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ESTRADA & CAMINHO

Leitura: SALMO 84

INTRODUÇÃO

Esse é o salmo do peregrino. É o salmo que inspirou muitas gerações de pessoas na terra de Israel que
reuniam-se uma vez no ano para irem ao templo adorar a Deus. Esse era o salmo do caminhante, era o
salmo da jornada, o salmo da estrada. A medida em que eles iam se aproximando do templo, as alegrias
do coração se manifestavam e o salmo era falado como uma jornada do caminho, como uma confissão
da estrada de quem queria chegar num lugar da adoração. Nós não somos hoje pessoas do templo, o
templo somos nós, não temos nenhuma devoção por pedras, colunas... Somos santuário de Deus,
somos habitação de Deus no Espírito. Portanto, a leitura desse salmo já não nos serve como uma
inspiração para quem está indo a um lugar de culto; seria de uma pobreza primitiva enorme a gente
pensar assim. Mas, é sobretudo uma viagem existencial para esse lugar aonde Deus tem o seu pouso em
nós e aonde nós temos o nosso pouso em Deus, aonde a gente se aninha em Deus no caminho.

"Quão amáveis são teus tabernáculos, Senhor dos Exércitos!


A minha alma suspira e desfalece pelos átrios do Senhor; o meu coração e a minha carne
exultam pelo Deus vivo!
O pardal encontrou casa, e a andorinha, ninho para si, onde acolha os seus filhotes;
eu, os teus altares, Senhor dos Exércitos, Rei meu e Deus meu!
Bem-aventurados os que habitam em tua casa; louvam-te perpetuamente.
Bem-aventurado o homem cuja força está em ti, em cujo coração se encontram os caminhos
aplanados, o qual, passando pelo vale árido, faz dele um manancial; de bênçãos o cobre a
primeira chuva.
Vão indo de força em força; cada um deles aparece diante de Deus em Sião. Senhor, Deus dos
Exércitos, escuta-me a oração; presta ouvidos, ó Deus de Jacó! Olha, ó Deus, escudo nosso, e
contempla o rosto do teu ungido.
Pois um dia nos teus átrios vale mais que mil; prefiro estar à porta da casa do meu Deus, a
permanecer nas tendas da perversidade. Porque o Senhor Deus é sol e escudo; o Senhor dá
graça e glória; nenhum bem sonega aos que andam retamente.
Ó Senhor dos Exércitos, feliz o homem que em ti confia."

A GRANDE QUESTÃO DO CAMINHO, É COMO VOCÊ ANDA NO CAMINHO.

A gente costuma associar a vida a uma estrada... Há aqueles jargões cansativos que toda hora nos
acomete do tipo: na estrada da vida. E é, sem dúvida alguma, algo útil para nós, pensar que a vida é
alguma coisa que se assemelha a uma estrada. A imagem da estrada é útil para entendermos a idéia do
caminho. É útil porque aponta numa direção, numa via, e é útil porque há um caminho na estrada, mas
não há uma estrada no caminho. Ou seja, a imagem da estrada me remete para o fato de que estou
andando na direção de algum lugar, isso me é útil porque na vida não existe essa opção de não se estar
andando. Não existe essa chance de não ser e de não ir. De outro lado, essa imagem da estrada é útil
para nós porque nos mostra isso.
No caminho de Deus que a gente anda, não existe uma estrada fixa, de modo algum. Na mente da
gente, na maioria das vezes, quando se pensa em andar com Deus, o que se apresenta é uma idéia de
uma estrada fixa. Aí alguém chega e diz assim: "Jesus é o caminho". Aí o sujeito imagina Jesus como
sendo a BR-1 de Deus, um caminho fixo. Aí você diz: "Como é esse caminho?". Então a pessoa te
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apresenta o manual de doutrinas, e você aprende aquelas doutrinas. Chega até o ponto de pensar que
Deus não te ouviu, se você não mencionar a Trindade na oração: "Pai eu te peço em nome do teu
Filho, no poder do Espírito Santo". Se não usar as três nomenclaturas, Deus ficou chateado. Já vi gente
ser interrompida ou, após uma oração, receber admoestação de alguém que disse: "Escuta, você não
falou em nome de Jesus". Porque se você não completar o pacote da estrada com todas as sinalizações
dela, parece que você não está indo a lugar nenhum.
Nesse sentido, a imagem da estrada não nos ajuda, porque nós não estamos caminhando num caminho
fixo. Ele disse: "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida". Não há fixidez, o que há é movimento na
Verdade que conduz a gente na direção da Vida sempre. A estrada física conforme eu lhes disse é fixa.
O caminho espiritual, por seu turno, é vivo e não é fixo. No caminho espiritual não existe fixidez da
estrada, ou seja, o modo de caminhar e ver a estrada espiritualmente muda o caminhante e muda a
estrada. Numa estrada física, fixa, não interessa como o caminhante caminha, a estrada é a mesma. Ele
pode caminhar de maneira apressada, ou lenta, agitada, angustiada, calma, contemplativa, olhando em
volta ou de maneira completamente alienada, a estrada é a mesma... Ele pode botar no automático e
deixar ir. No mundo espiritual, no entanto, não é assim, não existe absolutamente nenhum chão fixo,
por isso é que o justo vive pela fé, pisa no chão da fé e sabe sobretudo isto: o modo de caminhar e ver a
estrada espiritualmente, muda o caminhante e muda a estrada. A estrada, acerca da qual a gente está
falando hoje, é a existência de cada um de nós. Cada um de nós está numa estrada.

