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Colegio © MUNDO, HOJE, vol. 31 Ficha catalogrifica CIP = Brasil, Catalogagio-na-fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ. M922. A Mulher,-a cultura e a sociedade / coordenadoras: chelle ‘Zimbalist Rosaldo © Louise Lamphere; tra- fo de Cila Ankier e Rachel Gorenstein, — du Jane Pac e Terra, 1979, (Colegio © Mundo, hoje; v. 31) ‘Tradugdo de: Woman, culture and society Bibliografia 1, Feminismo 2, Mulher ~ Direitos das_mulhe- tes 3. Mulher ~ Questdes sociais © morais. I, Série * CDD ~ 301.412 79-0498 1 CDU ~ 396 Editora Pas ¢ Terra Consetho Editorial Antonio Candido, Celso Furtado Fernando Gasparian Fernando Henrique Cardoso Esta a Mulhor Para o Homem Assim Gomo a Natureza Para a Cultura? Sherry B, Ortner sito da eriatvidae ds antropologia€ eonseyineia ue explica a cultura panicuarmente Sab ese acto geeks das universis. in fate pan-cultural fMesmo neste lato anreeral, a eoncencdes culturais espectficas eas simbolengaes davraleg Alem dis, o eri ratamento dn mulheres su poder perio diferentes na histori das adigbes eultarais pareutee n probleme serem exclarecdon, tse euler cree pa eae st rd letra a la saldaledasubordinacin feninina w fata deeuatnont eon os complexidade, indica que estamos frente u algo muito profunde ¢ inflexivel e que mia podenios desemraizar siniplesmente rece ccando alguimss tarefas e pups no sistema social, ou mesano reorie, nando tod a estrutura econdimici }Neste artivo lento expr s lewis ea subjacente do pensamente cullteal que seeuane Feminina, (ento mostrar a natureca alan ois se nfo fasse Lio persuasiva, «x pessoas aacordo com eli.{Mus tamhém tento mostrar Fontes social ocak, turais da logiew para indiear onde se encontra o patendal ya mudanga. : " E importinte sepurar os niveis do problema. entretaganiento Pode trazer enafusie, Por exemplo, dependendo de qualasrerte dy chines ns examinarnies, poderiames extrapolar suposigies completamente diferentes relacion feminino na China, Ni ideologia do taismo, no pine Opa, al tern ° Horgas suseitinn todos os fendnie: os no universo™ (Siu, 1964: 2). Portiunto, paidetiamos super ne ini e fesinlicule vie vstotizasos pualmente ane ects st eral a eultuen chinesa. Futcctnner excl strut cial, veremos o principio da dlewcendéncia paltilineay lorremente i, a importincia dos filhos vurdss e4 absolut sultorchade do pat, na familia, Poderiamos eoneluirentio, «ue a Chin é une sociedaule patriaecal arquetipia. Logo, examinanio os tea aanen desempenhados, © poder ea inilugneia manipulados 17 f€ persuasiva da ldgica, jo permimeceriim de das las to Status as conteibui- Ges materiais feitus petas mulheres na sociedude chinesa ~ eontris buigdes estis, & preciso ressaltar, absulutamente esseneiais - die mos que As mulheres um grande status (no meneion sa, Kusn Yin, é a divinda s i io de deusas nis culturas presi (Brits © soci is, quew China realmente ¢ wnt de Imatrarcado. sm resumo, pregsamos ser ahoitawene dees Sobre 0 que estamos tentando expla ales de eeplen ts 1 Podemos diferenciar trés niveis do problema: 1-0 fato universal do stain de ces sen te atribuldo 9 mulher em tok i sovidhes, Dre fa widencia de que isso & un fit iniversal os unos este fa, wna ver esate 96 #, culcuralmen: ME segunda, conto, expli = As ideologias especificas, as simbolizagies e as classifi «es scio-estruturais pertinentes as mulheres que variam exiraor- ginariamente de cultura a cultura. O problema nesse nivel é para ser Considerado em eida complexo cultural mos dos fatores especificos Aquele grupo ~ o nivel padrao da andlise antro- poldgica, | 3 ~ Detathes das atividades, contribuigdes, poderes, influgneia etc, dus mulheres, observivels em campo, freqiientemente em di vergéncias com a ideologia cultural (embora sempre restrita na hic plese de que as mulheres nunca serio oficialmente proeminentes no sistema total). Atualmente, este € 0 nivel da observagio direta, freqiientemente adotado pelos antropélogos de orientagao femini ta] ste artigo esti fundamentalmente relacionado com 0 primei- ro desses niveis, 0 problema da desvalorizagio universal das mulhe- res. Portanto, w anilise no depende dle dados cullurais especilicos, mas na verdad Ue una andlise da “cultura” tomada genericamente como um tipo especial de processo no mundo, Uma diseussiio do undo nivel, o problema da variagdo transcultural nas concep- des e valorizacées relativas das mulheres, ordenari uma grande parte du pesquisit transcultural e devera ser postergada para outra ‘ovusidio, Quanto do Lereeiro nivel, minha abordagem sera Sbviw em cconsideri-lo um estorgo desviado foealizando somente o poder real feminino, ainda que culturalmente nfo reconhecido e desvalorizado tem qualquer sociedade mencionada, sem primeiro compreender a ideologia super-astuta eas hipdteses mais profundas da cultura que tommam Lis poderes trivia, A Universalidade da Subordinagdo Feminina © que pretend quando digo que em todo lugar, em cada eultu- 4 conhecida, as mulheres sio consideradas de alguma maneira i feriores aos homens?Primeiro que do, devo salientar que estou falando sobre avaliagdes culturais; estou falando que cada cultura, dle su pripria: maneira e em seus prdprios termes faz eatus aval des, Porém o que eonstituirs evidencia de que uma cultura especk fiea considera ag mulheres inferiores? | ITrés tipos de dados serio suficientes: (1) elemento de ideolo- xin cultural eas eolocagdes informativas que explicitamente desva- lorigam as mutheres ¢ com clus, seus papeis, suas tarefas, seus pro- 0 slutos e seus meias sociais com menos prestigio do que os relaciona- dios aos homens e &s fungies masculinas correlatas; (2) esquemas simbélicos, tais como a prerrogativa de violugdo, que podelie ser interpretadas implicitamente como uma colocagao de avaliagdes i, feriores: (3) ay lassificagdes sScio-estrulurais que exeluemas mec theres da participagio no, ou em contato com algum dominio no qual reside o maior poder da sociedade *. Estes trés tipos de dade podem ser nuturalmente interrelacionados em yualquer sisteme ticular, ainda que nio sejam imprescindiveis. Alem disso, geval, mente qualquer um deles sera suficiente para salientar a inf : de feminina numa dada cultura. Certamente, a exclusao fermining dos ritos mais sagrados ou do maior conselho politico, & uma e dencia suficiente, Certamente uma ideologia cultural explicita dee. valorizando a mulher (e suas tarefus, papéis, produtos e etc.) é u cvidéncia suficiente, Parimetros simbdlicos tais como a profane. Gio, stv comumente suficientes, ainda embora em alguis esos, nos ‘tuais digamos, homens e mulheres sig igualmente corrompidos umn Delo outro, um pardmetto posterior & necessirio - e tanto quanto Iminhas pesquisas concluiram & sempre viivel Portanto, no cémputo gerul ei afirmaria que achamos as m theres subordinadas aos homens em todas as sociedades conhe ja exemplo de um sociedade que tradicionalmente postula ese aspee, to, Entre os Crow matrilineares, como Lowie (1956) salienta, “As mulheres mente honrosos na Danga do Sol; elas poder igentes da Cerimbnia do Tabaco e repre. Sentavam, se é que representavam, a parte mais importante do que a dos homens: algumas veces elas representavam as antitias ne Festival da Carne