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Elementos de Alvenaria:

As alvenarias são elementos constituídos de pedras naturais


ou blocos adensados (tijolos e blocos cerâmicos ou blocos de
concreto) ligados entre si, de modo estável, pela combinação e
justaposição de juntas e/ou por interposição de argamassa; por
argamassa mais armadura; por cola e ainda, por armadura e
graute, que preenchem os furos e vazados dos tijolos e blocos da
alvenaria estrutural.
A alvenaria, na atualidade, é principalmente empregada na
confecção de muros e paredes, estruturais ou simplesmente de
vedação de vãos que ocorrem nos espaços vazios (exceto nas
juntas de dilatação) de elementos do sistema estrutural (lajes,
vigas, pilares).
As alvenarias de pedras naturais são, hoje, raramente
executadas, em função da carência de mão de obra especializada
para este trabalho, como também, pelas distâncias entre os locais
de sua extração e de sua utilização, e o consequente custo de
transporte neste trajeto.
As alvenarias de tijolos, de blocos cerâmicos ou de concreto,
são as mais utilizadas, porém, no mercado, a exemplo dos países,
tecnicamente, mais desenvolvidos, existe uma forte tendência e
investimentos crescentes no desenvolvimento de tecnologias para
industrialização de sistemas construtivos, aplicando painéis
modulados de materiais diversos.
Neste trabalho tratar-se-á dos componentes da alvenaria em
tijolos, blocos de concreto ou cerâmicos, que são os mais usuais.
As paredes utilizadas nas edificações como elementos de
vedação tanto no que diz respeito à envoltória exterior como em
relação às divisões internas devem possuir características técnicas
que satisfaçam aos seus requisitos de utilização que são
basicamente os seguintes:

-resistência mecânica
-isolamento térmico e acústico
-resistência e reação ao fogo
-estanqueidade
-durabilidade

Para que as paredes tenham desempenho satisfatório dentro


dos parâmetros citados, as alvenarias, que constituem o “miolo” ou
a estrutura das paredes, devem possuir também características
adequadas.
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A alvenaria é conceituada como um componente complexo,


moldado em obra, constituído por tijolos ou blocos (chamados de
componentes da alvenaria), unidos entre si por juntas de
argamassa, formando um conjunto rígido e homogêneo.

COMPONENTES DAS ALVENARIAS

O componente (unidade) da alvenaria, ou seja, o bloco ou o


tijolo, é definido como um componente industrializado de
dimensões ou peso que o fazem manuseável, de formato
paralelepipedal e adequado para compor uma alvenaria. Os blocos
e os tijolos são diferenciados geralmente por suas dimensões e
massas. A noção essencial que faz com que existam dois
termos para um mesmo componente é a do seu manuseio quando
da fabricação da alvenaria: enquanto os tijolos são seguros
apenas por uma das mãos, ficando a outra livre para outra
operação, os blocos são seguros por ambas as mãos. Como o
tijolo é seguro com a mão envolvendo a dimensão da sua largura,
esta deverá ser de 140 mm, no máximo.

Assim, podemos estabelecer dimensões limites para os


tijolos de 290x140x140 mm (devido às necessidades de modulação
e amarração) e uma massa também limite aproximada de 6 Kg. O
bloco (de concreto) é o componente da alvenaria que excede as
dimensões limites, comprimento, largura ou altura máximas, como
também a massa limite, que definem o tijolo. Na figura abaixo,
explicita-se a nomenclatura adotada para as dimensões dos blocos
e tijolos. Comprimento e largura correspondem à maior e à menor
dimensão da face de assentamento e a altura corresponde à
dimensão ortogonal a esta, exceção feita ao tijolo maciço
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assentado de “espelho”, onde o comprimento e a altura


determinam a face de assentamento.

