Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
São Paulo
2006
Carla Andrea AYRES
Cristiana Ferreira da SILVA
Gisele Maria Ruaro ZANCHET
Renata Pinto TOSTA
Thais Fernandes de MORAIS
São Paulo
2006
Autorizamos a reprodução total ou parcial do conteúdo deste trabalho, desde que citada a
fonte.
D574
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação /
Carla Andrea Ayres ... [et al.]. - São Paulo, 2006.
109 p. : il. ; 30 cm.
CDD 025.04
Folha de Aprovação
Conceito:
Banca Examinadora
Somos gratas a Deus pela força diária, pela saúde, por todos os momentos de alegria e
felicidade que passamos juntas.
Agradecemos as nossas famílias e amigos pelo apoio, carinho, paciência e compreensão por
nossas ausências, para nos dedicarmos aos estudos ao longo do curso. Em 2006, tudo se
intensificou, o Trabalho de Conclusão de Curso exigiu muita dedicação e tempo, mas valeu a
pena, pois com a nossa convivência diária fortalecemos laços de amizade e carinho,
aprendendo a superar os obstáculos e as diferenças, contando sempre com apoio mútuo.
À Professora Maria das Mercês Apóstolo, somos gratas pela orientação prestada durante a
elaboração de todo o trabalho, e por compartilhar seu imenso conhecimento com todas nós,
direcionando-nos em todas as etapas de pesquisa e desenvolvimento do tema abordado.
This paper aims to examine concepts of Virtual, Digital and Electronic Libraries, submitted
by specialists in the Science of Organizing and Managing Libraries (Biblioteconomia) and in
Information Technology. The theoretical basis focuses on the increasing importance of
digitalization of National Libraries collections, also narrating, in a brief manner, the history
of the Brazilian National Library, so-called Fundação Biblioteca Nacional (National Library
Foundation), and describing its collections and main projects. It also intends to describe the
process of creating and implementing the Brazilian National Digital Library and analyses the
role of the librarian amidst the change from an analogical culture into a digital culture. Images
of the equipment existing in the digitalization lab of the National Library Foundation are
shown, including some works belonging to the institution’s collection and images, site and
projects.
Key words: Digitalization, Virtual Library, Digital Library, Electronic Library, National
Library, National Library Foundation, Brazilian National Digital Library.
LISTA DE FIGURAS
Figura 6 – Livro de Horas século XIV - XV. Quando a devoção é prática pessoal................94
Figura 7 – Livro de Horas século XIV – XV. Frontispício feito com seda verde
rendilhada do século XVIII. ...................................................................................................95
Figura 13 – Tamanduá.............................................................................................................97
Figura 14 – [Sterculiaceae (Sterculia chicha): Árvore da castanha de Periquito]
s.d. 1 des.: aquarela e grafite, col.; 34 x 24cm.........................................................................98
1 APRESENTAÇÃO...............................................................................................................15
2 INTRODUÇÃO....................................................................................................................17
3 OBJETIVOS.........................................................................................................................20
4 METODOLOGIA.................................................................................................................21
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................83
APÊNDICE A – Questionário.................................................................................................89
APÊNDICE B – Imagens retiradas do site da Fundação Biblioteca Nacional........................91
CURRÍCULOS......................................................................................................................119
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 15
1 APRESENTAÇÃO
Dentro do contexto das bibliotecas do futuro, Krzyzanowski (1997) afirma que as mesmas
“não vêm substituir as bibliotecas tradicionais, mas acrescentar aos usuários outras opções de
acesso às informações registradas”.
Portanto, nossa pesquisa baseou-se no movimento de digitalização dos acervos das bibliotecas
nacionais existentes no mundo, no compartilhamento de recursos e na criação da Biblioteca
Nacional Digital do Brasil. E também como essa “revolução” atingiu a área da
Biblioteconomia e Ciência da Informação, modificou o perfil e as atividades desenvolvidas
pelo bibliotecário, os produtos e serviços prestados por essas instituições. Consequentemente,
a forma de disseminar informações, tornando-as acessíveis a um grande número de pessoas, a
procura de conhecimento, espalhadas pelo mundo, independente das barreiras geográficas e
culturais.
Focamos nosso trabalho nas bibliotecas digitais, sua importância no contexto nacional e para
isso nos baseamos na experiência da Fundação Biblioteca Nacional do Brasil, situada na
cidade do Rio de Janeiro, com a implantação da Biblioteca Nacional Digital.
Acreditamos na relevância do nosso trabalho, que foi realizar uma pesquisa contemporânea,
sobre um tema atual e em discussão. Consideramos a importância da digitalização como a
maneira mais rápida, democrática e segura de acessar a informação e preservar o patrimônio
bibliográfico nacional.
Nossa colaboração consistiu em reunir e organizar documentos atuais mesmo tendo em vista,
a insipiência da existência dessas fontes.
Em virtude da escassez de literatura científica, nossa pesquisa foi embasada em alguns autores
da área e em literatura de divulgação por se tratar de um tema inovador. A velocidade com
que as tecnologias de informação evoluem nos leva a refletir e citar Cunha apud Campos
(2000), que “a nossa é uma dessas épocas em que a poeira das perguntas demora a assentar e
quando as respostas chegam já estão obsoletas”.
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 17
2 INTRODUÇÃO
Muitos questionam se a grande biblioteca digital universal é uma utopia ou realidade, para
Kelly (2006), “a tecnologia está pronta para abrigar num único acervo toda a produção
cultural do planeta”. Em todo o mundo, livros antigos, empoeirados e preciosos são colocados
sobre scanners de alta tecnologia, para que, página por página a biblioteca universal seja
construída.
de artigos e ensaios, 500 milhões de imagens, 500 mil filmes, 3 milhões de vídeos, shows de
TV e curtas, além de 100 bilhões de páginas da web. Todo esse material digitalizado cabe em
um espaço de 50 petabytes de discos, utilizando a tecnologia atual. Seria necessário um prédio
do tamanho de uma modesta biblioteca para guardar os discos. O avanço da tecnologia
permite a migração de tudo que conhecemos hoje para o universo dos bits.
A maior vantagem da biblioteca digital é sua portabilidade, os livros não mais serão ilhas,
estarão “linkados” a outros. Segundo Kelly (2006), links e etiquetas digitais (que remetem
umas páginas às outras na Internet) são as duas mais importantes inovações dos últimos 50
anos.
Com essas inovações o mundo estático do conhecimento transmitido através dos livros sofrerá
mudanças significativas, pois cada página de um livro descobrirá outras páginas de outros
livros, as obras digitalizadas deixam suas carcaças e se entrelaçam e se comunicam.
Portanto, a leitura se tornará uma atividade comunitária, será possível fazer anotações nas
margens dos livros e transferi-las a outras pessoas, trocar bibliografias e a partir deste
momento a biblioteca digital se torna um texto muito longo, torna-se o único livro do mundo.
Em concordância disso Kelly (2006), afirma que cada texto informará o outro sobre sua
existência como em um simples passe de mágica, através dos “links”.
Até poucos anos atrás essa magia existia em sonhos de muitos leitores e pesquisadores. Simon
(2002), refletia sobre a existência de um grande assistente virtual que fosse capaz de
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 19
3 OBJETIVOS
4 METODOLOGIA
Para realização deste trabalho, identificamos entre os diversos tipos de pesquisa qual se
adequava melhor ao assunto e aos objetivos delimitados para a confecção do mesmo.
Optamos pela técnica de pesquisa bibliográfica, realizada com base em documentos já
publicados na área a ser estudada, por se tratar de um assunto ainda novo e de conceitos
pouco definidos e que não aponta um consenso geral entre os autores pesquisados.
Essa técnica nos permitiu buscar e reunir informações em várias fontes e suportes, para
alcançar um dos nossos objetivos, a comparação entre conceitos sobre: Biblioteca Virtual,
Biblioteca Eletrônica e Biblioteca Digital.
Para facilitar a confecção do trabalho selecionamos e resumimos artigos científicos para auxiliar
na compreensão dos diferentes conceitos encontrados sobre as bibliotecas. Com o conhecimento
adquirido através da interpretação dos textos, dividimos e nomeamos cada capítulo.
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 22
Para obtenção de mais informações sobre o assunto realizamos novas pesquisas bibliográficas
em livros e artigos científicos. Tentamos um primeiro contato via e-mail com a Sra. Angela
Maria Bettencourt, responsável pelo projeto Biblioteca Nacional Digital do Brasil e não
obtivemos resposta. Elaboramos um questionário com perguntas abertas para facilitar a
comunicação entre nosso grupo e FBN. O mesmo foi enviado por e-mail para a responsável
pelo projeto. Infelizmente não obtivemos êxito. Somente após contato telefônico feito pela
bibliotecária Viviane Gomez da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo -
FESPSP obtivemos a resposta do questionário (Apêndice A).
O capítulo 7 foi escrito através de informações retiradas dos livros: A longa viagem da biblioteca
dos reis: do terremoto de Lisboa à Independência do Brasil de Lilia Moritz Schwarcz com Paulo
César de Azevedo e Ângela Marques da Costa; e do livro Biblioteca Nacional: a história de uma
coleção autoria de Paulo Herkenhoff que relatam a impressionante história da nossa Biblioteca
Nacional. O capítulo mostra ainda a trajetória da Fundação Biblioteca Nacional até o século XXI.
acervos de suas bibliotecas nacionais. Para isso pesquisamos na Internet e nos baseamos em
informações adquiridas no colóquio Biblioteca e Informação Digital: a herança cultural e
científica em bits e bytes - realizado no MASP em São Paulo, no dia 06 de abril de 2006
(ANEXO A – Folder). Em decorrência do evento buscamos notícias em jornais que
publicaram entrevistas feitas com alguns palestrantes do colóquio. Utilizamos o portal da
UNESCO por ser esta instituição a que formulou as diretrizes que auxiliam na digitalização
de acervos e estar na liderança dos grandes movimentos de preservação do patrimônio da
humanidade.
