1.1- O plano estrutural da narrativa apresentada é o plano das
considerações do poeta. Este é um plano ocasional que surge com as considerações e as opiniões do autor expressas, nomeadamente, no início e no fim dos cantos (“Sem vergonha o não digo”).
1.2- Atendendo aos antecedentes da reflexão presente, a narrativa
apresentada situa-se nas reflexões do poeta referente ao final da narração de Vasco da Gama e às reacções à história de Vasco da Gama e regresso do rei a terra. Assim, em forma de analepse, o poeta conta desde a partida das naus até à chegada a Melinde, retratando parte da história de Portugal, no plano estrutural da Viagem e da História de Portugal.
2- A exclamação presente no início da reflexão justifica-se como forma de
enaltecer o valor de uma vitória quando esta é soada, quando nos esforçamos e lutamos por algo até atingir a glória, pois o seu sabor será mais prazeroso. Devemos então, segundo o autor, ter inveja de quem actos valorosos praticou e querer ser igual a esses ilustres senhores e progredir por virtude própria, não vivendo na sombra de antepassados famosos nem às custas de honras alheias.
3- As referências feitas a figuras históricas como Octávio, César e
Alexandre pretendem demonstrar que, tal como eles, também Portugal tem grandes imperadores mas que, não sendo registados no papel, não ficavam na memória do povo. Assim como por grandiosas acções respondiam as suas mãos, ficavam também para a glória de um povo os registos que pelas mesmas mãos se faziam para tornar os seus feitos e guerreiros imortais. Pelo contrário, Portugal vivia demasiado centrado no seu ouro e nas suas conquistas, desprezava as letras e a literatura, e não havia quem tornasse a essas proezas memoráveis no papel e a homens heróis na história. 4- O articulador “Enfim” demonstra uma conclusão do relato por parte do autor. Esta é uma conclusão de lamento e pena por parte do poeta, pois não houve no passado alguém que fosse capaz de conciliar de um lado a espada para as batalhas e conquistas e do outro lado a pena para registar os feitos grandiosos e fazer história na história da pátria. Assim, o poeta escreve “Os Lusíadas” porque ama a pátria e quer que as suas vitoriosas conquistas de força e coragem fiquem registadas no papel e na memória dos povos, pois se não houvesse quem os cantasse não tínhamos heróis que recordar.
5- O ideal de Homem renascentista presente na reflexão seria então aquele
capaz de pelas mesmas mãos de lutador e conquistador registar e fazer recordar essas grandezas de seu povo. Assim, teria este Homem a aptidão de com uma mão segurar a espada que assinala a sua força e coragem e que lhe vale conquistas valorosas rumo a uma fama merecida por mérito e suor; e na outra mão a pena que simboliza a sua ciência na arte das letras e sabedoria para ter a destreza de registar por escrito as honras feitas. Desta forma, tornar- se-iam então homens de valor, o seu trabalho passaria a ser conhecido e reconhecido pois se não houvesse quem os cantasse os seus feitos não seriam sabidos e não tínhamos heróis. Esta perspectiva pode então ser transcrita pelo verso “Mas, numa mão a pena e noutra a lança”. Portanto, perante tal caracterização, enquadra-se como Homem renascentista Camões, “forte Capitão” e “douto e ciente”.
1-Entre as duas imagens apresentadas, é possível estabelecer pontos de
contacto, tais como, principalmente, a espada, a pena e o papel.
2- Estes símbolos caracterizam a obra camoniana presente no excerto, onde
é feita referência ao manusear da espada numa mão para atingir triunfos e a pena na outra para que esses mesmos êxitos sejam registados e seus heróis venerados e respeitados, permanecendo na memória das suas gentes.
Ana Filipa nº1; Ana Isabel nº2; Carla Patrícia nº5; Gabriela Catarina nº 8