigo começará a ficar muito fraco e poderá cair.
Se isto acontecer, as espigas do trigo cairão no chão e ficaria muito baixo para que os combinados
pegassem, e desta maneira perderíamos os grãos”.
Bem calado, Carlos ficou prestando atenção no que o pai dizia. E depois começou a sorrir
também. Ele sabia que seus pais precisavam do dinheiro que conseguiriam com a venda do trigo
para pagar a fazenda. Lentamente, Carlos alcançou a mãos de seu pai. “Estou contente por que é
tempo de colheita”, ele disse.
O pai apertou, fortemente, a mão de Carlos entre as suas, dizendo: “Eu também estou feliz”.
Bem cedo na outra manhã, Carlos e sua irmãzinha, Lisa, foram para fora ver se os grandes
combinados já estavam vindo da cidade. O céu estava claro e limpo, e o sol brilhava cada vez
mais. Um longo tempo passou mas, os combinados não chegavam.
Lisa se cansou de esperar. “Vamos fazer qualquer outra coisa”, suplicou, “estou cansada de
esperar pelas máquinas”.
Carlos riu. “Está bem. Por que não vamos caçar borboletas para variar? Eu acabei de ver uma
borboleta no campo de trigo”.
“Agora sim”, gritou Lisa. “Eu também acabei de ver uma borboleta!”.
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E saiu correndo para casa, tão depressa quanto permitia suas pequenas pernas. Por alguns
minutos Carlos ficou olhando para ela, mas logo viu uma enorme borboleta, de asas muito
bonitas, e começou sozinho a caçar.
Quanto tempo Carlos ficou caçando borboletas, ele não se lembrava. Logo perdeu de vista
aquela grande borboleta, mas viu outras de cores variadas e de diversos tamanhos para caçar. Ele
se esqueceu completamente de Lisa. Também se esqueceu dos combinados, até que ouviu o
barulho deles vindo pela estrada.
“Lisa!”, ele chamou, voltando para casa, “os combinados estão chegando!”.
Mas Lisa não respondeu. A mamãe ouviu Carlos chamando e gritando, e veio até o pátio.
“Lisa não está comigo”, disse a mãe, “pensei que estivesse com você esperando as máquinas”.
“Ela estava”, explicou Carlos, “mas começamos a caçar borboletas, e notei quando ela correu
em direção de casa para pegar uma borboleta que tinha visto”.
Carlos viu o pai que estava saindo do celeiro e correu para encontrá-lo, “Pai, a Lisa está no
celeiro?” Perguntou.
“Não, por quê?”, perguntou o pai muito surpreso, “pensei que ela estivesse com você!”.
Carlos teve vontade de chorar. “Ela estava comigo, começamos a caçar borboletas, e agora não
sei onde ela está”.
O pai olhou preocupado, bateu levemente no ombro de Carlos e disse, tentando acalmar: “Nós
vamos encontrá-la. Vou avisar os homens para não começarem a trabalhar com os combinados.
Lisa pode estar na plantação”.
Carlos passou os olhos pelos hectares e hectares de ondulante trigo. Como poderiam encontrar
Lisa dentro de tão grande plantação?
Mas o papai tinha um plano. Ele, os homens das máquinas, junto com a mamãe e Carlos,
deveriam se dar às mãos e andar através do campo. “Vamos andando e chamando até
alcançarmos o outro lado”, explicou o pai. “Depois vamos voltar e caminhar novamente. Desta
maneira não vamos perder nenhum pedacinho. Lisa pode ter sentado para descansar em algum
lugar e talvez tenha pegado no sono. E assim não poderá ouvir o nosso chamado. Se não nos
dermos às mãos, poderemos perdê-la, neste trigo tão alto”.
Os homens concordaram que era um plano muito bom. Todos se deram as mãos, e o papai fez
uma oração pedindo a proteção de Jesus, e também o Seu auxílio.
Quando a oração terminou, Carlos segurou na mão do papai e estendeu sua outra mão,
procurando a mão de outra pessoa. Olhou em volta muito surpreso. Ele era o último daquela fila.
O papai olhou para ele e disse baixinho. Segure na mão de Jesus, meu filho. Ele vai nos ajudar
a encontrar Lisa”.
Conforme iam se movendo através do campo, Carlos quase podia sentir Jesus segurando a sua
mão. O trigo estava muito alto, em muitos lugares passava acima de sua cabeça, mas por alguma
razão não era difícil andar através dele.
De um lado e de outro da linha, Carlos podia ouvir os homens chamando o nome de Lisa. A
mamãe e o papai também chamavam, mas Carlos não chamava. Tinha que se manter junto com o
pai, e os passos dele eram muito grandes.
De repente, Carlos soltou a mão de seu pai e começou a correr pelo campo de trigo. Quando
estava um pouco na frente, parou e se ajoelhou em oração. Logo que terminou de orar, levantou e
correu um pouco para frente, em outra direção.
E parou subitamente. Bem na sua frente estava Lisa. Ela estava dormindo num pequeno monte
de trigo.
“Pai!”, Carlos gritou, “pai, Lisa está aqui”.
Numa prisão, na Áustria, em frente de uma cela em que se encontravam dois jovens
condenados, incriminados do assassínio de um policial, dois visitantes conversavam:
- Parece-me que vai perder o seu tempo, dizia um deles, sacerdote; estes jovens são católicos.
Envidei todos os esforços no sentido de os converter, mas tudo foi inútil, pois estão
completamente endurecidos. Todavia quando já me propunha a sair pediram que os deixasse falar
com um pastor evangélico.
Eram 17:30h e às 18:00 horas ambos seriam executados.
O homem a quem havia sido dirigido a palavra do padre, um pastor evangélico, entrou na cela,
orando fervorosamente no espírito. Os jovens Sobot e Kosil, de 17 anos, levantaram-se,
cumprimentando-o e Sobot disse, simplesmente:
- Esperávamos que o senhor viesse...
Colocando sobre a mesa a Bíblia, o pastor respondeu:
- Sinto-me muito contente por estar aqui.
- Que livro é aquele? Perguntou Kosil.
- A Bíblia.
- Será esse o livro que diz que Deus fez o mundo?
- Exatamente, tornou o pastor; mas diz muito mais ainda. Não relata apenas que Deus criou o
mundo, mas diz, também, que Ele o amou. Escutai isto: “Porque Deus amou o mundo de tal
maneira que deu o Seu Filho Unigênito, para que todo aquele que n’Ele crê não pereça, mas tenha
a vida eterna”.
E o pastor sentou-se num banco, fazendo sentar ao seu lado os dois condenados; e continuou:
- Deus amou o mundo! Isto é verdade e algo aconteceu que o prova, e ao mesmo tempo em que
Ele ainda o ama.
Os jovens escutavam atentamente e o pastor falou-lhes de Cristo, o Filho de Deus, que pelo
sacrifício de Si próprio veio tirar o pecado, reconciliando o mundo com Deus. Em dada altura
leu-lhes as seguintes palavras: “E quando chegaram ao lugar chamado a Caveira, ali O
crucificaram, e aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda. E dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes,
porque não sabem o que fazem”.
- Mas é verdade que Ele disse isso por aqueles dois criminosos? Interrompeu Kosil.
- Certamente eles estavam incluídos nesta frase, foi a resposta.
26 - NANCY E AS FLORES
A vovó de Nancy tinha uma loja de flores. Atrás de sua casa havia um viveiro, onde se podia
encontrar qualquer variedade de planta que você possa imaginar.
E atrás do viveiro havia um jardim. E o jardim transbordava de flores de verão. Haviam flores
rosadas, flores azuis, alaranjadas, douradas e flores amarelas. E atrás, num pequeno cercado,
estavam plantas cheias de rosas vermelhas, brancas, rosadas e amarelas. Quando Nancy ia visitar
a vovó, sempre ajudava a molhar as flores, e também ajudava a capinar, tirando o mato. Algumas
vezes, a vovó lhe dava uma tesoura, e deixava que ela cortasse algumas flores para fazer um
buquê. Ela precisava de tesoura, especialmente para apanhar rosas. Sempre que podava as flores,
Nancy pensava como devia ter sido lindo no Jardim do Éden, onde não havia espinhos nas rosas,
não havia erva daninha e nem mato para arrancar. Como devia ter sido lindo antes que o pecado
27 - O BARCO QUEBRADO
Quem não ficaria orgulhoso do lindo modelo de veleiro que Jaime tinha feito?
Ele o havia colocado sobre a toalha da lareira para que todos os que entrassem na sala pudessem
ver.
Um dia seus tios e seu primo favorito, chamado Marcos, vieram fazer uma visita. Jaime franziu
o rosto quanto notou que Marcos se levantou na ponta dos pés e pegou o lindo veleiro que estava
sobre a lareira. Mas Jaime não disse nada, porque gostava muito de Marcos.
“Jaime trabalhou, fazendo este veleiro, por mais de três semanas”, disse o papai, colocando
orgulhosamente as mãos sobre os ombros de Jaime.
