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PROCESSO PENAL CPP – 1941 – Estado Novo e Constituição de 1973 – processo

repressivo que não assegura garantias constitucionais do réu em


sua plenitude.
Transcrições das aulas da Prof. Dra. Marisa D´Arbo, docente do Curso de Direito da
UNESP-Franca. Realização: Ana Tereza A. Pitombeira, Ariane Duarte Seleghim, Requisitos/Pressupostos Processuais:
Bruna Marchesi e Felipe Olah Dourado . Transcrição original feita por Júlia Lenzi
Silva. Validade: quando os atos forem praticados em conformidade com o que
a lei prescreve, caso contrário, os atos são nulos. Observância das
Formas Procedimentais formalidades legais.
Processo: relação jurídica que se instaura visando uma finalidade. O Existência: juiz/órgão jurisdicional (capacidade objetiva e subjetiva),
Processo pode ser estudado por três aspectos: partes capazes (com pretensões distintas) e pedido (causa de
pedir/infração penal).
Formal: conjunto sistematizado de atos processuais que são
praticados visando chagar na finalidade do processo, que é Em verdade, a validade depende de que não haja num processo um
solucionar um conflito de interesses. Processo é procedimento. decreto ou uma declaração reconhecendo o vício processual, pois caso
contrário, os atos serão praticados e surtirão efeito – processo só se muda
Teleológico: instrumento institucionalizado de prestação
com processo – a cessação de um efeito de um ato processual
jurisdicional, de solução de conflito de interesses.
(validade) depende de uma declaração judicial que reconheça seu
Material: relação jurídica entre os sujeitos processuais vício, sua nulidade.

Processo seria então, um conjunto de atos que se desenvolve no âmbito O Processo Penal brasileiro não reconhece a anulabilidade e a
de uma relação jurídica pelas partes processuais, visando uma prestação inexistência.
jurisdicional (composição da lide).
Vício: defeito que decorre do não cumprimento do disposto em lei para a
Doutrina: há uma corrente jurídica que defende que a relação jurídica é prática de um ato processual.
horizontal, envolvendo apenas autor e réu. Outra que prega ser uma
Vício e defeitos
relação angular: o juiz e uma das partes. Mas a mais sensata acredita que
essa relação é triangular, englobando as partes e o juiz. Irregularidade: mera irregularidade não será capaz de tirar do ato a sua
capacidade de produzir efeito
Procedimento: forma, conjunto de atos, conteúdo formal do processo.
Conjunto de atos concatenados previamente estabelecidos em lei cuja Inexistência: quando o vício fere a essência do ato, o ato existe de fato,
validação das posteriores depende da validade das anteriores. É a mas não de direito. Não ato.
seqüência, ordem com que os atos processuais devem ser realizados. Os
atos devem respeitar as fases e as formalidades do processo. Nulidades: pode ser RELATIVA ou ABSOLUTA – art. 564 do CPP (hol não
taxativo).
A diferença entre processo e procedimento: procedimento é forma de
organização, sem finalidade. Não existe processo sem procedimento, mas ABSOLUTA: o vício atinge, fere, norma de ordem pública, em
existe procedimento sem processo. “Processo é procedimento animado especial a Constituição.
pela relação jurídica” (Dinamarco).
RELATIVA: quando fere o interesse particular de uma das partes
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Art. 572 – dispõe quais são as nulidades relativas (caput do art. 564),várias Se a nulidade relativa não for argüida no momento correto ocorre a
críticas ao legislador quanto a hipótese do art. 564 IV, que seria hipótese preclusão, e a convalidação do ato.
de verdadeira inexistência.
Existe discussão doutrinária acerca da possibilidade de o juiz reconhecer
As nulidades relativas devem ser sempre argüidas pela parte interessada, de ofício a nulidade relativa.
enquanto as nulidades absolutas podem ser reconhecidas de ofício ou
pelo Tribunal. O reconhecimento da nulidade contrária aos interesses do O limite para a argüição de nulidade relativa é a defesa prévia, passado
réu não pode ser de ofício pelo Tribunal (decidido por Súmula) esse momento convalida-se o ato e preclui o direito de argüir essa
nulidade pela parte.
O reconhecimento da nulidade pressupõe a existência de prejuízo, que
deve ser demonstrado, provado na nulidade relativa, na absoluta é Para argüir a nulidade em grau de recurso, é pré-requisito que se tenha
presumido. feito antes, no momento oportuno (relativa).

Nulidade relativa tem momento certo no processo para ser argüido, já a Tribunal: Súmula 160 do STF: os tribunais não podem reconhecer de
absoluta por ser reconhecida, argüida a qualquer momento, mesmo ofício nulidades que sejam contrárias aos interesses do réu
depois do transito em julgado da decisão, quando isso for benéfico ao (somente pode reconhecer aquelas que prejudicam, de alguma
réu; por meio de HC e Ação de Revisão Criminal. forma o interesse do réu) – absolutas.

Nulidade relativa se convalida, sara o defeito, a absoluta não. Depois do transito em julgado, a parte pode valer-se da ação de
REVISÃO CRIMINAL para desconstituir a coisa julgada e discutir
A parte não poderá argüir nulidade que somente interesse à parte novamente a nulidade – SOMENTE A FAVOR DO RÉU – somente é possível
contrária ou que elas mesmas deram causa. em decisões condenatórias, nunca absolvitórias.

Atenção: se o vício afastar ou prejudicar a defesa do acusado, ele está Art. 648 CPP: Habeas Corpus também se vale para discutir a nulidade que
ferindo a Constituição que assegura o direito á ampla defesa, mas assim já transitou em julgado (somente pode ser usado para defender o direito
não pensa o Supremo : Súmula 523 do STF: falta de defesa é nulidade do réu – direito individual de locomoção).
absoluta, a deficiência na defesa (falta de diligencia na defesa por
exemplo) é nulidade relativa e somente será reconhecido se provado o A ação de revisão criminal e o HC são ações exclusivas para a defesa dos
prejuízo para o réu interesses do réu. (o MP tem legitimidade para impetrar HC desde que
seja para a defender o réu.
Existe possibilidade de argüir nulidade relativa em recurso: somente se foi
argüida no momento oportuno e o juiz não acolheu. Se ela não foi Obs: quando a nulidade absoluta for favorável à acusação, ela se
argüida se convalida. Resumo de conseqüências das nulidades: saneia no momento do transito em julgamento. (somente a defesa
pode argüir nulidades após o transito em julgamento).
Relativa Absoluta
saneamento não admitem saneamento Quando se usa Habeas Corpus e quando se usa a Ação de Revisão
prejuízo deve ser demonstrado prejuízo presumido Criminal? Os dois se constituem ações verdadeiras, só que o HC não
argüição da parte interessada reconhecimento de ofício possui fase instrutória, ele se presta a direitos mais evidentes, pois não é
podem ser argüidas a qualquer possível a produção de provas (somente se vale dos próprios instrumentos
momento oportuno para a argüição do processo – é mais ágil). Já a ação revisional permite a produção de
momento

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provas, se presta aos casos em que a nulidade não se encontra tão Lei n. 1079/50 e art. 52, I e II da CF.
evidente, sendo necessário sua demonstração.
3. Situações especiais de definições de procedimento comum:
Cabe HC mesmo que o réu não se encontre preso, pois há a possibilidade
de ele vir a sê-lo ao final do processo. a) o rito a ser aplicado em cada caso está vinculado a quantidade da
pena passível de ser aplicado para aquele crime em questão.(no sistema
2. Classificação dos procedimentos: anterior, o referencial era a qualidade da pena: ordinário para os crimes
punidos com reclusão e sumário para os crimes punidos com detenção)
a) Procedimentos comuns: art. 397 do CPP – Critério: quantum da pena
-ordinário: igual ou maior que 4 anos
-Ordinário
- sumário: até 4 anos
- Sumário
-sumaríssimo: infrações de menor potencial ofensivo: com penas
- Sumaríssimo (lei 9099/95 – em verdade é um rito especial) até de 2 anos.

b) Procedimentos especiais: definidos pelo crime em si b) crimes de natureza funcional: praticados no âmbito da administração
pública, que prevêem penas distintas daquelas previstas no Código
- procedimentos dos crimes dolosos contra a vida (art. 406 a 497 Penal. A pena mais grave nesse casos é a perda da função, o
do CPP e Lei n. 11689/08) impeachman. Esses crimes podem ser processados perante a justiça
comum, é a lei quem define se o agente será processado perante o
- crimes de falência – Lei n. 11.101/05
legislativo ou o judiciário.
- Crime de Tóxicos – Lei n. 11.343/06
Como definir o procedimento quando houver:
- Crime de lavagem de dinheiro – Lei n. 9. 632/98
Qualificadoras: o legislador deve prever a pena específica do crime
- crime de imprensa – Lei n. 5.250/67 qualificado (ex: furto qualificado). Só que o legislador nem sempre fixa
uma pena específica para a qualificadora, pode aumentar o dobro, um
- Crimes eleitorais – Lei n. 4737/65 sexto...Quando isso ocorre, deve-se pegar a pena máxima, que o critério
do legislador para garantir a ampla defesa do acusado. Ex: art. 255.
c) Procedimentos dos processos da competência das instancias
superiores – a referencia é a competência das ações de instancias Aumento: quando o legislador prevê a causa de aumento de pena
superiores – prerrogativa de função. podemos ter 2 situações: ou ele define precisamente o quantum de
majoração, ou ele estabelece uma margem, um mínimo e uma máximo
TJ e TRF – Lei n. 8658/93 de quantum de majoração. Nesse ultimo caso, para se estabelecer o rito,
deve-se trabalhar com a maior fração, pois o rito é sempre definido pela
STJ e STJ – Lei n. 8038/90 pena máxima.
d) Procedimentos dos crimes de responsabilidade perante o Senado Causas de diminuição: podem vir com quantum fixo ou variável, quando
federal a Assembléias Legislativas: processados perante órgãos for variável deve-se pegar a menor diminuição para se chegar a pena
legislativos. máxima. Assim como ocorre com a tentativa: art. 14, II, parágrafo único
do CP – toma-se a pena máxima do tipo penal tentado e diminui-se de
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um terço a dois terços nela (nesse caso, tem que se fazer incidir a menor rito especial (não é unanimidade, o Machado entende que deve haver a
fração, pois, mais uma vez tem que se utilizar a pena máxima aplicável separação).
para definir o rito.
Rito comum + Rito especial dos crimes dolosos contra a vida – art. 78, I –
Obs: circunstâncias agravantes e atenuantes só podem incidir na pena já prevalece a competência do júri, portanto adotando o rito especial do
fixada (ou seja, apenas incidem no momento da sentença). júri. A competência do tribunal do Juri é delimitada pela CF/88 e só
poderá ser mudada por ela – não é restrita aos crimes dolosos contra á
Concurso material: condutas independentes, momentos distintos, vida, portanto, não há óbice ao aumento da competência do júri.
mesmos agentes, dois crimes – art. 69 do CP (somatória das penas) -
somatória das penas máximas. Consequências para a utilização de procedimento errado: se o processo
deveria ser processado em um rito menor, mas foi num rito maior, não He
Concurso formal: art. 70, CP – uma ação, mais de um crime. De uma qualquer nulidade, apenas ofensa ao princípio da economia processual.
única ação decorrem mais de um tipo penal considerava-se a mais grave Entretanto, se o contrário ocorrer tem-se a nulidade absoluta, por ofensa
dos crimes acrescida de um sexto até a metade – utilizar o limite máximo a garantia constitucional de ampla defesa.
(metade) para definir o rito.
• Aplicação das regras do rito comum: art. 394, parágrafos 2,3,4 do
Crime continuado: vários crimes mais pelas circunstâncias de local, tempo CPP.
e modo de execução entende-se que são um só crime. Toma-se a pena
máxima do crime mais grave e aumenta-se de um sexto a um terço. O parágrafo 4 afirma que as disposições relativas aos artigos 395 a 398
aplicam-se a todos os ritos processuais de primeira instância (não se
Concurso: Crime comum + Infração de menor potencial ofensivo (IMPO) aplica somente aos processos de instancias superiores).
Conexão entre os crimes: há o principio da unidade do procedimento Obs: o art. 398 encontra-se revogado.
penal – Antes, entendia-se que pela IMPO ser processada em rito
sumaríssimo, o crime e a IMPO tinham de ser processadas Art. 396: sequência dos atos iniciais do processo:
separadamente, mas isso não mais ocorre. – Lei n. 11.313/06 que
uniformizou a regra do limite de pena para as IMPO, fixando-os em 2 anos - oferta da denuncia ou queixa
e determinou a respeito as regras de conexão e continência
(uniformidade de processo) observados os institutos da transação penal e -recebimento
a reparação de danos cíveis em relação a IMPO (na fase pré-processual,
- citação
tem que se dar a oportunidade para a ocorrência de transação ou
reparação de danos cíveis). Junção com respeito aos procedimentos - resposta do réu
preliminares com relação à IMPO. Quando o crime tiver conexão com
crime de menor potencial ofensivo, não pode ser suprimido o direito de Problema: por exemplo a lei de tóxicos não obedece essa sequencia,
alternativa ao processo, por isso não pode usar o procedimento mais nem o sumaríssimo, pois a resposta do réu (defesa prévia) é ofertada
amplo, visando a segurança da garantia fundamental, dessa forma deve antes do recebimento ou não da denuncia.
ser feito o desmembramento.
Art. 397: absolvição sumária; inovação: o juiz pode absolver o réu de
Rito comum + Rito Especial: não há regra legal, a doutrina e a forma sumária após a defesa prévia, observadas as condições
jurisprudência pátrias entendem majoritariamente que deve prevalecer o estabelecidas no artigo. (não existe essa possibilidade nos ritos especiais
nessa fase específica).
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A doutrina e a jurisprudencia tem declarado que não se aplica o quarto Art. 20 do CPP: Sigilo: não incide sobre o advogado do investigado
parágrafo do art. 394 aos outros ritos, somente ao rito comum.
O inquérito deve ser escrito, mas não é formal. Há na legislação, no art. 6,
• Procedimento Ordinário: art. 394, 31, I CP indicações quanto aos atos que devem constar no inquérito.

Processo: fase judicial da persecução penal ( a primeira fase é a policial – Prazo para a conclusão do inquérito se o indiciado estiver preso: 10 dias,
busca dos elementos fundamentais para justificar a propositura da ação) se tiver em liberdade: 30 dias.

