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1.

DIREITOS FUNDAMENTAIS
1.1. Questões Propedêuticas.

O presente capítulo tem por objetivo discorrer de forma sintética acerca da evolução dos
Direitos Fundamentais, diretamente interligada a fatores sociais, econômicos e
históricos, que são determinantes para a compreensão do real valor da dignidade da
pessoa humana, que deve ser compreendida não de forma fragmentada e
casuisticamente conveniente a determinados setores da sociedade.

Se em um primeiro momento dessa evolução verifica-se a conscientização do homem


considerado do ponto de vista exclusivo da sua liberdade em relação ao poder
estatal( no Estado Liberal), a seguir se desenrolam anseios e lutas em busca da
valorização do homem inserido na coletividade da exclusão, esmagado pela inércia do
Estado frente a ganância indigna e imoral do capital (no Estado do Bem Estar Social);
das lutas relacionadas aos direitos difusos da sociedade e a própria universalização ( no
Estado Democrático de Direito).

Para Maurício Delgado Godinho1 direitos fundamentais são prerrogativas ou vantagens


jurídicas estruturantes da existência, afirmação e projeção da pessoa humana e de sua
vida em sociedade.

Os direitos fundamentais, considerando-se todas as suas faces são os verdadeiros


garantidores universais da dignidade da pessoa humana, que envolve a liberdade, a
condições dignas de saúde, moradia, trabalho, previdência social, lazer, segurança e
proteção, em um meio ambiente protegido , mas não só isso.

1.2. Denominação – Direitos Humanos ou Direitos Fundamentais?

Comumente se observa que as expressões Direitos Humanos e Direitos Fundamentais


são utilizadas como sinônimas, para Ingo Wolfgang Sarlet2 as duas expressões não se
confundem:

Em que pese sejam ambos os termos (‘direitos humanos’ e ‘direitos


fundamentais’) comumente utilizados como sinônimos, a explicação
corriqueira e, diga-se de passagem, procedente para a distinção é de que

1
Direitos Humanos - Essência do Direito do Trabalho Coordenadores: Alessandro da Silva, Jorge
Luiz Souto Maior, Kenarik Boujikian Felippe e Marcelo Semer Pág. 7 LTr
2
A Eficácia dos Direitos Fundamentais. 6ª ed., Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2006, p. 35 e 36.

1
o termo ‘direitos fundamentais’ se aplica para aqueles direitos do ser
humano reconhecidos e positivados na esfera do direito constitucional
positivo de determinado Estado, ao passo que a expressão ‘direitos
humanos’ guardaria relação com os documentos de direito internacional,
por referir-se àquelas posições jurídicas que se reconhecem ao ser
humano como tal, independentemente de sua vinculação com
determinada ordem constitucional, e que, portanto, aspiram à validade
universal, para todos os povos e tempos, de tal sorte que revelam um
inequívoco caráter supranacional (internacional).

Sob essa ótica da análise apresentada pelo autor acima mencionado os Direitos
Humanos teriam caráter universal e os Direitos Fundamentais estariam restritos a um
determinado Estado que os elegesse em sua ordem constitucional exclusivamente.

Canotilho considera também que as duas expressões não são sinônimas, de sorte que
Direitos Humanos ( utilizando a expressão Direitos do Homem) partindo da análise
jusnaturalista , são inerentes a própria condição humana, desta forma, possuem caráter
universal e Direitos Fundamentais encontram-se positivados na ordem jurídica, quer no
plano constitucional ou infraconstitucional, ou seja observa-se uma delimitação no
espaço e no tempo.

Direitos do homem são direitos válidos para todos os povos e em todos os tempos
(dimensão
jusnaturalista-universalista); Direitos Fundamentais são os direitos do homem,
jurídicoinstitucionalmente garantidos e limitados espacio-temporalmente.
(CANOTILHO, 1998, p. 359)

VER FÁBIO COMPARATO

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