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Bibliografia recomendada:
BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 12ª ed. São Paulo: Saraiva.
2002.
CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição, 4ª ed.
Coimbra: Almedina. 2000.
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 26ª ed. São
Paulo: Saraiva. 1999.
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Do Processo Legislativo. 6ª ed. São
Paulo: Saraiva. 2007.
FIGUEIREDO, Leonardo Vizeu. Direito Constitucional – didática jurídica. São
Paulo: MP editora. no prelo.
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo, 18ª edição. São
Paulo: Malheiros. 2000.
SILVA, José Afonso da. Processo Constitucional de Formação das leis, 2ª
edição. São Paulo: Malheiros. 2006.
SLAIB FILHO, Nagib, Direito Constitucional. 4ª ed. Rio de Janeiro: Forense. 2004.
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I. Introdução:
1. Lei (art. 6º da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão):
“A lei é a expressão da vontade geral. Todos os cidadãos tem o direito de
concorrer, pessoalmente ou através de mandatários, para a sua formação.
Ela deve ser a mesma para todos, seja para proteger, seja para punir.
Todos os cidadãos são iguais a seus olhos e igualmente admissíveis a
todas as dignidades, lugares e empregos públicos, segundo a sua
capacidade e sem outra distinção que não seja a das suas virtudes e dos
seus talentos”.
2. Processo Legislativo: complexo de atos necessários à concretização
da função legislativa do Estado.
2.1Sentido objetivo: conjunto de atos legislativos a serem
obrigatoriamente observados para produção de leis (procedimento
legislativo);
2.2Sentido subjetivo: conjunto de órgãos e agentes incumbidos de
conduzir a atividade de produção de leis;
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e) Judicial: atribuída à Suprema Corte (art. 93 e art. 96, II), aos Tribunais
Superiores Federais (art. 96, II) e aos Tribunais de Justiça Estaduais
(art. 96, II, e art. 125, §1º);
f) Corte de Contas: atribuída ao Tribunal de Contas (art. 73 c/c art. 96);
2. Emendas: são todas as proposições de alteração acessórias a um
projeto legislativo apresentado à apreciação.
2.1 Espécies:
a) Substanciais: são as que alteram o conteúdo do projeto. Podem ser:
a.1) aditivas: visam acréscimo de conteúdo ao projeto original;
a.2) supressivas: visam o decréscimo de conteúdo do projeto original;
a.3) substitutivas: objetivam a troca do conteúdo do projeto original.
b) Formais: são as que tem por finalidade a redistribuição da matéria
feita pelo proponente, sem alterar o conteúdo:
b.1) divisivas: visam a separação do conteúdo de um dispositivo em dois
diferentes;
b.2) aglutinativas: visam a reunião de dois dispositivos diferentes em um
único;
b.3) distributivas: visam a relocação de dispositivo no projeto original.
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2.2 Efeitos (art. 65, p. único): sendo o projeto emendado, voltará à Casa
iniciadora, para os seguintes atos:
a) a Casa que faz a deliberação principal fica em situação de primazia,
porque, quando o projeto sai da Deliberação Revisional , tendo
sofrido emendas, passa, novamente, na Casa que fez a Deliberação
Principal e esta poderá: concordar com a emenda ou manter a sua
vontade inicial;
b) na maioria das vezes quem faz a deliberação principal é a Câmara de
Deputados porque inicia a votação de todos os projetos de iniciativa
dos membros da casa, bem como os de iniciativa extraparlamentar;
c) o projeto poderá ser emendado por qualquer dos parlamentares, já
que o poder de emendar é inerente ao parlamentar, salvo restrições
do art. 63, da CF – aumento de despesa e deve guardar correlação
lógica com o apresentado.