“Olhe! Cuidado!” Disse a mãe de Jaime, quando Marcos tropeçou na ponta do tapete. Mas era
muito tarde, e Marcos caiu! O belo modelo de veleiro voou de suas mãos e se espatifou no chão.
Jaime apertou os lábios, enquanto a passos largos atravessou a sala para juntar seu barco. O
mastro principal tinha sido arrancado, e o mastro menor estava quebrado. Seu modelo de barco
tão lindo estava completamente arruinado!
Marcos olhou para Jaime, seu rosto estava pálido, e havia lágrimas em seus olhos castanhos.
“Eu... eu... sinto muito!” Seus lábios tremiam e então começou a chorar.
Jaime sentiu muita vontade de xingar e brigar com ele, mas por um minuto não disse nada –
somente olhou para o barco quebrado que estava em suas mãos. Marcos não tinha nada de ter
pegado o barco de cima da lareira. O barco não pertencia a ele. Agora as três semanas gastas para
construir o barco estavam perdidas. Mas Jaime somente sorriu e disse: “Foi um acidente,
Marcos”, e se abaixou para ajudar o pequeno menino a se levantar, “e, além disso, eu posso
consertar o veleiro. Ele ficará tão bom quanto se fosse novo. Por favor, pare de chorar”.
Marcos mal podia enxergar através de suas lágrimas. “Nam...nam...não, você não vai poder
consertá-lo”, disse duvidando.
“Sim, eu tenho certeza que poderei consertar”.
“Ma... ma..., mas o veleiro está todo quebrado”, disse Marcos, tentando enxugar as lágrimas.
“Ele ficará tão perfeito, como se fosse novo, depois que eu construir um novo mastro”, disse
Jaime.
“Sentimos muito pelo que aconteceu, Jaime”, disse seu tio, enquanto procurava sua carteira. E
tirando algum dinheiro disse: “Isto é para você. Quero que você construa um novo modelo”.
Jaime sorriu para seu tio. “Muito obrigado, tio, mas eu já tenho outro modelo para construir.
Papai trouxe um para casa ontem. De qualquer maneira, muito obrigado por seu oferecimento.
Mas não foi causado dano ao barco que não possa ser consertado”.
Quando Marcos e seus pais finalmente se despediram, Jaime estava na porta com a sua mãe e
seu pai e acenou para eles quando o carro passou na rua.
Era uma vez dois meninos muito bons amigos. Chamavam-se João e Santiago, e como estavam
sempre juntos, assistiam ambos a uma escola situada no cume de uma colina.
Próximo dos terrenos para brinquedos da escola havia um extenso terreno baldio onde tinham
sido realizadas escavações para certas minas. Foram descobertos minérios valiosos a uma grande
profundidade, e tiradas muitas pedras para a superfície para passá-las pelas máquinas que
separavam o minério das escórias.
Os mineiros trabalharam nisto durante muito tempo, até que finalmente não havia mais minério
e o trabalho terminou. Foram tiradas todas as ferramentas dos poços e das galerias subterrâneas, e
a maquinaria foi levada para onde havia novas minas. A água começou a encher os túneis, uma
vez que foram tiradas as bombas. As chuvas também contribuíram para encher os poços, até que a
água quase chegou à superfície.
Uma ordem muito severa da escola era que nenhum menino devia pisar nesses terrenos.
Numa tarde, depois que terminaram as aulas, ocorreu a Santiago uma idéia que lhe pareceu
brilhante. Para a maioria das crianças, há prazer na variação de suas atividades, de modo que
Santiago disse a seu amigo:
- Joãozinho, vamos tomar um caminho de atalho para nossa casa.
Joãozinho pensou que isso seria interessante, e o acompanhou. O caminho do atalho passava
pelo terreno onde haviam trabalhado os mineiros, porém os meninos esqueceram-se do
regulamento da escola.
Foi muito divertido ir para casa por um caminho diferente. Santiago escondeu-se atrás de um
montão de pedras, e Joãozinho tratou de procurá-lo. Logo pararam para examinar o que havia ao
redor de um velho poço. Jogaram pedras ao seu interior para ouvir como golpeavam contra a
água.
Mais adiante viram um despenhadeiro e um lugar bastante bom para nadar, porém fazia frio.
Fizeram esforço para subir a um grande montão de escórias de cujo cume podia ser vista grande
parte da cidade e até os campos de muito longe.
Outra tarde os meninos detiveram-se para brincar ao redor de um poço. Santiago correu até
muito perto da boca, tropeçou e caiu de cabeça nas águas turvas. Quando voltou à superfície
procurou agarrar-se a madeiras podres que flutuavam no pólo. João não podia alcançar o seu
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amigo com a mão e não tinha corda para jogar-lhe. Gritou-lhe que ia, em busca de auxílio, e saiu
correndo.
Alguém chamou pelo telefone o corpo de bombeiros. Imediatamente chegaram os caminhões
com suas sirenas; veio também o grande caminhão com escadas. Joãozinho indicou aos homens
onde tinha caído Santiago, porém agora não podia ser visto. Os homens começaram a usar cordas
e ganchos para tirar o menino.
Logo se espalhou pelo povoado a notícia de que havia acontecido um acidente, e vieram
mineiros de todas as partes para ajudarem a procurar. Chegou a noite, mas os homens, com o
auxílio de algumas pequenas luzes, continuaram trabalhando, ainda que sem resultado.
No dia seguinte outros homens estenderam cabos para as luzes elétricas e a força do motor.
Foram instaladas duas grandes bombas, que imediatamente começaram a funcionar, tirando
milhares de litros de água que lançavam em um ribeiro ao pé da colina.
Lentamente foi baixando a água do poço. No interior deste foi construído um andaime para que
os homens pudessem trabalhar melhor. Passaram-se vários dias. As grandes bombas continuavam
funcionando, e os homens lutavam dia e noite.
Bem no fundo do poço foi encontrado o corpo do menino. Tiraram-no imediatamente, levaram-
no para uma ambulância que esperava, porém era demasiado tarde. Este caso triste mostra-nos
que os meninos devem atender ao conselho de seus pais e professores e obedecer-lhes sempre.
29 - O FIEL TUPÍ
Tupí era apenas um cãozinho sem lar, sem ninguém que dele cuidasse. Passava maus bocados,
e recebia muitos pontapés e pancadas de meninos maus que se compraziam em maltratá-lo.
Encontrou certo dia um menininho que se mostrou bondoso para com ele, e acompanhou à casa o
pequeno Roberto. Pediu com tanta insistência que o deixassem entrar, que a mãe do menino
disse: “Sim, Roberto, dê-lhe um bom jantar”.
Tupí portou-se tão bem, e Roberto estava tão ansioso por tê-lo em casa, que lhe foi permitido
ficar. A família toda o apreciava; mas Mimosa, a gatinha, não queria acamaradar-se com ele, a
princípio. Arranhava-o e cuspia-lhe cada vez que dela se aproximava. Mas, no decorrer do tempo,
Mimosa começou também a gostar dele, e tornaram-se bons amigos.
Tupí tornara-se útil de várias maneiras. Guardava a casa, afastava do jardim os pintinhos,
levava a cesta à venda e trazia as coisas de que sua dona necessitava. Fez-se muito amigo de
Roberto, acompanhava-o e brincava com ele.
Uma noite incendiou-se a casa e, si não fosse a ação imediata de Tupí, teria sido destruída e os
habitantes devorados pelas chamas. Tupí correu para a cama de Roberto, agarrou a colcha, latiu e
fez tanto barulho, que Roberto acordou a tempo de chamar o pai antes que o fogo tivesse causado
muito dano. Embora somente um cachorro, Tupí era fiel e fazia o que podia para demonstrar sua
gratidão para com o bom lar que o acolhera.
Os cães têm grande amor a seus donos, e geralmente os servem com a maior fidelidade. Há
muitas espécies de cães: dogue, buldogue, Terra-Nova, São Bernardo, mastim, cão dágua e
outros. Alguns são ferozes e cruéis, e outros amáveis e nobres. Os cães de São Bernardo têm ido a
montanhas cobertas de neve, à procura de viajantes que se extraviaram. Têm salvo a muitos,
conduzindo-os ao lar dos que os enviaram em sua missão de misericórdia.
30 - O LEMA DE JUDITE
A porta da loja de balas se abriu e cinco meninas pequenas entraram correndo. Ansiosamente
elas olhavam para as muitas espécies de balas que estavam nos potes.
- Escolham o que desejarem, meninas, porque eu tenho um monte de dinheiro comigo – disse
Judite.
- Obrigada, obrigada, Judite – exclamaram todas elas ao mesmo tempo.
- Eu quero algumas destas, e destas – disse Sílvia apontando para os potes de balas.
- Por favor, me dê algumas balas de leite – disse Maria para o Sr. Mason, que estava
atendendo.
