Língua Portuguesa I
Pós-Graduação a Distância
Brasília-DF, 2010.
Produção:
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Sumário
Apresentação........................................................................................................................................ 04
Introdução ........................................................................................................................................... 08
Referências ........................................................................................................................................... 69
Pós-Graduação a Distância
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Apresentação
Caro aluno,
Este é o nosso Caderno de Estudos e Pesquisa, material elaborado com o objetivo de contribuir para a realização e o
desenvolvimento de seus estudos, assim como para a ampliação de seus conhecimentos.
Para que você se informe sobre o conteúdo a ser estudado nas próximas semanas, conheça os objetivos da disciplina, a
organização dos temas e o número aproximado de horas de estudo que devem ser dedicadas a cada unidade.
A carga horária desta disciplina é de 40 (quarenta) horas, cabendo a você administrar o tempo conforme a sua
disponibilidade. Mas, lembre-se, há um prazo para a conclusão da disciplina, incluindo a apresentação ao seu tutor das
atividades avaliativas indicadas.
Os conteúdos foram organizados em unidades de estudo, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente.
Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, que farão parte das atividades avaliativas do
curso; serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.
Desejamos a você um trabalho proveitoso sobre os temas abordados nesta disciplina. Lembre-se de que, apesar de
distantes, podemos estar muito próximos.
A Coordenação do PosEAD
Gramática da Língua Portuguesa I
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Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa
Introdução: Contextualização do estudo a ser desenvolvido pelo aluno na disciplina, indicando a importância desta para
a sua formação acadêmica.
Provocação: Pensamentos inseridos no material didático para provocar a reflexão sobre sua prática
e seus sentimentos ao desenvolver os estudos em cada disciplina.
Para refletir: Questões inseridas durante o estudo da disciplina, para estimulá-lo a pensar a respeito do
assunto proposto. Registre aqui a sua visão, sem se preocupar com o conteúdo do texto. O importante
é verificar seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. É fundamental que você reflita
sobre as questões propostas. Elas são o ponto de partida de nosso trabalho.
Textos para leitura complementar: Novos textos, trechos de textos referenciais, conceitos de
dicionários, exemplos e sugestões, para apresentar novas visões sobre o tema abordado no texto básico.
Sintetizando e enriquecendo nossas informações: Espaço para você fazer uma síntese dos textos
e enriquecê-los com a sua contribuição pessoal.
Praticando: Atividades sugeridas, no decorrer das leituras, com o objetivo pedagógico de fortalecer
o processo de aprendizagem.
Pós-Graduação a Distância
Para (não) finalizar: Texto, ao final do Caderno, com a intenção de instigá-lo a prosseguir na reflexão.
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Organização da Disciplina
Ementa:
Conhecimentos normatizados aplicados aos aspectos morfossintáticos da Língua Portuguesa no âmbito da gramática
normatizada e suas variações. Ênfase na parte morfológica (substantivo, adjetivo, pronome, numeral, verbo, artigo,
preposição, conjunção, advérbio) e sua importância no uso adequado do idioma.
Objetivos:
• Conhecer a história e a importância da Língua Portuguesa.
• Introduzir os principais conceitos morfológicos e semânticos da Língua Portuguesa e sua importância para a
perfeita comunicação.
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Introdução
O estudo profundo da gramática da Língua Portuguesa é componente essencial e base de todo o programa do curso que
você faz. Optamos por organizar um conhecimento de conteúdos que visem à prática da disciplina. Pesquisas em diversas
universidades e fundações brasileiras e portuguesas indicam que Faculdades de Pedagogia, Letras, Comunicação, Direito
e tantas outras que dependem do uso adequado do idioma não preparam o básico: o domínio seguro de nossa Gramática.
Nosso objetivo é justamente que você tenha um suporte amplo e profundo de forma dinâmica e prática. A teoria será
usada para capacitar você a saber usar corretamente as regras gramaticais em atividades acadêmicas e profissionais.
A antropóloga Eunice Durham, uma das maiores especialistas em ensino superior brasileiro, afirma que a causa da
ineficiência e insegurança dos graduados é o excesso de teoria na sala de aula e pouca prática. Supervaloriza-se a
ideologia da linguagem e ensina-se muito pouco o que realmente o estudante necessitará.
As aulas neste curso serão extremamente voltadas para a sua necessidade imediata. Há espaço para divergências,
comentários, embasamentos teóricos de diversas linhas de pensamento. Porém, o formando deve sair do curso sabendo
as regras gramaticais com segurança seja para ensinar, interpretar, produzir ou revisar um texto. Esse é o nosso principal
objetivo.
Na disciplina “Gramática da Língua Portuguesa I”, o enfoque será nos aspectos morfológicos, ortográficos e semânticos.
Na continuidade, “Gramática da Língua Portuguesa II”, a ênfase será nos aspectos morfossintáticos e semânticos.
Marcelo Paiva
Pós-Graduação a Distância
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Gramática da Língua Portuguesa I
Introdução à Língua Portuguesa Unidade I Unidade I
Erro de português
Quando o português chegou
Debaixo duma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena! Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português
Oswald de Andrade
Pós-Graduação a Distância
O Português é o idioma nativo de aproximadamente 200 milhões de pessoas em todo o mundo. É o idioma oficial de Angola,
Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
Outras regiões da Índia portuguesa ainda o usam como segunda língua: Goa, Damão, Diu e Dadrá e Nagar-Aveli. Devido
ao crescimento econômico do Brasil e sua importância política cada vez mais marcante no mundo globalizado, a Língua
Portuguesa ganha destaque e interesse em diversos países.
O Português é considerado a última flor do Lácio, por ser a última língua formada do latim. Assim como o castelhano,
o catalão, o italiano, o francês, romeno e outros idiomas ocidentais, nossa origem é românica e a evolução histórica
moldou nosso idioma de forma única.
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Introdução à Língua Portuguesa Unidade I
Origem
A primeira fase do idioma surgiu na região norte de Portugal (Galícia) inicialmente com o nome de galaico-português
ou galego-português. Geograficamente, o local é a última região ocidental europeia latina e, durante séculos, recebeu
habitantes de outras regiões, que ali formaram vilas. Com a chegada dos soldados romanos, o latim vulgar se misturou
ao idioma local e formou uma língua com características próprias. Ainda hoje resistem marcas profundas dessa influência
galega ao norte da penísula ibérica lusa. É uma fase totalmente oral, pois não há registros escritos importantes que
possam assegurar o emprego fonético ou sintático da época.
A segunda fase do Português ocorre com a queda do Império Romano, durante as invasões bárbaras no século V. Nesse
momento, passamos a ter textos escritos e documentados no novo idioma. Percebem-se alterações fonéticas e lexicais
em relação a outros idiomas latinos.
No século IX, o Português passa a ser registrado formalmente em diversos documentos e cresce como língua organizada
por várias vilas. Durante o período, revela-se uma literatura bastante rica e diversificada em sua expressão.
A independência de Portugal, em 1143, dinamizou a língua antiga por toda a região. Em 1290, o rei Dom Dinis cria, em
Lisboa, a primeira universidade em território português e decreta que o idioma passe a receber o nome de Português e
seja usado em comunicações oficiais. Mesmo assim, ele continua a ser conhecido como galego-português.
Portugal, na época dos grandes navegações, levou o idioma a diversos continentes: Ásia, África e América. A língua, na
época, era o português arcaico e se espalhou rapidamente por novos países que se formavam. Em cada lugar, a fusão
entre o idioma português e o nativo alteravam muito a fonética, o léxico e a sintaxe original.
Pode-se dizer que o Português moderno nasce simbolicamente com a publicação da obra “Cancioneiro Geral”, de Garcia de
Resende, em 1516. Desde então, o idioma cresceu muito em número de vocábulos, principalmente com o Renascimento.
O povo português sempre viajou muito e acrescentava à língua novos termos constantemente.
O Português no Brasil
A descoberta do Brasil não garantiu o uso do idioma português de imediato. Até a metade do século XVIII, as línguas
indígenas ocupavam a maior parte das comunicações entre os viajantes pela colônia. O Português era falado entre os
lusos. No entanto, estes acabavam por aprender línguas indígenas para se comunicar com a população nativa, que se
recusava a aprender o idioma europeu.
O problema tornou-se tão sério que o Marquês de Pombal obriga o uso do Português na colônia e reprime o uso de outro
idioma, sobretudo o Tupi, nas comunicações. A questão foi totalmente política.
Esta revolução cultural não foi tarefa fácil nem pacífica. Chegou-se a considerar em documentos oficiais o Tupi como
uma língua do diabo. A repressão foi tamanha que aprender a língua portuguesa se tornou questão de sobrevivência na
colônia.
Gramática da Língua Portuguesa I
A independência brasileira, em 1822, trouxe milhares de imigrantes europeus, que se instalaram principalmente no centro
e no sul do novo país que se formava. O idioma sofre nova influência. Isso explica certas modalidades de pronúncia
e algumas mudanças superficiais de léxico que existem entre as regiões do Brasil, que variam de acordo com o fluxo
migratório que cada uma recebeu. A manutenção de um idioma único em todo o território foi uma vitória da unidade do
país como um todo.
Todas essas influências contribuíram para que o idioma usado no Brasil se distanciasse cada vez mais do europeu. A
literatura brasileira se tornou forte e expressiva. O país foi crescendo e construindo características próprias, inclusive no
idioma. O recente acordo ortográfico auxilia no uso único de um idioma em sua ortografia. No entanto, Brasil e Portugal
possuem uma única língua com variações linguísticas imensas de fonética e sintaxe.
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Introdução à Língua Portuguesa Unidade I
O idioma português chegou ao território brasileiro a bordo das naus portuguesas, no Século XVI, para se juntar
à família linguística tupi-guarani, em especial o Tupinambá, um dos dialetos Tupi. Os índios, subjugados ou
aculturados, ensinaram o dialeto aos europeus que, mais tarde, passaram a se comunicar nessa “língua geral”
– o Tupinambá. Em 1694, a língua geral reinava na então colônia portuguesa, com características de língua
literária, pois os missionários traduziam peças sacras, orações e hinos, na catequese.
Com a chegada do idioma iorubá (Nigéria) e do quimbundo (Angola), por meio dos escravos trazidos da África,
e com novos colonizadores, a Corte Portuguesa quis garantir uma maior presença política. Uma das primeiras
medidas que adotou, então, foi obrigar o ensino da Língua Portuguesa aos índios.
Lei do Diretório
Em seguida, o Marques de Pombal promulgou a Lei do Diretório (1757) que abrangia a área compreendida
pelos estados do Pará e do Maranhão, um terço do território brasileiro de então. Essa lei considerava a língua
geral uma “invenção verdadeiramente abominável e diabólica” e proibia às crianças, filhos de portugueses, e
aos indígenas aprenderem outro idioma que não o português.
Em 1759, um alvará ampliou a Lei do Diretório: tornou obrigatório o uso da língua portuguesa como idioma
oficial em todo o território nacional. Portanto, ao longo de dois séculos, o Brasil possuiu dois idiomas: a língua
geral ou tupinambá e o português.
http://www.medio.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=804&Itemid=39
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Introdução à Língua Portuguesa Unidade I
O Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa é um documento internacional entre os países lusófonos com objetivo de
unificar a ortografia para o idioma. Foi assinado por representantes oficiais de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau,
Gramática da Língua Portuguesa I
Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe em Lisboa, em 16 de dezembro de 1990, ao fim de uma negociação entre
a Academia de Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras iniciada em 1980. Timor-Leste aderiu ao Acordo
em 2004.
