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A Assembleia de Deus

História
A Assembleia de Deus chegou ao Brasil por intermédio dos missionários suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg, que
aportaram em Belém, capital do Estado do Pará, em 19 de novembro de 1910, vindos dos Estados Unidos. A
princípio, frequentaram a Igreja Batista, denominação a que ambos pertenciam nos Estados Unidos. Eles traziam a
doutrina do batismo no Espírito Santo, com a glossolalia — o falar em línguas espirituais (estranhas) — como a
evidência inicial da manifestação para os adeptos do movimento. A manifestação do fenômeno já vinha ocorrendo
em várias reuniões de oração nos Estados Unidos (e também de forma isolada em outros países), principalmente
naquelas que eram conduzidas por Charles Fox Parham, mas teve seu apogeu inicial através de um de seus
principais discípulos, um pastor leigo negro, chamado William Joseph Seymour, na rua Azusa, Los Angeles,
em 1906.

A nova doutrina trouxe muita divergência. Enquanto um grupo aderiu, outro rejeitou. Assim, em duas assembleias
distintas, conforme relatam as atas das sessões, os adeptos do pentecostalismo foram desligados e, em 18 de
junho de 1911, juntamente com os missionários estrangeiros, fundaram uma nova igreja e adotaram o nome de
Missão de Fé Apostólica, que já era empregado pelo movimento de Los Angeles, mas sem qualquer vínculo
administrativo com William Joseph Seymour. A partir de então, passaram a reunir-se na casa de Celina de
Albuquerque. Mais tarde, em 18 de janeiro de 1918 a nova igreja, por sugestão de Gunnar Vingren, passou a
chamar-se Assembleia de Deus, em virtude da fundação das Assembleias de Deus nos Estados Unidos, em 1914,
em Hot Springs, Arkansas, mas, outra vez, sem qualquer ligação institucional entre ambas as igrejas.

A Assembleia de Deus no Brasil expandiu-se pelo estado do Pará, alcançaram o Amazonas, propagou-se para
o Nordeste, principalmente entre as camadas mais pobres da população. Chegaram ao Sudeste pelos idos de 1922,
através de famílias de retirantes do Pará, que se portavam como instrumentos voluntários para estabelecer a nova
denominação aonde quer que chegassem. Nesse ano, a igreja teve início no Rio de Janeiro, no bairro de São
Cristóvão, e ganhou impulso com a transferência de Gunnar Vingren, de Belém, em 1924, para a então capital
da República. Um fato que marcou a igreja naquele período foi a conversão de Paulo Leivas Macalão, filho de
um general, através de um folheto evangelístico. Foi ele o precursor do assim conhecido Ministério de Madureira,
como veremos adiante.

A influência sueca teve forte peso na formação assembleiana brasileira, em razão da nacionalidade de seus
fundadores, e graças à igreja pentecostal escandinava, principalmente a Igreja Filadélfia de Estocolmo, que, além de
ter assumido nos anos seguintes o sustento de Gunnar Vingren e Daniel Berg, enviou outros missionários para dar
suporte aos novos membros em seu papel de fazer crescer a nova Igreja. Desde 1930, quando se realizou um
concílio da igreja na cidade de Natal, a Assembleia de Deus no Brasil passou a ter autonomia interna, sendo
administradas exclusivamente pelos pastores residentes no Brasil, sem contudo perder os vínculos fraternais com a
igreja na Suécia. A partir de 1936 a igreja passou a ter maior colaboração das Assembleias de Deus dos Estados
Unidos através dos missionários enviados ao país, os quais se envolveram de forma mais direta com a estruturação
teológica da denominação.
Organização denominacional
As Assembleias de Deus brasileiras estão organizadas em forma de árvore, onde cada Ministério é constituído pela
igreja-sede com suas respectivas filiadas, congregações e pontos de pregação (subcongregações). O sistema de
administração é um misto entre o sistema episcopal e o sistema congregacional, onde os assuntos são previamente
tratados pelo ministério, com forte influência da liderança pastoral, e depois são levados às assembleias para serem
referendados apenas. No Ministério Madureira (mencionado mais abaixo). Os pastores das Assembleias de Deus
podem estar ligados ou não às convenções estaduais, e estas se vinculam a uma convenção de âmbito nacional.
Particularmente na América do Sul, hoje existe muitas Assembleias de Deus autônomas e independentes.
Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil

A Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB) possui sede no Rio de Janeiro, esta se considera o
tronco da denominação por ser a entidade que desde o princípio deu corpo organizacional à igreja. A CGADB hoje
conta com cerca de 3,5 milhões de membros em todo o Brasil (dados do Iser) e centenas de missionários
espalhados pelo mundo.

A CGADB é proprietária da Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD), com sede no Rio de Janeiro, que
atende parcela significativa da comunidade evangélica brasileira. À CGADB também pertence a Faculdade
Evangélica de Tecnologia, Ciências e Biotecnologia (Faecad), sediada no mesmo Estado, e que oferece os seguintes
curso em nível superior: Administração, Comércio Exterior, Marketing, Teologia e Direito.

A CGADB é constituída por várias convenções estaduais e regionais, além de vários ministérios. Alguns ministérios
cresceram de tal forma que tornaram-se denominações de facto, com suas congregações sobrepondo as áreas de
abrangência das convenções regionais. Dentre os grandes ministérios se destaca o Ministério do Belém, que possui
cerca de 2.200 igrejas concentradas no centro-sul e com sede no bairro do Belém na capital paulista, sendo
atualmente (2008) presidida pelo pastor José Wellington Bezerra da Costa, que sucedeu o pastor Cícero Canuto de
Lima, que também preside a CGADB.

Na área política, alguns deputados federais são membros das Assembleias de Deus e a representam
institucionalmente junto aos poderes públicos nos assuntos de interesse da denominação, supervisionados pelo
Conselho Político Nacional das Assembleias de Deus no Brasil, com sede em Brasília, DF, que coordena todo o
processo político da CGADB. Além disso, há também deputados estaduais e até prefeitos e vereadores, todos sob a
chancela de igrejas ligadas à CGADB.

Desde a década de 1980, por razões administrativas, notadamente em virtude do falecimento do pastor Paulo Leivas
Macalão e de sua esposa, missionária Zélia, a Assembleia de Deus brasileira tem passado por várias cisões que
deram origem a diversas convenções e ministérios, com administração autônoma, em várias regiões do País. O mais
expressivo dos ministérios independentes é o Ministério de Madureira, cuja igreja já existia desde os idos de 1930,
fundada pelo já mencionado pastor Paulo Leivas Macalão e que, em 1958, serviu de base para a estruturação
nacional do Ministério por ele presidido, até a sua morte, no final de 1982.
Convenção Nacional das Assembleias de Deus no Brasil - Ministério de Madureira

À medida que os anos se passavam, os pastores do Ministério de Madureira (assim conhecido por ter sua sede no
bairro de mesmo nome, na cidade do Rio de Janeiro), sob a presidência vitalícia do pastor (hoje bispo) Manuel
Ferreira, se distanciavam das normas administrativas da CGADB, segundo a liderança da época, que, por isso
mesmo, realizou uma assembleia geral extraordinária em Salvador, Bahia, em setembro de 1989, onde esses
pastores foram suspensos até que aceitassem as decisões aprovadas. Por não concordarem com as exigências que
lhes eram feitas foram excluídos pela Diretoria da CGADB. Desta forma tornou-se completamente independente da
CGADB a Convenção Nacional das Assembleias de Deus no Brasil — Ministério de Madureira (Conamad), que tem
no campo do Brás, na capital paulista, a sua maior expressividade, que, por anos, foi presidido pelo pastor Lupércio
Vergniano e hoje está sob as ordens de Samuel Cássio Ferreira, bacharel em Direito. Possuia em 2005 cerca de 2
milhões de membros no Brasil e exterior.