1) Inquérito Policial: é um procedimento administrativo que visa Se esse prazo não for suficiente, se o indiciado estiver em liberdade, a
investigar o delito, fornecendo suporte probatório mínimo para autoridade policial pede para o juiz, e nesse momento é fixada a
justificar a ação penal, não tornando-a um constrangimento ilegal competência. Se o indiciado tiver preso não existe a possibilidade de
(caso essa hipótese ocorra, o inquérito pode ser trancado prorrogação do prazo (regra do CPP, mas tem outras leis que autorizam).
mediante Habeas Corpus) compete a polícia civil (polícia judicial) Após o prazo, se tiver preso, a prisão se torna ilegal e tem que ser
preparar o inquéiro. relaxada, o juiz pede de ofício ou por provocação de qualquer
interessado. Se o juiz não autorizar o relaxamento: HC ou entrar em juízo
O inquérito é um procedimento preparatório, que se desenvolve de pedindo. A diferença é que o HC pode ser impetrado por qualquer
maneira inquisitorial, que não assegura o contraditório, nem a ampla pessoa, já para entrar em juízo teria que ter advogado.
defesa (quanto a ampla defesa, há uma corrente incipiente que afirma
que ela deve estar assegurada mesmo na fase do inquérito). Se impetrar o HC e o juiz não conceder a ordem, cabe recurso em sentido
estrito – RESE, recurso excepcional para as decisões interlocutórias (art.
No âmbito administrativo, no qual o inquérito é processado, cabe sim o 581, X CPP). O RESE tem efeito regressivo, volta para o juiz que não deu, se
recurso, que seria a efetivação do direito de ampla defesa. Esse recurso ele não modificar, efeito devolutivo e o recurso corre como apelação
deve sempre ser dirigido à autoridade superior, sendo que em última comum, o que demora muito, e a pessoa fica presa ilegalmente por anos.
instancia, essa autoridade é o Governador do Estado. Entrar com outro HC corre o risco de o tribunal falar que não pode porque
a lei prevê o RESE. Porém, pode ser pensado num novo HC perante o
Nessa fase inicial a polícia apura a justa causa, investigando a autoria e a Tribunal por ser lei inconstitucional (art. 5 LXVIII da CF).
materialidade. É procedimento sigiloso, escrito e obrigatório para as
ações penais públicas incondicionadas (principio da legalidade e da Para evitar tudo isso, um advogado pode entrar com um requerimento, se
obrigatoriedade). É obrigatório para o delegado que fica sabendo, mas o juiz indeferir, ele vai ser autoridade coatora e pode entrar direto com
não é requisito obrigatório para a ação penal. HC no Tribunal.
Quando se tratar de infração de ação penal pública incondicionada, o Instauração: art. 5 CPP: notícia da eventual ocorrência de um fato típico,
princípio da obrigatoriedade e o da indisponibilidade regem a conduta se for crime de ação penal pública incondicionada, o delegado, por
do delegado (art. 17, CPP) Nunca o delegado pode arquivar um meio de uma portaria, instaura o inquérito (obrigatoriedade).
processo, somente isso pode ocorrer por decisão do juiz ou através de
requerimento do MP. Também quando ocorre a prisão em flagrante, o delegado instaura o
inquérito e o auto de prisão em flagrante será a peça inicial.
O inquérito é importante, mas não essencial para a propositura da ação
(não é requisito para a mesma – se por outro meio o MP obter os Se for um crime de ação penal pública condicionada, o inquérito
fundamentos legais para a ação ele pode ajuizá-la) somente é instaurado mediante representação.

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Requerimento X Requisição: requisição tem caráter de ordem e não pode 2) Oferta da Inicial: art. 396: marca o início da ação penal (teoria
ser negado. moderna), na teoria clássica o início seria com o recebimento.

O arquivamento do inquérito não gera coisa julgada material, se houver A doutrina moderna entende que desde a oferta (e não do recebimento,
fatos novos referentes a esse crime, o processo poderá ser reaberto, como na tradicional) da inicial inicia-se a ação penal (instaura-se a ação
desde que não tenha sido atingido pela prescrição (a prescrição a partir da oferta – problema: o STJ ainda está vinculado á doutrina
começa a correr a partir da comunicação do fato típico e é interrompida tradicional entendendo que a ação penal se inicia com o recebimento
quando da oferta da denuncia ou queixa em juízo). da inicial. Já o STF parece tender para a corrente mais moderna, de que
a oferta da inicial que marca o inicio da ação penal, como por exemplo,
Quem pode requerer arquivamento é o MP, mas o arquivamento só o entendimento consagrado na Súmula 707 do STF).
ocorre por decisão judicial (o juiz decide se vai arquivar ou não).
-Lei n. 9.099/95: quando da oferta da inicial, o réu já é citado para
Se o crime for de ação privada, a instauração do procedimento apresentar defesa prévia e, raramente depois da defesa prévia, é que o
investigatório se dá por meio de requerimento (art. 20 CPP). juiz analisa o recebimento (exemplo de que a nossa legislação tende
para a corrente moderna).
Obs: ofendido ou terceiro ou representante legal: requerimento de
instauração de inquérito. *Tipos da Inicial
MP e juiz: requerimento da instauração do inquérito -Denuncia: MP: ação penal pública incondicionada + representação (art.
27 CPP)
O MP, quando do recebimento do inquérito, pode agir de 3 formas:
arquiva-lo, devolve-lo a Depol de origem para finalizar a investigação -Queixa-crime: querelante: ação penal privada: ofendido ou seu
quando julgar necessário (art. 19 CPP) ou ofertar a denuncia. representante legal (nos casos em que o ofendido é menor ou é
acometido de doença mental, ou seja, quando o ofendido é incapaz –
Finda a investigação – materialidade (existência de um crime e suas art. 30 CPP)
circunstancias) e a autoria do ilícito – o delegado fará um relatório,
classificando a infração (essa classificação primária não vincula o MP, -Queixa-crime subsidiária: ação penal privada subsidiária: querelente (o
que pode mudá-la), mas essa capitulação já permite uma série de atos, ofendido ou seu representante legal chama para si a competência para
como a prisão preventiva do acusado. propor a ação nos crimes de ação pública em que o MP deixa de agir) –
art. 29 CPP e art. 5 LIX CF.
O relatório deve ser encaminhado ao juízo, onde vai ser levado ao MP
(antes de ir pro MP o juiz analisa se tem que tomar alguma medida, *Requisitos: art. 41: descrição dos fatos, qualificação do acusado
depois distribui para o MP). (identificar e individualizar) e classificação da infração penal.
O juiz pode achar que faltam elementos a serem investigados, então ele A descrição dos fatos: fatos imputados ao acusado que delimitarão os
pode determinar que volte para a polícia, o MP pode achar que falta limites da atuação da defesa do acusado (lembrar que o julgamento do
justa causa e achar que por isso deve arquivar. Se o juiz não concordar juiz está adstrito aos fatos narrados).
com o arquivamento, o processo deve ser encaminhado para o
Procurador do MP. Se o procurador discordar com o juiz, ele é obrigado a Requisito essencial da queixa crime: art. 44 do CPP: não se pode deixar de
arquivar; se o Procurador concordar com o juiz, ou ele mesmo entra no citar no corpo do texto da queixa crime que existe um instrumento de
processo ou designa outro promotor (e esse é obrigado a agir). procuração específico

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*Classificação: feita pelo titular da ação, que tem ampla liberdade de interrompido e nem suspenso mesmo que p inquérito não tenha sido
classificar o crime de acordo com sua convicção sobre os fatos. concluído.

O MP além de parte na ação penal pública, tem também a função de -queixa-crime subsidiária: a partir do fim do prazo concedido ao MP para
custos legis, sendo assim, o pedido de condenação não é quesito o oferecimento da denúncia (16º dia).
essencial (como ocorre no caso do querelante, que figura somente como
parte acusadora, embora o pedido de condenação não seja essencial) Termo final: art. 798, parágrafo 3º, CPP
reconhecendo uma cláusula de excludente de ilicitude ou de
culpabilidade, ou que não há provas suficientes para a condenação, o Se os prazos não forem respeitados:
MP pode pedir a absolvição do réu. Mas o juiz não está vinculado a esse
-Denúncia: indiciado preso: a prisão passa a ser eivada de ilegalidade e
pedido, podendo condenar o réu se assim entender ser certo. No caso de
nos moldes do art. 5, LXV, CF, tem de ser relaxada mediante decisão
haver condenação, o MP pode inclusive recorrer em favor do réu. (Obs:
judicial ou por meio de provocação do juiz através de simples
se o réu e o MP apresentarem recurso, prevalece o do réu).
requerimento ou HC (o habeas corpus tem titularidade ampla, sem
Caso falte alguns dos requisitos essenciais, o MP rejeita a Inicial por demais formalidades e que não exige capacidade postulatória,
inépcia (sendo que o juiz ºpode conceder prazo para aditamento). diferentemente do requerimento).

Prazo para a oferta da denuncia: 5 dias para o indiciado preso e 15 dias O requerimento mostra-se mais eficaz, uma vez que, se for indeferido, o
para o indiciado solto (art. 46 CPP) – prisão preventiva ou prisão em juíz passa a ser autoridade coatora, cabendo HC ao tribunal. No caso de
flagrante. indeferimento do HC (não se pode interpor novo HC perante o Tribunal),
apenas cabe recurso em sentido estrito (mais lento, tramite demorado,
Lei n. 11343/06 (tóxicos) – art. 54, III – o prazo é de 10 dias tanto para o tem efeito devolutivo e regressivo, ou seja, primeira a decisão volta para o
indiciado preso como para indiciado solto (procedimento especial – primeiro juiz que a prolatou, se o juiz por sua vez mantiver a decisão, o
prazo distintos) recurso em sentido estrito – RESE – devolve a matéria ao tribunal e será
processado sob forma de apelação).
Queixa-crime – art. 38, CPP – 6 meses
Única restrição a impetração do HC: parágrafo 2º do art. 142, CF, para
Queixa-crime subsdiária – a lei não prevê esse prazo , mas a doutrina proteger o direito de liberdade – casos de prisão disciplinar (policial
tende a acatar prazo da queixa, que é de 6 meses. militares).

Regras para a contagem de prazos: -indiciado solto: não incide a preclusão por tratar-se de prazo impróprio,
aquele prazo que incide sobre atos deveres/obrigação. Jamais incide
Art. 798, parágrafo 1: não se considera o primeiro dia e considera-se o preclusão portanto. Outras sanções passíveis de ocorrer: a queixa crime
último. subsidiária, sanções administrativas e mesmo penais e civis (art. 801, CPP –
sem apelação – a CF veda a redução de vencimentos).
Termo inicial:
Queixa-crime: decadência – perda do direito de agir
-denuncia: art. 800, parágrafo segundo: contam-se os prazos a partir da
data do termo de abertura de vista Queixa-crime subsidiária: questão controvérsia porque não há prazo
determinado em lei .
-queixa-crime: conta-se os 6 meses a partir do conhecimento da
identidade do autor do fato típico. O prazo é decadencial, e não é 3) Provas:
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As provas devem ser requeridas pelas partes e pelo MP. modificativos, extintivos ou impeditivos do direito da parte acusadora. A
defesa também pode questionar questões processuais, alegando as
- Conceito: elemento destinado a mostrar se um fato ocorreu e a forma nulidades.
como ocorreu. São elementos ou instrumentos que visam demonstrar um
fato com a finalidade de influir no convencimento do juiz. Extinção: cláusulas de extinção de punibilidade: prescrição,
decadência
- Finalidade: produzir um estado de certeza suficiente na consciência e
mente do juiz. Modificação: cláusulas de excludente de ilicitudes: legitima defesa

- Meios de prova: instrumentos que levam elementos de prova para os Impeditivas: cláusulas excludentes de culpabilidade: erro de tipo,
autos. de proibição, inimputabilidade por doença mental.

É no momento do oferecimento da inicial que também é o momento Todos os fatos alegados devem ser provados, não são aceitas
para a propositura das provas, para o requerimento da prisão preventiva presunções, pois o processo penal está sempre em busca da verdade
(art. 311 e SS), para requerer a suspensão condicional do processo (art. 89 real, mesmo os fatos incontroversos (aqueles que não são contestados
da Lei n. 9.099/95) e o preparo da ação penal (art. 805/806 do CPP e Lei pela parte contrária) precisam ser comprovados.
Estadual n. 11.608/08 – art. 4 parágrafo 9, “b”).
Essa regra comporta exceção: não precisam ser provados os fatos
Com a oferta da inicial, que é o primeiro ato do processo penal, o autor axiomáticos ou intuitivos, que são aqueles evidentes por si mesmo (ex: a
da ação penal já deve designar quais provas deseja produzir. cocaína causa dependência física e psíquica, não há vida em corpo em
putrefação). Também dispensam provas os fatos notórios: aqueles que
Em matéria de prova, vige a regra do ônus da prova, ou seja, a prova é são de conhecimento da cultura comum geral (ex: natal é em 25 de
obrigação de quem alega ( de acordo com a garantia constitucional de dezembro, as quatro estações do ano e suas conseqüências)
presunção da inocência – ou seja, quem alega tem que comprovar). Se
não houver prova suficiente, prova cabal, se não conseguir demonstrar a Cuidado: só as presunções legais (absolutas), a lei assume a presunção e
culpabilidade do réu – “indubio pro réu” ( o réu não precisaria provar sua o fato não requer provas. (ex: inimputabiliadde do réu menos de 18 anos,
inocência, apenas a acusação é que teria que comprovar suas entende-se que ele não tem capacidade; é diferente da incapacidade
alegações, entretanto esse “não precisar” é relativizado pelo princípio da por doença mental que deve ser provada)
ampla defesa).
A presunção relativa: antes tinha o art. 224, agora não vale mais como
Aquele que alega deve provar, se não provar falta justa causa para o presunção.
processo. Essa regra é expressa e tem reflexões no âmbito do princípio
constitucional de presunção de inocência; o acusado tem assegurado o O conjunto probatório deve ser consistente e coerente, para que o juiz
estado de não culpabilidade, até que se prove sua culpa. Quem alega tome sua posição.
deve provar, se não a alegação é infundada.
Se durante o processo a conduta deixar de ser típica, ocorre a
- Objeto da prova: a ocorrência, existência, materialidade do fato, sua impossibilidade jurídica do pedido, que não era impossível no
autoria e todas as circunstancias influenciadoras na dosimetria da pena. recebimento da inicial, por isso há quem defenda que o juiz pode
despachar rejeitando o processo no meio, e há quem defenda que deve
A acusação tem que provar os fatos constitutivos de seus direitos ter uma decisão de mérito pra absolver, fazendo coisa julgada.
(existência, autoria e circunstancias). Já a defesa tem que provar os fatos

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Nosso sistema tende a considerar que a deficiência da defesa acarreta primeiro do art. 157 do CPP (teoria da descoberta inevitável e teoria das
em nulidade relativa, mas a ausência de defesa gera nulidade absoluta. fontes independentes).

Existe a auto-defesa (que é disponível no processo) e a defesa técnica E se a prova ilícita for a única que faz o réu poder ser absolvido: o
(que não é). Mesmo que quem alegue tenha que provar, a defesa tem Supremo não aceita ainda a admissibilidade da prova ilícita, já o STF é
que ser atuante e buscar trabalhar com as circunstancias do caso para se mais liberal.
chegar a um resultado mais favorável ao réu.
Classificação das provas:
Provas ilícitas:
a) Prova real/material (pericial)
As provas, em regra, para serem admitidas no processo tem de ser
produzidas por meio lícito (art. 5, LVI, CF) b) Prova documental (a partir do art. 231 do CPP)

Construção doutrinária: prova ilícita é a produzida contrariando as normas c) Prova Pessoal ou testemunhal – depoimentos e declarações –
de direito penal ou de direito constitucional (afronta as normas de direito ofendido, as testemunhas e o réu.
material por outro lado, se a prova for produzida contrariando as normas
processuais é classificada como ilegítima). a) Prova real/material: art. 158: para o crime que deixa vestígios (os crimes
materiais, de resultados) é essencial o exame de corpo de delito, não
A prova ilícita, uma vez declarada deve ser desentranhada do processo, sendo suprido pela confissão do acusado. Entretanto, ele pode ser
já a prova ilegítima somente é declarada nula, não sendo desentranhada suprido pela prova testemunhal (art. 167) quando o exame de corpo de
dos autos delito for impossível (destruição dos vestígios).

