Quarta, 28 Abril 2010 00:14 - Actualizado em Sexta, 30 Abril 2010 21:49
A hipnose está intimamente associada a um estado alterado de consciência.
Trata-se de facto de um estado mental em que se registam ondas cerebrais em frequência mais lenta do que no estado de vigília. Aquilo de que não nos lembramos é que passamos por este estado de consciência nas actividades mais comuns no nosso quotidiano. Quando nos deixamos absorver pelo conteúdo de um filme ou de um livro, deixando de prestar atenção àquilo que nos rodeia, estamos num estado de concentração focalizada. Esse é estado alfa da mente, o estado mental de transe hipnótico. Tendo na sua origem a palavra grega hypnos (o deus do sono), o termo hipnose confunde-se frequentemente com sono. No entanto, no estado hipnótico não dormimos, pelo contrário, focamos a nossa atenção mais do que nunca. E podemos concentrar-nos num pensamento, numa memória, numa imagem ou numa sensação. No entanto, todo o meio envolvente –os sons, os movimentos, os cheiros- é percepcionado pela nossa mente, simplesmente não lhe damos importância. Trata-se de um momento em que a mente se divide em consciente e inconsciente. O inconsciente toma conta das funções naturais do nosso corpo e o consciente ocupa-se do meio circundante e da nossa relação com ele. Deste modo, durante o transe hipnótico, e após um relaxamento físico e mental, conseguimos concentrar-nos num aspecto do nosso inconsciente ao mesmo tempo que o corpo repousa. Por sua vez, a nossa mente consciente continua a mediar a noção do espaço físico onde nos encontramos. É também a nossa mente consciente que, embora “distraída” de juízos críticos, garante que, mesmo sob o estado de transe hipnótico, agimos em função dos nossos valores pessoais e culturais próprios. O hipnoterapeuta surge como um facilitador desse estado alterado de consciência. Ele é na verdade alguém que nos ensina a fazer uso destas capacidades mentais que todos temos mas que poucos usamos. Para vencer uma fobia ou um problema de foro psicológico-tantas vezes reflectido no nosso corpo físico-, para mudar a perspectiva que temos da vida, é necessário recorrer à sabedoria que encerramos em nós. A sabedoria da nossa mente inconsciente, na maior parte das vezes limitada pela nossa mente consciente, construída a partir das nossas relações com o meio social, familiar, profissional. A mente consciente que nos traz falsos medos, baixa auto-estima, pensamentos pouco saudáveis àcerca de nós próprios e dos outros. A hipnoterapia surge assim não como um tratamento para problemas de foro mental e/ou físico mas como um meio para essa cura. Porque essa cura depende de cada um de nós, da nossa habilidade na activação destas
1/2 Hipnose e Auto-Hipnose
Escrito por Élia Dias Torres Freitas
Quarta, 28 Abril 2010 00:14 - Actualizado em Sexta, 30 Abril 2010 21:49
capacidades mentais, na gestão do equilíbrio entre o trabalho da mente
consciente e da inconsciente. É esta capacidade inata que pode e deve ser desenvolvida, com o auxílio do hipnoterapeuta, como promotor desta aprendizagem pessoal. É por este motivo que muitos especialistas no campo da hipnose defendem que toda a hipnose é auto-hipnose. Porque só entramos nesse estado de transe se quisermos, e porque somos nós que controlamos todo o processo de cura. O hipnoterapeuta é, digamos assim, o nosso companheiro de viagem nesta descoberta de nós próprios. Quando penso num hipnoterapeuta que nos ajuda a tirar o máximo proveito das nossas potencialidades mentais, imagino alguém que nos ensina a conduzir um automóvel. Embora neste caso se trate de “conduzir”a mente humana, uma “máquina” maravilhosamente mais complexa. Tal como quando aprendemos a conduzir, inicialmente pensamos conscientemente nas manobras a efectuar. Com o tempo, deixamos de precisar do instrutor de condução e, sozinhos, controlamos o motor do carro sem pensarmos conscientemente em cada movimento que fazemos. Deixamos que a nossa mente inconsciente, com essas informações já gravadas, permita que o acto de conduzir se torne uma acção natural, instintiva, que cumpre o seu propósito que é deslocarmo-nos. O mesmo se passa com a hipnoterapia. O hipnoterapeuta ensina-nos a conduzir as nossas mentes-e também os nossos corpos e as nossas vidas- de uma forma natural e instintiva, com a activação dos recursos das nossas mentes inconscientes. Mas, à semelhança do instrutor de condução, o hipnoterapeuta não conduz as nossa mentes por nós. Dá-nos autonomia para o fazermos, assim que essa activação de “ferramentas” mentais for conseguida. Cada um de nós é responsável pelo rumo da sua vida, fruto de cada pensamento, de cada atitude, de cada escolha. Coloque esta questão ao mais profundo do seu Ser: pensa e age de acordo com as suas verdadeiras crenças pessoais ou em função dos medos e das convicções impostos pelo mundo exterior? Pretende um equilíbrio entre as potencialidades da sua mente inconsciente e consciente ou uma predominância do seu consciente? Reflicta, consciente e inconscientemente: Quer que conduzam a sua vida por si ou quer ser você próprio a conduzi-la?