COMO É QUE A GENTE ESTÁ CAMINHANDO NESSA ESTRADA?

A estrada é chamada à existência, conforme o caminho do caminhante.

Isso que é extraordinário, porque a minha estrada não existe por si só, ela é chamada à existência
conforme o meu caminhar. A estrada é conforme ela é andada, essa que é a verdade! Nesse sentido, a
estrada física-fixa fica pobre para ilustrar o caminho espiritual. A estrada física não muda com os
caminhantes, ela permanece a mesma. Mas a estrada espiritual é feita pelo andar do caminhante, é
produzida pelos teus pés. Por isso não se pode apenas dizer para alguém: "Olha só, vê ali, Jesus é o
caminho, anda nele". Porque isso não vai significar absolutamente nada para pessoa, a menos que a
pessoa ande e experimente. Nós, cristãos, temos uma mentalidade religiosa que nos faz pensar em Jesus
como Caminho relacionado a alguma coisa que se assemelha a uma estrada física e fixa. Mas não é. E aí
é que está o engano, e é aí que as coisas vão ficando pedradas dentro de nós. Por que a gente fica
pensando que pela entrada na igreja, pela via do batismo, pelo aprendizado dos nossos jargões, dos
nossos chavões, pela capacidade que a gente tem de papagaiar e repetir coisas que a gente ouve, ou
simplesmente, porque nós fomos batizados e temos o nome arrolado num rol de membros de uma
igreja ou participamos de determinadas formas de culto com certa regularidade e nos dizemos cristãos,
nós somos de Jesus. E não é. Não existe fixidez no caminho de Cristo a menos que você ande nele.
Não é possível você simplesmente dizer: eu sou de Jesus; se você não anda no Caminho.

Essa mentalidade religiosa é que pensa no caminho de Jesus como se fosse uma estrada e que a gente
pode botar o pé nela e andar do jeito que quiser. No caso da estrada, se a gente for andando, dado o
tempo e o espaço, a gente chega lá. Todavia, o caminho espiritual não é assim. Você pode ter tido todas
as informações que lhe façam pensar que Jesus é o Caminho, mas se você não andar conforme o
Caminho, você não está no Caminho. E é aí que o bicho pega dentro de nós. O interessante é que a
estrada física, como eu disse, não muda com os caminhantes, mas a estrada espiritual é feita pelo
caminhante.

E aí eu queria que você pensasse comigo no seguinte: Lembra da parábola do bom samaritano? Ela
ilustra perfeitamente o que estou querendo dizer, antes de chegar no salmo. O que a gente tem ali é um
caminho, uma estrada, que ia de Jerusalém para Jericó... mesma estrada... está fixa lá até hoje. Você
pode fazer o caminho romano antigo dos dias de Jesus até os dias de hoje, ela esta lá, com pedras
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daquele tempo, com cenários que não mudaram, uma estrada. Aí Jesus disse que, naquela estrada
aconteceu uma coisa que envolveu cinco pessoas. Uma mesma estrada, cinco caminhos diferentes, uma
mesma estrada que foi alterada pelo caminhar dos caminhantes. Um mesmo chão que virou chão
diferente de acordo com a diferença da caminhada de cada um. O primeiro indivíduo que a gente
encontra naquela estrada é um homem honesto, que saiu de casa e foi trabalhar. E no caminho para
levantar o sustento para a vida, uma tragédia o acometeu. E ele foi deixado - largado, caído, assaltado,
ferido, roubado, depravado e privado dos seus bens e do que tinha - ali abandonado. Caminho de um
homem honesto roubado e largado na estrada. Tem um segundo homem nessa história, nessa estrada, é
aquele que encontra o honesto que vem andando, querendo levantar o sustento para levar para casa e o
assalta. Mesma estrada, um segundo caminho, caminho de violência, de expropriação, de covardia, de
aproveitamento, de roubo, de engano. Mesma estrada, um homem honesto caído, um assaltante que se
aproveitou da vida dele, e fez o seu próprio caminho. Aí passa uma terceira figura, um sacerdote,
mesma estrada um terceiro caminho. O sacerdote vem e olha o homem, passa de largo, segue o seu
caminho, caminho da indiferença, o caminho da incapacidade de se solidarizar, o caminho daquele que
tem a sua agenda tão definida, que não tem espaço para qualquer parada. Esse é, sobretudo, o indivíduo
que achava que a finalidade de cultuar a Deus num lugar sagrado, cumprindo uma liturgia, lhe era mais
importante do que a parada para exercer a misericórdia com aquele que estava ali deitado. Uma mesma
estrada, um outro caminho. Aí tem um quarto indivíduo que passa na mesma estrada, um levita. Ele viu
o sacerdote passar e não fazer nada, e não fez nada também. Assumiu o caminho da omissão homicida,
largou o indivíduo, fez que não viu, alienou-se, ligou o botão do auto-engano e se foi, insensível e
impermeável. Aí vem um quinto indivíduo. Mesma estrada, um quinto caminho. Era um samaritano
considerado herege pelos judeus, abominado pelo sacerdote e pelo levita. Mas ele passa e ele olha, e ele
vê e ele se abaixa, ele socorre, ele cuida, ele pensa as feridas, trata delas, derrama sobre elas óleo e
vinho. Cuida do indivíduo e o leva e o coloca numa estalagem e diz para o estalajadeiro: "Eu estou
deixando aqui dinheiro, e se não for o suficiente, bota tudo na minha conta, porque quando eu passar
de volta eu vou quitar tudo". A estrada para o primeiro homem era um meio de vida e ele caiu nela.
Para o segundo homem era um meio de se aproveitar dos recursos do outro, era o caminho do
aproveitamento e do engano. Para o terceiro homem, o sacerdote, era apenas uma estrada banal, aonde
o que quer que acontecesse não lhe dizia respeito, porque ele era um desses indivíduos que se deslocava
de um ponto para o outro e o que acontece no meio para ele não existe, ele é indiferente à vida. O
outro é omisso, ele sempre olha para quem ele acha que lhe é superior na hierarquia, e diz: "Se ele não
fez, porque que eu tenho que fazer". E há um aqui, para quem o caminho é o lugar de misericórdia, é o
lugar onde a graça pode se manifestar e aonde o amor de Deus pode ser encarnado. Uma única estrada
com caminhos diferentes. Isso nos ajuda entender e a discernir uma coisa fundamental para nós hoje: O
caminho é chamado à existência pelo modo como eu ando.

