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Piloto-1

Lawrence, Kansas, 2 de Novembro de 1983.


Numa casa, a meio da noite, a mãe dos Winchester levava Dean ao colo a
caminho do quarto do seu irmão, ainda de berço, Sam.
- Anda, vamos dar boa noite ao teu irmão.
Em seguida acendeu a luz e posou o filho, aproximando-se Dean do berço.
- Boa noite Sam. – Disse o rapaz dando um beijo na testa do irmão
seguido de outro beijo por parte da mãe que também lhe desejou boa noite, com
ternura.
- Hei Dean! – Chamou uma voz do lado da porta, logo atrás dos dois. Era
o seu pai, e Dean correu para ele com grande felicidade e foi pegado pelo pai que
logo brincou.
- Será que o Sammy está pronto para ir jogar à bola?
- Não pai!
- Não. - Concluiu o pai.
A mãe passou a mão pelas costas de John.
- Estás bem? – Perguntou
- Sim.
E depois de ter saído, Dean e John abraçaram-se, enquanto John desejava
que Sam dormisse com os anjos e lhe apagava a luz.
O bebé parecia estar muito inquieto e, olhava para um brinquedo que tinha
por cima de si, pendurado na cama para o adormecer, mas sem êxito, já que a
criança se mexia cada vez mais.
Então, algo começou a acontecer. Esse mesmo brinquedo começou a rodar
mesmo estando tudo fechado, o relógio do quarto parou de funcionar e a luz do
quarto estava a falhar.
No quarto dos pais, um aparelho aparentemente de frequências, sinalizava
frequências rápidas e muito repetidas, fazendo a mãe dos dois rapazes acordar
com aquele barulho.
- John?
Mas o marido não estava na cama.
Então, ela levantou-se e foi até ao quarto de Dean, que estava
às escuras, e encontrou lá John de pé, junto ao filho.
- John? Ele está com fome?
Porém, apenas um suspiro se ouviu.
- Está bem! – Disse ela saindo dali com a consciência de que ele queria
estar sozinho.
Ao passar no corredor, notou que uma das luzes estava a acender e a
apagar e foi-se aproximando do candeeiro suspenso na parede. Com dois toques a
luz ficou fixa de novo, mas ela achou aquela situação muito estranha.
Desceu as escadas e reparou na televisão que estava ligada. Sentado no
sofá e a dormir estava John. Algo estava mal e de novo correu para o quarto de
Sam muito assustada.
Ao chegar à porta do quarto ficou estática e logo se ouviu um grito muito
aflito que acordou John de imediato.
- Mary? – Disse ele, levantando-se de imediato e correu escada acima em
direcção ao quarto de Sam.
Não estava lá a sua mulher e tudo parecia estar perfeitamente normal.
- Hei Sammy! Tudo bem? – Perguntou John à criança enquanto esta se
mexia nos cobertores.
Foi então que reparou numa mancha de sangue que o bebé tinha na
almofada, e, em seguida, uma gota de sangue caiu-lhe na mão.
John olhou para o tecto e viu Mary presa ao tecto.
- Não! Mary! – Gritou ele ao cair ao chão em total desespero enquanto via
ali a sua mulher quase morta.
Em seguida uma chama envolveu o corpo da sua mulher e Sam começou a
chorar. John levantando-se rapidamente pegou no filho e levou-o nos braços para
o corredor.
- Pai? – Gritou Dean.
John entregou o irmão a Dean de imediato.
- Leva o teu irmão lá para fora… o mais rápido possível. Não olhes para
trás. Via Dean, vai!
E o rapaz desceu as escadas à presa enquanto o pai ia de novo ao quarto
cheio de chamas para tentar salvar a mãe dos dois.
- Não! – Gritou ele quando viu que não havia salvação.
Cá fora, Sam segurava em Dean enquanto corria e ficava a olhar para a casa a
arder.
- Está tudo bem Sammy!
E logo John agarrou nos dois e correu dali, quase apanhado pela explosão
total da casa.
Mais tarde, o corpo de bombeiros de Lawrence procedia ao apagar das
chamas, e john tinha Sam e Dean a salvo tendo perdido no entanto a sua mulher
naquela cena tão estranha.
Anos mais tarde, Sam já crescido e na Universidade, começava um dia
como tantos outros.
- Sam, começa a mexer-te. Tínhamos de estar lá há 15 minutos. Sam, vens
ou não? – Resmungou uma voz feminina vinda do seu quarto.
- Tenho mesmo que ir?
-Sim, será divertido. E onde está a tua fantasia?
- Sabes o que acho do dia das bruxas.
De facto, Sam não gostava deste tipo de festas, mas Jess lá o convenceu a
ir nessa mesma noite.
Era tempo de universidade, tempo de festas e mais festas, em que o dia só
acaba na manhã seguinte para muitos.
- Esta é para o Sam e para a sua incrível vitória no Exame.
- Não é grande coisa. – Disse ele com humildade e alguma pena.
- Ele passa-se por humilde mas tirou 174 pontos. – Ripostou a sua
namorada brindando com uma bebida.
- Isso é bom!
- Tremendamente bom. – Concluiu ela.
- Então é isso. Estás escolhido para a primeira rodada. – Brincou um
amigo dele – Podes estudar onde quiseres.
- Tenho aqui uma entrevista amanhã! Se tudo der certo, tenho uma bolsa
completa para o ano que vem! – Informou-os Sam serenamente.
- E vai dar tudo certo! – Tentou animá-lo Jess
- É bom mesmo que dê!
- Como te sentes ao seres o menino de ouro da família?
- Ninguém sabe. – Respondeu Sam desanimado.
- Não sabe? Eu estaria a festejar! Porque não? – Insistiu de novo o seu
amigo.
- Porque não somos os Brady! – Brincou o Winchester.
- E não os Hustable. Outra rodada!
Mas os dois seus amigos negaram logo a oferta.
Jess prendeu de novo a sua atenção.
- Estou muito orgulhosa de ti, a sério. Tu vais arrasar e conseguir a bolsa.
Eu sei.
- O que faria eu sem ti?
- Ora, serias um fracasso. – Brincou ela de novo antes de o beijar
intensamente.
Mais tarde, enquanto os dois dormiam, Sam acordou em sobressalto com
um barulho estranho e decidiu ir ver. A janela e a porta estavam abertas. Alguém
tinha entrado naquela casa e o Winchester viu um vulto a passar pela porta…
Avançou e pôs-se atrás dela à espera que o vulto passasse por ali, e quando ele
passou, Sam lançou-se a ele, começando assim uma luta entre ambos. Mas só
depois se apercebeu que era uma pessoa e, após alguma luta uma voz familiar
falou.
- Calma tigre!
- Dean? – Questionou ele com admiração.
O rapaz soltou uma gargalhada enquanto segurava Sam no chão.