Em posse das respostas que a Sra. Ângela nos forneceu e com informações que retiramos do
site da FBN. Extraímos informações em artigos do jornal Folha de São Paulo, de 8 de abril de
2006 que relatavam as propostas da empresa Google para a digitalização do acervo da nossa
Biblioteca Nacional. Apresentamos o acervo da Biblioteca Nacional Digital do Brasil que teve
inicio através do projeto pioneiro Biblioteca Nacional Sem Fronteiras. Mostramos os
Tesouros, Projetos Temáticos e os projetos que estão em andamento.
Durante a nossa pesquisa realizamos uma visita à Fundação Biblioteca Nacional do Brasil,
localizada na cidade do Rio de Janeiro, no dia 26 de outubro de 2006, o que possibilitou
conhecer de perto a realidade dos processos, etapas e espaços existentes na Instituição, que
ora apresentamos.
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 24
¾ Eletrônica
De acordo com Ferreira (2004) eletrônica pode ser definida como parte da Física dedicada ao
estudo do comportamento de circuitos elétricos que contenham válvulas, semi-condutores,
transdutores ou a fabricação de tais circuitos.
Podemos entender segundo Aguiar apud Pereira e Rutina (1999) biblioteca eletrônica como
um ambiente de estudo, ensino e aprendizagem de educação na qual a informação, é,
prioritariamente, produzida e mantida em formato eletrônico e não confinado em espaço
específico. Os textos, imagens (estáticas e animadas) e material sonoro, alocados em
diferentes unidades físicas podem ser acessados de qualquer parte pelos os usuários.
Macedo e Modesto (1999) interpretam biblioteca eletrônica como uma réplica da biblioteca
tradicional, mas com recursos de hardware e software computacionais para facilitar a busca, a
leitura e a recuperação de informações armazenadas em mídia eletrônica (discos magnéticos,
disquetes, CD-ROM) ou em suportes impressos. No ambiente da biblioteca eletrônica a
informação impressa coexiste com a eletrônica. As bibliotecas automatizadas possuem
elementos eletrônicos e são exemplos de biblioteca eletrônica.
¾ Digital
Segundo Houaiss (2001), o termo Digital significa informação que trabalha exclusivamente
com valores binários.
De acordo com Santos e Ribeiro (2003) Biblioteca Digital disponibiliza seu acervo via
Internet ou outro acesso on-line, onde os documentos bibliográficos estão digitalizados apesar
de ser muito confundida com a biblioteca virtual, não deixa de sê-lo indiretamente.
Segundo Cunha (1999) biblioteca digital aparenta algo revolucionário, mas, na verdade é o
resultado de um processo gradual e evolutivo. Nas últimas décadas, o computador tem sido
utilizado de forma crescente, não só para recuperação de novas informações através da
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 26
A biblioteca digital além de disponibilizar seus catálogos de forma digital, permite que o
usuário faça a leitura de textos e documentos através do computador e efetue a importação dos
dados através de download. (PEREIRA e RUTINA, 1999).
Macedo e Modesto (1999), diferem a biblioteca digital das demais bibliotecas, pois
consideram um:
Serviço de informação no qual todos os recursos informacionais estão disponíveis
em formato processável por computador, ou seja, o armazenamento, preservação,
recuperação, acesso e apresentação das informações ocorrem através do uso de
tecnologia digital (discos ópticos e magnéticos). Nesse sentido a biblioteca digital
não contempla materiais impressos como livros, já que esses seriam
convertidos/digitalizados para o formato digital. A informação é, pois compartilhada
simultânea e instantaneamente por meio de acesso local ou remoto, já que a
biblioteca digital se estrutura em redes de computadores, que são também veículos
digitais. Este é o ponto chave: sua informação pode ser acessada remotamente em
múltiplas vias.
A biblioteca digital foi abordada em nosso trabalho, após observarmos que as grandes
bibliotecas nacionais utilizam esse termo para denominar o atual conceito de disseminação da
informação via Internet. Em meio aos diversos conceitos encontrados na literatura
especializada, acreditamos que o termo biblioteca digital é o mais adequado pois utiliza a
digitalização dos acervos, sendo essa a melhor maneira encontrada por grandes nações, para
criar, manter, preservar e propagar o patrimônio cultural do passado, presente e futuro da
humanidade.
¾ Virtual
Segundo Houaiss (2001) o termo Virtual constitui uma simulação de algo criado por meios
eletrônicos.
Para Ximenes (2003, p.963), virtual existe como faculdade, porém sem manifestação ou efeito
atual; potencial. Suscetível de realizar-se. Condição cuja concretização é quase inevitável.
Realidade perceptual (sons, imagens e sensações) criada exclusivamente pela ação ou uso do
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 28
Macedo e Modesto (1999) explicam biblioteca virtual como a ambiência da realidade não
presencial, faz uso de recursos complexos, próprios de tecnologia de realidade virtual, utiliza
softwares apropriados, acoplados a um computador conectado a outros periféricos interligados
(microfones, fones de ouvido, visores, luvas e capacete entre outros equipamentos especiais)
que produzem o cenário de uma biblioteca de forma dimensional. Através do uso desses
equipamentos o usuário tem a sensação de que os objetos visualizados se parecem e se
comportam como coisas reais. Esse poderá consultar os catálogos, percorrer estantes,
visualizar contextos, identificar espaços e fazer analogias. A biblioteca virtual faz uso de
tecnologia computacional das redes eletrônicas e de acessos remotos.
Para Torres Vargas apud Machado, Novaes e Santos (1999) a biblioteca virtual é um lugar
com corredores, prateleiras e livros que podem ser escolhidos e observados pelos usuários
enquanto caminham dentro da realidade virtual.
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 29
Bibliotecas virtuais são constituídas por conjunto de links para sites e documentos, softwares,
imagens, bases de dados, catálogos on-line, disponíveis na Internet e organizados, de maneira
estruturada, em áreas temáticas ou categorias de informação, possibilitando assim que o
usuário recupere a informação que considera importante. (MARCONDES e GOMES, 1997).
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 30
Disponibiliza seu acervo via Internet ou outro SANTOS, G. C.; RIBEIRO, C. M. Acrônimos, Siglas e Termos
acesso on line, onde os documentos bibliográficos 2003 Técnicos: Arquivística, biblioteconomia, documentação,
estão digitalizados. informática. Campinas: Átomo, 2003. 277p.
B MACHADO, R. das N.; NOVAES, M. S. F.; SANTOS, A. H. dos.
Possibilita o acesso a informação em suporte digital
i 1999 Biblioteca do futuro na percepção de profissionais da informação.
independente de tempo e espaço. Transinformação, Campinas, v. 11, n. 3, p. 215-222, set./dez. 1999.
b
Informações apenas na forma digital, podendo MARCHIORI, P. Z. “Ciberteca” ou biblioteca virtual: uma
l
residir em meios diferentes de armazenamento 1997 perspectiva de gerenciamento de recurso de informação.Ciência da
i Informação, Brasília: v.26, n.2 p.1-19, maio/ago.1997.
como nas memórias de discos magnéticos e ópticos.
o
PEREIRA, E. C.; RUTINA, R. O século XXI e o sonho da
t Disponibiliza catálogos de forma digital e o acesso biblioteca universal: quase seis mil anos de evolução na produção,
e 1999 registro e socialização do conhecimento. Perspectivas em Ciência
a textos e documentos através do computador.
c da Informação, Belo Horizonte, v. 4, n.1, p. 5-19, jan./jun. 1999.
a Recursos informacionais que estão disponíveis em
formato processável por computador, ou seja, o MACEDO, N. D, de; MODESTO, F. Equivalências: do serviço de
D armazenamento, preservação, recuperação, acesso e referencia convencional a novos ambientes de redes digitais em
i 1999 bibliotecas. Revista brasileira de biblioteca e documentação, São
apresentação das informações ocorrem através do
g uso de tecnologia digital (discos ópticos e Paulo, v. 1, n.1, p. 55-72, jan./jun. 1999.
i magnéticos).
t
a Uma biblioteca digital completa deve ser capaz de
l oferecer todos os serviços essenciais de uma
biblioteca tradicional, assim como explorar as bem 1996 LEVY, P. O que é o virtual. São Paulo: Editora 34, 1996.
conhecidas vantagens do estoque, pesquisa e
comunicação digital.
D
i
g HOUAISS, A.; VILLAR, M. de S.; FRANCO, F. M. de M.
i Informação que trabalha com valores binários. 2001 Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro:
t Objetiva, 2001.
a
l
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 32
No início da civilização, o homem transmitia oralmente suas experiências aos filhos, netos e
parentes próximos. Após este período indivíduos treinados para este fim transmitiam histórias
e experiências para as gerações futuras. As bibliotecas não surgiram em meio a este cenário,
nasceram posteriormente ligadas à história da escrita.
Registrar e preservar o conhecimento nas formas mais variadas sempre fez parte da nossa
vida. Iniciamos este processo utilizando materiais como argila, papiro, pergaminho e
posteriormente o papel. As bibliotecas surgiram da necessidade de armazenar documentos
produzidos após a primeira revolução técnico-linguística, a escrita.
Para escrever eram utilizados objetos pontiagudos de marfim, ossos ou metal, este tipo de
escrita ficou conhecido como cuneiforme. Deste período destaca-se o código de Hammurabi,
criado com a finalidade de implantar a justiça na terra, destruir o mal, evitar a opressão do
fraco, propiciar o bem estar do povo e iluminar o mundo. Outro documento muito importante
é o poema de Gilgamesh, considerado a primeira obra narrativa conhecida pela humanidade.
(SOUZA, 2005).
Podemos observar a importância da escrita, citando Diderot (séc. XVIII apud MARTINS,
2002, p. 70):
Sem a escrita, privilégio do homem, cada indivíduo, reduzido à sua própria
experiência, seria forçado a recomeçar a carreira que o seu antecessor teria
percorrido, e a história dos conhecimentos do homem seria quase a da ciência da
humanidade.