O Acordo visa à padronização e à simplificação do sistema ortográfico. Vários aspectos são enumerados como fundamentais
para a reforma, pois a existência de duas ortografias oficiais é prejudicial ao idioma em um mundo globalizado. A
padronização unificará a expressão da Língua em termos científicos e jurídicos internacionalmente, no estudo do idioma
por instituições educacionais em todos os continentes, na linguagem de trabalho por organismos internacionais. Além disso,
o governo brasileiro e o português esperam que o idioma, finalmente torne-se uma das línguas oficiais da Organização
das Nações Unidas (ONU).
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Introdução à Língua Portuguesa Unidade I
O castelhano deve ser citado como exemplo do objetivo esperado. Embora o idioma apresente variação na pronúncia e
no vocabulário entre a Espanha e a América hispânica, sua ortografia é única e regulada pela Associação de Academias
da Língua Espanhola. Também o inglês, o Francês e diversos outros idiomas possuem ortografia única. As diferenças
no uso da linguagem existem, mas as normas ortográficas são padronizadas. Das grandes línguas ocidentais, apenas o
Português mantinha-se dividido.
Outra razão diz respeito ao próprio valor histórico e dinâmico da língua. Apesar das diferenças semânticas e fonéticas,
o idioma é um só com características diferentes por seus falantes. É certo que existem inúmeras diversidades entre
o idioma no Brasil e em Portugal. No entanto, a base linguística é a mesma e muitos são os pontos convergentes. O
Acordo busca ampliar o vocabulário e as regras de forma a possibilitar diferentes formas de expressão. Não se busca
um retrocesso, mas um avanço.
Assim como no Brasil há diversidades fonéticas e vocabulares imensas entre suas regiões, também o português reflete
diversidades entre os países lusófonos. Isso não impede a uniformidade ortográfica no Brasil. Também não deve impedir a
padronização entre nações. A crítica de que os idiomas são diferentes não é correta. O uso do vocabulário e de construções
sintáticas é amplo e permite diferentes formas de expressão.
Principais alterações
O novo alfabeto
As letras “k”, “w” e “y” passarão a ser oficialmente incorporadas ao alfabeto da língua portuguesa. Os dicionários já
registram há muito essas letras, que figuram em palavras como kafkiano, wagneriano, hollywoodesco etc. e os países
africanos possuem muitas palavras escritas com elas, como kizomba. Assim, o alfabeto da língua portuguesa passa
legalmente a ser formado por vinte e seis letras: A, B, C, D, E, F, G, H, I, J, K, L, M, N, O, P, Q, R, S, T, U, V, W, X, Y, Z.
Trema
Outra regra consiste na completa eliminação da diérese (mais conhecida por trema) em palavras formadas por qü e gü
em que o u é pronunciado de forma átona, como em freqüência e lingüiça. Passa-se a escrever frequência e linguiça
respectivamente. Portugal já havia retirado o sinal. A mudança afeta a ortografia no Brasil.
Acentuação gráfica
Poucos idiomas no mundo fazem uso de regras tão complexas na acentuação gráfica de suas palavras como o português.
As divergências entre Brasil e Portugal eram muitas. As reformas de 1971 (Brasil) e 1973 (Portugal) avançaram bastante,
mas não unificaram as regras de acentuação. Optou-se, no novo acordo, por aceitar dupla grafia em alguns casos e
eliminar o acento em outros.
Portugal Brasil
cómodo cômodo
fenómeno fenômeno
tónico tônico
génio gênio
bebé bebê
António Antônio
Académico Acadêmico
Amazónia Amazônia
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Introdução à Língua Portuguesa Unidade I
Com relação à acentuação gráfica das palavras, o Novo Acordo estabelece regras de acentuação com base na posição
da sílaba tônica (oxítonas, paroxítonas, proparoxítonas, considerando oxítonos os monossílabos tônicos). O Acordo reduz
o número de palavras acentuadas e só modifica as regras de palavras paroxítonas.
Modificação 1: o acento gráfico nos ditongos abertos tônicos “éu”, “ói” e “éi” nas palavras paroxítonas desaparece.
Nos vocábulos oxítonas, ele se mantém.
Antes Acordo
idéia ideia
jibóia jiboia
heróico heroico
Modificação 2: o hiato “oo(s)” das palavras paroxítonas deixa de receber acento circunflexo.
Antes Acordo
abençôo abençoo
enjôo enjoo
vôo voo
Modificação 3: o hiato “eem” das formas verbais dos verbos crer, dar, ler, ver (e seus derivados) deixa de receber
acento circunflexo.
Antes Acordo
crêem creem
dêem deem
descrêem descreem
lêem leem
prevêem preveem
relêem releem
vêem veem
Observação: os acentos nas formas “têm”, “vêm” e termos derivados “mantém”, “mantêm” não sofrem alteração alguma.
Apenas as formas verbais que dobram o “e”.
Modificação 4: os hiatos tônicos formados por “i” e “u” deixam de receber acento após ditongo quando paroxítonas.
Antes Acordo
feiúra feiura
Gramática da Língua Portuguesa I
baiúca baiuca
Modificação 5: não se acentua mais a vogal “u” tônica dos encontros gue, gui, que, qui.
Antes Acordo
apazigúe apazigue
averigúe averigue
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Introdução à Língua Portuguesa Unidade I
Modificação 6: não se coloca mais acento diferencial nas palavras homógrafas heterofônicas. No entanto, o Acordo
prevê dois acentos diferenciais obrigatórios (pôde e pôr) e dois facultativos (fôrma e dêmos).
Antes Acordo
pára para
pólo polo
pêra pera
côa coa
O Novo Acordo privilegia o critério fonético sobre o critério etimológico. É o que ocorre com a supressão, do lado
lusoafricano, das chamadas consoantes mudas em palavras como ato (e não acto), direção (e não direcção), ótimo (e
não óptimo). Esta supressão, há muito consagrada do lado brasileiro, facilita a aprendizagem e o ensino da ortografia
nas escolas. Estudos indicam que haverá, em Portugal, alteração de aproximadamente 0,54% dos vocábulos. Embora a
quantidade possa parecer pequena, muitas dessas palavras são de uso frequente no dia a dia lusitano.
Antes Acordo
accionamento acionamento
coleccionador colecionador
leccionar lecionar
acção ação
colecção coleção
fracção fração
acta ata
Mantêm-se inalterados vocábulos em que a pronúncia da consoante for percebida: ficcional, perfeccionismo, convicção,
sucção, bactéria, néctar, núpcias, corrupção, opção, adepto, inepto, erupção, rapto, opcional, egípcio.
De forma a contemplar as diferenças fonéticas, existem abundantes casos de exceções previstas no Acordo. Admite-se,
assim, a dupla grafia em muitas palavras: facto-fato, secção-seção, aspeto-aspecto, amnistia-anistia, dicção-dição, sector-setor,
caraterística-característica, intersecção-interseção, olfacto-olfato, concepção-conceção, académico-acadêmico, bónus-bônus,
ingénuo-ingênuo, abdómen-abdômen.
Hífen
A convenção anterior revelava dificuldade extrema na aplicação das regras de uso do hífen. O Acordo simplifica as
regras.
Modificação 1: elimina-se o hífen nas formações por prefixação e recomposição em que o prefixo ou pseudoprefixo
termina em vogal e o elemento seguinte começa por “r” ou “s”, dobrando-se as consoantes.
Antes Acordo
auto-realização autorrealização
Pós-Graduação a Distância
auto-retrato autorretrato
auto-serviço autosserviço
auto-suficiência autossuficiência
auto-sustentável autossustentável
co-réu corréu
co-redator corredator
co-responsabilidade corresponsabilidade
co-seno cosseno
co-signatário cossignatário
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Introdução à Língua Portuguesa Unidade I
anti-racional antirracional
anti-roubo antirroubo
anti-social antissocial
semi-real semirreal
semi-reta semirreta
semi-secular semissecular
supra-realizado suprarrealizado
supra-sumo suprassumo
mega-sena megassena
ultra-som ultrassom
ultra-rápido ultrarrápido
Modificação 2: elimina-se o emprego do hífen nas formações por prefixação e recomposição em que o prefixo ou
pseudoprefixo termina em vogal e o elemento seguinte começa por vogal diferente daquela. Emprega-se, no entanto,
o hífen sempre que, nas formações por prefixação ou recomposição, o prefixo ou pseudoprefixo termina em vogal e o
elemento seguinte começa por vogal igual àquela, exceto o prefixo “co-“, que ocorre em geral aglutinado, mesmo quando
o elemento seguinte começa por “o”: anti-ibérico, contra-almirante, micro-ondas, cooperação, semi-interno, intra-arterial,
arqui-inimigo.
Antes Acordo
Agro-industrial agroindustrial
Anti-aéreo antiaéreo
Auto-estrada autoestrada
Co-autor coautor
Co-avalista coavalista
Extra-escolar extraescolar
Extra-oficial extraoficial
Auto-atendimento autoatendimento
Auto-ajuda autoajuda
Auto-estima autoestima
Contra-indicação contraindicação
Contra-oferta contraoferta
Contra-almirante contra-almirante
Microondas micro-ondas
Modificação 3: palavras compostas que designam espécies na área da botânica e da zoologia, estejam ou não ligadas
por preposição ou qualquer outro elemento, escrevem-se sempre com hífen: couve-flor, erva-doce, feijão-verde, bem-me-quer,
formiga-branca.
Modificação 4: ligações da preposição “de” com as formas monossilábicas do presente do indicativo do verbo “haver”
não recebem hífen: hei de, hás de, há de, hão de.
Gramática da Língua Portuguesa I
Uso de minúscula
O Novo Acordo sistematiza a utilização de minúscula em início de palavra. Assim, e como já acontece nos nomes dos
dias das semana, escrevem-se com inicial minúscula:
a) meses do ano: janeiro, fevereiro, março, abril, maio, junho, julho, agosto, setembro, outubro, novembro e
dezembro.
b) pontos cardeais e colaterais: norte, sul, este, oeste, nordeste, noroeste, sudeste, sudoeste, és-nordeste,
és-sudeste, nor-noroeste, nor-nordeste, oés-noroeste, oés-sudoeste, su-sudeste, su-sudoeste.
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Introdução à Língua Portuguesa Unidade I
Observação: mantém-se inicial maiúscula nas abreviaturas dos pontos cardeais e colaterais, assim como na designação
de regiões com os mesmos pontos: O avião virou-se para N. O Sul está em festa.
c) designações usadas para mencionar alguém cujo nome se desconhece ou não se quer mencionar e que são sinônimas
de sujeito, pessoas, indivíduo: fulano, beltrano, sicrano.
O Novo Acordo prevê o emprego opcional de maiúscula ou minúscula em início de palavra nos seguintes casos:
a) títulos de livros ou obras equiparadas, devendo o primeiro elemento ser sempre grafado com maiúscula inicial,
assim como os nomes próprios aí existentes: As pupilas do senhor reitor ou As Pupilas do Senhor Reitor; A
ilustre casa de Ramires ou A Ilustre Casa de Ramires.
b) formas de tratamento, expressões que exprimem reverência, hierarquia, cortesia: Senhor Professor ou senhor
professor; Vossa Senhoria ou vossa senhoria.
c) nomes que designam domínios do saber, cursos e disciplinas escolares: Português ou português; Língua e
Cultura Portuguesa ou língua e cultura portuguesa.
Uso do “h”
O idioma, por força da etimologia ou adoção convencional, possui inúmeras palavras com “h” inicial: haver, hélice, hoje,
hora, homem, humor, hã, hum. No entanto, deixam de existir em alguns termos:
Antes Depois
Herva erva
Húmido úmido
Observação: algumas formas eruditas mantêm-se com “h”: herbáceo, herbanário, herboso.