- Deixaste-me apavorado.
- Porque estás sem prática!
Logo Sam se aproveitou da situação e deitou o irmão ao chão apanhando-
o de surpresa.
- Ou não! Sai de cima de mim. - Mandou de imediato o Winchester mais
velho.
Ambos se levantaram e ficaram ali no escuro a falar. Sam estava confuso.
- Dean, o que fazes aqui?
- Bem, estava a precisar de uma cerveja.
- O que fazes aqui? – Insistiu Sam.
- Está bem, muito bem, precisamos de falar. – Disse ele de seguida.
- Telefone não? – Resmungou o irmão.
- Se eu te ligasse atendias?
De repente a luz da sala acendeu-se e apareceu a Jess.
- Sam? – Perguntou ela assustada.
Ambos olharam na sua direcção surpreendidos
- Olá Jess! – Cumprimentou Dean.
- Dean, esta é a minha namorada Jessica. – Informou Sam sem perder
tempo pois sabia que o irmão era atrevido.
Jessica estava surpreendida ao ver Dean ali.
- Espera! Este é o teu irmão Dean?
- Adoro os Smurfs! – Respondeu ele ao olhar para a camisola de dormir de
Jessica.
- Vou-te dizer uma coisa… tu és muita areia para o camiaozinho do meu
irmão.
A rapariga ficou sem jeito.
- Vou trocar de roupa! – Finalizou ela com um sorriso nos lábios.
- Não, não, não, nem sonharia com isso!! Agora…tenho de te tirar o
namorado emprestado, coisas de família. Foi um prazer!
Ela soltou um sorriso tímido para Dean à espera de uma resposta de Sam
que de seguida negou falar com o irmão e foi para o lado da sua namorada.
- Seja o que for, podes falar na frente dela.
- Está bem. – Aceitou o Winchester desafiado por Sam. O pai não tem
vindo para casa há uns dias.
- Ele anda por aí a beber, voltará mais cedo ou mais tarde.
Dean tomou ar sério antes de responder.
- O pai está a caçar e nã tem vindo para casa há dias.
Sam ficou a olhar para o irmão e depois disse a Jess que tinha de sair com
o irmão.
Depois, já prestes a saírem de casa de Sam, o irmão mais novo ficou
profundamente chateado pela forma como Dean lhe entrara em casa e lhe dissera
aquilo, assim, sem avisar que viria.
- Não podes invadir assim a minha casa e esperares que eu vá contigo para
a estrada.
- Não me estás a ouvir Sammy. O pai desapareceu, preciso da tua ajuda.
- Lembras-te do poltergeist em Amherst? Dos portões do Demónio em
Clifton? Ele tinha desaparecido. Ele desaparece e está bem.
- Não por tanto tempo. Vens comigo ou não?
- Não vou! – Respondeu Sam decidido
- Porque não?
- Jurei que não caçaria mais, de vez!
Dean tentou brincar para que Sam mudasse de ideias.
- Não era fácil, mas também não era mau.
- Ai é? E quando contei ao pai que tinha medo da coisa do armário e ele
me deu uma.45?
- Então, o que poderia ele mais fazer?
- Eu tinha nove anos! Ele deveria ter dito: “ Não tenhas medo do escuro”.
- “ Não tenhas medo do escuro”? Devias ter. Sabes o que havia lá.
- Sim, mas como crescemos, depois que a mãe foi morta… e a obsessão
do pai em descobrir o que a matou. E ainda não achamos nada. E matamos tudo o
que achamos.
- Salvamos muita gente com isso.
- Achas que a mãe teria desejado isto para nós?
Mas o Winchester mais velho não respondeu e saiu porta fora, seguido por
Sam.
- Treino com armas? Fundir prata para fazer balas? – Perguntou Sam. –
Dean, fomos criados como guerreiros.
- E o que vais fazer? Vais viver uma vidinha normal? É isso?
- Normal não, mas segura.
- E foi por isso que fugiste.
Dean soltou um riso em tom de gozo e olhou para o outro lado, não
querendo enfrentar o olhar chateado de Sam.
- Eu só queria ir para a faculdade. O pai disse que se fosse para eu ir, que
fosse de vez. É o que estou a fazer.
Dean parou e fitou Sam com tristeza.
- Bem, o pai está em sarilhos, se já não estiver morto. Posso senti-lo. Não
posso fazer isto sozinho.
- Podes sim!
Ambos desviaram o olhar e Dean sentiu-se muito inseguro.
- Mas não quero. – Concluiu.
Assim, ambos se olharam firmemente antes que pudessem dizer mais
alguma coisa e por fim Sam falou.
- O que é que ele estava a caçar? - Perguntou ele com curiosidade.
O seu irmão ficou com um ar extremamente duro no olhar e nada disse.
Foram até ao carro de Dean e o irmão mais velho abriu a mala do carro,
levantando um género de placar com vários tipos de armas.
- Ora vejamos, onde coloquei aquilo? – Dizia ele enquanto vasculhava a
mala do seu carro.
Sam observava o irmão antes de lhe pôr uma pergunta.
- Quando o pai se foi, porque não foste com ele?
- Eu estava a trabalhar em algo meu. Um caso Vudu em New Orleans.
Sam estava surpreso.
- E o pai deixou-te caçar sozinho?
Dean olhou com nervosismo.
- Tenho 26 anos rapaz!
- Bom, cá vamos nós! – Afirmou ele depois de ter descoberto um
aglomerado de folhas que estavam dentro de uma mochila de pele.
- O pai estava a investigar uma estrada em Jericho, Califórnia.
De seguida passou as folhas ao irmão para que este as lesse e continuou.
- Há cerca de um mês, esse homem. Acharam o carro dele, mas ele
desapareceu.
O Winchester que até então não queria saber daquele assunto para nada,
começou a prestar atenção às coisas que Dean lhe dizia, e, visualizava com
atenção àquelas folhas.
- Talvez tenha sido sequestrado. – Tentou Sam.
- É! Outro em Abril.
Começou então o irmão mais velho a desfolhar algumas páginas.
- Outro em Dezembro de 2004, 2003…e 1998, 1992. Dez nos últimos
vinte anos. Todos homens, todos na mesma área de oito km de estrada. Começou
a acontecer cada vez mais…e então o pai foi investigar. Isso foi há três semanas.
Não tive mais notícias dele, o que é mau.
Dean pegou no seu telemóvel para mostrar algo ao seu irmão.
- Então recebi esta mensagem ontem:
Dean, está a começar a acontecer algo. Acho que é sério. Preciso de saber
o que se está a passar. Tem muito cuidado Dean, todos corremos perigo.”
E assim desligou o telemóvel, fitando Sam que escutava a mensagem com
preocupação nítida.