Cozida; clas nao eram excluidas dos trabalhos Pesudos ou, de mediear ou de procurar por revelagdes divinas (p 61) De modo algum, “As mulheres antigamente, durante a mens, {ruagio, cavalgavam animaisinferiores¢ evidentemente isto apare. cit como uma fonte de contaminagio, pois nao se permitic sua ‘aproximagio tanto de um homem ferido como dos que se iniciavan hum desticamento de guerra. Nesta époea, um tabu ainda perdura contra sua aproximagio dos objetas sageadios” (p. 44) além disse, ‘antes de cnumerar os direitos femininos de participagdo nos viriog {iluais citados unteriormente, Lowie cita uma estranha Danga de Sol de Boneca embrulhada que nao se permitia is mulheree de, sembrulhar (p. 60), Prosseguindo nesta trilha encomtramos: “De 98 acordo com todos o: hone: te ormantes de Lodge Grass ¢ muitos outros, Us propriedade de “Face Fnrugada” precedia nio somen. ‘outras, mas (ambém di todas as bonecias medicinais dos Crow. Nao se permitia que esti boneea estranha fosse manipulada por uma mulher” (p, 224)" Em resumo, 08 Crow sio sem dividdy um caso bastante tipico Certamente as mutheres possuem certos poderes e diteltoes neste aso alguém as coloca em posigdes inegavelmente elevadas. Conti do, no final cai o pano: a nienstruagdo€ uma Imeaga para o com- hte uma ds insttuigies mais valorizadas da tbo: uma das pri cipaiy para sti auto-definigao: € o objeto mais sagrado da tribo & tabu para o olhar direto e40 toque das mulheres 1 serps similtres podem ser infinitamente multiplicados, po- "én eu penso que j nos desobrigamos de demonstear que a subor. inacii feminina # universal na cultura, O debate este ear steno Dura agueles que quiserem duestionar este aspecto propondo exe, los apostos, Eu assuimirei o status secundario universal das mulhe- Natureza ¢ Cultura I Como explicaremos a desvalori das mulheres? Certamente podertamos nos basear no fato do determinismo biold= sivo. Hi algo de geneticamente incrente no macho (das espéties) de mancira que os deterministas biolégicos argumentariam que isto haturalmente o toma o sexo dominante; este “algo” falta is fémeas € como resultado, as mulheres ngo s6 so naturalmente subordina das, mas também geralnente muito satisfeitas com sua posigao dese de que esta Ihes proporcione protecio e oportunidade de valorizar fos prazeres maternos, que so para elas as experiéneias mais salisfa: Aorias da vida, Sem chegar a uma refutagio pormenorizada desta Posieilo, acho justo dizer que houve uma falha cm sua demonstra io, para a satisfagio de quase todos na antropologia académica, Isto nao quer dizer que os fatos biolégicos sejam irrelevantes ou que os homens € mulheres nao sejam diferentes, mas sim que cer- fos dauos © diferengas somente adquirem significado de supe- Fior/inferior dentro da estrutura de sistemas de valores cultural- mente definides. [ € nav desejarmos nos apoiar no determinismo genético, me parce que teremos somente um caminho a seguir. Devemos tentar 99 interpretar a subordinaeio feminina sob a luz de outros Fatores uni- versais, elaborudas na estrutura da situagao mais generaliza Qual todo ser humano se enconira em qualquer cultura [Por exem: Plo, todo ser humano tem um corpo fisico ¢ um sentido de mente no fisica, faz parte de uma sociedade com outros individuos ¢ herdeiro de uma tradigao cultural, devendo se engajar em algum re, ‘ionamento ainda que ligado com a “ ou o reine na fim de sobreviver. Todo 0 ser humane nusce (de ima, almente morte, todos estio interessados na sobrevivenelt Pessoal € 3 sogiedude/eullura tem seu proprio interesse para (ou Pelo menos em alguns momentos em ditegio sobrevigneia que ranscende as vidas © us mories de individuos es Pecificos, ¢ assim por diante. E no dominio de tal univers da com. digio humana que poderiamos procurar tima explicagao. pate 6 fato universal da desvalorizagio feminina. Em outras palavias, explieo o problesha simples. O que poderia ter havido na estrutura condigdes de existéncia comuns a cada cultura, que poderia levi 3 colocar um valor inferior sobre a mulher? Especificamente miahe tese & que a mulher esta sendo identifiada com ~ ou se se densjan, arecer ser um simbolo de ~ alguma coisa que cada cultura desvalo: Fiza, alguma coisa que cada cultura determina como send ume o dem de existéncia inferior a si propria. Agora parece que hé uma nica coisa que corresponde aquela descricao e & a "natures" no sentido mais generalizudo}Cada cultura, ou, genericamente“eultar ra” estd engajada no processo de gerar ¢ suster sistemas de formas de significados (simbolos, artefatus ¢ etc.) por meio dos quaisa hoe ‘manidade transcende os atributos da exisiéncia natural, ligandorse 4 seus propésitos, controlindo-os de sicordo com seus interesece Podemos assim amplamente equacionar a’ culuita com a nogio de conscigneia humana (isto &, sistemas de pensamento e techolowis) Por meio das quais a humunidade procusa garantico Controle sabe a natureza, | e VAgora as categorias de “naturesa™ e “cultura”, certimente, sio categorias conceituais ~ ndo se pode encontrar limite no munde concreto entre os dois estadlos ou dominios do ser. Nao hi duvide de que algumas culturas estipwlam uma oposigae multe ima toe entre as duas eategorias, que outras sido questionado {que povos primitivos (alguns ou todos) sm ou intuem nenhue ima diferenca entre o estado cultural humano eo estado da water, AComtudo eu sustentaria que a universalidade do ritual exprine 100 cequinte questo um armas em Loss as cultura respito da hablvade espe silfcsmente humans de air sobre ea de regulicey ao neee dee natural NO rush oa minipelgto nga aes ordem, cada cultura afirma que dequada entre a existéncia humana eas foreus a depende dia io dos poderes especiais da cultura lar, os processos do mundo e da vida| [ue dominio do pensamento cultural onde estes pontos sto tmuilas vezes eonvencionados é aguele dos conceitos de pureca corrupeto, Virtualmente, cada cultura tem algumas destas crengas, que em grande parte parecem, (ainda que por certo, no intewa, inente), preocupadys com a relucdo entre cultura € matureza (veja Ortner, 1973, n.d.).[Um aspecto bem conhecido da erenca transcuk, tural é aquele do “eontigio" natural de cons upylo: deinada em seus Proprios esquemas, a corrupedo (para estes propdsitos prosseir mente exjuiparada & atuagdo desordenada de energias naturais), se estende ¢ subjugi tudo que entra em contato com ela. Portanto, um enigma — se a corrupgii é to Torte, como pode qualquer coisa ser purificada? Por que os agentes purificadores ndo se corrompem! A mantendo a presente linha de argumentagdo, € que a pu reulizada num contexto ritual; o ritual de purilicagao, como a atividade intencional que opde agio du autosconscignein (Gsimbstica) contra as energias naturais, é mais poderosa que estas energias . | Em todo o caso, minha posigao é simplesmente que eada cultuc Feconheee © mantem implicitumente uma distingdo entre 4 alist sto da naturera © a atuagdo da cultura (a conseiéneia humana e seus produtos), e mais, que a diferenga da cultura, se apoia precisae ‘mente no fato de poder na maioria das circunstaneias transcerider is condigdes naturais ¢ transformé-las para seus propdsites, Por. Gano, a cultura (isto é, cada cultura) em algum nivel de percepato demonstra no ser