Países como Egito e China, entre outros, construíram bibliotecas séculos antes de Cristo,
porém uma das civilizações que mais deixou evidências sobre sua grande coleção de
documentos foi a assírio-babilônico, com a construção da grande biblioteca de Nínive, criada
no VI século a.C. A enorme coleção de tijolos de barro era organizada por seções. (SERRAI,
1975)
A grande biblioteca de Alexandria, criada entre 331 e 330 a.C., é considerada a primeira
biblioteca do mundo e ficou conhecida como: O Grande Templo da Sabedoria. Inaugurada
por Ptolomeu Sóter, enriquecia seu acervo, obrigando todo o navio, que aportasse em
Alexandria, a entregar quaisquer rolos de papiro que possuíssem. O original era enviado à
biblioteca e uma cópia era devolvida ao navio. Nos tempos áureos a biblioteca conseguiu
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 35
reunir cerca de 700 mil rolos, porém alguns incêndios destruíram grande parte do acervo. Em
48 a.C., aproximadamente 40 mil rolos foram destruídos por um incêndio provocado pelo
imperador Júlio César. Algum tempo depois Marco Antônio, líder romano, doou 200 mil
livros e pergaminhos à biblioteca de Alexandria, porém os documentos foram saqueados da
biblioteca de Pérgamo, sua grande rival.
Outras biblioclastias1 destruíram O Grande Templo da Sabedoria, diz a lenda que em 272
d.C., o imperador romano Aureliano mandou incendiar a biblioteca. Mais de um século
depois, em 392, Teodósio I, destruiu edifícios pagãos e Alexandria estava entre eles. No ano
de 640 com a invasão muçulmana a biblioteca sofre novo atentado, todo o seu acervo foi
enviado para servir de fonte de energia para os banhos públicos durante seis meses. O califa
Omar I declarou, que se os documentos estivessem de acordo com o Corão, não eram
necessários e se não estivessem, deveriam ser destruídos, foi o que aconteceu. (SOUZA,
2005).
Existe a versão de Cin (1923 apud MARTINS, 2002) para explicar a destruição da biblioteca
de Alexandria, Segundo o autor, quando os árabes tomaram a região em 640, a grande
biblioteca já havia sido destruída por César em 47 a.C.. Alexandria provavelmente teria sido
destruída pelos cristãos, porém para não serem responsabilizados pelo ocorrido criaram esta
lenda culpando os árabes, fortalecendo, assim, a rivalidade entre as religiões.
A biblioteca de Pérgamo, rival de Alexandria, foi uma das mais valiosas da Antiguidade.
Disputou com aquela em qualidade, importância e número de volumes. Os reis de Pérgamo
eram bibliófilos, admiradores da arte e cultura.
O seu fundador, Rei Atalo I Sóter e seu filho Eumenes II foram responsáveis por promover e
aumentar o acervo da biblioteca de Pérgamo chegando a acumular 200.000 volumes. Criaram
1
Destruição de livros. Um biblioclasta é uma pessoa que destrói livros.
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 36
também uma escola de estudos gramaticais seguindo uma linha diferente da existente em
Alexandria. Deram preferência a Filosofia, sobre tudo a Filosofia estóica, a busca da Lógica
ao invés de análises filológicas, diferente de sua rival, que se especializou em edições de
textos literários e críticas gramaticais.
A biblioteca de Pérgamo guardou por 100 anos os manuscritos de Aristóteles sem editar e
publicar o valioso tesouro. Só quando chegou a Roma, por insistência e empenho do político e
escritor Cícero, os manuscritos foram editados e tornaram-se públicos aos estudiosos e a todos
que quisessem ler.
Criada em 241 a.C., localizava-se na Ásia Menor e provavelmente foi destruída após a doação
de grande parte de seu acervo para a biblioteca de Alexandria, por ordem do general Marco
Antônio.
Durante a Idade Média, as bibliotecas localizadas dentro de mosteiros e conventos, não eram
acessíveis ao público. Somente pessoas ligadas ao clero utilizavam os acervos manuscritos e
os documentos religiosos eram copiados pelos próprios monges, nomeados copistas.
Conhecidas como centros de confecção de livros e depósitos de obras antigas e modernas, as
bibliotecas medievais contribuíram para salvar a riqueza literária da Antiguidade.
(MARTINS, 2002)
É importante ressaltar que nesse momento as bibliotecas medievais até então enclausuradas
em mosteiros, sentiram-se obrigadas a abrir seu acervo ao público leigo devido ao
crescimento das universidades. Não era mais possível manter seu o acesso a poucos
privilegiados.
EVOLUÇÃO DA BIBLIOTECA
Maturidade Virtual b
ERA IV a
Digital
ERA III
Eletrônica
ERA II
Automatizada
ERA I Zona de descontinuidade
Tradicional
moderna
Existem inúmeras histórias que relatam os motivos que originaram a criação de bibliotecas
nacionais. Cada instituição preserva a sua peculiaridade, mas a origem do conceito Biblioteca
Nacional surgiu na Revolução Francesa.
Em alguns países nasceram como organismos de apoio a uma determinada instituição, como a
conhecida Library of Congress. Em países em desenvolvimento foram criadas para dar
suporte aos sistemas políticos, sócio-econômicos e culturais. As localizadas na Europa
surgiram como bibliotecas dos reis que posteriormente foram abertas ao público para consulta
de eruditos e depois como museus de livros. Existe ainda as originadas em bibliotecas
privadas ou que sofreram influência de várias bibliotecas, como a British Library, e as que
foram criadas para satisfazer as demandas das populações estabelecidas em colônias e que
trazem a descolonização dos países. Seja qual for a origem de sua criação as bibliotecas
nacionais tem objetivos e funções a cumprir em relação às suas respectivas nações.
Em consonância com Zaguán (2000) os três objetivos principais das bibliotecas nacionais que
foram estabelecidos no Simpósio de Viena em 1958 e nos Seminários de Manila em 1964,
Quito em 1966, Colômbia 1967, Kampala 1970 e de construções em Roma em 1973 são:
2
Associación de Estados Iberomamericanos para el Desarrollo de las Bibliotecas Nacionales Iberoamerica.
Disponível em: <http://www.abinia.org/boletin/4-3/temas.htm>
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 39
sobre o seu país e responsáveis pelo bom funcionamento e desenvolvimento das outras
bibliotecas existentes. Agem como facilitadoras do acesso as informações organizadas,
porque preservam o acesso à memória documental de seu país, prestam suporte técnico a
outras instituições, coordenando ações que complementam o acesso e o uso de informações
disponíveis em cada um dos serviços oferecidos e disponibilizam informações via Internet.
De acordo com Zaguán, a UNESCO entende por bibliotecas nacionais aquelas que sob
qualquer denominação, são responsáveis pela aquisição e conservação de exemplares de todas
as publicações impressas no país e que funcionam como biblioteca de depósito, em virtude de
depositários legais. Normalmente podem desempenhar também alguma das seguintes funções:
3
As funções exercidas pelas bibliotecas nacionais segundo Programa NATIS da UNESCO
facilitam os serviços centrais perante as seguintes operações:
3
Infraestructuras Nacionales de Documentación, Bibliotecas y Archivos, 1974.
O programa se preocupa com o estabelecimento das infra-estruturas nacionais de documentação e
biblioteconomia para chegar em um sistema de controle e intercambio mundial de informação bibliográfica. O
acesso a este sistema se realiza em dois planos, o C.B.U e a D.U.P dos programas patrocinados pela IFLA.
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 40
A estrutura orgânica das bibliotecas nacionais pode seguir dois modelos. Modelo unitário
centralizado que reúne todas as funções e fundos em uma mesma biblioteca instalada em um
ou mais edifícios, caso das bibliotecas da Espanha e França antes da reestruturação e o
modelo plural descentralizado composto por várias bibliotecas que assume diferentes funções
ou se especializam em diferentes áreas como é o caso das bibliotecas da Itália, Alemanha e
Reino Unido.
4
Sistema Mundial de Información Científica
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 41
• Biblioteca Pública de Nova Iorque - The New York Public Library (NYPL), fundada em
1895.
Disponível em: < http://www.nypl.org/ >.
Com todas as mudanças observadas ao longo da história das bibliotecas nacionais e com o
aparecimento de novos suportes da informação, Brault (1998) questionou o futuro dessas
instituições, sugerindo até uma mudança de nome. Para o autor, as mesmas deveriam ser
chamadas Midiatecas Nacionais, pois essas incorporaram aos seus acervos os novos e
modernos formatos de armazenamento da informação. Segundo o autor, as instituições devem
se desvencilhar das amarras que as prendem ao passado e acompanhar as transformações
ocorridas na sociedade para não se tornaram obsoletas.
De modo mais geral Cunha (2000) afirma, as bibliotecas que derem um passo nesse processo
de transformação conseguirão renascer. Porém, aquelas que defenderem rigidamente o status
quo, e preservarem uma visão bucólica do passado, sofrerão grande risco e terão pouca
chance de serem reconhecidas como instituições necessárias.
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 43
Schwarcz, Azevedo, Costa (2002), relatam que a Real Biblioteca da Ajuda de Portugal foi
destruída após incêndio, ocorrido durante um terremoto no ano de 1755. No mesmo ano Dom
José I, rei de Portugal mandou organizar uma nova biblioteca, a Livraria Real.
Para reerguer a biblioteca destruída, foi necessário montar uma verdadeira operação de
guerra, livreiros estrangeiros e agentes diplomáticos foram contratados, bibliotecas inteiras e
coleções particulares adquiridas em nome das necessidades reais.
Dom João V, morto em 1750, ampliou a Real Biblioteca da Ajuda, criando uma verdadeira
política de aquisições de manuscritos, livros, gravuras e mapas. Durante este período foi
considerada uma das maiores bibliotecas modernas e preciosas da Europa. Antes de sua
morte, mandou construir o Teatro da Ópera, que foi concluído em 1753 por seu filho Dom
José I. Isso mostra a preocupação em colocar Lisboa em situação cultural próxima às outras
capitais européias, possibilidade proporcionada pela descoberta das minas de ouro no Brasil.
No ano de 1809, perante a expectativa de uma segunda invasão francesa e com o medo que se
instalava em Portugal, Alexandre Antônio Neves escreveu ao Rei explicando-lhe os fatos e
pedindo ajuda para que fossem embarcados para o Brasil funcionários e o acervo da Livraria
Real.
De acordo com Herkenhoff (1996), a Livraria do Rei estava no início sob o cuidado de
religiosos, freis Gregório José Viegas, Joaquim Dâmaso e Antonio de Arrábia, o primeiro a
receber título de bibliotecário. Em 1811 sob restrições e mediante prévia autorização régia a
livraria foi aberta ao público. Três anos mais tarde, a livraria foi aberta a todos, dispensando
consentimento real.