- Sabes que há fenómenos de voz electrónica? Nada mal Sammy! É como
andar de bicicleta, não é? – Tentou gozar Dean. – Reduzi a velocidade de
gravação e passei pelo Goldwave…tirei o barulho e acabei com isto:
- “ Nunca poderei voltar para casa.”
Era uma voz feminina e Sam ficou bastante alarmado com esta frase.
- “ Nunca poderei voltar para casa.” – Repetiu ele a frase de uma forma
pensativa.
Depois, Dean fechou a mala do carro com alguma força, sinal que estava
perturbado com aquela situação.
- Em quase dois anos que não te pedi nada. – Afirmou de seguida com
alguma desilusão na voz.
O seu primo suspirou fundo e parecia não saber o que fazer, olhando para
todos os lados à sua volta. Parecia indeciso. Até que, tomou uma decisão.
- Está bem, eu vou! – Afirmou com desespero. – Eu vou-te ajudar. Mas
tenho de estar de volta na Segunda. Espere aqui.
- O que há Segunda – Feira? – Questionou-o Dean com bastante
curiosidade.
- Tenho uma…uma entrevista.
- Entrevista de emprego? Falte!
- É para a faculdade de Direito. Todo o meu futuro na balança!
Dean pareceu um pouco surpreso e desiludido pelo seu irmão.
- Faculdade de Direito?
Sam persistiu.
- Estamos combinados ou não? – Perguntou com impaciência.
O Winchester mais velho olhou-o com ar de troça mas, daí a pouco, Sam
já estava a arrumar armas numa sacola.
- Espera, estás a ir-te embora? – Perguntou indignada Jessica. – É por
causa do teu pai? Ele está bem?
Atrapalhado, Sam respondeu sem mais demoras.
- Sim. É só um drama familiar.
- O teu irmão disse que ele foi caçar?
- Ah é! Ele está a caçar veados na cabana.
No entanto Jessica estava curiosa e pôs a mão na sacola de Sam, ao que
este se aproximou e pegou nela rapidamente.
- Provavelmente levou o Jim, o Jack e o José com ele. Vamos trazê-lo de
volta.
- E quanto à entrevista?
- Eu voltarei. Vai levar apenas uns dias.
- Sam, por favor.
O rapaz, que já ia a caminho da porta do quarto virou-se de novo para trás.
- Pára um momento. – Pediu ela. – Tens a certeza de que estás bem?
Sam tentou disfarçar com um riso tímido.
- Estou bem!
- É que…tu nem falas da tua família. E agora sais a meio da noite para um
fim-de-semana com eles? E na segunda, que é um assunto sério…
O seu namorado interrompeu-a a fim de não a deixar preocupada.
- Hei, tudo ficará bem. Estarei de volta a tempo. Juro!
E depois, Sam despediu-se com um beijo na cara, deixando Jessica
bastante triste a vê-lo partir.
- Pelo menos diz-me onde vais! – Gritou ela, não obtendo nenhuma
resposta.
Enquanto partiam, numa região dos EUA, Jericho, Califórnia, um rapaz
guiava enquanto falava ao telemóvel.
- Amy, não posso ir hoje. Porque tenho que trabalhar de manhã, só por
isso. Se eu faltar o meu pai come-me o fígado!
Enquanto falava, o rapaz viu na berma da estrada, junto a umas árvores
uma rapariga com um vestido branco.
- Amy, posso ligar-te depois?
Depois de desligar e se aproximar cada vez mais do sítio onde estava a
rapariga, o rádio do carro começou a falhar, e ele achou um pouco estranho
aquilo, porém, apenas a rapariga lhe interessava e ele não deu importância àquilo.
- Problema com o carro? – Perguntou ele à rapariga que só agora se dava
conta que ele estava ali.
Ela ficou a olhar para ele com um ar inocente, e ele fitou-a com
curiosidade.
- Leva-me para casa! – Pediu ela com voz tímida.
O rapaz abriu logo a porta do carro.
- Claro, entre! – Respondeu ele bastante contente.
A rapariga aproximou-se do carro lentamente e por fim entrou no carro,
não se vendo nada no assento ao lado do rapaz.
Já no interior, o rapaz, com os seus vinte anos, ficou a olhar para ela, pois
era muito bonita.
- Então e onde moras?
- No fim da estrada Breckenridge. – Respondeu-lhe ela com sensualidade.
- Estás a vir de uma festa do dia das bruxas? – Perguntou o rapaz com
bastante timidez, ao olhar para o decote da blusa da rapariga.
- Sabes…uma rapariga como tu não deveria andar sozinha.
De seguida ela olhou-o e puxou uma parte da saia do vestido, deixando a
perna à mostra.
- Estou contigo! – Disse ela ao aproximar-se do rapaz que ficava cada vez
mais embaraçado.
Então, ela pôs-lhe a mão na face e ficaram a olhar-se durante um
momento.
- Achas que sou bonita?
O rapaz mal conseguia falar mal a sua maneira de olhar deu uma resposta
afirmativa para ela.
- Podes ir para casa comigo?
- Claro que sim. – Respondeu o rapaz sem duvidar.
E no momento seguinte saíram dali em direcção ao sítio que a rapariga
indicara.
Momentos depois, chegaram a um local deserto, apenas com uma casa
velha e escura onde pararam.
- Vá lá, tu não moras aqui! – Disse o rapaz um pouco assustado ao ver
aquele lugar sombrio e assustador.
- Nunca posso ir para casa. – Disse a rapariga com ar triste.
- O quê? Do que estás a falar? Ninguém mora aqui! Onde é que moras? -
Perguntou de novo o rapaz. Virando-se para o lado e não vendo ninguém.
Saindo do carro, ele começou a ficar assustado, e uma mão passou no
vidro da frente do carro do lado de dentro.
- Essa foi boa…acabou a brincadeira está bem?
Ele olhava em volta e não via nada nem ninguém. Era como se aquele sitio
não existisse.
- Queres que me vá embora? – Questionou novamente o rapaz olhando á
sua volta.
Não obtendo resposta, o rapaz decidiu investigar a casa que se encontrava
com as janelas paridas e o telhado a desfazer-se.
- Olá?
Mas nada se via ou ouvia e ele avançou um pouco mais, até que, quando
observava um sofá no interior da casa, um bando de morcegos assustaram-no e
fizeram-no entrar no carro e sair dali a toda a pressa. Estava assustado e ainda
olhou para trás uma vez, ficando de seguida com plena atenção na estrada e com
a rapariga desaparecida, agora no banco de trás do carro, com um ar bastante
chateado.
De repente, o rapaz olhou pelo vidro retrovisor e viu os olhos da rapariga a
olharem para ele. Assustado, embateu contra uma placa de obras que estava à
entrada de uma ponte e, quase perdendo o controlo do carro, consegui parar por
sorte. Ouviu-se o rapaz gritar e de seguida dois esguichos de sangue mancharam
os vidros do carro.