Doutrina

Ver artigo principal: Declaração de Verdades Fundamentais das Assembléias de Deus

Santa Ceia.

De acordo com o credo das Assembleias de Deus, entre as verdades fundamentais da denominação, estão a
crença:[4]

 Num só Deus eterno subsistente em três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo;
 Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, considerada a única regra infalível de fé normativa para a
vida e o caráter cristão;
 Na concepção virginal de Jesus Cristo, na sua morte vicária e expiatória, ressurreição corporal e
ascensão para o céu;
 No pecado que distancia o homem de Deus, condição que só pode ser restaurada através do
arrependimento e da fé em Jesus Cristo.
 Arrebatamento dos membros da Igreja para a Nova Jerusalém em breve com a volta de Cristo.
 Na necessidade de um novo nascimento pela fé em Jesus Cristo e pelo poder atuante do Espírito
Santo e da Palavra de Deus para que o homem se torne digno do Reino dos Céus;

A denominação pratica o batismo em águas por imersão do corpo inteiro, uma só vez, em adultos, em nome
da Trindade; a celebração, sistemática e continuada, da Santa Ceia; e o recebimento do batismo no Espírito
Santo, geralmente, com a evidência inicial do falar em outras línguas, seguido de outros dons do Espírito Santo.

A exemplo da maioria dos cristãos, os assembleianos aguardam a segunda vinda premilenial de Cristo em duas
fases distintas: a primeira, invisível ao mundo, para arrebatar a Igreja fiel da terra, antes da Grande Tribulação;
e a segunda, visível e corporal com a Igreja glorificada, para reinar sobre o mundo por mil anos, sendo
portanto dispensacionalista.
Ainda, nesse corolário de fé, os assembleianos esperam comparecer perante o Tribunal de Cristo, para receber
a recompensa dos seus feitos em favor da causa do Cristianismo, seguindo-se uma vida eterna de gozo e
felicidade para os fiéis e de tormento para os infiéis.

Os assembleianos, em regra, são contra o aborto voluntário e o divórcio.

Liturgia

Pregação.

Os cultos das Assembleias de Deus se caracterizam por orações, cânticos (hinos evangélicos clássicos e
contemporâneos), testemunhos e pregações, onde muitas vezes ocorrem manifestações dos dons espirituais,
como, por exemplo, profecias e línguas espirituais (estranhas).

Possui dias e horários específicos para cultos, sendo o principal deles no domingo por volta das 18/19 horas, e
o de ensinamento bíblico (a Escola Bíblica Dominical, com divisão de classes por idade) por volta das 9 horas.

Os cultos têm duração média de 2 horas, sendo divididos em:

 Oração inicial - Normalmente um pastor ou outro obreiro faz uma oração a Deus.
 Cânticos iniciais - Utilizando-se a Harpa Cristã (um livreto de Hinos Evangélicos Clássicos), canta-se
em média 3 hinos e em alguns ministérios, hinos congregacionais.
 Leitura bíblica (ou palavra introdutória) - Neste momento a leitura do trecho bíblico e inspirada pelo
Espírito Santo, no qual o culto será direcionado como um todo com fulcro nesse trecho.
 Oportunidades de cânticos por grupos de jovens, crianças, senhoras, adolescentes, corais, grupos e
ministérios de louvor.
 Oportunidades de testemunhos por membros - Momento no qual os membros contam o que Deus
mudou em suas vidas e vem fazendo, atualmente, por eles.
 Pregação - na qual um pastor, um membro da igreja local, ou um pregador ou pastor convidado fará
a pregação (sermão) explicando a passagem bíblica.
 Apelo - Convite aos que não são evangélicos a aceitarem a Jesus como único e suficiente Salvador.
 Cântico de encerramento e/ou avisos sobre as próximas reuniões.
 Oração final.
 Bênção apostólica (somente dado pelo pastor, presbítero ou evangelista: "A graça de nosso Senhor
e Salvador Jesus Cristo, o amor de Deus, o nosso Eterno Pai, a comunhão, as doces e eternas
consolações do Espírito Santo sejam sobre nós e sobre todo o povo de Deus, desde agora e para sempre.
Amém".