Finalmente cada menina havia sido atendida, Judite abriu sua bolsa vermelha e tirou o dinheiro
(diga uma quantia).
- Aqui está o seu dinheiro, Sr. Mason – disse Judite, entregando o dinheiro para ele.
- Muito bem, Judite, você deve ter feito aniversário para ter tanto dinheiro assim.
Esta já é a terceira vez esta semana que você compra balas para suas colegas – comentou o Sr.
Mason.
Judite não disse nada. Ao sair da loja, as colegas novamente rodearam Judite.
- Muito, muito obrigada pelas balas, Judite. Você é um docinho – disseram todas.
Judite sorriu.
- Está bem, tudo bem. – E Judite andava orgulhosa ao lado delas.
A lição da escola no dia seguinte era sobre Benjamim Franklin.
- Aqui está uma folha de papel para cada um de vocês – disse a professora Célia. – Cada um
vai escrever alguma coisa sobre Benjamim Franklin. Quando eu chamar, por favor, levante e leia
o que escreveu em sua folha de papel.
A professora passava de uma fila para outra, chamando cada aluno. Chegou a vez de Judite ler
alto, e ela leu o que havia escrito:
- Uma das frases mais famosas de Benjamim Franklin foi: ”Honestidade é a melhor política”.
A professora continuou chamando os alunos, mas Judite quase não ouviu o resto dos trabalhos.
Estava pensando profundamente. Finalmente a aula terminou.
- Você vai agora à loja de balas, Judite? – perguntaram suas colegas, enquanto saíam pela
porta.
- Não, eu não posso ir lá hoje – respondeu Judite – mas podemos andar juntas por algumas
quadras.
- Não, nós não podemos – disse uma delas – o seu caminho é outro e realmente não podemos
acompanhá-la. – E elas saíram andando em outra direção.
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Judite continuou seu caminho sozinha, bem devagar. Ela atravessou a rua em frente à casa do
Sr. Mendes. De repente escorregou em cima de alguma coisa e caiu. Ela olhou para ver o que
tinha feito com que caísse. Você pode achar estranho, mas ao lado de Judite estava um quadro,
com a moldura quebrada, e neste quadro tinha uma frase. Ela olhou com atenção para ver o que
estava escrito, e leu em voz alta. “A honestidade é a melhor política” – Benjamim Franklin. O
velho lema havia caído de uma caixa estragada que o Sr. Mendes tinha jogado fora, depois que
comprou um quadro novo.
Judite se levantou bem devagar, mas, de repente começou a correr, correr, correr, o mais rápido
que podia, entrou correndo no jardim de sua casa. Abriu a porta e chamou:
- Mamãe, mamãe, onde está você? Eu preciso muito falar com a senhora.
- Por que, Judite, o que aconteceu? Perguntou sua mãe, logo que ela entrou na sala.
- Oh! Mamãe – Judite passou os braços ao redor do pescoço de sua mãe, e apertou bastante –
eu fiz uma coisa horrível. Acho que você não vai me amar mais, eu sei. E lágrimas começaram a
correr pelo rosto de Judite.
- Conte-me, filhinha, o que está perturbando você – disse a mãe.
- Eu ando pegando dinheiro da caixa que está na cozinha – disse Judite.
- Oh! Judite estou muito triste – a mamãe olhou preocupada. – Aquela é minha caixa
missionária, onde eu coloco dinheiro para dar para Jesus. E esse dinheiro será usado em algum
lugar onde tenham uma necessidade especial, no campo missionário.
Judite começou a chorar.
- Eu peguei o dinheiro para comprar balas para minhas colegas na escola. Agora ninguém mais
vai gostar de mim.
- Minha filhinha, Judite – disse a mãe olhando em seus olhos – eu sempre amarei você, não
importa o que você tenha feito. E Jesus também ainda ama muito você. Vamos nos ajoelhar e
dizer a Jesus que você está muito arrependida. Depois vamos estudar uma maneira de você
devolver o dinheiro.
Judite e sua mãe ajoelharam juntas e Judite falou para Jesus como estava arrependida por ter
roubado o dinheiro da caixa missionária de sua mãe. Quando levantaram da oração, Judite estava
sorrindo feliz:
- Como é bom a gente se sentir perdoada.
- Sim, filhinha, eu sei – sorriu a mamãe. – Agora me diga onde estão as meninas com quem
você gastou o dinheiro?
- Elas foram para suas casas. Eu não tinha dinheiro para gastar com elas hoje, então não
quiseram me acompanhar até minha casa.
- Você não pode comprar amiga com dinheiro, Judite. Mas, vamos imaginar que você convide
algumas meninas para vir aqui em casa amanhã depois da escola.
- Mas, mamãe, que poderemos fazer aqui? – Judite queria saber.
- Elas podem ajudar você a assar biscoitos para vender e devolver o dinheiro para a caixa
missionária. – A mãe puxou Judite para bem perto dela. Tenho certeza de que elas poderiam vir.
- Que bom! Exclamou Judite – será muito divertido! Tenho certeza de que elas também vão
gostar muito!
- Depois Judite deu um abraço bem apertado na mamãe e disse:
- Benjamim Franklin estava certo quando disse: “A honestidade é a melhor política”.
31 - O MELHOR CAMINHO
Joel, Maria Assunção e sua irmãzinha brincavam no quintal quando Breno, João e o pequenino
Guilí Almeida passaram pela alta cerca que separava os quintais, para brincar com eles.
Durante horas seguidas as crianças se divertiram jogando bola e peteca, ou balançando-se no
grande balanço de cordas, e escorregando no plano inclinado que o pai de Joel para eles fizera.
Repentinamente, porém, todos pareceram perder por completo o interesse no que estavam
fazendo.
- Já sei porque, disse Joel, todos nós estamos com fome.
- Decerto que estamos, disse Maria; e embora mamãe tenha visitas esta tarde, correrei para casa
a fim de ver alguma coisa para comer.
- Querida, disse-lhe a mãe, quando Maria lhe contou a que viera, fiz, esta tarde, sanduíches
tanto para as visitas, como para os de casa.Você encontrará uma boa porção deles no guarda-
comida. Mas tenha cuidado, não os leve para o quintal no prato de porcelana.
Maria prometeu-lhe mudá-los de prato, e apressou-se em sair. Mas ao olhar para dentro do
guarda-comida e ver os sanduíches bem arrumadinhos no lindo prato azul e cor-de-rosa, achou
desnecessária a advertência da mãe.
- Estão tão bem neste prato! Resmungou ela. Carregá-lo-ei com todo o cuidado, e farei de conta
que me esqueci de trocá-lo.
Então, levantando cuidadosamente o prato, volveu pelo mesmo caminho, rumo do quintal.
Que momentos agradáveis se seguiram à sua chegada! Tanto os de casa como os de fora,
amontoaram-se ao redor do grande prato, e comeram até que o último farelo lhes havia descido
pela goela.
- Bem, disse Maria, nada mais resta agora senão levar novamente o prato para a cozinha e
reiniciar a brincadeira; e dispôs-se a voltar. Mas, oh, infelicidade! Mal havia dado uma passada e
deu uma topada e lá se foi o prato contra uma pedra, fazendo-se em pedaços.
Por alguns momentos as crianças ficaram a olhar umas para as outras, depois Joel fez sinal de
silêncio. – Nós podemos pôr a culpa na pequenina, Maria, disse ele baixinho, pois ela não sabe
falar.
Esse seria um meio de sair da enrascada – pôr a culpa em Bessi; mas seria isso direito?
Novamente se agruparam as crianças. De repente Maria sorriu e levantou a mão direita.
- Não, Joel, disse ela calmamente, não é direito fazer uma coisa e depois pôr a culpa em outra
pessoa; direi a verdade à mamãe e sofrerei o castigo.
Ramon era um menino hindu que morava com os pais, lá na Índia. Com oito anos de idade,
nunca havia freqüentado escola alguma. Ele tinha intensa vontade de estudar, mas o pai o enviava
para cuidar das cabras.
Toda pmanhã saía, para apascentar o rebanho, levando-o aos lugares em que houvesse folhas
em abundância, e à noite voltava com ele para o cercado.
Quando chegava, à noitinha, comia os alimentos que a mãe lhe preparara e se assentava ao lado
do pai. Era costume os homens comerem primeiro e só depois é que as mulheres se serviam.
Antes de irem dormir em suas esteiras, Ramon, orava, mas não da maneira que orais. Ele
ficava de pé, com as mãos postas, e repetia muitas e muitas vezes, o nome do deus por que era ele
chamado: “Rama, Rama, Rama,...” dizia ele, esperando que aquele deus o ouvisse e o amparasse
durante a noite e o dia seguinte.
Mas Ramon fez mais do que rezar. Foi á procura de um homem que soubesse, pela tatuagem,
gravar em seu braço o nome de Rama. Ele cria que o deus visse seu nome lá inscrito e cuidasse
dele de modo especial.
