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RESUMO
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Artigo produzido na disciplina Trabalho de Conclusão de Curso do Curso de Administração com Ênfase em
Comércio Exterior do Centro Universitário UNA.
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Aluno do 8º período do curso de Administração com Ênfase em Comércio Exterior do Centro Universitário UNA.
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Professor orientador do trabalho.
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1. INTRODUÇÃO
Cabe-nos, portanto, delinear este conceito tão utilizado ultimamente para nosso uso no
atual estudo. Conceitualmente o termo globalização pressupõe esse aumento de
interdependência entre os países. Segundo a definição de David Held e Anthony McGrew:
Simply put, globalization denotes the expanding scale, growing magnitude, speeding up and deepening
impact of interregional flows and patterns of social interaction. It refers to a shift or transformation in the
scale of human social organization that links distant communities and expands the reach of power
relations across the world’s major regions and continents (HELD e McGREW, 2003, p. 4 apud
PRAZERES, 2008).
chega-se à conclusão de que, se uma das partes não é capaz de arcar com os compromissos
firmados, o todo participante da integração será afetado por essa parte. Traduzindo este
pensamento para o mundo globalizado percebe-se que certamente os países serão afetados por
quaisquer oscilações deste mercado globalizado. Isso é comprovado pelas diversas crises que
o mundo enfrentou nos últimos anos culminando com a crise dos sub-prime4, nos Estados
Unidos, e com os efeitos devastadores, causados por estas últimas crises, em todo o mundo. A
globalização, dessa forma, demonstrou uma de suas piores verdades: que a interdependência
das partes em âmbito global também é real em tempos de crise. Ou seja, em um mundo
globalizado crise interna em determinado país significa queda do comércio, pessimismo e
queda do crescimento econômico ao redor do mundo.
O objetivo deste trabalho, entretanto, não é de delimitar as causas desta crise, mas sim
verificar seus efeitos sobre o comércio exterior brasileiro. Tais efeitos podem ser percebidos
nos números da balança comercial. Ao analisar a variação quantitativa dos diversos produtos
da pauta comercial brasileira ao longo da crise, encontra-se os produtos dos quais o Brasil
possui maior e menor capacidade competitiva, e assim, segundo a teoria das Vantagens
Competitivas de David Ricardo — da qual iremos abordar mais adiante —, pode-se definir as
melhores ações e políticas comerciais em vias de manter um crescimento da corrente de
comércio e da balança comercial brasileira de forma sustentável.
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Crise dos sub-prime é uma crise “econômica mundial, considerada oficialmente instalada no cenário
internacional em agosto de 2007” (Gontijo e Oliveira, 2009, p. 1).
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Além do saldo da balança comercial de bens e serviços o saldo em transações correntes também inclui as
transferências unilaterais líquidas, que foram ignoradas na análise.
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No Brasil as exportações servem como meio regulador das contas externas do país além
de gerar emprego e renda. Segundo análise de Cavalcanti e Ribeiro as exportações brasileiras
também “revestem-se de especial importância, por serem não apenas um elemento de ajuste
das contas externas, mas também de manutenção dos níveis de crescimento e emprego”
(1999).
Por todos esses pontos analisados percebe-se que políticas exportadoras são altamente
benéficas para a economia. O Brasil é um país altamente influenciado pelas exportações e que
utiliza desse artifício já há muitos anos, além de ver-se intensificado ainda mais nos últimos
50 anos. As políticas públicas, por fim, precisam agora perceber, não que as exportações são
benéficas, o que é claro, mas como desenvolver ferramentas para alcançar todo o potencial
exportador que essa grande nação possui.
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A crise mostrou-se como um bom estudo de caso sobre como desenvolver, ainda mais,
o potencial exportador brasileiro. Ao analisar o contexto econômico mundial e verificar a
competitividade externa da pauta brasileira desenvolvida durante a crise, percebe-se como
esta se modificou e como os produtos brasileiros mais competitivos ganharam espaço na pauta
por diversos motivos que iremos abordar aqui. Segundo análise do IPEA (Instituto de
pesquisa econômica aplicada), “a crise internacional parece ter acentuado uma das principais
características da pauta de comércio exterior brasileira: sua elevada concentração em
commodities e em produtos de menor intensidade tecnológica” (Brasil, 2009).