somente distinta da natureza mus superior & cle ceste sentido de diferenciacao ¢ superioridade se apoia precisamen, cidade de transformar - “socializagdo” e “eulluragao” 1 nitures. [Voltand® agora ao problema das mulheres, seu status pun cultural secunditio poderia ser considerida, simplesmente, postu lando-se que as mulheres sio identificadas ou simbolicamente ne seciadas com a natureza, em oposicio aos homens que sao identi. eados com a cultura,Uma vez que o plano da cultura sempre é sub. ol meter e transcender a naturer se as mulheres so considera ‘i “natural” subordindlas, para no dizer oprimi-las. Contude, embort este argumento demonsiee {or considerdvel influéicia, parece uma super simplifieagio do Fat, Portanto, a formulagio que cu gostaria de defender ¢ elaborar no. prdxinio {pico € que as mulheres sdo consideradas “simplesmer te" como cstando mais préximas da natureza do que os homens Isto 6, « cultura (ainda assim equacionada relativamente sem ami silidade pelos homens), reconhece que as mulheres sao participan- {es ativas em seus processos especisis, mas ao mesmo tempo as cone sidera como sendo mais enraizadas ou tendo afinidade mais dite! com a naturezs, A revisio pode ser vista como desimportante ou até comum, porém. eu penso que ¢ unit abordagem mais minuciosa de hips ses culturats. Além disso, nesses termos, a série de argumentos tem virias vantagens analiticas sobre as farmulacdes mais simples, Dic cutirei isto mais adiante. Poderia simplesmente ser s: uc 08 argumentos revistos ainda seriam vonsiderados para a des valorizagiio feminina pan-cultural, pois mesmo que as mulheres nao estejam equiparadas com a natureza, so contudo consideradas como representantes de uma ordem inferior, como sendo me ‘ranscendentes A natureza do que os homens. Portanto, 0 préaimo cenfoque deste artigo € considerar porque clas podem ser encaradas desta’ 2 com © corpo € a nce de procria- al especifica somente its mulheres. Podemos extrair trés hivels de discussdo para os quais este fato absolutamente fisioldgico {em importineia: (1) 0 corpo da mulher e suas fenedes, na maior par. te do tempo mais envolvidos com “espécies de vida” parecem colo cci-la mais prdxima a natureza em contraste com a fisialogia mascu. lina que o liberta mais completamente pai cult i a em pap Aiue por sua vez.sio considerados como sendo de uma mais inferior aos dos homens no processo cultural: (3) os papéis 0, ciais tradicionais femtininos, impostos por seu corpo e suas fungdee, the dio, por sua ver, uma esirura asiquica diferente, que como su nalureza fsiolGgiei e seus papeis sociais & vista como mais aproxi, 102 tmada da naturera. Eu diseutirei cida um destes aspectos separada- mente, mostrindo primeira n cada exemplo, eertos fitores tenden, fortemente, a classificar a mulher com a naturezt, depois indicando outros fatores que demonstraram sua completa identidar de com a cultura, © entio os Tatores co tnutha posigio intermediiria problemitica curso da discussie porque os homens pareeem, em contraste, me. nos intermediiios, mais puramente “culturais” que as mulheres E cu reafirmo que estou tratando somente do nivel do universo husias ne ¢ cultural, Pretende-se aplicar estes argumentos 3 humanidede cm gerak eles resultam da condieto humana, de como a humanida, de os confrontow ¢ vivenciow até os dias atuais tornari claro no de- |. A psicologia femininarconsiderada coma mais proxima da na- tureza. Esta parte do meu argumento foi antecipada com asticin, ir. fefutabilidaite © muitos davos sdtidos pur Beauvoir (1993). Beats voir reviu a estrutura fisiolgica, 0 desenvolvimento e as fungdes fe. Inininas ¢ concluiu que “a mulher muito mais do que o homem € vilima das espévies” (p. 60). Hla reséalla que x maioria das dreas ¢ dos processos do carpo feminino nio server a uma fungi aparens te para a satide ¢ estabilidade do individuo; ao contrario, como de. enipenham suas fungies orginieas especificas, muitas veces so ‘sas de deseonforto, dor e perigo. Os scios sio irrelevantes para a ide pessoal: eles podem ser estirpados a qualquer época da vida la muther. “Muitas das fungdes das secregdes ovarianis para bene. ficiar o dvulo, favorecem sua maturacioe aduptacio ao ttero para suas necessidades: com respeito ao organism como um todo, tune cionam mais para desequilibrar do que para regulir ~ a mulher ‘tdtptada para a nevessidade do Svulo ao invés de suas proprias ne cessidades” (p. 24). A menstruigio & muilas vezes desconfortavel, alnumas veres doloresas: freytientemente se relaciona com uma emocio negativa © de qualquer mancira envolve incomodas tareln € Fecolhimento da exerecdo: ¢ = um ponto que Beauvoir nado meneiona ~ & que em muitas culturas a menstrwagdo interrome da mulher pondo-a numa situagie estigmatizada que envolve varias restrigdes de suas atividades ¢ contatos so. eravider muitas fontes de vitamtina e mi Zados para a nutrigéo do felo, exaurindo suas proprias forces @ si € doloraso € periogoso (p, 24-7 ‘uvoir conclu que a mulher “é ma sseravisada as espécies do que o homem, sua animalidade é mais manifesta" (p. 239) 103 Enquanto 0 livro de Beauvoir € idealdgico, seu estudo situacdo fisioldgica feminina parece imparcial ¢ acurado. $i ‘mente é um fato que, proporcionalmente, grande parte do corpo fe. ino, em grande porcentagem de sua vida e com algum.- as vexes. ‘grande ~ énus i sua satide, forga ¢ estabilidade geral pessoal, se re. laciona com os processos naturais em torno da reprodugao das es- pécies, De Beauvoir prossegue discutindo as implicagdes negativas da “escravizagdo feminina as espécies” com relagio aos projetos nos 4quais o ger humano se engaja, projetos através dos quais a cultura é gerada e definida. Ela portanto chega no ponto decisivo de seu ar. gumento (p, 58-59) ‘Aqui temos a explicugdo completa do mistério. No nivel bioldgico uma espécie é mantida somente pela cria- lb de si propria sob nova forma; mas esta criagio so- ‘mente resulta na repetigho di mesma Vida em mais ine dividuos. Mas 0 homem assegura a repetigio da Vida en quanto transcendendo a Vida través da Existéncia (isto &, orientada pura um alvo, pura uma agio com sentido); Por esta transvendéncia ele cria valores que impedem a de todos 0s valores. No animal, a liberda- de ea variedade das atividades do macho sio em vio, pois no & envolvido nenhum esquema. Exceto por seus servigos as espécies, o que ele faz é imaterial. Ainda que servido as espécies, o homem também modela a face da terra, criando novos instrumentos, inventando e moldan- do 0 futuro, Em outras palavras, o corpo feminino parece condenicla a ‘mera reproducio de vida; © homem, em contraste, niio tendo fun- G6es naturais de criagio deve (ou tem a oportunidade de) basear sua criatividade externamente “artificialmenite” por meios de simbolos € tecnologia, Assim agindo, cle cria objetos rekitivamente duradou. 