Na manhã seguinte, numa bomba de gasolina Dean e Sam tinham ido
reabastecer o seu impala. Sam ficara no carro a ouvir musica enquanto o irmão
comprava o pequeno-almoço.
- Queres café da manhã?
- Não obrigado! Como se pagam essas coisas todas? Tu e o pai ainda
fazem fraude nos cartões de crédito? – Perguntou Sam não dando grande
importância à pergunta.
- Sim, bem, caçada não é uma carreira profissional. Nós só solicitamos.
Não é culpa nossa se mandam os cartões.
- E que nome escreveram no requerimento desta vez? – Perguntou Sam a
brincar.
- Burt Aframian e filho, Hector. – Disse Dean ao entrar no carro com as
compras matinais. Levamos dois cartões no negócio.
- Parece bom. – Disse o Winchester mais novo com alguma ironia. - Juro
meu. Tens de actualizar a tua colecção de cassetes. – Afirmou Sam um
pouco chateado ao vasculhar as cassetes do irmão.
- Porquê?
- Para começar, são cassetes, e para terminar…Black Sabbath?
Motorhead? Metallica? São os maiores sucessos de Rock de Mullet.
Sam Winchester tinha conseguido tocar num dos pontos fracos do irmão, a
musica. E não havia nada que irritasse mais Dean do que alguém a mexer-lhe na
sua colecção de cassetes e depois a dizer-lhe qual o tipo de música a tocar.
- Bem, regrasda casa Sammy. O motorista escolhe a música…o
companheiro fica de bico calado. – Exigiu Dean ao pôr uma cassete na sua caixa
de colecção antiga.
- Sabes, “Sammy” é um gorducho de 12 anos. É Sam este bem?
O irmão não querendo ouvir, colocou a música mais alta, e, como se ainda
não bastasse, pôs o carro a funcionar, com um motor velho de 65, o Impala era
um carro tão barulhento, que se podia ouvir trabalhar a cinco quarteirões dali.
- Desculpa, não consigo ouvir. A música está muito alta. – Disse para
tentar chatear o irmão que o olhava em sinal de crédito.
E logo de seguida saíram dali.
Percorriam uma longa estrada a caminho de Jericho.
- Obrigado! – Disse Sam ao desligar uma chamada do seu telemóvel. –
Não há ninguém com a descrição do pai no hospital ou no necrotério. Já é
alguma coisa. – Informou ele para Dean que permanecia concentrado na estrada a
guiar.
Um pouco adiante, observaram dois carros da polícia junto a uma ponte.
- Dá uma olhadela! – Disse Dean para o primo ao ver aquilo.
Decidiram então encostar o carro e ver o que se passava ali. Antes de
saírem, Dean foi ao porta-luvas e retirou uma carteira que continha cartões falsos
do FBI com a sua identificação.
- Vamos. – Disse ele ao abrir a porta do carro, pronto a entrar em acção.
Os polícias andavam à procura de algo e os Winchester ouviram uma
pequena conversa entre dois agentes que tentavam tirar provas de um carro ali
abandonado.
- Nenhum sinal de luta. Não há pegadas. Não há digitais.
- Impecável! Quase limpo demais.
- E esse rapaz, Troy…estava a namorar a sua filha?
- Sim.
- Como está a Amy?
- A afixar cartazes do desaparecido.
Ouvindo isto, os dois irmãos decidiram entrar com autoridade.
- Vocês tiveram outro caso como este no mês passado não foi? – Começou
Dean.
- E vocês quem são? – Questionou-os um dos polícias.
- Delegados federais. – Enganou o Winchester com uma identificação
falsa.
- São um pouco jovens para delegados não?
- Obrigado! É extremamente gentil. – Gozou Dean fazendo parecer estar a
falar a sério. – Tiveram outro caso como este certo?
- Isso mesmo! Acerca de 1,5 km daqui.
- E houve outros antes. Essa vitima…o senhor conhecia-a? – Perguntou
Sam fingindo preocupação.
- Numa cidade assim todos se conhecem.
- Alguma ligação entre as vitimas, além de serem todos homens? –
Recomeçou Dean.
- Não, até agora. – Informou o polícia.
- Qual é a teoria? – Insistiu Sam.
- Francamente? Não sabemos. Um assassino em série? Círculos de
sequestros?
- Bem, é exactamente o tipo de trabalho policial que esperamos de vocês.
Logo Sam deu um encontrão ao irmão para que este se calasse.
- Obrigado pela atenção, cavalheiros – Concluiu ele, saindo dali com
embaraço e abanando a cabeça, para depois levar uma palmada de Dean.
- O que é isso? – Perguntou ele extremamente irritado.
- Porque me chateaste? – Resmungou Dean.
- Porque falaste assim com o polícia?
Dean passou para a frente de Sam, tentando chamá-lo à realidade.
- Que foi? Eles não sabem o que se passa. Se quisermos encontrar o pai,
temos de solucionar isto sozinhos.
Sam fez um sinal para que Dean olhasse para trás onde estavam três
polícias.
- Posso ajudá-los rapazes? – Perguntou o xerife.
- Não senhor, já está de saída. Agente Muller, Agente Scully. – Respondeu
Dean com agitação, retirando-se ambos e indo em direcção ao carro, vigilados
pelo xerife.
Parando de novo, não muito longe dali, procuravam Amy que se
encontrava a colar cartazes.
- Aposto que é ela. – Afirmou Dean de imediato ao vê-la ainda de longe.
- É! – Garantiu Sam.
E ambos se aproximaram dela.
- Deve ser a Amy. – Perguntou O winchester mais novo à rapariga que
logo lhe confirmou a sua identidade.
- O Troy disse-nos. Somos tios dele. Eu sou o Dean e este é o Sammy.
- Ele nunca me falou de vocês.
- O Troy é assim. Não vimos muito para cá, somos de Modesto.
- Estamos à procura dele. Perguntando por aí. – Interrompeu Sam.
Uma rapariga parou aquela conversa para perguntar como Amy estava, ao
que esta lhe respondeu que estava bem, e sendo de imediato abordada por Sam.
- Podemos fazer-lhe algumas perguntas?
Ali perto num café todos se sentaram e Sam começou as perguntas ao que
Amy começou por falar-lhes de Troy.
- Eu estava ao telefone com o Troy. Ele estava a vir para casa. Ele disse
que me ligaria. E…não ligou.
Sam pôs então a primeira pergunta.
- Ele não disse nada…fora do comum?
- Não. Nada de que me lembre.
Para tentar desviar o nervosismo da conversa, Sam tentou algo para que a
rapariga não se sentisse tão mal ali.
- Gosto do seu colar. – Disse ele.
- O Troy deu-mo para assustar os meus pais com essa história do demónio
Era um colar com uma estrela de cinco pontas dentro de um círculo. Toda
ela de cor cinza, e Sam estava fascinado com aquela imagem.
