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Energia, Ambiente e Inclusão Social


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Gomes, Fernando Augusto Vilaça, 1952

908768

AQUECIMENTO GLOBAL: Energia, ambiente e inclusão


social - Belo Horizonte - 2009

ISBN: 978-85-908768-0-9
52p.

Ciência da computação, Informação e Obras Gerais


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Apresentação

Como enfrentar as mudanças climáticas ?

O planeta Terra pede socorro. A poluição nos grandes centros urbanos, a falta de
saneamento básico nos países em desenvolvimento, os desmatamentos, as queima-
das e o comprometimento dos recursos hídricos são problemas cuja origem está no
modelo de desenvolvimento industrial existente em todos os países e que provoca,
ano a ano, o aumento do efeito estufa e, consequentemente, as mudanças climáti-
cas em nosso planeta.
A sobrevivência dos seres vivos no planeta Terra está comprometida. O cenário
com que o mundo se depara é preocupante, na medida em que grande maioria dos
cientistas afirma que o aquecimento global é inequívoco e decorre das atividades
humanas. É consenso entre os cientistas que a garantia de qualidade de vida no
planeta está ameaçada e com o clima mais quente, a produção de alimentos pode
ser comprometida e insuficiente para uma população mundial crescente.
Precisamos todos nos despertar de um pesadelo cômodo e infantil: os recursos
naturais no planeta são infinitos e renováveis. Ilusão.
Devemos nos comprometer com o conceito de Desenvolvimento Sustentável, que
é aquele capaz de suprir as necessidades da geração atual sem comprometer as
necessidades das futuras gerações: nossos filhos e netos.
Esta cartilha, editada em parceria com o Conselho Regional de Engenharia, Ar-
quitetura e Agronomia (Crea-MG), representa uma importante contribuição do Sin-
dicato de Engenheiros no Estado de Minas Gerais (Senge-MG), para que esse deba-
te seja disseminado em toda a sociedade.

Nilo Sérgio Gomes


Presidente do Senge-MG
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ÍNDICE
Aquecimento Global: Energia, Ambiente e Inclusão Social ................................................... 5
Energia, uma breve definição ................................................................................... 7
Análise das principais fontes de energia ............................................................. 8
Energia gerada pelos combustíveis fósseis

Energia Nuclear ............................................................................................................... 10


Fissão Nuclear
Fusão Nuclear

Energias renováveis ...................................................................................................... 13


Energia Solar
Energia Eólica
Energia Hidráulica
Energia das Marés
Energia da Biomassa
Energia Geotérmica

Dados Mundiais de Energia ..................................................................................... 17


Análise das principais questões ambientais: .................................................... 18
Emissões atmosféricas
Descargas na água
Disposição de resíduos no solo
Uso da energia
Ecologia e o Ambiente Natural

Protocolo de Kyoto ....................................................................................................... 31


Mecanismos Flexíveis
Crédito de carbono
Sequestro de carbono
Os impactos significativos

O Planeta tem pressa .................................................................................................. 36


A Legislação Brasileira e o Meio Ambiente ........................................................ 46
Bibliografia/Dicas de site ............................................................................................ 48
Aquecimento Global: 5
Energia, Ambiente e Inclusão Social
A questão ambiental se tornou uma das grandes preocupações de nosso tempo em todo o
mundo. A opinião pública se volta cada vez mais para problemas ligados à qualidade de vida
e ao futuro do planeta, dando crescente apoio a grupos ambientais e partidos políticos “ver-
des”. Está em curso um processo de conscientização geral sobre os efeitos do aumento da
população mundial, sobre a limitação dos recursos disponíveis, poluição industrial, mudanças
climáticas globais, e sobre os hábitos de desperdício das sociedades de consumo. Todas estas
questões estão agora sendo vistas como aspectos diferentes de um mesmo problema - nossa
incapacidade, demonstrada até aqui, de promover o desenvolvimento sustentável.
Os avanços tecnológicos e o crescimento da população mundial estão trazendo consequ-
ências para o planeta. Fábricas, veículos e lixo aliados ao desmatamento estão começando a
se tornar problema. E isto está acontecendo porque certos gases na atmosfera, principalmente
os oriundos do carbono que têm a capacidade de reter calor, formando uma camada isolado-
ra em torno da terra. Tal camada permite a passagem dos raios solares, mas impede que esca-
pe parte do calor radiado da terra.
O fenômeno pode ser comparado à função do vidro numa estufa (de plantas), daí o termo
“efeito estufa”, comumente utilizado para descrever o mecanismo de retenção de calor na
atmosfera. A progressiva acumulação de gases de efeito estufa, produzidos pelo homem, na
atmosfera é agora considerada como um fator que contribui para agravar o aquecimento glo-
bal, constituindo-se em um possível agente de mudança climática.
Se não houver mudanças nas práticas atuais, o Painel Intergovernamental Sobre Mudança
Climática prevê, até o fim do século XXI, um aumento de cerca de 3°C, na temperatura atmos-
férica, com implicações importantes para a agricultura e a distribuição demográfica em todo o
mundo. O que já está acontecendo.
Os governos estão dando cada vez mais prioridade à redução de emissões de CO2 (o mais
importante dos gases do efeito estufa) e, para isto, têm encorajado a redução no consumo de
combustíveis fósseis. No “front” legislativo - e em grande parte como resposta à pressão da
opinião pública - vem ocorrendo uma acentuada mudança de atitude, a partir do final dos
anos 80, com os governos assumindo posições mais fortes em relação a questões como dispo-
sição de resíduos, poluição do ar e da água, políticas de energia e de transporte.
Ações coordenadas vêm sendo tomadas para deter essa elevação, por meio da adoção do
Protocolo de Kyoto, em 1997. O documento visa a redução nas emissões dos seis principais
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gases causadores do efeito estufa: dióxido de carbono, metano, óxido nitroso, HFCs, PFCs e
hexafluoreto de enxofre. O ônus pesa agora em grande parte sobre a indústria, que se vê
pressionada a controlar sua poluição e minimizar a produção de todas as formas de resíduos.
Pesa contra ela também os efeitos da adoção do princípio “O Poluidor Paga”, que agora é
parte da legislação ambiental da maioria dos países industrializados. Os administradores pre-
cisam estar cientes das questões ambientais e da legislação pertinente, de modo a reduzir a
exposição de suas empresas ao risco de processos.
É pouco provável que a legislação sozinha consiga produzir melhorias permanentes no
desempenho ambiental da indústria e comércio, ou nas atividades do público em geral. Afi-
nal, compete à comunidade empresarial gerenciar as mudanças necessárias para assegurar a
redução da poluição ambiental e promover o desenvolvimento sustentável em longo prazo.
Outra constatacão, por mais desafiadora que seja, é a seguinte: como está não da mais
para continuar! Se quisermos salvar o planeta e a humanidade, seremos obrigados a imaginar
e a inventar um outro modo de conviver, de produzir, de distribuir os bens necessários, de
consumir responsável e solidariamente e de tratar nossos dejetos.
Como enfatiza a Carta da Terra, precisamos de um modo sustentável de viver, porque o
atual e vigente não é mais sustentável para 2/3 da humanidade.
Para nos salvar, importa redesenhar todo o processo produtivo, adequado a cada ecosiste-
ma, valorizando tudo o que a humanidade inventou para sobreviver, dos sistemas agropasto-
ris e agroecológicos até a moderna tecnologia com sua imensa possibilidade de resfriar o
planeta.
Reinventar o humano só será possível assumindo nosso habitat chamado Terra, que é a
comunidade de todos os sistemas de vida.
Assim, respeitar as especies animais, cuidar do eco-sistema, preservar as matas nativas e as
fontes de água, zelar pela qualidade do ar que respiramos, tudo isso faz parte de uma evolu-
ção da consciência humana.
O primeiro passo será sair dos atuais padrões de consumo que nos escravizam.
É urgente lembrar que nosso planeta, com seus sete bilhões de habitantes, será sempre a
somatória da evolução de cada indivíduo. O dia para mudar de atitude já está indo embora!

Fernando Villaça Gomes


Diretor de Promoções Culturais do Senge-MG
Energia, uma breve definição 7

A definição de energia é: a capacida- intensa degradação do solo e das águas.


de de realizar trabalho. Ela é encontrada Originalmente as pessoas adicionaram
em formas como vento ou a água corren- à força de seus músculos a tração animal,
te e armazenada em matéria, como os o uso da água e do vento para realizar
combustíveis fósseis - petróleo, carvão, algum trabalho. A sociedade pré-indus-
gás natural que podem ser queimados trial contava apenas com fontes renová-
para “realizar uma ação”. veis de energia, ou seja, aquelas fontes
Energia é melhor descrita em termos que não podem ser esgotadas, como a hí-
do que ela pode fazer. Não podemos drica, a eólica, a solar e a da biomassa. A
“ver” a energia, apenas seus efeitos; não mudança para fontes não-renováveis co-
podemos fazê-la, apenas usá-la; e não po- meçou no século XVIII, quando uma so-
demos destruí-la , apenas desperdiçá-la ( ciedade em crescente processo de indus-
ou seja, usá-la de forma ineficiente). Ao trialização passou a queimar combustíveis
contrário da comida e da moradia, a ener- fósseis para produzir vapor para as má-
gia não é valorizada por si própria, mas quinas a vapor (inventada em 1763) e
pelo que pode ser feito com ela. A ener- para fundir o ferro.
gia não é criada ou destruída, mas apenas Atualmente, os combustíveis fósseis re-
convertida ou redistribuída de uma forma presentam 90% do nosso consumo de re-
para outra, como por exemplo, a energia cursos energéticos, continuamos a au-
eólica é transformada em energia elétrica mentar as emissões de dióxido de carbo-
ou a energia química em calor. no, que podem alterar irreversivelmente
Entender a energia significa entender os o clima da Terra. O uso adequado da
recursos energéticos e suas limitações, bem energia requer que se leve em considera-
como as consequências ambientais da sua ção tanto as questões sociais como as tec-
utilização. Energia, ambiente e desenvolvi- nológicas. De fato, o crescimento econô-
mento econômico (inclusão social) estão mico sustentável neste século, juntamen-
forte e intimamente conectados. Nas próxi- te com o incremento da qualidade de
mas duas décadas, estima-se que o consu- vida de todos os habitantes do planeta,
mo de energia irá aumentar cerca de 100% apenas pode ser possível com o uso bem
nos países em desenvolvimento. Juntamen- planejado e eficiente dos limitados recur-
te com este crescimento, observou-se o de- sos energéticos e o desenvolvimento de
clínio da qualidade do ar urbano e a séria e novas tecnologias de energia.
Análise das principais 8
fontes de energia
Energia gerada pelos menores serão os recursos disponíveis. E
combustíveis fósseis quanto mais escassos, maior o seu preço. Por
Combustível fóssil ou combustível mine- isso, o interesse em energias renováveis é
ral é uma substância formada de compostos crescente. Além disso, a queima de combus-
de carbono, usados como ou para alimentar tíveis minerais produz gases que aumentam
a combustão. O carvão mineral, o petróleo e o efeito estufa.
seus derivados, e o gás natural são os com- O aumento do controle e do uso, por par-
bustíveis fósseis mais conhecidos. te do homem, da energia contida nesses com-
De acordo com a teoria biogênica – ain- bustíveis fósseis foi determinante para as
da a mais aceitável -, outros tipos de subs- transformações econômicas, sociais, tecnoló-
tâncias oleaginosas extraídas da crosta ter- gicas - e infelizmente ambientais - que vêm
restre como o petróleo teriam origem co- ocorrendo desde a Revolução Industrial.
mum ao carvão mineral já que o mesmo
também é abundantemente encontrado Consequências
soterrado em minas terrestres. Os combus- ambientais do uso dos
tíveis fósseis são formados pela decompo- combustíveis fósseis
sição de matéria orgânica através de um São várias as consequências ambientais do
processo que leva milhares e milhares de processo de industrialização e do aumento
anos e, por este motivo, não são renová- do consumo de combustíveis fósseis. Um
veis ao longo da escala de tempo humana, deles é o aumento da contaminação do ar
ainda que ao longo de uma escala de tem- por gases e material particulado, provenien-
po geológica esses combustíveis continu- tes da queima destes combustíveis.
em a ser formados pela natureza. Estes gases que contribuem para o efeito
Durante várias décadas o carvão mineral estufa são essenciais para manutenção da
foi responsável por colocar em movimento vida no planeta. Eles mantém certa quanti-
as locomotivas e os navios a vapor. Atualmen- dade de energia térmica, mas o que está sen-
te, o carvão mineral garante o funcionamen- do maléfico é a quantidade elevada, devido
to de usinas termoelétricas. a isso está retendo mais calor no ambiente
Porém, esses combustíveis têm fim, ou terrestre do que nós necessitamos e também
seja, quanto maior o tempo de exploração, contaminando o ar que respiramos. Esta con-
taminação gera uma série de impactos locais dos permitem a entrada da luz solar, mas
sobre a saúde humana. A chuva ácida é ou- impedem que parte do calor no qual a luz se
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tro impacto gerado. transforma volte para o espaço. Este proces-
A mudança global do clima é um outro so de aprisionamento do calor é análogo ao
problema ambiental. Ele é causado pela in- que ocorre em uma estufa - daí o nome atri-
tensificação do efeito estufa. Os gases emiti- buído ao fenômeno.
Energia nuclear 10