Pós-Graduação a Distância
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Introdução à Língua Portuguesa Unidade I
“Alguns países entenderam que as novas normas seriam ruins para suas identidades nacionais, por isso a
demora na ratificação”, disse a professora Stella Maris Bortoni-Ricardo, linguista e membro da Comissão de
Língua Portuguesa (COLIP) no ministério da Educação (MEC), que, juntamente com o ministério das Relações
Exteriores e da Cultura, lidou com a questão da reforma ortográfica no Brasil.
“Mas é importante lembrar que a questão não é a liderança de qualquer um dos países na imposição de regras,
mas uma postura de colaboração”, disse a Stella, lembrando o fato de muitos portugueses acreditarem que o
acordo foi uma imposição de regras brasileiras, devido ao fato de o País ter a maioria dos falantes da língua
(segundo a professora de cada três pessoas que falam português, uma é brasileira).
Essa colaboração é de extrema importância se os países lusófonos quiserem que a Língua Portuguesa ganhe destaque
mundial, acrescentou a professora. Atualmente, a sétima língua mais falada do mundo ainda não conseguiu entrar para
o rol das línguas oficiais de órgãos internacionais como a Organização das Nações Unidas (ONU). Isso por que, todos os
documentos publicados em português têm que ser disponibilizados em duas vias: português brasileiro e português de Portugal.
“Essa é uma medida de política de idioma que, além de dar importância para a Língua Portuguesa, facilitaria a difusão e
troca de publicações entre países lusófonos, favorecendo, inclusive, os países mais pobres, no recebimento de reforço
de material didático”, disse Stella. “Essa reforma é de extrema importância porque é a primeira feita pela Comunidade
dos países de Língua Portuguesa (COLP) em conjunto, e não individualmente”, acrescentou.
Quanto à adaptação às mudanças, a professora acredita que será feita de maneira fácil, pois o acordo muda menos de
1% do percentual falado da língua. Ela ressaltou, ainda, o papel da mídia na difusão das novas normas de ortografia.
Vale lembrar que Portugal estabeleceu um prazo de seis anos para esse processo, enquanto o Brasil optou pela metade.
Isso quer dizer que, se entrar em vigor a partir de janeiro de 2009, as escolas brasileiras terão até 2011 para cobrarem
as mudanças.
“Com os professores brasileiros nas condições em que estão – mal-pagos, mal-formados –, essa mudança pode gerar
alguma dificuldade de adaptação.” É o que acredita a professora Eleonora Cavalcante Albano da Unicamp. “Essa mudança
vai fazer muito pouca diferença na facilidade de comunicação entre países”, acrescentou.
Diferenças
Como fica claro, não foi só em Portugal que o novo acordo dividiu opiniões. Segundo Sírio Possenti, professor do Instituto
de Estudos da Linguagem da Unicamp, do ponto de vista linguístico e da educação, a preocupação com a unificação de
regras gramaticais é “uma bobagem absoluta.” “O valor dessa mudança é muito mais simbólico que prático. Na prática,
não são necessárias leis que normatizem a gramática e a ortografia”, disse.
Segundo o professor, é mais importante garantir que alguém entenda textos e saiba relacioná-los do que uma ortografia
perfeita. “Variações de ortografia mudam muito pouco a compreensão de um texto, escrever diferente não é um problema
Gramática da Língua Portuguesa I
É o que pensa também a professora de linguística da Unicamp Maria Irma Hadler Coudry que, embora ache interessante
que os países lusófonos comunguem de uma familiaridade, acredita que cada um tem sua especificidade cultural.
“Não é preciso que se escreva exatamente igual para que haja entendimento mútuo e não é porque se estabeleceu
uma regra comum que se falará perfeitamente igual em todos os países.”
Segundo Maria Irma, do ponto de vista político, essa é uma má política linguística. “É importante respeitar as diferenças
no modo como as pessoas falam.”
(O Estado de São Paulo, 16 de maio de 2008)
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Introdução à Língua Portuguesa Unidade I
Acordo Ortográfico
Guia Prático
Porto Editora
Pós-Graduação a Distância
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Introdução à Língua Portuguesa Unidade I
Poucas línguas no mundo fazem uso de acento gráfico. O Português tem necessidade desse sinal por dois motivos principais:
identificar a sílaba tônica e a sonoridade (aberta, fechada ou nasal) da vogal. Os acentos podem ser os seguintes:
Circunflexo (^): para marcar a tonicidade da vogal a nasal (lâmpada, câncer, espontâneo), das vogais fechadas
e ou o (gênero, tênue, bônus, robô).
Til (~): para indicar a nasalidade em a e o (cristã, cristão, pães, cãibra; corações, põe(s), põem).
Sábado, ônibus, câmara, Chácara, árabe, cáustico, Cleópatra, esquálido, exército, hidráulico, líquido, míope, músico,
plástico, público, rústico, último.
Gramática da Língua Portuguesa I
Observações:
a) seguem essa regra as proparoxítonas eventuais, ou seja, as terminadas em ditongo crescente: ministério,
ofício, previdência, homogêneo, ambíguo, Ásia, Rondônia.
b) o novo acordo ortográfico passa a aceitar acento agudo ou circunflexo nas palavras proparoxítonas, reais ou
aparentes, cujas vogais e ou o seguidas de consoantes nasais grafadas m ou n, conforme o seu timbre aberto
ou fechado nas pronúncias: académico/acadêmico, anatómico/anatômico, cénico/cênico, cómodo/cômodo,
fenómeno/ fenômeno, género/gênero, topónimo/topônimo; Amazónia/Amazônia, António/Antônio, blasfémia/
blasfêmia, fémea/fêmea, gémeo/gêmeo, génio/gênio, ténue/tênue.
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Introdução à Língua Portuguesa Unidade I
Observações:
a) A regra de acentuar paroxítonas terminadas em i ou r não se aplica aos prefixos terminados nessas letras:
anti-, semi-, hemi-, arqui-, super-, hiper-, alter, inter- etc.
b) Atente para o fato de que a regra das paroxítonas terminadas em -en não se aplica ao plural dessas palavras
nem a outras com a terminação -ens: liquens, hifens, itens, homens, nuvens etc.
Observação:
As palavras tônicas que possuem apenas uma sílaba (monossílabos) terminadas em a, e e o seguem também essa
regra: pá, pé pó, (tu) dás, três, mês, (ele) pôs, má, más; assim também os monossílabos verbais seguidos de pronome:
dá-la, tê-lo, pô-la etc.
Ditongos abertos tônicos: os ditongos ei, eu, oi têm a primeira vogal acentuada graficamente quando forem abertos:
papéis, réis, mausoléu, céus, corrói, heróis. Com o acordo ortográfico, deixam de ser acentuadas as palavras paroxítonas
com esse ditongo na sílaba tônica.
Antes Acordo
Pós-Graduação a Distância
idéia ideia
jibóia jiboia
heróico heroico
a) Hiatos em i e u tônicos, com ou sem s, levam acento agudo quando não forem seguidos de nh, não repetirem
a vogal e não formarem sílaba com consoante que não seja o “s”: ensaísta, saída, juízes, país, baú(s), saúde,
21
Introdução à Língua Portuguesa Unidade I
reúne, amiúde, viúvo. No entanto, rainha (precede “nh”), xiita (repetição de vogal) e juiz (forma sílaba com
consoante que não seja o “s”) não recebem acento.
b) O acordo ortográfico retira o acento dos hiatos tônicos paroxítonos após ditongo: feiura, baiuca. Se o termo
não for paroxítono, o acento se mantém: Piauí.
Antes Acordo
vôo voo
enjôo enjoo
crêem creem
lêem leem
d) O acordo ortográfico não permite mais o acento na vogal “u” tônica dos encontros gue, gui, que, qui.
Antes Acordo
apazigúe apazigue
averigúe averigue
O acordo ortográfico altera significativamente a regra do acento diferencial. Antes do acordo, a regra valia para os
seguintes casos:
• têm (eles) para distingui-lo de tem (ele), e vêm (eles), distinto de vem (ele); (vale nos derivados: eles detêm,
provêm, distinto de detém, provém (ele);
tônicos
átonos
• têm (eles) para distingui-lo de tem (ele), e vêm (eles), distinto de vem (ele); (vale nos derivados: eles detêm,
provêm, distinto de detém, provém (ele);
Praticando
Acentue as palavras e justifique a regra.
1. Porem, jacare, sofa, pele, alguem, parabens, pa, pe, po, vovo, refens, te-lo, casa-lo.
Justificativa: __________________________________________________________________
2. Carater, lapis, juri, facil, tonus, fenix, medium, ima, orfã, biceps.
Justificativa: __________________________________________________________________
Justificativa: __________________________________________________________________
Justificativa: __________________________________________________________________
Justificativa: __________________________________________________________________
http://www.portrasdasletras.com.br/pdtl2/sub.php?op=gramatica/
docs/acentuacao
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Gramática da Língua Portuguesa I
24
Introdução à Língua Portuguesa Unidade I
Substantivo
É o nome de todos os seres que existem ou supomos existir: janela, muro, trabalho, Deus, alma.
Tipos de substantivo
Observações:
2. São substantivos abstratos aqueles que indicam ações (trabalho, casamento, ameaça) e estado ou qualidade
(riqueza, sonho, morte, inteligência, esperteza).
25
Introdução à Língua Portuguesa Unidade I
Os substantivos podem ser divididos em dois gêneros: masculino e feminino. A flexão de gênero ocorre de forma uniforme
ou biforme.
• Uniforme:
• Biforme:
Observações:
2. Personagem e usucapião são nomes femininos pela origem, porém já se encontram também como masculinos
em diversos dicionários.
3. As siglas que se usam como nomes próprios têm o gênero do nome inicial da locução. Assim Detran
(Departamento de Trânsito) é palavra masculina e Cica (Companhia Industrial de Conservas Alimentícias) é
palavra feminina.
Regral geral: substantivos terminados em vogal ou ditongo fazem o plural acrescentando-se –s ao singular: sala-salas,
amigo-amigos, pai-pais, lei-leis. Incluem-se na regra geral os substantivos terminados em vogal nasal representada pela
letra -m. Muda-se o –m por –n e acrescenta-se o –s: bem-bens, flautim-flautins, som-sons.
Regras especiais:
c) Todos os substantivos paroxítonos terminados em –ão e alguns oxítonos com a mesma terminação
simplesmente acrescentam o –s: bênção-bênçãos, órgão-órgãos, irmão-irmãos.
Observações:
1. Os monossílabos tônicos chão, grão, mão e vão fazem o plural com o –s.
2. Alguns substantivos finalizados em –ão aceitam diferentes formas: ermitão (ermitães, ermitãos ou ermitões),
vilão (vilãos ou vilões) etc.
26
Introdução à Língua Portuguesa Unidade I
Alguns substantivos cuja vogal tônica é “o” fechado, além de receberem o –s no plural, alteram também o “o”
fechado para aberto: corpo, fogo, imposto, jogo, tijolo etc. Isso recebe o nome de metafonia.
a) Os substantivos terminados em –r, –z e –n formam o plural acrescentando –es ao termo singular: mar-
mares, reitor-reitores, rapaz-rapazes, raiz-raízes, dólmen-dólmenes.
Observação: o plural de caráter é caracteres, com deslocamento da vogal tônica. Também alteram a vogal
tônica no plural os termos espécimem, Júpiter e Lúcifer: especímenes, Jupíteres e Lucíferes.
c) Os substantivos terminados em –al, –el, –ol e –ul alteram no plural o –l por –is: animal-animais, papel-papéis,
álcool-álcoois.
Excetuam-se os termos mal e cônsul: males e cônsules. Também o termo real constitui uma exceção, mas
atualmente aplicamos a regra geral: réis ou reais.