- Na verdade significa justamente o contrário. – Retorqui Sam na
esperança de não causar pânico.
- Está bem. Obrigado. Unsolved Misteries. – Disse Sam um pouco
assustado. – Há algo de estranho na forma como o Troy desapareceu. Então, se
souberem de algo…
Amy e a sua amiga olharam assustadas, uma apara a outra com a
expressão de que saberiam de alguma coisa e não queriam contar. Os seus
olhares eram de culpa e os Winchester viram isso de imediato.
- O que se passa? – Perguntou Dean à amiga de Amy e desviou o olhar.
- Bem, com tanta gente a desaparecer o pessoal comenta. – Disse ela
perturbada.
- O que comentam? – Perguntaram os dois em simultâneo.
As duas raparigas olharam novamente uma para a outra antes de falarem.
Então a amiga de Amy tomou a palavra.
- É uma lenda local. Uma rapariga foi assassinada em Centennial há muito
tempo. E parece que ela ainda anda por aí. Ela arranja boleia, e quem lhe dá
boleia…desaparece para sempre.
Então os dois irmãos olharam um para o outro e de seguida foram para os
computadores do café onde estavam onde procuraram no site daquele local sobre
a tal rapariga da boleia falada pela rapariga. Porém, Dean, que fazia a busca, não
encontrou nenhum resultado da primeira vez e tentou nova busca com a frase
“Assassina da estrada Centennial” onde de novo, não obtiveram resultados.
- Deixa-me tentar. – Pediu Dean pondo as mãos ao portátil e mal tendo
tempo para fazer seja o que fosse.
- Já achei! – Disse Dean afastando a mão do irmão com agressividade.
Sam não consentindo aquele jeito, afastou a cadeira do Winchester mais
velho e apoderou-se do computador por completo.
- Que mania de controlar. – Murmurou Dean chateado ao juntar-se de
novo ao irmão.
- Espíritos zangados nascem de morte violenta certo?
- Sim…
- Talvez não seja assassinato. – Exclamou Sam seguro da sua ideia e
mudando a frase de Dean para “Suicídio feminino Estrada Centennial e
encontrando um resultado.
Dean olhou para o irmão com inveja.
Sam começou a ler as informações de que dispunham.
- Foi em 1981. “Constance Welch, 24 anos…salta da ponte Sylvania.
Afoga-se no rio.” – Leu ele vendo a fotografia da rapariga na página.
- Diz aí porque ela o fez?
- Sim…
- Porque foi?
- Antes de ser encontrada ele ligou para o 911. Os dois filhos estão na
banheira e ela deixa-os sozinhos…e quando volta não estão a respirar. Ambos
mortos.
Depois, O winchester leu um excerto da notícia que tinha no site:
- “ Os nossos bebés desapareceram, e Constance não consegui suportar
isso…diz o marido, Joseph Welch.”
Ambos viram a imagem da notícia onde aparecia a polícia com um corpo
ao lado de uma ponte.
- Essa ponte parece-te familiar? – Perguntou de seguida Dean.
Sam olhou para a fotografia e mais tarde, já de noite, os dois foram até
aquela ponte onde tinham encontrado os polícias.
Dean debruçou-se sobre um pilar da ponte e olhou para baixo.
- Então foi aqui que Constance fez o mergulho do cisne. – Afirmou
pensativo e a imaginar a imagem do suicídio.
- Achas que o pai teria estado aqui? – Perguntou Sam olhando o horizonte
escuro e com nevoeiro.
- Bem, ele está dentro da mesma historia que nós, e nós estamos à sua
procura. – Respondeu Dean pondo uma hipótese plausível.
- Boa, e agora?
- Continuamos a procurar até o acharmos. Talvez leve algum tempo.
Sam parou atrás do seu irmão e ficou com consciência pesada
repentinamente.
- Dean, eu avisei…tenho de estar de volta na segunda…
- Segunda. Pois, a entrevista… – Repetiu o Winchester aborrecido.
- É isso.
- Pois, tinha-me esquecido. Falas a sério sobre isso não é? Achas que te
vais tornar num advogado? Casar-te com a tua namorada?
- Talvez. Porque não?
Dean partiu para enfrentar Sam num campo mais pessoal.
- A Jessica sabe da verdade? Ela sabe das coisas que tu fazes?
O seu irmão começou a ficar irritado e aproximou-se de Dean.
- Não, e nunca irá saber. – Declarou ele.
Dean começou a gozar.
- Ah, que bom! Podes fingir enquanto quiseres Sammy. Mas terás de
encarar quem tu és. – Assegurou-lhe sem mais demoras Dean que voltava para
trás.
Sam foi atrás dele confuso.
- Quem?
- Tu és um de nós. – Informou o Winchester mais velho sem parar para
olhar para Sam.
Sam estava bastante zangado com aquelas declarações todas que ouvira.
- Não. Não sou como tu. Isto não vai ser a minha vida.
- Tu tens responsabilidade.
- Com o pai? E o caminho dele? Se não fossem as fotos eu nem saberia
como a mãe era! E que diferença faria? Mesmo que achemos o que a matou…a
mãe morreu e não voltará.
Nisto, Dean já farto daquela conversa, encostou Sam contra um pilar e
agarrou-o pelos colarinhos da camisa, ficando ambos a olharem-se com revolta.
- Não fales da mãe desse jeito. – Exigiu Dean largando Sam de seguida e
vendo em cima do corrimão da ponte uma rapariga de vestido branco.
- Sam?
Nesse momento Sam também viu a rapariga e ela olhou para eles antes de
se mandar da ponte.
Ambos correram para o local onde ela estava para a salvarem mas quando
lá chegaram já não viram ninguém
- Para onde é que ela foi?
- Não sei. – Concluiu Sam.
De repente, o carro dos dois irmãos começou a trabalhar e as luzes
acenderam-se.
- O que é isto? Quem está a dirigir o teu carro? – Perguntou Sam ofuscado
pelas luzes que apontavam para os dois irmãos.
Dean tirou as chaves do bolso do casaco e ficou extremamente nervoso.
O carro arrancou na direcção deles e os Winchester puseram-se a correr à
frente do carro que os perseguia velozmente. Não podiam escapar e só havia uma
saída, Saltarem da ponte.
Após terem saltado, o carro parou e ficou junto ao sítio de onde eles
tinham saltado e ali ficou.
Sam ficara pendurado na estrutura do lado de fora da ponte e, olhando
para baixo não viu o seu irmão, estando a corrente do rio bastante forte.
- Dean! Dean! – Gritava desesperado à espera de ver o irmão surgir.
- O que foi? – Gritou Dean enquanto se arrastava até à margem em
dificuldades.
- Hei, estás bem?
- Impecável. – Disse Dean cheio de lama na cara e na roupa.
E pouco depois já ambos se preparavam para partir, estando Dean a
verificar o que se tinha passado com o seu carro.