Nós estamos todos aqui reunidos em Brasília, no Hotel Fenícia, cada um veio de casa, e eu não sei o
que vocês deixaram em casa. Mas eu sei uma coisa, que ainda que a vida seja completamente idêntica
para nós, nós todos temos diferentes caminhos de vida. Você olha em volta e você vê pessoas tendo as
mesmas oportunidades, respondendo a elas de modo completamente distinto, e vê pessoas não tendo
oportunidades e respondendo a essas não-oportunidades de modo também completamente distinto.
Anteontem, eu recebi uma carta quando eu ia chegando aqui. Um rapaz extremamente discreto me deu
essa cartinha e falou: "Por favor leia, mas leia, leia mesmo". Eu já estava atrasado, entrando, e só dei um
sorriso para ele e botei a carta no bolso. E a carta dele está aqui. Olha só como uma estrada que podia
ser miserável se transforma num caminho de vida, por causa do pé de quem pisa, de como pisa, de
como vê, de como enxerga, de como interpreta e de como chama coisa a existência para sua própria
vida. "Estou lhe escrevendo essa breve carta a fim de externar o quanto sou grato a Deus pela sua vida,
gostaria muito de um dia poder compartilhar com você de maneira mais detalhada minha caminhada.
Pude saber quem era o meu pai biológico e conhecê-lo, foi uma experiência libertadora quanto a
rejeição que tenho por parte do meu verdadeiro pai humano. Meu pai tem, o primeiro deles, a saúde
regular apesar da doença e minha mãe nunca pegou uma gripe sequer por causa do HIV, isso é motivo
de alegria. Deus tem feito muito em mim e o sonho que tenho como oração diante Dele é que eu me
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veja pacificado, fazendo de minha própria vida uma mensagem, mesmo que doa, assim como doeu aos
profetas do Antigo Testamento. E assim como sei que tem doído em você. Mais uma vez muito
obrigado Caio".

Agora, pense em você. Eu faço atendimento de pessoas, e às vezes, a vontade que me dá é dar uma
surra no cara. Tem pai em casa, mãe em casa, tudo bem, tudo certo, tudo legal, trabalho, emprego,
saúde... Aí, há complexo para tudo que é lado, quanto mais a vida vai melhorando, mais
complexificadas as pessoas vão ficando, mais cheias de manias. Lá na minha terra no Amazonas, nas
barrancas dos rios, não existe depressão, o cara tem que cuidar de comer o pão, ralar mandioca, pescar
de sol a sol, não tem tempo para se deprimir. Ou ele sai para trabalhar ou ele não come. Mas entre nós
é diferente. A vida vai ficando mais complexa, a luxúria começa a habitar a alma, se instala no espírito
como insatisfação crônica, e aí não interessa o que o indivíduo tem na estrada, a estrada pode ser a
favor dele, pode ser ladeira abaixo, pode ser pastos verdejantes, pode ser como for. Aonde, ele puser o
pé a estrada vai mudar, porque ele chama a existência o seu próprio caminho. Agora, você tem aqui, um
cara com tudo para não estar se sentindo grato, para estar pedindo aconselhamento. Mas, ele chamou a
existência um outro caminho, apesar da estrada ter sido perversa. A estrada foi horrível, mas o caminho
está sendo lindo. A mesma estrada, a mesma vida, o mesmo chão, a mesma existência sob o mesmo sol,
cercados pelas mesmas circunstâncias, caminhos diferentes. Porque o caminho está dentro de mim, o
caminho está dentro de você. Isso foi só uma introdução para a gente chegar no salmo (risos). Só que
eu prometo que eu serei mais rápido do que nunca.

