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Jorge Mujica
Sumário
B E (a; r) = {x ∈ E : x − a ≤ r}.
SE (a; r) = {x ∈ E : x − a = r}.
1
Demonstração. (a) ⇒ (b): Se T é limitada, então
e portanto
T x ≤ T x para todo x ∈ E.
Segue que
T x − T y ≤ T x − y para todo x, y ∈ E.
Logo T é uniformemente contı́nuo.
As implicações (b) ⇒ (c) e (c) ⇒ (d) são claras.
(d) ⇒ (a): Se (a) não for verdadeiro, então existiria uma sequência (xn ) em
E tal que xn ≤ 1 e T xn ≥ n para cada n. Seja yn = xn /T xn para cada
n. Então yn ≤ 1/n e T yn = 1 para cada n. Logo T não seria contı́nuo na
origem.
1.5. Corolário. Seja T : E → F uma aplicação linear. Então T é contı́nua
se e só se existe uma constante c > 0 tal que
2
1.8. Corolário. Seja E um espaço vetorial. Duas normas .1 e .2 em
E são equivalentes se e só se existem constantes b ≥ a > 0 tais que
Tn − Tm ≤
Tn x − T x ≤ x
Exercı́cios
1.A. Prove que
(x, y) ∈ E × E → x + y ∈ E,
(λ, x) ∈ K × E → λx ∈ E.
3
1.C. (a) Prove que, para cada a ∈ E, a aplicação x ∈ E → x + a ∈ E é um
homeomorfismo.
(b) Prove que, para cada λ = 0 em K, a aplicação x ∈ E → λx ∈ E é um
homeomorfismo.
1.D. Prove que cada subespaço fechado de um espaço de Banach é um espaço
de Banach com a norma induzida.
1.E. Se M é um subespaço vetorial próprio de E, prove que intE é vazio.
1.F. (a) Prove que a função (x, y)1 = x + y define uma norma em
E × F.
(b) Prove que (E × F, .1 ) é completo se e só se E e F são completos.
1.G. (a) Prove que a função (x, y)∞ = max{x, y} define uma norma
em E × F .
(b) Prove que (E × F, .∞ é completo se e só se E e F são completos.
1.H. Prove que a aplicação identidade I : (E × F, .1 ) → (E × F, .∞ ) é
um isomorfismo topológico. Calcule I e I −1 .
1.I. Dado T ∈ L(E; F ), prove que:
= sup{T x : x ∈ E, x = 1}
T x
= sup{ : x ∈ E, x = 0}
x
= inf{c > 0 : T x ≤ cx para todo x ∈ E}.
4
2. Desigualdades de Hölder e Minkowski para somas
2.1. Lema. Sejam a, b, α, β > 0, com α + β = 1. Então:
(1) aα bβ ≤ αa + βb,
aα b1−α ≤ αa + (1 − α)b,
ou seja a α a
(2) ≤ α + 1 − α.
b b
Consideremos a função
Então
φ (t) = α − αtα−1 .
Como 0 < α < 1, segue que
|ξj |p |ηj |q 1 1
aj = n p
, bj = n q
, α= , β= ,
j=1 j |ξ | j=1 j|η | p q
obtemos
|ξj ηj | aj bj
1/p 1/q ≤ p + q
n n
j=1 |ξj |p j=1 |ηj |
q
5
para j = 1, ..., n. Somando estas desigualdades, segue que
n n n
j=1 |ξj ηj | 1 1 1 1
1/p 1/q ≤ p aj +
q j=1
bj = + = 1,
p q
n p n q
j=1 |ξj | j=1 |ηj |
j=1
completando a demonstração.
2.3. Corolário (desigualdade de Cauchy-Schwarz para somas). Se-
jam (ξ1 , ..., ξn ), (η1 , ..., ηn ) ∈ Kn . Então:
⎛ ⎞1/2 ⎛ ⎞1/2
n
n n
|ξj ηj | ≤ ⎝ |ξj |2 ⎠ ⎝ |ηj |2 ⎠ .
j=1 j=1 j=1
6
Como (p − 1)q = p, segue da desigualdade de Hölder que
⎛ ⎞1/p ⎛ ⎞1/q
n
n n
|ξj ||ξj + ηj |p−1 ≤⎝ |ξj |p ⎠ ⎝ |ξj + ηj |p ⎠
j=1 j=1 j=1
e ⎛ ⎞1/p ⎛ ⎞1/q
n
n
n
|ηj ||ξj + ηj |p−1 ≤ ⎝ |ηj |p ⎠ ⎝ |ξj + ηj |p ⎠ .
j=1 j=1 j=1
Logo
⎧⎛ ⎞1/p ⎛ ⎞1/p ⎫ ⎛ ⎞1/q
n
⎪
⎨ n n ⎪
⎬ n
|ξj + ηj |p ≤ ⎝ |ξj |p ⎠ + ⎝ |ηj |p ⎠ ⎝ |ξj + ηj |p ⎠ .
⎪
⎩ ⎪
⎭
j=1 j=1 j=1 j=1
1
Como 1 − q = p1 , segue que
⎛ ⎞1/p ⎛ ⎞1/p ⎛ ⎞1/p
n
n n
⎝ |ξj + ηj |p ⎠ ≤⎝ |ξj |p ⎠ + ⎝ |ηj |p ⎠ ,
j=1 j=1 j=1
completando a demonstração.
2.8. Corolário (desigualdade de Minkowski para séries). Seja 1 ≤
p < ∞, e sejam (ξj ), (ηj ) ∈ p . Então (ξj + ηj ) ∈ p e
⎛ ⎞1/p ⎛ ⎞1/p ⎛ ⎞1/p
∞
∞ ∞
⎝ |ξj + ηj |p ⎠ ≤⎝ |ξj |p ⎠ + ⎝ |ηj |p ⎠ .
j=1 j=1 j=1
7
3. Espaços normados de sequências
3.1. Exemplo. Dado 1 ≤ p < ∞, definamos
⎛ ⎞1/p
n
xp = ⎝ |ξj |p ⎠
j=1
para cada x = (ξ1 , ..., ξn ) ∈ Kn . É fácil verificar que a função .∞ é uma
norma em Kn . Denotaremos por Knp o espaço vetorial Kn , munido da norma
.∞ . Não é difı́cil provar que Kn∞ é um espaço de Banach.
3.3. Exemplo. Dado 1 ≤ p < ∞, lembremos que
∞
p = {x = (ξj )∞
j=1 ⊂ K : |ξj |p < ∞}.
j=1
8
para todo n, m ≥ n0 e todo k ∈ N. Fazendo m → ∞ em (2) segue que
⎛ ⎞1/p
k
⎝ |ξnj − ξj |p ⎠ ≤
j=1
e
c = {x = (ξj )∞
j=1 ⊂ K : (ξj ) é convergente}.
9
Seja
y = (ξ1 , ..., ξn , 0, 0, 0, ...),
e seja
z = (ζ1 , ..., ζn , 0, 0, 0, ...),
com ζ1 , ..., ζn racionais tais que
n
|ξj − ηj |p < p .
j=1
Então y ∈ c00 , z ∈ D e
Logo D é denso em p .
3.6. Proposição. ∞ não é separável.
Demonstração. Seja (xn )∞ n=1 um subconjunto enumerável de ∞ . Seja
xn = (ξnj )j=1 para cada n. Seja x = (ξj )∞
∞
j=1 definido por
ξj = ξjj + 1 se |ξjj | ≤ 1,
ξj = 0 se |ξjj | > 1.
Claramente x ∈ ∞ , mas
x − xj ∞ ≥ |ξj − ξjj | ≥ 1
Exercı́cios
3.A. Dados x ∈ Kn e 1 ≤ p ≤ q < ∞, prove que:
(a) xq ≤ xp .
(b) x∞ ≤ xp ≤ n1/p x∞ .
(c) x∞ = limp→∞ xp .
Em particular todas as normas .p , com 1 ≤ p ≤ ∞, são equivalentes entre
si em Kn .
3.B. Seja T : Kn1 → Kn∞ o operador identidade. Calcule T e T −1 .
3.C. Se 1 ≤ p ≤ ∞, prove que cada aplicação linear T : Knp → F é contı́nua.
10
3.E. Se 1 ≤ p < ∞, prove que p ⊂ c0 , e a inclusão é contı́nua.
3.F. Prove que Knp é separável para 1 ≤ p ≤ ∞.
3.G. Prove que c0 e c são separáveis.
3.H. Prove que c0 e c são isomorfos entre si.
11
4. Desigualdades de Hölder e Minkowski para integrais
Seja (X, Σ, µ) um espaço de medida, ou seja X é um conjunto não vazio, Σ
é uma σ-álgebra de subconjuntos de X, e µ : Σ → [0, ∞] é uma medida. Se
1 ≤ p < ∞, denotaremos por Lp (X, Σ, µ) o espaço vetorial de todas as funções
mensuráveis f : X → K tais que X |f |p dµ < ∞. Escrevamos
1/p
f p = |f |p dµ
X
|f (x)| |g(x)| 1 1
a= , b= , α= , β= ,
f p gq p q
segue que
|f (x)g(x)| |f (x)|p |g(x)|q
≤ p + .
f p gq pf p qgqq
Integrando segue que
|f g|dµ
X 1 1
≤ + = 1,
f p gq p q
completando a demonstração.
4.2. Corolário (desigualdade de Cauchy-Schwarz para integrais).
Sejam f, g ∈ L2 (X, Σ, µ). Então f g ∈ L1 (X, Σ, µ) e
1/2 1/2
2 2
|f g|dµ ≤ |f | dµ |g| dµ .
X X X
12
4.3. Teorema (desigualdade de Minkowski para integrais). Seja
1 ≤ p < ∞, e sejam f, g ∈ Lp (X, Σ, µ). Então f + g ∈ Lp (X, Σ, µ) e
1/p 1/p 1/p
|f + g|p dµ ≤ |f |p dµ + |g|p dµ .