- O carro está em ordem? – Preocupou-se Sam.
- Sim. O que quer que tenha feito…parece em ordem agora. Essa tal de
Constance é complicada. – Gritou Dean verdadeiramente irritado.
- Ela não nos quer a investigar sem dúvida.
- E para onde vai a pista agora génio – Gozou Sam ao sentar-se na parte da
frente do carro. Tu estás a cheirar muito mal.
Mas Dean nada disse.
Depois disso, foram para um hotel passar a noite.
- Um quarto por favor. – Pediu Dean na recepção, pondo um cartão de
crédito em cima da lista de hóspedes.
O senhor, já de idade, que estava na recepção, olhou para Dean, que estava
todo sujo e de seguida para o cartão, achando aquela situação estranha.
- Vocês têm um reencontro? – Perguntou de seguida.
- Como assim? – Intrometeu-se Sam confuso.
- O outro, Burt Aframian. Ele veio e pagou o quarto por um mês inteiro.
Dean e Sam olharam-se em sinal de descontentamento por aquilo e
seguiram para o quarto que Sam abriu com um arame. Estava tudo virado ao
contrário. Sam estava admirado e Dean acendeu uma luz do candeeiro, pegando
num hambúrguer podre que estava ali, enquanto Sam passava por cimo de um
trilho de sal.
- Acho que já não está aqui por uns dois dias, pelo menos
- Sal. Conchas de olho-de-gato. Ele estava preocupado. Tentava evitar que
algo acontecesse. – Assegurou Sam ao irmão.
Entretanto Dean percorria com os olhos a parede do quarto, cheia de
folhas escritas e fotografias, até que parou numa em especial.
- O que tem aí? – Interrogou Sam enquanto se aproximava de Dean.
- Vítimas da estrada Centennial…não entendo! São homens diferentes,
empregos diferentes, idades, etnias diferentes. Há sempre uma ligação, certo? O
que é que estas pessoas têm em comum?
Mas Sam não estav a ouvir O Winchester, e centrava-se na parede atrás a
Dean com desenhos de demónios e um papel em especial que dizia “Mulher de
Branco”. Acendeu o candeeiro dessa parede e viu várias fotos de uma rapariga
com um vestido branco.
- O pai descobriu. – Informou Sam a Dean.
- Como assim? – Perguntou ele ainda distraído.
- Ele achou o mesmo artigo que nós! Constance Welch. Ela é a nossa
Mulher de Branco. – Exclamou para finalizar a sua descoberta, com a mesma
folha impresa que antes tinham visto no computador do café.
- Mauzinho! O pai teria achado o corpo e teria-o destruído.
Sam continuou o seu raciocínio.
- Ela pode ter outra fraqueza. – Pensou Sam para si em tom baixo.
- O pai teria garantido Investigaria. Diz aí onde ela foi enterrada?
Mas Sam não tinha informação acerca daquela pergunta, por isso deu um
palpite seu.
- Se eu fosse o pai, perguntaria ao marido. Se ainda tiver vivo.
- Porque não vês se encontras a morada dele? Vou tomar banho.
No entanto Sam travou o irmão.
- Hei, Dean? O que eu disse sobre a mãe e o pai… Desculpa…
Dean, levantando uma mão mandou-o parar de imediato.
- Não julge a mulherzinha. – Brincou ele
- Está bem, rapaz.
- Estúpido.
Logo após Dean ter saído,Sam reparou numa fotografia presa num espelho
que mostrava John, Dean e Sam. Ele pegou nela e olhou-a por uns instantes.
Depois disso, pegou no telemóvel e ouviu uma mensagem que Amy lhe deixara,
mas Dean apareceu e Sam desligou o telemóvel.
- Hei, estou faminto. Vou comer ao café ao pé da estrada. Queres alguma
coisa?
- Não! – Disse Sam triste com tudo o que se passara até então.
O irmão vendo o seu estado tentou brincar, embora sem ajudar nada.
- Olha que é o Aframian que está a pagar. Tentou ele ao vestir o casaco,
pronto a sair.
Já depois de ter saído, Dean viu o homem da recepção a falar com uns
policias e a apontar para Dean, sabendo este que estava em problemas e ligando
sem esperar mais para Sam que ainda escutava a mensagem de Amy, e atendendo
seguidamente o irmão.
- O que foi?
- Sam, deu bronca. Sai daí.
- E tu?
- Eles já me viram. Vai procurar o pai! – Sugeriu o irmão mais velho, que
de pronto foi abordado pelos polícias atrás de si. Os mesmos que encontrara na
ponte a falarem sobre Troy.
- Problemas senhores policias?
- Onde está o seu parceiro? – Questionou um deles.
- Parceiro? Que parceiro? – Tentou Dean enganar uma vez mais.
Então o polícia fez sinal ao companheiro para ir até ao quarto onde estava
Sam, ficando Dean desesperado e Sam muito assustado ao ver o guarda a
aproximar-se.
Enquanto isso, Dean e o outro policia falavam.
- Então, delegado falso. Cartão falso. Tem algo que seja real?
- Os meus peitos. – Gozou Dean.
Sem mais demoras foi algemado e encostado ao carro da policia.
- Tem o direito de permanecer calado. – Disse-lhe o oficial enquanto o
prendia.
Depois, já dentro da quarta, o delegado procurava informações sobre ele.
- Quer-nos dizer o seu verdadeiro nome?
Dean voltou a mentir.
- Já disse. É Nugent. Ted Nugent.
Infelizmente o Delegado não foi na sua conversa.
- Já viu na encrenca em que se meteu?
Dean não levou aquela situação a sério e persistiu em brincar.
- Transgressão? Ou “grunhir – como – porco?”
- Você tem fotos de dez pessoas desaparecidas na carteira….além de um
monte de brincadeira satânica. Rapaz, você é oficialmente um suspeito. – Alertou
o oficial.
- Faz sentido. Porque quando o primeiro desapareceu em 82, eu tinha três
anos.
O delegado não se deixou impressionar e continuou.
- Eu sei que você tem parceiros. Um deles é mais velho. Talvez ele tenha
começado tudo. Então diga-me…Dean. Isto é dele?
De surpresa, O delegado atirou para cima da mesa o diário que o pai dos
Winchester lhes tinha dado e Dean nada disse.
O delegado, abrindo o Diário e sentou-se em cima da mesa.
- Pensei que poderia ser o seu nome. Veja, folheei isto. – Afirmou ele ao
passar várias folhas do diário rapidamente.
– Do pouco que pude deduzir, são vários tipos de maluquice. Mas também achei
isto!
Uma folha em particular dizia o nome de Dean e tinha dois tipos de
numeração, sendo que na primeira parte mostrava o número 35, seguido de um
traço e uma numeração em romano que significaria um, três, três traços na
vertical e nada mais. O polícia insistiu.