Grande discussão: a prova ilegítima não sendo desentranhada Perícias: art. 159: não mais se exige 2 peritos.
pode, mesmo tendo-se declarada a sua nulidade, permanecendo
nos autos ela pode influir indiretamente no convencimento do juiz. Problema; em sua grande maioria, as provas reais são produzidas na fase
de inquérito policial, ou seja, sem contraditório, entretanto, como é
Com a edição da Lei n. 11.690/08 – reformulou a regra de livre produzida por peritos que gozam de fé pública, elas podem ingressar nos
convencimento do juiz – as provas ilícitas, entendidas como aquelas em autos desde que admitam o contraditório (ou seja, podem os laudos
confronto com as normas constitucionais ou normas legais, devem ser serem questionados, impugnados – não tem valor absoluto) –
sempre desentranhadas dos autos (tanto as ilícitas como as ilegítimas Contraditório deferido.
devem ser desentranhadas).
b) Prova documental: pode ser produzida no processo a qualquer
Provas ilícitas por derivação: a prova em si é lícita, mas ela deriva de uma momento – não entra na regra de que o oferecimento da inicial é o
prova ilícita. Teoria norte americana do fruto da arvore envenenada: uma momento para requerer as provas.
vez derivada de prova ilícita, a derivada também está contaminada por
vício, sendo, portanto, inadmissível. -o que se considera documentos: art. 132: papeis escritos sem a finalidade
de provar nada, instrumentos (são documentos escritos com a finalidade
A única exceção feita pela jurisprudência é no caso de provas ilícitas por de registrar algum fato).
derivação que sejam favoráveis ao réu (confronto de garantias
constitucionais, prevalecendo a liberdade) – agora é lei, parágrafo c) Prova testemunhal: a prova testemunhal é a mais comum, mais simples
e mais fácil, porque sempre tem alguém com algo a dizer.

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A acusação, se tiver interesse em produzir prova testemunhal deve indicá- Parágrafo quinto: preocupação com o ofendido e as conseqüências do
la quando da oferta da inicial , ofertando o rol de testemunhas delito, em sua vida, personalidade, psicológico.

Quem pode ser testemunha: qualquer pessoa, não há restrição. Art. 401: numero limite de testemunhas para a defesa e para a acusação:
8 testemunhas para cada fato (entendimento jurisprudencial) – ressalva:
Existem as pessoas que podem se isentar da obrigação de testemunhar, ele tem validade para a acusação, mas para a defesa, ele precisa ser
como os parentes próximos (consanguinidade ou afinidade) do acusado, revisto à luz do principio da ampla defesa (por exemplo: 10 réus e um
se quiserem depor podem ,mas podem se eximir, salvo quando não único fato – serão somente 8 testemunhas?)
houver outro modo de conseguir/completar a prova. Se o isento for
ouvido em juízo como testemunha, ele não presta o compromisso de dizer Se uma das partes arrolar mais do que o permitido, ocorre mera
a verdade, eles não prestarão depoimento, e sim declarações. irregularidade, e o juiz, valendo-se de seu poder instrutório e do principio
da busca pela verdade real, decidir ouvir as outras testemunhas que
Existem os proibidos de depor em juízo como testemunha, que são estão arroladas a mais como testemunhas do juízo (prestam
aquelas que o dever de sigilo profissional (advogado, psicólogo, padre), compromisso) se assim entender necessário. E ainda, se ele entender que,
salvo se se desobrigar pela parte interessada no sigilo (cliente, paciente). mesmo dentro do limite de 8, alguma testemunha é irrelevante, ele pode
Sendo que padres e advogados não podem nunca serem testemunahs, indeferir sua oitiva.
pois é vedado pelo direito canônico e pelo CEOAB. Se eventualmente os
proibidos vierem a depor, devem prestar compromisso e dizer a verdade. A oferta da inicial também é o momento para a acusação fazer uma
análise, em sendo o caso, requerer a prisão preventiva (art. 312/313) – a
A condenação de alguém por crime de falso testemunho não impede prisão preventiva pode ser requerida a qualquer fase processual, inclusive
que a pessoa seja arrolada como testemunha em outro processo. no recurso.
Os menores e portadores de doença mental: art. 208: não se definirá o Suspensão condicional do processo: não está restrito às infrações de
compromisso de dizer a verdade (obs: maiores de 14 anos: tratamento menor potencial ofensivo, o critério definidor é a pena mínima ser inferior
normal, incluindo o compromisso, se faltar com a verdade, de acordo ou igual a 1 (um) ano. O período para o cumprimento das condições é
com o ECA, comete ato infracional e está sujeito à sanção denominado período de prova (2 a 4 anos), e tem que ser homologado a
socioeducativa) proposta do MP pelo juiz (é uma exclusividade das ações penais públicas
– por uma interpretação taxativa, mas a doutrina e a jurisprudência tem
A testemunha arrolada é notificada, se não comparacer pode ser entendido que também é cabível nas ações privadas, sendo que nesse
conduzida coercitivamente, se sujeitar a um processo de desobediência, caso a proposta de suspensão é feita pelo próprio querelante).
e pode ser condenada a arcar com os custos dessa diligencia. Se a Cumpridas as obrigações impostas durante o período de provas,
testemunha residir em outra comarca: precatória, com prazo razoável extingue-se a punibilidade.
para que o juiz de outra comarca possa ouvir a testemunha arrolada.
Todo esse instituto está regulado no art. 89 da Lei 9.099/95
Art. 201: oitiva do ofendido
Obs: o MP e a parte podem INDICAR quais as condições/obrigações que
Parágrafo primeiro: condução coercitiva devem ser cumpridas para que ocorra a suspensão, mas é o juiz quem
decide isso mediante decisão homologatória.
Parágrafo segundo: inovação da Lei n. 11.690/08 – o ofendido deve ser
comunicado de tudo que acontecer com relação a prisão e soltura do Preparo da ação: art. 805 e 806
acusado, da data da audiência, e deve ser comunicado da sentença.

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Taxas e custas nas ações privadas – essa é a regra – não se pode fugir. jurisdicionais não há interesse – impossível, pois não há como “solucionar o
conflito com as próprias mãos”, portanto, sempre que houver conflito há
Obs: art. 32 (pobreza da vítima) é a execução que assegura o não necessidade de prestação jurisdicional.
pagamento das taxas e custas no caso do querelante ser pobre. (isenção
de custas para os crimes de ação privada em que a vitima alegar Quanto à justa causa, não há consenso quanto ao fato de ela ser ou não
pobreza). a parte do interesse de agir – se for considerada parte do interesse então
tem de haver um suporte fático mínimo para a propositura da ação
As ações públicas não tem custas. (doutrina clássica).
Estado de São Paulo – se o réu for condenado, a qualquer pena, a não 1) Pressupostos processuais: de existência: partes (capacidade
ser nas ações dos juizados especiais, ele também será condenado ao processual), juiz (investidura e competência objetiva e subjetiva),
pagamento das custas processuais (1500 ufesps) causa de pedir/demanda (analisar sua originalidade, avaliando se
não há incidência de litispendência ou coisa julgada). E De
Para propor a ação em juízo e para recorrer se for o caso, o querelante validade: o ato deve ser praticado em conformidade com a lei e
terá de arcar com a taxa de 50 ufesps (ações penais privadas). de que não exista nenhuma decisão judicial declarando o ato
inválido/nulo/sem capacidade de produzir efeitos.
Existe uma ADIN contra os dispositivos dessa lei – questiona-se a
cosntitucionalidade dessa lei em especial com relação ao pagamento Se presentes esses elementos o juiz recebe a inicial.
das custas pelo réu condenado (esse pagamento teria caráter de pena)
Rejeição – art. 395, CPP
Quanto à suspensão, ela é um direito fundamental do acusado,
portanto, presentes os requisitos da suspensão, o MP está obrigado (não é I – Inépcia (falta de requisito formal)
discriscionário) a ofertar a proposta. Se não o fizer, a Súmula 696 do STF
prevê a aplicação do art. 28 do CPP (remeter os autos ao Procurador – II – pressuposto processual e falta de condições para o exercício da ação
importante: o juiz não pode decidir a suspensão de ofício). penal (*teoria clássica: só existe a ação penal quando do recebimento
da inicial)
Recebimento da Inicial pelo juiz – art. 396
III – Justa causa: não adere a teoria clássica de que a justa causa estaria
Juízo de admissibilidade: é preciso avaliar os seguintes elementos relacionada ao interesse de agir, portanto não é condição de ação. A
justa causa é uma questão complexa, e em seu sentido processual
1) Requisitos formais da inicial – art. 41 amplo, deve ser analisada a partir de cada instituto jurídico, atendendo
os requisitos específicos de cada um deles – é a causa segundo o
2) Condições da ação (genéricas: possibilidade jurídica do pedido (ser o
ordenamento jurídico.
fato típico), legitimidade das partes e interesse de agir)
Ela não é condição de ação, mas se não houver qualquer uma das
Questão: ser o fato típico, ou seja, a possibilidade jurídica do pedido, não
condições da ação, então não há justa causa.
seria um juízo de mérito? E não um mero juízo de admissibilidade –
discussão doutrinária. Jurisprudência: não há justa causa se houver:
Obs. 1: o interesse de agir é aferido, segundo a doutrina, quando a - atipicidade
prestação jurisdicional é necessária ou é útil e adequada (se existir a
possibilidade de solucionar o conflito de interesses sem as vias - cláusula de extinção de punibilidade
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- suporte probatório mínimo (é o que mais tem embasado a definição de instância reexaminar e depois tem efeito devolutivo. Prazos: 5 dias para
justa causa) interpor e 2 dias para apresentar razões (isso vai mudar)

Art. 648: se faltar justa causa à ação penal, ela se constitui coação ilegal, - Correição Parcial: se não há recurso especifico para a decisão, e se a
sanável por meio de habeas corpus. decisão causa uma intervenção tumultuada no processo (por exemplo
quando o juiz decide de oficio pelo arquivamento do inquérito). Não
Natureza e Classificação da decisão de rejeição: possui rito próprio, por isso a jurisprudência adotou o rito do agravo de
instrumento do civil – 10 dias.
*Atos jurisdicionais:
- Apelação: art. 593 quando elenca as hipóteses de cabimento da
- despachos: são manifestações proferidas no âmbito do processo sem apelação, em seu inciso II, admite-a para as decisões com força de
caráter decisório, que visam dar o devido encaminhamento aos autos. definitiva, ou seja, as decisões interlocutórias mistas terminativas (decisão
que declare extinta a punibilidade, se não estivesse elencada no rol do
Em São Paulo há um recurso contra os despachos: CORREIÇÃO PARCIAL:
art. 581). Sentenças definitivas: condenatórias e absolutórias. Sentença
previsto no Código Judiciário do Estado de São Paulo na Lei
com força de definitiva: decisões interlocutórias mistas terminativas.
Complementar n. 3/69 – arts. 93 a 96 recurso civil/criminal que se presta a
impugnar decisões para as quais não há previsão de recurso específico Sentença em sentido estrito – decisão definitiva de mérito
(primeiro requisito) e que causem tumulto no procedimento (segundo
requisito) (por exemplo, despacho intimando as testemunhas de defesa - Condenatória: quando o juiz acolhe no todo ou em parte o pedido do
antes das testemunhas de acusação) autor
Obs: no âmbito civil esse recurso não encontra muita utilidade ante o - Absolutória: quando o juiz não acolhe o pedido do autor. Pode ser
agravo de instrumento (recurso próprio). própria ou imprópria (quando o juiz reconhece a impossibilidade da
culpabilidade em decorrência de enfermidade mental – o réu é punido
Atos decisórios: com medida de segurança)
Decisões interlocutórias: são aquelas que decidem incidentes procesuais, - Terminativa: o juiz julga o mérito, mas não condena nem absolve porque
mantendo o processo regularmente em curso, encerrando o processo ou há um impedimento.
encerrando o incidente. Aquelas que resolvem o incidente mantendo o
processo em curso em sua marcha regular é chamada de decisão Terminativa de mérito/definitiva em sentido estrito
interlocutória simples. Aquelas que põe fim ao processo são chamadas de
mistas terminativas e aquelas que encerram uma fase processual são *Recurso: é amparado constitucionalmente o direito de recorrer de uma
denominadas mistas não terminativas (não julgam o mérito) sentença de mérito (a regra agora é a recorribilidade)

Recurso cabível: a regra do processo penal é a da irrecorribilidade das Em regra é a Apelação (art. 593), mas pode haver embargos de
decisões (ao contrário do civil). declaração (art. 382), em caso de omissão, contradição ou erro.

- RESE: Recurso em Sentido Estrito: somente é possível nas hipóteses de Se cabíveis os 2 recursos: a regra é a unirrecorribilidade – um único recurso
admissibilidade do art. 581 do CPP, que não pode ter interpretação por sentença de cada vez – primeiro corrige-se a sentença, ou seja,
ampliataiva. Só tem efeito devolutivo (vai direto para o Tribunal, enquanto primeiro interpõe-se os embargos, e somente depois de julgado é que se
a apelação tem efeito regressivo antes – volta para o juiz de primeira interpõe a apelação.

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- Problema: a lei não determinou como fica o prazo para interposição de decisão requisito essencial, estando portanto, eivada de vício de
apelação com interposição de embargos. A Lei n. 9.099/95, em seu art. nulidade absoluta, devendo esta ser argüida pelas partes.
83, §2, que o prazo fica suspenso até o julgamento dos embargos.
Entretanto, também há na doutrina e na jurisprudência posicionamentos - Prazo: decisão interlocutória simples – art. 800, II do CPP : 5 dias (prazo
favoráveis á interrupção do prazo para a apelação com a interposição impróprio, não incide a preclusão).
dos embargos.
- Recurso: não há hipótese prevista no art. 581, e ele não admite
Obs: em todos há possibilidade de HC, mas esse é entendido como uma interpretação extensiva, não cabe apelação pois não é decisão com
verdadeira ação e tem que haver atentado claro ao direito de liberdade força de definitiva, e não cabe correição parcial pois não é uma decisão
de locomoção, caso não haja, pode-se impetrar mandado de que causa inversão tumultuada no processo. Entretanto, se a ação
segurança. recebida se constituir em um constrangimento ilegal por faltar-lhe justa
causa, nos moldes do art. 648, II, CPP, cabe Habeas Corpus que tenha
*Atenção: natureza da decisão de REJEIÇÃO: decisão interlocutória como objeto o trancamento da ação penal sob o fundamento de se
mista terminativa. Ela precisa ser fundamentada, em conformidade com tratar constrangimento ilegal. O HC cabe apenas se o acusado for de
o art. 93, IX, CF/88. crime cuja pena é privativa de liberdade, não cabe se for crime punível
com multa, daí será mandado de segurança. O HC é impetrado perante
Dessa decisão cabe RESE, mas como ainda não há outra parte, o STF o TJ, pois a autoridade coatora é o próprio juiz
decidiu que o acusado deve ser intimado para apresentar contrarrazões
(ou nomeção de advogado dativo). - Alteração de classificação: o juiz não pode alterar a classificação feita
pelo MP ou o seu pedido, ou recebe em seus moldes, ou rejeita. Somente
- Prazo para os atos decisórios: art. 800 do CPP – interlocutória, seja ela é permitido ao juiz essa alteração no momento da sentença (art. 383 e
simples ou mista é de 10 dias. Caso o juiz não se manifeste é um ato 384). O MP, como titular da ação penal, pode a qualquer momento, e de
dever: prazo impróprio. oficio, alterar a classificação por ele dada ao fato crime. O querelante,
como se sabe, tem de ofertar a queixa no prazo de 06 meses a contar do
Recebimento da Inicial conhecimento da autoria. Sendo assim, ele somente pode alterar a
classificação se não decorridos os 6 meses de prazo decadencial.
O juízo de admissibilidade é o mesmo, ou ele rejeita ou recebe a inicial
- Efeito: interrupção da prescrição
Natureza jurídica: como há avaliação de todos os pressupostos
processuais, requisitos e etc é um ato decisório simples (resolve o incidente A prescrição começa correr quando da ocorrência do fato crime e a
sobre a continuidade ou não daquela ação – como ela recebe a inicial, primeira causa de interrupção do prazo prescricional é o RECEBIMENTO
não pondo fim em nada, mas apenas mantendo o processo em curso). da inicial (diferentemente do processo civil, onde a primeira causa da
interrupção é a citação do réu).
Fundamentação: questão interessante – exige-se a fundamentação nos
ditames do art. 93, IX, CF/88, pois trata-se de decisão interlocutória. Quanto á prevenção, na maioria das vezes, a primeira manifestação do
juiz ocorre na fase do inquérito, ou no momento em que este é distribuído
Há jurisprudência assentada de que no caso do recebimento da inicial a
para ele e ele abre vistas para o MP, portanto, desde então o juiz já se
fundametação é implícita, portanto, o juiz estaria dispensado de
torna prevento (o recebimento da inicial não se relaciona com a
fundamentar essa decisão – grande problema, pois a fundamentação é
prevenção).
garantia constitucional das partes, e não sendo fundamentada, falta a