X X X
segue que
|f + g|p dµ ≤ |f ||f + g|p−1 dµ + |g||f + g|p−1 dµ.
X X X
De maneira análoga
1/p 1/q
p−1 p p
|g||f + g| dµ ≤ |g| dµ |f + g| dµ .
X X X
Logo
1/p 1/p 1/q
p p p p
|f + g| dµ ≤ |f | dµ + |g| dµ |f + g| dµ .
X X X X
1
Como 1 − q = p1 , segue que
1/p 1/p 1/p
p p p
|f + g| dµ ≤ |f | dµ + |g| dµ ,
X X X
completando a demonstração.
13
5. Espaços normados de funções
5.1. Exemplo. Seja X um conjunto não vazio, e seja B(X) o espaço
vetorial de todas as funções limitadas f : X → K. Não é difı́cil provar que
B(X) é um espaço de Banach sob a norma
É fácil verificar que estas operações estão bem definidas, e que Lp (X, Σ, µ), com
estas operações, é um espaço vetorial. Além disso, a aplicação quociente
π : f ∈ Lp (X, Σ, µ) → [f ] ∈ Lp (X, Σ, µ)
é linear. Se definimos
[f ]p = f p
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para cada [f ] ∈ Lp (X, Σ, µ), é fácil verificar que esta função está bem definida,
e é uma norma em Lp (X, Σ, µ). Antes de provar que Lp (X, Σ, µ) é completo,
vamos precisar de um resultado auxiliar.
∞
5.5. Definição. (a) Uma série n n=1 xn em E é dita convergente se a
sequência de somas parciais sn = j=1 xj é convergente em E.
∞
(b) Uma série n=1 xn em E é dita absolutamente convergente ou absolu-
∞
tamente somável se n=1 xn < ∞.
5.6. Proposição. Um espaço normado E é completo se e só se cada série
absolutamente convergente em E é convergente.
∞
Demonstração. (⇒) Suponhamos E completo e n=1 xn < ∞. Se
m < n, então
n n
sn − sm = xj ≤ xj .
j=m+1 j=m+1
Em particular
∞
∞
xnj+1 − xnj ≤ 2−j = 1.
j=1 j=1
∞
Logo a série j=1 (xnj+1 − xnj ) é convergente em E. Como
k
xn1 + (xnj+1 − xnj ) = xnk+1 ,
j=1
∞
Demonstração. Para provar que Lp (X, Σ, µ) é completo, seja n=1 [fn ]
uma série absolutamente convergente em Lp (X, Σ, µ), ou seja
∞
∞
[fn ] = fn < ∞.
n=1 n=1
15
Seja g : X → [0, ∞] definida por
∞
n
g(x) = |fn (x)| = lim |fj (x)|.
n→∞
n=1 j=1
N = {x ∈ X : g(x) = ∞},
É claro que |f (x)| ≤ g(x) para todo x ∈ X. Como g ∈ Lp (X, Σ, µ), segue que
f ∈ Lp (X, Σ, µ). Como
n
|f (x) − fj (x)| ≤ 2g(x)
j=1
Logo
n
lim [f ] − [fj ]p = 0.
n→∞
j=1
16
5.8. Exemplo. Seja L∞ (X, Σ, µ) o espaço vetorial de todas as funções
f : X → K que são limitadas quase sempre, ou seja, existe c > 0 tal que
|f (x)| ≤ c quase sempre. Para cada f ∈ L∞ (X, Σ, µ), definimos
π : f ∈ L∞ (X, Σ, µ) → [f ] ∈ L∞ (X, Σ, µ)
é linear. Se definimos
[f ]∞ = f ∞
para cada [f ] ∈ L∞ (X, Σ, µ), esta função está bem definida, e é uma norma em
L∞ (X, Σ, µ).
5.9. Proposição. L∞ (X, Σ, µ) é um espaço de Banach.
Demonstração. Para provar que L∞ (X, Σ, µ) é completo, seja ([fn ]) uma
sequência de Cauchy em L∞ (X, Σ, µ). É fácil achar N ∈ Σ, com µ(N ) = 0, tal
que
|fn (x)| ≤ fn ∞ para todo x ∈ X \ N, n ∈ N;
|fm (x) − fn (x)| ≤ fm − fn ∞ para todo x ∈ E \ N, m, n ∈ N.
Isto prova que (fn ) é uma sequência de Cauchy em B(X \ N ). Como B(X \ N )
é um espaço de Banach, segue que (fn ) converge uniformemente em X \ N .
Definamos
17
Então f ∈ L∞ (X, Σ, µ) e
[fn ] − [f ]∞ = fn − f ∞ → 0.
Os elementos do espaço L∞ (X, Σ, µ) são classes de equivalência de funções.
Mas na prática vamos considerar os elementos de L∞ (X, Σ, µ) como funções,
mas lembrando de identificar as funções que coincidem quase sempre.
Exercı́cios
5.A. Seja (X, Σ, µ) um espaço de medida finita, e sejam 1 ≤ p ≤ q < ∞.
(a) Prove que Lq (X, Σ, µ) ⊂ Lp (X, Σ, µ), e a inclusão é contı́nua.
(b) Prove que L∞ (X, Σ, µ) ⊂ Lq (X, σ, µ), e a inclusão é contı́nua.
Sugestão: Para provar (a), considere uma função f ∈ Lq (X, Σ, µ), e aplique
a desigualdade de Hölder às funções
φ = |f |p ∈ L pq (X, Σ, µ), ψ = 1 ∈ L q−p
q (X, Σ, µ).
18
5.H. Seja BV [a, b] o espaço vetorial de todas as funções f : [a, b] → K de
variação limitada. Prove que BV [a, b] é um espaço de Banach sob a norma
f = V (f ) + |f (a)|.
19
6. Espaços normados de dimensão finita
6.1. Teorema. Todos os espaços normados de dimensão n sobre K são
topologicamente isomorfos entre si.
Demonstração. Seja E um espaço normado de dimensão n sobre K.
Provaremos que E é topologicamente isomorfo a Kn2 .
Seja (e1 , ..., en ) uma base de E. Seja T : Kn2 → E definida por
n
Tx = ξj ej para todo x = (ξ1 , ..., ξn ) ∈ Kn2 .
j=1
20
Demonstração. Seja y0 ∈ E \ M , e seja
d = d(y0 , M ) = inf{y0 − x : x ∈ M }.
Em particular
x2 − x1 ≥ 1/2.
Seja M2 = [x1 , x2 ], o subespaço de E gerado por x1 e x2 . Pelo lema de Riesz
existe x3 ∈ SE tal que
Em particular
x3 − xj ≥ 1/2 para j = 1, 2.
Procedendo por indução podemos achar uma sequência (xn ) ⊂ SE tal que
21
Suponhamos que exista g ∈ SE tal que g − f ≥ 1 para todo f ∈ M . Dado
h ∈ E \ M , seja
1
g(t)dt
λ = 01 .
0
h(t)dt
Segue que g − λh ∈ M , e portanto
1 ≤ g − (g − λh) = |λ|h,
ou seja 1
| g(t)dt|
1 ≤ 01 h.
| 0 h(t)dt|
Consideremos a sequência de funções hn (t) = t1/n . Então hn ∈ E \M , hn = 1
e 1
1
hn (t)dt = 1 → 1.
0 n +1
Segue que 1
1≤| g(t)dt|.
0
1
Mas como g = 1 e g(0) = 0, a continuidade de g em 0 implica que | 0 g(t)dt| <
1, contradição. Logo não existe g ∈ SE tal que g − f ≥ 1 para todo f ∈ M .
Exercı́cios
6.A. Seja E um espaço normado de dimensão finita, e seja M um subespaço
próprio de E. Prove que existe y ∈ SE tal que y − x ≥ 1 para todo x ∈ M .
22
7. Completamento de espaços normados
7.1. Proposição. Sejam E e F espaços normados, seja M um subespaço
denso de E, e seja T ∈ L(M ; F ). Então existe um único T̃ ∈ L(E; F ) tal que
T̃ |M = T . Tem-se que T̃ = T .
Demonstração. Dado x ∈ E, seja (xn ) uma sequência em M que converge
a x. Como
T xm − T xn ≤ T xm − xn ,
e F é completo, segue que a sequência (T xn ) converge em F . Se definimos
T̃ x = lim T xn ,
n→∞
é fácil ver que T̃ x está bem definido, ou seja, depende apenas de x, e não da
sequência (xn ) escolhida. Além disso, T̃ : E → F é linear e T̃ x = T x para todo
x ∈ M . É fácil verificar que T̃ = T . A unicidade de T̃ segue da densidade
de M em E.
7.2. Teorema. Dado um espaço normado E, sempre existe um espaço de
Banach F tal que E é isometricamente isomorfo a um subespaço denso F0 de
F . O espaço F é único, a menos de um isomorfismo isométrico.
Demonstração. Seja C o espaço vetorial de todas as sequências de Cauchy
X = (xn ) em E. Como
X ∼ Y se lim xn − yn || = 0.
n→∞
23
então é fácil verificar que estas operações estão bem definidas, e que F , com
estas operações, é um espaço vetorial. Além disso a aplicação quociente
π : X ∈ C → [X] ∈ F
é linear. É fácil ver que a função [X] = X está bem definida, e é uma
norma em F . Seja
24
Exercı́cios
n
7.A. Seja P (R) o espaço vetorial de todos os polinômios P (x) = j=0 aj xj ,
com aj ∈ K e n ∈ N.
n
(a) Prove que P = j=0 |aj | é uma norma em P (R).
(b) Prove que P (R), com esta norma, não é completo.
(c) Prove que o completamento de P (R), com esta norma, é isometricamente
isomorfo a 1 .
7.B. (a) Fixados a < b em R, prove que P = sup{|P (x)| : a ≤ x ≤ b} é
uma norma em P (R).
(b) Prove que P (R), com esta norma, não é completo.