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3. Conclusão:
3.3 Veto: ato expresso pelo qual o Chefe do Poder Executivo recusa sua
sanção em projeto de lei aprovado pelo Legislativo, por considerá-lo
inconstitucional ou contrário ao interesse público.
a) Efeitos: tem sempre caráter provisório, uma vez que é sujeito à
reapreciação pelo legislativo que poderá mantê-lo ou rejeitá-lo.
b) Tipos: o veto poderá ser:
b.1) integral: quando abranger todo o projeto legislativo;
b.2) parcial: quando abranger apenas dispositivo do projeto (artigo,
parágrafo, inciso ou alínea).
c) Prazos:
c.1) manifestação: 15 dias;
c.2) comunicação ao Senado Federal: 48 horas;
c.3) reapreciação da matéria: 30 dias em seção conjunta;
c.4) quórum para rejeição: maioria absoluta dos congressistas, por
escrutínio secreto;
c.5) prazo para promulgação: 48 horas.
3.4 Promulgação: ato pelo qual o projeto de lei ingressa no ordenamento
jurídico (existência), adquirindo vigência após sua vacatio (validade).
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3.4.1 Competência: varia de acordo com a espécie legislativa:
a) Emenda à Constituição: ato conjunto das mesas do Senado Federal e
da Câmara de Deputados;
b) Decretos legislativos: Presidente ou Vice-Presidente do Senado
Federal;
c) Leis: Presidente da República, Presidente ou Vice-Presidente do
Senado Federal;
4. Referendo: instituto do processo de formação de leis que visa obter do
povo o pronunciamento de ratificação ou rejeição de um projeto de lei
aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado pelo Chefe do
Executivo.
4.1 Base normativa: art. 1º, p. único, CRFB; Lei nº 9.709, de 1998;
4.2 Prazo para convocação: 30 dias após a promulgação;
4.3 Características: facultativo (a validade da lei não depende do
referendo); deliberativo (tem caráter vinculante); iniciativa
parlamentar (só pode se dar por ato de um terço dos membros de
uma das Casas Legislativas); e ab-rogativo (possui efeitos de
suspender, integralmente, a validade da lei promulgada).
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Questões:
1ª) O projeto de lei complementar SGK, apresentado originariamente na
Câmara dos Deputados, foi aprovado na íntegra com quorum de
maioria absoluta. O Senado Federal apresentou uma emenda
substitutiva e uma emenda aditiva, em dois artigos, aprovando o
projeto com o quorum exigido. O referido projeto de lei voltou ao
Senado Federal, que manteve as alterações e enviou para o
Presidente da República. Entendendo, neste momento, que o projeto
de lei complementar SGK teve seu trâmite legislativo violado, um
parlamentar, com assento no Congresso Nacional, impetrou
mandado de segurança no STF, invocando a inconstitucionalidade
formal. Pergunta-se: a) o mencionado projeto de lei complementar
está de acordo com o sistema legislativo previsto na Constituição da
República? b) o mandado de segurança impetrado foi o instrumento
jurídico correto e, em caso positivo, tal ordem deve ser concedida?
Analise a questão, avaliando o processo constitucional legislativo e a
possibilidade de controle preventivo das leis pelo direito brasileiro.
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Resposta:
a) o mencionado projeto de lei complementar está de acordo com o
sistema legislativo previsto na Constituição da República?
- Não. O procedimento legislativo para leis complementares é o ordinário,
votado em único turno. No caso de apresentação de emendas, na casa
revisora, o projeto deverá retornar a casa de origem que poderá mantê-las
ou rejeitá-las. Logo, no caso concreto, o projeto não deveria ter sido
reencaminhado ao Senado Federal.
b) o mandado de segurança impetrado foi o instrumento jurídico
correto e, em caso positivo, tal ordem deve ser concedida? Analise a
questão, avaliando o processo constitucional legislativo e a
possibilidade de controle preventivo das leis pelo direito brasileiro.
Mandado de Segurança. 2. Processo Legislativo: Projeto de Lei. 3. Controle
de constitucionalidade preventivo. 4. Conflito de atribuições. 5.