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Recebida a inicial, antes, o acusado era chamado para interrogatório e Citação por carta rogatória: o réu localiza-se em lugar certo e sabido,
só depois vinha a defesa. Hoje, recebida a inicial, o acusado é chamado entretanto em país estrangeiro (via embaixada ou pelo ministério da
para apresentar a defesa preliminar e o interrogatório é só no final (última Justiça).
prova a ser produzida).
Citação por carta de ordem: quando o réu detém prerrogativa de
Citação função, sendo procurado pelas instancias superiores (tribunais) que
expedem essa carta determinando que o juiz de primeira instancia realize
Ato de cientificação. O réu tem o prazo de 10 dias para contestar. a citação. Não tem requisitos no CPP, somente nos regulamentos internos
dos tribunais.
- citação: específico para o réu
Citação por requisição: somente justificável antes da reforma de 2003, do
- notificação: intimação de ato futuro art. 360, era a modalidade de citação do réu preso. Após a CF/88,
passou-se apontar os vícios dessa modalidade, pois o réu não era citado
- intimação: intimação de ato já praticado
pessoalmente (somente o diretor do estabelecimento carcerário tomava
a) dupla finalidade: informa ao réu da imputação/acusação e o chama conhecimento). Após a reforma de 2003, o réu tem que ser citado
a vir ao juízo para integrar a relação processual e proceder à sua defesa. pessoalmente e encaminhado à requisição para o chefe do
estabelecimento carcerário.
É ato essencial, que assegura o cumprimento das decisões e garantias
constitucionais. Se não ocorrer ou tiver eivada de vício, ela é nula de Funcionário Público: o chefe da sua repartição tem de ser informado, pois
pleno direito o crime a ele imputado pode ter conseqüências no âmbito administrativo,
como a instauração do processo administrativo e até a perda de função.
Exceção: art. 570, CPP: coloca a ausência da citação como nulidade
relativa (sanável), mas a doutrina e jurisprudência moderna entendem ser Citação ficta ou presumida: quando o réu não está localizado,
absoluta – saneamento da nulidade da citação: se o acusado encontrando-se em local incerto e não sabido. Somente deve ocorrer
comparecer em juízo antes da próxima fase processual. excepcionalmente , pois criam uma ficção jurídica (a regra é a citação
pessoal).
Citação circunduta: é o mesmo que citação nula.
Citação por edital: hipóteses restritas desde a reforma – somente pode
b) efeito da citação: completa a relação processual, instaurando a ocorrer se o réu não for encontrado (art. 361).
instancia.
Mesmo não estando explicita na legislação, deduz-se que no caso do art.
Citação pessoal: mandado judicial (quando o réu se encontra nos limites 368 (réu no estrangeiro em lugar não sabido) também pode-se valer da
da jurisdição do juiz que está vinculado ao processo. Atualmente, com a citação por edital (sabe-se que o réu está no estrangeiro, mas não se
nova redação, não há exigência de que o réu compareça em juízo (isso sabe o lugar exato).
acontecia para propiciar a realização do interrogatório), agora, o que se
exige é que o réu apresente sua defesa, no prazo estabelecido em lei - formalidades: fixação do edital pelo prazo fixado em lei (15 dias) –
(resposta prévia ou preliminar). requisito essencial

Citação por carta precatória: quando o réu não se encontra dentro dos Publicação na imprensa local se houver (não é obrigatória a publicação).
limites da jurisdição do juiz que deu a ordem, mas encontra-se ele dentro
dos limites do território nacional.
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- Efeitos da citação por edital: como é uma presunção, se efetivamente o Efeito da citação por hora certa: se o réu não comparecer o não nomear
réu tomar conhecimento da citação, então o processo pode seguir advogado que o represente, mesmo sendo uma citação ficta, ela induz a
normalmente. Entretanto, se não houver garantia de que o réu realmente REVELIA.
teve ciência (o réu não compareceu em juízo e nem mesmo mandou
advogado para representá-lo), desde 1996, houve a alteração do art. 366 O efeito da revelia no processo penal é a desobrigação de notificar e
(revelia), que agora prevê a suspensão do processo (não confundir com intimar o réu dos atos processuais (perda da garantia constitucional do
a suspensão condicional do processo da Lei 9.099/95, pois aquela se contraditório). Importante ressaltar que a revelia não induz a confissão
vincula somente a citação por edital. ficta (busca pela verdade real no processo penal).

Com a suspensão do processo, suspende-se o curso do processo e o curso Grande questão: revelia decorrente de citação ficta é constitucional? –
da prescrição, podendo o juiz determinar a produção antecipada de direito constitucional do contraditório
provas consideradas urgentes e determinar a prisão preventiva nos
moldes do art. 312. Será nomeado defensor dativo e ele terá o prazo de 10 dias para
apresentar resposta preliminar.
Prisão preventiva: não são obrigatórias, somente ocorrendo quando se
verifica necessidade (proteção da sociedade) – garantia da ordem Resposta do réu – arts. 396 e 396-A
pública, da ordem econômica, garantia da aplicação da lei penal e
Obs: conflito doutrinário quanto a correta nomenclatura, ressalvando-se
assegurar a produção de provas no processo.
que não se deve utilizar o termo “defesa prévia” pois ele diz respeito a
Cuidado: a doutrina critica bastante a produção antecipada de provas, uma manifestação da defesa no procedimento anterior (momento de
pois ela ocorre sem a presença do réu e ainda um réu que não foi pouca importância, apenas para que a defesa se manifestasse quanto as
devidamente citado, ela somente é admitida em casos realmente provas que queria produzir).
excepcionais.
Resposta preliminar, resposta prévia ou defesa preliminar: hoje é um ato
Atenção: o legislador não determinou um limita para a suspensão do fundamental, essencial, oportunidade para se fazer uma defesa
processo, podendo-se afirmar que se cria uma situação de consistente para influir no convencimento do juiz, em especial, quanto a
imprescritibilidade, que aos olhos da nossa doutrina é inconstitucional, possibilidade de absolvição sumária.
embora o STF não tenha assumido essa posição (a prórpria legislação foi
Conceito: é a manifestação da defesa do réu no processo, por escrito,
taxativa quanto aos 2 crimes imprescritíveis, não abrindo espaço para
contestando á acusação formulada na inicial. É uma verdadeira
que a legislação complementar criasse novas espécies). A doutrina
contestação á acusação.
sugere que se aplique, nesse caso, a regra do art. 109 do CPP em dobro.
É um ato essencial sem o qual o processo não pode prosseguir. É um
Citação por hora certa: quando verifica-se que o réu se oculta para não
resposta do réu, mas só que pode apresentá-la é a defesa técnica.
ser citado
Obs: é um ato dever, ato obrigação, por isso o prazo é impróprio (não
Obs.: a visitas devem ser feitas em intervalos razoáveis, buscando-se
incide preclusão). Esse ato pode ser entendido como uma verdadeira
surpreender o réu e findar com a situação de ocultação. Exige-se que o
condição de processibilidade.
oficial justifique, com elementos concretos, o porque de ele ter formado o
convencimento de que há ocultação. Se não for observado, nomeia-se advogado dativo para, nos molde do
art. 396, A, §2.

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O termo inicial é a data em que a citação se realiza, em cada um de - Importante: as exceções de suspeição e incompetência do juízo tem,
seus moldes (lembrar da regra da contagem de prazos). Súmulas: 310 e obrigatoriamente, de se argüida quando da resposta preliminar, se não o
710 do STF. juiz do feito passa a ter competência (os atos se convalidam)
inquestionável.
Resposta preliminar
Competência absoluta: a material, que define as matérias competentes
Conteúdo: alegar preliminares (exceções, art. 95 do CPP) a cada órgão jurisdicional (CF/88) e as prerrogativas de função definidas
na CF/88 (as definidas em lei ordinária , são relativas e podem ser
- Apresentar justificações afastadas).
- Oferecer documentos - Art. 96: a exceção de suspeição deve prevalecer sobre as demais.
Formalidades: suspensão condicional do processo. - Formalidades: embora a lei fale que o réu deve ser citado para
apresentar sua defesa, ou seja, a citação deve se dar na pessoa do réu,
Possibilidade de absolvição sumária – art. 397, CPP
quem em verdade, apresentará a defesa é o advogado por ele
Conteúdo: a resposta preliminar de certa forma, substitui a defesa prévia constituído.
da sistemática anterior, entretanto, nessa última, não havia sentido para
Obs: §1, art. 396,A – nomeação de advogado dativo no caso de não
que a defesa apresentasse documentos e suas teses, pois de qualquer
apresentação da defesa preliminar no prazo, ou não constituição de
forma, o processo teria que seguir seu curso normal. Mas, agora, na
advogado, nos casos em que o réu não tenha capacidade postulatória.
resposta preliminar a defesa deve apresentar suas teses, pois certos casos
podem ensejar a absolvição sumária. Manifestação do MP: questionamento, pois, a lei não disse que a resposta
preliminar tem que ser encaminhada ao MP para que ele se manifeste –
Preliminares:
não observância do princípio do contraditório. A justificativa para a
1)Exceções: formas de defesa indireta – questões incidentais exclusão dessa possibilidade do art. 396 é de que, no nosso modelo
processual, a acusação, tem de se manifestar sempre antes da defesa e,
- suspeição e impedimento se houver essa manifestação do MP, essa regra será subvertida. Também
se argumenta que somente há a possibilidade, nesse momento
- ilegitimidade de parte processual, de uma decisão de mérito absolutória e, portanto, o
contraditório não estaria prejudicado o fato - a maioria da doutrina não
- incompetência do juízo concorda com essa justificativa, entendo que a manifestação do MP é
necessária.
- litispendência e coisa julgada (encerram o processo)
Em havendo requerimento de suspensão condicional do processo por
2)Nulidades
parte do MP quando da exordial, o réu será citado não para apresentar a
Defesa preliminar: é o momento para a defesa requerer a produção de resposta preliminar, mas para comparecer a audiência para transacionar
provas (material ou pericial, testemunhar – apresentar o rol, documental. (Obs. A Súmula 696 do STF).

Quanto aos documentos, como não há um momento preciso para sua Absolvição Sumária (novidade do código atual)
juntada, podendo eles ocorre a qualquer tempo, a defesa é apenas um
dos momentos (não há preclusão).
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No curso do processo, logo no seu início, valendo-se dos argumentos da e o processo deve constinuar – somente ao final, quando da decisão
resposta preliminar e antes mesmo da instrução probatória, o juiz pode (sentença) é que se estabelece o indubio pro réu.
extinguir o processo, absolvendo o réu sumariamente (decisão de mérito)
Importante: existe a possibilidade de absolvição sumária parcial que
Art. 397: hipóteses permissivas de absolvição sumária (é um dever do juiz pode ocorrer quando tiver mais de um acusado ou uma multiplicação de
caso as situações se concretizem). imputações.

- Causa excludente de ilicitude (art. 23 do CP: legitima defesa, estrito A lei não especifica se, não ocorrendo a absolvição sumária, o juiz precisa
cumprimento do dever legal, estado de necessidade...) ou não justificar essa decisão. Mas uma parte da doutrina tem entendido
que o juiz tem que apresentar uma decisão fundamentada determinando
- Causa excludente de culpabilidade: Art. 20 do CP: erro sobre o e justificando o prosseguimento do feito.
elemento do tipo, Art. 21 do CP: erro de proibição (erro sobre a ilicitude
do fato), Art. 22 do CP: coação irresistível ou observância de ordem Essa fase seria como uma fase saneadora, em que o juiz decide sobre as
hierárquica, Art. 28, §1: embriaguez completa decorrente de caso fortuito preliminares, sobre o deferimento ou não da produção das provas
ou força maior (“incapaz”). requeridas pela acusação e pela defesa, e por fim, designar data para a
audiência de instrução e julgamento (art 399).
Art. 26 CP: doença mental – inimputável – causa ressalvada pois cabe
medida de segurança (não é pena mas tem caráter punitivo, portanto Notificação das seguintes pessoas interessadas: réu, defensor, MP ou
precisa que o processo transcorra de forma normal, dando todas as querelante, assistente.
chances de defesa ao acusado, pois pode ser que ainda que seja
inimputável, seja inocente). -Problema: Caput: “Recebida a denúncia” – nova falha na
sistematização por parte do legislador – é um novo recebimento ou
- Quando o fato narrado não constitui crime – atipicidade (não há apenas um deslize do legislador? Qual deles, em verdade, interrompe a
possibilidade jurídica do pedido, portanto, falta uma das condições de prescrição? A doutrina majoritária entende que é mesmo um erro e que o
ação). primeiro momento de recebimento que, efetivamente, interrompe a
prescrição.
- Extinção de punibilidade
Art. 399, §1 – acusado preso tem que ser apresentado, ele será requisitado
Problema: decisão que declara a extinção de punibilidade não decide e tem que comparecer – esse entendimento prejudica o malfadado
mérito! – erro do legislador – decisão interlocutória mista terminativa, interrogatório pro vídeo conferencia, por isso, o ato seria um ato
sendo essa sua classificação, cabe recurso por parte do autor (o recurso essencialmente presencial – grande quastão!
cabível é o RESE – art. 581, VIII).
Art. 399, §2 – principio da identidade física do juiz – a doutrina tem
Obs: das outras 3 hipóteses o recurso cabível é a apelação. entendido que é a prova oral que vincula o juiz. E se o juiz morre,
aposenta, tira férias etc – o CPC, transferência dos autos ao seu sucessor.
O juiz pode a qualquer momento declarar extinta a punibilidade,
conforme o art. 61, CPP. Não absolvição Sumária – art. 399
- Condição para a absolvição sumária: a hipótese tem de estar - Decisão fundamentada
cabalmente comprovada, se houver qualquer dúvida, indubio pró
sociatates (ou seja, no curso do processo a dúvida favorece a sociedade - Fase saneadora: juiz resolve sobre preliminares, exceções e provas
requeridas (o juiz poderá indeferir – art 400, §1
17
- Designação de audiência de instrução e julgamento - O juiz tem que designar a audiência em até 60 dias quando do
saneamento
- Intimação: réu, seu defensor, MP, e se for o caso, querelante e assistente
de acusação Assistente de acusação: art. 268 a 273