- Então…vai ficar aqui até me dizer o que isso significa.
O Winchester estava sem saída e as coisas estavam a complicar-se muito
ali.
Por outro lado, Sam fazia por encontrar John, seu pai, e então bateu a uma
porta, ao que um homem lhe abriu de pronto.
- Olá! Você é Joseph Welch?
O homem, velho e de face esguia confirmou a pergunta de Sam e daí a
pouco já os dois falavam, estando Joseph com a fotografia que Sam encontrara
nas mãos.
- Sim. Está mais velho mas é ele. Esteve aqui há três ou quatro dias. Disse
que era repórter.
- Isso mesmo. Estamos a trabalhar numa história juntos. – Mentiu Sam
para encobrir o pai.
- Bem, não sei em que tipo de história estão a trabalhar. As perguntas que
ele fez…
Sam começou então o seu trabalho de interrogatório ao homem.
- Era sobre a sua falecida esposa Constance?
- Ele perguntou-me onde ela foi enterrada.
- E onde foi mesmo?
Joseph não estva a gostar da conversa, já tinha com o pai de Sam, que
desconhecia.
- Tenho que passar por isto duas vezes? – Perguntou ele amargurado.
- É a confirmação dos factos. Se não se importa…
Joseph optou por responder.
- Num lote atrás da minha antiga casa em Breckenridge.
Sam prosseguiu.
- E porque se mudou?
- Não vou morar na casa onde os meus filhos morreram! – Respondeu ele
respirando fundo.
- Sr. Welch, voltou-se a casar?
- Não mesmo. A Constance foi o amor da minha vida. A mulher mais
linda que conheci.
- Então tinha um casamento feliz?
O homem olhou para Sam e não respondeu de imediato. Depois, com
algum nervosismo confirmou afirmativamente a pergunta feita.
- Então isso basta. Obrigado pela sua atenção. – Agradeceu o Winchester
antes de se dirigir ao carro para se ir embora. No entanto, Sam lembrou-se de
algo.
- Sr. Welch, já ouviu falar de uma Mulher de Branco?
O homem virou-se para trás surpreendido.
- O quê?
Sam repetiu a última parte da pergunta.
- Mulher de Branco. Às vezes “a Mulher que Chora”? É uma história de
um fantasma. Bem…é mais do tipo de um fenómeno. São espíritos. Foram vistos
há centenas de anos…em dezenas de lugares. No hawai, no México,
ultimamente, no Arizona, Indiana. Todas são mulheres, mas todas com a mesma
história.
Mas o homem não acreditava nesse tipo de histórias.
O Winchester mais velho persistiu.
- Sabe, quando elas eram vivas, os maridos foram infiéis. E essas
mulheres, sofrendo de insanidade temporária…mataram os filhos.
Joseph parou e ficou estático, ainda que de costas, a ouvir Sam falar.
Finalmente, o rapaz prendia a atenção de Joseph, continuando assim o que tinha
para dizer.
- Quando viram o que tinham feito, mataram-se. Agora os seus espíritos
estão amaldiçoados. Caminhando por estradas isoladas. E se encontram
um homem infiel, elas matam-no, e esse homem nunca mais é visto.
Joseph estava inseguro e muito assustado.
- Acha…acha que isso tem a ver com…a Constance…seu espertinho?
- Diga-me o senhor. – Finalizou Sam com receio.
- Quer dizer, talvez…talvez eu tenha cometido alguns erros. Mas o que
quer que eu tenha feito…a Constante jamais teria matado os filhos. – Disse o
homem quase a chorar. – Agora saia daqui. E não volte! – Mandou ele furioso.
O rapaz sentiu pena de Joseph e suspirou.
Dean ainda continuava com a policia, tentando explicar-se para sair dali.
- Não sei quantas vezes tenho que dizer. É o segredo do armário do
Colégio.
- Vamos ter de fazer isto a noite toda? – Insistiu o delegado antes de
receber um recado de um colega de que haveriam tiros na estrada de Whiteford. –
Tem que ir à casa de banho?
- Não…
- Óptimo. – Respondeu o delegado antes de algemar Dean à mesa e saiu
dali.
Sem maneira de escapar, Dean viu um clip no meio do diário e pegou
nele, ficando a olhá-lo para depois se conseguir soltar e ficar à espera, escondido,
que os guardas saíssem, pondo em prática o seu plano de sair dali, que seria sair
pela janela e descer um escada exterior de emergência aterrando no chão e
desaparecendo de seguida, com todos os seus pertences.
Enquanto isso sucedia, já Sam dirigia o Impala e foi incomodado com um
telefonema de Dean que ligava de uma cabine.
- Um falso alarme de emergência? Isso é ilegal Sammy. – Começou ele na
brincadeira.
- De nada. – Retribuiu o irmão.
- Ouve. Precisamos de falar.
- Não me digas… O marido foi infiel. Estamos a lidar com uma Mulher de
Branco. Está enterrada atrás da casa…
Dean Fez o irmão parar de falar.
- Sammy, és capaz de te calar?
Mas ele continuou.
- Porque será que ele ainda não destruiu o corpo?
- Bem, é o que te estou a tentar explicar. Ela desapareceu. O pai saiu de
Jericho.
- Oquê? Como sabes? – Perguntou o irmão admirado e curioso.
- Estou com o diário dele.
Sam achou aquela situação estranha pois John não ia para lado nenhum
sem o diário.
- Mas foi desta vez. – Declarou Dean.
- O que diz aí?
- A mesma lenga-lenga de ex – fuzileiro, para que saibamos para onde ele
vai.
- Coordenadas! – Pensou Sam seguidamente. – Para onde?
- Não sei ao certo.
Sam ficou baralhado.
- Não entendo. O que poderia ser tão importante para o pai se ir embora
assim a meio de tudo? Dean o que se está a passar?
Repentinamente, Sam assustou-se pois estava uma rapariga no meio da
estrada e Sam passou o carro por ela, ficando profundamente assustado e
fechando os olhos, fazendo o carro parar um pouco mais adiante.
Dean chamou pelo irmão duas vezes mas Sam não falou mais. Tinha o
carro parado mas estava tão assustado que até o ar lhe faltava. Atrás dele, no
banco de trás do carro, uma rapariga olhava-o de forma concentrada.
- Leva-me para casa. – Pediu ela.
O rapaz olhou pelo espelho retrovisor e viu os olhos dela a olharem-no.
Ela repetiu a frase, mas Sam não obedeceu.
Então, as portas trancaram-se e o carro começou a nadar sozinho com O
Winchester mais novo a tentar sair do veículo, mas sem êxito.
Andaram algum tempo e o carro parou junto à mesma casa que Troy, o
rapaz que morrera, tinha ido quando dera boleia àquela mesma rapariga.