Um dia, enquanto vigiava as cabras, viu algumas crianças que conduziam ardósias ou pedras de
escrever, e livros. Perguntou aos meninos para onde se dirigiam, e eles lhe responderam que iam
à nova escola da missão, bem distante ainda.
Como Ramon desejava freqüentar a escola, também! Embora tivesse as cabras de que cuidar,
resolveu ir, para saber como era a instituição. Foi, pois, em direção da escola, levando também
seu rebanho de cabras. Ao chegar lá, procurou escutar tudo quanto o professor disse, enquanto os
animais pastavam. Não tardou muito, e o professor o convidou a entrar. Procurou um lugar de
onde pudesse ver o rebanho, para estar certo de que nenhum perigo houvesse com os animais.
Houve uma coisa que Ramon aprendeu muito depressa: a querida história de Jesus. Dentro de
pouco Ramon disse ao professor que queria tornar-se cristão. E agora, que fazer com o nome
gravado em seu braço? Tinha tanta vergonha disso, que sempre e sempre escondia a tatuagem,
para que ninguém a visse.
- Senhor professor, pode fazer o obséquio de cortar meu braço? – gaguejou ele, ao erguer a
mão.
- Que é que há com seu braço, para querer que eu o corte? – disse, surpreendido, o professor.
- Senhor – disse Ramon – desejo ser um menino de Jesus, isto não pode ser enquanto eu tiver
o nome de meu antigo deus gravado em meu braço. Veja bem as letras onde estão.
O missionário foi tão bondoso, que logo Ramon criou coragem e disse: - Quero tanto ser um
menino de Jesus, que estou pronto para dar, com alegria, o meu braço.
Não foi difícil o professor missionário explicar ao pequeno Ramon que Jesus tinha muito
prazer em vê-lo disposto a sacrificar até mesmo o braço, e declarou-lhe que Jesus estava pronto a
Tudo isso e muito mais em: 51
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aceitá-lo, embora com aquele nome do deus pagão em seu braço. Então, veio-lhe à mente uma
nova idéia:
- Senhor, se eu pedir ao homem para gravar o nome de Jesus por cima do de Rama, de maneira
que só se veja o de Jesus, não será bom?
- Jesus o aceitará, mesmo com o nome de Rama em seu braço, mas creio que Ele Se alegrará
em ver que agora o nome Dele está em cima do nome de Rama.
Foi desta maneira que Ramon se tornou cristão e pôde demonstrar seu amor para com Jesus.
Observar as coisas através da janela da cozinha era muito divertido. Jéssica fazia isto, cada
manhã antes do café. Primeiro ela puxava um banquinho para perto da pia da cozinha, e depois
subia para ver que tipo de passarinho estava comendo no prato preparado para eles naquele dia.
Mas uma manhã, quando Jéssica subiu no banquinho e olhou para fora, ela viu que uma
criatura muito diferente estava comendo a comida do prato. Tinha um rabo comprido, fofo e
brilhante, e seus olhos também eram brilhantes; e comia, comia, comia e comia.
Jéssica, assustada, chamou o Tio Bruce.
- Há alguma coisa lá fora, no prato de comida, que não é um passarinho!
O Tio Bruce veio, parou ao lado de Jéssica, e disse:
- Sr. Conversador, o esquilo vermelho, é melhor sair de nosso prato para passarinhos. Então o
Tio Bruce pegou a vassoura, que estava ao lado da porta dos fundos, e na ponta dos pés, bem
silencioso, abriu a porta e saiu. Ele foi devagar até ficar atrás do prato e... “Vapt!” Bateu com a
vassoura em cima do prato, que Jéssica se assustou e deu o maior grito. O esquilo saiu correndo
através do quintal, passou pela cerca e foi para longe, correu para cima de uma árvore de nozes. O
Tio Bruce riu até não poder mais, por causa da velocidade do esquilo.
Mas Jéssica estava muito preocupada.
- Os esquilos também não ficam com fome, tio Bruce?
- Sim – disse o tio Bruce – mas eles juntam nozes durante o outono, antes que caia neve, e
assim eles têm o que comer quando têm fome durante o inverno. Para os passarinhos é muito
difícil encontrar depois que a neve cobre todas as sementes que caíram durante o verão. Mas este
esquilo preguiçoso prefere comer as sementes que colocamos no prato para os passarinhos, do
que se esforçar em lembrar onde escondeu suas próprias nozes!
Jéssica ficou parada em cima do banquinho, observando até que os passarinhos começaram a
vir para o seu café matinal. Só depois ela chamou a mamãe e pediu:
- Você pode me preparar o meu café agora? Estou contente porque Jesus providencia comida
tanto para os passarinhos e para os esquilos, como também para todas as crianças.
Quem fez os pássaros? Quem fez os esquilos? Quem ensinou os esquilos a esconder nozes para
ter o que comer no inverno?
________ você tem algum animalzinho? O que você pode fazer hoje para ser bondoso para com
seu bichinho?
A mãe de Alice tomou um dos pratos e o colocou de lado. Dele caíram algumas gotas de água
que rolaram sobre a mesa.
- Secaste estes pratos Alice? Perguntou ela.
- Oh, mamãe, exclamou Alice descontente, porque sempre encontra à senhora defeito no que
eu faço?
- O que merece ser feito, merece ser bem feito, respondeu a mãe com voz serena.
- Eu não gosto de enxugar pratos, resmungou de mau humor a pequena.
- Oh, suspirou a mãe, quanto gostaria de encontrar maneira de fazer-te compreender a
importância de fazer as coisas corretamente! Algum dia alguma coisa muito importante irá
depender de quão bem hajas feito teu trabalho... .
- Oh, não se aflija mamãe, interrompeu Alice, tudo sairá bem!
E acrescentou:
- Posso usar agora a máquina de costura?
A mãe pensou: “Se Alice ao menos fosse tão conscienciosa a respeito de outras coisas quanto
o é sobre suas costuras”.
Alice gostava de costurar. Fazia pontos nítidos e iguais. Gostava especialmente de casear. As
casas que fazia eram bem feitas e fortes.
- Quando eu crescer irei ser costureira! Dizia a menina com orgulho.
Alguns dias mais tarde, Alice estava na escola fazendo os exercícios de aritmética, quando de
repente a campainha grande da parede começou a tocar. Ouviu-se três toques curtos, um
momento de silêncio e em seguida outros três toques curtos.
Isto significava incêndio! Com presteza e serenidade, a professora conduziu a classe para a
janela onde ficava a saída para os casos de incêndio.
- Talvez não seja mais que outro exercício pensou Alice. Oxalá deixem de fazer tantos
exercícios! Não me agradam nada.
Porém de repente sua atenção foi despertada pelo silvo agudo de uma sirena. Eram os
bombeiros que chegavam! O coração de Alice começou a bater rápido. Era realmente um
incêndio! Os meninos iam saindo para o campo de recreio.
Algumas das meninas menores começaram a chorar, porém não Alice. Ela pensava:
- De que vale chorar? Temos tido tantos exercícios para os casos de incêndio que todos já
devem estar fora do edifício.
Olhou para cima e se admirou de que já houvesse uma cadeira ardendo na plataforma do
segundo andar. Dir-se-ia que, nos momentos de agitação, alguém havia posto aquela cadeira,
agora ardendo, sobre a plataforma da via de escape.
De repente se ouviu um grito, e ao levantar os olhos, Alice viu na parte superior da escada de
escape sua própria irmãzinha Júlia. Como havia a pequena ficada para trás? Talvez tivesse saído
ao corredor para tomar água, pois Júlia estava sempre querendo tomar água. Talvez houvesse
outro motivo, porém, tudo o que Alice podia pensar nesse momento era que sua irmãzinha estava
só na parte de cima da escada de emergência, e na plataforma que ela devia atravessar, havia uma
cadeira em chamas. Que iria a pequena fazer? Como poderia passar?
- Espera! Gritaram a Júlia os bombeiros. Fica aí quietinha que te vamos buscar.
35 - O SACRIFÍCIO SUPREMO
A triste e breve mensagem: “S. O. S”, “S. O. S”, era despachada a intervalos regulares pelo
rádio-telegrafista de certo navio que, açoitado por furiosa tempestade, estava em iminente perigo
de afundar-se entre as ondas do Atlântico, depois de haver enfrentado por longas horas um
temporal violentíssimo.
O casco do navio se achava ainda intacto, conquanto seus lúgubres e prolongados estalidos
indicassem que em breve se produziria uma brecha capaz de fazê-lo soçobrar dentro de alguns
minutos. Tal era o temor do capitão, e daí seus pedidos de socorro.
- Todos aos botes! Prover-se de salva-vidas! Não há tempo a perder! Gritou de repente o
primeiro piloto, subindo da casa das máquinas. Haviam-se realizado o temor do comandante da
nave, e esta começava a adernar ligeiramente para bombordo, ante o peso da água que entrava
em torrentes por uma larga abertura.