Tanto o substantivo primitivo como o sufixo vão para o plural: balãozinho – balõezinhos, florzinha –
florezinhas.
5. Substantivos de um só número.
Existem substantivos que são empregados apenas no plural: anais, fezes, primícias, óculos.
6. Substantivos compostos.
a) Quando o substantivo composto é formado por palavras que se unem sem o auxílio do hífen, forma o plural
como se fosse uma palavra só: pontapé-pontapés, vaivém-vaivéns.
b) Quando os termos se unem por hífen e são termos variáveis, os dois seguem para o plural: obra-prima –
obras-primas, couve-flor – couves-flores.
Pós-Graduação a Distância
c) Quando o primeiro termo do composto é verbo ou palavra invariável e o segundo é palavra variável, apenas
o segundo aceita o plural: guarda-chuva – guarda-chuvas, bate-boca – bate-bocas.
d) Quando os termos se ligam por preposição, só o primeiro aceita o plural: pé-de-moleque – pés-de-moleque.
e) Quando o segundo termo da expressão é um substantivo que funciona como determinante específico, apenas
o primeiro pode variar (mais culto) ou os dois sofrem variações (coloquial): salário-família – salários-família
ou salários-famílias.
27
Introdução à Língua Portuguesa Unidade I
f) Nas onomatopeias, apenas o último elemento sobre variação: o reco-reco – os reco-recos, o tique-taque – os
tique-taques.
Observações:
b) Existem substantivos que possuem uma só forma para singular ou plural: conta-gota, ourives, pires, porta-aviões,
oásis etc.
c) As siglas fazem o plural mediante o acréscimo de –s, sem o emprego de apóstrofo: IPVAs, CPIs.
Adjetivo
É a palavra que indica qualidade, defeito, estado, característica ou origem de um substantivo.
Tipos de adjetivo
Variações do adjetivo
Observações:
a) Os adjetivos compostos fazem o feminino com variação apenas do último termo: acordo luso-brasileiro, festa
luso-brasileira.
b) Os adjetivos compostos fazem o plural com variação apenas do último termo: política social-democrata, políticas
social-democratas.
28
Introdução à Língua Portuguesa Unidade I
c) Os adjetivos compostos indicadores de cor não variam quando um dos elementos é substantivo: carro
cor-de-rosa, carros cor-de-rosa. Da mesma forma, não ocorre variação com o termo simples: camisa cinza,
camisas cinza.
e) Alguns adjetivos compostos não sofrem qualquer variação no plural: azul-marinho, azul-celeste, furta-cor e
sem-sal.
g) É comum usar-se o adjetivo com valor de substantivo. Basta incluir um artigo antes dele: A bonita chegou.
Pronome
É a classe de palavra que substitui ou acompanha um substantivo. Ao substituir o substantivo, recebe o nome de pronome
substantivo. Ao substituir o adjetivo, recebe o nome de pronome adjetivo.
Pronome pessoal
Definição: como o próprio nome esclarece, este pronome está relacionado, geralmente, a pessoas. No entanto, designa
também coisas. Observe o quadro abaixo:
Oblíquos
Retos
Átonos Tônicos
eu me mim, comigo
tu te ti, contigo
ele, ela o, a, lhe, se si, consigo
nós nos nós, conosco
vós vos vós, convosco
eles, elas os, as, lhes, se si, consigo
Características:
3. A língua culta prefere “entre si” a “entre eles”, sempre que for possível a posposição do pronome mesmos.
Pós-Graduação a Distância
Caso o sujeito da construção não esteja na terceira pessoa do plural, usa-se “entre eles”.
4. O pronome oblíquo “o”, “a” e suas variações adquirem a forma “lo”, “la” e suas variações, quando posposto
a formas verbais terminadas em “r”, “s” e “z”.
29
Introdução à Língua Portuguesa Unidade I
Encontrar + o = encontrá-lo.
Fizemos + o = fizemo-la.
Fez + as = fê-las.
5. Se a forma verbal termina em som nasal, o pronome se transforma em “no” e suas variações, sem omissão
de letra.
Encontraram + o = encontraram-no.
6. Os pronomes tônicos “com nós” e “com vós” se usam apenas quando precedem palavra de ênfase.
7. Embora o pronome pessoal de caso reto exerça a função de sujeito, pode aparecer na função de complemento,
quando ao lado do pronome “todo” em construção na ordem indireta.
8. Os verbos pronominais não devem ser empregados com o pronome “se” indicando sujeito indeterminado.
9. Quando um mesmo pronome oblíquo está relacionado a dois ou mais verbos, deve-se usar o complemento
apenas junto ao primeiro.
10. Quando o pronome átono está na função de objeto direto e é seguido por aposto, este deve ser
preposicionado.
11. O pronome “nós” assume o papel de singular em duas situações: plural majestático ou plural de modéstia.
12. A contração de dois pronomes pessoais oblíquos em funções sintáticas diferentes pode ocorrer da seguinte
maneira:
Gramática da Língua Portuguesa I
Pronome possessivo
Definição: é o pronome que apresenta ideia de posse: meu, teu, seu, nosso, vosso, seus e variações.
30
Introdução à Língua Portuguesa Unidade I
Características:
2. os pronomes oblíquos átonos “me”, “te”, “nos”, “vos”, “lhe” (e variações) podem indicar posse, quando ligados
a substantivo e podem ser substituídos por pronome possessivo.
3. Antes de nomes que indicam partes do corpo, peças de vestuário e estados da razão não há necessidade de
possessivo quando se referem à própria pessoa a que se faz referência.
Aquela casa é minha (induz-se a pensar que tenho outras casas também).
Aquela casa é a minha (induz-se a pensar que é a minha única casa)
Pronomes demonstrativos
Definição: o pronome demonstrativo (este, esse, aquele – e variações) tem diversas funções dentro da construção: pode
indicar a pessoa do discurso, a relação a tempo, o referente adequado, retomar ou antecipar ideia presente no texto etc.
Características:
este, esta, isto: em relação a uma ideia que ainda aparecerá no texto (termo catafórico).
esse, essa, isso: em relação a uma ideia que já apareceu no texto (termo anafórico).
Não volte mais aqui. Era isso que eu queria lhe pedir.
31
Introdução à Língua Portuguesa Unidade I
Agora pela manhã chove, mas esta noite promete ser bonita (próxima noite).
Esta reunião de hoje à tarde será interessante (a reunião está próxima de ocorrer).
Hoje é quinta-feira e neste fim de semana viajarei. (próximo fim de semana).
Um dia você será capaz de entender o que ocorreu. Nesse dia, você me perdoará .
4. para diferenciar referentes citados anteriormente, usa-se “este, esta ou isto” para indicar o mais próximo ao
pronome e usa-se “aquele, aquela e aquilo” para indicar o mais distante.
O processo e o parecer já chegaram. Este (o parecer) está ótimo, mas aquele (o processo) ainda está
incompleto.
a) ao iniciar uma oração, desacompanhado de substantivo, que retoma ideia anterior e pode ser substituído
por “isso”, pode-se empregar “este, esse ou aquele”:
b) podem-se colocar os pronomes “este” ou “esse” e suas variações após o substantivo para indicar
Gramática da Língua Portuguesa I
ênfase:
Encontrei uma linda e inteligente mulher há alguns anos em Brasília, mulher esta (ou “essa”) que se tornou
minha esposa.
c) os pronomes “este, esse ou aquele – e variações”, quando contraídos com a preposição “de” e pospostos
a substantivos, devem ser empregados sempre no plural:
32
Introdução à Língua Portuguesa Unidade I
d) as palavras “o”, “próprio”, “semelhante” e “tal” – e variações – podem assumir papel de pronome “mesmo”,
demonstrativo.
Pronome indefinido
Invariáveis: algo, alguém, nada, ninguém, tudo, cada, outrem, que, quem.
Variáveis: algum, nenhum, todo, muito, pouco, certo, diverso, vário, outro, quanto, tanto, qual, qualquer, um (quando
isolado).
São locuções pronominais indefinidas: todo o mundo, cada um, cada qual, qualquer um, todo aquele que, seja qual for,
seja quem for, um ou outro, um e outro etc.
Características:
1. o pronome “cada” funciona sempre como adjetivo, não devendo ser usado como pronome substantivo.
2. embora muito empregado, é inadequado, segundo a norma culta, o uso de uma palavra negativa e os pronomes
indefinidos.
3. o plural “todos” e variações, quando aparecem antes de um nome, devem sempre estar acompanhados de
artigo. A regra não vale quando antecede outro pronome.
Pronome relativo
33
Introdução à Língua Portuguesa Unidade I
Características:
1. o pronome “que” pode se relacionar a coisa ou pessoa, mas só pode ocorrer quando precedido de preposição
monossilábica:
2. A preposição “sem” e “sob” devem ser usadas com o pronome “o qual” e suas variações.
O juiz perdeu a caneta sem a qual não conseguia escrever coisa alguma.
O sol sob o qual estamos está forte.
3. Quando ocorrerem dois termos anteriores ao pronome relativo e este produzir ambiguidade em relação a
qual referente está ligado, deve-se usar o pronome “que” para indicar o mais próximo e “o qual” – e suas
variações – para indicar o mais distante.
4. o pronome “quem” deve ser usado apenas relacionado a pessoas e antecedido por preposição.
6. o pronome relativo que exprime posse e se relaciona tanto com o termo anterior quanto com o posterior deve
ser representado por “cujo” e suas variações. Não existe “cujo o”, “cuja a” e “o cujo”. A única possibilidade
de ocorrer “a cuja” é quando se tratar de um “a” preposição.
8. “quando” funciona como pronome relativo sempre que antecedido por uma ideia de tempo e equivale a “em
que”.
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Introdução à Língua Portuguesa Unidade I
Praticando
1. Assinale a opção que completa adequadamente as lacunas da frase seguinte:
Os pesquisadores e o Governo frequentemente assumem posições distintas ante os problemas nacionais:
_______________ se preocupam com a fundamentação científica, enquanto ____________ se guia mais
pelos interesses políticos.
a) aqueles, este
b) esses, aquele
c) estes, esse
d) estes, aquele
e) aqueles, aquele
2. Usando os pronomes demonstrativos adequados, complete as lacunas do texto:
Por favor, passe ____________ caneta que está aí perto de você; _________ aqui não serve para
___________ desenhar.
a) aquela-esta-mim.
b) esta-esta-mim.
c) essa-esta-eu.
d) essa-essa-mim.
e) aquela-esta-eu.
3. Aponte a opção em que muito é pronome indefinido:
a) O soldado amarelo falava muito bem.
b) Havia muito bichinho ruim.
c) Fabiano era muito desconfiado.
d) Fabiano vacilava muito para tomar decisão.
e) Muito eficiente era o soldado amarelo.
4. Na frase: “Chegou Pedro, Maria e o seu filho dela”, o pronome possessivo está reforçado para:
Pós-Graduação a Distância
a) ênfase
b) elegância e estilo
c) figura de harmonia
d) clareza
e) n.d.a
35
Introdução à Língua Portuguesa Unidade I
5. Assinale a opção que apresenta o emprego correto do pronome, de acordo com a norma culta:
8. “Se é para ....... dizer o que penso, creio que a escolha se dará entre ....... .”
c) eu, mim e ti
c) Faltava-lhe experiência.
36
Introdução à Língua Portuguesa Unidade I
11. Assinale o item em que há erro quanto ao emprego dos pronomes se, si ou consigo:
Enviamos-lhes o presente.
Mandamos-as saírem.
Verbo
Flexão de modo: indica a maneira como o fato se realiza: indicativo, subjuntivo ou imperativo.
Flexão de tempo: indica o momento em que se realiza o fato: presente, pretérito ou futuro.