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Quando a gente olha para o Salmo 84, vê que ele nos dá esse referencial, de como é que a gente -
andando na estrada, qualquer estrada, na estrada comum, na estrada de todos – pode ir tecendo nosso
próprio caminho.

COMO FAZER NOSSO CAMINHO NA ESTRADA?

1- Em primeiro lugar, ele diz que isso acontece quando eu carrego meu ser enternecido. Ter um ser
enternecido é a primeira coisa. Gente amargurada, vai pisar em chão de amargura, qualquer que seja o
caminho. O salmo fala de um coração enternecido. "Quão amáveis são teus tabernáculos, a minha alma
suspira e desfalece", ele está apaixonado, "o meu coração e minha carne exultam pelo Deus vivo". O
que você tem aqui, existencialmente falando, é um ser enternecido por Deus.

2- E, em segundo lugar, o salmo ensina que qualquer que seja a estrada pode virar caminho bom e
caminho de Deus, se eu ando com a segurança de quem, se sabe, sendo capaz de encontrar pouso,
refúgio, agasalho, apenas em Deus. Essa carta, que eu li hoje aqui, é de um indivíduo, que com doze
anos disse que foi visitado por uma plenitude que ele não sabia nem qual era. Depois falou em línguas,
ele disse: "O menor dos dons, e eu não achava que nem era crente o suficiente para receber aquilo, por
causa da mentalidade de causa e efeito, de legalismo". Mas Deus violou o legalismo da criança, e
derramou a graça dele sobre ela, razão pela qual hoje aos 24 anos de idade, a estrada é perversa, mas o
caminho dele é bom. Olha só o que diz o verso

3- "O pardal encontrou casa, e a andorinha ninho para si, eu encontrei os teus altares Senhor dos
Exércitos". Essa segurança de quem pousa no ninho de Deus, Deus é meu pouso. Boa parte da razão
pelo qual a estrada se torna insuportável, é porque a gente vive fantasiando, e criando e projetando, e
imaginando e elocubrando coisas e cenários e situações que não são reais. E a gente faz sempre isso
para o lado de fora, a vida só nos é boa se ela for pintada com um cenário exterior que nos agrade. E
quando isso acontece na maioria das vezes, a gente vem a descobrir que o mundo pode estar pintado de
paraísos, se você não carregar no peito o caminho da vida, tudo vai perecer e desvanecer diante de
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você. O coração encontra significado no caminho quando ele diz para si mesmo:"Eu não tenho bem
nenhum senão a Ti Senhor. Tu és meu pouso". Quando Deus é meu pouso, quando Nele eu tenho
meu tesouro, o meu refugio, o meu ninho, o meu agasalho, aí nada me faltará. Quando eu acho que as
coisas que me faltam, me precisam ser dadas para que eu me sinta satisfeito, eu posso ter todas as coisas
e jamais estarei satisfeito. No entanto, no dia em que meu coração estiver enternecido por Deus e que
todo meu sentido de segurança, de agasalho, de carinho, de conforto, de aconchego estiver Nele, não
importa qual seja a estrada, vai virar um caminho de vida.

4- Mais do que isso, o salmo diz que a estrada se transforma num caminho de vida quando eu carrego
dentro de mim um louvor existencial na casa do meu ser. Olha só que diz o verso 4: "Bem-aventurado
Senhor os que habitam em tua casa, louvam-te perpetuamente". Lá no Velho Testamento, eu disse que
era um caminho na direção do templo, hoje o templo está aqui. E é um chamado para um caminhar
existencial de contentamento, aonde a gente olha a vida com outros olhos e aí qualquer estrada vai virar
caminho de vida.