- Presença do réu – art 399,§1 Terceiro interessado na causa – o ofendido ou seu representante legal –
nas ações públicas ele pode se habilitar no processo e intentar-se da
- Identidade física do juiz – art. 399, §2/art. 132 dp CPC causa como assistente de acusação. Essa habilitação pode ocorrer a
partir do recebimento da inicial pelo juiz e ele recebe o processo do
A não absolvição sumária tem que ocorrer na forma e art. 222, §3 de uma modo como está (ou seja, ele jamais vai poder aditar a causa e requerer
decisão fundamentada, em que haja justificativa. Essa decisão também é a produção de provas). Desde que atenda o requisito legal de ser
uma espécie de fase saneadora, pois o juiz tem que decidir sobre as ofendido ou seu representante legal, o juiz não poderá indeferir o pedido
preliminares, as exceções e as provas. de habilitação (assim tem entendido a doutrina de forma unanime).
O juiz pode indeferir as provas que considerar irrelevantes, impertinentes O assistente somente pode fazer aquilo que a lei permite – atenção ao
ou meramente protelatórias (essa é sempre uma decisão arriscada, pois art. 271, CPP – o assistente somente pode propor provas na nova
pode ocasionar cerceamento de defesa e consequentemente, a oportunidade dada à acusação quando da fase de diligencias
argüição de nulidade ao final do processo). Como essa decisão é uma complementares, se necessário.
interlocutória simples, e não está abarcada no rol do art. 581 do CPP
(RESE), não cabe também correição parcial e nem apelação, conclui-se Não há, como reforma, a figura do libelo acusatório, portanto, não há
que dessa decisão não cabe recurso. Na hipótese de negação de como o assistente de acusação aditar o libelo.
produção de provas requerida pela defesa cabe HC, e, se o
indeferimento for quanto a uma prova da acusação, cabe MS (isso Pode participar dos debates orais (alegações finais), tendo inclusive
apenas em situações extremas – normalmente o que se faz é argüir a tempo exclusivo para isso.
nulidade absoluta ao final, em sede de apelação, se assim a parte
entender, ou no momento das alegações finais em audiência, argüir a Pode inquirir as testemunhas
nulidade relativa).
Atenção: Pode arrazoar os recursos interpostos pelo MP (acrescentar
razões às já apresentadas), Somente pode interpor recursos próprios em
02 hipóteses – RESE – art. 584, §1 – impronuncia –quando da reforma do
Audiência de instrução e julgamento – art. 400 art. 416 estabeleceu que quando da decisão de impronuncia não
caberá RESE, caberá apenas apelação Da decisão de extinção de
- Audiência una punibilidade (inciso VIII) e mesmo assim, o recurso do assistente é
subsidiário (se o MP também oferecer, o dele não é conhecido), portanto
- Oralidade, concentração, celeridade, imediatidade (judicialidade), só neste ultimo caso é que cabe RESE.
publicidade e efetividade.
Apelação – art. 598 – é também um recurso subsidiário, mas em qualquer
Obs: art. 405, §1 caso que se queira recorrer.
- Instrução probatória e alegatória – concantração Presença do réu: art. 399, §1 – o acusado preso será requisitado para que
esteja presente na audiência e o poder público deverá promover sua

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locomoção. Depreende-se portanto, que é essencial a presença PESSOAL prazos no art. 5, último inciso, permitiria o não relaxamento da prisão –
do réu e que, portanto, este dispositivo vedaria a possibilidade de absurdo! Pois essa garantia veio para proteger e não para prejudicar o
interrogatório por vídeo conferência (Mas, 6 meses depois, com o réu. Somente não cabe relaxamento se a demora na realização da
advento da Lei n. 11.900/09, permitiu-se a vídeo conferencia...) audiência for por culpa injustificada da própria defesa.

Questionamentos: ao réu é assegurado constitucionalmente a ampla -Adiamento: art. 265, §1: ausência justificada do defensor do réu.;
defesa, que se desdobra em defesa técnica (que é indisponível – nenhum ausência, justificada ou não do MP e impedimento do juiz. No caso do
processo tem seguimento sem um defensor para o réu) e a auto-defesa, querelante (seu advogado) se sua ausência for justificada, adia-se a
que por sua vez se constitui em direito de ter uma audiência e direito de audiência, mas se não for, extingue-se o processo por desistência (a ação
presença (essa auto defesa é disponível, tanto que a própria constituição privada é disponível) dada a preclusão do momento da produção de
assegura-lhe o direito de silencio, e também a sistemática da lei prevê a provas.
revelia caso o réu seja intimado e não compareça em juízo). Nessa
diapasão, a Lei 11.900 teria revogado o art. 399, §1; mas ainda há muitos Se o assistente da acusação estiver ausente, realiza-se a audiência
questionamentos quanto à sua aplicação e sua constitucionalidade (a normalmente.
primeira opção dessa lei é a feitura do interrogatório no próprio presídio
onde o réu se encontra, com deslocamento do juiz!). E no caso do réu, se devidamente intimado não comparecer a
audiência, decreta-se a sua revelia, e ele não será mais intimado dos atos
A audiência uma com a concentração de todos os atos, busca, em processuais.
especial a celeridade e efetividade do processo através, principalmente
da oralidade (abandono do formulário exacerbado)

A audiência, inicialmente uma, pode sofrer cisão caso ao final da Atos de Instrução
instrução probatória se confirme a necessidade de diligencias
complementares. Nesse caso o juiz pode indeferir a manifestação das I.Declaração do ofendido – art. 201
partes por memoriais (o que também pode ocorrer quando a causa de
mostrar complexa)e posteriormente, os outros vão conclusos para a II.Oitiva das testemunhas – art. 202 ou 228
prolação da sentença. Também pode ocorrer cisão no caso de uma
testemunhas, da acusação, devidamente intimada, não comparecer na . Momento para anulamento: número (art. 401)
audiência e a acusação insistir na sua oitiva.
. Ordem: artigo 400
Art. 400 – diz que a audiência tem de se realizar num prazo de 60 dias
(prazo processual, conta-se excluindo o primeiro e incluindo o ultimo), mas
. Ressalva: artigo 222
a lei não determina qual o termo inicial, a doutrina tem se orientado que
ele deve ser marcado no ato do recebimento da inicial (o primeiro
. Inversão: Hipótese (art. 536 e art. 411, § 8º)
recebimento e não aquele controvertido do art. 399). Esse prazo é
impróprio e, no caso do réu solto, não há qualquer mudança no Correção Parcial
procedimento se o prazo for excedido, mas no caso de réu preso a
doutrina discute que a extrapolação do prazo de 60 dias configuraria Nulidade Relativa
constrangimento ilegal e a prisão teria que ser relaxada (uma parte da
doutrina entende que a inclusão da garantia da duração razoável dos . Testemunhas ouvidas no estrangeiro: tratados de assistência jurídica

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. Desistência: artigo 401, § 2º . Natureza Jurídica
. Momento para realização (+ art. 196)
. Substituição . Procedimento: Sistema presidencialista
. Processo para oitiva: art. 203 Perguntas das partes, art. 188

art. 212 – Cross Examination Local: réu em liberdade, art. 792 + art. 260
Réu preso: art. 185, §1º, §2º e §7º
art. 212, par un – juiz

. Oitiva por videoconferência: artigo 217 – Lei nº 11.690/08 Por precatória


. Divisão: a) Int. de Identificação: art. 187, §1º, art. 5º, LXIII, art. 186,
Artigo 222, § 3º - Lei nº 11.900/09 art. 68 – LCP e art. 307, CP. b) Int. de mérito: art. 187, §2º + art. 189 +
art. 190, art. 5º, LXIII, CF + art. 186, caput e parágrafo único.
- Esclarecimentos dos peritos – art. 400
. Mais de um acusado: art. 191
. Requerimento da parte: art. 400, § 2º
. Situações especiais
. De ofício pelo juiz: art. 156, II . Formalidades (art. 195)

. Formalidades: art. 159, §5º, I Oitiva das testemunhas

. Assistente técnico: art. 159, §5º, II No modelo acusatório, primeiro a oitiva das testemunhas de acusação e
só então as de defesa (art. 400). Essa não é uma ordem absoluta, e se
eventualmente não for obedecida, gera nulidade relativa, o próprio
1. Acareação – arts. 229 e 230 artigo 400 prevê hipóteses de exceção a essa ordem, ressalvando o artigo
. Requerida pela parte ou de ofício pelo juiz 222 (oitiva por precatória).
. Presença física
. Acareador Também ocorre inversão quando a testemunha faltante da acusação
. Por precatória: art. 230 não é encontrada para que possa ser conduzida coercitivamente (essa é
. Por videoconferência: art. 222, § 3º, art. 185, §8º e §9º a posição majoritária, o professor Machado é contra sendo favorável a
interrupção da audiência até que se proceda a oitiva da testemunha
2. Reconhecimento de pessoas e coisas: arts. 226 e 228 faltante). Esse posicionamento favorável à inversão viria garantir a
. “juízo de identidade entre uma percepção presente e uma celeridade processual.
passada.”
Cabe recurso de Correção Parcial quando o juiz decidir pela inversão da
. Pessoa presa: arts. 185, §8º e §9º
ordem das testemunhas, entretanto, se já houver sentença, deve-se argüir
a nulidade relativa em sede de preliminares em recurso de apelação.
3. Interrogatório do réu – arts. 185 a 196 CPP
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Testemunha que se encontra no estrangeiro, normalmente será por carta
rogatória, mas poderá ser feito de uma maneira mais simples se houver Deve ser requerido pela parte interessada. Mas visando a busca da
um tratado de assistência jurídica mútua (esse tratado existe entre Brasil, verdade real e fazendo uso do seu poder introdutório, o juiz pode
determinar sua produção de ofício.
Argentina, Paraguai e Uruguai). A parte que arrolou a testemunha pode
desistir de sua oitiva sem anuência da outra parte ou do juiz (se o juiz Se a parte requerer, ela tem um prazo de 10 dias para encaminhar seus
quiser ouvi-la, ouve como testemunha do juízo). quesitos que serão encaminhados ao perito. Este, por sua vez, pode
solucionar a questão através de um laudo complementar. O artigo 159, §
Quanto à substituição, o legislador não a regulamentou, mas a doutrina 5º, II, dá a possibilidade de se ouvir assistentes técnicos, pessoas com
admite a possibilidade, entretanto ela só se concretiza com a notificação conhecimentos sobre o tema específico.
da parte de que a testemunha arrolada não foi encontrada e que ela
pode ser substituída. Acareação

Procedimento: Consiste na contraposição dos departamentos dos depoimentos de


pessoas ouvidas em juízo em relação aos pontos divergentes ou
O juiz tem um papel suplementar e de fiscal na audiência somente controvertidos. Exige-se a presença física e podem ser acareadas todas
fazendo perguntas ao final, para complementar. as pessoas que foram ouvidas em juízo (testemunhas, ofendido, acusado
– com relação às suas declarações no inquérito policial).
É a própria parte quem faz as perguntas (Cross Examination e sempre
quem inquiri primeiro é a parte que arrolou a testemunha que entra
Pode se dar por meio de nova oitiva de testemunha, que reside em outra
depondo).
comarca, por meio da carta precatória (artigo 230). Também por
OBS: O Cross Examination ainda não tem sido efetivado, pois, videoconferência, nos mesmos moldes (somente se ela foi ouvida antes
historicamente, o advogado foi reprimido nesse papel nas audiências, irá por videoconferência).
demorar um tempo até que estejam aptos a inquirir as testemunhas
(pode-se requerer ao juiz que ele aplique o sistema Cross Examination e se O artigo 185, §8º e §9º afirma que se o réu foi interrogado por
assim ele não fizer, cabe recurso por cerceamento de defesa/acusação). videoconferência, ele pode acompanhar todos os demais atos também
por videoconferência. Com relação aos peritos e aos assistentes técnicos,
A testemunha também pode ser ouvida por videoconferência. A lei por se tratar de prova técnica, não é usual a ocorrência de acareação,
11.690/08 já trazia essa possibilidade para os casos em que a presença do mas nada impede (a prova pericial não é absoluta, o juiz não está
acusado puder causar constrangimento à testemunha. A lei 11.900/09 adstrito à ela). Reconhecimento no âmbito do Juízo não pode se valer
também prevê no caso de testemunha residir em outra comarca (isso se daqueles artefatos utilizados no Inquérito Policial que preservam a
daria no exato momento em que ela deveria ser ouvida em juízo). identidade da pessoa que está fazendo o reconhecimento – tem que ser
cara a cara – publicidade.
Esclarecimento dos Peritos
*Artigo 185 e parágrafos: muito importante!
Atualmente o laudo pericial pode ser feito por um único perito
(anteriormente eram dois).

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Interrogatório do Réu A Lei 11.719/ 08, art. 399, §1º, prevê a presença física do réu no juízo
(requisição, ordem e providenciar o transporte). Entendeu-se, portanto,
Ato que encerra a instituição processual. Questionamentos: se após o que o interrogatório por videoconferência estava abolido, mas com a
interrogatório, houver requerimento de diligências complementares, o réu promulgação da Lei nº 11.900/09, reintroduziu-se o interrogatório por
tem que ser ouvido novamente? Parte da doutrina entende que sim. videoconferência no novo sistema penal, renovado a regra da Lei nº
10.792/03, que agora passa a ser regra geral.
Esse é o momento em que o réu usufrui do princípio da ampla defesa, que
engloba a auto-defesa, e para tanto, ele precisa estar ciente de todas as Sendo assim, atualmente, a regra geral é a realização do interrogatório
provas produzidas contra ele – processo acusatório. no estabelecimento carcerário onde o réu está recolhido.

Natureza jurídica – a discussão não cabe mais, pois com o advento da Lei Em caráter excepcional, o §2º do artigo 185 prevê a realização do
nº 10.792/03, o interrogatório passou a ser um ato que deve acontecer interrogatório por videoconferência. Essa hipótese somente pode ocorrer
sobre o crivo do contraditório e estabelecer-se, assim, sua natureza nas quatro possibilidades previstas nos incisos do mesmo parágrafo e a
híbrida, é um ato tanto de defesa como de acusação, mesmo com sua decisão tem que ser fundamentada.
transferência para o final do processo.
Interrogatório por precatória não está previsto na lei, mas os doutrinadores
O artigo 196 assegura que o juiz pode determinar sempre que entender têm entendido que isso é possível – questionamentos quanto ao
necessário novo interrogatório. No sistema presidencialista é o juiz que cabimento dessa possibilidade dentro de todos os preceitos e normas do
realiza o interrogatório e ao final as partes podem fazer perguntas. novo procedimento.

*Vale ressaltar que não é só o interrogatório que ocorrerá no presídio, mas Interrogatório (divisão art. 187): 1. Interrogatório de identificação –
toda a audiência. arts. 187, §1º, Art. 68, LCP e art. 307 CP, Direito ao Silêncio – art. 5º,
LXIII CF, art. 186 CPP, Interrogatório do Mérito: Direito ao Silêncio –
Local art. 186, caput e parágrafo único, art. 187, § 189 e 190, art. 5º, LXIII,
CF/88, Mais de um acusado: art. 191, Causas Especiais: art. 192 e
Se o réu solto foi notificado e não compareceu à audiência, ele pode ser
193, surdo, mudo e do surdo-mudo e art. 193 é o int. daquele que
conduzido coercitivamente, caso o juiz insista em seu interrogatório (auto
não fala o idioma português.
defesa – disponível – o réu pode não querer se defender) – art. 260.

