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Gestão de Conforto Ambiental

em Edificações Sustentáveis
Unidade II
Conforto Térmico

Prof. D.Sc. Ludmila Rodrigues de Morais


Tópicos Abordados
• Orientação dos ambientes
• Caracterização do clima de Goiânia
• Geomoetria de insolação:
– Insolação de fachadas
– Haste
– Sombra
– Insolação de ambientes
– Máscara
7.ORIENTAÇÃO DOS
AMBIENTES
• EDIFÍCIO
– Exposição mais desejável
– Privilegiar áreas de maior permanência
– Locar:
• de acordo com os percurso solar
• condição dos ventos
• levar em consideração os obstáculos
– Fachadas
• insolação obtida através das cartas solares
• maior insolação → inverno
• menor insolação → verão
• Norte
– Orientação nobre – abrigo dos ventos
dominantes no período do inverno e exposto
aos ventos frescos no verão
– Várias fachadas “importantes” – estabelecer
critérios de valores mais equilibrados (não
perfeito)

Realizar sempre – estudo teórico do sol e da


ventilação
Considerações sobre disposição e
orientação (higiene e salubridade)
RESIDÊNCIA
• Entrada e Acessos
– Orientação: livre (preferência zonas não nobres – não
habitáveis e de pouca permanência)
• inverno – não muito frio
• verão – não muito quente

– Iluminação: adequada
• Dormitórios
– Insolação: preferência matutina (E) (cuidado com o sol da
tarde (queima tecidos, tapetes, etc.);
– Próximo a sanitários;
– Cama:
• Cabeça não próxima a janela (resfriado)
• Não deve ficar encostado em paredes externas
• Luz exterior não atinja diretamente os olhos
• Não deve ser colocada entre duas paredes (indivíduo não respirar
o próprio ar).
• Lavatórios e banheiros (sanitários)
– Local discreto: recolhimento e intimidade;
– Reduzir ao máximo a transição de barulhos;
– Próximo a saídas e jardins;
– Ventilação:
• dentro para fora (vento - leva os odores e a umidade para fora);
• necessidade de renovação permanente de ar;
• 1 ½ reposição de volume de ar por hora.
• Escritório
– Orientação:
• qualquer uma
– cuidado – não muito frio no inverno e nem muito quente
no verão
– Observar se os ocupantes trabalham em casa
• Cozinha
– Ventilação: importante (cheiro não passar para os outros
ambientes)
• de dentro para fora (tirar odor)
• não forte (apaga as chamas do fogão)
• 1 ½ reposição de volume de ar por hora
– Insolação: controlada
• cuidado para não bater sol na hora de cozinhar e lavar louça
– Localização:
• próximo a área de comer
• próximo a área de serviço
• “longe da entrada principal”
– Fogão: iluminar pelo lado esquerdo (cozinheiro ver o que está fazendo)
(para destros)
• coifa – remove o cheiro da comida.

• Sala de Jantar
– Evitar insolação prolongada – área mais “fresca” (O ou E)
– Próxima a cozinha
• separada por copa ou corredor (bem ventilada → odor)

• Serviço
– Orientação: preferência oeste
• lava roupa de manhã e seca a tarde
– Próximo a cozinha
• Corredores
– Iluminação:
• preferência luz direta (se não indireta)
• “boa” (mais para corredores extensos – “deve ter pelo menos um
interruptor em próximo a cada extremidade”)
– Ventilação:
• exterior (mais para corredores extensos)
– Economia e eficiência
Casa na Inglaterra

Casa em Portugal
• Churrasqueira
– Orientação:
• leste (churrasco geralmente após ao meio dia)
– Não esquecer da localização das mesas
• ninguém gosta de comer no sol, principalmente no verão, época
que esta prática é mais comum.

• Piscina
– Insolação: preferência o dia todo
– Cuidado com o excesso de vento

• Campo e quadras
– Orientação: norte-sul
• Janelas
– Altas – insolação entra mais profundamente na edificação;
– Orientação Leste – Oeste → recebem luz frontal horizontal
durante o equinócio e com inclinação crescente no
solstício de verão;
– Orientação Sul – recebem pouca radiação solar e
somente perto do solstício de verão;
– Orientação Norte – recebem radiação solar rasante no
inverno e incidente no verão
• indicada para locais que necessitam de radiação solar durante
todo o tempo
• Sol e ser humano
– Saúde:
• Ajuda a recuperar saúde
– Tratamento sol-ar (doenças)
– Raios ultra-violetas:
• aumenta teor de iodo (glândulas tiróide)
• teor de ferro no sangue
• número de glóbulos vermelhos
• número de glóbulos branco
• Hemoglobina
– Falta de sol nas crianças causam doenças infantis:
• Desenvolvimento insuficiente do sistema ósseo
• Falta de vitamina D
(cicatrização e desaparição das inflamações)
– Imprescindível o sol para o ser humano, mas de forma limitada
8.GEOMETRIA DE
INSOLAÇÃO
• Mensura os horários de insolação para distintas posições de paredes em
cada latitude em particular (diferentes orientações de fachadas);

