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Ruído e Protetores Auditivos

– Critérios de Avaliação e
Atenuação
Proteção auditiva - dúvidas
possíveis

• Qualquer protetor dá a mesma proteção?

• Não é importante conhecer o espectro do


ruído?
• O que significam os dados de atenuação
de um protetor?

• Por que tenho que reduzir 7 dB?


... dúvidas

• Qual é o método certo, já que os


diferentes métodos dão resultados
diferentes?

• Qual a diferença entre NRR e Rc?

• Por que NRR e NRRsf?


Conhecer a proteção oferecida -
um problema antigo
• Para o técnico
– situação desconfortável nos casos de
exposições a altos níveis de ruído
– não há informação acessível (amigável)
sobre o assunto, com todas as
possibilidades integradas

– NECESSITA SABER QUAL É PROTEÇÃO


OFERECIDA
...um problema antigo
• O técnico, entretanto
– não precisa conhecer ou entender os
detalhes e razões internas dos
métodos e ensaios
– NECESSITA DE MÉTODOS CLAROS,
OBJETIVOS E AMIGÁVEIS QUE
PERMITAM A OBTENÇÃO DA
PROTEÇÃO OFERECIDA E A TOMADA
DE DECISÕES...
Colocação do problema

• Em termos simples, trata-se de conhecer


a redução apresentada por um
dispositivo entre o ambiente e o sistema
auditivo, que faz o papel de uma barreira
• O comportamento dessa barreira é uma
função do ruído do ambiente, da forma e
materiais da barreira e também de
características especiais do “lado
protegido”
...o problema
• O “lado protegido”
• NÃO TEM CARACTERÍSTICAS PADRÃO, NEM
FIXAS NO TEMPO, É UMA PESSOA
• USA OUTROS OBJETOS QUE INTERFEREM COM A
BARREIRA
• NÃO USA A BARREIRA DA FORMA
PRECONIZADA (COLOCAÇÃO PADRÃO)
• NÃO USA A BARREIRA O TEMPO TODO

• Além disso, as características da


barreira também variam com o tempo
(degradação de propriedades)
O MÉTODO ORIGINAL

• Chamado “método longo”


• NECESSIDADES
– INSTRUMENTAÇÃO PARA AVALIAR O
ESPECTRO DO RUÍDO DO AMBIENTE
– CONTAS, CONTAS, CONTAS
– USO DOS DADOS DE ATENUAÇÃO DO
PROTETOR, POR FREQUÊNCIA
...método longo

• SALVAGUARDAS
– COMO OS PROTETORES FABRICADOS TÊM UMA
VARIABILIDADE “NORMAL” NAS
CARACTERÍSTICAS DE ATENUAÇÃO, FAZ-SE
UMA CORREÇÃO NA ATENUAÇÃO MÉDIA
– DEDUZINDO-SE DA MÉDIA DOIS DESVIOS-
PADRÃO, O VALOR USADO PROTEGERÁ 98%
DOS USUÁRIOS
...método longo
• VANTAGEM (única?) - cálculo com dados
reais, tecnicamente correto, a proteção é
conhecida na medida exata dentro das
premissas (“pior protetor a 98%”)
• DESVANTAGENS / LIMITAÇÕES
– SE A EXPOSIÇÃO NÃO FOR ESTACIONÁRIA (A
GRANDE MAIORIA DOS CASOS), TENHO QUE
ESCOLHER UM REPRESENTANTE DA JORNADA. (O
“PIOR” RUÍDO)
– DESVANTAGEM : SUPERESTIMAR O RUÍDO DA
JORNADA, SUBSTITUINDO-O PELO PIOR, QUE PODE
TER NA VERDADE UMA DURAÇÃO PEQUENA.
– TODA SALVAGUARDA DE PIOR CASO LEVA A UMA
MAIOR POSSIBILIDADE DE NÃO SE COMPROVAR
PROTEÇÃO!
...método básico
• Aqui se configura o dilema de todos os
métodos: são adotadas salvaguardas,
pelas incertezas a serem controladas,
resultando muitas vezes em valores
mínimos de proteção (salvaguardada!)

-> a situação real será frequentemente


menos crítica, mas rigorosamente
falando, indeterminável.
O NIOSH e o Rc / NRR

• O NIOSH revolucionou a questão,


simplificando a abordagem, com o
método no.2

• NECESSIDADES ( método no. 2)


– representante do ruído - dBC
– representante do protetor - Rc
– nível protegido dBA = dBC - Rc
Nota importante a esta altura

• Rc (NIOSH) é o mesmo que NRR (EPA)

Rc = NRR
dBA = dBC - NRR
• Hoje, pode-se considerar como universal a
denominação NRR
Rc/NRR
• Raio-X da metodologia

– o ruido é representado inicialmente por


um ruído rosa (mesmo nível por
bandas)
– o espectro médio de ruídos industriais
(em termos do estimador C-A) é
“deduzido” de dois desvios padrão
– com essa correção (3 dB), a
salvaguarda introduzida significa que o
espectro assumido é o “pior” possível,
cobrindo 98% dos casos industriais
Rc/NRR

• Além disso, os dados de atenuação do


protetor são tratados como no método
longo, com a salvaguarda de 98% (“pior
protetor”)
• Se pensarmos que os “piores”
protetores podem ocorrer só em 2%
dos casos, e os “piores” espectros só
em 2%, a chance dessa coincidência é
baixíssima (0,04%) e a salvaguarda
básica do método é muito boa.
Rc/NRR

• VANTAGENS
• usando-se um dosímetro, a
exposição “exata” do trabalhador na
jornada é obtida, por mais variável
que seja (nível médio Lavg(C))

• rapidez e simplicidade de cálculo

• amigável para o usuário


dB(C)

• se não for disponível o Lavg(C) -


obtenível por dosimetria “C”, seguir o
critério de pior caso, utilizando o maior
nível de ruído em dBC da jornada.