37
Introdução à Língua Portuguesa Unidade I
Tempo verbal
1. presente do indicativo: indica um fato real situado no momento ou época em que se fala;
2. presente do subjuntivo: indica um fato provável, duvidoso ou hipotético situado no momento ou época em que se
fala;
3. pretérito perfeito do indicativo: indica um fato real cuja ação foi iniciada e concluída no passado;
4. pretérito imperfeito do indicativo: indica um fato real cuja ação foi iniciada no passado, mas não foi concluída ou
era uma ação costumeira no passado;
5. pretérito imperfeito do subjuntivo: indica um fato provável, duvidoso ou hipotético cuja ação foi iniciada mas não
concluída no passado;
6. pretérito mais-que-perfeito do indicativo: indica um fato real cuja ação é anterior a outra ação já passada;
7. futuro do presente do indicativo: indica um fato real situado em momento ou época vindoura;
8. futuro do pretérito do indicativo: indica um fato possível, hipotético, situado num momento futuro, mas ligado a
um momento passado;
9. futuro do subjuntivo: indica um fato provável, duvidoso, hipotético, situado num momento ou época futura;
Os chamados tempos simples podem ser primitivos (presente e pretérito perfeito do indicativo e o infinitivo impessoal)
e derivados:
pretérito imperfeito do indicativo: TEMA do presente + VA (1ª conj.) ou IA (2ª e 3ª conj.) + Desinência número
pessoal (DNP);
presente do subjuntivo: RAD da 1ª pessoa singular do presente + E (1ª conj.) ou A (2ª e 3ª conj.) + DNP;
38
Introdução à Língua Portuguesa Unidade I
Os verbos em -ear têm duplo “e” em vez de “ei” na 1ª pessoa do plural (passeio, mas passeemos).
imperativo negativo (todo derivado do presente do subjuntivo) e imperativo afirmativo (as 2ª pessoas vêm do presente
do indicativo sem S, as demais também vêm do presente do subjuntivo).
Voz verbal
Lucas cortou-se.
Observações:
a) A voz recíproca pertence à voz reflexiva. Ocorre quando um sujeito faz ação para outro sujeito: Lucas e Isabela
beijaram-se.
b) Alguns verbos usados em sentido denotativo (nascer, morrer, viver, dormir, acordar, sonhar etc) não possuem
voz verbal, porque não há relação de agente ou paciente com o verbo.
c) Algumas construções podem confundir o estudante. Em “João levou uma surra”, temos um verbo com sentido
passivo, mas não existe no caso voz passiva. Voz passiva não aceita objeto direto. No caso, o sujeito é
classificado como “em passividade”.
d) Apenas verbos com objeto direto na ativa aceitam a transformação da oração em voz passiva. A voz passiva
não aceita objeto direto, mas obrigatoriamente pede um verbo transitivo direto na ativa.
Locução verbal
É o conjunto verbo auxiliar + verbo principal (no gerúndio ou no infinitivo). Em análise sintática, a locução verbal
corresponde a apenas um verbo.
Quando o infinitivo pode ser transformado em uma oração, não temos aí locução verbal. Observe:
39
Introdução à Língua Portuguesa Unidade I
O tempo composto traz sempre um verbo principal e um verbo no particípio. A locução verbal tem o verbo principal no
gerúndio ou no infinitivo.
Formas rizotônicas são aquelas com a vogal tônica no radical. Formas arrizotônicas são aquelas com a vogal tônica fora
do radical.
Praticando
1. A forma correta do verbo submeter-se, na primeira pessoa do plural do imperativo afirmativo é:
a) submetamo-nos
b) submeta-se
c) submete-te
d) submetei-vos
4. Não se deixe dominar pela solidão. __________ a vida que há nas formas da natureza, __________
atenção à transbordante linguagem das coisas e __________ o mundo pelo qual transita distraído.
a) Descobre – presta – vê
b) Descubra – presta – vê
c) Descubra – preste – veja
d) Descubra – presta – veja
40
Introdução à Língua Portuguesa Unidade I
8. Se o __________ por perto, _________; ele _________ o esforço construtivo de qualquer pessoa.
a) veres – precavenha-se – obstrue
b) vires – precavém-te – obstrui
c) veres – acautela-te – obstrui
d) vires – acautela-te – obstrui
10. Os habitantes da ilha acreditam que, quando Jesus __________ e __________ todos em paz, haverá
de abençoá-los.
a) vier – os ver
b) vir – os ver
c) vier – os vir
d) vier – lhes vir
41
Introdução à Língua Portuguesa Unidade I
Pode-se identificar o significado de algumas palavras por meio de seus elementos estruturadores. Assim, o
conhecimento de palavras cognatas auxilia não só na delimitação dos elementos mórficos, mas também na
descoberta do significado de um vocábulo desconhecido.
Aqui seguem algumas palavras com seus elementos formadores e sua significação. Entretanto, a quantidade
de prefixos, sufixos e radicais é grande e seus significados também múltiplos, merecendo um estudo mais
aprofundado. Veja alguns exemplo com prefixos retirados do site: http://www.graudez.com.br/portugues/
ch03s02.html.
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/classes-de-palavras
Gramática da Língua Portuguesa I
http://www.educacaopublica.rj.gov.br/oficinas/lportuguesa/index.html
http://www.filologia.org.br/viiicnlf/resumos/modernaperspectiva.htm
42
Aspectos Gramaticais e Semânticos Unidade II Unidade II
Crase é a fusão de duas vogais em uma só. Embora exista na versificação literária a crase poética, nosso interesse será
apenas a contração indicada pelo acento grave.
Casos em que ocorre a fusão da preposição “a” com:
1. O artigo feminino “a” ou “as”.
Fiz referência a + a revista = Fiz referência à revista.
prep.+ art.
43
Aspectos Gramaticais e Semânticos Unidade II
Observações:
b) Em relação à crase nas locuções adverbiais, há divergência entre alguns gramáticos; porem há consenso nos casos
em que possa haver ambiguidade:
Observação: É comum o aluno encontrar certa dúvida no uso do acento grave antes de “que”. Procure substituir a
expressão por “a aquela que” ou “a aquelas que”.
Ocorrerá crase e, portanto, acento grave, se houver necessidade do artigo “a” para a localidade.
Vou a Brasília.
Venho de Brasília.
Observe que não ocorreu crase, pois “Brasília” não pede o artigo “a”.
Vou à Bahia.
Venho da Bahia.
A ocorrência do acento grave dependerá se a palavra, no contexto, solicitará ou não a presença do artigo “a”.
Vou a casa.
Venho de casa.
A palavra “terra” em nossa língua pode representar, dependendo do contexto, sentidos diversos: terra firme (oposto
de água); determinado lugar; o planeta; e, finalmente, o solo. Nos três últimos casos, a regra a ser observada é a
geral. No primeiro caso, no entanto, não ocorre crase pois o vocábulo não pede o artigo “a”.
A locução adverbial “a distância” não recebe o acento grave quando não estiver determinada.
Observação:
Crase facultativa
1. Nomes de mulheres.
45
Aspectos Gramaticais e Semânticos Unidade II
Observações:
a) Quando o nome aparecer determinado por uma qualidade ou característica, o artigo será obrigatório.
3. Expressão “até”
Praticando
1. Ela estava ..... disposição e pediu ...... todos que ....... ouvissem com atenção.
a) a–a–à
b) à–à–à
d) a–à–a
Gramática da Língua Portuguesa I
c) à–a–a
e) à–a–à
a) a–a
b) há – há
c) a – há
d) à – há
e) há – a
46
Aspectos Gramaticais e Semânticos Unidade II
3. Diga ..... elas que estejam daqui ..... pouco ..... entrada principal.
a) à – há – a
b) à–a–a
c) a – há – à
d) a–a–à
e) a–a–a
4. Peço ..... Vossa Senhoria ..... solução ...... respeito do problema ocorrido.
a) à–a–à
b) à–a–a
c) a – a- à
d) a–a–a
e) à–à–a
5. Informe ..... todos que o diretor não autorizou ....... medida, pois não foi encaminhada corretamente .....
diretoria.
a) a – a – a
b) à – à – a
c) a – à – a
d) à – a – à
e) a – a – à
6. Informe ..... secretaria que o relatório chegou e solicite ..... encarregada o código do arquivo ..... que se
deve juntar.
a) a–a–a
b) a–à–à
c) à–a–à
d) à–à–à
e) à–à–a
a) Trata-se de uma tradição há muito inserida nas práticas legislativas do País e que não deve estar condicionada
à deliberação do plenário.
b) A publicação constitui a forma pela qual se dá ciência da promulgação da lei à sociedade
c) O presidente vai à sala de reuniões às oito horas dar as informações à todos.
d) Com respeito às questões operacionais colocadas pela necessidade de divulgação das leis, é preciso avaliar
os custos de implantação de novos parques gráficos.
e) Andava à toa pelas ruas, à procura de fictícios amigos.
Pós-Graduação a Distância
47
Aspectos Gramaticais e Semânticos Unidade II
10. Afeito ..... solidão, esquivava-se ..... comparecer ..... comemorações sociais.
a) à–a–a
b) à–à–a
c) à–a–à
d) a–à–a
e) a–a–à
http://www.brasilescola.com/gramatica/crase.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Crase
Gramática da Língua Portuguesa I
48
Aspectos Gramaticais e Semânticos Unidade II
O vocabulário da língua sofre constante influência de outras línguas e da criatividade do próprio povo. Assim, nosso
idioma reflete o dinamismo presente e importante. Novas palavras nascem a todo momento. É impossível imaginar a
comunicação diária sem os vocábulos apartamento, assassinato, avenida, bicicleta, chance, elite, envelope, restaurante
(de origem francesa) ou bar, bife, clube, esporte, futebol, lanche, pudim, repórter, revólver, teste (origem inglesa). Outras
são frutos da imaginação e do sentido figurado: mensalão, arrastão etc.
A estrutura da palavra
Os elementos que compõem uma palavra chamam-se morfemas ou elementos mórficos. Esses morfemas podem ser lexicais
ou gramaticais. Os lexicais contêm o sentido básico da palavra e os gramaticais indicam noções puramente gramaticais,
isto é, gênero, número, pessoa, modo, tempo. Assim, em “bela” o morfema lexical é bel-. O “a” é morfema gramatical,
já que designa o gênero. As palavras que apresentam o mesmo morfema lexical (radical) são chamadas cognatas e
pertencem à mesma família etimológica.
Radical: é o elemento básico da palavra, responsável por sua significação primária. A ele podem ser acrescidos outros
elementos mórficos.
Vogal temática: é vogal que acrescenta ao radical para formar o tema. Serve de base para o acréscimo de desinências.
Aparece em nomes (substantivos e adjetivos), em pronomes e em verbos.
49
Aspectos Gramaticais e Semânticos Unidade II
O verbo “pôr” e seus derivados não apresentam esse elemento. Antigamente a forma do verbo “pôr” era “poer”, por isso
pertence à 2a conjugação. Em algumas formas (põe, pões, põem), ainda pode ser encontrada a vogal temática.
Nos nomes, aparece em derivados de verbos (por exemplo: pensamento) e em substantivos e adjetivos terminados em
-a, -e, -o átonos (casa, dente, livro). Os nomes terminados em vogal tônica não apresentam vogal temática (sofá, urubu,
dendê). Nos nomes terminados em consoante, ela aparece apenas no plural (mares).
Exemplos: pedra (radical: pedr; vogal temática: a); amar (radical: am-; vogal temática: a; tema: ama).
Desinência: são elementos de valor gramatical que aparecem no final da palavra. As desinências podem ser:
Afixos: são elementos de valor gramatical que se juntam ao radical, modificando seu significado. Podem ser prefixos
(aparecem antes do radical) ou sufixos (ocorrem depois do radical).