As juntas de argamassa são os componentes de união dos


tijolos.
A argamassa de assentamento, material sem forma definida,
é colocada entre os tijolos enquanto no estado plástico. Após
endurecida, com forma e funções bem definidas passa a ter a
denominação de junta de argamassa. As dimensões
nominais: comprimento, largura e altura dos tijolos e blocos,
incluem a espessura da junta de argamassa.
Uma fileira horizontal de tijolos ou blocos é designada por
fiada.
A escolha por um componente entre os vários tipos de
tijolos ou blocos, considera, além dos aspectos do desempenho
alcançado pela parede, aspectos de custos tanto da parede por si
como, o que é muito importante, da obra como um todo. De fato,
embora as alvenarias formadas por determinados componentes
possam ter, inicialmente, um custo maior, elas podem ser viáveis
em vista da economia proporcionada em outras etapas da obra,
viabilizando a sua utilização. Assim, por exemplo, componente de
geometria mais plana e uniforme exigem menores espessuras de
revestimentos e componentes mais leves provocam menores
sobrecargas nas estruturas.
Para que sejam alcançadas todas as vantagens que a
utilização de cada componente proporciona, a definição por um
tipo de alvenaria deve ser feita durante a concepção do edifício,
porque o projeto estrutural deve, de um lado, compatibilizar as
dimensões dos elementos estruturais (vigas e pilares) com as
espessuras das paredes e de outro, deve levar em conta a carga
representada pela alvenaria, que é diferente conforme o
componente utilizado.
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TIJOLOS MACIÇOS DE BARRO COZIDO

São constituídos de cerâmica vermelha, cujo principal


componente é a argila sedimentar encontrada em margens de rios.
As argilas passam por um processo de conformação, feito
manualmente ou através de prensagem. Secos, muitas vezes ao ar
livre, são submetidos à queima em fornos entre 900ºC e 1250ºC.
Os tijolos segundo especificações da ABNT, dividem-se
conforme suas dimensões, em duas categorias:

- tipo 1 - (200 ± 5; 95 ± 3; 63 ± 2) mm
- tipo 2 - (240 ± 5; 115 ± 3; 52 ± 2) mm

Porém no mercado corrente encontram-se tijolos com


dimensões nominais de (200; 100; 50) mm e que são adquiridos
por viagem cuja quantidade gira em torno 10.000 peças, com valor
estipulado por milheiro.

Alguns tijolos têm em uma de suas faces, reentrância


chamada de mossa, onde é aplicada a argamassa para o
assentamento, que é feito com a mossa voltada para baixo, assim
permitindo maior aderência. Possui um peso aproximado por
unidade da ordem de 2 Kg e absorção de água entre 10% e 18%.
Valores de absorção superiores indicam porosidade excessiva,
enquanto que valores inferiores provocam problemas de aderência
das argamassas de assentamento e revestimento.

São exigidas dos tijolos, as seguintes qualidades:

- forma regular e dimensões constantes;


- arestas vivas e superfícies ásperas;
- som cheio e claro (metálico), quando percutidos com
o martelo;
- massa homogênea;
- fratura em grão fino compacto e
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- facilidade de corte.

A utilização de alvenaria de tijolo maciço cerâmico como


fechamento dos espaços vazios das peças estruturais dos
edifícios, tem como grande inconveniente o grande peso deste tipo
de alvenaria, o que carrega demasiadamente a estrutura. Porém
tem bom desempenho no isolamento térmico e acústico e acústico
dos ambientes que compõem e também nos rasgos necessários à
passagem de eletrodutos e tubos das instalações hidráulicas.
Por outro lado, o mercado tem apresentado desconformidade
deste componente com enorme variação da qualidade devido,
principalmente, à sua produção artesanal e de baixo controle de
qualidade, além do fato dessa produção estar, na forma como é
feita atualmente, muito sujeita a fatores sazonais (a qualidade do
tijolo tende a ser muito ruim na época das chuvas).
Atualmente os tijolos são mais utilizados com funções
específicas em alvenaria de outros componentes, tais como a
marcação da parede, na execução de vergas e contra vergas e no
encunhamento.

