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Guerra dos Canudos

A Guerra de Canudos é tida como um dos principais conflitos que marcam o período
entre a queda da monarquia para a instalaçã o do regime republicano no Brasil. Esta
revolta, ocorrida nos primeiros tempos da Repú blica, mostra o descaso dos governantes
com relaçã o aos grandes problemas sociais do Brasil. Assim como as greves, as revoltas
que reivindicavam melhores condiçõ es de vida ( mais empregos, justiça social, liberdade,
educaçã o etc), foram tratadas como "casos de polícia" pelo governo republicano. A
violência oficial foi usada, muitas vezes em exagero, na tentativa de calar aqueles que
lutavam por direitos sociais e melhores condiçõ es de vida. 

Os Sertõ es, livro de Euclides da Cunha que retrata a Guerra de Canudos, 


e parece que realmente foi escrito para  ser lembrado. Ao contrá rio do que muitos pensam,
o autor nã o utilizou recursos jornalísticos para escrever a obra. Euclides queria que o
livro  fosse lido e relido por geraçõ es futuras, e conseguiu: é um clá ssico da 
literatura brasileira. O que muitos nã o sabem é que a abordagem do autor na 
cobertura do episó dio Canudos foi a mais calhorda e baixa em toda a imprensa 
do Brasil na época.
Euclides da Cunha, enviado especial do jornal O Estado de S. Paulo, nada mais fazia a nã o
ser confirmar as notícias que o Exército transmitia. Ele 
participava dos banquetes que o alto escalã o do Exército brasileiro 
realizava. Comia e bebia com os oficiais, e dessa forma nunca poderia 
produzir um texto imparcial. Euclides, em toda a sua obra, nã o conseguiu 
denunciar as barbaridades praticadas pelo Exército. Ele quase nã o fala da 
prá tica de decapitaçã o dos rebeldes, o que prova que sua "cobertura", se é 
que podemos chamar o que ele fez de cobertura, nã o foi fiel à realidade dos 
acontecimentos. Todos sabiam que os soldados cortavam as cabeças dos 
canudenses, antes e depois de mortos. As matérias publicadas pelo Estado de 
S.Paulo nã o passavam de falsos relatos de um jornalista medíocre, que teve 
medo de desempenhar seu papel social.
 
A abordagem de Euclides da Cunha na revolta de Canudos é a mesma que a grande 
imprensa faz quando se fala em MST. O Movimento dos Sem-Terra muito se 
assemelha a Canudos. Parece difícil imaginar, mas ambos têm em comum a 
ligaçã o com a terra e a posiçã o contrá ria aos interesses do Estado. E da 
mesma forma que trataram Canudos estã o tratando o MST.

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