• Determinação das sombras urbanas – importante pois as barreiras


causadas pela vizinhança pode alterar o horário real de insolação;

• Orientação das aberturas;

• Elementos transparentes e translúcidos da construção (permitem contato


com o exterior);

• Proteção solar – “brise-soleil” ou quebra sol – permite controle térmico


natural.
• Insolação de fachadas
– Incidência solar nas fachadas de acordo com
a orientação. Exemplo para Goiânia.
1 1

4 2 4 2

3 3
• Exemplo 01

1
• Alinha o nortes – planta
e carta solar;

4 2
• Traçar uma paralela a
linha da fachada
estudada cruzando o
3 centro da carta.
SOLSTÍCIO DE SOLSTÍCIO DE
FACHADA EQUINÓCIO
INVERNO VERÃO

01 6:30 – 17:30 6:00 – 18:00 -


02 6:30 – 12:00 6:00 – 12:00 5:30 – 12:00
03 - - 5:30 – 18:30
04 12:00 - 17:30 12:00 – 18:00 12:00 – 18:30
• Exercício de fixação – exemplo 2
– Achar a insolação das fachadas da figura
abaixo para cidade de Goiânia/GO.

4 2

3
SOLSTÍCIO DE SOLSTÍCIO DE
FACHADA EQUINÓCIO
INVERNO VERÃO

01 9:30 – 17:30 11:00 – 18:00 12:30 – 18:30


02 14:30 – 17:30 13:00 – 18:00 11:30 – 18:30
03 6:30 – 9:30 6:00 – 11:00 5:30 – 12:30
04 6:30 – 14:30 6:00 – 13:00 5:30 – 11:30
ATIVIDADE 01
Achar a incidência solar em
cada uma das fachadas do
projeto segundo a orientação
geográfica dada.
SOLSTÍCIO DE SOLSTÍCIO DE
FACHADA EQUINÓCIO
INVERNO VERÃO

01 13:30 – 17:30 12:40 – 18:00 11:40 – 18:30


02 7:30 – 17:30 10:20 – 18:00 13:00 – 18:30
03 6:30 – 13:30 6:00 – 12:40 5:30 – 11:40
04 6:30 – 7:30 6:00 – 10:20 5:30 – 13:00
9. CLIMA DE GOIÂNIA
• Ventos predominantes
– Período chuvoso – Norte
• Janeiro / fevereiro / outubro / novembro /
dezembro

– Período seco – Leste


• Março / abril / maio / junho / julho / agosto /
setembro

– Velocidade média – 2,5 a 3,5 m/s (fraca)


• Clima
– Apresenta duas características significativas
• Continentalidade – afastado do litoral
• Regularidade do processo cíclico dos deslocamentos de
massas de ar – regime pluviométrico bem definido:
– Estação chuvosa
» 5 meses com precipitação com 200mm mensais
– Estação seca
» 3 meses praticamente secos
» 2 meses de pouca chuva
– Composto por duas estações determinantes – não
segue a divisão anual clássica
– Maiores temperatura anuais – Setembro
(primavera)
• Temperaturas
– Calor a tarde o ano inteiro
– Frio durante a madrugada na estação seca
(maio, junho, julho e agosto)
– Amplitude térmica (diferença entre a máxima e
a mínima em um dia)
• Máxima (19°C) – Agosto (mês mais seco do ano)
assemelha ao clima desértico
• Mínima (10°C) – meses úmidos
– Frio noturno – pode ser utilizado para reduzir a
temperatura média interior (utilizado a séculos
pelos povos árabes)
• Precipitação Pluviométrica/Unidade Relativa
– 5 meses de chuva – 200 mm
• Novembro a março
– 1 mês de transição do período da água para a seca
• Abril
– 1 mês de transição da seca para o de chuvas
• Outubro
– 5 meses do período seco
• 2 meses – maio e setembro com muito pouca chuva
• 3 meses – junho, julho e agosto seco, principalmente
agosto
– Umidade Relativa (UR)
• Acompanha o ritmo das variações da chuva, mas
ligeiramente defasado
– chuvas diminuem rapidamente , a UR cai mais lentamente
– Do período seco para as chuvas – UR aumenta no mesmo
ritmo do aumento das chuvas