(c) Prove que o completamento de P (R), com esta norma, é isometricamente
isomorfo a C[a, b].
25
8. Espaço quociente
Seja E um espaço vetorial, e seja M um subespaço de E. Diremos que x, y ∈
E são equivalentes módulo M , e escreveremos x = y(mod(M ), se x − y ∈ M .
É claro que esta é uma relação de equivalência em E. Denotaremos por E/M
o conjunto de todas as classes de equivalência módulo M . Para cada x ∈ E,
denotaremos por [x] a classe de equivalência que contém x. Definamos
para todo [x], [y] ∈ E/M e λ ∈ K. É fácil verificar que estas operações estão
bem definidas, e que E/M , com estas operações, é um espaço vetorial. Além
disso, a aplicação quociente
π : x ∈ E → [x] ∈ E/M
E = Lp (X, Σ, µ) (1 ≤ p ≤ ∞),
X = inf{x : x ∈ X}
26
Como a aplicação t ∈ E → x + t ∈ E é um homeomorfismo, e M é fechado em
E, segue que [x] = x + M é fechado em E para cada x ∈ E. Além disso
(b) É claro que X ≥ 0 para cada X ∈ E/M . Se [x] = 0, então segue
de (a) que x ∈ M , e portanto x + M = M = [0]. Se λ = 0, então é claro que
λX = |λ|X para todo X ∈ E/M . Se λ = 0, então
Então x + y ∈ X + Y e
X + Y ≤ X + Y .
Exercı́cios
8.A. Seja E um espaço normado, seja M um subespaço fechado de E, e seja
π : E → E/M a aplicação quociente.
27
(a) Se Xn → 0 em E/M , prove que existe (xn ) ⊂ E tal que π(xn ) = Xn
para cada n, e xn → 0 em E.
(b) Se x ∈ E e Xn → π(x) em E/M , prove que existe (xn ) ⊂ E tal que
π(xn ) = Xn para cada n, e xn → x em E.
8.B. Seja X um espaço de Hausdorff compacto, e seja A um subconjunto
fechado de X. Usando o teorema de extensão de Tietze prove que C(A) é
isometricamente isomorfo a um quociente de C(X).
8.C. Usando o exercı́cio anterior prove que c é isometricamente isomorfo a
um quociente de C[a, b].
28
9. Espaços com produto interno
9.1. Definição. Se E é um espaço vetorial, então uma função (x, y) ∈
E × E → (x|y) ∈ K é chamado de produto interno se verifica as seguintes
propriedades:
(a) (x1 + x2 |y) = (x1 |y) + (x2 |y);
(b) (λx|y) = λ(x|y);
(c) (x|y) = (y|x);
(d) (x|x) ≥ 0;
(e) (x|x) = 0 se e só se x = 0.
9.2. Observação. De (a), (b) e (c) segue que:
(a’) (x|y1 + y2 ) = (x|y1 ) + (x|y2 );
(b’) (x|λy) = λ(x|y).
Assim o produto interno é linear na primeira variável, e linear conjugado na
segunda variável.
9.3. Proposição (desigualdade de Cauchy-Schwarz). Seja E é um
espaço com produto interno. Então
|(x|y)| ≤ xy
para todo x, y ∈ E.
Demonstração. A desigualdade é clara se x = 0 ou y = 0. Logo podemos
supor x = 0 e y = 0. Para todo α ∈ K temos que
4|(x|y)|2 − 4(x|x)(y|y) ≤ 0,
completando a demonstração.
9.4. Corolário. Seja E um espaço com produto interno. Então a função
x = (x|x)1/2
é uma norma em E.
29
Demonstração. Usando a desigualdade de Cauchy-Schwarz provaremos a
desigualdade triangular. As outras propriedades da norma são de verificação
imediata.
se x = (ξj ) e y = (ηj ).
9.8. Exemplo. L2 (X, Σ, µ) é um espaço de Hilbert com o produto interno
(f |g) = f gdµ.
X
Demonstração.
30
Demonstração. Temos que
Exercı́cios
9.A. Seja E um espaço com produto interno. Se xn → x e yn → y em E,
prove que (xn |yn ) → (x|y) em K. Ou seja a aplicação (x, y) ∈ E × E → (x|y) ∈
K é contı́nua.
9.B. Seja E um espaço com produto interno. Sejam x1 , ..., xn vetores não
nulos, ortogonais entre si, ou seja xj ⊥xk sempre que j = k.
(a) Prove que os vetores x1 , ..., xn são linearmente independentes.
n n
(b) Prove o teorema de Pitágoras generalizado: j=1 xj 2 = j=1 xj 2 .
para todo x, y ∈ E.
9.F. Seja E um espaço normado complexo que verifica a lei do paralelo-
gramo. Prove que a fórmula de polarização do exercı́cio anterior define um
produto interno em E que induz a norma original.
31
10. Projeções ortogonais
10.1. Teorema. Seja E um espaço de Hilbert, e seja M um subespaço
fechado de E. Então para cada x ∈ E existe um único p ∈ M tal que
x − p = d(x, M ) = inf{x − y : y ∈ M }.
Segue que
pm + pn 2
pn − pm 2 = 2x − pm 2 + 2x − pn 2 − 4x −
2
1 2 1 4d 2 4d 2
< 2(d + ) + 2(d + )2 − 4d2 < + 2+ + 2.
m n m m n n
Logo (pn ) é uma sequência de Cauchy em E. Como E é completo, e M é fechado
em E, concluimos que (pn ) converge a um ponto p ∈ M . Fazendo n → ∞ em
(1) obtemos que x − p ≤ d, e portanto x − p = d, como queriamos.
Para provar unicidade, seja q ∈ M tal que x − q = d também. Pela lei do
paralelogramo
Segue que
p+q 2
q − p2 = 2x − p2 + 2x − q2 − 4x −
2
≤ 2d2 + 2d2 − 4d2 = 0,
e portanto q = p.
10.2. Observação. A conclusão do teorema permanece verdadeira se E é
um espaço com produto interno, e M é um subconjunto convexo completo de
E.
Dado qualquer subconjunto S de um espaço com produto interno E, S ⊥
denotará o conjunto
32
10.3. Teorema. Seja E um espaço de Hilbert, e seja M um subespaço
fechado de E. Então:
(a) Cada x ∈ E admite uma única decomposição da forma
x = p + q, com p ∈ M e q ∈ M ⊥ .
Tem-se que
x − p = d(x, M ) e x − q = d(x, M ⊥ ).
Segue que
q2 ≤ q − λy2 = (q − λy|q − λy)
= (q|q) − λ(y|q) − λ(q|y) + λλ(y|y)
= q2 − 2Re{λ(y|q)} + |λ|2 y2 .
Escrevamos (y|q) = |(y|q)|eiθ . Então, fazendo λ = te−iθ , com t ∈ R, segue que
Logo
2|(y|q)| ≤ ty2 para todo t > 0.
Fazendo t → 0, segue que (y|q)| = 0, e portanto q ∈ M ⊥ .
Para provar que x − q = d(x, M ⊥ ), tomemos z ∈ M ⊥ . Como x = p + q,
segue que
x − z = p + (q − z), com p ∈ M, q − z ∈ M ⊥ .
Pelo teorema de Pitǵoras
Segue que
d(x, M ⊥ ) = inf{x − z : z ∈ M ⊥ } = x − q.
Para provar a unicidade da decomposição, suponhamos que
x = p1 + q1 , com p1 ∈ M, q1 ∈ M ⊥ .
p − p1 = q 1 − q ∈ M ∩ M ⊥ .
33
Mas h ∈ M ∩ M ⊥ implica que (h|h) = 0, e portanto h = 0. Segue que p = p1 e
q = q1 .
(b) Segue da unicidade da decomposição em (a) que as aplicações P : E → E
e Q : E → E são lineares. Para cada x ∈ E temos que
P (P x) = P x, Q(P x) = 0.
Qx = 0 + Qx ∈ M + M ⊥ ,
segue que
P (Qx) = 0, Q(Qx) = Qx,
completando a demonstração.
10.4. Observação. As conclusões do teorema permanecem verdadeiras se
E é um espaço com produto interno, e M é um subespaço completo de E.
Seja E um espaço com produto interno, e seja y0 ∈ E. Se definimos φ : E →
K por
φ(x) = (x|y0 ) para todo x ∈ E,
então é fácil verificar que φ é linear. Além disso, pela desigualdade de Cauchy-
Schwarz,
|φ(x)| = |(x|y0 )| ≤ xy0 ,
provando que φ é contı́nuo e que φ ≤ y0 . De fato, como
segue que φ = y0 . O próximo teorema mostra que, quando E é um espaço
de Hilbert, então todos os funcionais lineares contı́nuos em E são desta forma.
10.5. Teorema de representação de Riesz. Seja E um espaço de
Hilbert, e seja φ ∈ E . Então existe um único y0 ∈ E tal que
34
Demonstração. Primeiro provaremos existência. Se φ = 0, basta tomar
y0 = 0. Se φ = 0, seja
e y0 verifica (3).
Para provar unicidade, suponhamos que exista y1 ∈ E tal que
Exercı́cios
10.A. Seja E um espaço de Hilbert, e sejam M e N dois subespaços fechados
de E tais que x⊥y sempre que x ∈ M e y ∈ N . Seja
M + N = {x + y : x ∈ M, y ∈ N }.
35
10.C. Seja E um espaço de Hilbert, e seja P ∈ L(E; E) tal que P 2 = P e
(P x|y) = (x|P y) para todo x, y ∈ E.
(a) Prove que P (E) é um subespaço fechado de E.
(b) Prove que P é a projeção ortogonal de E sobre P (E).
10.D. Seja E um espaço de Hilbert. Seja M0 um subespaço fechado de E,
e seja φ0 ∈ M0 . Prove que existe φ ∈ E tal que:
(a) φ(x) = φ0 (x) para todo x ∈ M0 ;
(b) φ = φ0 .