1- Fissão Nuclear desempenharam na moldagem da história e


A descoberta e o uso da fissão nuclear já nas atitudes do mundo depois da Segunda
foram vistos como umas de nossas maiores Guerra Mundial.
esperanças para uma sociedade crescente e Em 1939, a descoberta da fissão com a li-
dependente de energia, e também como o beração de grandes quantidades de energia
instrumento de nossa destruição. Hoje esta- foi um evento histórico. Fontes de energia
mos cientes do papel que as armas nucleares enormes, porém intocadas, pareciam estar ao
nosso alcance, se a tecnologia pudesse ser Após a guerra, muitas pessoas pensavam
desenvolvida. Uma guerra atormentava a Eu- que uso da energia nuclear para fins pacíficos
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ropa e, portanto, o desenvolvimento de uma representaria a pedra fundamental de uma
“bomba atômica” foi o primeiro objetivo da- economia dependente de energia. De fato,
queles que eram familiarizados com a fissão. acreditava-se que a abundância do urânio
A divisão de um núcleo de urânio fornece combustível fosse grande, existiam métodos
dois fragmentos de fissão, bem como diver- para se produzir combustíveis físseis¹ adicio-
sos nêutrons. Os nêutrons tornam possível a nais, e a tecnologia estava disponível. O rea-
continuação da fissão em outros núcleos de tor da Universidade de Chicago serviu como
urânio, ao invés de se ter um único evento, um protótipo para o desenvolvimento de
gera uma “reação em cadeia”. grandes reatores e, em 1951, a primeira ele-
A partir da fissão do núcleo do átomo de tricidade foi gerada por um reator chamado
urânio enriquecido, é liberado uma grande de “Experimental Breeder Reacto“, próximo a
quantidade de energia. O átomo é constituí- Detroit. O urânio é colocado em cilindros me-
do de um núcleo onde estão situados dois tálicos no núcleo do reator que é constituído
tipos de partículas: os prótons que possuem de um material moderador (geralmente grafi-
cargas positivas e os nêutrons que não pos- te) para diminuir a velocidade dos nêutrons
suem carga. Em torno do núcleo, há uma re- emitidos pelo urânio em desintegração, per-
gião denominada eletrosfera, onde se encon- mitindo as reações em cadeia. O resfriamento
tram os elétrons que têm cargas negativas. do reator do núcleo é realizado através de lí-
Átomos do mesmo elemento químico, que quido ou gás que circula através de tubos,
possuem o mesmo número de prótons e di- pelo seu interior. Este calor retirado é transfe-
ferentes números de nêutrons são chamados rido para uma segunda tubulação onde circu-
isótopos. O urânio possui dois isótopos: 235U la água. Por aquecimento esta água se trans-
e 238U. O 235U é o único capaz de sofrer forma em vapor (a temperatura chega a
fissão. Na natureza só é possível encontrar 320OC) que vai movimentar as pás das turbi-
0,7% deste tipo de isótropo. Para ser usado nas que movimentarão o gerador, produzin-
como combustível em uma usina é necessá- do eletricidade. Depois, este vapor é liquefei-
rio enriquecer o urânio natural. Um dos mé- to e reconduzido para a tubulação, onde é no-
todos é “filtrar” o urânio através de membra- vamente aquecido e vaporizado.
nas muito finas. O 235U é mais leve e atra- ¹ = Que se pode dividir espontaneamente ou não – Dicionário Aurélio.

vessa a membrana primeiro do que o 238U.


Esta operação tem que ser repetida várias 2- Fusão Nuclear
vezes e é um processo muito caro e comple- Esta é uma fonte de energia que tem gran-
xo. Poucos países possuem esta tecnologia de potencial. Há essencialmente apenas duas
para escala industrial. opções a longo prazo. Uma é a energia solar,
que nós separamos em energias renováveis são de deutério é essencialmente infinito e
radiante solar, eólica, hidroelétrica e biomas- extremamente barato.
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sa. A outra é a fusão nuclear, que alguns con- Outra vantagem da fusão é a potencial re-
sideram ser a nossa fonte definitiva de ener- dução da poluição ambiental. Os produtos
gia. Fusão é a união de dois pequenos nú- finais da reação de fusão são o hidrogênio,
cleos para formar um núcleo maior, enquan- hélio e nêutrons, de forma que não temos
to a fissão é a divisão de um núcleo muito que nos preocupar com os resíduos radioa-
grande (como o urânio), geralmente pela adi- tivos duradouros dos reatores de fissão, em-
ção de um nêutron, em dois núcleos meno- bora haja algumas partes radioativas do rea-
res. Em ambos os casos, a massa do produto tor que merecem nossa atenção. Ademais,
final é menor do que a massa dos núcleos nenhum material que possa ser utilizado na
reagentes originais. Esta massa perdida é con- fabricação de bombas será produzido em re-
vertida em energia. atores de fusão, e o aquecimento global não
O entusiasmo pela fusão como fonte de será uma preocupação.
energia futura se baseia em vários fatos. Um O panorama para a energia de fusão não
é que o combustível que poderia ser utiliza- é, porém, um mar de rosas. A viabilidade tec-
do – deutério (D) - é encontrado na água co- nológica de reatores de fusão está muito aber-
mum, na qual um em cada 6.500 átomos de ta a questionamentos atualmente. Bilhões de
hidrogênio é este isótopo (um núcleo de deu- dólares foram gastos desde a Segunda Guer-
tério contêm um próton e um nêutron). A ra Mundial, na tentativa de se atingir a fusão
fusão completa de apenas 1g de deutério irá controlada. Até o momento, a produção da
liberar a energia equivalente à queima de energia em reatores de demonstração é me-
aproximadamente 9.250L de gasolina. A fu- nor do que a entrada de energia total, em-
são de todo deutério em uma piscina olímpi- bora os cientistas acreditem que eles estejam
ca poderia fornecer eletricidade suficiente perto do ponto de equilíbrio. Também há pre-
para uma cidade de 100.000 habitantes du- ocupações econômicas significativas e um
rante um ano. custo muito alto de pesquisas em fusão em
A energia liberada na fusão completa do muitos laboratórios dos Estados Unidos. Nos
deutério presente em 1 km³ de água é equi- últimos cincos anos, os recursos federais para
valente a aproximadamente 2 trilhões de pesquisas tiveram um recuo de 40%. O pa-
barris de petróleo, o que corresponde a apro- pel que a fusão irá desempenhar neste novo
ximadamente duas vezes as reservas de pe- século provavelmente não será conhecido por
tróleo totais calculadas da Terra. A extração várias décadas ainda. O que fará da fusão
do deutério de água não é muito difícil ou uma vencedora será determinado na mesma
cara, de forma que o combustível para a fu- medida por fatores ambientais e econômicos.
Energias Renováveis 13
A energia renovável é obtida de fontes na-
turais capazes de se regenerar e, portanto,
virtualmente inesgotáveis, ao contrário dos
recursos não-renováveis. São elas:

• O Sol: energia solar


• O vento: energia eólica
• Os rios e correntes de água doce:
energia hidráulica
• Os mares: energia mareomotriz e ener-
gia das ondas
• A matéria orgânica: Energia da biomassa
• O calor da Terra: energia geotérmica

As energias renováveis são consideradas


como energias alternativas ao modelo ener- alguma forma utilizável pelo homem, seja
gético tradicional, tanto pela sua disponi- diretamente para aquecimento de água ou
bilidade garantida como pelo seu menor ainda como energia elétrica ou mecânica.
impacto ambiental. Durante o movimento de translação ao
Os combustíveis renováveis usam ele- redor do Sol, a Terra recebe 1.410 W/m2 de
mentos renováveis para a natureza, como a energia, medição feita numa superfície nor-
cana-de-açúcar, utilizada para a fabricação mal (em ângulo reto) com o Sol. Disso,
do álcool, e também de vários outros vege- aproximadamente 19% é absorvido pela at-
tais, como a mamona utilizado para a fabri- mosfera e 35% é refletido pelas nuvens. Ao
cação do biodiesel ou outros óleos vegetais passar pela atmosfera terrestre, a maior
que podem ser usados diretamente em mo- parte da energia solar está na forma de luz
tores diesel com algumas adaptações. visível e luz ultravioleta.

Energia Solar Vantagens:


Energia solar é qualquer tipo de capta- • A energia solar não polui durante seu
ção de energia luminosa/térmica do Sol e uso. A poluição decorrente da fabricação dos
a posterior transformação dessa energia em equipamentos necessários para a construção
dos painéis solares é totalmente controlável do à menor disponibilidade diária de ener-
utilizando as formas de controles existentes gia solar. Locais com frequente cobertura de
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atualmente. nuvens (Curitiba, Londres) tendem a ter vari-
• As centrais necessitam de manutenção ações diárias de produção de acordo com o
mínima. grau de nebulosidade.
• Os painéis solares são, a cada dia, mais • As formas de armazenamento da ener-
potentes ao mesmo tempo que seu custo vem gia solar são pouco eficientes quando com-
decaindo. Isso torna cada vez mais a energia paradas por exemplo aos combustíveis fós-
solar uma solução economicamente viável. seis (carvão, petróleo e gás), a energia hidro-
• A energia solar é excelente em lugares elétrica (água) e a biomassa (bagaço da cana
remotos ou de difícil acesso, pois sua instala- ou bagaço da laranja).
ção em pequena escala não obriga a enor-
mes investimentos em linhas de transmissão. Energia Eólica
• Em países tropicais, como o Brasil, a uti- A energia eólica é a energia proveniente
lização da energia solar é viável em pratica- do vento. O termo eólico vem do latim aeoli-
mente todo o território, e, em locais longe cus, pertencente ou relativo a Éolo, deus dos
dos centros de produção energética, sua uti- ventos na mitologia grega e, portanto, per-
lização ajuda a diminuir a demanda energé- tencente ou relativo ao vento.
tica nestes e consequentemente a perda de Na antiguidade, ela era aproveitada para
energia que ocorreria na transmissão. mover os barcos impulsionados por velas ou
para fazer funcionar a engrenagem de moi-
Desvantagens: nhos, ao mover as suas pás. Nos moinhos de
• Os preços são muito elevados em rela- vento a energia eólica era transformada em
ção aos outros meios de energia. energia mecânica, utilizada na moagem de
• Existe variação nas quantidades produ- grãos ou para bombear água.
zidas de acordo com a situação climatérica Atualmente, utiliza-se a energia eólica para
(chuvas, neve), além de que durante a noite mover aerogeradores - grandes turbinas colo-
não existe produção alguma, o que obriga cadas em lugares de muito vento. Essas turbi-
que existam meios de armazenamento da nas têm a forma de um catavento ou um mo-
energia produzida durante o dia em locais inho. Esse movimento, através de um gerador,
onde os painéis solares não estejam ligados produz energia elétrica. É necessário agrupar-
à rede de transmissão de energia. se, em parques eólicos, concentrações de ae-
• Locais em latitudes médias e altas (Ex: rogeradores para que a produção de energia
Finlândia, Islândia, Nova Zelândia e Sul da se torne rentável. Porém, podem ser usados
Argentina e Chile) sofrem quedas bruscas de isoladamente, para alimentar localidades re-
produção durante os meses de inverno devi- motas e distantes da rede de transmissão.
A energia eólica é considerada uma das
mais promissoras fontes naturais de energia,
de de rios, a maior parte da energia elétrica
disponível é proveniente de grandes usinas hi-
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principalmente porque não se esgota. Além drelétricas. Um rio não é percorrido pela mes-
disso, as turbinas eólicas podem ser utiliza- ma quantidade de água durante o ano intei-
das tanto em conexão com redes elétricas ro. Em uma estação chuvosa, a quantidade de
como em lugares isolados. água aumenta. Para aproveitar ao máximo as
A capacidade mundial de geração de ener- possibilidades de fornecimento de energia de
gia elétrica através da eólica, no ano de 2005, um rio, deve-se regularizar a sua vazão, a fim
era de aproximadamente 59 gigawatts, o de que a usina possa funcionar continuamen-
suficiente para abastecer as necessidades te com toda a potência instalada.
básicas de um país como o Brasil.
Energia da Biomassa
Energia Hidráulica Energia da Biomassa é a energia derivada
A energia hidráulica ou energia hídrica é de matéria viva como os grãos (milho, trigo,
obtida a partir da energia potencial de uma soja) as árvores e as plantas aquáticas. Esta
massa de água. Ela se manifesta na natureza matéria viva também é encontrada nos resí-
nos fluxos de água, como rios e lagos, e pode duos agrícolas e florestais (incluindo os res-
ser aproveitada por meio de um desnível ou tos de colheita e os estrumes) e nos resíduos
queda d’água. Pode ser convertida na forma sólidos municipais (lixo urbano). A biomassa
de energia mecânica, através de turbinas hi- pode ser utilizada como combustível em três
dráulicas ou moinhos de água. As turbinas formas: combustíveis sólidos como as lascas
por sua vez podem ser usadas como aciona- de madeira; combustíveis líquidos produzi-
mento de um equipamento industrial, como dos a partir da ação química ou biológica
um compressor, ou de um gerador elétrico, sobre a biomassa sólida e/ou da conversão
com a finalidade de prover energia elétrica de açúcares vegetais em etanol ou metanol;
para uma rede de energia. e combustíveis gasosos produzidos por meio
É necessário que haja um fluxo de água do processamento com alta temperatura e
para que a energia seja gerada de forma con- alta pressão.
tínua no tempo, por isto deve haver um su- A biomassa, atualmente, abastece 3,2%
primento de água ao lago, caso contrário das necessidades energéticas brasileiras. A Su-
haverá redução do nível e com o tempo a écia e Irlanda utilizam a biomassa para 13%
diminuição da potência gerada. As represas de suas demandas e a Finlândia abastece
(barragens) são lagos artificiais, construídos 14% desta maneira. Além disto, este recurso
num rio, permitindo a geração contínua. é de particular utilidade para nações do mun-
No Brasil, devido a sua enorme quantida- do em desenvolvimento, onde os altos pre-
ços do petróleo desaceleram o crescimento gia termal é produzida pela decomposição
econômico. Como uma forma armazenada de de materiais radioativos dentro do planeta, 16
energia solar, a biomassa tem a vantagem de o que leva algumas pessoas a se referirem à
que os custos com coletores são menores e o energia geotérmica como uma forma de
armazenamento de energia já está incluído. “energia fóssil nuclear”.
A biomassa pode ser convertida em combus- Vulcões, gêiseres, fontes de águas e lama
tíveis líquidos e gasosos em diversas etapas e quente são evidências visíveis dos grandes
a combustão direta para produção de vapor reservatórios de calor que existem dentro e
ou eletricidade já é bastante popular. As fon- debaixo da crosta terrestre. Apesar da quan-
tes de biomassa estão sendo fortemente con- tidade de energia térmica dentro da Terra
sideradas como combustíveis alternativos ser muito grande, o seu uso está limitado a
para o transporte, especialmente em função determinados lugares. Estes recursos não
dos novos padrões de poluição atmosférica. são infinitos e podem ser esgotados em um
determinado sítio de exploração intensiva.
Energia das Marés Não obstante, a energia geotérmica é um
A energia das marés é obtida de modo se- recurso que pode ser melhor desenvolvido
melhante ao da energia hidrelétrica. em locações favoráveis. Atualmente, 4% da
Constrói-se uma barragem, formando-se eletricidade gerada nos Estados Unidos pe-
um reservatório junto ao mar. Quando a maré las chamadas fontes renováveis vem da ener-
é alta, a água enche o reservatório, passan- gia geotérmica (isto é, quase quatro vezes a
do através da turbina e produzindo energia contribuição das energias eólica e solar).
elétrica, e na maré baixa o reservatório é es- Globalmente, a energia geotérmica tem
vaziado e a água que sai do reservatório, pas- crescido constantemente a uma taxa de cer-
sa novamente através da turbina, em sentido ca de 8,5% ao ano.
contrário, produzindo energia elétrica. Este Esta energia pode ser usada como fonte
tipo de fonte é também usado no Japão e de calor para aquecer interiores de casas,
Inglaterra. No Brasil, temos grande amplitu- água, ou ser convertida em energia elétrica
de de marés, por exemplo, em São Luís, na através dos vapores de escape. Em 1904, na
Baia de São Marcos, mas a topografia do li- Itália, pela primeira vez foi produzida eletri-
toral inviabiliza economicamente a constru- cidade a partir do vapor natural. Hoje em dia,
ção de reservatórios. muitas usinas geotérmicas estão em opera-
ção ao redor do planeta. A ilha do Havaí ob-
Energia Geotérmica tém 25% da sua eletricidade a partir de re-
A energia geotérmica é produzida através cursos geotérmicos. El Salvador gera a maior
do calor originado no interior da Terra onde parte de sua eletricidade com vapor originá-
as temperaturas atingem 4.000°C. Esta ener- rio de recursos geotérmicos.
Dados Mundiais de Energia 17
Oferta de Energia por Fonte