TIJOLOS FURADOS DE BARRO COZIDO

São produzidos a partir de cerâmica vermelha (argilas


sedimentares), tendo a sua conformação obtida através de
extrusão. São encontrados em diversas dimensões (variáveis
conforme o fabricante), sendo que as mais comuns são:

- (100 x 200 x 200) mm


- (100 x 200 x 300) mm
- (150 x 200 x 300) mm

A seção transversal destes tijolos é variável, existindo tijolos


com furos cilíndricos e com furos prismáticos, furos estes que
perfazem mais de 40% da seção transversal.
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Pode-se observar que o tijolo com furos cilíndricos possui


maior resistência, para uma mesma qualidade de argila e processo
produtivo.
Em ambos os casos, contudo, os furos dos tijolos estão
dispostos paralelamente à superfície de assentamento, do que
decorre a dificuldade no preenchimento das juntas verticais, uma
vez que estão em contato com os furos. Este aspecto impossibilita
o uso deste tipo de alvenaria aparente e torna estas juntas verticais
regiões vulneráveis, que podem comprometer a estanqueidade das
paredes. Por outro lado, as faces do tijolo, inerente ao próprio
processo de sua fabricação, sofrem um processo de vitrificação
incipiente. Devido a essa vitrificação, que compromete a aderência
com as argamassas de assentamento e revestimento, as faces são
conformadas com ranhuras e saliências, que visam aumentar a
aderência.
Comparativa à alvenaria de tijolos maciços, a alvenaria de
tijolos furados é sensivelmente mais leve (na igualdade de massas,
o tijolo furado cobre uma área quase quatro vezes maior), exige
menos mão de obra e menos argamassa de assentamento. Por
outro lado, o corte para passagem de tubulação é bastante difícil e,
muitas vezes bem maior que o necessário devido à quebra do
tijolo.

BLOCOS DE CONCRETO:

Os blocos de concreto são componentes obtidos a partir de


uma dosagem racional de cimento, areia, pedrisco, pó de pedra e
água.
O equipamento básico necessário é uma prensa, facilmente
encontrada no mercado. A partir da dosagem racional dos
componentes e da disponibilidade do equipamento é possível se
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obter peças de grande regularidade dimensional e com faces e


arestas de bom acabamento.
Ocorre, no entanto, que devido à própria simplicidade do
processo de fabricação dos blocos, existe no mercado uma
infinidade de firmas que não detêm a tecnologia para a produção
de blocos de boa qualidade, o que afeta a confiabilidade destes
produtos (muitas vezes é utilizada menor quantidade de cimento
que a necessária para atingir a qualidade do produto desejado).
De modo geral os blocos têm duas dimensões constantes:
altura nominal de 200 mm e comprimento nominal de 400 mm; a
largura ou espessura é que pode variar conforme a parede a ser
executada, abrangendo desde 70 mm até 200 mm.
Além do bloco comum, também é fabricado o meio bloco,
que permite a execução da alvenaria com junta de amarração, sem
a necessidade de corte do bloco na obra.
Outras particularidades são os blocos tipo U (canaleta) que
facilitam a execução de cintas, vergas e contra-vergas e ainda o
tipo J, que facilita a execução da cinta de respaldo para lajes.

Fundamentalmente, os blocos de concreto podem ser


encontrados em dois tipos fundamentais:

- Blocos com fundo (para pequenas espessura); e


- Blocos vazados (para espessuras maiores)
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O bloco vazado permite, eventualmente, a passagem de


eletrodutos e tubos hidráulicos pelo seu interior, sem a
necessidade de corte na alvenaria.

Desde que os blocos de concreto sejam de boa qualidade e


que a alvenaria seja bem executada, propiciam a utilização de
pequenas espessuras de revestimento, que representa a
possibilidade de redução do custo final da construção.

BLOCOS DE CONCRETO CELULAR

São constituídos de concreto leve , autoclavado, fabricado a


partir de uma reação química entre cal, cimento, areia e pó de
alumínio que, após uma cura a vapor e alta pressão dá origem a
um silicato de cálcio de elevada porosidade.
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Esses blocos têm dimensões bastante uniformes, o que


diminui a espessura das argamassas de assentamento e
revestimento. Também proporcionam isolamento térmico e
acústico, além de possuírem densidade muito baixa (entre 300 a
1000 Kg/m³, conforme o tipo), aspecto que aumenta a
produtividade da mão de obra e diminui a sobrecarga na estrutura.
Suas dimensões regulares são de 400 a 600 mm de
comprimento, 200, 300 ou 400 mm de altura e espessuras de 75,
100, 125, 150 e 200 mm