Diligências Complementares
Réu preso: art. 185, §1º, § 2º e § 7º.

É um ato que se constitui em duas partes distintas: no interrogatório de


Pela reforma da Lei nº 10.792/03, a regra para a realização do
identificação tem como escopo informar todas as suas qualificações a
interrogatório era no presídio, desde que garantida a segurança do juiz e
fim de que possa ser identificado (os interrogados tem o direito
de seus auxiliares (nunca ocorreu).
constitucional de permanecer em silêncio, mas essa garantia também
incide no int. de identificação? No artigo 186 do CPP, o legislador dispõe
22
sobre o direito ao silêncio: somente o réu será advertido dessa garantia
após sua devida qualificação e sua cientificação da acusação que pesa Dado a existências do poder instrutório do juiz considerar que é necessário
sobre si, ou seja, o réu não esta acobertado pelo direito ao silêncio no int. a produção de alguma, ele pode determinar de ofício.
de identificação, em verdade, se ele se negar a prestar as informações o
réu comete infração penal - LCP art. 68 - e se faltar com a verdade Depois dessa fase, há três caminhos possíveis para o processo:
quando prestar essas informações comete creme previsto no art. 307 do
CP). Quando não houver pedido de diligências complementares ou houver
indeferimento desse pedido: Fase das Alegações Formais.
No interrogatório de mérito, o réu será perguntado sobre os fatos a ele
imputados. É feito na forma presidencialista (o juiz é quem inquere tanto o As alegações são as manifestações finais das partes, nas quais elas
réu quanto a vitima – o sistema direto, o Cross Examination é só para devem proceder a uma análise das provas produzidas no processo e
testemunha). apresentarem suas pretensões. É um ato essencial, e mesmo que haja
falta é causa de nulidade absoluta (cerceamento de defesa/ acusação)
Quando há mais de um acusado, os interrogatórios são individualizados e Artigo 564, III, d: o MP, nas ações públicas, está obrigado a participar e
um réu não pode assistir ao outro. intervir em todos os seus atos. Se não o fizer, o artigo 572 classifica isso
como nulidade absoluta.
OBS: Artigo 7º do CP – hipóteses de incidência da lei penal brasileira
quando o crime é cometido fora do território brasileiro. Se o querelante deixar de apresentar alegações finais, ocorre prempção
(artigo 60, III, CPP) – extinção de punibilidade.
Estrangeiro pode ser processado e condenado criminalmente no Brasil –
princípio da territorialidade. Ordem de manifestação: primeiro manifesta-se a acusação e
posteriormente a defesa (processo acusatório – essa é absoluta e, se
- Diligências Complementares – art. 402 invertida, causa nulidade absoluta)

É um traço distinto do procedimento ordinário, não extinto no sumário e Teses: em relação ao mérito. Nas ações públicas, o MP pode requerer
no sumaríssimo. Ao fim da instrução, concede-se as partes a como pleito final a condenação e, em decorrência de sua função de
oportunidade de requererem diligências complementares, ou seja, provas fiscal da lei, pode também pedir a absolvição do réu (o juiz não está
complementares, desde que sejam necessárias (não podem ser vinculado a esse pedido de absolvição).
inovadoras, novas) a sua necessidade tem de correr dos atos de
instrução. O artigo 402 delimita quem tem competências para requerer Já o assistente técnico somente pode requerer a condenação (a sua
essas provas (MP, querelante e assistente de acusação, se houver além função, ao entrar no processo, é auxiliar o MP a condenar). Nas ações
da defesa). O artigo 271 prevê o que é permitido ao assistente de privadas, o querelante pode requerer a condenação. Se requerer a
acusação fazer, dentro o quê produzir provas, e o momento de absolvição, ocorre perempção (desistência da ação) e a sentença do
efetivação dessa possibilidade é quando das diligências juiz será extintiva de punibilidade, e como não é de mérito, ela não
complementares. condena, nem absolve o réu.
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atos essenciais, normalmente as partes não respeitam e prazo e, por uso,
Quanto a questões processuais, as partes podem argüir nulidades. Aliás, tem-se defendido que as mesmas sejam devidamente intimadas.
se houver nulidade relativa esse é o momento limite para se argui-las
(artigo 571, II), se não forem argüidas quando das alegações finais, elas se - Havendo diligência complementar – art. 404, CPP. A audiência será
convalidam (importante ressaltar que isso é uma espécie de “pré- encerrada (conclusão da audiência) procedendo a realização da
questionamento”, visto que, se o juiz as indeferir, elas poderão ser argüidas diligencia determinada.
preliminarmente quando da apelação).
Posteriormente, as partes devem manifestar-se na forma de memoriais,
Se forem nulidades absolutas, não se convalidam nunca, podendo ser após devidamente intimados, no prazo de cinco dias sucessivos. Após a
argüidas mesmo após o transito em julgado. apresentação dos memoriais, o juiz sentenciará em dez dias.

- Debate Oral – art. 403 (alega finais feitas oralmente na audiência). Prazo: Grande problema: houve a produção de provas sem que as partes dela
20 minutos mais 10 minutos (primeiro falava acusação por 20 minutos e, se tomassem ciência e pudessem se manifestar – fere o princípio do
necessário por mais 10 minutos, depois se manifesta a defesa da mesma contraditório a falta dessa fase no procedimento.
forma).
Também, como o interrogatório deve ser ultimo ato do processo, caso a
Ainda que o advogado seja o mesmo, em havendo mais de um réu, prova nova tenha trazido novos desdobramentos, o juiz deve ouvir o réu
concede-se o prazo individualizado para cada réu (a doutrina vem novamente (art. 196, CPP) – Não é obrigatório, ocorrendo só se a prova
cobrando que, nesse caso, o tempo da acusação também deve ser nova produzida trouxer novos indícios.
considerado para cada réu).
Formalidades – artigo 406, CPP
O assistente de acusação, se houver, poderá manifestar-se por 10 minutos
e esse mesmo tempo será acrescido ao tempo da defesa para que Redução a termo dos atos da audiência, sempre que possível esse
também possa se manifestar. Concluído os debates orais, o juiz deve, em registro deve ser feito por meio eletrônico (audiovisual).
seguida e na própria audiência, proferida sentença (as partes já saem
intimadas dessa audiência e começa a partir de então correr o prazo No caso de registro de audiovisual, deve-se remeter cópia às partes, sem
recusal). necessidade de transcrição (os juízes se posicionam contrariamente a
essa dispensa de transcrição, acreditando que ela é fundamental para a
- Artigo 403, § 3º: concessão de prazo para que as partes apresentem seus integridade dos registros, e só então as partes serão intimadas e
respectivos memoriais (forma escrita) – as circunstâncias especiais para começará a correr o prazo para recurso.
que isso ocorra são a complexidade da causa ou numero elevado de
acusados. O prazo para a apresentação é sucessivo de cinco dias (cinco
dias para a acusação e, posteriormente, cinco dias para a defesa – não Sentença
há necessidade de intimação). Problema: como as alegações finais são

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Existe a possibilidade que o juiz entenda de forma diferenciada da Antes da reforma, a diferença entre o rito ordinário e o sumário era o tipo
classificação e do pedido feito na exordial, muito embora ele esteja de pena aplicado ao crime em questão. Se o crime fosse punido com
adstrito ao julgamento nos moldes da peça acusatória. reclusão, o procedimento era o ordinário, se por outro lado, o crime fosse
punido com detenção o rito a ser seguido era o sumario.
- Emendatio libelli (art. 383, CPP) – uma verdadeira correção – o titular da
ação erra quando classifica a ação e o juiz pode mudar a classificação - Não existia também a questão de apresentação de memoriais, não
estando vinculado aos fatos narrado na inicial, ele está condicionado a havia previsão legal para isso, mas a doutrina e a jurisprudência
esses fatos. A legislação permite que o juiz emende a acusação sem aceitavam isso.
qualquer formalidade, ainda que a nova classificação implique em pena
maior, isso é possível porque o acusado se defende dos FATOS que lhe A reforma veio para trazer uma simplificação maior ao procedimento já
foram atribuídos, e não da classificação a eles dada. existente. Os art. 537, 539 e 540 foram revogados quando da reforma.

- Mutatio Libelli (art. 384, CPP) – os fatos mudam, há alteração – possibilita O rito sumario, por expressa determinação da lei no §4º do art. 394, que o
ao juiz decidir diferentemente do que foi pedido na inicial, mas, com a rito sumário devera observar o disposto nos arts. 395 a 397 (o art. 398 não
reforma, ela foi completamente descaracterizada. Envolve uma situação foi recepcionado pela reforma) – são previsões expressas do ordinário que
de surgimento de elementos ou circunstancias novas (provas novas). O também se aplicam ao sumario.
código anterior previa que, sem ouvir o MP e se a nova classificação fosse
Também teremos que aplicar a regra do art. 399 do ordinário, em
mais benéfica ao réu, o juiz poderia mudá-la de oficio. Atualmente, não é
concordância com o disposto no art. 394, §5º.
o juiz quem muda a classificação e sim o MP, mediante provocação do
juiz (o MP é o titular da ação). Se o MP não quiser mudar a classificação, 1.Oferta da inicial + Provas – requisitos art. 41.
remetem-se os autos ao procurador. Se também o procurador entender
que não se deve mudar a classificação, os autos voltam ao juiz de origem Prazo para oferta da inicial: se for MP (ação penal publica), o promotor
para sentença (o juiz não pode condenar o réu pois já manifestou seu terá o prazo de 05 dias para ofertar a inicial se o réu estiver preso e 15 se
entendimento de que não se trata daquele crime em questão, se solto. Se for crime de ação penal privada, o querelante tem o prazo de 06
condenar, essa condenação é extremamente frágil e devera ser meses a partir do conhecimento da autoria.
atacada por recurso.
ATENÇÃO: indiciado pode ser preso?
Questão: o juiz que desejou proceder a emendatio libelli não se torna
Se for prisão em flagrante (art. 302) não há qualquer restrição para que o
suspeito para julgar a causa?
autor seja preso, cabendo nas contravenções, nos crimes de menor
- Não cabe emendatio em sede de tribunais e nas ações privadas. potencial ofensivo, nos crimes, etc. O que se deve questionar é a
necessidade de manutenção dessa prisão até a oferta da inicial – o
PROCEDIMENTO SUMÁRIO (Lei 11.719/08; arts. 531 a 538, CPP) flagrado deve ter direito ao beneficio de liberdade provisória, mediante
pagamento ou não de fiança, desde que ele atenda aos requisitos
Pena privativa de liberdade superior à 2 anos e inferior à 4 anos. (pessoal – art. 324)

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A liberdade provisória mediante fiança é a regra, pois o CPP deve Primeiro traço distintivo do rito sumario, ele prevê um número de
determinar quais são os crimes inafiançáveis (a própria CF prevê os crimes testemunhas menor: 5 (no ordinário são 8).
inafiançáveis – no CPP, os crimes inafiançáveis estão previstos nos arts. 323
(em especial o inciso I) e 324. Nos crimes que adotam o rito sumario é Recebimento da inicial (art. 396), Rejeição (art. 395).
quase certo que cabe liberdade provisória mediante pagamento de
Decisão interlocutória simples, não admite recurso, somente caberá
fiança.
habeas corpus para pleitear o trancamento do processo. A de rejeição é
A liberdade provisória sem fiança esta prevista no art. 310, caput e interlocutória mista terminativa, cabe recurso em sentido extrito.
parágrafo único (hipótese mais importante pois ela não esta
Citação (art. 396)
condicionada à pagamento – a condição econômica do réu não influi).
Resposta Preliminar (art. 396 e 396-A): prazo de 10 dias, a defesa se
Importa ressaltar que a liberdade provisória sem fiança pode ser
manifesta com relação ao mérito (hipóteses de absolvição sumária) e
concedida ate mesmo para os crimes que a CF classificou como
com relação a questões processuais (nulidades, exceções – art. 95,
inafiançáveis (terrorismo, tortura, trafico, racismo.
litispendência, coisa julgada). Também é a oportunidade para a defesa
Art. 301, caput – quando ficar evidenciado que o réu praticou o delito requerer as provas que deseja produzir (rol de testemunhas – 5 no
sobre o manto de uma das excludentes. máximo)

Parágrafo único – embasamento da cautelar para suspender prisão Possibilidade de absolvição sumaria (art. 397). Decisão de mérito,
preventiva ilegal. atacada por meio de apelação.

Somente o juiz pode conceder liberdade provisória sem fiança, mas se Se não houver possibilidade de absolvição sumária (aplicação do art. 399
houver fiança, o delegado tem competência. com fundamento no §5º do art. 394) conforme a doutrina, o juiz deve dar
uma decisão fundamentada explicitando os motivos pelos quais não
Prisão Preventiva – art. 312 e 313 – requisitos muito específicos, somente absolveu sumariamente. Em seguida, fase saneadora, para que o juiz
pode ser decretada em crime doloso (não cabe em contravenção, nem decidisse sobre as questões processuais eventualmente argüidas e sobre
em crime culposo) e punido com reclusão (a maioria dos crimes que são o pedido de provar.
processados pelo rito sumario são punidos com detenção).
Em seguida, o juiz designa audiência de instrução e julgamento,
O inciso II prevê requisitos para que se aplique prisão preventiva nos procedendo-se a intimação de todas as pessoas (réu, ofendido, assistente
crimes punidos com detenção: o réu ser “vadio” (afastado pelos tribunais) de acusação, MP, querelante e, se for o caso, perito).
e dificultar sua identificação. Também se o réu for reincidente em crime
doloso (a sentença de condenação tem de ter transitado em julgado). Audiência de instrução e julgamento

Provas (art. 532) Audiência una e concentrada – a concentração é muito mais forte no
sumario, não existindo previsão legal complementares, os debates orais

26
não poderão ser substituídos por apresentação de memoriais e o juiz deve Ofendido: deve comparecer (art. 201), pode ser conduzido também (§1º
sentenciar na própria audiência. do art. 201).