Oferta de Energia por Região

* Fonte: Agência Internacional de Energia (IEA)


Análise das Principais 18
Questões Ambientais
Para entendermos melhor as grandes ques- duções nos níveis de emissões de NOX de
tões ambientais que nos afetam nos dia de 15% (também em relação aos níveis de
hoje, bem como sua relevância para os pro- 1980). A meta de redução de emissões de
cessos de uma dada organização, é útil con- SO2 foi plenamente atingida em meados da
siderá-las sob os seguintes aspectos: década de 90, mas a meta para NOx tem se
mostrado mais difícil de alcançar, com uma
• Emissões atmosféricas redução de apenas 10% até agora.
• Descargas na água
• Disposição de resíduos no solo
• Uso da energia
• Ecologia e o ambiente natural

Emissões atmosféricas

1. Chuva Ácida
A chuva ácida resulta de emissões de SO2
e NOx que podem percorrer longas distânci-
as, a partir das fontes de emissão, antes de
serem lavadas da atmosfera pela chuva, ne-
blina ou neve. As principais fontes industri-
ais de SO2 e SO são as centrais de energia
elétrica e grandes usinas de combustão que
queimam combustíveis fósseis, e usinas de
redução de minérios que tratam minerais de
sulfeto. Formam-se óxidos de nitrogênio du- 2. Desgaste da
rante todos os processos de combustão no Camada de Ozônio
ar, mas as principais fontes de emissões de A maior parte do ozônio presente na atmos-
NOX são as usinas elétricas e os escapamen- fera da Terra encontra-se na “camada de ozô-
tos de veículos motorizados. nio”, situada entre 17 km e 50 km, aproxima-
A meta de despoluição requer também re- damente, acima do nível do mar. Ela filtra raios
UV nocivos, provenientes do sol, que podem
causar câncer da pele e catarata no olho.
Tanto no Brasil, quanto nos EUA existe le-
gislação para controlar emissões de metais
19
O ozônio (O3) é gerado pela ação da luz pesados para a atmosfera, e os padrões tor-
solar sobre o oxigênio normal, bimolecular. naram-se muito mais rigorosos sob os meca-
Um desgaste significativo da camada de ozô- nismos estipulados no Protocolo de Kyoto.
nio foi notado pela primeira vez em 1984, Existem agora, inclusive, controles na União
sobre a Antártida. A causa principal foi rapi- Européia sobre emissões provenientes de in-
damente identificada como sendo os cloro- cineradores municipais e industriais, e a dire-
fluorcarbonos, na época ainda utilizados em tiva CE (Comunidade Européia) sobre emissões
aerossóis, refrigeração, espumas, e solventes de gases poluentes a partir de instalações de
de limpeza. Sabe-se ainda que halons, em- armazenagem de produtos do petróleo poderá
pregados em extintores de incêndio, cloro- ser estendida também a pontos de varejo em
fórmio de metila, tetracloreto de carbono e futuro relativamente próximo.
brometo de metila também danificam a ca-
mada de ozônio.
O Protocolo de Montreal (1987) tratou
sobre os halons e outras substâncias que des-
gastam a camada de ozônio, e estipulou que
o emprego desses deverá ser reduzido gra-
dualmente e eliminado das fases de produ-
ção, distribuição e uso. Sob pressão dos con-
sumidores, os fabricantes concordaram em
abandonar o uso dos CFCs bem antes de
1997, com o entendimento de que alternati-
vas tais como hidro-fluorcarbonos (HFCs) e
hidroclorofluorcarbonos (HCFCs) seriam acei-
táveis como alternativas a utilizar durante o
período de eliminação gradual até 2030.

3. Outros Poluentes do Ar
Os principais poluentes industriais do ar 4. Solventes
são, atualmente, CO2, NOx, CO, fumaça ne- As emissões de solventes na água ou na at-
gra, compostos orgânicos voláteis, bifenilos mosfera podem ter uma variedade de efeitos
policlorados, dioxinas e metais pesados, odo- ambientais e também na saúde humana. Na
res de instalações comerciais são também um água, os solventes podem ser tóxicos, carcino-
problema comum. gênicos (que provocam câncer) e persistentes.
As emissões de solventes para a atmos- para os países reduzirem ainda mais suas
fera podem levar ao desgaste da camada emissões.
20
de ozônio. Compostos orgânicos voláteis
levam à criação de ozônio no nível do solo, 5. Emissões de Veículos
que desempenha um papel importante na Os transportes contribuem com mais ou
formação de neblina fotoquímica, contri- menos 30% das emissões totais de CO2 no
buindo assim para toda uma gama de dis- Brasil, maior parte sendo proveniente do
túrbios respiratórios. transporte rodoviário. As emissões de veí-
A União Européia emitiu diretivas para con- culos também contêm material particula-
trolar as emissões de solventes no ar. Já defi- do, hidrocarbonos não queimados, e
niu também diretrizes sobre a qualidade do chumbo. Reduzir o uso de veículos e as
ar e normas para emissão de ozônio ao nível emissões de motores é, por conseguinte,
do solo a partir de vários processos, abrangen- uma prioridade chave para o governo, e
do pintura de carrocerias de automóveis, de- faz parte da estratégia para qualidade do
sengraxamento, lavagem a seco e impressão. ar estabelecida pela Lei Ambiental de
O controle das emissões de gases poluen- 1995 e pela Lei de Redução de Tráfego
tes é também um ponto chave da Estratégia Rodoviário de 1997. Deve-se observar tam-
Nacional para Qualidade do Ar, por isso as bém que as emissões de veículos automo-
Nações Unidas estão buscando um acordo tores estão incluídas no escopo do Proto-
colo de Kyoto de 1997.
Diretivas da União Européia sobre emis-
sões de automóveis exigem, desde 1993,
que todos os carros novos apresentem no-
vos padrões de emissão de CO, NOx e par-
ticulados de escapamentos, como os ca-
talisadores. A instalação de conversores
catalíticos é obrigatória desde o final de
1992.
A Inglaterra introduziu um teste mais
amplo, e mais verificações na estrada para
veículos de carga pesada. Aditivos à base
de chumbo para a gasolina já foram eli-
minados do mercado britânico, e combus-
tíveis com teor ultra-baixo de enxofre já
se encontram amplamente disponíveis.
controle da água de rios, e por analisar todas
as políticas de licenciamento e monitoramen-
21
to de descargas em cursos d’água. Isto tem
resultado em maior rigidez na monitoração
e repressão a infratores.
Detalhes de todas as autorizações para des-
carga de efluentes estão disponíveis para ins-
peção pública, através de registros operados
pela autoridade de controle competente. Os
custos das atividades de fiscalização são co-
brados dos infratores diretamente pelos ór-
gãos de defesa do meio ambiente, sem re-
curso a tribunais.

2. Tratamento
de Água Residual
Descargas na água A noção de ‘água residual’ engloba água
de escoamento pluvial, água de esgoto indus-
1. Descargas de Efluentes trial e doméstico e efluentes originários de al-
A maioria das empresas fabris lançam eflu-
entes no esgoto para tratamento pelas com-
panhias de águas e esgotos. A companhia de
águas e esgotos fixa parâmetros de controle
sobre as descargas, e cobra taxas para rece-
bê-las e tratá-las. Certos tipos de processos
industriais enquadram-se na esfera de com-
petência da Agência Ambiental e estão su-
jeitos a controles muito mais rígidos.
Descargas em “águas controladas”, que
incluem rios, águas costeiras e águas subter-
râneas, são controladas por assegurar que
todos os compromissos assumidos pelos ór-
gãos despoluidores sejam cumpridos. Estes
órgãos são responsáveis por estar continua-
mente revendo os objetivos e padrões de
gum tipo de processo. No Brasil, atualmente, rio). Esta água assim tratada somente pode ser
a maior parte das águas residuais é descarre- descarregada quando tiver caído para menos
22
gada em redes públicas de esgoto e conduzi- de 20g de oxigênio por metro cúbico de água.
das até estações de tratamento de esgoto.
Houve época, entretanto, em que não era 3. Abastecimento de Água
raro se ver efluentes industriais sendo des- A maior parte das empresas brasileiras re-
carregados no mar através da desembocadura cebe sua água da companhia que detém a
de uma encanação de esgoto, ou ver lama rede local de fornecimento de água. Aque-
industrial ser levada em embarcações para las que utilizam volumes muito grandes de
despejo em alto mar. Essas práticas pratica- água ou que estão localizadas em áreas afas-
mente cessaram em seguida à adoção de re- tadas obtêm seus suprimentos por extrações
gulamentação sobre águas residuais urbanas, diretas da água subterrânea (através de po-
e com a adoção de muitas novas instalações ços artesianos) ou de águas superficiais.
de tratamento de água. Tem havido um abatimento severo nos ní-
Uma estação de tratamento de água rece- veis de água subterrânea e nos níveis de rios,
be a água residual poluída (‘influente’) e a tra- em alguns recentes anos de seca. As agênci-
ta utilizando bactéria oxidante, até que ela as ambientais são, consequentemente, res-
esteja limpa para ser devolvida a outro curso ponsáveis por gerenciar e manter recursos hí-
de água receptor, controlado (geralmente um dricos naturais. Elas também estimulam o uso
eficiente da água, promovendo maior reci-
clagem da água sempre que exequível.
Os padrões da qualidade da água são ba-
seados nos requisitos da água potável, e estes
são regidos por uma legislação e por contro-
les próprios. As companhias de águas têm a
obrigação legal de fornecer água apropriada
para beber. Algum tratamento local, tal como
remoção de nitrato de água fornecida para
cervejaria, pode ser exigida pelo usuário.
O custo do abastecimento de água, tanto
da rede pública quanto por extração da água
subterrânea ou superficial, vem aumentan-
do substancialmente nos últimos anos, e a
conservação da água já se tornou uma ques-
tão ambiental prioritária.
sária de bens de consumo e a promover o
retorno de embalagens, pelos consumidores,
23
ao ponto de venda. As novas Obrigações Re-
lativas a Resíduos de Embalagem, de 1997,
criadas sob a égide da Lei do Meio Ambiente
de 1995, estabelecem metas rigorosas de re-
ciclagem, tais como requeridas pela diretiva
de resíduos de embalagem. A disposição fi-
nal de materiais plásticos frequentemente se
dá sob a forma de incineração. Portanto, foi
emitida uma diretiva que controla as emis-
sões de incineradores municipais de lixo, es-
tabelecendo padrões rigorosos para a emis-
são de gases poluidores.