As ordens imperiosas do piloto deram lugar, na coberta, a um estado de confusão que parecia ir
assumir proporções de tragédia. Os passageiros lutavam braço a braço com a tripulação, para
Daniel se apoiou sobre o rastelo, e ficou olhando para o montão de folhas secas que havia
sobre a grama.
“Junte tudo, depois tire as folhas da grama e ponha fogo nelas”, havia mandado o pai àquela
manhã.
Tirar o lixo era muito trabalho. Por que não podia queimar as folhas ali mesmo? “A grama está
bem verde aqui, e não tem vento”, pensou Daniel, “deve ser perfeitamente seguro queimar as
folhas aqui”. Além disso, havia uma caixa de fósforos no bolso de sua jaqueta, que ele tinha
deixado ali depois de acampar com os Desbravadores.
Ele riscou um fósforo e colocou dentro do monte de folhas, mas não aconteceu nada. Acendeu
um outro palito de fósforo e cuidadosamente protegeu a chama com sua mão, enquanto se
inclinava para pegar um punhado de grama seca. Novamente o fósforo se apagou.
Então, Daniel se lembrou da lata de combustível que estava no barracão. Lembrou que muitas
vezes o pai o usava para começar um fogo. Por alguma razão, ele não achava ser muito correto
pegar o óleo. Pensou que seu pai também não gostaria que fizesse aquilo, mas se lembrou da
ordem do pai para limpar e queimar as folhas, e esta era uma maneira mais fácil. Além disso, o
papai ficaria admirado quando visse que trabalho perfeito ele havia feito.
A lata com o combustível estava exatamente no lugar que ele imaginava. Daniel correu de
volta, com a lata em sua mão. Derramou uma quantidade generosa sobre a grama e sobre as
folhas. Depois riscou um novo palito de fósforo e colocou em cima do monte de folhas.
As chamas ascenderam e como que lamberam a grama, as folhas e outro lixo que havia. Daniel
juntou mais alguns galhos secos do pomar, que o pai havia amontoado perto da cerca, depois de
ter podado as árvores. Daniel pensou que o pai ficaria muito contente ao ver que ele havia
limpado o pomar também.
Quando Daniel começou a voltar para onde estava o fogo, quase, não podia acreditar no que
viu. Uma corrente de vento soprou de repente sobre a pilha que estava queimando e uma faísca de
fogo caiu sobre o pasto.
Daniel jogou o rastelo e correu para onde o capim estava queimando. Tentou apagar o fogo, e
quando parecia que tudo estava sob controle, uma rajada de vento fez reviver as chamas. Elas
começaram a alcançar os galhos secos mais altos que havia por perto. Atrás do pasto irrigado,
havia um outro campo que não era usado por algum tempo, e estava cheio de arbustos muito seco.
Se o fogo conseguisse alcançar aqueles arbustos secos, estaria fora de controle. A casa do
vizinho, do outro lado da estrada, e as construções da fazenda, poderiam ser muito danificadas.
Daniel sabia que o fazendeiro e sua família estavam ausentes. Não havia ninguém para ajudá-lo a
acabar com o fogo.
Se ele pudesse fazer uma trincheira, talvez pudesse controlar e fazer com que o fogo parasse.
Correu para o outro lado e começou a alimentar a chama. O fogo estava cada vez mais perto da
trincheira de terra que havia feito.
“Somente Deus pode me ajudar”, ele disse em voz alta. “Por que não tirei para fora o lixo, ao
invés de queimar sobre a grama?” Então começou a orar e trabalhar mais do que nunca.
Subitamente ele parou de cavar e enxugou o suor de sua testa. Como! Parecia que alguma coisa
está empurrando o fogo de volta!
“O vento mudou de direção!” Gritou Daniel. “Obrigado, meu Deus, por me ajudar mesmo
quando eu não merecia. Muito obrigado por salvar a casa de meu vizinho”.
37 - OS CAMINHOS DO SENHOR
- Entre Norwich e Yarmouthm respondeu o ancião, que não compreendia porque o jovem
cirurgião se achava tão comovido ao fazer-lhe tal pergunta.
- E quanto tempo há que sucedeu isto?
- Há mais ou menos vinte e três anos, respondeu o ancião.
- E não se chamava esse menino, Jacob? – interrompeu o cirurgião, que mal se podia conter.
- Jacob! Sim, era esse o seu nome! Exclamou o velho, com espanto crescente.
- Meu pai, abençoe o seu filho! – exclamou o cirurgião, atirando-se de joelhos ante o leito do
moribundo. – Abençoe o seu filho! Foi Deus quem nos ajuntou de novo, quem quis pôr diante dos
meus olhos o exemplo de sua conversão, e de sua pia esperança.
Longo tempo o ancião conservou-se mudo; não acreditava aos próprios olhos; pensava na
possibilidade de um sonho a que havia de seguir-se amargo desengano. Pouco a pouco, porém,
foi reunindo suas idéias e pediu ao jovem oficial que lhe relatasse os pormenores que ainda lhe
lembravam. Finalmente estava convencido de que era de fato seu filho a quem tinha diante de si e
lágrimas de alegria inundaram-lhe as faces, sobre que pairavam já as sombras da morte: e, como
Simeão, exclamou: “Agora, Senhor, despedes em paz o Teu servo”.
Faleceu ainda nesse mesmo dia, nos braços de seu filho, rendendo graças a Deus.
Esta coincidência tão inesperada e tão admirável fez tal impressão sobre o jovem cirurgião, que
ele logo depois resignou o seu posto na marinha, para dedicar-se à pregação da Palavra de Deus.
38 - PERDÃO
- Quero tanto que papai chegue! Disse Ricardo, muito triste e aflito.
- Seu pai vai ficar zangado com você, respondeu a tia, que se achava na sala, fazendo tricô.
Ricardo, levantando-se do sofá, onde estivera chorando havia meia hora, disse, indignado, a
sua tia: Ficará triste; não zangado. Meu pai nunca fica zangado.
Ouviram que alguém estava chegando. – Oh! Felizmente é ele que chega! Exclamou o menino,
correndo em direção à porta, para encontrá-lo, mas voltou, muito desapontado, dizendo: - Não era
ele. Não sei porque está demorando tanto! Quero que volte depressa!
- Parece que você está com desejo de ser castigado, disse-lhe a tia, que estava de visita, havia
uma semana, e não era uma senhora amável, nem tinha muita simpatia pelas crianças.
- Creio que gostaria de me ver apanhar, porém garanto que não terá esse prazer, retrucou
Ricardo.
- Confesso que um pouco de disciplina não lhe faria mal. Se você fosse meu, poderia ter
certeza de que não escaparia, tornou a tia.
- Mas, felizmente não sou seu, nem quero ser. Meu pai é bom e me quer bem, afirmou o
menino.
Ouviram-se passos, novamente, para os lados da porta, e o menino disse: - Tomara que desta
vez seja ele mesmo! E, correndo, foi abrir a porta.
- Olá, como vai, meu filhinho? Ora, que é que tens? Está triste? Que foi que aconteceu?
Interrogou o pai.
- Venha comigo, papai, disse-lhe Ricardo, puxando-o pela mão, para o escritório. O Sr.
Gonçalves assentou-se e colocando o menino sobre os joelhos, perguntou: Que é que tem, meu
filho? Que aconteceu? Pode contar a papai, sem receio.
Os olhos do menino se encheram de lágrimas, enquanto procurava falar, mas não pôde por
causa de um nó na garganta. Desceu, abriu um armário e trouxe os pedaços de uma estatueta
quebrada e os pôs diante de seu pai. A peça fora comprada no dia anterior e, sendo uma obra de
arte, custara muito.
- Quem fez isto? Perguntou o pai, surpreendido.
- Fui eu, papai.
- Como?
- Oh! Papai esqueci-me e joguei a bola aqui dentro de casa. Joguei-a uma só vez, mas quebrei a
estatueta. Estou tão triste por ter feito isto, papai! E, dizendo isso, o menino desatou a chorar.
O Sr. Gonçalves ficou pensando alguns momentos e depois disse:
- Pois bem, Ricardo, não podemos desfazer o que já está feito. Você confessou, e está
perdoado. Guarda os cacos. É claro que já sofreu bastante. Não é preciso que eu diga mais nada.
Julgo que o seu castigo já foi suficiente e que aprendeu uma boa lição.
- Oh! Papai, como o senhor é bom! Pode ter a certeza de que, daqui por diante, farei todo o
esforço para lhe obedecer. Como gosto de meu paizinho! É o melhor do mundo! Exclamou o
menino, dando um forte abraço no pai.
39 - PERDIDOS
Tinha Tomás treze anos de idade, e freqüentava uma escola da missão localizada no sopé dos
montes Himalaia, ao norte da Índia. Era inverno, e havia neve por toda parte, cobrindo florestas,
campos e veredas com grosso lençol branco.
