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“Somos cegos...

cegos quando não vemos a beleza do mundo;


cegos quando não vemos a sua fealdade; quando não vemos a
alegria, quando não vemos a tristeza que à nossa volta reside...

Somos cegos...mais cegos que os próprios invisuais que vêem a


alma puritana dos mais fracos. Acabamos por ser mais fracos que
os próprios cegos...que vêem sem olhos de visão ocular mas com
os olhos da alma pura e que a condição lhes permitiu. São os
invisuais que vêem a realidade; que acreditam no surreal e não no
inteligível; cegos com olhos de ver...não com olhos de ilusão que
em tudo nos fazem acreditar, rendendo-nos à estúpida, ingénua e
incoerente visão de um mundo fantasista, longe da realidade do
presente.

Somos cegos… Porque não queremos ver, porque não queremos


reflectir, porque passamos na rua pela triste miséria existente num
mundo de princípios materialmente lógicos, espiritualmente
medíocres, sem preocupação para com o próximo, que precisa de
nós e não lhe damos a mão...

Somos cegos...porque damos ao que não precisa aquilo que a


outro devíamos dar...porque não pensamos que mais tarde
podemos ser nós; porque a realidade é uma constante da
vida...parem de sonhar, e acordem para um mundo que desaba
horas sem fio, que precisa de cada um de nós para voltar a
ser...belo.”

Santos, Paulo- “Pensamentos na escuridão”- 2008

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