Em dezembro de 1812, percebeu-se que o andar superior do hospital não comportaria todo o
acervo. Mediante ordem real, a biblioteca ocuparia também o andar térreo do prédio. No ano
seguinte, obras para adaptação de espaço foram iniciadas, com isso a Real Biblioteca teria
enfim sede e endereço próprios. Depois da reforma era preciso organizar todo o acervo. Os
livros foram agrupados em cinco classes principais: Belas Artes, Ciências e Artes, História,
Jurisprudência e Teologia.
Visto que bibliotecas são organismos em constante crescimento, não poderia ser diferente
com a Biblioteca Real. Em 1811, a biblioteca foi presenteada pelo Frei José Mariano da
Conceição Veloso com a doação de livros manuscritos originais e pranchas gravadas em
cobre. No ano de 1815, foram incorporados ao acervo documentos pertencentes à biblioteca
de Manuel Inácio da Silva Alvarenga.
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 45
A Biblioteca Real denominada agora Biblioteca Imperial e Pública da Corte, passou a receber
a partir de novembro de 1822, um exemplar de todas as obras, folhas periódicas e volantes
impressos na Tipografia Nacional, por ordem do Governo Imperial. Essa legislação foi
aperfeiçoada até chegar à criação da Lei do Depósito Legal para materiais impressos, do
Decreto de Contribuição Legal, n.1825 de dezembro de 1907.
A Família Real retornou à Europa em 1821, deixando no Brasil a Biblioteca. Essa passou a
ser de propriedade brasileira, após entendimentos diplomáticos que culminaram na
Convenção Adicional ao Tratado de Paz e Amizade, celebrado entre Brasil e Portugal, em 29
de agosto de 1825.
Uma importante função da FBN é salvar a imagem do nosso país através do plano de
tratamento do precioso acervo fotográfico do século XIX. O Projeto de Preservação do
Acervo Fotográfico da Biblioteca Nacional – PROFOTO, recupera o que temos de mais
valioso em acervo fotográfico brasileiro. Outras experiências indispensáveis no campo da
conservação, estão em andamento, é o caso dos programas de informatização do acervo
musical e de documentos cartográficos através de microfilmagem, com a possibilidade de
ampliação de detalhes.
A FBN é o Depósito Legal de todas as obras publicadas no Brasil, por isso é responsável pela
divulgação da Bibliografia Brasileira, no país e no exterior. Abriga os escritórios do ISBN
(Internacional Standard Book Number) e do Direito Autoral, sendo assim um espaço da
história editorial brasileira.
Por ser responsável pelo escritório de Direitos Autorais do Brasil, segue a risca a Lei do
Direito Autoral onde o acesso World Wide Web só é permitido a documentos em domínio
público.
Desde 1982, a FBN participa da Rede BIBLIODATA/CALCO5. Possui uma história própria
na área de informática construída devido à rapidez no desenvolvimento das novas tecnologias,
que proporcionam bons resultados, como por exemplo, o Sistema de Inventário e
Recuperação de Periódicos e o Plano Nacional de Microfilmagem de Periódicos, juntamente
com instituições de todo o país, refazem e salvaguardam coleções de jornais e revistas através
de reprodução em microfilmes. Possui também o Plano Nacional de Restauração de Obras
Raras, cujo objetivo é identificar e recuperar obras raras existentes na FBN e em bibliotecas e
acervos bibliográficos do país.
5
Experiência nacional pioneira na criação de uma rede de catalogação cooperativa que visa a difusão dos
acervos bibliográficos do país. Criada em 1977, pela Fundação Getúlio Vargas – FGV.
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 47
A FBN articula o país por meio do Sistema Nacional de Bibliotecas operando com as
Bibliotecas Públicas Estaduais que coordenam as bibliotecas de cada Estado. Mais de 100.000
obras são distribuídas anualmente, através do sistema, para suprir à necessidade de novos
livros que aumenta vertiginosamente.
Apesar das dificuldades, é possível realizar obras, como por exemplo, Catálogo de Editores
Brasileiros, bolsas no exterior para tradução de autores brasileiros, publicações em língua
estrangeira sobre o movimento editorial e literário no Brasil e a participação em feiras e
bienais do livro no Brasil e no exterior, tudo isso visando o intercâmbio internacional e o
desenvolvimento de novos mercados para a nossa cultura.
Para que a poesia brasileira seja conhecida no mundo, a FBN criou a Revista Poesia Sempre,
território da poesia e da reflexão crítica em primoroso projeto gráfico. A Casa da Leitura, sede
do PROLER6 inaugurada em 1993 como fórum permanente para discussão e desenvolvimento
de uma política nacional de leitura, realiza vários encontros para desenvolver recursos
humanos na área de formação da leitura. Os projetos Prazer de Ler e Leia Brasil são apoiados
na experiência brasileira e voltados para ações de base. Desenvolve também projetos
específicos com a finalidade de atender à terceira idade aos deficientes auditivos e visuais.
No século XIX os livros foram os armazenadores de informação, agora existem muitas outras
formas contemporâneas que desempenham a mesma função. Devido a isso, a Biblioteca
Nacional adaptou-se às novas circunstâncias e redesenhou seu perfil.
6
Programa Nacional de Incentivo à Leitura.
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 48
A Biblioteca do Ano 2000 tem como alvo recuperar o tempo perdido. Não existe espaço para
melancolia neste cenário de luta contra o tempo. Tem sido assim a atualização tecnológica,
tanto no campo da informática como na instalação dos ateliês de restauração e de novos
sistemas de administração do livro. Como também na recuperação do edifício, do acervo, das
imagens corroídas pelo tempo e por agentes de toda espécie, desde condições ambientais até o
descuido histórico. Essa recuperação é vista no plano dos espaços reconquistados através do
atendimento as expectativas criadas e do retorno que a nova cidadania solicita à instituição
pública.
O projeto salienta o ano 2000 em seu título, porque tem uma dupla significação:
primeiramente, criar aptidões para assumir tarefas de um presente marcado por rápidas
mudanças científicas, tecnológicas e inovadoras, sendo esta a melhor forma de equipar-se
para o futuro, e, por outro lado, garantir a recuperação de um passado perdido.
(HERKENHOFF, 1996).
Há quase dois séculos a FBN atrai e apaixona brasileiros privilegiados pelo acesso à cultura,
que encontram em sua magnífica estrutura e precioso acervo a forma de construir uma obra
coletiva sob a antiga e válida noção do bem-comum.
Devido a esta preocupação, diferentes projetos surgiram com o intuito de auxiliar e patrocinar
a digitalização de grandes acervos. A UNESCO, organização preocupada com a educação,
cultura e ciência, desenvolveu em 1992 o Programa Memória do Mundo com o intuito de
guardar e promover o patrimônio documental da humanidade, impulsionada também, pelo
estado lastimável e a constante deterioração do patrimônio documental e do difícil acesso ao
mesmo nas mais diversas partes do mundo.
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 51
• Convenção para a Proteção dos Bens Culturais em caso de Conflito Armado (Convenção
de La Haya de 1954). Disponível em: < www.icomos.org/hague>;
• Convenção da UNESCO sobre as Medidas que Devem Ser Adotadas para Proibir e
Impedir a Importação, a Exportação e a Transferência de Propriedade Ilícita de Bens Culturais
(1970). Disponível em: < www.unesco.org/culture/laws/1970/html>;
• Recomendação da UNESCO sobre a salvaguarda e conservação das imagens em
movimento (1980). Disponível em: < www.unesdoc.org/uli/ged.html>;
8
Elaboradas por JuanLyall em colaboração com Stephen Foster, Duncan Marshall e Roslyn Russel, sob os
auspícios da IFLA (Federação Internacional de Associações de Bibliotecários e Bibliotecas). Este extraordinário
e precursor documento, publicado em 1995, serviu de base para o subseqüente desenvolvimento do Programa e
dos valores que representa.
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 52
De acordo com Zaher (2003), existem alguns aspectos importantes sobre a preservação da
herança digital:
Entre os países que fazem parte do Projeto Registro da Memória do Mundo da UNESCO, o
Brasil está presente com “A Coleção do Imperador: Fotografia Estrangeira e Brasileira no
Brasil do Século 19”. Trata-se de uma coleção ímpar de 21.742 fotografias, doadas em 1891,
pelo Imperador Pedro II a BN. Esse acervo fotográfico é o maior da América Latina. Relata
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 53
Segundo Le Crosnier (2005), existem três pontos chaves para a construção de Biblioteca
Digital que escondem as tradicionais atividades biblioteconômicas, e revelam o conhecimento
pratico adquirido com livros e revistas nos últimos tempos devido ao veloz crescimento da
comunicação:
Em 1997, foi criado o portal Gabriel, serviço oficial da rede de cooperação Conference of the
European National Librarians (CENL), disponível via Internet, que oferecia informações
sobre quarenta e uma bibliotecas de trinta e nove países europeus e possibilitava o acesso a
diversos serviços, incluindo catálogos de pesquisa e conteúdos digitais e digitalizados.
Em decorrência desse portal, foi desenvolvido no ano de 2001, o projeto The European
Library9 (TEL) através do financiamento da Comissão Européia10. Os parceiros deste projeto
são as bibliotecas nacionais da Alemanha, Eslovênia, Finlândia, Holanda, Inglaterra, Itália,
Portugal e Suíça em conjunto com o Instituto Nacional Italiano de Catalogação (ICCU) e a
CENL. O projeto TEL é o berço da European Digital Library, porém existe uma questão que
ainda não pode ser resolvida e é tema de várias discussões, a multiplicidade de idiomas
existentes em toda a Europa. A dúvida reside em qual idioma a European Digital Library será
criada.
9
Portal que congrega 45 bibliotecas nacionais européias. Disponível em: < http://www.europeanlibrary.org.>
10
A Comissão Européia foi criada para representar o interesse europeu comum a todos os Estados-Membros da
União, constituída por vinte e cinco países europeus.
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 55
ano, em março, a Comissão Européia anunciou seu apoio ao projeto European Digital Library
e recomendou que fosse iniciado imediatamente.