2. Papel
Disposição de Existe, no Brasil, um nível muito alto de
resíduos no solo interesse e pressão públicos quanto ao mai-
or uso de papel reciclado e por uma redução
na quantidade de papel usado nas empre-
1. Embalagens sas. As principais vantagens do uso de papel
Embalagens, especialmente seu destino
final, constituem um dos problemas ambien-
tais mais óbvios. O vidro é o mais antigo e
provavelmente o material de envasamento
que recebe maior reciclagem no mundo. La-
tas de alumínio e aço estão sendo crescente-
mente recicladas, e a reciclagem de papel e
plásticos está crescendo rapidamente. A re-
ciclagem de material de embalagem, em bre-
ve, irá se tornar obrigatória para todas as com-
panhias do Brasil na “cadeia de embalagem”,
em consequência das Regulamentações para
Resíduos de Embalagem, de 1997.
O governo está engajado em estimular a
indústria a reduzir a embalagem desneces-
jetivo, a longo prazo, é alcançar o “desen-
volvimento sustentável” de matérias-primas 24
do papel, abrangendo o replantio de árvores
e a reciclagem de lixo de papel, sempre que
isto for economicamente viável. A indústria
brasileira está sendo atualmente encorajada
a obter suprimentos de papel a partir de fon-
tes que subscrevam esquemas de gestão cer-
tificada de florestas.
3. Reciclagem
No Brasil, a tecnologia da reciclagem é
bastante incentivada em muitas indústrias,
particularmente as de metais secundários tais
como cobre, chumbo e sucata de metal fer-
roso. A reciclagem economiza os recursos
naturais, e a quantidade equivalente de ener-
gia necessária para produção primária e trans-
reciclado incluem as seguintes:
porte. Ela ajuda também a reduzir a quanti-
• Conservação de energia, uma vez que a
dade de resíduos lançados em aterros.
produção de papel a partir de polpa recicla-
Os encargos referentes à energia e dispo-
da requer significativamente menos energia
sição de resíduos estão crescendo rapidamen-
do que o papel virgem;
te, havendo muitos incentivos para incremen-
• Redução da poluição, uma vez que o
tar a reciclagem. O governo brasileiro esta-
processamento de papel reciclado exige uma
beleceu uma meta de 50% de recuperação
quantidade menor de reagentes químicos e
de todo o lixo doméstico reciclável, até 2010.
outras matérias-primas;
As autoridades locais são incentivadas a di-
• Redução da quantidade de madeira ne-
vulgar seus planos de reciclagem.
cessária;
• Redução da quantidade de resíduos que 4. Gestão de Resíduos
necessitam de disposição, aliviando assim a Os produtores de resíduos no Brasil e to-
pressão sobre espaço para aterros, e atrain- dos que importam, produzem, transportam,
do impostos mais baixos sobre aterros. mantêm, tratam ou dão destino final a seus
A economia da reciclagem de papel de- resíduos são incentivados para que atuem de
pende da eficiência da coleta, porém um es- maneira responsável, minimizando o risco
quema adequado de coleta poderia fazer in- para o meio ambiente. Já os produtores de
cursões significativas nas importações. O ob- resíduos controlados são obrigados a utilizar
apenas empresas transportadoras especiali- 6. Solo Contaminado 25
zadas e registradas para a destinação final de Uma área que esteja tão gravemente con-
seus resíduos (lixos químicos ou de hospitais). taminada a ponto de constituir um risco à
Estes só devem ser depositados nos locais saúde ou ameaçar as águas subterrâneas é
devidamente licenciados. denominada de solo contaminado. Em tal
Empresas que armazenam resíduos em caso, uma notificação oficial é feita ao pro-
suas próprias dependências devem ter uma prietário da área, exigindo a execução de
licença específica para tal, e podem ser for- medidas de remediação e contenção.
çadas a remover resíduos depositados ilegal- A contaminação do solo é, ao mesmo tem-
mente. Qualquer movimentação de resíduos po, uma questão de planejamento (urbano/
para fora das instalações deve ser acompa- rural) e uma questão ambiental. A remedia-
nhada de documentação adequada, caben- ção de solo contaminado pode ser extrema-
do à Agência Ambiental a obrigação de man- mente cara, mas é com frequência inevitá-
ter registros detalhados de movimentações vel. Os métodos de remediação incluem a
de resíduos. remoção de solo contaminado para um ater-
ro seguro, lavagem no local, tratamento fora
5. Resíduos Perigosos do local e posterior retorno do material à área,
Resíduos perigosos, antes conhecidos isolamento por barreiras impermeáveis e tra-
como “resíduos especiais”, são resíduos no- tamentos biológicos no caso de resíduos or-
civos à vida. Este tipo de resíduo já conta há gânicos ou oleosos.
bastante tempo com uma definição legal es-
pecífica, primeiro sob as Regulamentações
sobre Controle de Poluição Ambiental.
Uso da energia
Para ser classificado como “perigoso”, o
resíduo tem que possuir uma das proprieda- 1. Fontes de Energia de
des nocivas listadas na qualificação de Resí- Combustíveis Fósseis
duos Perigosos. Tais resíduos requerem pro- A produção e a utilização de energia re-
vidências especiais para sua disposição segu- presentam um dos maiores impactos sobre o
ra, não sendo mais permitido fazer sua dis- meio ambiente. A energia gerada por com-
posição final diretamente nos aterros sem tra- bustíveis fósseis é a maior responsável pelos
tamento prévio, que os torne inócuos. fenômenos do aquecimento global e da chu-
A maior parte dos resíduos perigosos é va ácida. Os combustíveis fósseis são princi-
constituída simplesmente por material de em- palmente os originários da extração do pe-
balagem que tenha sido contaminado por tróleo, e eles emitem CO2, SO2 e NOx.
seus conteúdos ou por outros resíduos com Uma das prioridades agora é reduzir a de-
os quais tenha entrado em contato. pendência de combustíveis fósseis, seja atra-
ca, das marés e solar, além de energia hi-
droelétrica, entre outras. Os sistemas de
26
cogeração combinando calor e energia es-
tão ampliando rapidamente sua participa-
ção no mercado.
No Brasil, o uso de energia renovável é bem
considerável, chegou ao patamar de aproxi-
madamente 40% da energia total consumida
no país. O nosso biodiesel está conquistando
o mundo e, por isso mesmo, gerando muita
controvérsia. Alguns estudiosos dizem que a
corrida pelos biocombustíveis tem efeitos di-
retos e globais sobre o aumento na demanda
e eventualmente sobre o preço dos alimen-
tos. Além disso, temos a maior hidrelétrica do
mundo - Itaipu -, que é responsável por 40%
de nossa energia elétrica gerada. Itaipu é tam-
vés da redução da demanda ou do aumento
bém responsável por 100% da energia elétri-
da eficiência térmica, ou por sua substitui-
ca utilizada pelo Paraguai.
ção por substitutos renováveis.
O Reino Unido, por exemplo, introduziu Em lugares como o Estado do Ceará, nor-
um Imposto de Mudança Climática, declara- deste brasileiro, já são utilizadas a energia
damente em resposta aos compromissos as- eólica e a solar e, em menor escala, a ener-
sumidos sob o Protocolo de Kyoto, mas ob- gia gerada pelas marés. O gás natural, ex-
jetivando também encorajar um distancia- traído de aterros sanitários, também é uti-
mento da opção por combustíveis fósseis. lizado em algumas cidades, gerando cré-
ditos de carbono.
2. Fontes de Energia O custo de implantação destas energias
Renovável ainda é dispendioso e bastante significativo,
no entanto elas representam um ganho para
É esperado que haja, em resposta ao pro-
o meio ambiente, uma vez que não são emis-
blema do aquecimento global, uma mu-
soras de CO2.
dança decisiva, em escala mundial, no sen-
tido de se adotar fontes renováveis de ener-
gia no século XXI. As opções atualmente 3. Eficiência em Energia
disponíveis incluem a utilização de biomas- A energia total consumida durante qual-
sa, biodiesel, gás de aterros, energia eóli- quer atividade pode ser considerada como o
produto de dois fatores: físicas. Entretanto, ainda existe muito campo
Energia demandada pela atividade para melhoramentos nesta abordagem da
27
X conservação de energia, especialmente com
Freqüência da atividade. relação ao uso eficiente de energia para a
realização de determinadas tarefas. Por exem-
Para que haja uma redução no consumo plo, uma lâmpada fluorescente de 20 watts
da energia temos que modificar pelo menos produz a mesma quantidade de luz que uma
um dos fatores. Mudando o estilo de vida, lâmpada incandescente de 75 watts e dura
que significa a utilização consciente de uma dez vezes mais. O custo inicial da lâmpada
menor quantidade de combustível, por meio fluorescente é maior, mas a economia nos
de comportamentos como, por exemplo, des- custos de eletricidade durante o uso médio
ligar o ar-condicionado ou dirigir por percur- por ano irá pagar o investimento. Se substi-
sos menores reduzindo, assim a frequência tuirmos as lâmpadas incandescentes por flu-
da atividade. Ou fazendo “ajustes técnicos”, orescentes, um número menor de usinas elé-
que consistem na utilização mais eficiente do tricas será necessário. O investimento da cons-
combustível para desempenhar a mesma ta- trução de uma planta industrial para a pro-
refa como, por exemplo, dirigir um carro com dução de lâmpadas eficientes no uso da ener-
um motor mais eficiente, reduzindo a ener- gia será muito menor que o necessário para
gia requerida por esta atividade. O sucesso a construção de uma usina de geração de ele-
máximo possível dos ajustes técnicos para tricidade. Este tipo de raciocínio econômico
conservação de energia é limitado pelas leis é de vital importância, principalmente no caso
dos países em desenvolvimento.
As empresas estão constantemente sendo
encorajadas a utilizarem energia de modo
mais eficiente. Esta eficiência tem sido bus-
cada no mundo inteiro, uma vez que a ques-
tão do aquecimento global atinge todo o
planeta e as consequências serão tanto para
os países pobres, quanto para os ricos.