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
UR(%) 81 82 82 78 72 68 62 52 54 68 78 82
Prec.
234 210 198 110 30 5 10 3 36 143 237 271
(mm)

UR – Valore médios que variam durante o dia


Valores máximos durante a madrugada
Valores mínimos no meio da tarde
ABNT 15220 – Parte 3
• Zoneamento
bioclimático
– Região geográfica
homogênea quanto aos
elementos climáticos que
interferem nas relações
entre ambiente
construído e conforto
humano.

– O zoneamento
bioclimático brasileiro
compreende oito
diferentes zonas,
conforme indica a figura:
Diretrizes construtivas para a Zona
Bioclimática 6 (Goiânia)
• Devem ser atendidas as diretrizes apresentadas nas
tabelas 16, 17 e 18.

Fig.: - Carta Bioclimática apresentando as normais


Fig.: Zona Bioclimática 6 climatológicas de cidades desta zona, destacando a
cidade de Goiânia, GO
• PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
CLIMÁTICAS DE GOIÂNIA

– Radiação Solar Global intensa e constante o ano inteiro;


– Temperatura elevada e Umidade Relativa alta durante o período
chuvoso;
– Amplitude Térmica Diária elevada, especialmente no período seco.
• Na latitude de Goiânia a diferença aproximada do tamanho do dia na
época do solstício de inverno (junho) e o tamanho do dia na época do
solstício de verão é de duas horas (assim o dia no solstício verão é
maior do que o no solstícios de inverno);

• Mas durante o período chuvoso, embora os dias sejam maiores por


ser verão, a insolação é menor (dezembro 161 h/mês) devido a grande
nebulosidade da época. No período seco, característico do inverno na
região de Goiânia, os dias são menores mas a nebulosidade é baixa, o
que torna o período de insolação maior durante o dia (agosto 299
h/mês) ;

• A insolação efetiva, ou seja, o percentual da duração do dia com sol


direto, na época seca, chega a ser de mais de 90%.
Goiânia - latitude sul 16º
• A figura ao lado define as posições
limite do sol, ao meio dia
demonstrando a assimetria quanto a
insolação e a radiação solar existente
entre as fachadas sul e norte.
– Em dezembro o sol atinge a fachada
sul com um ângulo de incidência de
83º, que com a elevada nebulosidade
encontrada no período (chuvoso)
reduz o período de insolação direta
nesta fachada;

– No solstício de inverno, em junho, o


ângulo de incidência é bem menor
(50º), mas com a baixa nebulosidade
do período a insolação efetiva é bem
maior, sendo superior a 90%.
DESEMPENHO TÉRMICO DA ENVOLVENTE DOS EDIFÍCIOS
(Análise de resultados obtidos em trabalho de campo – Lúcia Mascaró e Juan Mascaró – 1992/UFGRS)

PAREDES
28%

COBERTURA
72%

Carga térmica recebida pela envolvente das habitações térreas medidas


O gráfico mostra que 72% (quase ¾) da radiação térmica recebida (insolação) por um edifício é
proveniente da cobertura e 28% (quase ¼) das paredes;
A insolação recebida pelas paredes varia de 5,5 a 6h, tendo uma média geral de 6 horas de sol
nas orientações Norte, Leste e Oeste;
Já a cobertura (superfície horizontal do edifício) recebe 12 horas de insolação em todas as
orientações, ou seja, o dobro da carga térmica por radiação solar recebida por qualquer parede,
mesmo a de pior orientação (situação crítica das coberturas);
O atraso térmico das paredes das habitações estudadas varia entre 3h e 4,5h e o da cobertura é
só de 0,5h;
A altura do edifício não diminui a importância da influência da cobertura nos consumos
energéticos.
ATIVIDADE 02

- Analisar os dados obtidos na tabela de


orientação de fachadas.
- Avaliar se a orientação dos ambientes
estão adequados com suas atividades
desempenhadas.
• Haste
– Encontrar na carta solar de Goiânia a Altitude
Solar e o Azimute dos seguintes dados:

Goiânia/GO
9:00 12:00 15:00
Latitude 16°41’ Sul
A.S. = A.S. = A.S. =
Solstício de Inverno
AZ = AZ = AZ =
A.S. = A.S. = A.S. =
Equinócio
AZ = AZ = AZ =
A.S. = A.S. = A.S. =
Solstício de verão
AZ = AZ = AZ =
Ponto data e
horário estudado

Centro
carta solar
ALTITUDE SOLAR AZIMUTE
Azimute

Altitude Solar
Goiânia/GO
9:00 12:00 15:00
Latitude 16°41’ Sul
Solstício de A.S. = 30° A.S. = 50° A.S. = 30°
Inverno AZ = 49° AZ = 0° AZ = 311°
A.S. = A.S. = A.S. =
Equinócio
AZ = AZ = AZ =
A.S. = A.S. = A.S. =
Solstício de verão
AZ = AZ = AZ =
Goiânia/GO
9:00 12:00 15:00
Latitude 16°41’ Sul
A.S. = 30° A.S. = 50° A.S. = 30°
Solstício de Inverno
AZ = 49° AZ = 0° AZ = 311°
A.S. = 41° A.S. = 73° A.S. = 41°
Equinócio
AZ = 75° AZ = 0° AZ = 285°
A.S. = 45° A.S. = 83° A.S. = 45°
Solstício de verão
AZ = 107° AZ = 180° AZ = 253°
Azimute – localização solar
• HASTE - Exercícios de aplicação
Altitude solar
Sombra

hv
azimute
Sombra – sobreposição Equinócio
15:00h

12:00h

9:00h
• Insolação de Ambientes

hv
ELEMENTOS DE PROTEÇÃO
SOLAR
Exemplo de tipos Imagem Planta e corte Perfil de sombra Exemplo Características

diferentes de Elementos
horizontais opacos são
proteções solares mais eficientes nas
orientação sul e sudeste

As lâminas horizontais
Tipos horizontais : possuem a vantagem de
permitir que o ar circule pela
fachada

Os toldos têm as mesmas


características que os
elementos horizontais também
pode ser opacos e retrátil.

Para a proteção dos meus


baixos ângulos solares, as
lâminas horizontais são muito
eficazes

Plano sólido ou perfurado


paralela à frente protege
dos mais baixos raios
solares

As lâminas móveis
horizontais variam sua
sombra em função de
sua posição
Imagem Planta e corte Perfil de sobra Exemplo Características

Proteções verticais são adequadas


para orientações leste e oeste.

Tipos verticais:
Proteções vertical oblícuas na fachada
produz uma separação asimetrica.A
presença destes elementos na fachada
previne a transmissão de calor.

As lâminas móveis podem sombrear e


serem orientadas de acordo com a
posição do sol

Tipos de proteção
O módulo é uma combinação de tipos
horizontal e vertical, sendo o seu diagrama
de sombra resultante da superposição de
ambos.

Os painéis sólidos modulares com planos


verticais oblicuos produzem um perfil
assimétrico

Protetor tipo módulo horizontal produz


sombras variadas .Devido sua característica
é indicado para climas quentes

Fonte: Arquitectura y Clima.Manual de diseño bioclimático para arquitetos y urbanistas.Victor Olgyay .Pg 83
Desenho dos protetores solares
• Definição do tipo de protetor
– controlar a insolação no ambiente
– Aspectos que devem ser considerados:
• Eficiência
• Plasticidade
• Privacidade
• Luminosidade
• Ventilação
• Visibilidade
• Durabilidade
• Custo de implantação e manutenção
• Outros
• Passos
– Definir horário e período do ano em que se quer
proteger o ambiente da penetração dos raios
solares;
– Estudar a insolação da
fachada a serem
trabalhadas (gráfico solar)
para identificar a proteção
mais adequada.
– Fazer máscara das
sombras das outras
edificações do entorno e
das massas de vegetação.
α

γ
• Protetores horizontais
– Mais eficientes para grandes alturas solares

– Pode barrar a visibilidade exterior

– Redução da luminosidade

– Redução da ventilação

– Definir o menor ângulo vertical do período a mascarar.

– Definir desenhos

– Definir limite lateral do protetor horizontal – medidor de


ângulos verticais laterais

– Obter ângulo mínino determinado


• Protetores verticais
– Definir ângulo necessário ao
mascaramento da insolação
a ser protegida

– Construir aleatoriamente o
tipo de protetor desejado
(que atenda ao
sombreamento definido)

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