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Ex-pesquisador da Nasa ensina

como se livrar da poluição em


ambientes internos

Por Cristina Almeida


Especial para o UOL Ciência e Saúde
O que uma nave espacial, uma casa e uma
empresa têm em comum? A resposta é a
existência de várias substâncias voláteis
químicas capazes de fazer com que o ar que
se respira nesses ambientes seja até dez
vezes mais poluído do que o ar externo.

Especialistas afirmam que nesses locais há


uma forte concentração de elementos
altamente poluentes, o que pode ser a
causa de alergias e asma, entre outras
patologias mais graves.
O engenheiro ambiental Bill Wolverton, ex-
pesquisador da Nasa, explica que, durante as
missões da base espacial Skylab, mais de 100
tipos de substâncias poluidoras foram
encontradas dentro das naves espaciais.

A partir dessa descoberta, a U.S. Environmental


Protection Agency (EPA - Agência de Proteção
Ambiental dos Estados Unidos), vistoriou prédios
públicos como escritórios, hospitais e creches, e
neles identificou mais de 900 poluentes
transportados pelo ar.
O elemento prevalecente era o formaldeído
(formol). Altamente tóxico, esse composto tido
como cancerígeno é utilizado em vários materiais
de construção e também em móveis, vidros,
espelhos, roupas e até no papel higiênico. Além
desse gás, as pesquisas revelaram a presença
de benzeno, xileno e tricloroetileno,
(componentes de tintas, monitores, tapeçarias,
fotocopiadoras e cigarros), bem como do
clorofórmio (encontrado na água potável),
amoníaco, álcool e acetona (carpetes e
cosméticos), todos nocivos à saúde.
• Filtros naturais

A solução foi encontrada na própria natureza.


Os pesquisadores identificaram várias plantas
de fácil cultivo em locais com pouca luz, cujos
filtros naturais são capazes de neutralizar a
poluição interna.

Muitas espécies podem ser utilizadas para esse


fim, como a dracena, a samambaia e a babosa,
mas as mais eficientes entre as plantas são a
palmeiras areca e ráfis, de baixo custo e muito
conhecidas por suas qualidades ornamentais.
Embora essas duas espécies se destaquem, o
engenheiro americano esclarece que todas as
plantas são capazes de remover poluentes
transportados pelo ar. E isso ocorre porque "as
folhas das plantas podem absorver certas
substâncias químicas orgânicas, destruindo-as
por meio de um processo chamado colapso
metabólico, o que foi provado por um grupo de
cientistas alemães que testou o formaldeído com
o carbono-14, observando sua absorção e
destruição metabólica dentro do clorófito
(pigmentação verde)".
"O formaldeído é metabolizado e
convertido em ácidos orgânicos, açúcares
e ácidos de amido: quando as plantas
transpiram vapor de água por meio de
suas folhas, elas puxam o ar para as
raízes. Isso nutre os micróbios com
oxigênio, que consomem as substâncias
químicas tóxicas contidas no ar, que lhes
servem como fonte de alimento e
energia", esclarece.
• Vasos de água
Para melhorar a qualidade do ar em casas e
escritórios, Wolverton sugere a utilização do maior
número de plantas que um determinado espaço
permita.
Ele recomenda que as plantas sejam cultivadas por
meio da hidrocultura (hidroponia). "Nossos estudos
revelaram que plantas cultivadas na água são mais
eficientes na redução do transporte de fungos e
bactérias do que as cultivadas em terra". O ideal,
segundo o especialista, é ter uma planta para cada
9,29 m² quando cultivadas em hidrocultura, e duas
no mesmo espaço, quando se utilizam vasos de
terra.
Palmeira areca:
assim como a ráfis,
neutraliza a maioria
dos agentes
poluidores

Dracena: eficaz
contra
formaldeído, xileno
e tricloroetileno
Samambaia
(Nephrolepis
exaltata): umidifica o
ar e neutraliza o
formaldeído

Fênix (Phoenix
roebelenii): eficaz
contra o xileno
Hera (Hedera helix):
eficaz contra o
formaldeído

Filodendro: eficaz
contra formoldeido,
benzeno e monóxido
de carbono
Espada de São
Jorge: pode ser
usada no quarto
porque libera
oxigênio à noite

Babosa (Aloe vera


barbadensis): outra
planta que pode ser
usada no quarto
Lírio-da-paz: eficaz contra álcool, acetona,
tricloroetileno, benzeno e formaldeído

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