Ecologia e o
Ambiente Natural

1. Desmatamento
O desmatamento tem efeitos ambientais
tanto globais quanto puramente locais. Fre- tecendo em escala planetária. A Floresta
quentemente, essa prática destrói o meio Amazônica teve cerca de 18.000 Km 2 a
28
de vida das populações locais que depen- 25.000 Km 2 do seu espaço territorial des-
dem da floresta para obter seu combustí- matado nos últimos anos. Boa parte em
vel, alimentos e preparados farmacêuticos, função do corte ilegal de árvores para ven-
podendo ainda exaurir dramaticamente os da. Este ainda é um problema que preci-
recursos hídricos, perturbar o clima local e sa ser fiscalizado com maior rigor pelas
levar a uma degradação do terreno através autoridades e combatido no território bra-
da erosão do solo. Estima-se que as quei- sileiro.
madas sejam responsáveis por até um quar-
to de todas as emissões de CO2 provocadas 2. Perda da Biodiversidade
pelo homem. Sem uma gestão adequada A exaustão da flora e fauna da terra e
dos recursos, o desmatamento leva à per- dos oceanos e rios constitui um proble-
da irrecuperável de madeiras de lei, tais ma que tornou-se causa célebre junto ao
como mogno e teca, existindo uma amea- público em geral. Pode haver até 50 mi-
ça de colapso nos mercados tradicionais lhões de espécies de organismos vivos
para esses materiais. sobre a terra, mas estima-se que até um
Alguns projetos de desmatamento es- terço deles poderiam tornar-se extintos
tão ligados às necessidades da popula- dentro de 30 anos, principalmente em
ção local, sendo necessários para fazer consequência do aumento na população
face ao crescimento demográfico. Outros, global e dos métodos de agricultura e
contudo, são empreendimentos comerci- pesca intensiva, necessários para susten-
ais concebidos em países estrangeiros. tá-la. A perda de fontes potencialmente
Este é particularmente o caso das flores- valiosas de alimentos, materiais industri-
tas tropicais sul-americanas, leste-africa- ais, medicamentos e reservatórios de ge-
nas e indonésias, que estão sendo des- nes para fins de reprodução de animais e
truídas de forma acelerada por projetos plantas, é incalculável.
de desenvolvimento urbano, extração de
madeira, construção de represas, explo-
ração agro-pastoreira, mineração e de- 3. Ruído/Perturbação
senvolvimento rodo-ferroviário. O ruído é um problema generalizado na
A Eco-92, realizada no Rio, trouxe uma indústria e na sociedade. Constitui a per-
mudança fundamental no modo como as turbação ambiental mais comum e pode
florestas tropicais são manejadas, espe- ter efeitos graves para a saúde e a segu-
cialmente no Brasil, mas a perda da co- rança dos trabalhadores nas fábricas, ape-
bertura de florestas ainda continua acon- sar de a maioria das reclamações feitas
contra o barulho vir de fora das fábricas, to de ir e vir”. O eco-turismo está se popula-
e não de dentro. rizando cada vez mais, mas pode também
29
A legislação existente nesse sentido é de significar uma ameaça para áreas naturais
competência dos órgãos municipais e sua fis- remotas, até então intocadas.
calização é bastante ineficiente. No setor dos
transportes, nossos governos continuam a 5. Desenvolvimento
pressionar os fabricantes a projetar motores
Sustentável
com menores níveis de ruído possíveis.
Tanto o desenvolvimento econômico
quanto o crescimento populacional exer-
4. Patrimônio cem tremendas pressões sobre nossos re-
As questões relativas ao patrimônio são cursos e sistemas naturais. Por exemplo, a
bastante abrangentes e incluem a proteção degradação do solo e dos recursos hídrico
do ambiente construído urbano, com seus torna extremamente difícil a expansão da
sítios históricos, culturais, arqueológicos, produção de alimentos. Muitos dos proble-
assim como o ambiente natural, o campo, mas ambientais associados com o aumen-
os parques nacionais e as áreas selvagens. to do uso da energia para abastecer este
Muito da degradação da herança cultu- crescimento já foram introduzidos.
ral de uma nação ocorre devido ao excesso Desenvolvimento Sustentável é aquele
de atividade turística, crescimento popula- tipo de desenvolvimento que atende às ne-
cional ou utilização excessiva, mas ela é, cessidades do presente, sem comprometer
em parte, consequência também de negli- a capacidade das gerações futuras de sa-
gência administrativa, danos acidentais, tisfazerem as suas. Ele implica a proteção
instabilidade política, terrorismo e guerra dos sistemas naturais necessários para ali-
civil. Estes dois últimos mais frequentes nos mentação e combustível, simultaneamen-
países europeus. te à expansão da produção para satisfazer
No Brasil, algumas medidas foram criadas as necessidades de uma população em
em relação ao patrimônio ambiental através crescimento.
de processos de planejamento, com o finan- A abordagem para atingir este objetivo
ciamento sendo provido por impostos naci- será diferente nos países desenvolvidos e
onais e locais. Em santuários ecológicos, naqueles em desenvolvimento. Os países in-
como a ilha de Fernando de Noronha, foram dustrializados têm uma responsabilidade es-
criadas taxas ambientais, cobradas do turis- pecial na liderança do desenvolvimento sus-
ta. O objetivo é atingir metas de um “turismo tentável, porque seus consumos passados e
sustentável”, uma vez que envolve formas de presentes dos recursos naturais são despro-
racionamento e de restrições sobre o “direi- porcionalmente grandes. Em termos de con-
sumo per capita, os países desenvolvidos ses pobres geralmente têm acesso limitado à
usam muitas vezes mais os recursos do pla- água potável e ao saneamento, são subnutri-
30
neta do que os países em desenvolvimento. dos e apresentam os mais baixos níveis de
Os países desenvolvidos também têm os re- educação. Metade da população dos países
cursos financeiros e tecnológicos para desen- em desenvolvimento é analfabeta; a expecta-
volver tecnologias mais limpas e menos in- tiva média de vida é de 90 mortes por mil nas-
tensivas na utilização de recursos. cidos vivos (contra oito por mil nos países de-
Para os países em desenvolvimento, desen- senvolvidos). Estes países têm que garantir a
volvimento sustentável é a utilização dos re- satisfação das necessidades humanas básicas,
cursos para melhoria dos seus padrões de qua- estabilizar o crescimento de suas populações
lidade de vida. Um quinto da população da e combater a pobreza, ao mesmo tempo em
tem Terra tem um PIB anual per capita menor que têm que conservar os recursos naturais es-
que 500 dólares. Eles também enfrentam sé- senciais para o desenvolvimento econômico,
rios problemas de saúde. Os cidadãos de paí- o que é uma tarefa muito difícil.
O Protocolo de Kyoto 31
O Protocolo de Kyoto é um dos com- poluentes.
promissos mais importantes em relação ao A redução estabelecida para os países
meio ambiente acordados no mundo. O da União Européia foi de 8% com relação
protocolo foi assinado na cidade japone- às emissões de gases em 1990. Para os Es-
sa de Kyoto, em 1997, e os 84 países par- tados Unidos, a diminuição prevista foi de
ticipantes se comprometeram a diminuir 7% e, para o Japão, de 6%. Para a China e
as emissões que contaminam o planeta. os países em desenvolvimento, como o
Foi a partir daí que o efeito estufa e o Brasil, Índia e México, ainda não foram es-
consequente aquecimento global do pla- tabelecidos níveis de redução.
neta chamaram a atenção das autoridades O Protocolo de Kyoto abrange decisões
no mundo todo. estabelecidas ainda pelo Painel Intergover-
A ação internacional para combater namental sobre Mudança do Clima estabe-
mudanças climáticas teve início em 1992, lecido conjutamente pela Organização Me-
quando a Convenção da ONU sobre Mu- teorológica Mundial e pelo Programa das
dança Climática (FCCC) foi aberta para as- Nações Unidas para o Meio Ambiente em
sinatura pelos países membros na cúpula
do Rio 92.
O acordo assinado em Kyoto estabele-
ce metas de redução nas emissões dos
gases responsáveis pelo efeito estufa. O
acordo internacional visa a reduzir as emis-
sões de gases estufa dos países industria-
lizados e garantir um modelo de desen-
volvimento limpo aos países em desenvol-
vimento. O objetivo do Protocolo é con-
seguir reduzir em 5,2% as emissões dos
gases responsavéis pelo efeito estufa, com
base nos níveis de 1990 para o período
2008-2012. Ele impõe níveis diferenciados
de redução para 38 países considerados
os principais emissores de dióxido de car-
bono (CO2), metano (CH4), e demais gases
1998 e também pelo Protocolo de Montre- trializados dos quais é exigido o cumpri-
al sobre as substâncias que destroem a ca- mento das metas de redução acordadas
32
mada de ozônio. para a “cesta” dos seis gases de efeito es-
Como as metas traçadas pelo Protocolo de tufa podem atender tal exigência imple-
Kyoto se esgotam em 2012, uma segunda ro- mentando programas de redução própri-
dada do Protocolo de Kyoto está planejada os ou adquirindo cotas não-utilizadas de
para o período 2010-2030, devendo incluir países que estejam abaixo de suas metas
outros países além dos atuais signatários. Mas designadas ou que estejam fora do acor-
até agora não foram estabelecidas metas fu- do de Kyoto. É o chamado Mercado de
turas, e mesmo a primeira rodada do Proto- Créditos de Carbono, o mais conhecido
colo de Kyoto foi efetivamente ratificada pela dos mecanismos flexíveis estipulados pelo
maioria dos signatários originais em 2004. E protocolo.
agora, o Protocolo de Kyoto finalmente en- Os outros dois mecanismos (IC e MDL)
trou em pleno efeito, obrigando legalmente permitem que os países desenvolvidos com-
todos os países signatários que o ratificaram pensem suas emissões de gases de efeito
a cumprir suas metas. Porém, fora da União estufa por meio de investimentos em pro-
Européia, observa-se pouco entusiasmo com jetos de redução de emissões.
relação à Kyoto. Por exemplo, projetos de plantações de
florestas em outros países poderiam gerar
“Mecanismos Flexíveis” créditos de carbono para o país investidor.
do Protocolo de Kyoto Os mecanismos flexíveis foram original-
Para ajudar os países signatários e as em- mente criados como instrumentos interna-
presas a atingir suas metas de redução dos cionais para serem transacionados e/ou uti-
gases responsáveis pelo efeito estufa, assumi- lizados entre governos, mas empresas tam-
das sob o Protocolo de Kyoto, são admitidos bém podem tomar parte neles e, de fato,
os assim chamados “mecanismos flexíveis”: algumas delas vêm desenvolvendo meca-
nismos internos próprios para tal, por ve-
• Comércio de emissões; zes até bastante sofisticados. A Shell, por
• Esquemas de Implementação exemplo, está comercializando licenças no
Conjunta (IC); mercado internacional, cada uma delas va-
• Mecanismos de Desenvolvimento lendo 100 toneladas de CO2, ou seu equi-
Limpo (MDLs). valente em metano, entre suas várias ope-
rações espalhadas pelo mundo todo. Ou-
O princípio básico do comércio interna- tras multinacionais vêm procedendo de for-
cional de emissões é que os países indus- ma similar.
Crédito de Carbono 33
O crédito de carbono está diretamente li-
gado ao Protocolo de Kyoto, uma vez que o
documento determina a cota máxima que os
países desenvolvidos podem emitir de gás
carbônico. Ele foi um dos mecanismos cria-
dos para a compensação de emissões dos ga-
ses responsáveis pelo efeito estufa. Estes cré-
ditos criam um mercado para a redução des-
tes gases, creditando um valor em dinheiro à
poluição produzida no planeta.
Uma tonelada de CO2 (dióxido de carbo-
no) equivalente corresponde a um crédito de
carbono. O CO2 equivalente é o resultado da
multiplicação das toneladas emitidas pelo
seu potencial de aquecimento global. Os cré-
ditos de carbono são certificados emitidos
quando ocorre a redução de emissão de ga- de parte do pulmão do mundo, a Floresta
ses do efeito estufa. Esse crédito pode ser Amazônica, está situada em solo brasileiro.
negociado no mercado internacional. O Brasil tem hoje 37 programas de energia
Ele é ainda uma fórmula contábil de com- limpa registrados na Organização das Nações
pensar países em desenvolvimento pelos bons Unidas (ONU), o órgão responsável pela cer-
serviços de diminuição de emissões de gases tificação dos projetos. Por isso, tornou-se lí-
na atmosfera. Os países industrializados são der mundial em projetos de crédito de car-
obrigados, pela convenção da ONU, a dimi- bono, mercado que movimenta cerca de 9,4
nuir suas emissões de gases. Isto significa que bilhões de euros por ano.
se uma empresa da Bélgica não consegue
diminuir aquela emissão, ela pode pagar Sequestro de Carbono
outra empresa da Costa Rica, ou do Brasil, ‘Sorvedouros’ de carbono, especialmente
por exemplo, para diminuir os gases em nome nos oceanos e nas florestas do planeta, de-
dela. Trinta e sete países assinaram o com- sempenham um importante papel no contro-
promisso de reduzir as emissões de gases le do teor de CO2 na atmosfera, por meio do
entre 2008 e 2012. mecanismo conhecido como ‘sequestro de
A questão do crédito de carbono pode tra- carbono’. Ele é, em suma, um processo de
zer benefícios para o Brasil, uma vez que gran- remoção de gás carbônico da nossa atmos-
fera elaborado pelo próprio planeta como Todas as plantas, de fato - e não apenas as
uma proteção natural de nosso ecossistema. florestas - passam continuamente por proces-
34
O processo é realizado através dos mares sos de sequestro de carbono. Há muito tem
e das florestas. O dióxido de carbono é ‘se- sido reconhecido que alguns cultivos tais
questrado’ (fixado) pelos mares por simples como soja, sementes de linho, colza e giras-
dissolução, enquanto que nas florestas ele sóis apresentam taxas mais aceleradas de se-
acontece por meio da fotossíntese na massa questro de carbono ao serem desenvolvidos
de celulose de árvores em crescimento. O como produtos comerciais: geralmente se-
agravamento do efeito estufa poderia estar mentes, óleos e produtos refinados. Tais cul-
ocorrendo devido ao descompasso entre a tivos, portanto, podem ser aproveitados na
taxa de emissões de CO2 para a atmosfera e a área de comércio de emissões de carbono.
sua capacidade de remoção por processos Assim, uma safra de girassóis, por exemplo,
naturais. pode ser utilizada para uma série de propó-
O oceano é o maior reservatório de carbo- sitos, incluindo os seguintes:
no na Terra, com cerca de cinquenta vezes • Produção de sementes e óleos para ali-
mais carbono que a atmosfera. Já os ecossis- mentação humana e animal;
temas terrestres (florestas e solo) são consi- • Produção de óleos refinados (via processo
derados como um grande sumidouro de car- de esterifização) especialmente o biodiesel;
bono, especialmente os solos. • Meio de troca internacional no comér-
cio internacional de carbono