36
11. O teorema de Hahn-Banach
O teorema seguinte generaliza o Exercı́cio 10.D.
11.1. Teorema de Hahn-Banach. Seja E um espaço normado, e seja
M0 um subespaço de E. Então, para cada φ0 ∈ M0 , existe φ ∈ E tal que:
(a) φ(x) = φ0 (x) para todo x ∈ M0 ;
(b) φ = φ0 .
Para provar este teorema, vamos utilizar o lemma seguinte.
11.2. Lema. Seja E um espaço normado real, seja M um subespaço próprio
de E, seja y0 ∈ E \ M , e seja N = M ⊕ [y0 ]. Então, para cada φ ∈ M , existe
ψ ∈ N tal que:
(a) ψ(x) = φ(x) para todo x ∈ M ;
(b) ψ = φ.
Demonstração. Temos que
ou seja
(1) − φx ≤ φ(x) ≤ φx para todo x ∈ M.
Como y0 ∈ M , cada z ∈ N pode ser escrito de maneira única na forma
z = x + λy0 com x ∈ M, λ ∈ R.
ou seja
ou ainda
e portanto (2) implica (3). Vamos provar que de fato (2) e (3) são equivalentes.
De fato, se λ = 0, então (2) segue de (1). Se λ > 0, então, aplicando (3) com
37
x/λ em lugar de x, e multiplicando por λ, obtemos (2). Finalmente, se λ < 0,
então, aplicando (3) com x/λ em lugar de x, e multiplicando por λ, obtemos
(2).
Afirmamos que
De fato
φ(x2 ) − φ(x1 ) = φ(x2 − x1 ) ≤ φx2 − x1
≤ φ(x2 + y0 ) − (x1 + y0 ≤ φx2 + y0 + φx1 + y0 ,
e (5) segue. Seja η0 ∈ R tal que
Com esta escolha de η0 , (3) e portanto (2) são verificadas. Logo ψ verifica (b).
Demonstração do teorema de Hahn-Banach para espaços norma-
dos reais. Seja P a famı́lia de todos os pares (M, φ) tais que:
(i) M é um subespaço de E contendo M0 ;
(ii) φ ∈ M , φ|M0 = φ0 , φ = φ0 .
Dados (M1 , φ1 ), (M2 , φ2 ) ∈ P, definimos
38
com u ∈ (ER )∗ .
(b) Dado u ∈ (ER )∗ , a fórmula (6) define um φ ∈ E ∗ .
Demonstração. (a) Seja φ ∈ E ∗ . Para cada x ∈ E, podemos escrever de
maneira única
φ(x) = u(x) + iv(x),
com u(x), v(x) ∈ R. Como φ ∈ (ER )∗ , é fácil verificar que u, v ∈ (ER )∗ .
Notemos que
iφ(x) = φ(ix) = u(ix) + iv(ix),
e portanto
φ(x) = −iu(ix) + v(ix).
Segue que
u(x) = v(ix), v(x) = −u(ix),
e portanto
φ(x) = u(x) − iu(ix).
(b) Seja u ∈ (ER ) , e seja φ : E → C definida por (6). Como u ∈ (ER )∗ , é
∗
Logo φ ∈ E ∗ .
Demonstração do teorema de Hahn-Banach para espaços norma-
dos complexos. Seja φ0 ∈ M0 . Pelo lema anterior podemos escrever
segue que u0 ≤ φ0 . Pelo teorema de Hahn-Banach para espaços normados
reais, existe u ∈ (ER ) tal que
(a) u(x) = u0 (x) para todo x ∈ M0 ;
(b) u = u0 .
Definamos φ : E → C por
39
Pelo lema anterior φ ∈ E ∗ , e segue de (a) que
(c) φ(x) = φ0 (x) para todo x ∈ M0 .
Para provar que φ = φ0 , fixemos x ∈ E e escrevamos
Então
φ(e−iθ x) = e−iθ φ(x) = r ∈ R,
e portanto
φ(e−iθ x) = u(e−iθ x).
Logo
|φ(e−iθ x)| = |u(e−iθ x)| ≤ ue−iθ x.
Segue que
|φ(x)| ≤ ux = u0 x ≤ φ0 x,
e portanto φ ≤ φ0 . Como a desigualdade oposta segue de (c), a demon-
stração está completa.
Exercı́cios
11.A. Seja E um espaço normado, seja M0 um subespaço de E, e seja
T0 ∈ L(M0 ; ∞ ). Prove que existe T ∈ L(E; ∞ ) tal que:
(a) T x = T0 x para todo x ∈ M0 ;
(b) T = T0 .
40
12. Consequências do teorema de Hahn-Banach
12.1. Proposição. Dado x0 ∈ E, x0 = 0, sempre existe φ ∈ E tal que
φ = 1 e φ(x0 ) = x0 .
Demonstração. Seja M0 = [x0 ] o subespaço de E gerado por x0 , e seja
φ0 ∈ M0 definido por φ0 (λx0 ) = λx0 para todo λ ∈ K. É fácil ver que
φ0 é linear e que φ0 = 1. Pelo teorema de Hahn-Banach existe φ ∈ E tal
que φ = φ0 e φ(x) = φ0 (x) para todo x ∈ M0 . Segue que φ = 1 e
φ(x0 ) = x0 .
12.2. Corolário. Se E = {0}, então E = {0}.
12.3. Corolário. Se E = {0}, então para cada x ∈ E tem-se que:
z = x + λy0 , com x ∈ M, λ ∈ K.
Como > 0 é arbitrário, segue que φ0 = 1, como queriamos. Pelo teorema
de Hahn-Banach existe φ ∈ E tal que φ = φ0 e φ(z) = φ0 (z) para todo
z ∈ N . Segue que φ = 1, φ(y0 ) = d e φ(x) = 0 para todo x ∈ M .
41
Segunda demonstração. Seja E/M o espaço quociente, e seja π : E →
E/M a aplicação quociente. Como y0 ∈ / M , segue que π(y0 ) = 0. Pela
Proposição 12.1 existe ψ ∈ (E/M ) tal que ψ = 1 e ψ(π(y0 )) = π(y0 ).
Sabemos que
π(y0 ) = d(y0 , M ) = d e π(BE ) = BE/M .
Exercı́cios
12.A. Seja E um espaço normado, seja M um subespaço de E, e seja
M ⊥ = {φ ∈ E : φ(x) = 0 para todo x ∈ M }.
42
(a) Prove que M ⊥ é um subespaço fechado de E .
(b) Prove que M é isometricamente isomorfo a E /M ⊥ .
12.B. Seja E um espaço normado, e seja M um subespaço fechado de E.
Prove que (E/M ) é isometricamente isomorfo a M ⊥ .
12.C. Seja E um espaço normado separável de dimensão infinita.
(a) Prove que existe uma seqüência estritamente
∞ crescente (Mn )∞
n=1 de sube-
spaços de E de dimensão finita tal que n=1 Mn é um subespaço denso de E.
(b) Prove que existe uma seqüência (φn )∞
n=1 ⊂ E tal que φn = 1 para
cada n ∈ N e limn→∞ φn (x) = 0 para cada x ∈ E.
43
13. O dual de p
13.1. Teorema. Se 1 ≤ p < ∞, então o dual de p é isometricamente
isomorfo a q , onde 1 < q ≤ ∞, p1 + 1q = 1.
∞
φy (x) = ξj ηj para cada x = (ξj )∞
j=1 ∈ p .
j=1
⎛ ⎞1/p
n
∞
lim x − ξj ej = lim ⎝ |ξj |p ⎠ = 0,
n→∞ n→∞
j=1 j=n+1
e portanto
∞
x= ξj ej para cada x = (ξj )∞
j=1 ∈ p .
j=1
Segue que
∞
φ(x) = ξj φ(ej ) para cada x = (ξj )∞
j=1 ∈ p .
j=1
Seja y = (φ(ej )∞
j=1 . Provaremos que y ∈ q e que yq ≤ φ.
Se p = 1, então q = ∞ e
44
Então
ξj φ(ej ) = |φ(ej )|q = |ξj |p para cada j ≤ n.
n
Como x = j=1 ξj ej , segue que
n
n
n
φ(x) = ξj φ(ej ) = |φ(ej )|q = |ξj |p = xpp .
j=1 j=1 j=1
Logo
⎛ ⎞1/p
n
n
|φ(ej )|q ≤ φxp = φ ⎝ |φ(ej )|q ⎠ .
j=1 j=1
1
Como 1 − p = 1q , segue que
n
( |φ(ej )|q )1/q ≤ φ.
j=1
Exercı́cios
13.A. Prove que
∞
x= ξj ej para cada x = (ξj )∞
j=1 ∈ c0 .
j=1
45
14. O dual de Lp (X, Σ, µ)
Nesta seção caracterizaremos o dual do espaço Lp (X, Σ, µ). Por simplicidade
consideraremos apenas o espaço Lp (X, Σ, µ) real. Uma vez fixado o espaço de
medida (X, Σ, µ), com frequência escreveremos Lp em lugar de Lp (X, Σ, µ).
Dada f : X → R, sejam f + e f − definidas por:
f + = f ∨ 0, f − = (−f ) ∨ 0.
Então
f = f + − f −, f + ≥ 0, f − ≥ 0.
A seguir provaremos um resultado análogo para funcionais lineares contı́nuos
em Lp (X, Σ, µ).
14.1. Definição. Um funcional linear T : Lp (X, Σ, µ) → R é dito positivo
se T f ≥ 0 para cada f ∈ Lp (X, Σ, µ) tal que f ≥ 0.
14.2. Lema. Seja T um funcional linear contı́nuo em Lp (X, Σ, µ). Então
existem dois funcionais lineares contı́nuos positivos T + e T − em Lp (X, Σ, µ)
tais que
T f = T +f − T −f para todo f ∈ Lp (X, Σ, µ).