5- E além disso, qualquer estrada vira caminho de vida, quando eu levo em mim a atitude de quem
transforma vales áridos em mananciais. Olha os versos 5 e 6: "Bem-aventurado o homem cuja força
está em ti, em cujo coração se encontram os caminhos aplanados, o qual passando pelo vale árido faz
dele um manancial, de bençãos o cobre a primeira chuva". Esse vale árido, lá no texto hebraico é
chamado de vale de Baca, uma das alusões a ele está lá no livro de Juízes, quando se diz que o povo
chorou em Boquim, depois que tinham pecado contra Deus e o anjo do Senhor veio e falou com eles
face a face e eles choraram muito e chamaram aquele lugar de Boquim. É daí que vem a derivação para
o Baca. Ele diz que bem-aventurado é aquele que passando pelo vale de Baca faz dele um manancial.
„Vale de Baca‟ era o vale de lágrimas, é o lugar aonde os chorões cresciam e crescem. Até hoje das
imediações de Jerusalém, quando você chega no vale de Efraim, você ainda vê uma quantidade enorme
de salgueiros e de chorões e também de árvores que derramam uma resina, daí o nome ter sido vale das
lágrimas também, tanto por causa da ocorrência no livro de Juízes, como também por causa desse
significado vegetal de um lugar aonde as plantas choram. O caminho para o templo passa por ali, que é
também vale dos gigantes, vale de Efraim. E se diz: Bem-aventurado é homem que passando pelo vale
de Baca, o vale árido, faz dele um manancial, de bençãos o cobre as primeiras chuvas. Mesma estrada,
mas o caminho pode ser diferente. Estou dizendo isto porque eu fico chocado com o fato de que todos
os dias eu ouço gente dizendo que é de Jesus e que está no caminho, mas você olha para vida do
indivíduo... E isso não tem nada haver com ter, com possuir, com adquirir, com crescer do ponto de
vista material. Tudo isso é „bobajada‟ que vem sendo ensinada por nós e para nós nas ultimas décadas.
Todo essas coisas tem o seu lugar mínimo e Jesus disse que se nós nos atrelarmos muito a elas,
corremos o risco de perder a alma e o coração. Elas estão ao nosso serviço e não nós serviço delas, e
muito menos tendo-as como bens do nosso ser. Fazer isso é caminho de destruição, mas eu fico vendo
as pessoas dizendo: eu tenho Jesus, eu sou alguém que crê nele. Mas como alguém disse hoje de manhã
na hora do almoço: mas a gente não vê os resultados, não aparece nenhum resultado. Andar no
caminho tem que produzir resultado. Se eu não puder ser de Jesus e na hora de passar no vale árido, no
vale de Baca, no vale de lágrimas, transforma-lo num manancial, que fé é essa que me anima? Que
caminho é este? Se eu não puder enfrentar a dor, a perda, a lágrima, com um bálsamo da Graça de
Deus. Se eu não puder ter dentro do coração: a visão, a imagem, a fé, a certeza, a esperança de que eu
posso cavar poços no deserto, porque Deus na sua Graça vai enchê-los, vai chover sobre eles, a minha
estrada vai ser sempre uma estrada de morte, de amargura, de frustração, de decepção, de perda, nunca
será caminho de vida, jamais.

6- A estrada vira caminho de vida também, quando eu levo em mim a consciência da mutualidade
como mandamento da jornada. Ou seja, eu não estou andando só, eu preciso de você, e você de mim, é
nessa troca que a gente vai. Subitamente o texto passa a ser plural no verso 7, e diz: "Vão indo de força
em força, cada um deles aparece diante de Deus em Sião". É um ajudando o outro. Nesse caminho,
infelizmente, o que a gente mais encontra é um passando a perna no outro, julgando o outro, medindo
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o outro, avaliando o outro, por isso que não é caminho, é só estrada. O que a gente precisa admitir é
que a maioria de nós não está no caminho, a gente está na estrada da religião, e na estrada da religião é
assim olho aberto. Conforme Jesus disse: símplices como as pombas e prudentes como as serpentes,
porque tem fariseu na reta. Religião não te oferece um caminho, te oferece uma estrada e é bom você
ser esperto. Agora nós estamos falando de caminho, e no caminho “um ao outro ajudou e ao seu
próximo disse: Sê forte!” No caminho um levanta o outro. No caminho a gente não quer saber quem é
o indivíduo caído, a gente só quer saber que ele está caído. No caminho o samaritano é o herói da
história do amor fraternal. E ele não faz perguntas. No caminho não existe discussão religiosa, no
caminho ninguém diz: "Você aceita Jesus antes de eu lhe fazer este bem?". No caminho ninguém diz:
"Os assaltantes o assaltaram porque você não estava com o anjo do Senhor acampado ao seu redor".
No caminho ninguém diz: "Olha se você fizesse a confissão positiva e dissesse: Eu declaro bandido, tu
estás amarrado. Ele não teria te assaltado". No caminho a gente levanta, a gente se dobra, a gente cuida,
a gente não faz perguntas, a gente carrega, a gente leva. No caminho não tem proselitismo, não tem
prosa, não tem conversa fiada, tem ação, tem amor, tem misericórdia, tem graça, tem vida, tem gesto. A
maioria de nós está na estrada da religião cristã, poucos de nós estamos andando no caminho de Jesus,
e é só quando nos dermos conta disso que temos alguma chance de ser salvo da estrada, para poder, no
chão da vida, ver o caminho mudar debaixo de nossos pés. Porque é o caminho da fé que chama o
próprio caminho da vida à existência para nós.

7- E ainda, a estrada vira caminho, quando a gente leva consigo a certeza, de que há o Deus de poder
na nossa vida e de graça nesse caminho. Os versos 8 e 9 fazem essa evocação dessas duas realidades de
Deus: Senhor Deus dos Exércitos, dos Exércitos, do poder, escuta minha oração, presta ouvidos, ó
Deus de Jacó - do cara ambíguo, o Deus do „vermezinho‟, o Deus do homem que tem luz e que tem
sombras, o indivíduo que carrega todas as dualidades da vida. No caminho, eu sei que eu conto com
essa assistência: há poder e há graça. Isso não é retórica, isso é fato. E bem-aventurado é aquele que crê
nisso e toma posse disso.