Impactos Significativos
A pergunta “quando é que um impacto
ambiental torna-se significativo” constitui
uma das maiores dores de cabeça na inter-
pretação de normas como a ISO 14001. Como
não se encontram, na própria especificação
da ISO 14001, diretrizes firmes sobre o as-
sunto, existe total perspectiva de os avalia-
dores designados pelo certificador chegarem
às suas próprias conclusões inteiramente ar-
bitrárias quanto a um impacto ser ou não sig-
nificativo.
Muitas empresas têm adotado a seguinte
definição:
- O impacto significativo é controlado por
legislação ou códigos de prática estabeleci-
de Significância” que varia de -10 (o impac-
to mais adverso) a +10 (o impacto mais be-
35
dos; néfico). Nesta escala, qualquer impacto com
- Tem implicações financeiras que podem uma pontuação fora da faixa +/-3 é conside-
levar à responsabilidade financeira ou legal; rado de grande significância. Obviamente, tal
- Tem um potencial para dano ambiental escala não é universalmente aplicável, porém
que é reconhecido nos procedimentos de o princípio geral é válido. A idéia da pontua-
emergência e no planejamento de contin- ção também reconhece que alguns impac-
gência da empresa; tos são até benéficos ao meio ambiente
- É sabidamente uma fonte de preocupa-
ção para os consumidores;
- É sabidamente uma fonte de preocupação
para banqueiros, acionistas e seguradores;
- É sabidamente uma fonte de preocupa-
ção para a comunidade local, ou é uma cau-
sa de reclamação.
Isto não impede a inclusão de impactos
“insignificativos” no cadastro, mas receberi-
am o mesmo grau de atenção que os signifi-
cativos.
Alguns setores têm tentado desenvolver
um sistema mais quantitativo para separar
impactos significativos do resto. Um exem-
plo, referente às indústrias de móveis e pro-
dutos de madeira que propõe uma “Escala
O Planeta tem Pressa 36
Até mesmo os mais incrédulos já concor-
dam: a temperatura da Terra está subindo e a
maior parte do problema é provocada por
ações do homem, como a queima de com-
bustíveis fósseis. Ainda persistem divergên-
cias acerca do tamanho do impacto sobre a
vida humana. As soluções também são con-
troversas.
Veja aqui as 50 perguntas e respostas que
vão ao centro da questão. O conjunto de-
monstra que é preciso agir agora.