08, elemnos € transcendentes, enquuinto a mulher eria seres pereci- veis = os seres humanos, Esta formulacio revela inimeros “insights” importantes. Re. fere-se por exemplo a0 motivo inexplicivel porque as atividades ‘masculinas que envolvem a destruigio (caga e luta), so dads mui. {as vezes maior importincia do que 4 habilidade feminina de pro- criar, de criar a vida. Dentro da estrutura de Beiuvoir, percebenios que no € a morte que tem uspecio relevante e valorizado na engi € 104 uta; porém, ¢ a natureza transcendental (social e cultural) destas atividades, opondo-se a nat le do processo do nascimento “Pois ndo € dando a vida, mas arriscando-a que o homem ¢ elevado acima do animal; sto é porque a superioridade da humanidade nfo € devida ao sexo que gera, porém so que mata” (ibid.), Portanto, como eu tenho sugerido, se o homem, em toda a par. te, €(inconscientemente) associado com a cultura ea mulher parece mais préxima da natureza, a razio para estas associugbes no diff, «il de compreender, basta considerar as implicagBes do contraste fi siolégico entre © homem ¢ a mulher, No entanto, ao mesmo tempo. 44 mulher no pode ser destinada totalmente h categoria da naturezn, pois & perfeitamente dbvio que ele seja um ser humano maduro do luda de conseiéncia humana exatamente como o homem: ela faz parte da metade da raga humana, sem cuja cooperacia todo o pro eso sofreria um colapso. Fla pode parecer mais 4 mereé da natu rea do que © homem, mas tendo consciéneia, cla pensa e fala ela gera, comunica e manipula simbolos, categorias e valores.-Ela par- licipa dos diflogos Fumanos nfo somente com as mulheres mas também com os homens. Como Lévi-Strauss diz, A mulher nunca pode tornar-se somente um signo e nada mais, pois desde que num mundo masculino ela € ainda uma pesson, e na medida em que ela definida como um signo, deve (ainda) ser reconhecida como gers dora de signos” (1969a: 496). Na verdude, 0 fato da plena consciéncia humana da mulher, Seu pleno envolvimento e sew compromisso com o esquema cultural de transcendéncia sobre a natureza, pode ironicamente exp tia das grandes complexidades do problema feminino” ~ indis- cutivel aceitagdo quase universal da mulher de sua propria desvalor rizacio, Parecetia pois que como ser humano consciente © memhro le uma cultura, ela seguiu a logica dos argumentos da cultura eal: cangou conclusdes culturais junto com os homens. Como Beauvoir coloca (p. $9) Ela sendo também um ser eaistente, sente a necessic dade de sobrepujar e seu intento no é rene as lranscende em diregio a um futuro diferente ~ em se intimo ela encontrs a confirmacao das pretensdes mascu- lings. Ela acompanha os homens nos festivais que ce- lebram o sucesso e as vitérias masculinas. Sus infelicidas de ¢ ter sido biologicamente destinada para a procriagto da Vida, quando mesmo em sua prépria visio da Vida, os indo leva em sias razdes de existéncia, razdes que sio mais importantes que a vida em Em outras palavras, a consciéncia feminina — sua participacdo, como foi na cultura ~é evidenciada em parte pelo simples fato delg accitar sua prépria desvalorizacio ¢ endossar o ponto de vista le cultura Eu tentei aqui demonstrar uma parte da logica desta visio, a arte que surge diretamente das diferengas bioldgicas entre os ho, mens € as mulheres. Em razio do maior envolvimento do corpo fe. minino com a fungdo natural que circunda a reproducio, la en. garada mais como elemento da natureza do que 0 homem. Contin do, em parte por sua consciéncia e participagio no didlogo social, sla € reconhecida como uma participante da cultura. Portanto, els surge como intermedidria entre a cultura e a natureza numa escala de trascendénci Fa do homem. 2. 2 ranel social ferninino visto como mats proximo da natureza, As funcdes fisolégicas das mulheres, como acabei de argumentar, Podem motivar* em si maior proximidade da mulher com a nati feea, um ponto de vista com o qual cla propria teri de concordar, como observadora desi mesma ¢ do mundo, As mulheres evan de Sua propria esséncia, enquanto o homem é livre para ou foreado ctiar artiicialmente, isto é, através de meios culturais, e desta tat heira manter a cultura, Acrescentando, desejo agora demonsirar como as fungdes fisiologicas femininas tendem universalmente a fe rmitar seu movimento social e a confind-las universalmente a certos Gomtentos socizis, que por sua vez, sho vistos como mais proximios dda natureza, Isto &, no somente seu proceso corporal mas a citus, ‘o social na qual seu processo fisico a coloca, podem assinalar exte significado, E na medida em que ela estd permanentemente ligada os olhos da cultura) com estes meios socitis, os quais aerescentam Peso (talves até scjam 0 fator fundamental), ao ponto de vista da maior proximidade da mulher com a natureza, Eu naturalmente mo fefiro aqui no confinamento ferninino ao contexto familiar domésth Co, um confinamento motivado sem divvida por seu processo de Ine. tacio. © corpo da mulher como de todos as mamiferos femininos, Beta leite durante e depois da gravidez. para a amamentagio de re, .cém-nascido. O bebé nilo pode sobreviver sem leite materno ou ak. guma (Srmula similar neste estigio de vida. Desde que 0 corpo ma. {erno atravessa © processo de lactagio em relaglo direta com a ges- 106 0 de uma determinads crianea. a relagio de amamentacao entre e/filho € vista como um elo natural, e outros arranjos alimenta Fes como sendy ni maioria dos casos artificais ¢ provisérios. As ies seus filhos,'de acordo com razdes culturais, se pertencem disto,as crianeas, durante « infaneia nio sio suficientemente fortes para se engajar em maiores trabalhios. ainda que se movanre drios perigos: portanto, elas Jos. As mies slo as pes- obviamente para estas farefus, como uma extensfo a sua ligagto natural de alimentar as cirancas. ou porque elas tem um novo bebé e ainda estio envolvida idades de orientagio infantil Suas préprias atividades sio portanto circunscritas pelts Ii. Iilades ¢ baixos niveis dasforgas e habilidades de seus filhos cla € confinada ao grupo familiar doméstico: “o lugar da mulher é no far" A associagio da mulher com o cireulo doméstico contribuiria de viirias maneiras para a concepcio desta como mais proxima da natureza sob diversos aspectos, Em primeiro lugar. o simples fato da constante ligagdo com gtiangas. assume um papel no problem: é facil de constatar como hebés c criancas podem ser considerados no parte da natureza, Bebés si apenas humanos completamer te insocializados; como os animais. eles sio ineapazes de andar re- (os, eles niio tem controle da exerecio, eles nio alam. Até eriangas um pouco mais velhas ainda nao estio totalmente sob o dominio cit cultura, Elis ainda ndo entendem a moral, responsabilidades ¢ de- veres: seu Yocabulirio e sua habilidade nas etapas da uprendizagem io pequenas, Encontea-se um reconhecimento implicito e uma I gacio entre as criancas © a natureza em muitas priticas cullurais, Por exemplo, muitas eulturas tem ritos de iniciagzo para gs adoles, centes (principalmente para os rapazes, mais adiante voltarei este Ponto), © ponto em que se mudara as criangas de um estado huma- Ro menos completo a uma plena participagio na sociedade e na cul. {ure muitas culturas no mantém rites funeririos para eriangas que morrem cedo, porque, explicitamente. nao silo seres socisis completos. Portanto, € apropriado eategorizar ac criangus com a natureza, ea ligagio intima das mulheres com as criangas pode con itirar-Ihes a possibilidade.de serem clas proprias consideradas mais proximas da natureza. € irdnico que a base logiea para a ini ‘io ritual dos meninos em muitas culturas, é a de que