Exemplos: infeliz (prefixo in-); desleal (prefixo des-); lealdade (sufixo –dade); utilizar (sufixo –izar).
Vogais e consoantes de ligação: são fonemas que não têm valor significativo, apenas facilitam a pronúncia das
palavras.
Derivação
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Aspectos Gramaticais e Semânticos Unidade II
4. Regressiva: como o nome afirma, é a redação de uma palavra. Ocorre principalmente com substantivos
abstratos derivados de verbo: luta (lutar), atraso (atrasar), venda (vender), combate (combater), ataque (atacar),
desprezo (desprezar). Existem alguns casos em que o substantivo concreto deriva regressivamente de outro
substantivo: boteco (botequim), sarampo (sarampão), burro (burrico), aço (aceiro), bença (bênção), malandro
(malandrim), espora (esporão), transa (transação).
5. Imprópria: consiste na mudança da classe gramatical da palavra: Foi um comício monstro (o substantivo passa
a adjetivo). O viver é difícil (o verbo passa a substantivo). Eles falavam alto (o adjetivo passa a advérbio).
Misericórdia! (o substantivo passa a interjeição).
6. Prefixal e sufixal: é feita com o emprego de prefixo e sufixo, mas a inclusão não é simultânea: deslealdade,
infelizmente, ilegalidade, desconhecimento, desanimado. Alguns gramáticos a consideram também com o nome
de progressiva. Cuidado para não confundir com a parassintética. Na progressiva, sempre se consegue retirar
ou o prefixo ou o sufixo. Na parassintética, não.
Composição
É a união de duas ou mais palavras que formam uma nova. Divide-se em:
1. Justaposição: unem-se palavras sem qualquer alteração no som original: beija-flor, guarda-chuva, amor-
perfeito, madrepérola, pontapé, passatempo.
2. Aglutinação: unem-se palavras com alteração no som original: planalto (plano + alto), embora (em boa hora),
carroça (carro da roça), outrora (outra + hora), aguardente (água + ardente), fidalgo (filho de algo).
Onomatopeia
É a palavra que reproduz ou procura reproduzir sons: reco-reco, tique-taque, bem-te-vi, tlintlim, pingue-pongue, tilintar.
Abreviação
É a redução de uma palavra desde que não interfira na compreensão: moto (motocicleta), pneu (pneumático), foto
(fotografia), auto (automóvel), cine (cinema/cinematógrafo).
Hibridismo
É a união de palavras cujos radicais provêm de línguas diferentes: automóvel (Grego + Latim), televisão (Grego + Português),
burocracia (Francês + Grego), alcoômetro (Árabe + Grego), zincografia (Alemão + Grego).
Praticando
Pós-Graduação a Distância
a) desventura/vice-rei/tragicômico
b) histórica/auriverde/supra-renal
c) prosaico/corpulento/contrapeso
d) inquisitorial/emigrar/pernilongo
e) esforço/reavaliar/sempre-viva
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Aspectos Gramaticais e Semânticos Unidade II
2. Assinale a opção em que se faz a análise CORRETA dos elementos mórficos, em maiúsculo:
I. É bom lembrar que os CÉSARES contemporâneos vêm efetivamente tentando impor uma ruptura conservadora
diante de grave impasse socioeconômico.
II. Os críticos, mesmo os mais autorizados, refugiam-se, superficialmente, em considerações de moral política
(FISIOLOGISMO, oportunismo, narcisismo, ilegitimidade...).
III. A laranja ajuda a regular o metabolismo e a combater a anemia. Muita gente DESCONFIA do valor nutritivo
do suco pronto para beber em comparação com a laranja espremida na hora.
IV. Sabemos que Minas, Paraná e São Paulo, os Estados que levaram mais a sério o DESAFIO de melhorar suas
escolas primárias, são justamente aqueles que estão disparando na frente.
5. Ao crítico deu ele o RONROM. O processo pela qual se formou a palavra grifada:
a) derivação prefixial
b) derivação parassintética
c) derivação regressiva
d) composição por aglutinação
Gramática da Língua Portuguesa I
e) onomatopeia
6. Assinale a alternativa em que NEM TODAS as palavras apresentem sufixo de grau diminutivo:
a) poemeto, maleta
b) rapazola, bandeirola
c) viela, ruela
d) lugarejo, vilarejo
e) menininho, carinho
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Aspectos Gramaticais e Semânticos Unidade II
7. O valor semântico de DES-NÃO coincide com o do par centralização/ DEScentralização apenas em:
b) “Belo, belo, que vou para o Céu...” – e se soltou, para voar: descaiu foi lá de riba, no chão muito se machucou.
c) Enquanto isso ele ficava ali em Casa, em certo repouso, até a saúde de tudo se desameaçar.
d) A despoluição do rio Tietê é um repto urgente aos políticos e à população de São Paulo.
e) O governo de Israel decidiu desbloquear metade da renda de arrecadação fiscal que Israel devia à Autoridade
Nacional Palestina.
8. Assinale a alternativa em que foi corretamente utilizada a palavra da mesma família ou de PRESCRIÇÕES,
ou de PROSCRITO.
a) Repousei, tomei os remédios que o médico PROSCREVEU, e logo minha obediência foi recompensada: recebi
alta e pude voltar ao futebolzinho no quintal.
b) A lei PRESCREVE a pena de morte para o delito de que eu o incriminei; espero que seja cumprida, pois assim
me apossarei de toda a sua fortuna.
c) A volta do PRESCRITO agitou a pequena cidadezinha do velho oeste; quereria ele vingar-se dos seus inimigos?
d) A PROSCRIÇÃO do padre confessor me apavorou: eu teria de rezar mil pais-nossos, mil ave-marias e quinhentos
credos, além de acender uma vela para cada vez que estivera com a vizinha.
e) O casamento não está de todo PRESCRITO de nossa tribo, mas é inegável que ele contraria o que ordena nosso
guru: “Amem fisicamente a todos que puderem”.
9. As palavras molheira, saleiro e sujeira são formadas pela adição de um mesmo sufixo ao radical. Assinale
a alternativa que NÃO apresenta o mesmo sufixo.
a) Roupeiro
b) Queira
c) Mosquiteiro
d) Fofoqueira
e) Lixeira
a. circunlóquio
b. ambivalência
c. contradizer
Pós-Graduação a Distância
d. adjacente
e. transporte
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Aspectos Gramaticais e Semânticos Unidade II
Gabriel Perissé
O passado é aquilo que não passa. É aquilo que permanece registrado pelas palavras e, sobretudo, no corpo
das palavras.
A etimologia, ciência auxiliar da filosofia e da reflexão literária, mostra-nos a consistência de cada palavra e
nos ajuda, como diria Clarice Lispector, a espanar a poeira que se acumula sobre a linguagem, e a desvirtua.
O uso banalizador da linguagem torna-a opaca, anêmica, vazia, insossa, inútil convenção a que obedecemos sem
refletir. Mas quando a estudamos etimologicamente, vislumbramos coincidências e explicações. As palavras
se rejuvenescem e brilham diante de nós.
Lendo a sua história, descobrimos se o que as palavras dizem é de fato o que desejamos dizer, e aprendemos
como é necessário limpar nossos olhos para vê-las de novo, percorrer o caminho que nos leva às suas origens,
adivinhar (adivinhar é dom divino...) como tudo começou.
Muitas das nossas desorientações se devem ao fato de não procurarmos o oriente, lugar onde nasce o sol da
verdade, o étimo da palavra. Seríamos mais originais se nos guiássemos pelo sentido primeiro das expressões
cotidianas. Lemos o jornal, ouvimos notícias, mas as palavras lidas e ouvidas permanecem neutralizadas pela
rotina ou por nossa cegueira. Daí a importância do colírio etimológico!
A etimologia revê a palavra em sua radicalidade, denunciando falsas interpretações, desempoeirando séculos
de mal-entendidos.
“Candidato”, por exemplo, é uma palavra que, desgastada pelo uso, traz em si uma verdade que vale a pena
recuperar. Vem do latim candidatus, isto é, vestido de branco (candidus). Na antiguidade, aquele que disputava
um cargo público e precisava angariar votos, vestia-se de branco para simbolizar sua pureza. É lógico, portanto,
que exijamos de um candidato ou candidata que a sua vida, e não apenas as suas roupas, estejam limpas!
Outra palavra do âmbito político: demagogo. Dêmós, em grego, é povo. Demografia é o estudo estatístico das
populações. Já a partícula agogós significa “aquele que conduz”. A função do pedagogo, por exemplo, era
levar o aluno à escola. Chamava-se demagogo, portanto, quem conduzia o povo. Demagogo era o líder popular
em quem se depositavam as esperanças de uma nação. Com o tempo (e com os abusos), a palavra adquiriu
conotação negativa, mas o certo mesmo seria votarmos em nossos mais competentes demagogos!
http://latim.blogspot.com/2005/02/importncia-da-etimologia.html
http://www.etymonline.com/index.php?l=a
www.marcelopaiva.com.br
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Aspectos Gramaticais e Semânticos Unidade II
Capítulo 7 – Semântica I
“Uns, com os olhos postos no passado, veem o que não veem; outros,
fitos os mesmos olhos no futuro, vêem o que não pode ver-se”
Fernando Pessoa
Sinonímia: relação de significados iguais ou semelhantes entre termos de nosso idioma: próximo e perto; bonito e lindo,
cômico e engraçado. Dentro de uma contexto, deve-se observar se a alteração de vocábulos altera ou não o sentido do
texto original.
Antonímia: relação de significados opostos, contrários: perto e longe; bonito e feio; bom e ruim.
Homonímia: palavras que possuem som e(ou) grafia idênticos. Dividem-se em:
• Homógrafas: palavras iguais na escrita e diferentes na pronúncia. Exemplos: gosto (substantivo) – gosto / (1a pessoa
singular presente indicativo do verbo gostar) / conserto (substantivo) – conserto (1a pessoa singular presente
indicativo do verbo consertar);
• Homófonas: palavras iguais na pronúncia e diferentes na escrita. Exemplos: cela (substantivo) – sela (verbo)/
cessão (substantivo) – sessão (substantivo)/cerrar (verbo) – serrar (verbo);
Pós-Graduação a Distância
• Perfeitas: palavras iguais na pronúncia e na escrita. Exemplos: cura (verbo) – cura (substantivo)/verão
(verbo) – verão (substantivo)/cedo (verbo) – cedo (advérbio);
Paronímia: palavras parecidas, mas com significados diferentes: absolver e absorver; comprimento e cumprimento;
despercebido (não notado) e desapercebido (desacautelado); descrição e discrição.
Polissemia: palavras que possem diferentes significados dependendo do contexto: manga, vara, carteira.
Denotação: palavra empregada em seu sentido de dicionário: comprei uma joia para minha namorada.
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Aspectos Gramaticais e Semânticos Unidade II
Dúvidas comuns
A cerca de/acerca de/há cerca de
A cerca de significa a uma distância de: Belo Horizonte fica a cerca de setecentos quilômetros de Brasília.
Há cerca de significa faz aproximadamente: Há cerca de duas semanas, o processo foi protocolado.
A fim de/afim de
A fim de é locução prepositiva. Indica finalidade e equivale a para: Estamos aqui a fim de trabalhar.
Afim/afins são adjetivos e referem-se ao que apresenta afinidade, parentesco: Ele se tornou inelegível por ser parente
afim do prefeito.
À medida que é locução proporcional e significa à proporção que, ao passo que, conforme: A opinião popular mudava à
medida que se aproximava a eleição.
Na medida em que é locução causal e significa porque, porquanto, uma vez que, pelo fato de que: Na medida em que
foi constatada a sua inconstitucionalidade, o projeto foi arquivado.