T φ ≤ |T φ| ≤ T φp ≤ T f p .
T φ1 + T φ2 = T (φ1 + φ2 ) ≤ T + (f1 + f2 ).
Segue que
T + f1 + T + f2 ≤ T + (f1 + f2 ).
46
Por outro lado, dada φ ∈ Lp , com 0 ≤ φ ≤ f1 + f2 , sejam φ1 e φ2 definidas por
φ1 = φ ∧ f1 , φ2 = (φ − f1 ) ∨ 0.
T φ = T φ1 + T φ2 ≤ T + f1 + T + f2 ,
e portanto
T + (f1 + f2 ) ≤ T + f1 + T + f2 .
Isto prova (3).
A seguir definamos
T +f = T +f + − T +f − para cada f ∈ Lp .
Usando (2) e (3) não é difı́cil verificar que T + é linear. Segue de (1) que T é
contı́nuo.
Finalmente definamos
T −f = T +f − T f para cada f ∈ Lp .
Como T é positivo, segue que ν(A) ≥ 0 para todo A ∈ Σ. Além disso, ν(∅) =
T 0 = 0.
47
A seguir provaremos que
∞
∞
(4) ν( An ) = ν(An )
n=1 n=1
A sequência (χBn )∞
n=1 é crescente e converge pontualmente a χA . Como µ(X) <
∞, o teorema da convergência dominada garante que χBn → χA em Lp , e
portanto T (χBn ) → T (χA ). Como os Aj são disjuntos, temos que χBn =
n
j=1 χAj , e portanto
n
∞
ν(A) = T (χA ) = limn T (χBn ) = limn T (χAj ) = ν(Aj ).
j=1 j=1
vemos que ν(A) = 0 cada vez que µ(A) = 0, ou seja ν é absolutamente contı́nua
com relação a µ. Pelo teorema de Radon-Nikodym existe g ∈ L1 (X, Σ, µ), g ≥ 0,
tal que
ν(A) = gdµ,
A
e portanto
T (χA ) = χA gdµ
X
para todo A ∈ Σ. Segue que
Tφ = φgdµ
X
48
Isto prova (5) para cada f ∈ Lp , f ≥ 0. Para provar (5) para f ∈ Lp arbitrária,
basta escrever f = f + − f − , com f + , f − ∈ Lp , f + ≥ 0, f − ≥ 0, e aplicar o
resultado anterior.
(b) Se T ∈ Lp é arbitrário, então, pelo lema anterior podemos escrever
T f = T +f − T −f
e
−
T f= f g − dµ
X
(6) Tf = f gdµ
X
para toda f ∈ Lp .
A seguir provaremos que g ∈ Lq e que gq ≤ T .
Se p = 1, seja
A = {x ∈ X : g(x) > T }.
Então A = ∪∞
n=1 An , onde
1
An = {x ∈ X : g(x) > T + }.
n
Aplicando (6) com f = χAn , segue que
1
(T + )µ(An ) ≤ gdµ = T (χAn ) ≤ T χAn 1 = T µ(An ).
n An
An = {x ∈ X : |g(x)| ≤ n},
49
Para x ∈ An tem-se que
e portanto
p
|f | dµ = |g|q dµ ≤ nq µ(X) < ∞,
X An
1
Como 1 − p = q1 , segue que
( |g|q dµ)1/q ≤ T .
An
ou seja g ∈ Lq e gq ≤ T .
Se definimos
T : g ∈ Lq → Tg ∈ Lp ,
então T é linear e sobrejetivo, e T g = gq para cada g ∈ Lq . Isto completa
a demonstração.
50
15. Bidual de um espaço normado
Seja E um espaço normado. Dados x ∈ E e x ∈ E, com frequência es-
creveremos
x , x = x (x).
15.1. Definição. O dual de E , denotado por E , é chamado de bidual de
E.
15.2. Proposição. Seja J : E → E definido por
T y , x = y , T x para todo y ∈ F , x ∈ E.
51
Demonstração. Seja p1 + 1q = 1, e sejam S : p → q e T : q → p os
isomorfismos isométricos canônicos, os isomorfismos dados pelo Teorema 13.1.
Então é claro que S ◦ T −1 é um isomorfismo isométrico entre p e p . Para
completar a demonstração, basta provar que S ◦ T −1 = J, o mergulho canônico
de p em p , ou seja, basta provar que
como queriamos.
De maneira análoga, utilizando o Teorema 14.3, podemos provar o resultado
seguinte.
15.6. Proposição. Seja (X, Σ, µ) um espaço de medida finita. Então
Lp (X, Σ, µ) é reflexivo para cada 1 < p < ∞.
15.7. Proposição. Se E é reflexivo, então E é reflexivo também.
Demonstração. Sejam J0 : E → E e J1 : E → E os mergulhos
canônicos. Supondo que J0 (E) = E , vamos provar que J1 (E ) = E . Dado
x ∈ E , seja x = J0 x . Provaremos que J1 x = x . Para cada x ∈ E temos:
J1 x , J0 x = J0 x, x = x , x = J0 x , x = x , J0 x.
Como J0 (E) = E , segue que J1 x = x , como queriamos.
15.8. Proposição. Se E é reflexivo, então cada subespaço fechado de E é
reflexivo também.
Demonstração. Seja M um subespaço fechado de E, e sejam J0 : E → E
e J1 : M → M os mergulhos canônicos. Supondo que J0 (E) = E , vamos
provar que J1 (M ) = M .
Seja R : E → M a aplicação restrição, e seja R : M → E o dual de R.
Dado y ∈ M , seja x = R y ∈ E . Como J0 (E) = E , existe x ∈ E tal
que J0 x = x .
Afirmamos que x ∈ M . De fato, suponhamos que x ∈ / M . Então, pelo
teorema de Hahn-Banach, existe x ∈ E tal que Rx = 0 e x , x = 0. Segue
que
x , x = J0 x, x = x , x = R y , x = y , Rx = y , 0 = 0,
contradição. Isto prova que x ∈ M .
Para completar a demonstração provaremos que J1 x = y . De fato para
cada x ∈ E temos:
y , Rx = R y , x = x , x = J0 x, x = x , x = Rx , x = J1 x, Rx .
52
Pelo teorema de Hahn-Banach R(E ) = M . Segue que y = J1 x, como queri-
amos.
Exercı́cios
15.A. Dados S ∈ L(E; F ) e T ∈ L(F ; G), prove que (T ◦ S) = S ◦ T .
15.B. Prove que se T : E → F é um isomorfismo topológico (resp. isomor-
fismo isométrico), então T : F → E também é um isomorfismo topológico
(resp. isomorfismo isométrico).
15.C. Seja T : E → F um isomorfismo topológico. Prove que se E é
reflexivo, então F também é reflexivo.
15.D. Prove que um espaço de Banach E é reflexivo se e só se seu dual E
é reflexivo.
15.E. Prove que nemhum dos espaços 1 , ∞ , c0 ou c é reflexivo.
15.F. Seja E um espaço de Banach, e seja M um subespaço fechado de E.
Prove que se E é reflexivo, então E/M é reflexivo também.
15.G. Usando o Exercı́cio 8.C prove que o espaço C[a, b] não é reflexivo.
53
16. Teorema de Banach-Steinhaus
16.1. Definição. Seja X um espaço topológico.
(a) Diremos que X é um espaço de Baire se a interseção de cada seqüência
de subconjuntos abertos e densos de X é um subconjunto denso de X.
(b) Diremos que um conjunto A ⊂ X é de primeira categoria em X se é
possı́vel escrever
∞
◦
A= An , com An = ∅ para cada n.
n=1
◦
onde An é fechado em X, e An = ∅ para cada n. Segue que
∞
∅= (X \ An ),
n=1
◦
X \ An é aberto, e X \ An = X\ An = X para cada n. Logo X não seria um
espaço de Baire.
16.3. Teorema de Baire. Cada espaço métrico completo é um espaço de
Baire.
Demonstração. Seja X um espaço métrico completo não vazio, e seja
∞
(Un )
n=1 uma seqüência de subconjuntos abertos
e densos em X. Para provar
∞ ∞
que n=1 Un é denso em X, basta provar que ( n=1 Un ) ∩ B(a; r) = ∅ para
cada bola B(a; r) em X. Fixemos uma bola B(a; r) em X. Como U1 é denso
em X, existe x1 ∈ U1 ∩ B(a; r). Seja 0 < 1 < 1 tal que
Como U2 é denso em X, existe x2 ∈ U2 ∩ B(x1 ; 1 ). Seja 0 < 2 < 1/2 tal que
B[x2 ; 2 ] ⊂ U2 ∩ B(x1 ; 1 ).
54
para cada n ≥ 2. Segue que (xn ) é uma sequência de Cauchy em X, e converge
portanto a um ponto x. É claro que
∞
∞
x∈ B[xn ; n ] ⊂ ( Un ) ∩ B(a; r).
n=1 n=1
∞
Logo n=1 Un é denso em X.
16.4. Definição. Seja A ⊂ E.
(a) A é dito simétrico se −x ∈ A sempre que x ∈ A.
(b) A é dito convexo se (1 − λ)x + λy ∈ A sempre que x, y ∈ A e 0 ≤ λ ≤ 1.
(c) co(A) denota o menor subconjunto convexo de E que contém A.
16.5. Teorema de Banach-Steinhaus. Sejam E e F espaços normados,
com E completo. Seja {Ti : i ∈ I} ⊂ L(E; F ) tal que
Então
(2) supi∈I Ti < ∞.
Como
An = {x ∈ E : Ti x ≤ n},
i∈I
55
O teorema de Banach-Steinhaus é também conhecido como princı́pio de
limitação uniforme.
16.6. Corolário. Seja E um espaço normado, e seja A um subconjunto de
E tal que φ(A) é limitado em K para cada φ ∈ E . Então A é limitado em E.