o jovem deve ser purificado da profanacio advinda de estar em torno da lor mile ¢ de outras mulheres a maior parte do tempo, quundo na ver- dade a maior purte da profanagiio feminina pode se originar de sua convivéneia longa com as criangas, ‘A segunda maior implicagio problemiitica da proximidade da mulher com 0 contexto doméstico se origina de certos conlilitos ex. truturais entre a familia © a sociedude, conjuntamente, em qualque sistema social. As implicagdes da oposiedo “pablico/doméstioo em relagdo a posiclo feminina foi convenientemente desenvolvida Por Rasaldo (neste liveo) e eu desejo simplesmente mostrar sua im. Porlancia no presente argumento. A nogio de que a unidade do. méstica ~ a familia biol6gica encarregadi de reprodusit ¢ socializar ovos membros da sociedade ~ se opdc a entidade piblica ~ a ex. trutura dominadora das relagdes ¢ aliangas que’ a sociedade - & também a base dos argumentos de Levi-Strauss no livro: Eviruturas Elementares da ‘Familia (19694). Levi-Strauss nio discute somente gue esta oposivau esta presente em todo sistema social, mus alos disso que ha significdncia na oposigao entre natureza e cultura Proibi¢2o universal do incesto ' seu aliado, a lei da exogamia (casa mento fora do grupo), asseguram que “é definitivamente climinado © risco de encarar uma familia bioligica estabelecida como um sis © grupo biologico naw pode mais permanveer separa. la alianga com outra fimilia asseguram o dominio do social sobre o natural” (p, 479), Ainda quc cadu culture nao arti, cule uma tal oposicio radical entre o doméstica eo piiblico, é dif. cilmente contestivel 0 fato de que o doméstico é sempre dominado pleo puiblico: as unidades domésticas sto ligadas umas as outeas através da promulgacao de leis que logicamente estio num nivel mais alto que as prOprias unidades; isto cria uma unidade emergen- {e~ a Sociedade ~ que esta ldgicamente num nivel superior as unio. des domésticas das quais € composta Agora, desde que as mulheres esto associadas com, e verda- Geiramente estdo mais ou menos confinadas uo contento’ domés 9, elas sdo identificadas com esta ordem inferior da organizagio cultural ¢ social. Quais s8o as implicagdes desta ufirmacto? Priel, ‘0. sea fungdo especifica bioldgica (reprodutiva) da lamilia é enfuth, ada como nu formulagio de Lévi-Strauss, entdoa familia (e conse. GUentemente « mulher) 6 identificada pura e simplesmente com a atureza em oposicio a cultura. Mas isto é obviamente muilo sing Ples; a questio parece mais udequadamente formulada como se se. Buc: a familia (e conseqilentemente a mulher) representa um nivel inferior, socialmente fragmentado, e uni categoria particular de 08 teresses, se opondo a relagdes interfamiliares representando uma ‘categoria de interesses universais ¢ integrativos. Desde que os ho. mens ndo possuem uma base “natural” (eriar, no sentido de cuidar dda crianga) para uma oriemtagio familiar, sua esfera de atividade & limitada’ao nivel de relagdes interfamiliares. Consequientemente, como as razées culturais parecem progredir, os homens si0 os pri Prietirios “naturais” da religito, do ritual, da politica e de autros dominios do pensamento cultural e da ueio, nos quais sao realize, das as leis universais da sintese espiritual e social. Portunto, os ho- mens sio identificados nao somente com a cultura, no sentido de toda a criatividade humana, mas como opondo-se « natureza; cles So identificados em particular com a cultura no sentido antigo da manifestaedo mais elevada do pensamento humano ~ arte, rligiao, lels e ete Novamente aqui, esta claro o racioeinio da lépica cultural clas: sificando « mulher numa ordem de cultura inferior ao homem ¢ aparentemente muito constrangedora. Ao mesmo tempo. a mulher ao pode ser totalmente destinada & natureza, pois ha aspecios de sua situagZo, mesmo dentro do contexto doméstico, que demons. tram inegavelmente sux participagdo no processo cultural. & claro, Prossegue-se sem dizer que exceto peli amamentugio do recém? fascido (€ 05 esquemas de alimentugdo artificial podem até romper este vinculo biolégico), contrapondo-se ad pai ou qualquer outea Pessoa, ndo hi razio para a mie permanecer identificada com 0 euidado infantil. Porém, mesmo assumindo as outras racdes priti. ‘eas e emocionais que conspiram na manutengao da mulher nesta cs, fera, € possivel demonstrar que suas atividades no contexto domés- tico poderiam coloci-la logicamente, de modo direto na categoria cultural Em primeiro lugar deve-se enfatizar que a mulher alimenta ¢ cuida das eriancas ndo s6 numa simples operagiio de vigilincias elt & na verdade o primeiro agente de sua precoce socializagio. F ela ue transforma os recém-nascidos, de simples organismos, a seres - ensinando-Ihes maneirus e meios adequados de comportamento, a fim de torné-los membros maduros de uma eal, siseando-se somente em suas fungdes socializadors, ela a0 podia ser um membro mais representativo da cultura. Comudo pre. {icamente em toda sociedade existe uma época na qual a respons bilidade da socializacio dos rapaces é transferida pura os hemenc, Pe um modo ou de outro os jovens ainda nio sto consideradog “realmente” socialicados : susi entrada no completo dominio de 109 status humano (social e cultur:l) pode ser cumprida apenas pelos homens. Nés ainda vemos isto cm nossus proprias escolas, onde hi uma inversio gradual na proporgio de professoras e professores durante 05 estgios; a maioria dos professores do jardim de infancia sio mulheres, a maioria dos professores universitarios sio ho Ou ainda, tomemos a culiniria. Na esmagadora maioria das sociedades a culindria € trabalho femi ha divida que isto Se origina de consideragées priticas ~ desde que a mulher deve per- manecer no lar com 0 filho, é convenicnte para cla desempenhar 0 trabalho doméstico nele. Porém. se & verdade, como Lév-Strauss afirmou (19696) que transformar o eru no eozido pode representar, em muitos sistemas de pensament, x transigao da naturezd para cultura, teremos portanto a mulher associada a este importante Proceso de culluracao, que poderd facilmente colocd-la na eatego~ tia, prevalecendo sobre a naturcza também interessante meter ue quando uma cultura (c.g. I'ranga ou China) desenvolve uma tradigio de alta culindria ~ “real” culinaria opondo-se a cozinha co- 1um doméstica e trivial - os chefes siio quase sempre homens, As. sim 0 exemplo fepete, que nu rea da socializag sempenham converses de baixo nivel da nalureza pari orem quando a cultura promove um nivel mais alto di fungdes, este fica restrito aos homens, Em resumo, vemos novamente algumas potencialidades femis hinas aparecendo como mais intermediairias que as masculinas com fespeita a dicotomia natureza/cultura. Sua associacdo “natural” cam 0 contexto doméstico (molivado por suas Fungdes naturhis de tetagio) tend a configurar sua poteneialidude de forma a ser enca- ida como mais préxima da natureza. pelt nalurera primitiva das criancas e pela conotagio infra-social dos grupos domésticos como opositores do resto da sociedade. Ao mesmo tempo, suas incum- Yencias Ue sqeializar e cozinhar dentro do contexto doméstico a Fesentam como um agente poderoso do proceso cultural, cons- mtemente transformando recursos naturais em estada bruto em Produtos