8- E a estrada seja ela qual for, vira caminho de vida, se eu ando com a consciência de que o que vale na
vida não é quantidade, mas é qualidade. Eu achei tão bonitinho quando ele disse: "Passei aqui no
concurso público e agora eu posso manter a mim mesmo". “Manter a mim mesmo!” Nós estamos tão
empedernidos que a gente não consegue mais nem ter a sensibilidade de discernir a benção que significa
manter a si mesmo. Comer o pão com dignidade, beber com dignidade. A gente acha que se for de
Deus uma mansão nos aguarda no lago. Se você tiver aleluia! Convide os irmãos, me chame para ir lá eu
vou com muita alegria. Mas pelo amor de Deus, não faça disso seu sonho de consumo. Paulo disse:
"Tendo com que comer e beber, e vestir, e viver com dignidade, sejamos gratos". Bela essa singeleza:
Deus me deu os meios de poder manter a mim mesmo. Essa gratidão muda todo o cenário no
caminho. Quem não consegue olhar para vida com contentamento, jamais vai se contentar com coisa
alguma na vida. "Eu aprendi a viver contente em toda e qualquer situação, tanto sei estar humilhado
como ser honrado, tenho experiência de tudo, tanto de abundância quanto de escassez. Tudo posso
Naquele que me fortalece". O que este cara está dizendo, é que tanto faz a cara da estrada, ele faz o
caminho com contentamento no coração. O verso 10 nos diz isso: "Pois um dia nos teus átrios, vale
mais do que mil". Qualidade vale mais do que quantidade. Prefiro estar a porta da casa do meu Deus, a
permanecer nas tendas da perversidade.

9- E por último, a estrada se transforma no bom caminho quando eu ando com a certeza de que Deus
é a luz do meu caminho, é o escudo, é a proteção da minha jornada. E que Nele eu posso confiar sem
duvidar, porque Ele não sonega sua graça a mim, nem a ninguém. E a provisão de Deus para mim é
sempre: bem. Olha só os versos 11 e 12: "Porque o Senhor Deus é sol". Sol, o Senhor Deus é sol. Você
vai andar nesse caminho seja qual for a estrada, pode ter certeza alguns vão dizer: não estou vendo
nada. Mas se você estiver andando no caminho conforme aquele que faz o seu caminho pisando no
chão da graça e da misericórdia, esse vai dizer: "O Senhor Deus é sol e escudo, o Senhor dá graça e
glória, nenhum bem sonega aos que andam retamente. Ó Senhor dos Exércitos, feliz o homem que em
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Ti confia".

CONCLUSÃO

Eu falei tudo isso apenas para falar o que vou dizer agora, e se você não ouvir o que eu vou dizer agora,
não interessa o quanto você ouviu do que eu disse antes. O que eu quero te dizer com o meu coração
mais amigo, mais irmão, é que a maioria de nós, apenas existe na estrada da religião. Para maioria de
nós, Jesus é o líder da religião cristã. Por isso a gente não devia nem ficar chateado quando ele é
colocado naquela lista dos 100 mais. Eu vejo os crentes chateados: botaram Jesus na lista dos 100 mais,
das 100 maiores personalidades da civilização humana. Eu digo: bem feito, vocês é que fizeram dele o
líder do cristianismo. Então ele é colega de Maomé, de Buda, de Confúcio, de Zoroastro, de Kardec, ou
de qualquer outro líder que apareça por aí. Esse é o Jesus da estrada, esse é o Jesus que a gente oferece
num catecismo, que a gente dá num livrinho de discipulado. (Acho engraçado essa história de
discipulado. O que que você está fazendo? "Discipulado". O que é isso? "Eu me reúno de segunda,
quarta e sexta, com uma irmãzinha que abre aquele manual que o pastor escreveu, mal escrito. Na
maioria das vezes, ele não sabe nem o que está acontecendo, ele copiou de algum americano, que é
mestre em fazer receita. Porque os Estados Unidos foram os que desenvolveram essa fé de
liquidificador, de manual eletrônico: quatros passos para salvação, doze para prosperidade, sete para
pacificação, é tudo assim. É a fé da estrada. "Curva perigosa". "Chão derrapante". "Posto de gasolina a
30 km": é o congresso para qual o indivíduo vai. "Fast-food" é o culto. "Shopping a direita": são
algumas igrejas que só vendem fetiche. Aí o cara fica pensando que isso é andar com Jesus.
Discipulado... Onde é que se já viu discipulado ser 12 lições, 24, 320. Jesus disse “segue-me pela vida”,
gente. Discipulado é aprendendo, quebrando a cara, arrebentando dente, levantando, socorrendo o
caído que não tem nome, sendo socorrido na hora que você não esperou que ia cair. É aprendendo...)
O Caminho gera Verdade, e a Verdade acontece na Vida. Não é nenhum outro manual. O caminho de
Jesus é na vida. Discípulos de Jesus são formados não em cursos, mas no curso da existência.