Uma tarde, depois da reunião na capela da missão, pediram a Tomás que acompanhasse uma
senhora idosa que voltava ao lar, cuidando de que chegasse sã e salva ao destino. Isto significava
uma caminhada de cinco quilômetros através da neve. Parecia longa a jornada, pois naturalmente
a idosa senhora não podia andar muito depressa. Finalmente, contudo, os dois chegaram seguros à
casa da anciã, e Tomás voltou para a escola.
Então começou a notar que já era bem tarde. O sol estava preste a se esconder, e logo
escurecia. De repente lembrou-se dos leopardos da neve e começou a correr. Se havia uma coisa
que desejava evitar, era encontrar-se com um destes animais selvagens depois do escurecer.
Diferente do leopardo comum, de pêlo pardo e manchas pretas, o leopardo da neve tem pêlo
acinzentado e manchas vermelho-pardas. É fera horripilante e difícil de ver contra a neve, sendo
perigosa quando faminta ou molestada. No inverno, descem dos planaltos, procurando alimento
até nos lugares povoados. Seus rastos sempre eram vistos na floresta que ficava perto da missão,
e que agora estava entre Tomás e a casa.
De modo que correu, mas não tão depressa como gostaria. Dentro de pouco tempo escureceu
por completo. Entrou na floresta. Decorridos poucos minutos percebeu que era seguido.
Voltando-se, viu um par de olhos fitos nele, brilhando na escuridão. Era um leopardo da neve.
Ousadamente marchou para o animal, que se desviou do caminho.
Aí foi que Tomás começou a orar como nunca dantes. Orava, enquanto corria. Então viu
novamente os olhos. Tomás correu novamente até pressentir que o leopardo estava mais perto.
Parou; fitou-o nos olhos e correu novamente. Durante todo o tempo estava orando por auxílio.
O leopardo da neve estava agora bem perto. ...
Justamente aí chegou a uma encruzilhada no caminho. Um trilho desviava-se para a esquerda;
o outro, através de um trilho bem íngreme, levava à porta dos fundos da escola da missão. Qual
seguiria, com o leopardo tão perto de si?
Nesse momento alguma coisa atravessou o trilho correndo, bem na sua frente. Parecia-lhe ser
um homem, mas na escuridão da mata não podia dizer quem ou o que era. Mas pensou que isso
confundiria o leopardo, e que ele perderia a pista. E tinha razão.
Quando o estranho passou para um lado, ele seguiu para o outro, subindo a toda o curto atalho
em busca de segurança.
Ao iniciarem Tomaz e Jorge seus estudos universitários, fizeram-no com o objetivo de alcançar
não só um título, mas também o preparo necessário para se destacarem na vida como
profissionais. Os anos passados nas aulas da Faculdade de Direito foram de árduo estudo, e às
vezes se lhes afiguraram intermináveis, mas chegaram ao fim como todas as coisas desta vida.
Ao receber o diploma, verificaram que as condições econômicas, em geral, haviam-se
modificado muito desde o momento em que iniciaram sua carreira, aguda crise abalava o mundo,
e não lhes foi possível instalar-se como advogados. Que fazer nessas circunstâncias? Ambos eram
jovens resolutos, pelo que não se intimidaram. Resolveram procurar emprego, embora não fosse
no desempenho de sua profissão.
No porto em que viviam, estava instalado um grande estaleiro. Em suas oficinas e escritórios
trabalhavam vários milhares de empregados, pelo que decidiram solicitar trabalho ao gerente
dessa poderosa instituição.
Tomaz foi o primeiro a apresentar-se com seu flamante título em baixo do braço.
- Em que pode ocupar-se? Perguntou-lhe cortesmente o diretor da empresa, depois de lançar
um olhar ao diploma do solicitante.
- Como o senhor compreenderá, não posso submeter-me a ser simples empregado. De acordo
com meus conhecimentos, solicito um cargo de certa responsabilidade, com remuneração
equivalente.
- Muito bem, jovem. Deixe-me seu endereço e, quando se apresentar à oportunidade em que
haja uma vaga para um cargo de “responsabilidade”, pensaremos no senhor, respondeu-lhe o
gerente, com certa ironia.
Claro está que essa oportunidade nunca chegou.
Jorge apresentou-se algumas horas, no mesmo escritório. Não levava consigo o título de
advogado. Tinha apenas a determinação de começar a trabalhar de qualquer maneira honesta e de
fazer-se conhecer em seu trabalho.
- Que é capaz de fazer, jovem? Interrogou-o gerente que se advertira da capacidade intelectual
de Jorge, por suas palavras de introdução.
- Posso fazer qualquer coisa, senhor. Para começar, satisfar-me-ia qualquer ocupação.
O diretor tocou uma campainha.
- Tem alguma vaga para este jovem? Perguntou, segundos depois, ao chefe de uma seção do
estaleiro, que se apresentou ao seu chamado.
- Sim, precisamente, necessitamos de alguém que se encarregue da limpeza do departamento
das máquinas.
E o formado da universidade começou essa humilde tarefa no dia seguinte.
Depois de três meses, o gerente chamou o chefe da seção em que Jorge trabalhava.
- Como vai Jorge? Perguntou-lhe.
Tinha sido um sábado muito feliz para a família Smith. Eles tinham acampado num parque
muito bonito e tinham se maravilhado observando todas as coisas criadas por Deus. O esquilo
malhado era novidade para a família. Estevão estava andando bem perto do esquilo antes que ele
se escondesse em seu buraco. Chorando, Estevão correu para a mamãe:
- Eu só queria fazer um carinho nele, queria pegá-lo no colo. Eu não ia machucá-lo.
- Estêvão, o esquilo está com medo de você. E também não é uma boa idéia pegar qualquer
animal, porque o animal pode mordê-lo e fazer com que você fique doente – respondeu a mãe.
Estêvão caminhou de volta até o buraco do esquilo e olhou.
- Mãe, por que ele morde? Por que ele fica com medo?
A mamãe pensou um pouco antes de responder.
Quais são alguns dos motivos pelos quais vocês querem ir para o Céu com Jesus?
43 - SABES MANDAR?
Acaso já alguma vez trabalharam vocês quando desejavam brincar? Se assim foi hão de
imaginar o que sentiu o menino desta história ao ter que ficar em casa e trabalhar na roça
enquanto os companheiros iam nadar.
O pai de Eduardo era fazendeiro nos primitivos tempos. Naquela época de desbravadores, a
maior parte da terra achava-se coberta de florestas, e não tinha fim o trabalho por fazer.
Havia nas matas animais selvagens que penetravam de quando em quando nas plantações em
crescimento. As raposas e gambás comiam os frangos e perus. Estando pronto o trabalho
regular da fazenda, havia sempre mais terras para limpar. Isso queria dizer derribada de
grandes árvores e arrancamento de enormes tocos. E depois, também, Eduardo era o único
rapaz da família.
Certa manhã, na estação própria, disse o pai ao filho:
- Eduardo, quero que você leve algumas sementes de abóbora à roça, e as plante numa carreira
de milho sim, e noutra não. Quando as tiver plantado todas, pode ir nadar.
Era fácil compreender, pela fisionomia de Eduardo, que ele não estava contente. Era feriado, e
os meninos da vizinhança, que residiam alguns quilômetros de distância, iam nadar no rio, mas
ele tinha de passar a manhã plantando aboboreiras. Fizera esse trabalho noutros anos, e sabia que
se pusesse apenas três ou quatro sementes em cada cova, levar-lhe-ia a manhã inteira para plantar
a roça toda.
Parecia-lhe, enquanto trabalhava, que a roça crescera muito desde a última vez que a plantara,
um ano antes. E ia abaixo e acima nas longas filas, sentindo-se cada vez mais mal. Estava tão
aborrecido que sequer ouvia o cântico dos pássaros, conquanto em geral procurasse responder aos
seus trinados.
Ouviu então um convite que o fez ferver interiormente, eram os rapazes vizinhos, de caminho
para o rio.
- Tem de trabalhar, hein, Edu? Nós vamos nadar. Você não deveria trabalhar nos feriados.
Poderá vir à tarde?
Isso foi demais para Eduardo.
- Esperem um minuto, exclamou ele. Eu vou agora.
O vento soprava na direção contrária, e os rapazes não ouviram Eduardo dizer que ia nadar
também. De modo que não viram o frenesi com que cavou junto à grande pilha de galhos,
próximo ao mato. Eduardo estava ofegante ao chegar junto aos seus companheiros.
- Mas você não tinha de trabalhar esta manhã? Perguntaram. Já plantou todo o campo?
- Sim, já plantei todas as sementes, disse Eduardo, pondo-se a assobiar uma canção. Como se
havia mudado a expressão de sua fisionomia! Desaparecera-lhe a carranca, mas fosse como fosse,
não tinha ar muito natural, embora procurasse agir como quem se sente feliz.
Tudo isso e muito mais em: 66
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- Não conseguiu por certo plantar já todas aquelas sementes, não foi? Indagou o outro rapaz.