EXECUÇÃO DAS ALVENARIAS

A Interação tijolo-argamassa

As propriedades da alvenaria são, em essência, dependentes


das características dos componentes constituintes e da adequada
interação tijolo-argamassa.
Esta interação , ou seja, a ação mútua entre os
componentes e as juntas de argamassa é a responsável pela
obtenção de um produto considerado “homogêneo”, coeso e
monolítico, a partir de produtos isolados. Simplificadamente esta
ação é designada por aderência tijolo-argamassa.
A aderência tijolo-argamassa é praticamente só mecânica,
por ação de encunhamento da argamassa na superfície porosa e
irregular do tijolo. O fenômeno pode ser assim explicado:
“Quando se coloca a argamassa sobre uma superfície
absorvente, parte da água de amassamento, que contém em
dissolução ou em estado coloidal os componentes do aglomerante,
penetra nos poros e canais da base. No interior se produzem
fenômenos de precipitação do hidróxido de cálcio ou dos géis de
cimento ou de ambos. Com a pega, estes precipitados intra
capilares exercem uma ação de encunhamento da argamassa à
base, conseguindo-se assim a aderência. É fundamental então
que a argamassa ceda água ao bloco ou tijolo e que a sucção
dessa água seja contínua.”
Se a quantidade de água cedida for muito intensa em um
tempo muito curto, o fluxo é interrompido pela impossibilidade da
argamassa continuar fornecendo água. Com a interrupção do
fluxo a ação de encunhamento é prejudicada pela descontinuidade
entre os cristais endurecidos no interior dos poros e os que
endurecem na argamassa.
Os principais fatores que influem na aderência tijolo-
argamassa são:
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A) Qualidade das argamassas, por exemplo: capacidade


de retenção de água;
B) Qualidade dos blocos, por exemplo: velocidade de
absorção (sucção inicial), condições da superfície
(partículas soltas, textura, etc);
C) Qualidade da mão de obra, por exemplo: tecnologia de
assentamento e preenchimento completo da junta;
intervalo de tempo entre o espalhamento de argamassa e
a colocação do componente; intervalo de tempo entre a
mistura e a aplicação da argamassa, etc.;
D) Condições de cura.

Tecnologia de assentamento

A operação de moldar um elemento de alvenaria é conhecida


como assentamento da alvenaria ou ainda elevação da alvenaria.
O operário especializado é denominado pedreiro assentador,
pedreiro de alvenaria ou simplesmente pedreiro.
A tecnologia de assentamento consiste essencialmente em
fabricar artesanalmente um elemento coeso com características
geométricas bem definidas em posição e local pré determinados.
Assim, a técnica de se moldar um arco sobre um vão (verga curva)
em tijolos cerâmicos é bastante diversa da técnica de moldagem
de uma parede de blocos de concreto.
A boa técnica para a fabricação de paredes de alvenarias
está associada à construção de paredes que atendam
adequadamente os requisitos exigidos pelas funções que irão ter e
que não venham a apresentar problemas patológicos. A boa
técnica não pode ser também dissociada dos aspectos econômicos
relacionados com: maximização da produtividade da mão de obra;
eliminação de desperdícios de materiais; otimização do tempo
dispendido na fabricação, etc.
As alvenarias são executadas basicamente em três etapas: a
demarcação das alvenarias, o erguimento e finalmente o
encunhamento. Poder-se-ia ainda citar como uma etapa
intermediária do erguimento, a execução de cintamentos e
vergas.

Demarcação de alvenarias

O primeiro passo na execução de paredes de alvenaria é a


sua demarcação, que é feita a partir do projeto de arquitetura,
sendo que as espessuras das paredes constantes nos projetos são
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obtidas a partir das dimensões do componente somadas com a


espessura dos revestimentos.
Quando a espessura da parede corresponde ao
comprimento do tijolo, diz-se que a espessura ou a parede é de
um tijolo ou de uma vez (ou ainda que a alvenaria é de um
tijolo). Analogamente se a espessura da parede corresponde à
largura do tijolo, diz-se que a parede ou alvenaria é de meio
tijolo ou meia vez. E por último, quando a espessura da parede
corresponde à altura do tijolo, a parede é chamada de espelho e a
alvenaria de cutelo, ou de um quarto de tijolo.