1 - Existe alguma dúvida científi-


ca incontestável de que o planeta
está se aquecendo?
Não. Nem os cientistas mais céticos colo-
cam esse fato em dúvida. Nos últimos 100
anos, a temperatura média mundial subiu calota norte, o Ártico, que vem perdendo área
0,75 grau Celsius. Também não existe con- a cada verão, é uma forte evidência. Na calota
testação séria ao fato de que isso vem ocor- sul, a Antártica, as perdas são menores e há
rendo em um ritmo muito elevado. Entre até aumento da massa total de gelo mesmo
1910 e 1940 (portanto, em trinta anos), a com diminuição da área. Paradoxo? Não. Esse
temperatura média do planeta se elevou 0,35 aumento é atribuído ao aquecimento na re-
grau. Entre 1970 e hoje (38 anos), subiu 0,55 gião, em geral mais seca do que o deserto do
grau. Nos últimos doze anos o planeta expe- Saara. Com mais chuvas, forma-se mais gelo.
rimentou onze recordes consecutivos de al-
tas temperaturas. 3- Os cientistas dispõem de instru-
mentos confiáveis parta avaliar as
2 - Além das medições, existem mudanças climáticas?
outras evidências irrefutáveis do Os sinais do aquecimento global não são
aquecimento? produtos de modelos de computador, mas de
O derretimento do gelo especialmente na medições por instrumentos precisos. Entre as
mais concretas estão as medições feitas por reu há 410.000 anos, o segundo há 320.000,
satélites e por sondas flutuantes nos oceanos, o terceiro há 220.000 e o quarto há 110.000.
37
que fornecem dados em tempo real, segundo Em todos esses casos, mesmo sem interven-
a segundo. São consideradas também as me- ção humana, houve aumento da concentra-
dições menos diretas, como a que detecta a ção de gases que capturam o calor e acentu-
espessura e a extensão do chamado “perma- am o chamado efeito estufa. A fonte mais
frost”, o terreno eternamente congelado no provável desses gases foram as grandes erup-
Círculo Polar Ártico. Até as flutuações de co- ções vulcânicas.
res nas auroras boreais fornecem dados sobre
a temperatura da terra. O interessante é que 6- Se a meteorologia não conse-
todas as medições, diretas e indiretas, apon- gue afirmar com 100% de certeza se
tam para o aquecimento, sem discrepâncias. vai fazer sol no fim de semana,
como ela pode prever o que vai
4 - A temperatura da Terra tem ci- acontecer daqui a cinqüenta ou 100
clos naturais de aquecimento e res- anos?
friamento, por que o aquecimento Saber se vai dar praia ou não é mesmo
verificado agora não é natural? mais complexo do que fazer um modelo con-
Há menos de quarenta anos, na década de fiável de longo prazo. A modelagem climáti-
70, alguns cientistas chegaram a prever que o ca lida com tendências e faz afirmações ge-
planeta está entrando em uma nova era glacial, rais sobre mudanças mínimas na temperatu-
tamanha a agressividade dos invernos no He- ra global. Já a meteorologia imediata traba-
misfério Norte. Essa previsão não pode ser com- lha sobre o micro clima e sua interação com
parada à previsão de aquecimento de agora. outros eventos climáticos mais gerais. Essas
Nunca houve consenso sobre a iminência de uma interações são, por definição, caóticas.
nova era glacial, tratava-se de pura especulação.
Agora existe um consenso mundial entre os ci- 7 - As estimativas de que a tem-
entistas de todas as tendências de que o planeta peratura média do planeta subirá
está se aquecendo. Menos consensual, mas ma- até 4 graus até 2100 são confiáveis?
joritária, é a noção de que o aquecimento é cau- Este é o cenário mais pessimista projeta-
sado pelo atual estágio civilizatório humano, em do pelos cientistas do Painel Intergoverna-
especial as atividades industrial e de consumo. mental sobre Mudança Climática (IPCC), que
reúne as maiores autoridades do mundo nes-
5 - Por quais períodos de aqueci- se ramo da pesquisa. É um cenário catastró-
mento a Terra já passou? fico, mas ele só ocorrerá, na avaliação dos
Nos últimos 650.000 anos foram identifi- cientistas, se nada for feito. A projeção mais
cados pelo menos quatro. O primeiro ocor- otimista dá conta de que o aumento projeta-
do seria de 1,8 grau. Isso exigiria um corte 11 – O ex-vice-presidente america-
de até 70% nas emissões de gases até 2050. no Al Gore ganhou o Oscar e o No-
38
bel da paz por seu filme em que
8 – Em que ponto os cientistas mostra consequências trágicas do
divergem? aquecimento. Todas as suas previ-
Todos concordam que o mundo está sões estão corretas?
mesmo se aquecendo. As principais diver- Al Gore optou por mostrar as consequên-
gências são sobre extensão da influência cias esperadas para os piores cenários. Fez um
humana e, em especial, sobre se vale a pena filme de propaganda, e não um documentá-
ainda buscar a qualquer custo a redução rio científico. Um exemplo: ele ressalta a pre-
drástica das emissões de gases do efeito visão de que o nível do mar subirá 6 metros
estufa. Quem discorda dessa linha sugere até 2100. O Painel Intergovernamental de
que todo o esforço científico e financeiro Mudanças Climáticas falava em um aumen-
dos países seja colocado no desenvolvimen- to máximo de 60 centímetros. Gore, o catas-
to de tecnologias que permitam à civiliza- trofista, exagerou feio. A favor dele, algumas
ção conviver com os efeitos de um planeta das previsões já têm sido revistas para cima.
mais quente. Os mesmos cientistas do IPCC consideram
agora que pode chegar a 1,2 metro de ele-
9 – Quando o aquecimento pas- vação do nível do mar em 2100.
sou a acontecer com mais intensi-
dade? 12 – O aquecimento global é pro-
O acúmulo de gases começou com o vocado pela ação humana?
advento da Revolução Industrial, no sécu- Como se viu, a Terra já experimentou ci-
lo XVIII. O aquecimento é diretamente pro- clos de aquecimento muito antes de o ho-
porcional à atividade industrial. Portanto, mem fazer sua primeira fogueira. O que pa-
quanto mais intensa ela for, mais dióxido rece claro, agora, é que a atividade humana
de carbono (CO 2), metano e óxido nitroso está contribuindo para o aumento do ritmo
(N2O) serão lançados na atmosfera. Os pro- da elevação da temperatura média global.
blemas começaram a se manifestar agora Isso se dá pela emissão principalmente de
porque esses gases tendem a se acumu- CO2, o que dificulta a dissipação do calor para
lar. o espaço. Atualmente, a atividade humana
produz mais CO2 do que a natureza. Antes
10 – Quanto a temperatura glo- da Revolução Industrial, as emissões de ori-
bal já subiu? gem humana somavam 290 ppm (partes por
Durante o século XX, a temperatura mé- milhão) de CO2. Agora chegam a 380 ppm.
dia global subiu cerca de 0,75 grau. Uma das principais razões é a ineficiência
energética. Para se ter uma idéia, uma única vimento sem consumo de energia, e a ener-
lâmpada, ao final de sua vida útil, terá con- gia disponível em larga escala depende de
39
sumido em eletricidade o equivalente a 250 carvão, petróleo e gás natural. A principal
quilos de carvão (cálculo válido para os paí- razão é que os combustíveis fósseis, quando
ses que geram energia elétrica com carvão queimados, emitem, em forma de gás, o car-
mineral). bono que ficava armazenado no subsolo. Isso
aumenta a concentração na atmosfera.
13 – Por que a emissão de CO2 au-
menta a temperatura? 16 – Qual o peso do desmatamen-
O aumento da concentração de gases cria to e das queimadas nesse fenôme-
uma barreira na atmosfera. Ela impede que o no?
calor do sol, quando refletido na Terra, se dis- Cerca de 18% das emissões de CO2 são ori-
sipe no espaço. O calor fica retido entre a su- ginadas de queimadas.
perfície do planeta e a camada de gases. Daí
o nome efeito estufa. O CO2 é o principal vilão 17 – Qual a parcela de responsa-
porque sua presença é predominante. Equi- bilidade dos países emergentes no
vale a 70% da concentração desses gases. aquecimento global?
Quando se analisa historicamente, a par-
14 – Que outros fatores podem cela de culpa desses países é pequena. A
concorrer para o aumento da con- questão é como eles vão se comportar de
centração de gases do efeito estu- agora em diante. Como são muito populo-
fa? sos e têm grande potencial de crescimento
Além da atividade humana, fatores natu- econômico, podem se tornar os grandes vi-
rais contribuem para as alterações climáticas, lões do futuro.
o processo de decomposição natural de flo-
restas, o aumento da atividade solar e as erup- 18 – Qual a participação do Brasil,
ções vulcânicas. Mas nenhum desses fatores em especial?
produziu transformações com a velocidade A maior preocupação em relação ao Bra-
que a atividade humana vem provocando. sil é quanto às queimadas e aos desmatamen-
tos. Esse dois fatores respondem por 75% das
15 – Qual o principal agente da emissões de CO2 no país. Se forem conside-
emissão de CO2? radas apenas as emissões de CO2 decorren-
A queima de combustíveis fósseis. Ela é res- tes da queima de combustíveis fósseis, o Bra-
ponsável por cerca de 80% das emissões glo- sil é o 16º maior poluidor do mundo. Mas,
bais desse gás, o que coloca o mundo numa se for levada em conta a devastação ambien-
espécie de sinuca de bico. Não há desenvol- tal, o país salta para a quarta posição.
19 – É razoável esperar que os fracasso. Os países não-signatários de Kyoto
países emergentes reduzam sua aumentaram suas emissões em ritmo menor
40
taxa de crescimento para não con- do que os que assinaram o documento.
tribuir ainda mais para o aqueci-
mento global? 22 – Até que temperatura a vida
É uma resposta difícil. Agora que o Hemis- na terra é viável?
fério Sul começou a crescer e proporcionar A experiência em regiões desérticas e tro-
melhores condições de vida à sua população, picais mostra que a vida humana em socie-
surge a questão da sustentabilidade – que dade é possível à temperatura constante de
não existia quando os atuais países ricos se 45 graus. Isso não significa que a vida seria
industrializaram. O melhor que as nações ri- tolerável se todo o planeta atingisse esse
cas podem fazer é ajudar as emergentes a ter pico de temperatura. O desarranjo obrigaria
acesso mais rápido a tecnologias limpas. a humanidade a buscar novas estratégias de
sobrevivência. Por outro lado, nem o mais
20 - O ritmo de crescimento da pessimista dos cientistas acredita que o aque-
temperatura dá sinais de estar arre- cimento global ofereceria risco de sobrevi-
fecendo? vência para toda a raça humana.
Não. Tudo indica que ele está sendo man-
tido e que continuará assim. 23 - Há o risco de morrer gente?
Sim. Muitos cientistas acreditam que a onda
21 – Por que acreditar que esse de calor que matou mais de 30 mil pessoas na
ritmo será mantido? Europa durante o verão de 2003 já seja refle-
O aquecimento que observa hoje é uma xo do aquecimento global. Se essas ondas se
das ações do passado com as ações presen- tornarem mais frequentes, farão mais vítimas,
tes. Não há, a médio prazo, nenhuma alter- principalmente entre os mais pobres (que não
nativa energética com potencial de substituir têm alternativas de proteção) e os mais inde-
os combustíveis fósseis em larga escala. Para fesos, caso de crianças e idosos.
mudar radicalmente as emissões, seriam ne-
cessárias intervenções muito profundas, que 24 - Quais as consequências pre-
dificilmente seriam feitas de uma hora para visíveis para o Brasil?
outra. O ritmo de implementação das ações A mais grave seria a mudança de vegeta-
previstas no Tratado de Kyoto – principal ins- ção em metade da Amazônia, que se torna-
trumento dos países e organizações multila- ria uma espécie de savana ou cerrado, já a
terais para a redução das emissões de gases partir de 2050. Isso porque a temperatura na
do efeito estufa – está sendo mais lento do região subiria pelo menos 3 graus. Com a
que se esperava. O tratado é até agora um temperatura média do país, que hoje é de
25 graus, passando aos 29 graus, milhares seca nas regiões áridas e semi-áridas. O fim
de famílias teriam de deixar o sertão nordes- da água potável pode ocorrer, mas não
41
tino em busca de regiões de clima mais ame- somente por causa do aquecimento. Está
no. O nível do mar também subiria nas cida- relacionado também à poluição provoca-
des litorâneas, como Recife e Rio de Janeiro. da pelo homem e ao aumento de deman-
da por água, principalmente para a agri-
25 - Há risco de aumento de do- cultura irrigada.
enças como malária, febre amarela
ou dengue, por exemplo? 28 - Que outros impactos pode-
Este é um ponto controverso. Os que dis- riam ocorrer no dia-a-dia das pes-
cordam são em número muito maior do que soas?
os que concordam. A exceção são aquelas As chuvas seriam muito mais intensas,
doenças em que a relação é direta, caso da e isso afetaria todas as regiões. Espera-se
dengue, cujo mosquito transmissor se repro- que haja um maior número de noites
duz em maior escala no calor. quentes e ondas de calor, mas também
invernos mais rigorosos. A temperatura
26 - As geleiras vão derreter com- variaria em extremos. Se for mantido o atu-
pletamente? al ritmo de emissões – e levando-se em
Não vão. A previsão mais pessimista indi- conta as projeções de crescimento econô-
ca que 2% de todas as geleiras derreterão até mico, populacional, etc. –, haverá eleva-
2100. Esse derretimento é que levará ao au- ção do nível do mar, redução de florestas,
mento de 1,2 metro no nível do mar. enchentes nas regiões mais úmidas, secas
mais severas nas regiões de clima árido e
27 - Quais os riscos de faltar água? semi-árido.
A água potável vai acabar? Os rios
vão secar? É possível dizer também 29 - A disponibilidade de alimen-
que o sertão nordestino vai se de- tos estará comprometida?
sertificar? Depende do aumento da temperatu-
A disponibilidade hídrica do planeta ra. Se a elevação for de 2 graus (no má-
não mudará. A distribuição das chuvas ximo), poderá haver aumento da área
pelo globo é que será alterada. Aumenta- plantada, incorporando-se vastas áreas
rá a disponibilidade de água em alguns do Canadá e da Sibéria à produção mun-
lugares, principalmente nas latitudes mé- dial. Se a temperatura subir além disso -
dias e nas regiões tropicais úmidas. Quanto 4 graus ou mais - toda a agricultura
às regiões equatoriais, existe muita incer- mundial será prejudicada. Outro proble-
teza. Mas pode-se dizer que haverá mais ma é a mudança das chuvas, que pode
provocar secas mais severas na África e
no sul da Ásia.
32 - O aquecimento global será a
principal causa de extinção de espé-
42
cies?
30 - Pode-se esperar que o aqueci- Sim. Já neste século e no próximo, o aque-
mento inviabilize a vida em algumas cimento vai superar os dois grandes vilões
regiões do planeta, provocando mi- atuais, que são a caça predatória e a frag-
grações populacionais em massa? mentação de habitats.
Mais uma vez depende de quanto a tem-
peratura vai aumentar. No pior cenário, ha- 33 - Já há alguma espécie amea-
verá migração em massa de populações po- çada por esse motivo?
bres, da ordem de dezenas de milhões de Pelo menos 74 espécies de sapo desapa-
pessoas, em razão da falta de água para be- receram nas montanhas da América Central
ber e para a agricultura. No sudeste da Ásia devido ao aumento de 1 grau na temperatu-
também podem ocorrer fugas em massa, ra média. Isso mudou o micro clima e fez com
mas por causa de inundações. que um fungo da pele dos sapos se desen-
volvesse descontroladamente. Os anfíbios de
31 - A elevação do nível do mar todo o planeta também correm perigo.
poderá engolir partes inteiras do li-
toral dos países? 34 - Pode-se esperar algum bene-
fício do aquecimento ou apenas tra-
Caso se confirme a elevação do nível da gédia?
água do mar entre 30 e 60 centímetros, os Os impactos são principalmente negativos,
efeitos serão reduzidos. Mas a aceleração do pois perturbam um sistema já equilibrado.
degelo na Groelândia e na Antártica Ociden- Mas há alguns positivos, como o incremento
tal obrigou os cientistas a rever suas previ- à agricultura em lugares hoje muito frios, o
sões. Um exemplo: a Holanda tem mais de que trará benefícios à saúde humana.
40% de seu território abaixo do nível do mar.
Se a elevação da água for pequena, será pos-
sível contornar o problema com a constru- 35 - O mundo não tem problemas
ção de diques. Mas, se chegar ao limite má- que exigem enfrentamento mais ur-
ximo imaginado pelos cientistas, o país po- gente do que o aquecimento global?
derá perder uma parte enorme de seu terri- A fome, a falta d’água e as doenças ma-
tório. Durante o século XX, o aumento do tam mais gente hoje. Mas o mundo não pode
nível do mar na costa brasileira foi de 20 se dar ao luxo de ignorar o aquecimento glo-
centímetros. A média global foi de 17 cen- bal. Isso porque, além de efeitos desastrosos,
tímetros. tudo o que se fizer agora só terá resultado
décadas à frente. Além disso, para muitos dos globais entre 60% e 70% até 2050, a tem-
problemas atuais há soluções tecnológicas peratura subirá até o fim do século entre 2
43
iminentes. O buraco na camada de ozônio é e 2,5 grau. Se não se fizer nada, ela pode-
um exemplo. Ele se fechará num futuro pró- rá aumentar entre 4 e 5 graus no mesmo
ximo, graças a ações já empreendidas. No período, com efeitos desastrosos.
caso do aquecimento, se o mundo parar de
emitir gases de efeito estufa hoje, o proble- 38 - Reduzir a emissão de gases
ma ainda levará séculos para ser resolvido. do efeito estufa, como o CO 2 , é
Alguns limites já foram até ultrapassados. O mesmo o melhor caminho?
melhor exemplo é o gelo ártico. Em 2050 ele O que importa é a concentração “líqui-
poderá desaparecer totalmente durante o da”, ou seja, a diferença entre o que é
verão. Não há mais o que fazer. Não se pode emitido e o que é absorvido pela Terra.
esperar mais cinco ou dez anos para come- Ao mesmo tempo em que se reduz a
çar a agir vigorosamente. emissão de gases do efeito estufa, pode-
se investir no sequestro de carbono, seja
36 - Quanto será necessário inves- biológico (caso de aumento de área de
tir na suavização dos efeitos da mu- florestas), seja geológico (armazenagem
dança climática? de gás carbônico no subsolo, tecnologia
Num primeiro cálculo, estimou-se que seri- ainda em estudo). Há ainda o aumento
am necessários 150 bilhões de dólares anuais da eficiência energética em relação à que
para cumprir as metas do Protocolo de Kyoto. se tem hoje.
Mas é possível que a conta seja menor, dados
o avanço tecnológico e os ganhos em eficiên- 39 - É economicamente viável re-
cia energética. Um exemplo são os combustí- duzir as emissões de CO2 em escala
veis fósseis, os que mais emitem gases do efeito suficiente para resolver o problema?
estufa. Já existem, hoje, tecnologias capazes Se nada for feito, a economia mundial so-
de reduzir em 20% as emissões. Há outros frerá um abalo descomunal. O estudo Stern
exemplos mais simples. Os sistemas de ilumi- (do ex-economista-chefe do Banco Mundial
nação com LED, diodos de efeito luminoso, Nicholas Stern) fala em perdas anuais de até
têm eficiência quase vinte vezes superior à das 20% no PIB mundial (o conjunto de riquezas
lâmpadas de bulbo. produzidas pelas nações). Em economia, o
que torna possível pagar o preço de uma so-
37 - É possível reverter totalmen- lução é o valor do prejuízo causado pela ina-
te o aquecimento? ção. O estudo calcula que o investimento
Não. O máximo que se pode fazer é re- necessário para resolver o problema chega-
duzir o ritmo. Caso se reduzam as emissões ria a 1% do PIB.
40 - Não seria mais fácil resolver cativo. O planeta tem de buscar a máxima
o problema através do desenvolvi- reciclagem dos produtos e torná-los mais
44
mento tecnológico? duradouros. E isso deve ocorrer paralelamente
Ainda que se obtenha um elevado grau às mudanças em grande escala, como a subs-
de desenvolvimento tecnológico, vai demo- tituição de fontes de energia e a otimização
rar para que isso aconteça. Não há tempo do uso dos transportes.
para esperar sem trabalhar para reduzir as
emissões. 44 – O que é de responsabilidade
dos países e o que compete exclusi-
41 - Fontes de energia alternativa vamente aos cidadãos?
suprem as necessidades de redução Devida à urgência, são os governos que
de emissões de CO2? devem começar a fazer sua parte primeiro.
Todas as fontes renováveis, juntas, não
substituiriam sequer metade da quantidade 45 – É possível esperar que a hu-
do combustível fóssil usado hoje. Portanto, é manidade consiga se adaptar plena-
preciso reduzir as emissões de CO2 em no mente, seja qual for a intensidade
mínimo 55% até 2050. O papel das fontes climática?
de energia alternativas é auxiliar nesse esfor- Dependendo da elevação da temperatu-
ço, assim como na busca de eficiência ener- ra, torna-se impossível a adaptação, em ra-
gética. zão da falta de água para beber e para a agri-
cultura. Mas é preciso dizer que as mudan-
42 - Não seria mais fácil aceitar ças não afetarão a humanidade de forma
que as mudanças climáticas são ine- igual. Quem mora na Sibéria, por exemplo,
vitáveis e investir em formas de con- se beneficiará. Para os países da África, Ásia,
viver com elas? América Latina, no entanto, elas serão preju-
Buscar formas de adaptação será necessá- diciais, com o risco de migrações em massa.
rio de qualquer jeito. A diferença está no grau
de intervenção que será necessário. Depen- 46 – O controle de emissões de gás
derá da extensão das mudanças climáticas. carbônico conforme estabelecido no
Tratado de Kyoto terá algum resul-
43 – Atitudes individuais, como tado prático?
economizar papel e água, por exem- O único efeito prático do tratado foi des-
plo, surtem algum efeito? lanchar um vigoroso esforço mundial para o
Somente com atitudes individuais se po- desenvolvimento de tecnologias alternativas.
derá promover uma mudança no perfil do O esforço conjunto dos países é o único ca-
consumo, com o impacto ambiental signifi- minho.
47 – Por que os Estados Unidos Ou seja, o que se planta de novas árvores
não querem assiná-lo? no Brasil apenas compensa o CO2 emitido
45
O principal argumento é o impacto ne- por outro país. Ele não vai além, promo-
gativo da competitividade da economia vendo uma redução liquida. Conclusão: é
americana. É grande a influência da indús- bem-vindo, mais insuficiente.
tria automobilística e do petróleo sobre as
decisões do governo americano. Para es- 50 – Há tempo para evitar o de-
capar das pressões internacionais, o gover- sastre?
no daquele país resolveu investir bilhões de Há tempo de evitar as conseqüências mais
dólares na busca de tecnologias mais lim- negativas, mas não todas. A Terra já está se
pas e tem conseguido melhores resultados aquecendo. O objetivo viável é evitar que se
do que os dos signatários do protocolo. aqueça catastroficamente.