A partir de
Emprega-se no sentido de a começar, a datar de: Esta lei entra em vigor a partir da data de sua publicação. No sentido de
com base em, prefira considerando, baseando-se em, tomando-se por base: Os estudos foram feitos considerando
as leis vigentes.
A princípio – em princípio
A princípio não gostei da cidade, porém com o tempo passei a me adaptar muito bem.
Ela a princípio não gostava do namorado.
O campeonato ainda não terminou. Em princípio o São Paulo será campeão novamente.
A princípio, ele agiu sem maldade. = No início, ele agiu sem maldade.
Em princípio, ele agiu sem maldade. = Teoricamente, ele agiu sem maldade.
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Aspectos Gramaticais e Semânticos Unidade II
Abaixo-assinado/abaixo assinado
Abaixo-assinado refere-se a documento particular assinado por várias pessoas, contendo reivindicação, pedido,
manifestação de protesto ou de solidariedade: Sugeriu um abaixo-assinado para solicitar a permanência do diretor no
cargo.
Abaixo assinado refere-se a pessoa que assina abaixo: O candidato, abaixo assinado, requer...
Ao encontro de/de encontro a
Ao encontro de significa em busca de, em favor de, encontrar-se com, corresponder ao desejo de: Houve entendimento,
pois a opinião da maior parte dos estudantes ia ao encontro das propostas da direção.
De encontro a significa oposição, contra, em contradição: Houve divergência, pois a opinião da maior parte dos estudantes
ia de encontro às propostas da direção.
Ao invés de/em vez de
Ao invés de significa ao contrário de e encerra a ideia de oposição: Os juros, ao invés de baixarem, sobem.
Em vez de significa em lugar de, e encerra a ideia de substituição: Estudou Direito Penal em vez de Direito Constitucional.
Em caso de dúvida, use em vez de.
Ao nível de/em nível (de)
No sentido de nessa instância, usa-se em nível (de): Isto ocorreu em nível ministerial ou em nível de ministério.
Ao nível de é usado no sentido de à mesma altura: A cidade de Santos está ao nível do mar.
A expressão a nível de constitui modismo e não deve ser usada.
Através de/por meio de
No sentido de meio ou instrumento, use por, mediante, por meio de, por intermédio de: O réu pronunciou-se por
meio de advogado.
A locução prepositiva através de deve ser usada como significado de um lado para outro, de lado a lado, por entre, no
decurso de: Via as pessoas na rua através da janela.
Demais/de mais
Demais é advérbio e significa em demasia ou excesso: Trabalhou demais. Está bom demais. Pode ser ainda pronome
indefinido: Os demais permaneceram sentados.
De mais opõe-se a de menos: Ganhou dinheiro de mais.
Demais pode também ser conjunção explicativa e significa além disso. Nesse sentido também se empregam as
formas ademais, ao demais, de mais a mais e demais disso: Demais disso, espera-se o uso correto da urna
eletrônica.
Pós-Graduação a Distância
Dentre/entre
Dentre é a combinação das preposições de e entre e significa do meio de. Emprega-se quando há exigência das duas
preposições, o que ocorre com verbos como tirar, sair, surgir: Dentre os processos, tirou apenas um. Dentre os
candidatos, saiu vitorioso o mais comunicativo. Mais uma irregularidade surgiu dentre as inúmeras já constatadas.
Nos demais casos, empregue entre: Entre as autoridades estava o presidente da República. Ele é o mais carismático
entre os líderes.
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Aspectos Gramaticais e Semânticos Unidade II
Eminente/iminente
Eminente significa elevado, nobre, sublime: O eminente líder apresentou sua defesa.
Enquanto
a) quando, no tempo em que, durante o tempo que: Permaneci naquele emprego enquanto era útil à empresa;
b) à medida que, à proporção que: Enquanto se apuravam os votos, a vitória ficava mais certa;
c) ao passo que: Você se saiu bem nos exames, enquanto eu me saí mal. O emprego da partícula que seguida à
conjunção enquanto torna-se excessivo, por isso deve ser evitado.
A expressão face a, embora muito comum, não é dicionarizada. Assim sendo, empregue em face de, que significa perante,
defronte, em frente de, diante de, em virtude de: Adoto este parecer em face da jurisprudência. Não se admite também
o emprego da expressão em face a, entretanto existe fazer face a, significando opor-se, custear, suprir: Trabalhou muito
para fazer face às despesas do curso.
Há/a
Há (verbo haver) significa existir, fazer (= tempo decorrido), realizar-se, acontecer: Voto em Brasília há (faz) dois anos.
Há (existem) muitos eleitores nesta seção eleitoral. Há (realizam-se) reuniões semanais.
Haja vista
A expressão haja vista é invariável e significa veja: Haja vista os exemplos já mencionados.
Insipiente/incipiente
Insipiente significa ignorante, insensato, imprudente: O homem insipiente não conhece os seus próprios direitos.
Incipiente significa que está no começo, principiante: Lançada a semente, a terra revolvida facilita a vida incipiente
das plantas.
Junto a
Gramática da Língua Portuguesa I
A locução junto a deve ser empregada no sentido de ao lado de, perto de, adido a: O segurança posicionou-se junto
ao réu. O embaixador brasileiro junto a Portugal será homenageado. Nos demais empregos, usa-se a preposição que o
verbo pedir: O sindicato mantém as negociações com (e não junto a) a diretoria. Solicitou providências do (e não junto
ao) ministério. Entrou com recurso no (e não junto ao) TSE.
Empregam-se as formas mais bem e mais mal antes de particípio: O processo estava mais bem instruído do que se
esperava. Este parecer está mais mal redigido que o outro.
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Aspectos Gramaticais e Semânticos Unidade II
Melhor e pior empregam-se como formas comparativas dos advérbios bem e mal e dos adjetivos bom e mau: Escreve
melhor (advérbio) do que fala. O melhor (adjetivo) currículo será escolhido.
Mandato/mandado
Mandato significa procuração, delegação, missão, ordem de superior para inferior, poderes políticos outorgados pelo
povo a alguém para governar nação, estado ou município ou representá-lo no Legislativo: O deputado não concluiu o seu
mandato.
Mandado, como substantivo, quer dizer incumbência, mandamento, ordem emanada de autoridade judicial ou
administrativa: O oficial de justiça apresentou-lhe o mandado de prisão.
Mesmo(s)/mesma(s)
a) pronome demonstrativo, quando tem o sentido de idêntico, em pessoa: Tinha o mesmo jeito de sempre. Ela
mesma foi à delegacia;
c) advérbio, equivalendo a exatamente, justamente, até, ainda, realmente, verdadeiramente: Mesmo os advogados
discordaram da sentença. Trabalhou muito mesmo.
Constitui erro o uso do demonstrativo mesmo em substituição a outro tipo de pronome ou a um substantivo:
a) O ministro pediu vista do processo, pois o mesmo precisava analisar melhor a questão. (Neste caso, omita o
mesmo.)
b) Vou ao gabinete do chefe e com o mesmo tratarei desse assunto. (Neste caso, substitua o mesmo por ele.)
c) O processo foi analisado por dois juristas e os mesmos conhecem profundamente o assunto. (Neste caso,
substitua e os mesmos por que.)
Onde/aonde/donde
Onde, como advérbio interrogativo, significa em que lugar, em qual lugar. Usa-se em referência a situação estática: O
eleitor vota onde? O eleitor vota na zona eleitoral.
Aonde (a+onde) significa a que lugar, lugar a que ou ao qual. Usa-se em referência a situação dinâmica e com verbos
que pedem a preposição a, como ir a, chegar a: Ele foi aonde? Ele foi ao tribunal.
Donde (de+onde) significa de qual lugar, de que lugar, daí. É usado para indicar situações de procedência, origem, causa,
conclusão. A forma de onde também é correta: As reclamações vieram donde? (ou de onde?)
a) em frases interrogativas diretas e indiretas, pois o que é pronome interrogativo equivalente a qual, qual
razão, qual motivo e flexões: Por que (por qual) maneira o identificaram? Por que (por qual) motivo não
houve votação?;
b) quando equivale a pelo qual e suas variações: Esse é o motivo por que (pelo qual) foi advertido.
Desconhecemos as razões por que (pelas quais) o processo foi arquivado;
59
Aspectos Gramaticais e Semânticos Unidade II
c) em construções em que o por é regido por verbo, substantivo ou adjetivo e o que é conjunção integrante,
equivalendo a para que: Ansiavam por que houvesse melhoria salarial. Estávamos esperançosos por que
a reforma fosse logo promulgada.
2. Emprega-se por quê no final de frases: A sessão não se realizou, por quê? Está alegre e não sabe por quê.
3. Emprega-se porque quando conjunção: Prepare-se porque as eleições estão chegando. O processo foi arquivado
porque não havia provas.
4. Emprega-se porquê quando substantivado e equivalente a causa, motivo, razão: Sabendo um porquê do caso,
saberemos todos os porquês.
Se não/senão
Emprega-se:
a) se não quando se é conjunção e inicia oração subordinada condicional, equivalendo a caso não, quando não: O
acusado, se não (caso não) comparecer, será prejudicado. São problemas que, se não (quando não) resolvidos,
complicam a situação;
b) senão quando esta palavra equivale a exceto, salvo, a não ser, de outro modo, do contrário, mas, mas sim, mas
também: Esta eficácia não se opera unicamente em favor do eleitor, senão (a não ser) também dos partidos.
Confessa, senão (do contrário) serás preso.
Tampouco/tão pouco
Tampouco é advérbio de sentido negativo e significa também não, nem sequer. Por isso dispensa o acompanhamento
da partícula nem: Não compareceu à sessão eleitoral, tampouco se justificou.
Em tão pouco, o advérbio tão modifica a palavra pouco, que pode ser advérbio ou pronome indefinido: Argumentou tão
pouco (advérbio) que não convenceu os eleitores. Revelou tão pouco (pronome indefinido) interesse pelo assunto. Como
pronome indefinido, pouco flexiona-se concordando com o substantivo a que se refere: Tomou tão poucas decisões.
Vultosa/vultuosa
Vultosa é da família etimológica de vulto (volume) e significa volumosa, grande, robusta: Vendeu o terreno por vultosa
soma.
Vultuosa é da família de vultuosidade (estado de inchação do rosto, particularmente dos lábios e dos olhos): A face
vultuosa do homem chamava a atenção das pessoas.
Gramática da Língua Portuguesa I
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Aspectos Gramaticais e Semânticos Unidade II
Praticando
Indique a opção destacada correta (algumas opções podem apresentar as duas corretas).
3. A princípio/Em princípio não gostei da cidade, porém com o tempo passei a me adaptar muito bem.
11. O relatório não ficou pronto, haja visto/haja vista o prazo curto solicitado.
23. Face à/Em face de nova legislação, não haverá mais feriado.
61
Aspectos Gramaticais e Semânticos Unidade II
24. Não concordo. As ideias vêm de encontro aos/ao encontro dos meus interesses.
27. Tudo foi concluído no prazo, haja visto/haja vista o esforço de todos.
32. Ele deve voltar, uma vez que haviam/havia dúvidas sobre o caso.
33. A princípio/Em princípio, ele não gostou do livro, mas depois adorou.
36. Todos sabem que você realizou um mau/mal negócio naquele dia.
37. Minha irmã não sabe falar inglês, tampouco/tão pouco meu irmão.
40. Ela concordou. Sua opinião veio de encontro à/ao encontro da minha.
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Aspectos Gramaticais e Semânticos Unidade II
52. Ele foi considerado melhor preparado/ mais bem preparado para a função.
61. Concordo com tudo, pois vem de encontro ao/ao encontro do que defendo.
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Aspectos Gramaticais e Semânticos Unidade II
A palavra “Semântica” reporta-se fundamentalmente ao verbo grego semaíno, cujo o valor é significar, seria,
pois a ciência das significações.