Atualmente existe um recurso para a proteção dos autores e suas publicações digitais sob o
nome de Creative Commons. Organização não comercial para o fomento de uma política de
obtenção de licenças para o domínio público. Fundada no ano de 2002 por professores e
funcionários de universidades americanas, pretende possibilitar que os próprios autores sejam
eles músicos, fotógrafos, cineastas, determinem as licenças de uso para suas obras. No caso
dos Creative Commons, não são mais as leis de direitos autorais de cada país que definem o
tipo de uso legal das obras, são os autores que estipulam qual utilização, em que contexto e
por quanto tempo deve haver proteção legal dos direitos autorais (GOEBEL, 2006).
Niegmann (2006), declara que uma biblioteca digital só é relevante para o leitor quando ele
encontra o que necessita. “Não basta que ele seja informado que a obra existe e talvez o
local onde está disponível, mas ele deve ser encaminhado diretamente ao documento
eletrônico”.
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 56
Em conseqüência dos resultados obtidos, a Comissão está definindo com mais clareza os
aspectos práticos da Biblioteca Digital Européia: que constitui em um ponto de acesso
multilíngüe de grande visibilidade dedicado aos recursos digitais das instituições culturais
européias. Apoiar-se-á na estrutura do TEL, que atualmente é uma ferramenta de acesso aos
catálogos das coleções de várias bibliotecas nacionais e permite acessar diversos recursos
digitalizados das bibliotecas participantes.
Biblioteca Digital Européia é um dos principais projetos da estratégia geral da Comissão para
estimular a economia digital, denominada estratégia i201011. Os principais elementos deste
projeto têm como finalidade promover a digitalização e disponibilizar em rede o patrimônio
cientifico e cultural da Europa.
Está programada para março de 2007, a primeira reunião com um grupo de alto nível sobre
Biblioteca Digital Européia, dirigido pela Comissária Viviane Reding que reunirá as
principais partes interessadas das instituições culturais e indústrias onde serão tratadas
questões como a colaboração dos setores públicos e privados em matéria de digitalização e
direitos autorais.
11
Iniciativa da Comissão Européia para a Sociedade da Informação e Mídias
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 57
As bibliotecas nacionais possuem funções bem definidas em relação aos fundos que devem
possuir, aos serviços e produtos oferecidos e ao depósito legal. Sabemos que a FBN se
enquadra nesse perfil, além de possuir as características fundamentais das bibliotecas
tradicionais, sendo conservadora, um centro de pesquisa bibliográfica e prestando serviços
que orientam a consulta e empréstimo de documentos. A Biblioteca Nacional Digital do
Brasil diferencia-se por ser um organismo de ampla ação e supera a própria FBN pois está
estruturada de várias formas, sendo considerada uma macro biblioteca.
A Library of Congress (LC) 12, serviu de modelo para a criação da cadeia de digitalização do
acervo da FBN. Padrões de captura e tratamento dos arquivos digitais, foram desenvolvidos.
12
Biblioteca do Congresso Norte Americano.
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 58
Segundo Bettencourt (2006), desde 2003 a instituição conta com laboratórios próprios e
alcançou um ritmo de dez mil imagens digitalizadas por mês. A ação é seletiva e a prioridade
é digitalizar os documentos mais raros, seguido daqueles que têm maior necessidade de
preservação e, por fim, livros e documentos de maior demanda dos usuários, cujo manuseio
deve ser reduzido.
Com o avanço das novas tecnologias de informação as pessoas podem encontrar informações
e realizar suas pesquisas através de diversas maneiras. De acordo com Sodré (2006) não existe
mais um monopólio da informação, as pessoas buscam informações em diferentes meios
como cinema, Internet e televisão. O acesso é livre, e isso preocupa pois não há uma pré-
seleção do que o usuário necessita, muitas vezes ele perde tempo e recupera informações
irrelevantes não alcançando o objetivo desejado.
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 59
Em 2005 a FBN recebeu uma proposta do Google para digitalizar dois milhões de itens, quase
um quarto de seu acervo, o que representa um investimento de US$ 10 milhões, que sairia de
graça para a instituição. Apesar da tentadora proposta, a decisão de não aceitar foi tomada em
conjunto com o Ministério da Cultura devido à necessidade de analisar os mecanismos
profissionais, econômicos e culturais. A FBN já está encaminhada em seu processo de
digitalização com seus equipamentos próprios, seguindo em ritmo avançado mais lento, em
comparação aos USA e Europa.
A FBN tem hoje mais de quatro mil itens digitalizados disponíveis na Internet. Um acervo
digital composto por obras raras, tesouros e projetos temáticos. Apesar de todo o esforço da
equipe da FBN, alguns problemas de acessibilidade podem ser observados no site que dá
acesso aos catálogos e as obras digitalizadas. As dificuldades se apresentam, primeiramente,
na busca da página da Biblioteca Nacional Digital do Brasil, pois a mesma se encontra em
uma área sem visibilidade e posteriormente na demora das respostas durante a pesquisa e
recuperação das informações e das obras digitalizadas. Tais problemas ocorrem devido ao
estágio de implantação que se encontra o projeto. Por outro lado, o sistema oferece muitas
vantagens aos usuários, a principal delas é a possibilidade de busca simultânea em catálogos
de bibliotecas nacionais e institutos espalhados pelo mundo. Com isso o usuário necessita
efetuar download de alguns programas específicos, de visualização de imagens e textos, para
completar suas pesquisas.
O Programa Biblioteca Nacional sem Fronteiras coloca a FBN à frente das bibliotecas da
América Latina, equiparando-a com as maiores bibliotecas do mundo no processo de
digitalização de acervos e acesso às obras e serviços através da internet, convertendo-a em
uma biblioteca sem fronteiras. Este programa, constituído por coleções digitais temáticas,
revela todas as áreas da instituição e, exclusivamente, os tesouros da Biblioteca Nacional e
busca consolidar a inserção da FBN na sociedade de informação.
• O atendimento ao cidadão, ponto fundamental. Uma idéia ousada, que utiliza modernas
ferramentas tecnológicas que tornam possível prestar ao cidadão um atendimento de
qualidade e personalizado.
Mogúncia, a Carta de Abertura dos Portos e o Livro de Horas, ouvir clássicos da música
brasileira do mestre Villa-Lobos e contemplar as gravuras de Debret.
9 Iconografia
Considerado um dos mais valiosos acervos de imagens reunidos por uma instituição pública,
possui em sua constituição exemplares ímpares de desenhos, estampas raras, fotografia e
mapas que retratam o século XV até os dias atuais.
9 Manuscritos
Acervo composto inicialmente pelos manuscritos trazidos pela Família Real Portuguesa em
1808, é composto por aproximadamente 800.000 documentos em grego, latim, persa,
português arcaico, clássico e contemporâneo, com os mais variados tipos de escrita,
linguagem e papel, que abrange o período do século XI aos XXI. ( APÊNDICE B – Figuras 6
e 7)
9 Música
A Divisão de Música e Arquivo Sonoro, originou-se em 1952, é constituída principalmente
pela coleção da Real Biblioteca de Portugal. Novas coleções foram incorporadas ao acervo,
como por exemplo a Coleção Thereza Christina Maria. Pertencem a esse acervo partituras de
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 62
A Divisão desenvolve desde 1995 um projeto para preservação de manuscritos originais das
partituras de autores brasileiros como Francisca Gonzaga e Ernesto Nazareth, por meio da
digitalização. (APÊNDICE B – Figuras 8, 9 e 10)
9 Obras raras
A Divisão de Obras Raras, criada em 1946, reúne cerca de 42.000 títulos, constituída por
variados materiais bibliográficos, possui em seu acervo a edição especial do poema A visita,
de Carlos Drummond de Andrade, a primeira edição da Arte da gramática da língua mais
usada na Costa do Brasil, de Padre Anchieta, a primeira edição de Os Lusíadas (1572) e o
menor livro do mundo, com apenas um centímetro de comprimento, que traduz em sete
línguas o Pai-Nosso. (APÊNDICE B – Figura 11)
Projetos temáticos
Projetos que retratam por meio de diferentes olhares a História do Brasil.
Coleção composta por documentos sobre a fauna, flora e população da Amazônia produzida
durante a Viagem Filosófica da Comissão Científica. Chefiada por Alexandre Rodrigues
Ferreira, cientista brasileiro do século XVIII, e encarregado de viajar pelas capitanias do
Grão-Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá. A Expedição partiu do porto de Lisboa em 1
de setembro de 1783, levando, entre outras pessoas, os riscadores José Joaquim Freire,
Joaquim José Codina, e o jardineiro botânico Agostinho Joaquim do Cabo. Chegou no Brasil
na cidade de Belém, em 21 de outubro do mesmo ano, e teve duração de nove anos. A partir
dela foram gerados vários trabalhos e anotações sobre a região amazônica, registrando
informações sobre a fauna, flora e seus habitantes. Fazem parte do acervo, documentos que
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 63
Atualmente essa coleção é composta por 191 documentos textuais e cerca de 1.500 desenhos,
retratando a botânica e a fauna do Brasil no século XVIII. Todos os manuscritos foram
restaurados, encadernados e microfilmados, as estampas fotografadas e digitalizadas, isso só
foi possível através do financiamento da Fundação Vitae.
Tendo seu ponto de partida em 1999 pela UNESCO, o projeto Tráfico de Escravos e
Escravidão, no contexto do Programa Memória do Mundo, torna possível a identificação da
informação e da documentação existente no mundo no que se refere à escravidão e ao tráfico
de escravos. Os resultados e levantamentos efetuados durante o projeto em diferentes locais
podem ser acessados através da Web ou em CD-ROM. (APÊNDICE B – Figuras 18 e 19)
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 64
9 Compositores Brasileiros
http://www.bn.br/fbn/musica/acervo.htm
O Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira, iniciado em 1995 pela Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro. É o único especialmente direcionado à música
popular brasileira, através do Departamento de Letras, e a Livraria Francisco Alves Editora, e
tendo o apoio técnico da Informática e Engenharia de Sistemas (IES). (APÊNDICE B –
Figura 25)
• Projetos em andamento
7
A fundação de Getty fornece a sustentação às instituições e aos indivíduos durante todo o mundo, financiando uma escala
diversa dos projetos que promovem a compreensão e a conservação das artes visuais.