Estava noite cerrada e um a bruma intensa molhava o ar. A escuridão era
intensa e aquele sítio era intimidante.
As luzes dos faróis apagaram-se e ambos se olharam pelo vidro.
- Não faça isto! – Pediu Sam olhando-a receosamente.
- Nunca poderei voltar para casa. – Repeti ela as palavras que tinha dito a
Troy.
Foi então que Sam percebeu o ponto fraco da rapariga e olhou para trás,
não estando ninguém no banco. A rapariga apareceu novamente no banco ao seu
lado e empurrou Sam para depois se pôr em cima dele.
- Abraça-me. – Pediu ela. – Estou com tanto frio.
- Mas não me podes matar. Não sou infiel. Nunca fui.
- Você será! – Assegurou a rapariga. – Basta me abraçar.
Depois elea beijou Sam enquanto este se debatia para chegar às chaves na
ignição.
A rapariga afastou-se de novo e a sua imagem desapareceu. Começou
pouco tempo depois a tentar tirar o coração a Sam que gritava de dores e aflição e
via a imagem de um monstro com uns dentes enormes e uns olhos brancos,
cozido em toda a face. Mas para sorte do Winchester, Dean chegou no momento
certo e começou a disparar contra o vidro do carro, travando por alguns
momentos aquela matança quase certa.
Sam, conseguindo-se levantar, pôs o carro a trabalhar.
- Eu levo-te para casa! – Exclamou ele com grande rigidez, pronto a ir
contra a casa que a rapariga tanto medo tinha de entrar. O carro entrou pelo lado
da sala e lá ficou parado, no meio da madeira e dos vidros que lhe tinham caído
em cima.
No meio da poeirada, Dean avançou cautelosamnete de arma na mão e
chamou pelo irmão.
- Aqui! – Disse Sam ferido.
- Estás bem?
- Acho que sim.
- Consegues mexer-te? – Perguntou Dean enquanto tentava desapertar o
cinto e tirar Sam do carro.
- Sim. Ajuda-me. – Pediu o irmão um pouco atordoado por causa do
impacto.
Ali ao lado, a rapariga pegava numa fotografia em que estava com os seus
filhos e os Winchester, apoiados um no outro, ficaram frente a frente com a
rapariga que os olhou e mandou a fotografia para o chão, afastando-se e
mandando um móvel contra os dois rapazes, ficando assim os dois presos entre o
carro e o móvel.
Estranhamente, as luzes da casa começaram a acender e a apagar, e a
rapariga viu água a cair das escadas, onde apareceram duas crianças de mãos
dadas ao cimo destas.
Ambos os irmãos estavam surpresos e a rapariga mostrava sinais de
grande pavor.
- Voltaste para casa mãe. – Disse e menina quase sussurrando.
De um momento para o outro, já ambos se encontravam atrás da sua mãe.
Depois abraçaram-na e a rapariga gritou fortemente como se os dois a tivessem a
aperta-la com muita força, mas apenas a queriam mandar de novo para o inferno,
aparecendo de seguida três cadáveres nítidos numa espécie de esfera eléctrica e
depois os três a desapareceram numa poça de água situada no chão da casa.
Finalmente, os Winchester puderam soltar-se do armário e olharem para aquela
poça, percebendo que fora ali que ela teria matado os filhos.
- Era por isso que ela nunca podia voltar para casa. Estava com medo de
enfrentá-los! – Concluiu Sam rapidamente.
- E tu achas-te o ponto fraco dela! Bom trabalho Sammy – Agradeceu
Dean dando-lhe uma palmada no peito.
- Queria dizer o mesmo de ti mas não posso. O que estavas a pensar ao
atirar na cara do Gasparzinho, maluco?
- Hei, Salvei a tua vida. E vou-te dizer mais…Se me estragaste o carro…
eu acabo contigo.
Mas tudo estava bem e ambos se puseram de novo na estrada com O
Winchester mais velho agarrado ao diário do bem, bem aberto na página que
naquela noite quase o deixava preso. Por sua vez, O irmão percorria com a mão,
um mapa, tentado encontrar o paradeiro do pai.
- Está bem, aqui está para onde o pai foi. Black Water Ridge, colorado.
Dean ironizou.
- Parece fascinante. A que distância?
- Uns 900 km.
O irmão não conseguia levar nada a sério.
- Se corrermos podemos chegar lá de manhã.
Sam pareceu preocupado.
- Dean, eu…
- Tu não vais. – Respondeu o rapaz mais velho com firmeza.
- A entrevista é daqui a dez horas. Tenho que ir.
O irmão não estava com cara de deixar Dean partir de novo.
- É. É, tanto faz. Vou levar-te. – Mentiu ele com um sorriso irónico.
Andaram até à porta de casa de Sam e ele saiu do carro apressadamente.
- Tu ligas-me se o encontrares? – Pediu Sam antes de se ir embora.
Dean fez sinal com a cabeça afirmativamente.
- Talvez eu possa encontrar-te depois?
- Sim, está bem.
E o Winchester mais novo atravessou a rua em direcção a casa, mas, foi de
novo abordado por Dean.
- Sam ?
O irmão voltou-se rapidamente para o ouvir.
- Sabes, fomos uma grande equipa!
- Pois.
E de seguida Dean partiu, ficando o irmão a vê-lo no meio da rua e indo
para casa de seguida.
Abrindo a porta, Sam viu a sua casa às escuras e chamou por Jess,não
tendo resposta.
- Estás em casa? – Voltou o rapaz a perguntar voltando a não obter
resposta alguma. Foi então que reparou num bilhete deixado em cima da mesa da
sala que dizia que ela tinha muitas saudades e que o amava. O Winchester foi
para o quarto já a comer alguma coisa e ouviu a água do chuveiro a cair. Jess
estaria a tomar banho e então, Sam deitou-se para trás, na cama, fechando os
olhos e preparado a descansar um pouco, mas isso não iria acontecer, já que,
algumas gotas de sangue lhe caíam na testa e o obrigaram a abrir os olhos para
viver um pesadelo algo familiar.
Jess estava presa ao tecto com um grande corte na barriga, tal como
acontecera com a sua mãe quando ainda era bebé.
Sam gritava na cama desesperadamente, enquanto uma chama tomava o
corpo da sua namorada, e Dean arrombava a porta para salvar o irmão.
- Temos de sair daqui1 – Gritou Dean ao agarrar no irmão que se negava a
sair dali.
Pouco tempo depois, uma explosão engoliu a casa por completo.
Mais tarde, já os bombeiros se encontravam no local para apagarem as
chamas. Sam mexia calado nas armas que estavam na mala do carro de Dean e
ambos se olharam intensamente.
O Winchester mais novo estava destroçado, e isso via-se pela maneira
como suspirava constantemente.
- Temos trabalho a fazer! – Declarou ele ao atirar uma arma para a mala
do carro e fechando-a de seguida.

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