Prazo: 30 dias – mas a lei não previu o termo inicial de contagem do Perito: deve comparecer, mas não há sansão legal caso da sua ausência.
prazo. A doutrina tem 2 correntes: 30 dias partindo do recebimento da
inicial ou 30 dias contados a partir da data do despacho que designa a Atos de instrução
audiência. É um prazo impróprio, que não gera preclusão, gerando
- Declaração do ofendido
apenas conseqüências administrativas para o juiz e, por vezes,
relaxamento da prisão. - Inquirição das testemunhas: primeiro as de acusação depois as de
defesa, ressalvada as disposições do art. 222 (oitiva por precatória).
Se o MP estiver ausente, independentemente da justificativa, a audiência
terá de ser redesignada. - Esclarecimento dos peritos

Tem de estar presente o querelante e seu advogado (a doutrina e a - Acareação e reconhecimento de pessoas e coisas
jurisprudência entendem que só a presença do advogado basta). Se o
querelante e seu advogado se ausentarem sem previa justificativa, - Interrogatório: ultimo ato da instrução probatória, passando-se para fase
configura-se a perempção, caracterizando desistência da ação e de instrução alegatória
acarretando extinção do processo sem julgamento do mérito.
- Alegações finais: feitas por meio dos debates orais (art. 534, CPP), ainda
Se o réu devidamente intimado, não comparecer, declara-se sua revelia que haja complexidade da causa e grande numero de réus, não é
e realiza-se sua audiência. Hoje, discute-se se ainda existe a possibilidade provável a substituição do debate oral por apresentação de memoriais.
de condução coercitiva do réu, diante do principio da ampla defesa, No mais, a forma dos debates segue o rito ordinário.
que se desdobra na auto-defesa (no júri, no novo procedimento, com
Sentença (art. 534): na próxima audiência, as partes já saem intimadas e
fundamento no direito de silencio, já é permitido ao réu escolher não
começa a correr o prazo recursal.
comparecer ao plenário). Mas como não há previsão expressa, a
doutrina ainda discute o cabimento (art. 260). Questão relevante: Possibilidade da suspensão condicional do processo
(art. 89 da lei 9.099/95) por proposta do MP e aceitação do acusado (de
Advogado do réu, se não comparecer, duas situações: se justificada (art.
2 a 4 anos). Requisito objetivo para a concessão: pena mínima inferior ou
265, §1º, CPP) a audiência será adiada; se o advogado não comparecer
igual a 1 ano. Abrange as infrações de menor e de médio potencial
e não justificar, embora a lei traga a previsão legal de que pode-se
ofensivo. Se ao final do prazo, o beneficiário cumprir os requisitos,
nomear advogado ad-hoc, para evitar cerceamento de defesa, é
extingue-se o precesso sem julgamento (o réu continua sendo primário).
prudente que o juiz adie a audiência.
Decisão de extinção da punibilidade é juntamente com a denuncia,
Testemunhas (art. 218 e 219): condução coercitiva e multa, arca inclusive
momento em que ele também deverá apresentar os requisitos e o prazo
com as custas da diligência (única que paga, se for ausente e o juiz
(período de provas), o réu é citado, não para responder em 10 dias, mas
determinar sua condução coercitiva).
para comparecer a uma audiência e se manifestar sobre a proposta.
27
Presentes os requisitos objetivo e subjetivo, o MP está obrigado a oferecer b) Objetivos – art. 62 (princípios)
a proposta.
c) Competência – Rito Sumaríssimo

- material: art. 61, Lei 9.099/95 e art. 62, Lei 9.099/95

Conexão e continência
PROCEDIMENTO ESPECIAL DAS INFRAÇÕES DE MENOR POTENCIAL
OFENSIVO (IMPO) - territorial: art. 63, Lei 9.099/95

- art. 98, I, CF - recursal: art. 98, I, CF e art. 82, Lei 9.099/95

- Lei nº 9.099/95

- Lei nº 10.259/01 (EC nº 22/99 – art. 98, §1º, CF) d) Princípios: art. 98, I, CF e arts. 2º e 62, Lei 9.099/95

- Lei nº 11.313/06 – unificou o conceito de IMPO 2 – Procedimento

- Lei nº 11.340/06 (art. 41) 2.1. Fase Preliminar

1 – Considerações gerais a) Fase policial – art. 69, caput, parágrafo único

- objetivas - atribuição

- JECRIM - procedimento

a) natureza – art. 1º, Lei nº 9.099/95 – os Juizados Especiais são órgãos da - T.C.: requisitos
justiça ordinária
- prisão
1º grau -> J. Estadual
- medida cautelar
J. Federal (Lei 10.259)
- IMPO: são infrações de menor gravidade que passaram a ter uma maior
- Justiças Especiais: ações originárias dos Tribunais atenção dos doutrinadores e juristas frente a falência do sistema
penitenciário brasileiro – formas alternativas de solução do conflito penal.
28
- Art. 98, caput e inc. I, CF: previsão legal constitucional dos juizados - participação e valorização da vítima – a reparação de danos como
especiais cíveis e criminais, abarca tanto a instituição, composição (juízes solução do conflito penal
togados + juízes leigos – atenção: não pode ser só leigos) quanto a
competência – todas as diretrizes de atuação – busca pela simplificação Natureza do JECRIM:
(valorização dos sujeitos do conflito, em especial da vítima, buscando
uma reparação mais imediata, satisfativa e que realmente promova a Órgão da justiça ordinária (pela Lei 9.099/95, órgãos da justiça estadual,
reparação tanto para o infrator quanto para a vítima). e, com a promulgação da Lei 10.259/01, passaram também ao âmbito
federal).
- Lei nº 9.099/95 – cria formalmente, nos moldes da CF/88, os juizados
especiais. Órgãos de primeira instância

Surge a descrição quanto a possibilidade de criação dos juizados no IMPO nas Justiças Especiais – como ficou? No âmbito da Justiça Militar e
âmbito federal frente ao disposto no art. 1º da Lei 9.099, que atesta que os da Eleitoral, caso se configure uma IMPO, em princípio não se poderia
juizados são órgãos da justiça ordinária – Problema: a CF/88 não se utiliza aplicar os institutos do juizado especial frente ao disposto no art. 1º da Lei
da expressão “justiça ordinária”, sendo assim, surgiram duas correntes: a 9.099/95, mas, por outro lado, a própria Constituição previu que as IMPOs
que entendia que essa expressão equivalia à justiça comum (estadual ou pudessem ser solucionadas pela conciliação e transação, normas que
federal), e a majoritária que pregava que somente caberia juizados na passaram a serem entendidas como direito fundamental. Assim, tem-se
justiça estadual. Pacificando a questão, a EC 22/99 determinou a inclusão um conflito: ausência de norma específica que criou os juizados no
de um parágrafo no art. 98, CF/88 determinando que fosse expedida lei âmbito militar e eleitoral e frente ao direito fundamental.
para criação dos juizados especiais no âmbito federal, o que foi feito com
a promulgação da Lei nº 10.259/01. Justiça Militar – acréscimo do art. 90-A a Lei 9.099 proibindo a incidência
dos juizados na justiça militar, unificando a jurisprudência, mas a doutrina
A Lei 11.340/06, lei Maria da Penha, significou um movimento contrário, ainda não foi pacificada, requerendo a aplicação dos institutos da Lei
pois ela restringiu a aplicação dos dispositivos afetos aos juizados 9.099 aos crimes militares impróprios (crime militar próprio é aquele que
especiais abarca uma conduta somente tipificada no âmbito militar, p. ex: dormir
em serviço. Os impróprios são aqueles que também são tipificados pelo
CONDIÇÕES GERAIS direito penal civil, por isso parte da doutrina defende que a esses, para
equiparar as situações, deveria se aplicar os institutos da Lei 9.099 ->
* Objetivos: mesmo crime, tratamentos iguais).

- Simplificação, desburocratização, informalidade Justiça Eleitoral – a doutrina defende a aplicação, em especial, dos
institutos previstos no art. 88 e art. 89.
- justiça consensual – participação dos sujeitos do conflito
Não há julgados no âmbito dos Tribunais, pois eles são órgãos de 1º grau
de jurisdição. Mas como ficam as ações de competência originária
29
(agentes com prerrogativa de função – juiz que pratica IMPO, p. ex)? Art. 61, Lei 11.313/06 - pacificou o conceito de IMPO como sendo as
Mesmo entendimento do âmbito eleitoral, aplica-se em especial os arts. contravenções e os crimes cuja pena máxima não sejam superiores a 02
88 e 89 da Lei 9.099/95 (dois) anos.

Objetivos: Conexão e continência: nas hipóteses de concurso de uma infração


comum com uma IMPO, a regra continua sendo a da unidade (comum),
Conciliação, julgamento e execução das causas referentes a IMPO conforme caput do art. 60 com a redação dada pela Lei 11.313/06. Já o
(atuam em todas as fases) §1º determina que o juiz, quando receber os autos, deve observar os
institutos da conciliação, ofertando a possibilidade de aplicação do
Institutos previstos para viabilizar a conciliação: 1- acordo civil de acordo civil de reparação de danos ou de aplicação imediata da pena
reparação de danos; 2- acordo de aplicação imediata da pena; 3- no que tange a IMPO (atenção, essa mudança ampliou a aplicação
suspensão condicional do processo; 4- exigência de representação nos desses institutos, permitindo que os mesmos sejam aplicados no âmbito da
casos de lesão corporal culposa e dolosa leve. Tais institutos são medidas justiça comum nos casos de conexão e continência).
despenalizantes, em especial quanto aos casos de lesão corporal leve
culposa e dolosa que antes era crime de ação pública incondicionada - Territorial
(agarrar pessoas – agora passou-se a exigir a representação, muitos casos
-> problema quanto à impunidade nos casos de violência doméstica – Art. 70, CPP – teoria do resultado: o local do crime se define pelo local
frente aos protestos da população, foi promulgada a Lei “Maria da onde o fato crime se consumou.
Penha” que, no âmbito dos casos de lesão corporal culposa ou dolosa
decorrente de violência doméstica contra a mulher, restringiu a Juizados – art. 63, Lei 9.099 – o local do crime é definido pelo local onde o
aplicação destes institutos, voltando a ser ação penal pública crime for praticado (teoria da atividade?). A competência é definida
incondicionada, nestes casos) pelo local onde se deu a prática dos atos de execução.

Competência: Recurso: É cabível, ainda que seja excepcional. O órgão competente são
os Tribunais Recursais, compostos por 03 juízes de 1º grau em exercício
- Material: (Habeas Corpus e Ações Rescisórias, a título de extrema exceção, podem
chegar ao 2º grau)
Art. 61, Lei 9.099/95 – IMPO eram todas as contravenções e os crimes cujas
penas máximas fossem iguais ou menores a um ano, desde que não Princípios:
fossem sujeitos a procedimento especial.
- oralidade: predomínio da palavra falada em detrimento da escrita.
Art. 3º, §2º, Lei 10.259/01 – como não existe contravenção no âmbito da Adoção de sistemática própria: simplicidade, informalidade,
justiça federal (não é de sua competência), esse dispositivo definiu como concentração e imediatidade (celeridade e economia processual) – ex.
único critério definidor de IMPO os crimes cuja pena máxima seja igual ou disso é a adoção de audiência uma.
menor a 2 (dois) anos.
30
2 – Procedimento: - medida cautelar – art. 69, p. único

1º fase da persecução penal das IMPOs: art. 69, caput e p. único – fase 1.2 Audiência preliminar
policial (materialidade e autoria). Não há inquérito! Ele é substituído por
um Termo Circunstanciado (T.C), narrado pela autoridade policial, em - momento
que se dispõe todos os fatos ocorridos. Não há indiciamento, ou seja, não
consta na estatística, nem aparece na “capivara” (ficha criminal) do - intimação – art. 71, 67 e 68
autor.
- esclarecimentos – art. 72
O T.C. é encaminhado ao juizado especial juntamente com o autor e a
vítima (o TC é lavrado e de imediato é encaminhado ao juizado) e então - presenças – art. 72
se passa à tentativa de homologação do acordo. Acordo de reparação
de danos homologado, passa-se à fase de execução dos termos do 1.2.1 Acordo Civil de Composição de Danos – arts. 72 a 74 (conciliação)
acordo firmado.
- condução – art. 73
1. Fase preliminar – arts. 69 a 76
- acordo – homologação
1.1 Fase policial – art. 69
- natureza da decisão
- procedimento – TC
- efeitos
- atribuição
1.2.2 Transação
- requisitos do TC
- conceito
- art. 76, §2º, III
-objeto
- representação – art. 75
- natureza jurídica
- encaminhamento
- cabimento
Obs: art. 64 – audiência período noturno
- titularidade
- prisão em flagrante e fiança – art. 69, p. único
- condição – art. 76, §2º
31
- proposta - citação – art. 78, §1º (art. 66 e 68)

- aceitação da proposta - testemunhas – art. 78, §§ 1º e 3º

- art. 76 §§ 3º e 4º - “intimação” do ofendido e responsável civil

- homologação - art. 78, caput e §2º (art. 67)

- não homologação – art. 76, §2º c) Presenças

- natureza da decisão Obs.: art. 80

- recurso – art. 76, §5º d) Audiência de Instrução e Julgamento – art. 81

Obs.: não homologação - art. 79

- multa – art. 76, §1º - acordo: desistência da ação; retratação de representação (x


renúncia)Fase Preliminar
- não cumprimento do acordo.
O procedimento das IMPO é divido em duas fases: a fase preliminar (que
2. Processo do Rito Sumário (art. 77 a 81) engloba a fase policial e a fase judicial que visa solucionar o conflito por
meios alternativos – conciliação) e a fase julgamento (quanto resta
2.1 Oferta da inicial frustrada a conciliação)