Disponível : < http://getty.art.museum/foundation/ >.
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 66
O laboratório de digitalização da FBN pode ser considerado o mais bem equipado entre as
instituições públicas brasileiras. Para montagem do laboratório foram realizadas visitas
técnicas a LC e consultas a empresas nacionais que já desenvolviam processos de
digitalização.
13
Financiadora de Estudos e Projetos vinculados ao Ministério da Ciência e Tecnologia.
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 67
¾ Seleção
¾ Captura
A captura das imagens e textos é realizada em 300 dpi14 e obedece ao tamanho original do
documento. O arquivo TIFF15 de qualidade é armazenado com a finalidade de preservação,
posteriormente os arquivos derivados são gerados para fins de distribuição na Web.
¾ Arquivamento e Estocagem
14
DPIs (Dots per Inch) referem-se a pontos por polegada no papel.
15
Tagged Image File Format é um formato para armazenar imagens, fotografias com alto nível de detalhe da imagem.
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 68
armazenagem dos arquivos digitais derivados respeita a mesma estrutura dos arquivos máster
ou arquivo digital principal.
O armazenamento e estocagem pode ser on line (Hard Disk) e off line (DVDs, Hard Disks)
guardados em arquivo deslizante na sala cofre, em condições ambientais adequadas.
¾ Controle de Qualidade
Resolução, cor, tom e aparência geral são fatores essenciais na avaliação da qualidade da
imagem. Existem dois níveis de execução para as estratégias de controle de qualidade, sendo
o primeiro, a avaliação inicial, uma prova piloto e posteriormente, a avaliação continuada, ou
seja, o acompanhamento da tarefa:
• Prova-piloto:
Trata-se de uma avaliação inicial que ocorre antes da execução do projeto. Utiliza-se
um subconjunto de documentos a ser convertido, para verificar se as decisões técnicas
tomadas com relação aos procedimentos e padrões existentes estão adequados.
• Acompanhamento da tarefa:
Este nível de avaliação garante a qualidade de todo o projeto de digitalização e
consiste na aplicação periódica do processo feito na prova piloto.
¾ Compressão e Visualização
16
Joint Photographic Expert Groups. Formato de arquivo desenvolvido para imagens true colors, por isso é ideal para
armazenar fotografias.
17
Software Multi-Resolution Seamless Image Database.
18
Portable Document Formatt
19
É um formato extraordinário para guardar imagens e textos simultaneamente e disponibilizá-los pela teia. O formato é um
concorrente do pdf, apresentando inúmeras vantagens em compressão, versatilidade e eficiência de transmissão. É um
formato aberto (embora proprietário), cujas especificações estão disponíveis sob a licença GPL.
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 69
• Descrição e Identificação
A decisão de agrupar recursos digitais em um sistema de gestão próprio se solidificou
após a análise da diferença entre o tratamento dado aos documentos tradicionais e aos
documentos eletrônicos e na verificação das diversas necessidades de gerência, acesso
e preservação dos documentos. O grande diferencial entre os dois tipos de documentos
pode ser observado nas características específicas do documento eletrônico, o
tratamento recebido por esse é semelhante ao tratamento técnico do documento
tradicional, mas com as vantagens de preservação, administração, acesso e
interoperabilidade com outros sistemas.
• Administração e Preservação
No que se refere à preservação, são gerados periodicamente pelo sistema, relatórios
baseados em uma tabela de temporalidade que é planejada para alertar sobre o
vencimento de uma determinada mídia. Em consulta a Sra. Ângela Bettencourt (2006),
percebemos que a questão da durabilidade das mídias é bastante polêmica. Afirma que
por esse ser um assunto recente não se têm estudos comprobatórios de longevidade
dos novos suportes. Segundo Bettencourt por medida de precaução na BN considera-
se que a partir de cinco anos os DVDs se tornam sujeitos a cuidados e por esta razão
os dados são migrados para outra mídia sem descartar a mídia antiga. Para os HDs este
prazo é de dez anos.
20
Dados referentes a outro dado. Conjunto de dados estruturados que caracterizam um outro dado.
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 70
Para realizar comunicação com OAI os registros de metadados devem ser exportados em
padrão Dublin Core23 com a linguagem XML24que significa:
• Formato livre e aberto, mantido pelo W3C25 e independente de qualquer plataforma
informática;
• Disseminado no domínio das ciências da informação;
• Utilizado em bibliotecas para tornar público registros na web (MARCXML26, MODS27,
METS28, BiblioML29) e intercambiar registros na web (OAI/Dublin Core).
Para uma melhor interoperabilidade com outros sistemas a FBN abriu o protocolo gateway
Z39.5030 oferecendo maior comunicação com sistemas externos. Através da implementação
21
O OAI-PMH permite uma opção técnica aos provedores de dados de tornarem seus metadados disponíveis a serviços
baseados nos padrões abertos HTTP (Hypertext Transport Protocol) e XML (Extensible Markup Language) eliminando as
barreiras da web invisível ou profunda, possibilitando a sinalização de recursos não acessíveis aos motores de busca.
22
No desenvolvimento do software, um framework é uma estrutura de suporte definida em que um outro projeto do software
pode ser organizado e desenvolvido.
23
Padrão internacional estabelecido pelo consórcioW3C para identificação de recursos através de metadados.
24
Extended Mark up Language. Linguagem de descrição documental para utilização na Internet.
25
World Wide Web Consortium. Definição de um conjunto de normas (standards) para o uso de XML, HTML e SXL e outras
tecnologias Web.
26
Conversor de formatos MARC para XML.
27
Metadata Object Description Schema.
28
Esquema para codificar a descrição e administração de objetos digitais em bibliotecas digitais.
29
Formatos baseados em XML para o intercâmbio de bibliografias.
30
Protocolo desenvolvido pela National Information Standards Institute (outras instituições através da mesma interface do
catalogo em computador NISO), que possibilita o acesso ä catálogos de uma determinada instituição, com a finalidade de
pesquisa e recuperação da informação.
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 71
do Z39.50 foi ativada uma interface única para conexão com múltiplos sistemas de
informação. A utilização desse protocolo é fundamental no que se refere a Bibliotecas
Digitais, já que esse tipo de biblioteca possibilita a seus usuários acesso aos conteúdos em
parte ou no todo, por meio de uma única busca nos acervos de instituições semelhantes.
Segundo Bettencourt (2006), no sistema de gestão de recursos digitais usado pela FBN a
31
estrutura dos registros é organizada através do MARC21 , os metadados baseiam-se no
Dublin Core e no MODS, tendo as mais diversas formas de exportação de dados desde as
tradicionais como HTML32, ANSI 33, ISO2709 34 até as mais modernas MARCXML.
31
Criado nos anos 60, e em constante processo de manutenção, o formato MARC21 é um padrão para a representação e
comunicação da informação bibliográfica de forma legível por computador.
32
Hypertext Mark-up Languages . Linguagem básica para desenvolvimento de sites.
33
American National Standards Institute. Principal órgão responsável pelo desenvolvimento de padrões nos Estados Unidos.
ANSI é uma instituição não-governamental sem fins lucrativos, patrocinada por organizações de comércio, sociedades
profissionais e pela indústria.
34
É um padrão ISO para descrição bibliográfica. Mantido pelo Comitê Técnico de Informação e Documentação.
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 72
Seleção
Captura
Arquivamento e
Estocagem
Controle de
Qualidade
Compressão e
Visualização
Sistema de Gestão
Tratamento
Técnico
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 73
Saber educar a si e aos outros é um dos desafios deste profissional e um passo importante para
a formação da cultura informacional na sociedade. Proporcionar a um grande número de
pessoas o acesso à informação é decisivo para o desenvolvimento individual e coletivo do
cidadão. A principal tarefa, portanto desses profissionais, para as organizações como um todo
e para o governo, é prepará-los para a sociedade da informação.
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 74
Podemos citar a criação da Biblioteca Nacional Digital do Brasil como um fato que
exemplifica de maneira clara essas transformações. Para sua construção foi necessário formar
uma equipe multidisciplinar composta por bibliotecários, fotógrafos, profissionais das áreas
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 75
Para que esse profissional consiga adquirir todas as habilidades citadas acima e atuar, não
somente dentro das Bibliotecas Nacionais Digitais, mas também em outros projetos de
digitalização e disponibilização de documentos e acervos, segundo Fox (2006), existe uma
iniciativa para formar bibliotecários especializados em Bibliotecas Digitais e em todos os
processos que fazem parte de sua criação, através de um curso que está sendo desenvolvido
pela instituição Virginia Tech no estado da Virginia – EUA.
A Internet no Brasil iniciou-se em meados de 1995 principalmente para uso comercial e aos
poucos se tornou um dos grandes meio de comunicação no país. Apesar de estar presente em
muitos países e ter um crescimento acelerado, no Brasil, a Internet atende uma pequena parte
da população, poucos são os privilegiados que possuem condições para usufruir desta
tecnologia. O acesso à Internet, é desigual nas classes sociais, devido à alta taxa de
analfabetismo, as péssimas condições da educação pública no Brasil, a falta de políticas
governamentais favoráveis ao desenvolvimento tecnológico e a má distribuição de renda no
país.
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 76
De acordo com Galvão (2003) a alfabetização vai muito além do saber ler e escrever. Nos dias
atuais é primordial o conhecimento básico em informática para o exercício da cidadania e
participação na sociedade. Porém, processos simples como editar um texto no Word, criar
apresentações no PowerPoint, enviar correspondências eletrônicas e fazer pesquisas na
Internet, ainda são impraticáveis para um grande número de pessoas.
Em consonância com Vieira apud Galvão (2003) a má distribuição de renda para a população
também é um fator que origina o problema da exclusão digital, uma vez que 66 milhões de
brasileiros precisariam acumular renda no período de três a oito anos de trabalho, para
adquirir um computador novo com configurações básicas. Outros fatores de impacto que
podem ser observados na exclusão digital, são: falta de infra-estrutura nas telecomunicações;
custo alto para o acesso, que inclui o preço do computador, o custo das tarifas telefônicas e as
despesas com provedor de acesso; e por último a barreira do idioma, já que 80% dos websites
existentes são de língua inglesa.