A maioria de nós ainda está na estrada da religião. O convite de Jesus é para você vir para o caminho da
vida. E aí você vai descobrir que a estrada é mesma, que a vida é perversa, que a existência é absurda,
que há todas as razões para ser nauseante e insuportável; que não há justiça mesmo, que as injustiças
grassam, que o trabalhador pode sair para trabalhar e ser assaltado, o assaltante pode estar o tempo
todo de olho simplesmente para ver a melhor hora de te tomar tudo. É o caminho dele, na estrada que
é tua. O sacerdote pode passar e dizer: „Esse aí já não tem mais o que dar, se ele estivesse pelo menos
rico, eu iria ajudar para ver se ele dava uma oferta lá na sinagoga.‟ Aí vem o levita, "Eu sou discípulo do
sacerdote", ele diz. "O sacerdote não fez nada, eu não vou fazer nada também, esse aqui não é o meu
caminho". Ele pode até espiritualizar: "Não é a minha vocação". Está tudo tão esquizofrenizado, que o
cara diz: "Não, o Senhor me chamou para interceder, eu vou andando pelo caminho, intercedendo por
ele, que o Senhor mande alguém que cuide dele". Ai a gente fica achando, que nós somos os bons desta
vida. E Deus ironicamente, Jesus de maneira irônica e caustica, elegeu para ser o herói do caminho, o
anti-herói da nossa estrada. O samaritano, o herege, é o anti-herói da estrada da religião, e é o herói do
caminho da vida. Hoje o que eu queria é que você fizesse uma decisão: se você quer continuar a ser um
cara da estrada ou se você quer ser do caminho. Não há nenhuma promessa de que o mundo vai
mudar, Jesus disse: "No mundo tereis aflições". A profecia está feita. "Mas tende bom ânimo, eu venci
mundo".

O milagre é que a estrada pode ser a mesma, mas o caminho será diferente. Porque você vai chamar o
caminho à existência, conforme você pisa no chão da vida. Acaba aqui também a lamúria, o queixume.
"Ai meu Deus porque que a vida foi tão madrasta para mim, quanta injustiça que eu sofro, logo eu que
sou essa mulher devota, e santificada, que me preservo para o Senhor e só encontro canalha".

Minha querida na estrada está cheio de canalha. Por que você não chama a existência o seu caminho,
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pisando de outra forma, olhando de outro modo, discernindo por outra perspectiva, entendo a si
mesmo e aquilo que significa valor para você de outra forma? Hoje eu queria em nome do Senhor
Jesus, convidar você a dizer: "Senhor, a estrada é comum para todos nós, ajuda-me a fazer o caminha
da vida. E eu não quero ser um indivíduo da estrada religião que é física e é fixa. Eu quero caminhar no
caminho da vida e da verdade em Jesus". Porque o caminho muda, conforme eu mudo no caminho, e o
meu caminho vai mudar, conforme eu olho o caminho mudado. Bem-aventurado é o homem que passa
vale árido e faz dele um manancial. Ele carrega no coração os caminhos aplanados. O caminho só
muda do lado de fora, quando ele muda do lado de dentro. Não existe nenhum caminho do lado de
fora que vai lhe ser bom, a menos que você carregue um bom caminho no coração.

Esqueça a Jesus como estrada doutrinária e fixa. Ande no caminho vivo, onde o que vale é o seu modo
de caminhar. Como é que você tem caminhado? O que vale é o seu modo de caminhar. É só o que
vale, meu querido, é o seu modo de caminhar.

A gente fica pensando que o que faz diferença é o QI. Nós somos muito bobos. Os seres mais
maravilhosos que eu conheço chegam a ser quase estúpidos do ponto de vista do QI. São os Forrest
Gump que estão por aí, que podem simplesmente dizer: olha, eu não sei muita coisa, mas eu sei o que é
amar. O que importa é o seu modo de caminhar. A gente fica invejando o caminho dos perversos, dos
malfeitores, fica com dor de cotovelo porque o cara é ladrão. "Ó Senhor porque Tu não me visita com
a prosperidade do fulano". Você sabe quem é o fulano? Ele é o assaltante da estrada, meu amigo. Nessa
estrada se você não tiver opção, se você não puder ser o bom Samaritano, peça a Deus para ser o
roubado. Sério! Se você não puder ser o bom Samaritano, só não seja o bom Samaritano se você for o
roubado. Porque ainda está em mil vezes melhor situação do que o sacerdote, o levita e o ladrão. Mas
tem gente pedindo a Deus a benção de ser o ladrão. Quando eu fico vendo, de quem que as pessoas
tem inveja, elas tem inveja do ladrão, do ladrão religioso, do ladrão político, do ladrão em vários
lugares, em várias situações da vida. Ladrão existencial. Porque o modo do caminho que você
ambiciona é o modo da morte. Tem gente que ambiciona o caminho do sacerdote, é aquele cara tão
imponente. O sonho de consumo de alguns pastores é andarem cercados de 5 seguranças. "Olha que
maravilha, tenho um carro blindado". Você pode imaginar um negócio desse, um homem de Deus que
sonha em ter um carro blindado. O que eu já vi e ouvi de pastores dizendo assim: "O Senhor tem nos
abençoado muito, a nossa igreja cresceu muito, cresceu tanto que inclusive eu tive que contratar 5
seguranças". O sonho dessa cara é ser o sacerdote. Que caminho é esse? Ou o do levita, o egoísta, só
pensa na sobrevivência e na alto preservação, o negócio dele é: não me tocou tá bom, to nem aí, to nem
aí, to nem aí.