A partir da determinação do tipo de alvenaria (1 tijolo, ½ tijolo


ou ¼ de tijolo), passa-se à análise das dimensões dos ambientes,
com o intuito de locar a parede. Para esta locação ou, em outras
palavras, para a determinação do local de assentamento da
alvenaria (ver o tópico sobre locação de obra), leva-se em conta
as espessuras de revestimento previstas para cada ambiente,
conforme exemplificado na figura a seguir:
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Após a locação da parede passa-se à limpeza do piso e ao


seu umedecimento. Tanto para a demarcação da alvenaria de
tijolos maciços, como de tijolos furados cerâmicos é assentada
uma fiada de tijolos maciços como demarcação das paredes e
consequentemente dos espaços determinados por elas e ainda,
sobre esta, mais uma fiada de tijolos maciços para eventuais
fixações posteriores de rodapés (veja nas ilustrações a seguir):

Limpe a superfície onde


serão assentados os tijolos, use
vassoura de piaçava ou escova
de aço e água

Risque sobre a superfície


linhas que correspondam às faces
laterais da parede
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Estenda a argamassa sobre


a superfície com o auxílio da
colher, obtendo uma faixa
suficiente para assentar o tijolo.

Coloque o tijolo sobre a


argamassa, pressionando-o e,
com o auxílio da colher, aplique
pequenos golpes para posicioná-
lo.

Nivele.
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Assente outro tijolo no


extremo oposto, que permita
configurar o alinhamento.

Com o auxílio de outros dois


tijolos, fixe a linha paralelamente às
arestas superiores dos tijolos
assentados, que servirá como
referência para o assentamento das
fiadas.

Para o caso de alvenarias em blocos de concreto e em


blocos de concreto celular costuma-se executar a fiada de
marcação diretamente com os blocos de assentamento.
Tanto no caso de alvenaria de tijolos cerâmicos como de
blocos de concreto e de concreto celular, a demarcação das
paredes de fachada deverá obedecer ao prumo dos andares
inferiores e eventuais diferenças notadas nos elementos estruturais
deverão ser verificadas e analisadas individualmente.
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Erguimento das alvenarias

O processo de erguimento das paredes de alvenaria está


baseada no conceito de que estas devem ter características
geométricas adequadas, ou seja, as paredes devem ter prumo,
nível e desempeno.
Definidos os conceitos básicos, parte-se para o erguimento
das paredes propriamente dita. O procedimento genérico se inicia
pelo assentamento de várias fiadas (com poucos blocos) nos
diedros formando o que se chama de “castelo”.

Cada tijolo deve ser assentado empregando-se, além do fio


de prumo de face, um instrumento de nivelamento (nível de
pedreiro) e ainda uma régua graduada que determine o adequado
espaçamento entre as fiadas (o escantilhão).
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As fiadas dos dois “castelos” opostos de uma parede são


assentados no mesmo nível, o que é controlado pelo próprio
escantilhão ou preferencialmente, por um nível de mangueira.
Eventualmente, os dois escantilhões podem ser substituídos por
pontaletes graduados, perfeitamente encunhados no piso e no teto.

Após o assentamento dos dois “castelos”, estica-se a linha


de pedreiro entre os tijolos extremos de uma mesma fiada, fixando-
a com pregos.
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Finalmente, são completadas as fiadas até a altura de


respaldo da parede (deixando-se a folga para a cunhagem) ou até
à altura de execução de cintas ou vergas.