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 77
Além dos aspectos descritos acima, para Almeida et al. (2005) a exclusão sócio-econômica
gera a exclusão digital e essa fortalece as raízes da primeira. Na sociedade em que vivemos,
pessoas sem conhecimento em informática, geralmente são discriminadas e apontadas como
desqualificadas para o exercício profissional, em decorrência disto, gera-se baixa renda e
desemprego. A inclusão digital não se torna apenas um ganho pessoal, mas também um
ganho social e até mesmo material quando se leva em conta a produção da riqueza.
ocorra uma diminuição da exclusão social e uma distribuição de renda mais justa. Uma vez
que, quase metade da renda do país esta sob domínio de uma minoria da população.
Descreveremos a seguir algumas iniciativas criadas para combater a exclusão digital e tornar a
vida dos cidadãos mais digna e participativa, sendo que algumas dessas iniciativas foram
retiradas segundo Takahashi (2000).
• VivaRio
O projeto foi desenvolvido em comunidades carentes no Rio de Janeiro, e atua na área de
educação. Utiliza intensamente a Internet desde 1997, com o lançamento do Serviço Civil
Voluntário no Estado. A iniciativa tem como objetivo ampliar a educação supletiva, o uso da
informática, Internet e a formação para a cidadania.
• CorreiosNet
Lançado em setembro de 2003 pela Empresa Brasileira de Correios e Telegráfos o projeto de
inclusão digital objetiva instalar terminais com acesso a internet nas cidades mais carentes e
atender a população brasileira de baixa renda.
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 79
• Projeto Clicar
Surgiu da experiência de ampliar a exposição permanente de aparelhos de Física e Química.
Tem como missão básica disponibilizar computadores com acesso a Internet para a
comunidade. Após análise das visitas recebidas, constatou-se que o projeto obteve grande
aceitação e muito sucesso, uma vez que pessoas enfrentam até duas horas de condução para
chegarem à sede do projeto.
• EducaRede
Projeto criado pela Fundação Telefônica em parceria com o Centro de Pesquisas e Estudos em
Educação, Cultura e Ação Comunitária visa criar infra-estruturas em telecomunicações,
doando computadores e oferecendo através de seu portal capacitação para educadores, além
de apoiar as Secretarias de Educação dos Estados.
• Telecentros
Os Telecentros estão instalados em áreas de exclusão social da cidade de São Paulo, definidas
em consonância com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do município. Até o
momento, mais de cem unidades estão em funcionamento, disponibilizando cerca de 20
computadores em cada Telecentro. Oferecem acesso livre a Internet; cursos de informática e
oficinas de criação de sites, arte digital entre outras.
• Infocentros
Centros públicos de acesso à informática, locais de livre acesso onde a população pode
utilizar os computadores para realizar trabalhos, conhecer diversos softwares, navegar e
pesquisar na Internet. Os Infocentros estão instalados em diversos municípios e regiões do
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 80
Estado de São Paulo. Seu objetivo é possibilitar ao cidadão, especialmente o de baixa renda, o
livre acesso às tecnologias de informação e comunicação.
Porém para que os projetos de bibliotecas virtuais e digitais alcancem sucesso junto à
comunidade brasileira, é vital que exista um aumento na inclusão digital, através das
iniciativas aplicadas e políticas sociais, fazendo com que se tenha ampla utilização da rede de
computadores, interligados via Internet, em todos os segmentos sociais.
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 81
10 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O movimento da digitalização dos acervos das bibliotecas nacionais espalhadas pelo mundo
demonstrou a grande preocupação dos países com a preservação de obras raras e de
documentos importantes para a memória cultural da humanidade.
Ao mesmo tempo a Fundação Biblioteca Nacional é um exemplo dos desafios que se colocam
para a sociedade brasileira. Ocupa um prédio histórico que necessita de reparos e de
preservação; em muitos aspectos de suas atividades diárias necessita de soluções
emergenciais, enquanto que em outros ela se destaca como paradigma de modernidade,
tecnologia de ponta, capacitando profissionais e formando um corpo técnico a altura das
melhores bibliotecas do mundo.
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 82
“Talvez me engane a velhice e o temor, mas suspeito que a espécie humana – a única – está
por extinguir-se e que a Biblioteca perdurará: iluminada, solitária, infinita, perfeitamente
imóvel, armada de volumes preciosos, inútil, incorruptível, secreta.”
Jorge Luis Borges
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 83
REFERÊNCIAS
BIBLIOCLASTIA. In: Grande Enciclopédia Larousse Cultural. São Paulo: Plural Editora e
Gráfica, 1998. p. 762
BORGES, Jorge Luis. A biblioteca de Babel. In:__________. Ficções. 3. ed. São Paulo:
Globo, 2001. p.91–100.
CUNHA, Murilo Bastos da. Desafios na construção de uma biblioteca digital. Ciência da
Informação, Brasília, V. 28, n. 3, p. 257–268, set./dez. 1999.
FOX, Eduardo A. Digital Libraries: 1991-2006 and beyond, with Electronic Theses and
Dissertations. In: 5 ANOS DO PORTAL DO CONHECIMENTO, 2006, São Paulo.
Disponível em: < http://fox.cs.vt.edu >. Acesso em: 13 out. 2006.
KELLY, Kevin. A Biblioteca Universal. Revista Veja. São Paulo, ano 39, p.42-45, jul. 2006.
Edição Especial.
KRZYZANOWSKI, Rosaly Fávero. Ações para a construção de uma biblioteca virtual: relato
de experiência do Sistema Integrado de Bibliotecas da USP. Revista USP:
Informática/Internet, São Paulo, n.35,set./nov. 1997. Disponível em:
<http://www.usp.br/geral/infousp/> . Acesso em: 26 maio 2006.
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 85
MACHADO, Raymundo das Neves; NOVAES, Maria Silva Ferraz; SANTOS, Ademir
Henrique dos. Biblioteca do futuro na percepção de profissionais da informação.
Transinformação, Campinas, v. 11, n. 3, p. 215-222, set./dez. 1999.
MARCONDES, Carlos Henrique; GOMES, Sandra Lúcia Rebel. O impacto da Internet nas
bibliotecas brasileiras. Transinformação, Campinas, SP, v. 9, n. 2, maio/ago. 1997.
MARTINS, Robson Dias. Perspectivas para uma biblioteca no futuro: utopia ou realidade?
Disponível em< http://biblioteca.estacio.br/artigos/005.htm >. Acesso em: 20 maio 2005.
MARTINS, Wilson. A palavra escrita: história do livro, da imprensa e da biblioteca. 3.ed.; il.;
rev. São Paulo: Ática, 2002.
OHIRA, Maria Lourdes Blatt. Bibliotecas virtuais e digitais: análise de artigos de periódicos
brasileiros (1995/2000). Ciência da Informação, Brasília: v. 31, n. 1, p.61-74, jan./abr. 2002.
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 86
RIBEIRO, Ilda Campos; MENDES, Laurinda. Biblioteca Digital. Disponível em: <
www.di.ubi.pt/~api/digital_library.pdf >. Acesso em: 16 jun. 2005.
SANTOS, Gildenir Carolino; RIBEIRO, Célia Maria. Acrônimos, Siglas e Termos Técnicos:
Arquivística, biblioteconomia, documentação, informática. Campinas: Átomo, 2003. 277 p.
SCHWARCZ, Lilia Moritz; AZEVEDO, Paulo César de; COSTA, Ângela Marques da. A
longa viagem da Biblioteca dos Reis: Do terremoto de Lisboa à independência do Brasil. São
Paulo: Companhia das Letras, 2002. 554 p.
SILVA, Helena Pereira da; JAMBEIRO, Othon; BARRET, Ângela Maria. Bibliotecas
digitais: uma nova cultura, um novo conceito, um novo profissional. In: Bibliotecas digitais:
saberes e práticas. Salvador: EDUFBA; IBICT, 2006. 336 p.
SIMON, Imre. O oráculo bibliográfico: sonhos de um pesquisador. São Paulo: USP, 2002.
Disponível em: < http://www.ime.usp.br/~is/ >. Acesso em: 7 abr. 2006.
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 87
XIMENES, Sérgio. Minidicionário da Língua Portuguesa. Ed. rev.; ampl. Bom Sucesso:
Ediouro, 2003. 963 p.
REFERÊNCIAS CONSULTADAS
CHARTIER, Roger. Os desafios da escrita. São Paulo: Editora UNESP, 2002. 144 p.
______. A aventura do livro: do leitor ao navegador. São Paulo: Editora UNESP, 1998.160 p.
MARTINS, Franciso Menezes; SILVA, JUREMIR Machado da. (org) Para navegar no século
XXI: tecnologias do imaginário e cibercultura. Porto Alegre: Editora Sulina, 2003. 280 p.
APÊNDICE A
Questionário
Dados Históricos
Recursos Financeiros
Recursos Físicos
Informações Técnicas
Como a Lei de Direitos Autorais está sendo aplicada na digitalização de documentos para a
Biblioteca Nacional Digital?
Atenciosamente,
Carla Andrea Ayres
Cristiana Ferreira da Silva
Gisele Maria Ruaro Zanchet
Renata Pinto Tosta
Thais Fernandes de Morais
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 91
Iconografia
Figura 3 - PESCE, Francesco. [Pedro II, Imperador do Brasil, Nápoles, Itália: 19 abr. 1888:
retrato]. 1 foto, papel albuminado, p&b, 53 x 38 cm.
Figura 5 - DÜRER, Albrecht, 1471-1528. O pequeno cavalo. 1505. 1 grav., buril, 16,3 x 10,8
cm.
Manuscritos
Figura 6 - Livro de Horas século XIV - XV. Quando a devoção é prática pessoal.
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 95
Figura 7 - Livro de Horas século XIV – XV. Frontispício feito com seda verde rendilhada do
século XVIII.
Música
Obras Raras
Figura 11 - Bíblia de Mogúncia do século XIX: a primeira a trazer data, lugar de impressão e
nome do impressor.
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 97
Figura 13 - Tamanduá.
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 98
Figura 16 - Munster, Sebastian, 1489-1552 Typus orbis universalis. [Basiléia, Suíça]: Apud
Henricum,1552.