As primeiras discussões sobre o significado remontam aos gregos. Já antes de Platão, os gregos discutiam os
problemas da relação entre a palavra e o ser, entre os signos e o universo. Uma primeira doutrina elaborada de
semântica e lógica se encontra nos escritos de Aristóteles. Mas as fontes continuam firmes em seus princípios
históricos.
A significação do processo associa um objeto, um ser, uma coisa, uma noção ou um acontecimento a um signo
capaz de os evocar.
Na verdade, há várias semânticas, mas a que é mais pesquisada é a semântica linguística. Saussure chegou
a conceber “um estudo geral dos signos simbólicos” – a Semiologia.
Bréal (1897), define-a como a ciência das significações. É para ele uma ciência das leis da significação.
Antes de Bréal, aqui no Brasil, Pacheco Jr. (1842-1899), usou a palavra Semântica (1883). O livro de Pacheco Jr.,
entretanto, só veio a ser editado em 1903, posterior a sua morte.
Do Século XIX ao Século XX, como diz Kurt Baldinger, a evolução linguística, não se levando em conta outros
aspectos novos, caracterizou-se por duas tendências essenciais: deslocou-se do som para a palavra (da fonética
histórica à lexicologia histórica) e, ao mesmo tempo, a maneira de considerar os problemas, inicialmente
isolante-unidimensional tornou-se estrutural ou Unidimensional.
Não se pode falar de semântica sem que previamente se fale do signo. E, fundamentalmente, não se pode
deixar de falar de Saussure.
Saussure, de origem genebraica, nasceu em 1857, por imposição paterna, a contra gosto, iniciou os estudos
de física e química, contudo, não perdera seu referencial originário, a afeição pela filosofia e línguas.
No inverno de 1876/1877, ao se mudar para Leipzig, ocasião em que estudou com o grego, George Curtis,
doutorou-se (1880), desenvolvendo um trabalho no campo da sintaxe, referente ao emprego do genitivo absoluto
em sânscrito (grupo de línguas ou dialetos indo-árico antigos do Norte da Índia, sendo o védico e o sânscrito
clássico os mais conhecidos).
Em Paris, contando 24 anos (1881), por dez anos, ocupou o cargo de conferencista de École de Hautes
Gramática da Língua Portuguesa I
Études.
Segundo Saussure, o signo que nos interessa é produzido pelo homem, mais do que isso: o signo verbal tem por
objeto comunicar alguma coisa a alguém de alguma coisa. Mas não é por aí que devemos defini-lo. É importante
conhecer a sua natureza.
O emprego dos signos é a primeira manifestação da mente que surge tão cedo na história biológica quanto o
conhecido reflexo condicionado.
64
Aspectos Gramaticais e Semânticos Unidade II
Quando se refere a signo verbal, vem-nos à mente a palavra como a mínima unidade fônica e semântica da
linguagem.
Saussure faz uma comparação entre signo verbal e uma folha de papel, um lado da qual é a imagem fônica e
o outro, o conteúdo conceptual.
Usou os termos significante e significado, considerando o signo linguístico uma entidade psíquica composta de
uma imagem fônica e um conceito. Para Saussure, a um significante corresponde um significado. O significante
provoca uma imagem mental.
Segundo, Damaso Alonso, o fenômeno entre significante e significado não é tão simples como Saussure
apresenta. Vê os significantes transmitidos como conceitos, mas também complexos e funcionais. Um
significante é produzido no falante com uma carga psíquica do tipo complexo, formada normalmente por um
conceito e ainda acrescido por outros aspectos no psiquismo do ouvinte. Um significado é sempre complexo e
que dentro dele se pode distinguir uma série de significados parciais.
Bernard Pottier, no seu livro Linguística Geral, ressalta que as pessoas emitem mensagens em certas
circunstâncias, destacando os aspectos socioculturais, idade, sexo, classe, acarretando a escolha de registros,
formas de tratamento de fraseologia, como também a atitude frente a frente de interlocutores.
http://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/textos/h00002.htm
http://www.brasilescola.com/portugues/semantica.htm
Pós-Graduação a Distância
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Aspectos Gramaticais e Semânticos Unidade II
Capítulo 8 – Semântica II
As Piadas
Eliana Maria Borges
Sonia Maria Pereira Freitas
Se você diz a alguém que estuda piadas, o primeiro efeito que produz ainda é o riso. É uma pena que
seja assim, porque as piadas são, de fato, um tipo de material altamente interessante, por várias
razões (POSSENTI: 1995).
Realmente, as piadas por veicularem, com bastante frequência, uma visão sintetizada dos problemas, podem
tornar-se mais fáceis de serem compreendidas por interlocutores não especializados. Segundo Possenti, há
fortes razões para que elas se tornem objeto de análise.
As piadas são interessantes, por exemplo, porque grande parte delas versam sobre sexo, política, racismo,
instituições (Igreja, escola, casamento, maternidade, línguas), loucura, morte, desgraças, sofrimento, defeitos
físicos – para o humor, a velhice, a calvície, a obesidade, órgãos genitais pequenos ou grandes, são defeitos –
ou seja, temas socialmente controversos. Dessa forma, elas servem de excelente corpus para que estudiosos
possam reconhecer ou confirmar manifestações culturais e ideológicas.
Outra razão que justifica a análise de piadas é que, como elas funcionam, em grande parte, na base de
estereótipos, fornecem um bom material para pesquisas sobre representações sociais. Por exemplo, nas
piadas, judeu só pensa em dinheiro, português é burro, inglesas são frias, japonês tem sexo pequeno, baiano é
preguiçoso, nordestino é o mais potente etc. Finalmente, as piadas são interessantes porque, quase sempre,
veiculam discursos proibidos, subterrâneos, não oficiais, que, provavelmente, não se manifestariam em uma
entrevista, por exemplo.
As piadas interessam como peças textuais para os estudiosos de discurso por mostrarem um domínio linguístico
que, de alguma forma, é complexo. Para ilustrar hipóteses ou princípios de análise linguística, esses especialistas
poderiam escolher uma piada e, com isso, teriam um exemplo original, envolveriam os interlocutores em
verdadeiros problemas de interpretação e, mesmo, procederiam às abstrações necessárias para exemplificar
um mecanismo linguístico qualquer.
As piadas, geralmente, acionam mais de um mecanismo linguístico. Apresentaremos alguns exemplos, nos
quais nos propomos a analisar os mecanismos linguísticos (fonológico, lexical, morfológico, sintático etc)
Gramática da Língua Portuguesa I
envolvidos na produção do humor, utilizando como referencial teórico, a Análise do Discurso que entende o
texto enquanto espaço de negociação de sentidos. Mostraremos também como o locutor se posiciona frente
à realidade, a imagem que faz de si e do outro, sempre partindo daquilo que enunciou ou deixou de enunciar.
O humor, no tipo de texto analisado, opera em vários níveis simultâneos, portanto, a divisão que será feita
aqui é apenas para facilitar a análise.
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Aspectos Gramaticais e Semânticos Unidade II
Ao ler esse texto, ativa-se na memória o conhecimento de outro texto. Tal conhecimento pode não ser
essencial para a compreensão, contudo, seu conhecimento atribui à leitura um efeito de sentido diverso.
A intertextualidade, aqui definida como a ligação entre textos orais ou escritos, é um aspecto relevante do
conhecimento prévio.
A construção dessa piada leva em conta um intertexto: a história bíblica de Adão e Eva no paraíso. Se esse
conhecimento não for ativado na memória do leitor, a compreensão que se fará não será a adequada para
esse texto. A pergunta que Eva faz a Adão é óbvia entre casais, mas sem o ativamento do intertexto, a leitura
produzida mostraria que na resposta não há sentido lógico para o leitor.
A partir do momento em que se percebe tratar-se do casal considerado a gênese da humanidade, a compreensão
é bem diversa. Adão, de fato, não poderia ter outra opção. Essa leitura parece a mais apropriada, porque é a
que provoca o riso.
Nível Morfológico
Perguntaram ao português: – O que é um homossexual? Ele respondeu: – É um sabão para lavar as partes.
Na piada citada, no nível morfológico, de acordo com a separação feita na cadeia, temos mais ou menos
palavras em questão, e isso é um problema de morfologia. Basta pôr em primeiro plano a formação de uma
das sequências (homo + sexual) ao lado de outra (homo + sexo + al) para que se evidencie o que foi exposto.
Nível Sintático
Duas pessoas caminham lendo lápides em um cemitério, quando se deparam com os seguintes dizeres: AQUI
JAZ UM POLÍTICO E UM HOMEM HONESTO. – Nossa, que povo pão-duro! – disse uma delas – Enterrou
duas pessoas em um mesmo caixão.
O cerne da questão nessa piada decorre do fato de se ler a inscrição como um período simples ou composto.
Quem fez a homenagem ao morto afirmou que ele, além de político, era honesto. A ideia de adição ocorreu
com as qualificações de um mesmo ser. O que está escrito na lápide constitui um período simples.
A leitura feita leva em conta a ideia de adição entre duas orações. Assim, temos coordenadas aditivas com a
elipse do verbo na segunda: Jaz um político e (jaz) um homem honesto.
Não se pode deixar de assinalar que, ao mesmo tempo, que há essa questão sintática, existe também a
concepção corrente de que todo político é corrupto. Rir dessa piada significa que a compreendemos, porque
compartilhamos desse conhecimento, mesmo que concordemos com ele ou não.
Pós-Graduação a Distância
Nível Semântico
Numa festa o secretário do presidente fila um cigarro. O presidente comenta: – Não sabia que você fumava.
– Eu fumo, mas não trago. – Pois devia trazer.
O humor nessa piada constrói-se a partir da coincidência entre as duas formas verbais que provêm de verbos
distintos: tragar e trazer. A forma trago (presente do indicativo) provém do verbo regular tragar e é do
mesmo campo semântico de fumar e cigarro; mas o presidente compreende trago como o presente do verbo
irregular trazer e censura o secretário por ser fumante e não estar portando cigarros (quem sabe por não
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Aspectos Gramaticais e Semânticos Unidade II
querer ceder os seus?!). Seria mais coerente o interlocutor compreender a forma trago com a possibilidade
de estabelecer uma relação com a ação de fumar (fumar equivale a fumo, tragar equivale a trago).
O que provoca o riso é o “equívoco” provocado pela língua que gera uma coincidência que é mais relevante do
que o fato de o presidente não censurar o secretário pelo vício de fumar.
http://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/textos/h00002.htm
http://www.brasilescola.com/portugues/semantica.htm
Gramática da Língua Portuguesa I
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Referências
BASÍLIO, M. Estruturas lexicais do português: uma abordagem gerativa. Petrópolis, RJ: Vozes: 1980.
FERREIRA, M. A. S. C. Estrutura e formação de palavras: teoria e prática. São Paulo: Atual, 1988.
ILARI, R. (Org.) Gramática do Português falado. Vol. II. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 1993.
KOCH, I. G. V. (Org.) Gramática do português falado. Vol. VI. Campinas, SP: Editora da UNICAMP/FAPESP, 1996.
SAID ALI, M. Gramática secundária da língua portuguesa. São Paulo: Edições Melhoramentos, 1971.
SILVA, M. C. S.; KOCH, I. V. Linguística aplicada ao português. Morfologia. São Paulo: Cortez, 1985.
Sites de pesquisa:
www.marcelopaiva.com.br
www.português.com.br
Pós-Graduação a Distância
www.linguaportuguesa.com.br
www.academia.org.br
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Referências