Quando os tijolos possuem grande variação dimensional e/ou


deformações de sua geometria (empenos) pode-se conseguir
apenas uma face bem desempenada (a que foi definida pela linha
esticada). A outra face terá irregularidades em decorrência da
desuniformidade dos tijolos. De maneira geral deve-se, neste
caso, adotar como face plana a face exterior (por onde deve ser a
linha esticada) o que irá permitir um revestimento de argamassa de
espessura uniforme nesta face. Isto é essencial para evitar um
diferencial de tensões e deformações na camada de revestimento,
o que pode provocar fissuração e/ou deslocamento do próprio
revestimento. A escolha da face exterior se dá porque esta será
submetida a tensões e deformações muito mais significativas (por
estar submetidas às intempéries) que a face interior. Uma
exceção se dá no caso de faces interiores que serão azulejadas.
Nestas, as diferentes deformações poderão provocar a perda de
aderência dos azulejos pela introdução de tensões em pontos
localizados na interface azulejo-argamassa.
Na realidade, deve-se empregar tijolos de dimensões pouco
variáveis, pois ter-se-ia assim possibilidade de racionalizar o
processo construtivo pela diminuição de desperdícios de tempo,
material e mão de obra. Esta racionalização de maneira geral, é
muito difícil com tijolos de má qualidade.
O processo de erguimento das alvenarias deve ser
compatibilizado de um lado com a estrutura que a circunscreve e
de outro com as esquadrias (portas e janelas) que são montadas
nos seus vãos.
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Ligação da alvenaria com a estrutura.


A ligação das alvenarias, em sua parte superior, com a
estrutura é realizada mediante a operação denominada
encunhamento. Em outras palavras, a ligação é conseguida
mediante a colocação de cunhas de tijolos entre a estrutura e a
alvenaria.
Uma configuração possível deste encunhamento é mostrada
abaixo:

Como princípio básico para a execução do encunhamento


das alvenarias é necessário que elas já estejam com sua
argamassa de assentamento devidamente seca (três a sete dias) e
consequentemente já retraída de modo que o serviço de
encunhamento não se torne perdido. Por outro lado, o ideal seria
que a estrutura contra a qual se esteja encunhando a alvenaria já
estivesse sido totalmente solicitada e portanto, deformada, o que é
impossível de se conseguir. Normalmente, recomenda-se,
pensando na questão da deformação da estrutura, que o
encunhamento de uma alvenaria somente seja feito após o
carregamento da estrutura com a execução da alvenaria
correspondente ao andar superior. Recomenda-se ainda, na
medida do possível, que o encunhamento seja feito na seqüência
dos andares mais altos para os mais baixos (de cima para baixo)
de forma a se garantir que os pesos próprios das alvenarias
carreguem a estrutura de concreto e não as alvenarias dos
andares inferiores.
Para a execução do encunhamento, os componentes
utilizados são diversos e estarão de acordo com os componentes
utilizados na execução das alvenarias. Assim, as paredes
executadas em tijolos de barro cozido, maciços ou furados, são
normalmente encunhadas com tijolos de barro maciço. Para tanto
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são quebradas as suas pontas, fazendo com que adquiram a forma


de uma cunha e são então aplicados com argamassa de areia e
cimento comprimindo-os entre a alvenaria e a estrutura. Outra
opção é a aplicação destes tijolos maciços em sua forma natural,
utilizando-se para o assentamento argamassas expansivas.
No caso de blocos de concreto, o encunhamento poderá ser
feito tanto com tijolos de barro cozido, como com cunhas de
concreto pré-moldadas. Nestes casos, fabrica-se uma forma
metálica, nas dimensões da cunha desejada fazendo-se uma
produção em série das mesmas com utilização de cimento, areia,
pedrisco e água. Estas cunhas, de forma prismática, são então
aplicadas com ou sem a utilização de argamassa de areia e
cimento, com o exercício de pressão. Note-se que as dimensões
e forma destas cunhas são muito mais precisas que aquelas de
tijolo de barro maciço, daí poderem ser utilizadas eventualmente
sem o uso de argamassas, não deixando vazios.
Para as alvenarias de bloco celular, as cunhas podem ser
produzidas a partir do próprio bloco, cortando-se o mesmo com
serrote de dentes largos, diagonalmente. Neste caso, são
reaproveitados diversos pedaços de blocos quebrados. O
encunhamento é feito sob pressão com utilização de argamassa
colante ou de cimento e areia.