De acordo com o gráfico 1, a crise parece não ter afetado de forma significativa as
exportações de commodities e de produtos relativos à energia, principalmente o petróleo, que
não são classificados pela UNCTAD, base de dados da pesquisa realizada pelo IPEA. Na
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verdade estes foram os únicos grupos, de acordo com a pesquisa, que apresentaram
crescimento percentual. As commodities obtiveram um incremento de 4% do total de
exportações, passando de uma participação de 39% em 2004 para 43% em 2008, enquanto os
produtos relativos a energia cresceram 6%, passando de um total de exportações de 7% em
2004 para 13% em 2008. Todos os outros grupos apresentaram queda percentual, sendo que o
grupo de intensivos em trabalho foi o que apresentou a maior queda: 6%.
ano para o outro, certamente em decorrência da crise. Mesmo os outros grupos de produtos,
que não apresentaram queda no ano anterior, pois não são sazonais, obtiveram perdas. Porém,
as maiores quedas foram observadas nos produtos de menor intensidade tecnológica como as
commodities e os produtos de baixa intensidade tecnológica.
Após a análise das mudanças recentes na balança comercial brasileira muitos podem se
perguntar se essas mudanças serão benéficas ou não para a economia brasileira, além de se
perguntarem se tais mudanças serão ou não perenes. Para verificar essas questões
verificaremos a posição de alguns estudiosos como David Ricardo e Raúl Prebisch.
O modelo de David Ricardo, publicado em seu livro The principles of political economy
and taxation (Princípios de economia política e de tributação), expôs, em 1817 a teoria das
vantagens comparativas, que hoje é tão conhecida e difundida, e que elabora um modelo de
comércio internacional baseado nas “diferenças internacionais na produtividade do trabalho”
(Krugman e Obstfeld, 2007).
O comércio internacional produz esse aumento do produto porque permite que cada país se especialize em
produzir o bem no qual possui uma vantagem comparativa. Um país possui uma vantagem comparativa
(...) se o custo de oportunidade da produção desse bem em relação aos demais é mais baixo nesse país do
que em outros. (Krugman e Obstfeld, 2007).
Raul Prebisch foi um economista argentino conhecido por seus trabalhos e publicações
enquanto trabalhou na CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe).
Uma de suas contribuições para a economia foram estudos sobre o subdesenvolvimento da
América Latina, indicando uma relação centro-periferia, ─ referindo-se à dependência
econômico-financeira dos países latino americanos ─, e ainda, como fonte de tal relação, a
constante deteriorização das trocas, como pode ser visto na citação de Luiz Toledo Machado:
Raul Prebisch atribui o subdesenvolvimento às relações centro-periferia caracterizadas por constante
deterioração das trocas, do que resulta a concentração de renda em nível mundial, enfim, a mundialização
do capital inviabilizando todos os esforços de superação do subdesenvolvimento (1999).
A taxa à qual as exportações são trocadas pelas importações; é dado pelo rácio entre o índice de preços
das exportações (ou o valor médio unitário destas) e o índice de preços das importações (ou o seu valor
unitário médio). Uma melhoria (degradação) dos termos de troca corresponde a um aumento (diminuição)
deste rácio: um dado volume de exportações permite pagar um maior (menor) volume de importações
(http://www.iseg.utl.pt/disciplinas/mestrados/dci/glossario.html).
Entretanto, o que se observa, é uma valorização das commodities, ainda que perdendo
um pouco de força no começo deste ano (gráfico 4). Por conseqüência desta valorização, há
uma melhoria dos termos de troca entre países subdesenvolvidos e desenvolvidos. Esse fato,
novo e inesperado, é explicado pelos novos atores globais, especialmente a China, que são
grandes compradores mundiais de matéria-prima. Como analisado anteriormente, um dos
fatores das commodities apresentarem aumento na pauta de exportações brasileira no inicio
deste ano é justamente as exportações para a China. E não somente a China, mas também a
Índia. Esses dois países em conjunto somam quase a metade da população da Terra. Isso
somado ao fato do aumento da renda nesses países devido a industrialização e novos
desenvolvimentos gera um ambiente propicio para a importação de muita matéria-prima e
conseqüentemente do aumento dos preços mundiais.
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Esse aumento de preço das commodities somado ao baixo custo de produção que as
empresas encontram na China ou em outros países asiáticos fazem com que o ‘rácio’ entre
produtos básicos e de alta intensidade tecnológica diminua ainda
mais.
Ainda que tenha sofrido uma queda tão abrupta no fim de 2008 as commodities
começam a demonstrar sinais de recuperação. Em se confirmada esta tendência de alta,
observada no fim do ano passado, o Brasil terá uma grande oportunidade de se firmar, ainda
mais, no cenário internacional como um grande exportador. Enquanto a crise derruba as
importações de produtos de tecnologia, ─ que podem ser retardadas ─, ela nos mostra uma
oportunidade de negócio para um grande exportador de alimentos que é o Brasil, pois comida
ninguém pode retardar ou esperar que a crise acabe.