Comprometimento do modelo de controle repressivo e do sistema de divisão
de poderes estabelecidos na Constituição. 6. Mandado de Segurança
indeferido. (MS 24138/DF; Relator Min. Gilmar Mendes; 28/11/02 -
Pleno).
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Questões:
2ª) O Poder Executivo Federal enviou, para deliberação do plenário da
Câmara de Deputados, o Projeto de Lei nº 5.483/2001, que determina
a alteração do comando contido no art. 618 da CLT. O Deputado
Federal Justiniano da Silva impetrou mandado de segurança
preventivo, com pedido de medida liminar, contra ato do Presidente
da Câmara dos Deputados. Alega que a modificação pretendida
com a proposta legislativa contraria o comando contido no art. 60,
§4º, da CRFB, uma vez que permite supressão de direitos e garantias
individuais previsto no art. 7º do mesmo diploma, que são cláusulas
pétreas, que nem mesmo poderiam ser objeto de proposição
legislativa, muito menos deliberativa. Analise a possibilidade de ser
ou não concedida a liminar e posterior segurança.
Resposta: “Mandado de Segurança. 2. Processo Legislativo: Projeto de
Lei. 3. Controle de constitucionalidade preventivo. 4. Conflito de
atribuições. 5. Comprometimento do modelo de controle repressivo e do
sistema de divisão de poderes estabelecidos na Constituição. 6. Mandado de
Segurança indeferido”. (MS 24138/DF; Relator Min. Gilmar Mendes;
28/11/02 - Pleno).
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Questões:
3ª) O Governador do Estado do Rio de Janeiro, após receber Projeto de
Lei, entendeu por vetar 32 artigos. O veto, de acordo, com as normas
constitucionais estaduais, foi intempestivo. A Assembléia Legislativa,
entretanto, aprovou o Projeto de Lei, mantido integralmente o veto
governamental. Anos após, sob a égide de nova legislatura, o
Presidente da Assembléia promulgou Decreto Legislativo, cuja
finalidade era de reconsiderar a anterior deliberação confirmatória do
veto governamental, que foi reputado intempestivo. No mesmo ato,
proclamou como tacitamente sancionados os preceitos vetados pelo
Chefe do Executivo. Aduziu que o conteúdo do primeiro ato
legislativo era de natureza administrativa e que o segundo ato visa
retificar um erro de procedimento cometido pela legislatura já finda.
Eis o teor do Decreto Legislativo: “Art. 1º - Ficam declarados
intempestivos os vetos opostos ao artigo 8º e seu parágrafo único do Projeto de
Lei nº 1.086/86, retificando a decisão anterior de sua manutenção, e
considerados sancionados tacitamente, o referido artigo e seu parágrafo,
passando a integrar a Lei nº 1.057/86. Art. 2º - Este Decreto Legislativo
entrará em vigor na data de sua publicação, revogando-se as disposições em
contrário”. Pergunta-se: É constitucional a retração do veto?
Fundamente.
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Questões:
“Processo legislativo: veto mantido pelo Legislativo: decreto-
legislativo que, anos depois, sob fundamento de ter sido o veto
intempestivo, desconstitui a deliberação que o mantivera, e declara
tacitamente sancionada a parte vetada do projeto de lei:
inconstitucionalidade formal do decreto-legislativo,
independentemente da indagação acerca da validade material ou não
da norma por ele considerada sancionada: aplicação ao processo
legislativo - que é verdadeiro processo - da regra da preclusão - que,
como impede a retratação do veto, também obsta a que se retrate o
Legislativo de sua rejeição ou manutenção: preclusão, no entanto,
que, não se confundindo com a coisa julgada - esta, sim, peculiar do
processo jurisdicional -, não inibe o controle judicial da eventual
intempestividade do veto”.
ADI 1254 / RJ - RIO DE JANEIRO; AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE; Relator(a): Min. SEPÚLVEDA
PERTENCE; Julgamento: 09/12/1999; Órgão Julgador: Tribunal Pleno.
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Fim.
Muito obrigado!
lvizeu@cvm.gov.br