Equacionada a ligação superior da alvenaria, deve ser


conseguida a sua ligação lateral com a estrutura (pilares, cortinas,
etc.). É recomendável neste intuito que, na época da execução da
estrutura, sejam deixadas amarrações de ferro (pontas de ferro de
um metro de comprimento estacadas a cada 50 cm, na altura).
Estas pontas de ferro, quando da execução das alvenarias, são
introduzidas nas juntas horizontais de argamassa, quando do
levantamento da alvenaria.
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Esta técnica está hoje em desuso, pelos estragos nas formas


e pelas dificuldades que provoca na desforma.
Apesar de não ser tão eficiente como a técnica descrita, a
ligação entre a alvenaria e a estrutura também pode ser feita
mediante argamassa. Neste processo, chapisca-se com
argamassa de cimento e areia, a superfície de contato da alvenaria
com a estrutura e, quando do levantamento, preenche-se o vazio
com a mesma argamassa do assentamento.

Adequação à existência de vãos

A presença de pequenos vãos nas alvenarias exige a


construção de vergas e contra-vergas de modo a se distribuir da
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melhor forma os esforços concentrados na região dos vãos. As


vergas são pequenas vigas de concreto ou de outro material
resistente, que sustentam as cargas sobre elas depositadas
(cargas distribuídas sobre o vão) e redistribuem estas cargas nas
regiões laterais aos vãos. Recomenda-se avaliar a distribuição de
cargas e calcular a dimensão dos traspasses laterais ao vão.
As contra-vergas são peças similares às vergas e simétricas
a elas em relação aos vãos. As cargas atuantes nas vergas são
distribuídas nas regiões adjacentes aos vãos dos caixilhos e
absorvidas pela contra-verga, que por sua vez novamente as
redistribuem para a alvenaria sob ela.

As vergas e contra-vergas podem ser moldadas “in loco” ou


pré-moldadas sendo que a segunda situação é a mais comumente
utilizada.
As paredes de maneira geral devem ser construídas
perfeitamente verticais ou no prumo.
As fiadas de tijolos devem ser assentadas horizontalmente e
pelo menos uma das faces da parede deve corresponder a um
plano perfeito. Quando as fiadas são perfeitamente horizontais,
diz-se que estão no nível. Quando a face da parede define um
plano diz-se que a parede está desempenada ou apresenta bom
desempeno. No caso destas situações não ocorrerem diz-se que
a alvenaria está fora de nível e a parede embarrigada (no geral
ou apenas local) respectivamente. Diz-se ainda que uma face está
desempenada, quando em qualquer seção horizontal ou vertical
da parede a linha pertencente a face é uma reta.
Outro conceito básico que deve ser estabelecido diz respeito
à “amarração” das alvenarias. A sistemática da amarração
corresponde a um padrão repetido de desencontro de juntas
verticais (ou seja da posição relativa entre tijolos de fiadas
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superpostas) de maneira a ”amarrar” fiadas sucessivas de tijolos.


Tal prática permite otimizar o monolitismo, a rigidez e as
resistências mecânicas da parede.
Quando ocorre o desencontro das juntas diz-se que a
alvenaria é de junta amarrada. Quando isto não ocorre diz-se
que a alvenaria é de junta a prumo. A disposição mais comum dos
tijolos é aquela em que o traspasse ou desencontro das juntas
verticais equivale à metade do comprimento do tijolo. Esta
disposição tem a vantagem de não exigir o corte de tijolos em
tamanhos especiais (além, eventualmente, do meio tijolo) para se
conseguir a amarração e de permitir uma adequada modulação da
alvenaria, pois, geralmente a largura nominal do tijolo corresponde
à metade do seu comprimento nominal. Isto tudo faz com que a
amarração de meio tijolo racionalize e simplifique o processo
construtivo.

Alvenaria de pedras, tijolos cerâmicos maciços e blocos de concreto,


respectivamente.
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SABBATINI, F.H.
GLEZER, N.
LICHTENSTEIN, N. B.
“Alvenarias” - Apostila da Escola Politécnica da Universidade de
São Paulo - Departamento de Engenharia de Construção Civil -
Disciplina: Técnicas e Materiais de Construção Civil II

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