a) na própria audiência preliminar - Termo Circunstanciado: nas IMPO não há inquérito policial, a autoridade
policial deve lavrar Termo Circunstanciado (TC), devendo relatar nele
- denúncia – art. 77, caput todas as informações atinentes a IMPO (fatos, possíveis testemunhas,
histórico – a lei não previu o que necessariamente precisa estar contido
- queixa-crime – art. 77, § 3º no TC, mas há consenso doutrinário de que deve constar um histórico dos
fatos, mais detalhado que no BO, a indicação da possível autoria e, se
Obs.: art. 89 possível, a oitiva do autor – não é interrogatório -, a identificação da
vítima e, se possível, sua oitiva e a identificação das possíveis
- complexidade dos fatos – art. 77, §§2º e 3º testemunhas). A autoridade também deve requerer a produção dos
exames periciais que julgar necessários e procurar informações sobre os
b) Designação da audiência de instrução e julgamento
32
antecedentes criminais do possível autor, lembrando que tudo isso ocorre Em verdade, concordando com os objetivos dessa lei, o autor é tão
de forma célere, não devendo o TC se prorrogar no tempo. somente conduzido à autoridade que, após lavrar o TC, poderá liberar o
autor (se fosse prisão em flagrante, o Delegado não poderia soltar o
- Atribuição: deve lavrar o TC a autoridade policial que tomou autor, pois, isso seria relaxar uma prisão, e somente o juiz pode fazer isso).
conhecimento dos fatos. Já se discutiu se “qualquer” autoridade policial Somente há uma possibilidade de prisão em flagrante do flagrado: se não
poderia lavrar o termo, mas já há um consenso que essa atribuição cabe for possível encaminhá-lo de imediato à autoridade policial e se o
somente ao Delegado, pois ele, em nosso sistema, é quem tem flagrado se recusar a prestar compromisso de comparecimento. Nesse
competência para primeiro classificar o tipo penal. O problema é que, caso, no ato de lavrar o auto de prisão, o delegado deverá, em
com a restrição dessa atribuição ao delegado de polícia, comprometeu- cabendo, arbitrar fiança. Se o flagrado pagar a fiança, ele não é
se a busca pela celeridade nesse procedimento. O STF, através de uma recolhido à prisão, só sendo, portanto, preso em flagrante se for pego em
ação direta de inconstitucionalidade, que teve com relator a min. Ellen flagrante, se recusar a prestar o compromisso de comparecimento e não
Gracie, reconheceu a competência também da Polícia Militar para lavrar pagar a fiança arbitrada.
TCs, desde que esse TC seja assinado pelo comandante policial local.
Assim, hoje, tanto a Polícia Civil quanto a PM pode lavrar TCs, o que - Art. 69, parágrafo único: medida cautelar para proteção das vítimas de
assegurou a celeridade do procedimento, uma vez que a PM, em suas violência doméstica, afastando o agressor do local de convivência com
ações diárias de prevenção que primeiro toma contato com as IMPOs. a vítima. Com a promulgação da Lei Maria da penha, que previu o
afastamento da aplicação do disposto na Lei 9.099/95 nos casos de
- Inquérito Policial: nos casos de ação penal pública incondicionada o violência doméstica contra a mulher. Somente se aplica essa medida
Delegado instaura o IP assim que toma conhecimento dos fatos, de ofício. cautelar nos casos em que a vítima da violência for um homem (no caso
Nas ações penais públicas condicionadas, o IP para ser instaurado de mulher, resta revogada a medida) (??????)
necessita de representação. Já nas ações penais privadas, a abertura do
IP depende de manifestação de vontade da vítima ou de representação - Audiência preliminar – art. 70 – JECRIM: nela visa-se a solução da lide por
legal (requerimento). Nas IMPOs, a lei não exige representação ou meio dos mecanismos alternativos, ela pode acontecer de imediato ou,
requerimento no caso das ações penais públicas incondicionadas ou nas por motivo que impossibilite sua realização, ser designada data para
ações privadas. A autoridade policial, assim que toma conhecimento dos tanto. As partes serão notificadas (não se fala em citação, pois não há
fatos, deve lavrar o TC. Somente irá exigir a representação quando o ainda acusação formal), devendo estar presentes a vítima, e seu
acordo civil de reparação de danos restar frustrado e o MP precisar dar representante legal se for o caso, e o réu e, em sendo ele maior de 18
continuidade ao processo (art. 75). anos, mas mentalmente incapaz, seu representante legal. Nessa
audiência preliminar não há necessidade de advogados, nem para a
- Prisão em flagrante: não é porque é impo que não haverá prisão vítima, nem para o réu, mas em desejando, as partes podem constituí-lo.
quando ocorrer o flagrante (flagrar o autor praticando ou logo após
praticar o crime, ou quando perseguido após a prática, ou ainda O art. 67 prevê a forma como sedará as notificações. Ao ser iniciada a
portando objetos que denunciem ser ele o autor do crime). O certo é audiência, o juiz deverá fazer esclarecimentos as partes sobre os
que, se flagrado, o autor deverá ser conduzido à autoridade policial, mas mecanismos desse procedimento, explicando-lhes o significado, para não
a grande questão é se ele é conduzido como preso em flagrante ou não. banalizar o procedimento (art. 720. Passado isso, tentar-se-á a
33
conciliação, que diz respeito ao acordo civil de composição de danos, benéfico ao invés do processo comum (devido processo leal), em que lhe
cujo beneficiado é a vítima que irá ser ressarcida patrimonialmente pelos será assegurado o direito a ampla defesa e contraditório. A transação,
danos que a prática da IMPO lhe causou. Esse acordo pode ser portanto, tem natureza de direito público subjetivo e, em sendo público,
conduzido pelo juiz ou pelos conciliadores (juízes leigos previstos na CF/88. não cabe discricionariedade quanto a oferta da proposta de transação
pelo MP. A Súmula 696 do STF dispõe que, presentes os requisitos, o MP
Art. 73 da Lei 9.099/95, preferencialmente bacharel em direito). Se houver deve ofertar a proposta de transação (se o MP se negar, aplica-se
acordo, ele será reduzido a termo e homologado por decisão do juiz. A analogicamente o art. 28, remetendo-se os autos ao Procurador, que
natureza dessa decisão homologatória não é uma decisão de mérito, dará a resposta final).
mas vale como título executivo no juízo cível (ou seja, em caso de não
cumprimento do acordo, a vítima poderá executar o título). Essa decisão - Cabimento: Pela lei, somente nas ações penais públicas
homologatória não admite recurso, somente eventual embargos de incondicionadas ou nas condicionadas quando, em não havendo
declaração e seu efeito é de título executivo judicial. É uma decisão acordo, a vítima fizer representação. A lei exclui a possibilidade de
homologatória e, portanto, declaratória. transação nas ações privadas, pois, uma vez que o querelante oferte
proposta de transação, isso implica em renúncia ao direito de queixa, o
- Efeitos penais: se a IMPO for de ação penal pública condicionada ou de que acarreta extinção de punibilidade, mas, os nossos Tribunais, inclusive
ação privada, em sendo o acordo de reparação de danos homologado, o STJ, tem entendido que cabe sim transação penal nas ações privadas.
há renúncia no direito de queixa e de representação, ou seja, ocorre a
extinção de punibilidade (assim, o próprio acordo, independentemente - Requisitos (impedimentos): que o autor não tenha sido condenado por
de seu cumprimento, extingue o direito de queixa ou de representação). sentença definitiva (de mérito, não a transitada em julgado – a doutrina,
No caso de IMPO de ação penal pública incondicionada é preciso em nome do princípio da presunção de inocência, tem entendido a
ressaltar que há a prevalência do interesse público (e não da vítima), por sentença definitiva como transitada em julgado, mas essa decisão se
isso o efeito da homologação do acordo de reparação de danos é mostra inócua frente ao disposto no art. 76, §2º, II) por crime à pena
melhorar a condição do autor na proposta de transação a ser feita pelo privativa de liberdade.
MP (o réu está preocupado em reparar os danos causados à vítima), não
se extinguindo a punibilidade. Não havendo acordo, aplica-se o art. 75 e - Atenção: o acordo civil de reparação de danos pode acontecer
a vítima manifesta seu direito de representar contra o réu e instaurar a sempre, independente de lapso temporal, mas a proposta de transação
ação penal pública condicionada. Nas ações privadas, a doutrina e a não pode ser oferta se o autor já foi beneficiado com transação nos
jurisprudência tem apontado para a possibilidade de transação. últimos 05 anos (inciso II).

- Transação; não havendo acordo, é possível a transação, a qual é uma - A proposta da transação tem que ser certa, devendo o MP definir a
forma consensual de solução adotado pelo Estado para a solução do pena quantitativa e qualitativamente. O MP abre mão de iniciar a ação
conflito penal onde haverá concessões recíprocas das partes visando a penal e o réu abre mão de provar sua inocência. O autor se beneficia,
aplicação imediata da pena não privativa de liberdade (restritiva de pois ele não será denunciado formalmente, não perderá sua
direitos ou multa ou ambas cumuladas). Só é possível uma aplicação primariedade, não correrá o risco de ser condenado caso haja processo
imediata com a anuência do autor, se ele entender que isso lhe será mais comum, apenas se sujeita a transação para poder haver controle da
34
questão afeta ao art. 76, §2º, III. Também é importante ressaltar que a descumprimento do acordo frente as garantias constitucionais que
transação não acarreta efeitos civis, e se a vítima quiser reparação de orientam o processo penal, assim, nada pode ser feito (pois a natureza
danos, terá de ajuizar ação própria no juízo cível. homologatória do acordo, entende parte da doutrina, é de decisão
interlocutória homologatória de acordo).
Atenção: da decisão homologatória da transação cabe recurso
de apelação (art. 76, §5º) – muito estranho, pois a proposta é - Atenção: o STJ entende que é uma decisão de natureza condenatória,
ofertada pelo MP e é aceita pelo autor. A justificativa é a portanto, uma vez transitada em julgado, somente cabe sua execução, e
existência de condições supervenientes, como nulidades e vício se o autor não cumpre a pena imposta, não há nada que se fazer. Não se
de vontade. A doutrina e a jurisprudência tem entendido que, pode intentar a ação penal, oferecendo a denúncia. Já o STF, em sentido
embora a lei não preveja, cabe o mesmo recurso da decisão não- oposto, entende que não é condenatória, é mera decisão homologatória
homologatória. de acordo, portanto, descumprida a pena acordada, cabe sim oferta da
denúncia para iniciar a ação penal. O oferecimento da denúncia parece
- Não cumprimento do acordo: grande problema da transação – se não ser o melhor caminho para a situação de descumprimento do acordo de
houver o cumprimento do acordo de transação por parte do autor da transação, isso nas ações públicas, porque nas privadas tem-se o
IMPO, há duas situações: 1 -se a pena acordada for a de multa, pode-se problema da decadência, se o transcurso do tempo for superior ao prazo
oferecer a denúncia propondo a ação penal, ou podia-se cumprir o de 6 meses (e com certeza o será), decai o direito do ofendido de ofertar
disposto no art. 85, que prevê a conversão da pena de multa não paga queixa-crime.
em pena restritiva de restritiva de direitos (não ocorre, pois não há
previsão legal) ou em pena privativa de liberdade, nos termos da lei (o - Nos crimes contra o meio-ambiente, somente há extinção da
art. 51 do CP previa isso quando da promulgação da Lei 9.099/95, punibilidade se o autor da IMPO comprovar que recuperou a área
entretanto, em 1996, pela Lei 9.268, houve alteração dos dispositivos e degradada (deveria ser assim nos demais casos, somente extingui a
não há mais a permissão para a conversão, pois agora a pena de multa é punibilidade se cumprir o acordo).
convertida em dívida ativa a ser executada pela Fazenda; sendo assim,
agora a pena de multa não paga será convertida em dívida ativa a ser - Se a transação restar frustrada, não havendo acordo, o processo deve
executada pela Fazenda, mas como os valores fixados são, em geral, se dar pelo rito sumaríssimo, conforme ditames constitucionais.
inferiores ao mínimo executável pela Fazenda, não ocorre nada e o não
pagamento da multa não é punido); 2 - Se for a pena restritiva de direitos Rito Sumaríssimo
não cumprida, ou se oferece a denúncia para o início da ação penal, ou
se converte a pena restritiva de direitos em pena privativa de liberdade Rito mais célere, simplificado e informal (art. 65, §3º e art. 81, §2º - somente
(art. 44, §4º, CP) – Essa solução é viável? A lei penal permite a conversão os atos essenciais serão registrados de forma escrita). Nesse procedimento
se a pena restritiva de direitos for advinda de sentença condenatória sumaríssimo, no JECRIM, a citação é pessoal, não há citação por edital.
transitada em julgado e que resultou da substituição da pena privativa de Se o réu não for encontrado os autos devem ser remetidos ao juízo
liberdade. Já na transação, não há denúncia formal, não há processo comum (art. 66) – deslocamento de competência
acusatório nem sentença condenatória transitada em julgado, portanto,
ainda que haja a previsão, não é possível a conversão no caso do
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- Audiência de instrução e julgamento: não havendo acordo, se as - Testemunhas: ou ele se compromete a levar as testemunhas à audiência
pessoas estiverem presentes na audiência preliminar, nessa ocasião será independente de intimação, ou se ele desejar que os procedimentos de
ofertada a peça inicial (denúncia ou queixa-crime), necessariamente o intimação formal sejam tomados, deve apresentar o rol com o prazo
titular da ação penal (MP, ofendido ou seu representante legal) tem de mínimo de 05 dias antes da audiência de instrução e julgamento (art. 78).
estar presente a audiência preliminar (o autor não precisa), a denúncia O número de testemunhas é o mesmo do sumário – art. 532 – ou seja, 05
terá de ser ofertada de forma oral e reduzida a termo e, se o infrator testemunhas. Se for arrolado número superior, há mera irregularidade e, se
estiver presente, ele já sai intimado para comparecer na audiência de o juiz entender cabível, poderá ouvir todas as excedentes.
instrução e julgamento. No caso da queixa-crime, oferta-se ao ofendido a
oportunidade de ofertar a queixa por escrito em momento posterior, - Presenças: 1- Réu: se o réu não comparecer e não justificar, isso não é
atentando-se sempre para o prazo decadencial de 6 meses para a óbice para a realização da audiência (art. 81- interroga-se o réu se ele
propositura. Se o MP não quiser ofertar a denúncia de forma oral, não estiver presente), mas o advogado de defesa, constituído ou nomeado
haverá qualquer nulidade em oferecê-la por escrito em momento pelo juiz, tem que estar presente; 2 – ofendido e seu representante civil:
posterior, pois ainda que a forma tenha sido desrespeitada, atingiu-se sua art. 80 – se não comparecerem e forem indispensáveis ao processo, o juiz
finalidade (art. 65). Ressalta-se que, preenchidos os requisitos objetivos e pode determinar a condução coercitiva; 3 – testemunhas: se a
subjetivos, deve-se fazer a proposta de suspensão condicional do testemunha devidamente intimada não comparecer, está sujeita às
processo quando da oferta da queixa ou denúncia (não é uma penas do art. 218 e 219.; 4 – MP: se não comparecer, independente de
faculdade, é um dever). Se os fatos forem complexos ou necessitarem de justificação, a audiência tem que ser adiada.
investigações, o MP poderá requerer que os autos sejam encaminhados
ao juízo comum, onde o processo seguirá pelo rito sumário, conforme - Atenção: art. 79 – erro do legislador, pois deveria fazer referência ao art.
disposto no art. 66. Se for ação privada, é o juiz que deve ficar atento à 74 e 76.
necessidade de deslocamento de competência. Se o autor da IMPO não
estiver presente na audiência preliminar e não puder ser citado desde já, - Audiência de Instrução e Julgamento: se na audiência preliminar, por
ele será citado por mandado a ser cumprido em face, ou seja, somente qualquer motivo, não houver oportunidade para conciliação (e mesmo
cabe citação pessoal, não cabendo nem citação por edital, nem se tiver ocorrido essa tentativa, a doutrina tem entendido que ainda
citação ficta (art. 66, caput, §1º). Nas citações deverá constar que o assim) deve, na audiência de instrução e julgamento, ser dada nova
infrator deverá comparecer acompanhado de advogado (art. 68). oportunidade para as partes transigirem – todos os esforços devem ser no
sentido de solucionar a lide pelos meios alternativos, sem processo. Nesse
Cabe resposta preliminar? Pois o art. 394 prevê a aplicação das regras do caso, havendo acordo, ele terá efeito de retratação com relação a ação
art. 395 a 397 a todos os procedimento de 1º grau, e o sumaríssimo é um penal pública condicionada e, no caso de ação privada, terá efeito de
procedimento de 1º grau. Mas, como são procedimentos distintos, desistência da ação. No caso das ações públicas incondicionadas, o
sistemáticas distintas, não cabe resposta preliminar no sumaríssimo, pois, princípio da indisponibilidade da ação resta mitigado, pois o MP, ao
na audiência de instrução e julgamento, a primeira manifestação é da transacionar, nos ditames do art. 79, está, em verdade, desistindo da
defesa, e se o defensor for convincente, o juiz nem recebe a inicial, ação. Não havendo acordo, os atos da audiência seguem a ordem do
porque nesse rito o juiz cita o réu assim que a inicial é ofertada, e só art. 81:
depois decide sobre o recebimento da mesma – celeridade.
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- resposta/defesa preliminar – necessariamente oral

- recebimento/rejeição da inicial – a rejeição se daria com base no art.


395, CPP (o recebimento e a rejeição também se dão na forma oral)

- oitiva da vítima

- oitiva das testemunhas

- interrogatório do réu: já a lei 9.099/95 previu o deslocamento do


interrogatório para o fim da instrução, ressaltando seu aspecto de ato de
defesa (inovação). Pode-se inclusive realizar esse interrogatório por vídeo-
conferência.

- debates orais: alegações finais na forma oral, sem possibilidade de


conversão em memoriais – para os debates orais, adota-se as regras do
procedimento sumário (20 min prorrogados por mais 10 – se houver mais
de um acusado, o tempo é considerado de forma individual para cada
réu para a defesa – acusação não)

- ao fim dos debates, prolação da sentença, sendo que as partes já saem


intimadas e o prazo para recurso começa a correr desde então (não há
previsão de que o juiz, em decorrência da complexidade, venha a
prolatar sentença em momento posterior). Na sentença, o legislador
dispensou o relatório, mas exige fundamentação e dispositivo.

- Recursos admissíveis: apelação (art. 82) e embargos de declaração (art.


83).

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