culturais. Pertencendo a cultura, e no entanto mosirando mais direta com a natureza, cla é mais jada entre os dois dominios, 3. A psique feminina encarada convo mais préxima da naturesa, (0 controvertida a proposta de que « mulher niio tem somente lum corpo € um status social diferente do homem, mas também uma estrutura ps diferente, Argumentarei que ela provavelmente Ho cultura, mesmas uma vez vista como si deve ter uma estrutura psiquica diferente, poréin me valerei firme mente do artigo de Chodorow (neste livro) para estabelecer prime Fo que sua estrutura psiquica ndo necessita ser assumida como ina ‘a; cla pode ser explicada, como Chodorow demonstra convincente- mente, através das ocorréncius de priticas provavelmente univer: sais de socializagio feminina, Nao obstante, se admitimos a proxi mmidade empiriea de universalidade da “psique feminina” com cer- {as caracteristicas especificas, estas cardcteristicas acrescentariam lum peso a visio cultural da mulher como mais préxima da nature importante especificar 0 que vemos como aspectos dominan- tes ¢ universais da psique feminiia. Se postularmos a emotividade ou a irracionalidade, nos cohfrontaretos com estas (radigdes em varias partes do mundo nas quais, fundamentalmente, as mulheres sio encaradas como mais priticas. pragmatics e mundanae do que 68 homens. Uma dimensio relevante que parece ser aplicada pan. culturalmente ¢ a da relativa concretitude vs, relativa abstragd Personalidade feminina tende a ser envolvida por sentimentos con retos, objetos e pessoas ao invés de entidudes abstratas: tendo para 4 personalizagao ¢ a particularizagdo. Uma segunda dimensio es- trcitamente relacionada, parece ser a da relitiva subjetividade vs uma relativa objetividade: Chodorow cila 0 estudo de Carlson (1971) que conclui que os homens representam experiéneias do self, dos outros, do espaco ¢ do tempo de mancira distante, individualis. a ¢ objetiva, enquanto as mulheres representam experiénelas de forma relativamente imediata, interpessoal e subjetiva” (neste livro P. 78 citando Carlson p. 270). Ainda que estes © outros estudos te. nham sido feitos em sociedades do Ocidente, Chodorow eneata suas descobertas das diferencas entre a personalidade feminina maseulina ~ em suma, que os homens sio mais abjetivos e inclina. dos a relacionar-se em termos de categorias relativamente abstratas € as mulheres mais subjetivas e inclinadas a relacionar-se em termos de fenémenos relativamente concretos ~ como “as diferencas perais © quase universais™ (p. 43), Poréin a mensagem do artigo, elegantemente diseutido por Chodorow, € que estas diferencas nao sio inatas ou geneticamente Programadas. Elas surgem quase de tragos universais da estrulura familiar, isto é, “universalmente as mulheres so us tinieas respon- siveis pelos cuidados da primeira infincia e pela (pelo menos) s0- ializagio posterior feminina” (p. 43) ¢ que “a situagio estrutural da educacio da criang:, reforgads pelo treinamento do papel femi nL nino ¢ masculino, produz estas diferengas que sio copiadas e repro duzidas na sociologia sexual da vida adulta (p. 44), Chodorow sr. gumenta que pelo fato da mae ser a primeira pessoa a socializar fanto os meninos como as meninas, ambos desenvolvem “una identificagio pessoal” com ela, isto &, uma identilicacao difusa com sua personalidade geral, tragos de comportamentos, valores ati, des (p. 51). No entanto, um filho deve finalmente mudar para uma identidade de papel masculino que envolve a consirugio de uit identificagdo com 0 pai. Desde que o pai estd quase sempre mais afastado do que a mie (ele raramente se envolve com o cuidado in, fantil e talvez trabalhe longe de casa grande parte do dia), a cons: trucio de uma identificagio com o pai envolve uma “identificagio Posicional”, isto é, uma identificagdo com o papel masculino do pai Como uma série de elementos abstratos, ao invés de uma identifi 20 pessoal com o pai coma um individuin real (p. 49). Além disso, quando o menino entra num mundo social mais amplo, ele oe tra de fato, organizado ao redor de critérios mais abstratos ¢ uni. versais (veja Rosaldo, neste livro, p. 45 ¢ 46, Chodorow, p. 58), como indiquei na parte anterior; no entanto esta soctalie, coce © prepara para, ¢ & reforgada pelo tipo de experién social que ele teri, Em contraste, para uma menina, a ideati mile, que se criou na primeira infaincia pode persistir no provesso de aptendizagem da identidade do papel feminino. Em conseqiiéncia da mie estar presente ¢ disponivel quando u filha aprende n ident dade do papel, esia aprendizagem envolve uma relagao de continu dade ¢ desenvolvimento da jovem com sua mae, e mantém a identic ficacdo com ela como um individuo, isto ndo envolve 4 aprendies gem de caracteristicas do papel definidas externamente (Chodorow, B. 51). Este padrio prepara a menina pava, e & plenamente reforca. do por sua situago social posterior na vida; ela se envolvert Go mundo feminino que se caracteriza por poucas dilerengas formas te papéis (Rosaldo, p. 29) e que envolve ndvamente a maternidade, “a idemificagdo pessoal” com seus filhos. E assim o ciclo se inicia novamente, Chodorow demonstra, ao menos, pata minha satisfueto. que « personulidade femiuing, edracterizuda por personalizagio € parti, Cularizacio, pode ser explicuda como gebida por clusstficagdes ox. truturais-sociais, ao invés de fatores bioldgicos inatos. Este tepecto nig necessta ser repisado mais adiunte, Porém, na medida em que a “personalidade feminina™ tem sido quase um fato universal, 12 io pessoal com a ode-se argumentar que suas caracteristicas podem ter contribuldo Posteriormente & eonsideragio da mulher como sendo menos “cul. tural” que o homem. Isto é as mulheres tenderiam a se aduptar is relugdes com 9 mundo que 1 cultura poderia ver como sendo mais noldadas na natureza” (imanentes e baseadas em falos dados) do ue “moldadas na cultura” (transcendendio e tfansformando as Cor. s através da super imposigio de categorias abstratas ¢ de valores trunspessoais). As relacdes da mulher tendem a ser, semelhantes & natureza, relativamente imediatas, mais diretas$ enquianto que o ho- mem tende a se relacionar nfio somente de um modo mais media}o, como de fato, muitas vezes se relaciona mais eonsistente ¢ solidi, mente com categorias ¢ formas mediatas do que com pessoas ou ‘com os proprios objetos : Portanto, néo é dificil ver como a personalidade feminina forga a visio da mulher como estando “mais préxima da nalureva™ Ao mesmo tempo, o modo de relacionamento earacleristico feminic ‘no, representa inegavelmente um papel poderoso e importante no Processd cultural. © relacionamento relativamente imediato, esta sob certo aspecio no extremo mais baixo do espectro das fungaes espirituais humanas, dependente e particularizado, ao invés de transcendente € sintetizado, contudo, esta forma de relagse lambém se classifica no ponto mais elevado do espectro, consile. indo a relactio mae/filho, As mies teridem a se comprometer com us filhos como individuos, indiferentes a0 sexo, idade, belera e fy liagio a partidos, ow outras categorias as quais as criangas possam Pertencer. Agora, qualquer relacio com estas caracteristices nio Somente ma¢e filho, mas qualquer tipo de compromisso muito