Demonstração. Seja J : E → E o mergulho canônico. Segue da hipótese
que J(A) é um subconjunto pontualmente limitado de E . Pelo Teorema 16.5
J(A) é limitado em E . Logo A é limitado em E.
16.7. Corolário. Sejam E e F espaços normados, com E completo. Seja
(Tn ) uma sequência em L(E; F ) tal que (Tn x) converge em F para cada x ∈ E.
Se definimos T x = limTn x para cada x ∈ E, então T ∈ L(E; F ).
Demonstração. É fácil verificar que T é linear. Para cada x ∈ E, (Tn x) é
uma sequência convergente em F , e portanto limitada, ou seja
Pelo Teorema 16.5 existe c > 0 tal que Tn ≤ c para todo n. Segue que
T ≤ c, e portanto T é contı́nua.
Exercı́cios
16.A. Seja 1 ≤ p < ∞, e seja (ηj )∞ j=1 uma seqüência em K tal que a série
∞ ∞ ∞
j=1 ξj ηj converge para cada (ξj )j=1 ∈ p . Prove que (ηj )j=1 ∈ q , onde
1 1
p + q = 1.
∞
16.B. Seja (ηj )∞
j=1 uma seqüência em K tal que a série j=1 ξj ηj converge
para cada (ξj )∞ ∞
j=1 ∈ c0 . Prove que (ηj )j=1 ∈ 1 .
56
17. Teorema da aplicação aberta e teorema do gráfico fechado
17.1. Teorema da aplicação aberta. Sejam E e F espaços de Banach,
e seja T ∈ L(E; F ). Então as seguintes condições são equivalentes:
(a) T é sobrejetiva.
(b) T (BE ) ⊃ BF (0; δ) para algum δ > 0.
(c) T (BE ) ⊃ BF (0; δ) para algum δ > 0.
Demonstração. (a) ⇒ (b): Como T é sobrejetiva,
∞
∞
∞
F = T (E) = T ( BE (0; n) = T (BE (0; n)) = T (BE (0; n)).
n=1 n=1 n=1
Logo
r
T (BE (0; 1)) ⊃ BF (0; ),
n
provando (b).
(b) ⇒ (c): Por hipótese
e portanto
T (BE (0; 1/2n )) ⊃ BF (0; δ/2n ) para cada n.
Provaremos que
T (BE ) ⊃ BF (0; δ/2).
Seja
y ∈ BF (0; δ/2) ⊂ T (BE (0; 1/2)).
Logo existe x1 ∈ BE (0; 1/2) tal que
Procedendo por indução podemos obter uma sequência (xn ) em E tal que
n
xn ∈ BE (0; 1/2n ) e y − T xj ∈ BF (0; δ/2n+1 ) para cada n.
j=1
57
∞ ∞
Como n=1 xn < n=1 2−n = 1, segue que
∞
∞
xn ∈ BE (0; 1) e T ( xn ) = y.
n=1 n=1
π1 : (x, y) ∈ E × F → x ∈ E,
π2 : (x, y) ∈ E × F → y ∈ F.
É claro que π1 ∈ L(E × F ; E) e π2 ∈ L(E × F ; F ). Seja σ1 = π1 |GT . Então
σ1 : (x, T x) ∈ GT → x ∈ E.
σ1−1 : x ∈ E → (x, T x) ∈ GT .
58
Exercı́cios
17.A. Sejam E e F espaços de Banach, e seja T ∈ L(E; F ) um operador
sobrejetivo.
(a) Dada uma seqüência limitada (yn ) em F , prove que existe uma seqüência
limitada (xn ) em E tal que T xn = yn para cada n.
(b) Dada uma seqüência (yn ), que converge a zero em F , prove que existe
uma seqüência (xn ), que converge a zero em E, tal que T xn = yn para cada n.
17.B. Seja (xj ) uma seqüência em E tal que φ(xj ) → 0 para cada φ ∈ E .
Seja T definido por
T : φ ∈ E → (φ(xj ))∞
j=1 ∈ c0 .
T : x ∈ E → (φj (x))∞
j=1 ∈ 1 .
59
18. Espectro de um operador em um espaço de Banach
18.1. Proposição. Seja E um espaço de Banach, e seja T ∈ L(E; E). Se
T < 1, então o operador I − T é invertı́vel e
∞
−1
(I − T ) = T k.
k=0
∞
Demonstração. Como T < 1, a série k=0 T k é absolutamente conver-
gente, e portanto convergente. Como
n ∞
k k
(I − T ) T = T (I − T ) = I − T n+1
k=0 k=0
e portanto
∞
−1 −1 T S −1 2
(S + T ) −S ≤ T k S −1 k+1 = .
1 − T S −1
k=1
60
18.5. Exemplo. Seja E um espaço de Banach, e seja T ∈ L(E; E). É claro
que σ(T ) contém todos os autovalores de T . Se E tem dimensão finita, então é
claro que σ(T ) coincide com o conjunto dos autovalores de T .
18.6. Proposição. Seja E um espaço de Banach complexo, e seja T ∈
L(E; E). Então:
(a) O conjunto C \ σ(T ) é aberto em C.
(b) Para cada funcional ψ ∈ L(E; E) , a função f (λ) = ψ[(T − λI)−1 ] é
analı́tica no aberto C \ σ(T ).
Demonstração. (a) A função
φ : λ ∈ C → T − λI ∈ L(E; E)
é claramente contı́nua, e
U (U −1 − V −1 )V = V − U,
e portanto
U −1 − V −1 = U −1 (V − U )V −1 .
Dados λ, λ0 ∈ C \ σ(T ), segue que
e portanto
∞
T k 1
(T − λI)−1 ≤ = .
|λ|k+1 |λ| − T
k=0
61
Aplicando ψ segue que
lim f (λ) = 0,
|λ|→∞
62
19. Operadores compactos entre espaços de Banach
19.1. Definição. Sejam E e F espaços de Banach, e seja T ∈ L(E; F ).
(a) Diremos que T tem posto finito se o subespaço T (E) tem dimensão finita.
Lf (E; F ) denota o subespaço dos operadores de posto finito de E em F .
(b) Diremos que T é compacto se T (B E ) é relativamente compacto em F .
LK (E; F ) denota o subespaço dos operadores compactos de E em F .
É claro que todo operador de posto finito é compacto.
19.2. Proposição. Sejam E e F espaços de Banach. Então LK (E; F ) é
um subespaço fechado de L(E; F ).
Demonstração. Seja (Tn ) uma sequência em LK (E; F ) que converge a um
operador T em L(E; F ). Para provar que T é compacto provaremos que cada
sequência em T (B E ) admite uma subsequência convergente.
Utilizaremos o processo diagonal de Cantor. Seja (xj )∞ j=1 uma sequência
em B E . Como T1 é compacto, (xj )∞ j=1 admite uma subsequência (x1j )∞
j=1 tal
1 ∞ 1 ∞
que (T1 xj )j=1 é convergente. Como T2 é compacto, (xj )j=1 admite uma sub-
sequência (x2j )∞ 2 ∞
j=1 tal que (T2 xj )j=1 é convergente. Procedendo de maneira indu-
i−1 ∞
tiva podemos obter, para cada i ∈ N, uma subsequência (xij )∞ j=1 de (xj )j=1 tal
j ∞
que (Ti xij )∞ ∞
j=1 é convergente. Seja (zj )j=1 a sequência diagonal (xj )j=1 . Então,
para cada i ∈ N, (zj )∞ i ∞ ∞
j=i é uma subsequência de (xj )j=i . Segue dai que (Ti zj )j=1
∞
é convergente, para cada i ∈ N. Provaremos que (T zj )j=1 é convergente.
Dado > 0, existe i tal que Ti − T < . Fixado i, existe j0 tal que
Ti zj − Ti zk < para todo j, k ≥ j0 .
Segue que
T zj − T zk ≤ T zj − Ti zj + Ti zj − Ti zk + Ti zk − T zk < 3
para todo j, k ≥ j0 . Logo (T zj )∞
j=1 é convergente.
63
Como T (B E ) é precompacto, dado > 0, existem x1 , ..., xm ∈ B E tais que
m
T (B E ) ⊂ BF (T xj , ).
j=1
Como zn (y) → z (y) para cada y ∈ T (E), existe n0 ∈ N tal que
JE ↓ ↓ JF
T
E −→ F
é comutativo, segue que T é compacto.
64
20. Conjuntos ortonormais em espaços de Hilbert
20.1. Definição. Seja E um espaço com produto interno. Um conjunto
S ⊂ E é dito ortonormal se dados x, y ∈ S tem-se que (x|y) = 0 se x = y
e (x|y) = 1 se x = y. Um conjunto ortonormal S ⊂ E é dito completo se
S ⊥ = {0}.
É fácil verificar que todo conjunto ortonormal em E é linearmente indepen-
dente.
É fácil ver que um conjunto ortonormal S ⊂ E é completo se e só se S é
maximal entre os conjuntos ortonormais de E, ou seja S não está contido em
nenhum outro conjunto ortonormal.
Se S é um conjunto ortonormal em E tal que o subespaço [S] gerado por S
é denso em E, então é fácil ver que S é completo.
20.2. Exemplo. É fácil verificar que os vetores unitários
formam um conjunto ortonormal no espaço de Hilbert real L2 ([0, 2π]; R). Mais
adiante veremos que este conjunto ortonormal é completo.
20.5. Exemplo. Não é difı́cil verificar que as funções
1
un (t) = √ eint (n ∈ Z)
2π
formam um conjunto ortonormal no espaço de Hilbert complexo L2 ([0, 2π]; C).
Mais adiante veremos que este conjunto ortonormal é completo.
20.6. Proposição (Processo de ortonormalização de Gram-Schmidt).
Seja E um espaço com produto interno. Seja (xn )Nn=1 uma sequência finita ou
infinita de vetores linearmente independentes em E. Então existe uma sequência
ortonormal (yn )Nn=1 em E tal que
para cada n ≤ N .