Sim, cada semente está na terra. Mas se entendo de sementes, aposto que não muitas delas vão
vingar, pois não me parecem em muito bom estado, talvez este não seja um ano bom para
abóboras.
Nadando com os rapazes, a manhã passou rápido para Eduardo; depois vestiu-se e apressou-se
em voltar pelo campo, chegando a casa, de enxada ao ombro, à hora do almoço.
A primeira coisa que o pai perguntou:
- Então, filho, você plantou todas as sementes?
- Sim, papai, cada semente está na terra. Mas não me parecem muito boas. Duvido que vão
nascer todas.
Pensava ele que esta declaração haveria de preparar o pai para a surpresa, quando nenhuma
aboboreira brotasse em grande parte do campo.
Mas eram boas as sementes, e nascerão bem. Nas leiras em que Eduardo as plantou não falhou
um só pé. Mas em muitas das filas de milho não havia nenhum pé de abóbora. Estava bem
evidente onde ele havia parado de plantar naquela manhã, quando os rapazes passaram.
E o lugar onde enterrara o resto das sementes, próximo a pilha de galhos, junto à mata, não se
podia ocultar. Ele pensava que as tinha enterrado tão fundo que elas nunca haveriam de brotar. E
que o pai pensaria que estivesse plantado o campo todo. Mas junto à velha pilha vieram a crescer
centenas de aboboreiras, e, conquanto estivessem tão juntas que algumas morreram, uma porção
delas vingou, mas treparam sobre a pilha, e no verão pareciam como um manto verde salpicado
de amarelo.
Eduardo não escondera seu mal feito. As sementes de abóbora revelaram-lhe o segredo. Toda
vez que olhava na direção do milharal sentia-se condenado. E uma porção de vezes, quando o pai
se dirigia para ali, Eduardo notava-lhe no rosto uma expressão de tristeza. Ele não repreendeu o
rapaz, nem disse coisa alguma a respeito das abóboras.
Um dia, sentindo-se Eduardo com a consciência perturbada acerca desse negócio, procurou o
pai dizendo a verdade quanto a não haver aboboreiras naquela parte do campo.
- Fui nadar aquela manhã, papai, enterrei a maior parte das sementes à pilha de galhos, no
fundo do campo.
- Sei, tudo respondeu-lhe o pai.
- Mas, quem lhe contou, papai? Indagou-lhe o menino.
- Olhe só para o monte de galhos, filho, e há de ver como o seu segredo foi descoberto. Mas
não falemos mais nisso. Estou certo de que você aprendeu a lição, e sei que daqui em diante
posso confiar em que meu filho será fiel e honesto. Você aprendeu, filho, que não é possível
encobrir as más ações.
Quando o ônibus parou defronte da escola, Paulo se dirigiu ao local em que se encontravam os
meninos. Ele tinha dez anos de idade mas era grande, bem desenvolvido. Podia avantajar-se aos
demais, conseguindo o melhor assento, perto da janela. Sua teoria era: “Quem primeiro chega,
melhor é servido”.
Certa vez tomou seu lugar, como de costume, junto da janela, e ocupou a maior parte do banco,
de tal maneira que o companheiro ficou mesmo na ponta.
Paulo lançou um golpe de vista ao colega de viagem e percebeu que era mais ou menos de sua
idade. Era desconhecido, porém. Sua vestimenta era semelhante, mas Paulo estava com as mãos
sujas, ao passo que o vizinho tinha as mãos bem limpas. Paulo sentiu atração por ele e, quase sem
se sentir, afastou-se para lhe dar mais lugar no banco. O rapazinho sorriu e disse: “Muito
obrigado”.
Isto fez com que Paulo se sentisse bem. Viu que um pouco de cortesia não fazia mal algum, de
quando em quando. Desejou fazer amizade com ele.
Paulo não era um menino mau. Era apenas egoísta. Não tinha irmãos e ficava como que
solitário. E quando se relacionava com alguns companheiros, a amizade durava pouco tempo.
Não sabia conservar os amigos. Logo cortavam as relações de amizade com ele.
A mãe notara isto. “Temo que você goste muito de mandar, Paulo”, disse ela, “por isso que
seus amigos fogem de você. Não procure estar só mandando. Dê oportunidade aos outros,
também. Não seja egoísta”.
O filho não respondeu. Não gostava de ser criticado. A mãe dele era viúva e trabalhava num
escritório, para poder mantê-lo. Estava sempre cansada, e não dispunha de mais tempo para
cuidar do menino.
Quando o ônibus parou, o menino desceu juntamente com Paulo e saíram ambos na mesma
direção. “Moro nesta rua”, disse ele.
Paulo sorriu. “Nunca tinha visto você. Como se chama? Meu nome é Paulo”.
“O meu é David”, respondeu o outro. “Nós nos mudamos para aquela casa faz poucos dias”. E
apontou para o edifício que ficava algumas casas da de Paulo.
“Então somos vizinhos!” Exclamou Paulo, com um sorriso de felicidade. Ele desejava que
David o houvesse simpatizado, para se tornarem bons amigos. Pensou que a mãe tivesse razão, na
advertência que lhe fizera, e decidiu não mandar tanto em David, se fizessem amigos.
Quando chegaram defronte da casa de Paulo, David disse: “Até logo. Amanhã nos
encontraremos de novo”, e prosseguiu caminhando.
“Alô”! Bradou Paulo. “Por que não entra para brincarmos no quintal? Não tenho o que fazer
até que minha mãe venha do trabalho, e terei prazer em sua companhia”.
“Sinto muito, Paulo”, respondeu David. “Tenho que ajudar minha mãe. Atendo a mandados e
cuido de meus irmãozinhos”.
“Bem”, disse Paulo, em voz baixa, mas realmente não compreendia a situação. Ele nunca
ajudara à mãe, a não ser indo ao armazém, de bicicleta, para fazer compras, algumas vezes.
“Você não quer ir comigo”, disse David, “para que minha mãe o conheça? Ela gosta de
conhecer meus amiguinhos”.
Paulo concordou. “Vá caminhando, David, que irei guardar meus livros”. Estava muito feliz
com o novo amigo, mas não queria dizer-lhe que ia lavar as mãos, antes de chegar lá.
48 - UM ESTRANHO NA JANELA
A mamãe espetou o seu dedo com a agulha que estava costurando, quando pulou de susto ao
ouvir um barulho de batida na janela. O mesmo barulho fez com que Jane batesse na torre que
estava construindo com seus blocos.
- Que foi isto? – disse Jane pulando e arregalando os olhos.
Havia uma porção de penas na janela. A mamãe e Jane foram até a janela e olharam para fora.
Lá estava um pássaro de peito amarelo (use o nome de um pássaro conhecido, como Bem-te-vi)
caído na grama, bem embaixo da janela.
- Oh! – exclamou Jane, e saiu correndo pela porta. Gentilmente ela pegou o pássaro que estava
mole. Ele não se movia. O passarinho havia batido no vidro da janela.
- Ele está morto, mãe. Seu coração ainda está batendo. Pegue depressa, será que pode fazer
alguma coisa por ele?
A mamãe pegou o passarinho (Bem-te-vi) em suas mãos. Ele abriu um dos olhos e se
acomodou nas mãos da mamãe de Jane. As duas, mamãe e Jane, voltaram para dentro de casa.
Jane foi procurar uma caixa grande e um pedaço de pano fofinho para colocar dentro. Depois
colocaram o pássaro (Bem-te-vi) dentro da caixa. Tudo o que faziam parecia não interessar ao
pequeno pássaro. Ele não queria comida. Elas tentaram dar um pouco de água com um conta-
gotas, mas parecia que ele não conseguia engolir.
- Mamãe – disse Jane bem baixinho, depois de algum tempo em silêncio – eu fiz uma oração
pedindo pelo Bem-te-vi. Você sabe que Jesus cuida dos pardais, e isto quer dizer que Ele
também cuida destes Bem-te-vis, não é mesmo?
- Sim, querida, e Jesus gosta de ver que cuidamos de Suas criaturas – respondeu a mamãe com
um sorriso.
O que Jesus disse para Adão e Eva fazer para todos os animais no Jardim do Éden? (Cuidar
deles) Jane estava obedecendo a Jesus quando cuidou do Bem-te-vi! (Sim). Quem cuida de
vocês? (Os pais). Vocês querem dizer “Muito Obrigado” a Jesus por nos amar e por nos ter dado
todos os animais e pássaros para cuidarmos? Vocês querem dizer “Muito Obrigado” pelos seus
pais?
49 - UM JOVEM DE FIBRA
Era um rapaz que tinha apenas catorze anos. Ocupava-se em entregar frutas a um grande
armazém de uma pequena cidade.
Quanto devo a você? Perguntou o comerciante ao rapazinho, ao terminar este de descarregar
as frutas. Não me parece que já seja homem para dizer-me quanto devo.
- Sim, posso, posso dizer – replicou o jovem, prontamente. Logo se pôs a consultar as
anotações que fizera em sua caderneta. Tornou a verificá-las, para estar certo de que não se havia
enganado na soma. Disse, depois:
- A conta é vinte mil réis.