pi soal relatiyamente imediato ~ pode ser visto como um desatio 3 ey lurt © di soviedde; “inferior”, na medida em que ele represents: 0 Potencial fragmentirio de lealdades individuais em face da solida- Fiedade do grupo. Mas tumbém pode ser visto como ineorporando. © agente-sintetizaidor da cultura e da sociedade “superior”, m caso representando os valores humanos generaliz i das lealdades ais eategorias sociais parti deve ter categoria sociais que transcendam as lealdades pessont thas eada cociedade também deve gerar \im sentido de unidade to. ara todos seus membros sicima e além destas Pesto psiquico, parecendo tipi ide «i negligenciar as extegorias © procurar a “cami. 10" (Chodorow, p. $5; seguindo Bakun, 1966) direta e pessoal. mente com outros, ¢ embera possa parecer infra-cultural,& no mes: 3 nente fe- mo tempo. sociado com os mais altos padrdes do pro As Inplicacies da Colocacay Inermediaria Meu propésito principal neste elo do status universal secundario da mulher, Intelectual e pessoal Mente eu me sinto intensamente desafiada por este problema; me senti forgada a tratar dele antes de tentar uma anilise da posigio fe- minina em qualquer socicdade especifica. As variantes locais de economia, ccologia, historia, estrutura politica © soci ectos do mundo ~ tudo isto pode explicar as variveis do univer- 50, mas nio pode explicar o universo em si. Se nds nao aceitumos a ideologia de determinismo biolégico, a explicagio, portanto, me parece, 56 pode se originar por referéncia a outros universos da twagio cultural humana. Logo, os esbogos gerais da abordagem — embora, sem diivida, ndo scjam uma solugio particular oferecida — foram determinados pelo problema em sie nao por qualquer predi- lego de minha parte pela anilise estrutural abstrata global, Eu ar- gumento que a desvalorizacao universal feminina pode ser explica da demonstrando que a mulher € encarada como mais proxima dt natureza do que o homem, que inegavelmente & visto ocupande o importante territétio da cultura. A separagio do binémio cultura/ natureza €em si um produto da cultura, « cultura sendo definida n tminimo como transcendente, por meio de sistemas do pensamento eda tecnologia, aos dons naturais da cxisténcia, Esta é, sem david: uma definigio analitica, mas eu alirmo que de algum modo cada cultura incorpora esta nogdo de uma forma ou de outra, ao menos através do desempento do ritual como uma confitmagao da habili- dade humana para manipular aqueles dons. De qualquer moda o niicleo do artigo trata de mostrar porque as mulheres poderiam ser cconsideradus, sempre, nos mais diversos tipos de visio do mundo ¢ ‘em varios graus de complexidade cultural, como sendo mais pr mas da nuturcza'do que os homens. A fisiologia feminina & mais'en- volvida na maior parte do" empo com a “preservagio da vida" a li aco das mulheres com 0 contexto doméstico estruturalmente sus bordinado, responsdvel pekt penosa Tungio de transformay as criangas num estado primitivo em seres ivilizados; a psique femit ‘na_apropriadamente moldiida para a fungdo maternal por sua prd= pria sotializacio e apta para um maior personalismo e um modo de 4 . igo tem sido tentar a explica- se relacionar menos mediato: todos estes fatores fazem com que as tnutheres paregam enraizadas mais direta e profundamente na natu. Feza. Entretanto, ao mesmo tempo. sua “assoeiagio” e partici completamente necessirias na cultura, sto reconhevidas por es hao podem ser nepadas. Portanto ocupande uma posicio intermediria entre a cultura e a naturera ta posigao intermedia tem varias implicagdes para a andli- se, dependendo de como € interpretada. Primeiro, naturalmente, responde minha questo inicial, do porque a mulher é considerad: em todo luge como inferior ao homem, pois mesmo se ela nao & vista pura ¢ simplesmente como natureza, ainda assim é encarada como alcangando menos transcendéneia sobre a natureza do que 0 homem, Aqui o estado intermediirio significa simplesmente um “status médio" na hierarquif'da cultura para a matureza Segundo, a posigio iniérmediiria pode ter o significado de “mediadora’ isto & desempenho de ilguima espécic de fungao sin- (etizadora ou conversivel entre a natureza ea cultura, aqui conside- rada (pela cultura), no como dois extremos de uma série continua, mas como duas espécies radicalmente diferentes de processos no mundo, A unidade doméstica, e portanto a mulher, que pratica- mente em cada caso aparece como sua representante principal, € tums das agentes mais importantes da cultura para a conversio da natureza em cultura, especialmente com referéncia a socializagao das criangas. Tada viabilidade de permanéncia de uma cultura de- pende de individuos socializados adequadamente, que verio 0 mundo naqueles termos culturais ¢, indubitavelmente, seguirao mais ow menos seus preceitos morais. As fungies da unidade do- méstica devem ser controladis muito de perto com o fim de assegu- tica como uma rar este resultado; a estabilidade da unidade domi instituigao deve ser colocada o mais possivel fora de questio. (Nos vemos alguns aspectos de protecio da integridade e estabilidade do grupo doméstico nos poderosos tabus contra incesto, o matric dio, o patricidio € o fraticidio. °) Na medida em que a mulher é uni- versalmente 0 agente principal no inicio da socializacdo, e€ encara- aquela unidade. Sua posicin intermediiria (culturalmente definida) entre a natureza ¢ a cultura, tendo aqui 0 significado de sua mediacdo (isto &, 0 desempenho de fungdes de conversdes), contribuiria no somente para seu status inferior mas Para_uma maior restrigdo sobre suas atividades. Realmente, em 1s quase todas as culturas as atribuigdes admits para seu sexo mais esreitamente circunsertas do que us dos homens, éolerccelo 8s mulheres uma menor variagio dz escolha de avid permitdo um acessodireto a uma variagzo muito mats limiade de instituigdes socias. Alm disso cla € quase universulmente soci zada para ter um padrlo de comportamento mais rigorous ¢ ‘mente mais conservador do que o dos homens os contexios sciats limitados de sua vida adult reforgam esta situagdo, Este conserons dorismo e tradicionalismo do pensimento feminine engendao pela sociedade € outro ~ talves 0 ior, certamente 0 maisndsi modo de restrigdo social e estaria cliramente ligado a sus Tuncdo tradicional de geradora de membros hem socialados de grote Finalmente, a posigio intermediiria dus mulheres deve ter a implicagto de uma maior ambigtidade simbolica (vejt Rosaldo neste livro), Uma vez mais substitvindo nowst imagen dare cultura/natureva, podemos enquadrar 4 cullirt nese caso Como uma pequena clareira dentro do sistema natural amplo, Deste pore to de vista, 0 que ¢ intermediério entre a cultura ea natureza fica lo- calizado na periferia continua da clyreira da cultura: embora posse Parecer estar tanto acima como abaxo (e paralla) simplesmente de fora e em torna dela. Agora podemos comegir a entender comoaum dno sistema de pensamento cultural pode ire tientemente referir-se & mulher como completamente polesieads c ‘iparentemente com significudos contraditérios, podemos dizer, desde que os extremos se aproximem, D exemplo mals simples que Podemos mencionar & que, freqllentemente, 4 mulher representa tanto a vida quanto a morte Sob