48 – O que governos e organis-


mos internacionais já estão fazen-
do de concreto?
Alguns países como Inglaterra e Alema-
nha, estão avançados na redução das emis-
sões e na busca de novas tecnológicas que
deverão alcançar, já no próximo ano, as
metas definidas para 2012. A União Euro-
péia começou a se impor novas metas, mais
arrojada, para 2020.

49 – As medidas compensatóri-
as, como o mercado de créditos de
carbono, terão resultados globais
expressivos?
O resultado é pequeno, pois o mercado
de carbono funciona como compensação.

*Fonte : Painel intergovernamental sobre Mudança Climática - Cientistas :


Carlos Nobre, José Marengo, Roberto Schaeffer e Suzana Kahn Ribeiro
A Legislação Brasileira 46

e o Meio Ambiente
O Conselho Nacional do Meio Ambiente
- CONAMA estabelece a política nacional do
meio ambiente, segundo decreto 99.297/
90. Sua atuação e consultiva e deliberativa,
dentro do Sistema Nacional do Meio Ambi-
ente – SUNAMA. O órgão é composto por
câmaras técnicas, grupos de trabalho, ple-
nário, grupos assessores e pelo Comitê de
Integração de Políticas Ambientais (CIPAM).
O Conselho é presidido pelo ministro do
meio ambiente e se reúne de três em três
meses. Trata-se de um colegiado represen-
tativo de setores das esferas federais, esta-
duais, municipais, empresarial e da socieda-
de civil.
O controle e preservação dos recursos am-
bientais no Brasil começou a ser esboçado
na década de 1930, podendo-se destacar, fragmentado e personalizado, que prevale-
entre os dispositivos legais aprovados nesse ceu até o início da década de 1970 e que
sentido, o Código de Águas (Decretos abordava a questão ambiental em diversas
24.643/34, 24.672/34, 13/35 e Decreto-Lei leis sobre águas, mineração, flora e fauna,
852/38), o Código de Pesca (Decreto-Lei caça e pesca, etc., muitas das quais ainda
794/38 e Decreto Lei 1.631/39), o Código em vigor.
de Águas Minerais (Decreto Lei 7.841/45 e Como resultado da Conferência de Esto-
o Código de Minas (Decreto Lei 1.895/40). colmo, em 1972, a abordagem jurídica da
Daí em diante, verifica-se um processo questão ambiental tornou-se mais ampla e
evolutivo muito significativo da legislação integrada, especialmente, a partir da pro-
ambiental brasileira, que ganha um novo ca- mulgação da Constituição Federal de 1988
ráter e deixa para trás o tratamento jurídico quando, de forma inédita e pioneira, inse-
riu-se na Lei Maior do país um capítulo es- vos legais vigentes não estão sendo cumpri-
pecífico dedicado ao meio ambiente. dos, ou estão apenas parcialmente .
47
Com isso, conferiu-se uma nova dimen- A explicação para esse fato é aparente-
são ao direito ambiental, que passou a con- mente simples, mas o problema é bastante
tar com dispositivos legais adequados para complexo e de difícil solução. Como o meio
assegurar as condições básicas para a for- ambiente é uma área de abrangência mui-
mulação e implementação de políticas de to generalizada que engloba toda e qual-
meio ambiente, coerentes com os princípi- quer atividade humana, e como a ação do
os e necessidades de um desenvolvimento homem, por mais simples que seja, não dei-
sócio-econômico sustentável. A legislação xa de produzir impacto ambiental, a sua
brasileira relativa ao meio ambiente ganhou abordagem adequada envolve aspectos ju-
um novo suporte com os princípios e dire- rídicos (obrigações x direitos) e técnicos (de
trizes contidos nos documentos aprovados engenharia ambiental ou de como fazer as
pela Conferência do Rio (ECO-92), em 1992. coisas em harmonia com o meio ambien-
Mesmo sendo inegável que tem havido, te). Estas duas vertentes da questão exigem
desde então, um tratamento jurídico mais conhecimentos multidisciplinares e muitas
cuidadoso e detalhado para a questão am- definições, claras, mesmo para as coisas
biental, a ponto da legislação brasileira ser mais simples. E constituem um imenso de-
considerada uma das mais avançadas do safio para quem legisla e para quem inter-
mundo, não é possível esconder que este vo- preta os textos legais. Por isso, o problema
lumoso e acelerado processo legislativo tem da normalização ambiental, sob os enfo-
dificultado a sua correta aplicação. É nítida ques administrativos e jurídico, passa a ser,
a defasagem que existe entre o ordenamen- antes de tudo, uma questão de clareza de
to jurídico e a realidade ambiental no Bra- objetivos e definições, o que nem sempre
sil, onde muitos dos princípios e dispositi- ocorre.
Bibliografia 48
• COUTINHO, Ronaldo; ROCCO, Rogério: organizadores. O direito ambiental das cidades,
Rio de Janeiro: DP&A editora, 2004.
• HINRICHS,A.R e KLEINBACH, M. Energia e Meio Ambiente. Tradução: Flavio Maron e Leo-
nardo Freire de Mello. Tradução da 3ª edição norte-americana, Titulo original: Energy: its use
and the environment, São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003.
• YARROW, Joana. 1001 maneiras de salvar o planeta: Idéias práticas para tornar o mundo
melhor. São Paulo: Publifolha, São Paulo. Tradução Ibraíma Dafonte Tavares, com a colabora-
ção de Elenice Barbosa de Araújo.
• Apostila Curso de Auditoria Ambiental do PROENCO Brasil ltda. David G, Jones tradução
de A. Romero M.S. – A Legislação Brasileira e o Meio Ambiente – Armando G.B. Castro, curso
prático de Auditoria Ambiental/ Proenco Brasil Ltda.
• RIBEIRO, José Cláudio Junqueira (organizador). Seminário Internacional Indicadores Am-
bientais. Belo Horizonte: Sigma, 2007.
• Terra editora minuano, ano 1 – nº 1.
• Época Negócios, no 15, maio 2008/ano 2, Rio de Janeiro: Globo.

Dicas de Site
• Ambiente Brasil – www.ambientebrasil.com.br
• Amigos da Terra Brasil – www.natbrasil.org.br
• Greenpeace – www.greenpeace.org.br
• WWF – Brasil – www.wwf.org.br
• Água online – www.aguaonline.com.br
• IBAMA – www.ibama.gov.br
• Instituto Brasil PNUMA - www.brasilpnuma.org.br
• Leis ambientais - www.anc.org.br/meioamb01.htm
• Ministério das Minas e Energia - www.mme.gov.br
Diretoria Senge Minas Gerais 49
Gestão 2007-2010

DIRETORIA EXECUTIVA
Presidente: Eng. Nilo Sérgio Gomes
Vice-presidente: Eng. Vicente de Paulo Alves Lopes Trindade
2º Vice-presidente: Eng. Rubens Martins Moreira
Diretor Secretário Geral: Eng. Raul Otávio da Silva Pereira
Diretor 1º Secretário: Eng. Eustáquio Pires dos Santos
Diretor 1º Tesoureiro: Eng. Anivaldo Matias de Souza
Diretor 2º Tesoureiro: Eng. Sávio Nunes Bonifácio
Diretor de Negociações Coletivas: Eng. Valmir dos Santos
Diretora de Ciencia, Tecnologia e Meio Ambiente: Eng. Nara Julio Ribeiro
Diretor de Promoções Culturais: Eng. Fernando Augusto Vilaça Gomes
Diretor de Relações Inter-sindicais: Eng. Jairo Ferreira Fraga Barrioni
Diretor de Saúde e Segurança do Trabalhador: Eng. Arnaldo Alves de Oliveira
Diretor de Assuntos Jurídicos: Eng. Paulo César Rodrigues
Diretora de Assuntos Comunitários: Eng. Laurete Martins Alcantara Sato
Diretor de Imprensa e Informação: Eng. David Fiúza Fialho
Diretor de Estudos Sócio-Econômicos: Eng. Abelardo Ribeiro de Novaes Filho
Diretor de Interiorização: Eng. Paulo Henrique Francisco dos Santos
Diretor de Aposentados: Eng. Waldyr Paulino Ribeiro Lima

CONSELHO FISCAL
Eng. Luiz Antonio Fazza
Eng. Vania Barbosa Vieira
Eng. Luiz Carlos Sperandio Nogueira
Eng. Dorivaldo Damascena
Eng. Marcelo de Camargos Pereira

DIRETORIA REGIONAL CENTRO


Diretora Regional Administrativa: Eng. Júnia Márcia Bueno Neves
Diretor Regional Secretário: Eng. Alfredo Marques Dyniz
Diretora Regional Tesoureira: Eng. Rosemary Antonia Lopes Faraco
DIRETORES REGIONAIS:
Eng. Daniel Meinberg Shimidt de Andrade 50
Eng. Clóvis Scherner
Eng. Clóvis Geraldo Barroso
Eng. Hamilton Silva
Eng. Augusto César Santiago e Silva Pirassinunga
Eng. Anderson Rodrigues
Eng. Pedro Carlos Garcia Costa
Eng. Antônio Lombardo
Eng. Débora Maria Moreira de Faria

DIRETORIA REGIONAL NORTE NORDESTE


Diretor Regional Administrativo: Eng. Aliomar Veloso Assis
Diretor Regional Secretério: Eng. Rômulo Buldrini Filogônio
Diretor Regional Tesoureiro: Eng. Jessé Joel de Lima
DIRETORES REGIONAIS
Eng. Antônio Carlos Sousa
Eng. Aloísio Pereira da Cunha
Eng. Guilherme Augusto Guimarães Oliveira

DIRETORIA REGIONAL ZONA DA MATA


Diretor Regional Administrativa: Eng. João Vieira de Queiroz Neto
Diretor Regional Secretário: Eng. Eduardo Barbosa Monteiro de Castro
Diretor Regional Tesoureiro: Eng. Carlos Alberto de Oliveira Joppert
DIRETORES REGIONAIS
Eng. Francisco Antônio Nascimento
Eng. Maria Angélica Arantes de Aguiar Abreu
Eng. Silvio Rogério Fernandes

DIRETORIA REGIONAL TRIÂNGULO


Eng. Ismael Figueiredo Dias da Costa Cunha
Eng. Antônio Marcos Belo

DIRETORIA REGIONAL VALE DO AÇO


Diretor Regional Administrativo: Eng. Ildon José Pinto
Diretor Regional Secretário: Eng. Antônio Azevedo
Diretor Regional Tesoureiro: Eng. José Couto Filho
Diretor Regional: Eng. Antônio Germano Macedo
DIRETORIA REGIONAL CAMPOS DAS VERTENTES
Diretor Regional Administrativo: Eng. Domingos Palmeiras Neto 51
Diretor Regional Secretário: Eng. Wilson Antônio Siqueira
Diretor Regional Tesoureiro: Eng. Nélson Henrique Nunes de Souza

DIRETORIA REGIONAL SUL


Diretor Regional Administrativo: Eng. Antônio Iatesta
Diretor Regional Secretário: Eng. Fernando de Barros Magalhães
Diretor Regional Tesoureiro: Eng. Paulo Roberto Mandello
DIRETORES REGIONAIS
Eng. Nélson Benedito Franco
Eng. Nélson Gonçalves Filho
Eng. Arnaldo Rezende de Assis
Eng. João Batista Lopes Júnior
Eng. Eberth Antônio Piantino
Eng. Júlio César Lima

Senge Minas Gerais – SEDE


Sindicato de Engenheiros no Estado de Minas Gerais
Rua Espírito Santo, 1.701 – Lourdes
CEP: 30160-031 – Belo Horizonte-MG
Tel: (31) 3271.7355 – Fax: (31) 3226.9769
Fone denúncias: 0800 283 1451
e-mail: sengemg@sengemg.org.br
site: www.sengemg.org.br

Senge Minas Gerais – Regional Zona da Mata


Rua Halfeld, 414 – sl 1209 – Centro
CEP: 36010-900 – Juiz de Fora – MG
Tel: (32) 3217.7451
Tel./Fax: (32) 3215.1325
e-mail: sengezm@sengemg.org.br
52

FICHA TÉCNICA

EDIÇÃO/COORDENAÇÃO/TEXTO:
Eng. Fernando Villaça Gomes
Engenheiro Civil/Urbanista/Ambientalista
Diretor SENGE-MG
fernandovillaca51@yahoo.com.br

ESTAGIÁRIO:
Fernando Malaquias Costa
Engenharia de Energia - PUC/Minas
fernandomalaquias10@terra.com.br

ILUSTRAÇÕES:
Carlos Jorge

ILUSTRAÇÃO CAPA:
Leonardo Assis Faria Gonçalves

ARTE FINAL:
Viveiros Edições

IMPRESSÃO:
Lastro Editora

O Senge-MG contribui para a preservação do meio ambiente.


Esta cartilha foi impressa em papel reciclado.

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