65
Demonstração. Sejam (un )N N
n=1 e (yn )n=1 definidas indutivamente da maneira
seguinte:
u1
u1 = x1 , y1 = ;
u1
n−1
un
un = xn − (xn |yj )yj , yn = para n ≥ 2.
j=1
un
É imediato que
(un |yj ) = 0 sempre que j < n,
e portanto
(yn |yj ) = 0 sempre que j < n.
Usando indução vemos que
Exercı́cios
20.A. Seja E um espaço com produto interno. Prove que cada conjunto
ortonormal em E é linearmente independente.
20.B. Seja E um espaço com produto interno, e seja S um conjunto ortonor-
mal em E. Prove que S é completo se e só se S não está contido em nenhum
outro conjunto ortonormal.
20.C. Seja E um espaço com produto interno, e seja S um conjunto ortonor-
mal em E.
66
(a) Se o subespaço [S] gerado por S é denso em E, prove que S é completo.
(b) Se E é um espaço de Hilbert, e S é completo, prove que [S] é denso em
E.
20.D. Prove que os vetores unitários
67
21. Conjuntos ortonormais completos em espaços de Hilbert
21.1. Proposição. Seja E um espaço com produto interno, seja M um
subespaço de dimensão finita n, seja {x1 , ..., xn } um conjunto ortonormal em
M , e seja x ∈ E. Então:
n
(a) x − (x|xj )xj = d(x, M ),
j=1
n
(b) |(x|xj )|2 ≤ x.
j=1
e (a) segue.
(b) Usando (1) e (2) e o teorema de Pitágoras segue que
n
x2 = p2 + q2 ≥ p2 = |(x|xj )|2 .
j=1
onde
1
Jk = {i ∈ I : |(x|xi )| > }.
k
68
Segue da proposição anterior que cada Jk é finito. De fato, se J é qualquer
subconjunto finito de Jk , segue da proposição anterior que
1 |J|
x2 ≥ |(x|xj )|2 > = 2,
k2 k
j∈J j∈J
e portanto |J| < k 2 x2 . Segue que |Jk | ≤ k 2 x2 para cada k, e portanto Ix é
enumerável.
Escrevamos (xi )i∈Ix como uma sequência y1 , y2 , y3 , ... Pela proposição ante-
rior
n
|(x|yj )|2 ≤ x2 para cada n,
j=1
e portanto
∞
|(x|xi )|2 = |(x|yj )|2 ≤ x2 .
i∈Ix j=1
Como
m
|(x|yj )|2 ≤ x2
j=1
para cada m, pela proposição anterior, segue que (sm ) é uma sequência de
Cauchy em E, e converge portanto a um vetor s ∈ E.
Para provar que a soma da série é independente da ordenação escolhida, seja
(zk ) uma outra ordenação de (xi )i∈Ix , e seja
n
tn = (x|zk )zk
k=1
69
para cada n. O raciocı́nio anterior mostra que
n
|(x|zk )|2 ≤ x2
k=1
∞
|(x|zk )|2 ≤ 2 e t − tn ≤ para todo n ≥ n0 .
k=n+1
∞
2 2
tn − sm = |(x|yj )| ≤ |(x|yj )|2 ≤ 2 .
j∈J j=m+1
Logo
t − s ≤ t − tn + tn − sm + sm − s ≤ 3.
Como > 0 é arbitrário, concluimos que t = s.
21.4. Teorema. Seja E um espaço de Hilbert, e seja S = (xi )i∈I um
conjunto ortonormal em E. Então as seguintes condições são equivalentes:
(a) O subespaço [S] é denso em E.
(b) S é completo.
(c) x = i∈I (x|xi )xi para todo x ∈ E.
(d) (x|y) = i∈I (x|xi )(y|xi ) para todo x, y ∈ E.
(e) x2 = i∈I |(x|xi )|2 para todo x ∈ E.
A identidade em (e) é conhecida como identidade de Parseval.
Demonstração. As implicações (a) ⇒ (b), (c) ⇒ (d) e (d) ⇒ (e) são claras.
Provaremos as implicações (b) ⇒ (c) e (e) ⇒ (a) ao mesmo tempo.
Dado x ∈ E, sejam
p= (x|xi )xi , q = x − p.
i∈I
70
Pela proposição anterior p está bem definido. Como
∞
(3) x2 = |(x|xn )|2 para todo x ∈ E.
n=1
Consideremos a aplicação
T : x ∈ E → ((x|xn ))∞
n=1 ∈ 2 .
71
Demonstração. A conclusão é clara se S1 ou S2 é finito. Suponhamos que
S1 e S2 são infinitos. Para cada x ∈ S1 seja
Afirmamos que
S2 = S2 (x).
x∈S1
T : f ∈ B → f˜ ∈ C(K; R)
72
é um isomorfismo isométrico entre a álgebra B e sua imagem em C(K; R). Seja
A a subálgebra de B gerada pelas funções
É claro que:
(a) Ã contém as funções constantes;
(b) Ã separa os pontos de K, ou seja, dados Z1 = z2 em K, existe f˜ ∈ Ã tal
que f˜(z1 ) = f˜(z2 ).
Segue do teorema de Stone-Weierstrass que à é densa em C(K; R). Como
T é uma isometria, segue que A é densa em B. Não é difı́cil verificar que cada
f ∈ A pode ser escrita na forma
n
f (t) = a0 + (ak coskt + bk senkt),
k=1
Exercı́cios
21.A. Seja E um espaço com produto interno, e seja S = (xn )∞n=1 uma
seqüência ortonormal em E. Prove que S é fechado e limitado, mas não é
compacto.
21.B. Seja E um espaço de Hilbert, seja (xn )∞
n=1 uma seqüência ortonormal
em E, e seja
∞
L={ λn xn : |λn | ≤ 1/n para todo n}.
n=1
K = {(λn )∞
n=1 ⊂ K : |λn | ≤ 1/n para todo n},
e a aplicação
∞
f: (λn )∞
n=1 ∈K→ λn xn ∈ E.
n=1
73
∞ ∞
21.C. Sejam (an )∞ ∞
n=0 e (bn )n=1 em R tais que
2
n=0 |an | < ∞ e
2
n=1 |bn | <
∞. Prove que existe uma única f ∈ L2 ([0, 2π]; R) tal que
2π 2π 2π
1 1 1
a0 = √ f (t)dt, an = √ f (t)cosntdt, bn = √ f (t)senntdt
2π 0 π 0 π 0
para todo n ∈ N.
+∞
21.D. Seja (cn )+∞n=−∞ em C tal que n=−∞ |cn |2 < ∞. Prove que existe
uma única f ∈ L2 ([0, 2π]; C) tal que
2π
1
cn = f (t)e−int dt para todo n ∈ Z.
2π 0
74
22. Operadores auto-adjuntos em espaços de Hilbert
E e F denotam espaços de Hilbert.
22.1. Proposição. Dado T ∈ L(E; F ), existe um único T ∗ ∈ L(F ; E) tal
que
(1) (T x|y) = (x|T ∗ y) para todo x ∈ E, y ∈ F.
Tem-se que T ∗ = T . Diremos que T ∗ é o adjunto de T .
Demonstração. Fixemos y ∈ F . Então o funcional x ∈ E → (T x|y) ∈ K
é linear e contı́nuo, com norma ≤ T y. Pelo teorema de representação de
Riesz existe um único y ∗ ∈ E tal que
Demonstração. Seja
x = T s1/2 s, y = T s−1/2 T s.
Então
x2 = y2 = T s
e
(T x|y) = (T y|x) = T s2 .
75
Sejam
u = x + y, v = x − y.
Então
(T u|u) = (T x|x) + (T x|y) + (T y|x) + (T y|y),
(T v|v) = (T x|x) − (T x|y) − (T y|x) + (T y|y).
Segue que
(T u|u) − (T v|v) = 2(T x|y) + 2(T y|x) = 4T s2 .
Por outro lado, pela definição de C, e pela lei do paralelogramo,
T = max{MT , −mT }.
(T x|x) = (λx|x) = λ,
e portanto mT ≤ λ ≤ MT .
(b) Suponhamos T x = λx e T y = µy. Então
Se λ = µ, então (x|y) = 0.
76
Exercı́cios
22.A. Seja T ∈ L(E; F ), e sejam Φ : E → E e Ψ : F → F definidos por
Ψ↓ ↓Φ
T
F −→ E
77
23. Teorema espectral para operadores compactos e auto-adjuntos
em espaços de Hilbert
23.1. Proposição. Seja E um espaço de Hilbert, e seja T ∈ L(E; E) um
operador compacto e auto-adjunto, com T = 0. Então T ou −T é um
autovalor de T , e existe um autovetor correspondente x ∈ SE tal que |(T x|x)| =
T .
Demonstração. Pelo Corolário 22.4 existe uma sequência (xn ) ⊂ SE tal
que (T xn |xn ) → λ, onde λ é T ou −T . Notemos que
T x1 = λ1 x1 , |λ1 | = T .
Seja E1 = [x1 ] o subespaço gerado por x1 . Não é difı́cil verificar que o subespaço
E1⊥ é invariante sob T , ou seja T (E1⊥ ) ⊂ E1⊥ . De fato, para cada x ∈ E1⊥ tem-se
que
(T x|x1 ) = (x|T x1 ) = (x|λ1 x1 ) = λ1 (x|x1 ) = 0.
78
Se a restrição T |E1⊥ é identicamente zero, então o processo termina ai. Caso
contrário, aplicando a proposição anteror à restrição T |E1⊥ , obtemos λ2 ∈ R, e
x2 ∈ E1⊥ , com x2 = 1, tais que
T x2 = λ2 x2 , |λ2 | = T |E1⊥ .
x = yn + zn , com yn ∈ En , zn ∈ En⊥ ,
e portanto
n
x= (x|xj )xj + zn .
j=1
n
n
n
= (x|λj xj )xj = (x|T xj )xj = (T x|xj )xj .
j=1 j=1 j=1
Segue que
n
T x = T yn + T zn = lim T yn = lim (x|xj )T xj
n→∞ n→∞
j=1
79
∞
∞
= (x|xj )λj xj = (T x|xj )xj .
j=1 j=1
Exercı́cios
23.A. Seja S ∈ L(2 ; 2 ) definido por
(a) S é injetivo?