Obs: Nem todas as Assembleias de Deus seguem esta liturgia.


Críticas
A Assembleia de Deus sofre críticas, tanto por parte de outras denominações religiosas quanto por
setores não-religiosos da sociedade civil. O rápido crescimento da igreja tem estimulado diversas
produções intelectuais de pesquisadores dos fenômenos sociológicos e antropológicos contemporâneos;
ao mesmo tempo que já gerou apaixonadas controvérsias e discussões, no campo puramente ideológico.

O fenômeno do rápido e atípico enriquecimento econômico dos líderes de algumas das principais
denominações é alvo de críticas da sociedade, uma vez que a prática religiosa é isenta de taxação fiscal
no Brasil e facilmente pode-se transformar em instrumento de crimes fiscais como evasão de divisas e
lavagem de dinheiro, entre muitos outros crimes. Além do mais, há a grande crítica pelo grande apelo por
doações, muitas vezes desproporcionais ao intuito propalado pela igreja.

É importante observar que a Assembleia de Deus, como representante do pentecostalismo clássico, é


adversa aos métodos de arrecadação de ofertas feitas por neopentecostais, portanto enfatiza as bênçãos
espirituais e, mormente, a transformação do caráter humano, pelo poder da Palavra de Deus - Jesus
Cristo.

Novos conceitos a respeito de usos e costumes

Assembleia de Deus do Gama Oeste (Brasília), um exemplo de uma AD 'renovada'.

Muitas igrejas Assembleias de Deus vêm experimentando, recentemente, grandes mudanças


comportamentais concernente a usos e costumes.[carece de fontes] A Assembleia de Deus a algum tempo atrás
tinha os costume de inserir como doutrina os usos e costumes, onde bombardeava mais as mulheres em
questões de vestimenta, cabelo, maquiagem apregoando isso como vaidade, mas com o passar dos anos
viram que isto se tratava mais de constume que doutrina.

Em particular, algumas[carece de fontes] dessas igrejas já não mais impõem o uso de determinadas peças
do vestuário feminino, consentindo que as mulheres usem calças compridas, decotes mais alongados ou
mangas mais curtas, permitindo ainda o uso de jóias, tais como brincos, cordões, maquiagens e coloração
dos cabelos, desde que mantido um razoável padrão de pudor. Praia, cinema e teatro já não são,
terminantemente, proibidos, desde que se desfrute com moderação, conscientes que de tudo Deus pedirá
contas.[carece de fontes].

Quanto aos homens, diminuem as restrições ao uso de barba ou cabelos mais alongados, bem como
bermudas e lazer, substituindo-se o rigor da proibição pela recomendação de uma boa imagem pessoal
ante a sociedade, nos padrões exigidos por algumas organizações corporativas.[carece de fontes].

De igual modo, tendem a desaparecer do cenário assembleiano as folclóricas proibições ao uso


da televisão e do rádio, enquanto algumas igrejas passam a orientar seus adeptos a lerem bons livros e
fazerem uso adequado da internet, numa clara demonstração de que as posições radicais do passado
estão sendo substituídas pelo respeito à liberdade de seus membros usufruírem dos benefícios que a
tecnologia põe à disposição da sociedade contemporânea.[carece de fontes].
Vale lembrar que a maioria das Igrejas Assembléias de Deus ainda possuem costumes, e algumas ainda
chegam a ser de maneira radical.

Produção teológica

A Assembleia de Deus, com o crescimento de seus seminários e faculdades teológicas, começa a criar
uma tradição acadêmica, que ainda em relação ao tamanho da denominação, não gerou um impacto
visível.

Os pastores assembleianos, que se voltam para estudos acadêmicos, são próximos da literatura batista,
além de serem críticos do neopentecostalismo.

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