o mesmo aspecto, numa ioutra perspectiva, deve-se lembrar que a caractertstiespsiquica associsda muller pasoee apoiar-se tanto no fim eomo no nisi escala das formas de ole ‘cionamento humano. A tendéncia festa forma é se envolver mais diretamente com as pessoas como individuos e no como repreans tantes de uma ou outra categoria sopal este modo pode sy visto como, ou “ignorando” (c assim destruindo), ou “transcendendo™ (¢ assim alcangando uma sintese maior) destas categorius sociais, de- pendendo da visio cultural em relagdo a um Jeterminado obieive Assim pestemos onplicarfuclments tanto Us Smbolos destonieg femininos (bruxis., mau olbido, contaminayio menstrach sones castradoras) como os simbolos femininos de transcendéncia (divin le muterna, caridade recompensada pela sulvugio, simbolos le mininos de justica e a forte presenga de simbolismio feminine no ree 16 ‘no dus artes, na religigo, no mito ¢ na lei). O simbolismo feminino, ‘muito mais do que masculino, manifesta esta tendéncia de polari zara ambigtidade. Algumas vezes éxtremamente exiltada, outras extremamente aviltada, e raramenie dentro das eategorias normais das possibilidades humanas. Se as mulheres (do ponto de vista cultural) intermediaries en tre a cultura ea natureza, tem esie envolvimento de ambiglidade generalizada de caracteristicas significativus de fendmenos marki- entdo também estamos numa posigio melhor para avaliar ex. nversdes” culturais e historicus, nas quais as muilheres estio de uma maneira ou outra simbolicamente ligadas 4 cultura e os he. mens com i natureza, Indimer0s casos nos vem A mente: os Sirionds do Brasil, entre os quais, segundo Ingham (1971: 1098), "a nature se opdem & “cultura, o cozido e femini "A Alemanha Nazista, na qual as mullieres eram conside- Fadas as guardids da cultura e da moral; o amor galunteador euro. eu, no qual o homem se considera a bésta e a mulher o primitive e sublimé objetivo, um padrio de pensamento que persiste, por exemplo, entre 0s camponeses modernos espanhois (veja Pit Rivers, 1961; Rosaldo, neste livro). Nao se duvida que hi outros cas 08 desta espécie, incluindo alguns aspectos de nossa propria posi- cio cultural no que diz respeito a mulher. Cada exemplo destas as. Sociagdes das mulheres com a cultura ao invés da natureza, implica em uma andlise detalhada de dados especificashistoricos e etnogri ficos. Porém, demonstrando como a natureza em geral e comportiy ‘mento feminino, principalmente no que se refere iis relugBes inter. Pessoais, parece em certos aspectos basear-se tanto sob, como Sobre (mas realmente fora da) esferu da hegemonia cultural, ao me. os temos estabelecido o fundaménto para tais anilises Resumindo, o postulado que encarou a mulher como mais Proxima da natureza do que o homem, tem intimeras implicagdes ara uma andlise posterior e pode ser interpretado de varios movlos, Se é considerado simplesmente como uma posiglo intermedidria nu gscala da cultura para a natureza, entdo, ainda € visto como interior § cultura ¢ portanto implica na hipdtese pan-cultural de que a mu ther @ inferior ao homem na ordem das coisas. Se & interprelude como um elemento mediador na relagio cultura/naturers, entio ode ser considerado em parte uma tendéncia cultural nao apenas para desvalorizar a mulher, mas para circunscrever e restringit sas fungdes desde que a cultura mantenha o controle sobre seus meca- hismos pragméticos e simbdlicos de conversio da naturcea em cul. uy tura, E se¢ entendido como um status ambjguo entre cultura € natu Feza, pode ajudar a considerar o fato que em ideologias e simboliza- es culturais especifieas a muller pode ocasionalmente ser associa- da com a cultura ¢ em qualquer ocasiio, muilas vezes designad como significado polatizado e contraditério dentro de wm tinico sistema simbélico. O status intermediacio, as fungdes mediadoras © 08 sentidos ambiguos, so diferentes interpretagdes para finalidades contextuais diversas da mulher focalizada como intermedia entre @ natureza ea cultura Conclusao Finalizando, deve ser cnfatizado novamente que todo o siste- rma é uma construgdo da cultura ao invés de um fato da natureza. A ‘mulher nao esti "na realidade” mais proxima (ou mais distante da) nratureza do que o-homem, ambos tem consciéncia ¢ ambos mortais. Porém, certamente hi razdes pelos quais ela aparcee deste modo, 0 que eti tentei demonstrar neste artigo. O resultado & um sistema lamentavelmente eficiente de feedback: Virios aspectos dit situagao feminina (Fisica, social e psicolégica) contribuem para cli ser considerada como mais préxima da natureza, enquanto, por sua vez, esta proximidade € incorporada em forma institucionais qué Jembram sua situagio. As implicagdes para as mudancas sociais so igualmente circulares: uma visio cultural diferente pode surgir de uma atualidade social diferente; uma atualidade social diferente pode surgir de uma visio cultural diferente. Portanto, é claro que a situtagio deve ser discutida de ambos os lados. Os esforgos dirigidos ‘unicamente na mudanga das instituigBes sociais, por exemplo, atra- vés do estabelecimento de quotas salariais, ou através da aprovacio das leis de igualdade de trabalho e salirio, no pode ter efeitos de longo alcance se a finguagem e us figuras eulturais continuam a for- necer uma imagem relativamente desvalorizada da mulher. Porém, ao mesmo tempo, os esforcos dirigidos somente as mudancas de pretensdes culturais, por exemplo, através do surgimento da co eiéncia de grupos masculinos ¢ femininos, ou através de revisdes de i nio podem ser bbem sucedidos a base institucional da sociedade mude para a manutencio ¢ 0 reforgo da visio cultural modificada, Final- mente, tanto homens como mulheres podem e devem ser envolvidos igualmente em projetos de criatividade e transcendéncia, Somente entio, as mulheres serio associndas com a cultura no dialético pro- resso da cultura com a natureza, 18 A primeira versio deste urtigo foi apresentada em outubro de 1972 como uma Icitura no curso "Mulher: Mito Realidade” no Sarah Lawrence College. Recebi srltigas provetosas dos aluios ede minhas colegas no curso: Jonn Kelly Gadol, leva Kollesch e Gerda Lerner. Foi entregue um relatrio suseinto& Asso euniges da 10 Antropoldgica Americana, em Toronto, novembro de 1972. Enq {0 iso, reabierticis excelentes de Karen Blu, Robert Paul, Michelle Rosaldo, al do artigo, na qual o impeto. do argumento foi sgniicantementealterado foi esrita en resposta a esta ei ‘ns. Sem vids, ew mantenh a responsabilidad por sua form final. O tiga & Uedicado a Simone de Beauvoir, cujo lvto Dubleago na Franea en) 1949, em mink opi Dretagdo inteligente'do “prablems da mulher Sem diivida, € verdade que yin © principio feminino fem ums conotago nes va. Nao obstante, hi uma complerentaiedade absoluta do yin e yang no Taos ‘mo, vm recomecimento de que e mun necesita de influéncias equivatentes © imeragdes de ambos os principios pare a sobrevivéncia AAlgunsantroptlogos posleriam eonsilerar ese tipo ie evidéncias (lasifieagdes és is que exeluem as mutheresexpicitamente ode ato. de alguns gra Pos. papés ov status) como ui subelassifeagdo de um segundo tipo de evidn. 119 David Schneider Terence Turner, versio 3

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