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 100
Figura 17 - A Ptolomeu, fl. séc. II [Planisfério]. Ulme [Alemanha]: Per provisorem suum
Johannem Reger, [1486].
Compositores brasileiros
Projetos em andamento
ANEXO B
PREÂMBULO
A Conferência Geral,
Considerando que o desaparecimento de patrimônio, qualquer que seja sua forma, constitui
um empobrecimento do patrimônio de todas as nações;
Relembrando que a Constituição da UNESCO estabelece que a Organização manterá,
aumentará e difundirá o conhecimento ao assegurar a conservação e proteção do patrimônio
mundial de livros, trabalhos artísticos e monumentos históricos e científicos; que seu
programa “Informação para Todos” proporciona uma plataforma para a realização de
discussões e ação voltadas para políticas de informação e salvaguarda do conhecimento
registrado; e que seu programa “Memória do Mundo” tem como objetivo assegurar a
preservação e o acesso universal ao patrimônio documental mundial;
Reconhecendo que tais recursos de informação e expressão criativa são cada vez mais
produzidos, distribuídos, acessados e mantidos em forma digital, criando um novo legado o
patrimônio digital; Ciente de que o acesso permanente a esse patrimônio oferecerá amplas
oportunidades para criação, comunicação e compartilhamento do conhecimento entre os
povos, bem como proteção de direitos e títulos, e suporte de responsabilidade; Entendendo
que esse patrimônio digital corre o risco de ser perdido e que sua preservação, para o
benefício da presente e de futuras gerações, é uma questão urgente de interesse mundial,
Tendo em mente a Declaração Universal sobre Diversidade Cultural da UNESCO,
Proclama os seguintes princípios e adota a presente Carta.
informação, são cada vez mais criados digitalmente, ou convertidos de sua forma analógica
original à forma digital. Quando os recursos são criados em forma digital, não existe outro
formato além do digital original. Materiais digitais incluem textos, bases de dados, imagens
extáticas e com movimento, áudios, gráficos, software, e páginas Web, entre uma ampla e
crescente variedade de formatos. Eles geralmente são passageiros e requerem produção,
manutenção e gerenciamento intencionais para serem preservados.
Muitos desses materiais são de valor e significância duradouros, e por isso constituem um
patrimônio que deve ser protegido e preservado para as gerações atual e futura. Este
patrimônio existe em qualquer língua, parte do mundo, e em qualquer área do conhecimento e
expressão humanos.
O patrimônio digital mundial corre o risco se ser perdido para a posteridade. Fatores que
contribuem para isso incluem a rápida obsolescência do hardware e software que os traz à
vida; incertezas relativas a recursos, responsabilidades e métodos de manutenção e
preservação; e falta de legislação de apoio.
As mudanças de atitude não acompanharam as mudanças tecnológicas. A evolução digital tem
sido rápida e cara demais para governos e instituições, impedindo que estes desenvolvessem
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 113
A menos que as ameaças prevalecentes sejam discutidas, a perda do patrimônio digital será
rápida e inevitável. Torna-se urgente a promoção da conscientização e defesa, alertando os
elaboradores de políticas e sensibilizando o público em geral para o potencial dos meios
digitais e a necessidade de sua preservação. Os Estados Membros serão beneficiados ao
encorajar medidas legais, econômicas e técnicas para a proteção do patrimônio.
O patrimônio digital é parte do todo mais abrangente, que é a informação digital. Medidas
deverão ser tomadas ao longo do ciclo de vida da informação a fim de preservar o patrimônio
digital. A preservação do patrimônio digital começa com a criação de sistemas confiáveis que
produzam objetos digitais autênticos e estáveis.
MEDIDAS NECESSÁRIAS
RESPONSIBILIDADES
Cada Estado Membro deve designar uma ou mais instituições para assumir a responsabilidade
de coordenar a preservação do patrimônio digital, e fornecer a equipe e os recursos
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 115
(a) Levar em consideração os princípios definidos nesta Carta quando da execução de seus
programas, e promover a implementação desses princípios no sistema da Organização das
Nações Unidas e por organizações inter governamentais e não governamentais interessadas na
preservação do patrimônio digital;
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 116
CURSO SUPERIOR
2003 - Superior em Biblioteconomia e Ciência da Informação - 8º semestre / 2006 –
Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo – FESPSP.
Premiação
2005 – Bolsa por Mérito Acadêmico, oferecida pela Fundação Escola de Sociologia e Política
de São Paulo – FESPSP.
Treinamentos
2005 – 2006 – PowerPoint / Publisher / Access / Winisis / Internet – navegação e pesquisa –
FESPSP
PARTICIPAÇÃO EM EVENTOS
2006 – Biblioteca e informação digital: a herança cultural e científica em bits e bytes. São
Paulo. MASP
Espanhol – Básico
EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL
Plena Consultores
Rede ScienTI
Função: Estagiária em Biblioteconomia
Período: 3/2006 - 4/2006
Atividades: Fazendo o tratamento da informação, descrição bibliográfica e indexação de
documentos para o projeto de construção da base de dados da Rede ScienTI.
Dados pessoais
Data de nascimento: 18/06/1979
Nacionalidade: Brasileira
Estado civil: casada
Endereço: Rua Santana do Rio Preto 82 – Guaianazes – São Paulo – SP – CEP 08421-060
Telefones: (11) 6518-3853 / (11) 6523-1074
E-mail: crisinha03@yahoo.com.br
ÁREAS DE INTERESSE
EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL
HISTÓRICO PROFISSIONAL
FORMAÇÃO ACADÊMICA
INFORMÁTICA
PARTICIPAÇÃO EM EVENTOS
2006 – Biblioteca e Informação Digital: a herança cultural e científica em bits e bytes -
realizado em São Paulo, no dia 06 de abril – MASP
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 122
Dados pessoais
CURSO SUPERIOR
2003 - – Superior em Biblioteconomia e Ciência da Informação - 8º semestre / 2006 –
Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo – FESPSP.
1978 - 1980 – Superior incompleto em Administração de Empresas – Fundação Faculdade de
Educação, Ciências e letras de Cascavel - PR – FECIVEL.
CURSOS COMPLEMENTARES
Biblioteconomia
2004 – Curso de Pesquisa Bibliográfica na BVS – BIREME/ OPAS/ OMS (16 horas).
2004 – Minicurso: introdução ao formato Marc 21 (4 horas).
Informática
1999 – Básico em Informática: Windows / Word / Excel / MS DOS.
PARTICIPAÇÃO EM EVENTOS
2006 – Biblioteca e Informação Digital: a herança cultural e científica em bits e bytes -
realizado em São Paulo, no dia 06 de abril – MASP.
2005 – 9th World Congress on Heath Information and Libraries | 7th Latin American and
Caribbean Congress on Health Sciences Information.
Inglês – Avançado.
Italiano – Intermediário.
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 124
EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP
Biblioteca Virtual do Centro de Documentação e Informação
Função: Estagiária em biblioteconomia
Período: 01/03/2005 – 01/01/2006.
Dados pessoais
FORMAÇÃO ACADÊMICA
EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL
Bibliotecária II
Atendimento ao usuário
Auxílio em pesquisas
Cadastro de livros e periódicos
Auxílio em normalização de trabalhos acadêmicos
Normalização de apostilas
Indexação, cadastro e arquivo de artigos para hemeroteca
Processamento técnico e organização do acervo
Digitalização de material
Relatório de movimento diário
Software: Dataflex
Corretora de Imóveis
Atendimento ao cliente
Captação de novos clientes
Mala direta
Bonduelle do Brasil
Período: 1997 - 1999
Secretária
Secretária da diretoria comercial e administrativa
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 126
Sócia
Atendimento ao cliente
Contas a pagar e receber
Organização, produção, recepção de eventos sociais e empresariais
Controle de estoque
Folha de pagamento
CURSOS
Inglês
Instituto Hispano – Brasileiro 1995 - 1996
Cel-Lep 1997 – 2000
Conhecimento intermediário
Espanhol
Professor particular 2000
Conhecimento básico
INFORMÁTICA
PARTICIPAÇÃO EM EVENTOS
CURSO SUPERIOR
2003 - – Superior em Biblioteconomia e Ciência da Informação - 8º semestre / 2006 –
Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo – FESPSP.
Premiação
2006 – Bolsa por Mérito Acadêmico, oferecida pela Fundação Escola de Sociologia e Política
de São Paulo – FESPSP.
Monitoria
2005 – 2006 – Auxiliar de professora junto à Disciplina Biblioteca - Laboratório da Faculdade
de Biblioteconomia e Ciência da Informação – FESPSP (4 horas semanais aos sábados).
PARTICIPAÇÃO EM EVENTOS
2006 – Biblioteca e Informação Digital: a herança cultural e científica em bits e bytes -
realizado em São Paulo, no dia 06 de abril – MASP
2006 – 5 anos do Portal do Conhecimento, realizado em São Paulo – Conselho Universitário –
USP
2006 – 2º Integrar: Congresso Internacional de Arquivos, Bibliotecas, Centros de Documentação e
Museus – Memorial da América Latina
2005 – Seminário de Consórcios de Bibliotecas Ítalo-Ibero-Latino-Americanas (SCBIILA) –
FAPESP
Digitalização: um caminho para ampliar o acesso à informação 128
EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP
Biblioteca Virtual do Centro de Documentação e Informação
Função: Estagiária em biblioteconomia
Período: 01/04/2004 –
Atividades: Registro e organização de fascículos de periódicos; Inserção de dados nas bases
da Biblioteca Virtual do Centro de Documentação e Informação da FAPESP, utilizando o
software LILDBI_WEB com aplicação da metodologia BVS; Participação na elaboração de
relatórios de treinamento e relatórios técnicos para as bases em implementação; Participação
na elaboração de ficha catalográfica (catalogação na publicação) para publicações da
Instituição; Processamento técnico de recursos: artigos de periódico, dissertações e teses,
livros, sites, utilizando AACR2, Vocabulário controlado do SIBi/USP e Tabela de Áreas e
Sub-áreas do Conhecimento FAPESP; Participação na revisão, avaliação e ajustes do site da
Biblioteca Virtual do Centro de Documentação e Informação da FAPESP.