• Porém ainda existem vantagens sobre o


método longo, pois não há dificuldades
de cálculo.
Rc/NRR

• DESVANTAGENS
– tenho que fazer 2 dosimetrias, uma no
circuito A para conhecer a exposição
(dBA) e outra no circuito C para
conhecer o nível médio Lavg (C) da
jornada
– ou, tenho de comprar um dosímetro
mais caro que faz as 2 dosimetrias
simultaneamente
O NRR pode reconhecer e atenuar
de forma diferente ruídos
diferentes?
• Caso 1 • Caso 2
• serra circular • grande motor diesel
• 100 dBA, 97 dBC • 100 dBA, 103 dBC
• NRR = 20 • NRR= 20
• dBA = dBC-NRR • dBA = dBC - NRR
• dBA = 97-20=77dBA • dBA=103-20=83dBA
• redução em dBA= • redução em dBA=
100-77 = 23 dBA 100-83 = 17 dBA
E se eu quiser usar somente o
dB(A)?
• Método NIOSH no. 3 (Ra)
• A essência do método no.2 é ter um
estimador do espectro em termos de C-A
• Se não tivermos o C, não temos
estimador de espectro (C-A)
• Devemos então usar um espectro muito
desfavorável (mais salvaguarda)
• Desfavorável quer dizer - baixas
frequências
... Somente dB(A)

• O NIOSH adotou C-A = 7, um espectro


muito desfavorável de baixas frequências
• Porisso, o método usa o Ra=Rc-7 OU
NRRa=NRR - 7
• dB(A) = dB(A) - NRRa
• este 7 não tem nada a ver com os
descontos que devem ser aplicados para
a situação real de uso, como vamos ver
O Ra/NRRa

• VANTAGEM - > faço uma única


dosimetria para conhecer a exposição e
o cálculo da proteção { dB(A) = Lavg(A)
da jornada}
• DESVANTAGENS
– mais incerteza, mais salvaguarda... ->
o valor que atinge o ouvido pode não
configurar proteção, quando outro
método configuraria.
Situação de uso real x
laboratório
NO LABORATÓRIO...
• Protetor novo
• Destreza da colocação
• Ausência de interferências
• Ausência de hábitos ou movimentos
que alteram o ajuste
Em campo...

• Estado de conservação variável


• Baixa destreza de colocação
• Existência de interferências
• Existência de hábitos que degradam o
ajuste
• O uso pode não ser de 100% do tempo
Resolvendo por partes
Tempo real de uso diário
• Pequenas % de tempo de não uso
degradam dramaticamente o NRR
nominal.
• Pode-se estimar a correção a ser
aplicada
• A atenuação nominal se reduz a alguns
dB, se o uso for menor que 50% do
tempo(D. Else, em 1973, deduziu para
um protetor “infinito”, mas usado só
50% do tempo, uma redução de 3 dBA)
...por partes

• Colocação em laboratório X campo


– OSHA (1983) -> desconto de 50%
para todos os tipos.
– NIOSH ->
» CIRCUM-AURICULARES - 25%
» FORMÁVEIS (ESPUMA DE EXPANSÃO
LENTA) - 50%
» INSERÇÃO OUTROS (POLÍMEROS
MOLDADOS) - 70%
Proposição de ajuste pelo
usuário - NRRsf
• Pesquisadores perceberam que usando
sujeitos não treinados conseguiam
aproximar melhor os dados da situação
real
• O sujeito “ingênuo” em relação à
proteção auricular
• O NRRsf / ANSI S 12.6 /97 B
Considerações sobre o NRRsf

• A salvaguarda estatística (pior protetor)


cai de 98% para 84% (um desvio -
padrão)
• Usa-se diretamente o dBA, mas o
desconto não é de 7, mas de 5, e isso
já está embutido no NRRsf
• Estas duas considerações se
assemelham a um “casuísmo” para
evitar números muito pequenos...
NRRsf - outras questões

• Se o protetor não for usado 100% do


tempo, permanece a necessidade dessa
correção
• Como fazer se as indústrias treinam seu
pessoal no uso dos protetores (algumas
regularmente) -->esses trabalhadores
podem ser considerados “ingênuos”?
• Ou seja, devem poder optar pelo NRR
tradicional
Em suma, atenuação calculada
depende:
• Dos dados ambientais disponíveis e
portanto do método escolhido, o que
introduz diferentes salvaguardas
associadas
• Do tipo de protetor (descontos de
colocação de uso real)
• Do tipo de dado NRR / NRRsf (sem
descontos de uso real)
• Do tempo real de uso diário
Conclusões
• maiores salvaguardas -> menor
chance de se provar adequação

• Não se pode dizer a priori qual


método evidenciará maior
atenuação.

• Um cálculo insuficiente não é


evidência de falta de proteção

• Uma evidência de adequação por


qualquer método válido é válida.

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