Assim, a teoria de Prebisch torna-se avessa aos objetivos pelos quais foi criada,
tornando os produtores subdesenvolvidos em grandes exportadores potenciais, com um
‘rácio’ aceitável entre importações e exportações.
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Há vários fatores dificultadores nessa nova organização do mercado que merecem nossa
atenção. Sustentabilidade, câmbio valorizado, subdesenvolvimento logístico. Todos estes
fatores, ─ e muitos outros ─, compõe as dificuldades que o exportador brasileiro enfrenta na
hora de tentar exportar.
Caso o Brasil opte por apoiar uma política de expansão das fronteiras agrícolas,
certamente enfrentaria um problema com os ambientalistas. Percebe-se um movimento
internacional em relação ao meio ambiente sem precedentes na história (de igual forma
seguem os níveis de poluição). Isso sem mencionar que estamos às portas da Conferência de
Copenhague que tratará de temas como mudanças climáticas e o efeito estufa. Portanto, a
primeira dificuldade seria encontrar meios de desenvolver o potencial exportador brasileiro
com medidas sustentáveis e que não agridam o meio-ambiente, principalmente na região
amazônica.
Outro fator importante é a falta de opções logísticas no Brasil. Fica ainda mais difícil
crescer como exportador mundial um país que apresente baixo desenvolvimento logístico. O
Brasil, nesse aspecto, precisa diversificar os modais que utiliza. Além do rodoviário, que é
utilizado na maior parte das vezes, deve-se tirar proveito dos vários recursos que possui em
rios navegáveis, por exemplo. Pode-se, ainda, construir estradas férreas para utilização de
trens de ferro tanto para escoamento da produção de commodities, quanto para o transporte de
passageiros. Há muitas opções para desenvolver o potencial logístico brasileiro. O país
precisa descobrir qual delas é a mais benéfica e adequada para tal.
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6. CONCLUSÃO
Este estudo, portanto, apresenta as grandes possibilidades que o mercado mundial têm
criado para as commodities devido aos vários fatores já mencionados anteriormente. Muito se
fala sobre agregar valor aos produtos e exportar produtos com alto grau tecnológico,
entretanto deve-se perceber, através dessas análises, que, por hora, a exportação de algumas
commodities pode ser um bom negócio.
De igual forma é importante que o país descubra o grande potencial exportador que
possui. Trata-se de um país continental que possui infindáveis recursos naturais, terras
aráveis, e novos poços de petróleo encontrados nos últimos anos. Para tanto se deve
considerar uma reorganização profunda e contundente da zona rural brasileira, através de uma
reforma agrária mais abrangente para as populações rurais, por exemplo. Também é
importante desenvolver as áreas fora do eixo Rio-São Paulo ─ e, em menor instância, as
regiões sul-sudeste ─, para que o desenvolvimento alcance outras áreas do Brasil e possibilite
investimentos em infra-estrutura básica, que poderão servir de base para futuras negociações.
Pois o país que deseja ser reconhecidamente exportador deve possuir meios eficientes para
escoar uma grande produção. E neste quesito vale lembrar, ─ ainda que apenas para fins
exemplificativos ─, do desenvolvimento do projeto do aeroporto-indústria no aeroporto
Tancredo Neves em Confins, que é uma proposta de grande impacto, caso venha a alcançar
todo o potencial que aparenta possuir. Além de possibilitar acesso rápido às regiões centrais
do Brasil, o aeroporto pode servir como exemplo para o desenvolvimento de outras regiões
fora do eixo Rio-São Paulo.
Os desafios não são pequenos e nunca serão. Mas se o Brasil continuar com passos
seguros rumo ao crescimento econômico certamente estará, ─ como já está ─, entre as
grandes potencias econômicas mundiais em um futuro próximo. Mas para tanto se faz
necessário um maior comprometimento das autoridades e da sociedade, através de reformas
funcionais e profundas no país, que ainda apresenta grandes problemas e dificultadores para
as grandes aspirações dessa grande nação.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PRAZERES, Tatiana Lacerda. A OMC e os blocos regionais. 1. ed. São Paulo: Aduaneiras,
2008, p. 38-40;
GONTIJO, Cláudio; OLIVERIA, Fabrício Augusto e de. Subprime: Os 100 Dias que
Abalaram o Capital Financeiro Mundial e os Efeitos da Crise sobre o Brasil. Belo Horizonte:
CORECOM-MG e ASSEMG, 2009, p. 1;