(b) S é sobrejetivo?
(c) S é compacto?
(d) Determine o adjunto S ∗ de S
23.B. Seja T ∈ L(E; F ) um operador de posto finito. Prove que T admite
uma representação da forma
n
Tx = (x|ak )bk
k=1
ξ2 ξ3
T : (ξ1 , ξ2 , ξ3 , ...) → (ξ1 , , , ...).
2 3
Prove que T é um operador compacto e auto-adjunto.
80
24. Espaços localmente convexos
24.1. Definição. Diremos que E é um espaço vetorial topológico sobre K
se se verificam as seguintes condições:
(a) E é um espaço vetorial sobre K.
(b) E é um espaço topológico.
(c) As seguintes aplicações são contı́nuas:
(x, y) ∈ E × E → x + y ∈ E,
(λ, x) ∈ K × E → λx ∈ E.
(λ, x) ∈ K × E → λx ∈ E
81
é contı́nua em (0, 0), existem δ > 0 e uma vizinhança V de zero em E tais que
λx ∈ U1 para todo |λ| ≤ δ e x ∈ V . Seja
V1 = λV.
|λ|≤δ
82
Diremos que um conjunto U ⊂ C(X) é aberto para a topologia compacto-aberta,
que denotaremos por τ0 , se para cada f0 ∈ U , U contém um conjunto da forma
U (f0 , K, ). É fácil ver que (C(X), τ0 ) é um espaço localmente convexo. Os
conjuntos da forma U (0, K, ), com K ⊂ X compacto e > 0, formam uma
base de vizinhanças convexas e equilibradas de zero.
24.9. Definição. Seja E um espaço vetorial. Uma função p : E → R é
chamada de seminorma se verifica as seguintes condições:
(a) p(x) ≥ 0 para todo x ∈ E.
(b) p(λx) = |λ|p(x) para todo x ∈ E, λ ∈ K.
(c) p(x + y) ≤ p(x) + p(y) para todo x, y ∈ E.
Uma seminorma p é uma norma se e só se p(x) = 0 implica x = 0.
24.10. Proposição. Seja E um espaço vetorial, e seja p uma seminorma
em E. Então o conjunto
83
Dado > 0, existem α, β > 0 tais que x ∈ αA, α < pA (x) + , x ∈ βA,
β < pA (x) + . Como A é convexo,
α β
x + y ∈ αA + βA = (α + β)( A+ A) ⊂ (α + β)A.
α+β α+β
Segue que
pA (x + y) ≤ α + β ≤ pA (x) + pA (y) + 2.
Como > 0 é arbitrário, a conclusão desejada segue.
(b) é claro.
84
25. O teorema de Hahn-Banach em espaços localmente convexos
Se E é um espaço vetorial topológico, denotaremos por E o espaço vetorial
dos funcionais lineares contı́nuos φ : E → K. Um exame da demonstração do
teorema de Hahn-Banach em espaços normados mostra o teorema seguinte.
25.1. Teorema de Hahn-Banach. Seja E um espaço vetorial, e seja M0
um subespaço de E. Seja p : E → R uma seminorma, e seja φ0 : M0 → K
um funcional linear tal que |φ0 (x)| ≤ p(x) para todo x ∈ M0 . Então existe um
funcional linear φ : E → K tal que:
(a) φ(x) = φ0 (x) para todo x ∈ M0 ;
(b) |φ(x)| ≤ p(x) para todo x ∈ E.
25.2. Corolário. Seja E um espaço localmente convexo, e seja M0 um
subespaço de E. Então, dado φ0 ∈ M0 , sempre existe φ ∈ E tal que φ(x) =
φ0 (x) para todo x ∈ M0 .
Demonstração. O conjunto
U = {x ∈ M0 : |φ0 (x)| < 1}
é uma vizinhança aberta de zero em M0 . Seja V uma vizinhança aberta de zero
em E tal que V ∩ M0 = U . Seja W uma vizinhança convexa e equilibrada de
zero em E tal que W ⊂ V . Então W ∩ M0 ⊂ U e
{x ∈ E : pW (x) < 1} ⊂ W ⊂ {x ∈ E : pW (x) ≤ 1}.
Se x ∈ M0 e pW (x) < 1, segue que |φ0 (x)| < 1, e dai segue que |φ0 (x)| ≤ pW (x)
para todo x ∈ M0 . Pelo teorema anterior existe um funcional linear φ : E → K
tal que φ(x) = φ0 (x) para todo x ∈ M0 e |φ(x)| ≤ pW (x) para todo x ∈ E.
Segue que |φ(x)| ≤ para todo x ∈ W . Em particular φ é contı́nuo.
25.3. Corolário. Seja E um espaço localmente convexo de Hausdorff.
Então, dado x = 0 em E, sempre existe φ ∈ E tal que φ(x) = 0.
Demonstração. Sendo E um espaço de Hausdorff, existe uma vizinhança
U de zero tal que x ∈/ U . Sem perda de generalidade podemos supor que U é
equilibrada. Isto implica que |λ| < 1 sempre que λx ∈ U , e portanto
(1) |λ| < sempre que λx ∈ U.
Seja M0 = [x], e seja φ0 : M0 → K definido por φ0 (λx) = λ. φ0 é claramente
linear, e segue de (1) que φ0 é contı́nuo. Pelo corolário anterior existe φ ∈ E
tal que φ(y) = φ0 (y) para todo y ∈ M0 . Em particular φ(x) = 1 = 0.
25.4. Corolário. Seja E um espaço vetorial topológico, seja A um subcon-
junto convexo, equilibrado e aberto de E, e seja b ∈ E \ A. Então existe φ ∈ E
tal que φ(b) ≥ 1 e |φ(a)| < 1 para todo a ∈ A.
Demonstração. Pela Proposição 24.12
{x ∈ E : pA (x) < 1} ⊂ A ⊂ {x ∈ E : pA (x) ≤ 1}.
85
Como A é aberto, segue que
A = {x ∈ E : pA < 1},
e portanto pA (b) ≥ 1.
Seja M0 = [b], e seja φ0 : M0 → K definido por φ0 (λb) = λpA (b) para todo
λ. φ0 é claramente linear e |φ0 (λb)| = pA (λb) para todo λ. Pelo Teorema 25.1
existe φ ∈ E ∗ tal que φ(λb) = λpA (b) para todo λ e |φ(x)| ≤ pA (x) para todo
x ∈ E. Em particular φ é contı́nuo, φ(b) = pA (b) ≥ 1 e |φ(a)| ≤ pA (a) < 1 para
todo a ∈ A.
25.5. Corolário. Seja E um espaço localmente convexo, seja A um sub-
conjunto convexo, equilibrado e fechado de E, e seja b ∈ E \ A. Então existe
φ ∈ E tal que φ(b) > 1 e |φ(a)| ≤ 1 para todo a ∈ A.
Demonstração. Seja U uma vizinhança convexa e equilibrada de zero tal
que (b + 2U ) ∩ A = ∅, e portanto (b + U ) ∩ (A + U ) = ∅. Seja C = A + U . Pela
Proposição 24.12
C = {x ∈ E : pC (x) ≤ 1},
86
26. A topologia fraca
Seja E um espaço normado. Lembremos que a topologia fraca σ(E, E ), é
a topologia que admite como base de vizinhanças de x0 ∈ E os conjuntos da
forma
87
26.4. Corolário. Seja E um espaço vetorial, e sejam φ1 , ..., φn ∈ E ∗
funcionais lineares linearmente independentes. Então:
(a) Existen vetores x1 , ..., xn ∈ E tais que φj (xk ) = δjk para j, k = 1, ...n.
n
(b) E = [x1 , ..., xn ] ⊕ j=1 φ−1 j (0) algebricamente.
Como
na bola BE não pode conter um subespaço vetorial não trivial, concluı́mos
−1
que j=1 φj (0) = {0}, e portanto E = [x1 , ..., xn ] tem dimensão finita.
88
27. A topologia fraca estrela
Seja E um espaço normado. Lembremos que a topologia fraca estrela σ(E , E),
é a topologia que admite como base de vizinhanças de φ0 ∈ E os conjuntos da
forma
x̂ : φ ∈ E → φ(x) ∈ K,
E ⊂ (E , σ(E , E)) .
Para provar a inclusão oposta, seja T ∈ (E , σ(E , E)) . Então existem x1 , ..., xn ∈
E e > 0 tais que
Segue que
n
x̂−1
j (0) ⊂ T
−1
(0).
j=1
89
27.4. Teorema de Goldstine. Seja E um espaço normado. Então:
σ(E ,E )
(a) BE = B E .
σ(E ,E )
(b) E = E .
Demonstração. Basta provar (a), pois (b) é conseqüência imediata de (a).
É claro que BE ⊂ BE , e que BE é σ(E , E )-fechada. Logo
σ(E ,E )
BE ⊂ BE .
T (φ) = (φ(x))x∈E .
90
induz a topologia σ(E, E ) em E. Assim, se E é reflexivo, então BE = BE
e as topologias σ(E, E ) e σ(E , E ) coincidem em BE = BE . Como BE
é σ(E , E )-compacto, pelo Teorema de Alaoglu, segue que BE é σ(E, E )-
compacto.
Reciprocamente suponhamos que a bola BE seja σ(E, E )-compacta. Pelo
Teorema de Goldstine temos que
σ(E ,E )
BE = B E .
x , x = limx , xi
Segue que
x , x = limx , xθ(j) = x , x
para todo x ∈ E , e portanto x = x. Logo BE = BE , e E é reflexivo.
91