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- Dez mil réis, não são? Disse o comerciante, procurando experimentar o rapazinho.
Depois de passar as cifras pelas engrenagens metálicas, voltou:
- Você tem razão, rapaz; são vinte mil réis mesmo. Diga-me: que idade tem você?
Respondida a pergunta, volveu o negociante:
-Você é quase um homem. Só falta uma coisa – é um bom trago de pinga. Não pagarei a você
sem que o beba. Venha cá, comigo.
- Eu não bebo! Respondeu apressadamente o jovem.
- Mas beberá desta vez! Gritou o homem, pegando o rapaz e arrastando-o para o lugar das
bebidas.
Sem dúvida, o comerciante estava embriagado, senão não faria isso.
O pequeno esbracejava desesperadamente e olhava com ansiedade para todos os lados, ao ser
arrastado para o bar. Notou então, na mesa, várias garrafas de gasolina. Passou-lhe, aí, uma idéia
pela mente.
- Que quer que sirva? Perguntou ao chefe o que atendia ao balcão.
- Dê-me um trago de pinga forte, disse o comerciante.
- E para mim, um copo de gasosa, pediu o jovem.
O homem bebeu rapidamente seu trago, e em seguida tomou um copo dágua, para tirar o gosto
forte da boca. Olhou para o rapazinho, e viu que estava tomando soda, e não pinga.
- Ah! Você não vai se escapar assim, não! Grunhiu irado, o borracho. Você vai beber um trago
de pinga.
Pegando novamente do garoto, gritou ao caixeiro que trouxesse mais pinga e o ajudasse a fazer
aquele “malandro” beber. Como era ligeiro e forte, o rapazinho conseguiu derrubar o borracho, e
estava para fugir quando o caixeiro do bar o segurou por trás. Pegando-o pelas costas e com a
ajuda de seu patrão embriagado, procurava introduzir-lhe entre os lábios um copo de bebida.
A uma mesa no canto do salão estavam três homens jogando. Um deles, de aspecto bastante
rude, alto e forte, com os cabelos em desalinho e com tabaco a escorrer dos cantos da boca, parou
de jogar para presenciar a cena. Viu que aqueles dois homens estavam maltratando um menor de
catorze anos, e começou a refletir. Acendeu-se em seu íntimo, então uma fagulha de virilidade e
sentimento de justiça.
Imediatamente, duas mãos fortes pegaram o caixeiro por trás e o lançaram pesadamente ao
solo. Quando o comerciante se endireitou, assustado, o homem segurou-o também, arrastou-o até
à porta da rua e o jogou fortemente na calçada, dizendo-lhe que voltasse para o armazém e ali
ficasse até aprender a ser homem. Enquanto isso, o rapazinho fugia apressadamente e tomava seu
carro.
Como tivesse medo de voltar ao armazém para receber o dinheiro que lhes devia, entregou o
resto da carga a outras casas comerciais, e horas depois se aproximaram, cautelosamente, daquele
lugar. Vendo que o patrão não estava, dirigiu-se rapidamente ao caixa, apresentou sua conta e
recebeu a importância. Mas ao sair encontrou o chefe, que estava na porta da rua.
- Venha cá, diz o comerciante, um tanto calmo, quero: conversar com você um instante.
Vendo que sua atitude parecia ser mais amistosa e de respeito, o rapazinho atendeu. Foi com
ele, a seu convite, até ao escritório.
- Você é um homem, um verdadeiro homem, diz o comerciante. É o primeiro rapaz que vejo
passar por uma prova como esta sem beber coisa alguma. Você é um jovem de fibra. E disse
mais, ao rapazinho, que ia sair em férias, mas que ele podia continuar trazendo suas mercadorias,
todas as semanas.
- Não traga menos do que você tem trazido, até eu voltar. Apresente-me então a conta e pagarei
a você. Confio no que me disser.
Ana e Alfredo gostavam muito de viajar. Gostavam, especialmente de visitar a vovó e o vovô
Martins. Como era gostoso ir para lá.
Só a viagem já era divertida, e depois estar na fazenda do vovô era o melhor de tudo.
Enquanto o pai dirigia, saindo da cidade, Ana e Alfredo falavam sobre todas as coisas
maravilhosas que fariam na fazenda.
- Eu vou ajudar o vovô a dar comida para a Princesa – disse Alfredo – depois ele me deixará
montar nela e vai me levar para dar uma volta.
- Muito bem, e eu estou curiosa para ver se o filhote da Princesa já está grande para eu poder
montar – disse Ana.
- Talvez o vovô coloque a Princesa na carroça novamente, e nos deixe ir apanhar abóboras e
melancias – disse Alfredo, lembrando o que tinham feito no ano passado.
- Eu acho que já cresci bastante este ano, e já posso ajudar também, não preciso somente andar
a cavalo – disse Ana.
O tempo estava passando rápido para Alfredo e Ana. Logo o papai parou para pagar o pedágio.
- Nós vamos até (cite uma cidade conhecida) – disse o pai para o cobrador que lhe entregou o
recibo.
- Deixe-me ver o recibo, pai? – pediu Alfredo se inclinando para frente.
O papai entregou o recibo para ele. Parecia muito interessante com todos aqueles sinais e
marcas.
- A viagem até (dê o nome de uma cidade conhecida) sempre é muito bonita – disse sorrindo a
mamãe.
- Eu também gosto muito – disse Ana – gosto muito de passar pelos túneis.
- É muito bom, e logo, logo vamos ter um túnel – disse Alfredo.
Ana bateu palmas de felicidade.
- As cores amareladas, âmbar, enferrujada e vermelha vivo das folhas, tornam muito bonitas
estas montanhas – disse a mãe.
- Sim, querida. As variações e mudanças de estações são uma das maneiras de podermos saber
que servimos a um Deus de amor – disse o papai – Ele faz muitas coisas para nossa satisfação.
Algumas horas mais tarde e depois de ter passado por três túneis, começaram a notar sinais de
que (a cidade) estava se aproximando.
Que coisas aconteceram antes que o recibo voasse que nos dá a certeza de que a família de
Alfredo e Ana estavam tendo um feriado muito feliz?
Que vocês acham, Alfredo foi ou não descuidado quando deixou o recibo voar?
Como vocês se sentiram com o final da história?
Como, pensam vocês, se sentiu a família de Ana e Alfredo?
Por que o papai e a mamãe não queriam que Michele atravessasse a ponte sozinha? Michele
sempre obedecia a seus pais? Como vocês sabem? Por que a mamãe queria que Michele brincasse
no quintal e não fosse para fora? E Michele, obedeceu a sua mamãe? Por quê? Quem, você acha,
avisou a mamãe para ir procurar Michele? Apesar de Michele ter desobedecido, quais eram os
sentimentos da mamãe? Você acha que foi isto que Deus sentiu quando Adão e Eva pecaram? O
que Deus fez para Adão e Eva?
“Vamos sair agora”, disse a mãe. “Sejam bonzinhos, busquem a lenha e arranjem tudo, até que
voltemos”.
“Sim, mamãe”, prometeu Paulo e José.
“Se tudo estiver pronto quando chegarmos de volta, teremos uma agradável surpresa para
vocês”, disse a mãe.
“Mais ainda”, adicionou o pai, “não saiam ao lago enquanto estivermos fora”.
José e Paulo prometeram não ir ao lago. Houve as despedidas e o casal Carson partiu em sua
viagem de algumas léguas, à cidade.
“Bem”, disse Paulo, “é melhor que apanhemos a lenha agora mesmo, para não ficarmos
preocupados com isto. Assim também estaremos certos de receber o que a mamãe nos prometeu,
se nossa tarefa for feita”.
“Está fazendo muito calor agora”, replicou José. “Vou esperar até à tardinha, para fazer minha
parte”.
Enquanto ainda conversavam sobre o trabalho a ser feito, surgiu à porta da residência um de
seus amiguinhos. De fato, era um de seus mais íntimos amigos.
“Oh!” Exclamou José, chegou o David! Para onde irá ele?
“Alô, David, para onde vai você? Perguntaram os dois irmãos, quase ao mesmo tempo”.
“Vou nadar um pouco no lago. Vamos juntos?”.
“Não podemos, David, porque o papai e a mamãe foram à cidade e nos disseram que não
fôssemos ao lago”.
“Eles não irão saber disso. Estaremos de volta muito antes que regressem”.
“Mas”, disse Paulo, “nós prometemos que não iríamos ao lago”.
“Vamos, vamos”, insistiu David, “está fazendo calor e será bom um banho agora”.
José e Paulo bem sabiam que não deviam ir. Mas estava um tempo muito quente e eles,
pensando no banho, ficaram quase a ceder à tentação. Tinham certeza de que chegariam em casa
antes do regresso dos pais.
“Espere um momento”, disse Paulo, “e iremos também”.