Nessa estrada só tem dois caminhos de vida, ou do cara que quase foi morto porque estava andando no
caminho da dignidade, ou do outro que não teve medo de ser morto porque estava andando no
caminho da misericórdia. Isso muda tudo, altera tudo gente, você passar a olhar a vida assim. Teu pai
não vai mudar, nem a tua mãe necessariamente, nem os vizinhos, nem a escola, nem o trabalho, mas
você vai mudar, e o seu caminho vai mudar de maneira assustadora.

Eu passei por muita coisa difícil nos últimos 7 anos, eu podia ter ficado completamente amargo, ter
adoecido, irrecuperavelmente triste. Mas eu encontrei os teus altares Senhor dos Exércitos, Rei meu e
Deus meu.
Faz 3 meses que eu perdi um filho... amado! Estou morrendo de saudade dele... estou aqui com
perfume dele... esse cheirinho aqui é dele... do perfume dele.
Mas a vida tá bonita!
Porque o caminho não é a estrada que faz, você é que faz. Na estrada pode acontecer tudo, mas tudo
que aconteça não será nada, se não acontecer contigo, ou se você processar como vida, e não como
morte.
O caminho de Deus é caminho de graça, de misericórdia, quem olha a vida com graça e com
misericórdia, jamais ficará amargo. Sempre vai entender que por trás de qualquer tranco, tem bondade,
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tem um bem guardado, tem um tesouro oculto, tem no mínimo uma palavra que diz: "o que eu faço tu
não sabes agora, compreendê-lo-ás depois".
Aí você começa a descobrir que seu coração vai melhorando, que a sua visão vai ficando mais clara, que
o que tem valor salta, que o que não tem valor fenece. Aí você começa a descobrir que você não precisa
de nada além de um ninho, e que esse ninho está em Deus. Suas inseguranças vão diminuindo, os
lugares estranhos vão ficando diferentes. Até aquilo que você abomina, na hora que o caminho muda
dentro de você, a estrada fica diferente fora de você. Até aquilo que antes lhe parecia completamente
intolerável e insuportável, perde o significado de intolerabilidade. Quando o caminho mudou em ti e
você pela fé pisou com atitude de gratidão e de contentamento no chão para ver que o caminho esta
sendo feito pela gratidão e nem a estrada ruim resiste a chegada desse novo caminho. Agora isto
acontece com Jesus enquanto a gente vive. Para que isso aconteça, você não pode ter medo de viver,
você vai ter que viver! E viver pela fé, e viver desassombradamente e viver como quem contabiliza
todas as coisas como lucro. Lucro. Tudo é lucro no caminho, meu querido.

Se você ouviu e entendeu, e se o Espírito Santo falou com você e você hoje diz para si mesmo: "Ó
Deus, me perdoa! A vida está tão feia, porque meus olhos são feios. A estrada está tão maligna, porque
meus olhos estão impregnados de treva. Mas, eu aprendi hoje que o importante não é a estrada, o
importante é como eu caminho. Ajuda-me a caminhar no caminho da vida, da gratidão, do
contentamento, da fé, da misericórdia, da graça, e não deixe que eu fique impressionado com nenhuma
estrada. Por que o importante é o modo como a gente caminha".

Daqui a uns anos a gente vai olhar para trás, e o que vai ficar não é a inteligência, nem a burrice, não é a
riqueza e nem a pobreza, não é afluência e nem a escassez; a única coisa que vai ficar é o modo como
você caminhou. João Batista teve a sua cabeça cortada e oferecida num banquete num prato para
satisfazer a volúpia provocada por uma dança. Aparentemente um trágico fim, mas o modo do
caminho dele, fez Jesus dizer: “Em verdade vos digo que dos nascidos de mulher ninguém foi como
João”.

O que importa, meu querido, não é o que te façam; o que importa é o que você faz de você mesmo na
presença de Deus. É o modo como você caminha. E se você hoje, recebeu o chamado do Espírito de
Deus no fundo do seu ser, para não ficar mais impressionado com a estrada, vai fazer um compromisso
de um caminhar diferente, pela fé, sabendo que o que importa é o modo do caminhar. E que se a gente
caminha, conforme o caminho, cada passo chama a existência uma coisa nova e boa. Não importa qual
seja a estrada, o caminho será de vida.

Se você ficou convencido disso e quer hoje, fazer a oração daqueles que pedem a Deus para
desintoxicá-los da estrada, das exterioridades, da religião, das comparações, das invejas, das ambições
malignas, das frustrações que projetam o tempo todo para nós alvos inalcançáveis, enquanto o
individuo deixa de aproveitar o pão nosso de cada dia, e a alegria de hoje, e a celebração de Deus hoje.
Sabendo que grande não foi Nabucodonozor, maior do que ele foi João Batista, que comia gafanhoto,
bebia mel silvestre e vestia roupa de camelo.

Você tem que decidir se você quer uma estrada pavimentada, uma highway para os homens ou se você
quer andar no caminho de Deus, onde a alma anda sempre rica não importa o que aconteça. Se você
tomou essa decisão, isso vai revolucionar sua vida, vai mexer com toda sua existência. Se você olhar
assim, apreciar assim, contemplar assim e souber que a vida vai em cada passo, está no modo, está no
"como" da caminhada, aí bem-aventurado você será!

Caminho da Graça

Estações do Caminho: Texto de orientação

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