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A placa-mãe é o componente mais importante do micro, pois é ela a responsável pela

comunicação entre todos os componentes. Pela enorme quantidade de chips, trilhas,


capacitores e encaixes, a placa-mãe também é o componente que, de uma forma geral,
mais dá defeitos. É comum que um slot PCI pare de funcionar (embora os outros continuem
normais), que instalar um pente de memória no segundo soquete faça o micro passar a
travar, embora o mesmo pente funcione perfeitamente no primeiro e assim por diante.
A maior parte dos problemas de instabilidade e travamentos são causados por problemas
diversos na placa-mãe, por isso ela é o componente que deve ser escolhido com mais
cuidado. Em geral, vale mais a pena investir numa boa placa-mãe e economizar nos demais
componentes, do que o contrário.

A qualidade da placa-mãe é de longe mais importante que o desempenho do processador.


Você mal vai perceber uma diferença de 20% no clock do processador, mas com certeza vai
perceber se o seu micro começar a travar ou se a placa de vídeo onboard não tiver um bom
suporte no Linux, por exemplo.

Ao montar um PC de baixo custo, economize primeiro no processador, depois na placa de


vídeo, som e outros periféricos. Deixe a placa-mãe por último no corte de despesas.
Não se baseie apenas na marca da placa na hora de comprar, mas também no fornecedor.
Como muitos componentes entram no país ilegalmente, "via Paraguai", é muito comum que
lotes de placas remanufaturadas ou defeituosas acabem chegando ao mercado. Muita gente
compra esses lotes, vende por um preço um pouco abaixo do mercado e depois
desaparece. Outras lojas simplesmente vão vendendo placas que sabem ser defeituosas
até acharem algum cliente que não reclame. Muitas vezes os travamentos da placa são
confundidos com "paus do Windows", de forma que sempre aparece algum desavisado que
não percebe o problema.

Antigamente existia a polêmica entre as placas com ou sem componentes onboard. Hoje em
dia isso não existe mais, pois todas as placas vêm com som e rede onboard. Apenas alguns
modelos não trazem vídeo onboard, atendendo ao público que vai usar uma placa 3D
offboard e prefere uma placa mais barata ou com mais slots PCI do que com o vídeo
onboard que, de qualquer forma, não vai usar.

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Os conectores disponíveis na placa estão muito relacionados ao nível de atualização do
equipamento. Placas atuais incluem conectores PCI Express x16, usados para a instalação
de placas de vídeo offboard, slots PCI Express x1 e slots PCI, usados para a conexão de
periféricos diversos. Placas antigas não possuem slots PCI Express nem portas SATA,
oferecendo no lugar um slot AGP para a conexão da placa de vídeo e duas ou quatro portas
IDE para a instalação dos HDs e drives ópticos.

Slots PCI e slot AGP

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Slots PCI Express (acima) e slots PCI em comparação

Temos ainda soquetes para a instalação dos módulos de memória, o soquete do


processador, o conector para a fonte de alimentação e o painel traseiro, que agrupa os
encaixes dos componentes onboard, incluindo o conector VGA ou DVI do vídeo, conectores
de som, conector da rede e as portas USB.

O soquete (ou slot) para o processador é a principal característica da placa-mãe, pois indica
com quais processadores ela é compatível. Você não pode instalar um Athlon X2 em uma
placa soquete A (que é compatível com os antigos Athlons, Durons e Semprons antigos),
nem muito menos encaixar um Sempron numa placa soquete 478, destinada aos Pentium 4
e Celerons antigos. O soquete é na verdade apenas um indício de diferenças mais
"estruturais" na placa, incluindo o chipset usado, o layout das trilhas de dados, etc. É preciso
desenvolver uma placa quase que inteiramente diferente para suportar um novo
processador.

Existem dois tipos de portas para a conexão do HD: as portas IDE tradicionais, de 40 pinos
(chamadas de PATA, de "Parallel ATA") e os conectores SATA (Serial ATA), que são muito
menores. Muitas placas recentes incluem um único conector PATA e quatro conectores
SATA. Outras incluem as duas portas IDE tradicionais e dois conectores SATA, e algumas
já passam a trazer apenas conectores SATA, deixando de lado os conectores antigos.
Existem ainda algumas placas "legacy free", que eliminam também os conectores para o
drive de disquete, portas seriais e porta paralela, incluindo apenas as portas USB. Isso
permite simplificar o design das placas, reduzindo o custo de produção para o fabricante.

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Placa soquete 775
Tudo isso é montado dentro do gabinete, que contém outro componente importante: a fonte
de alimentação. A função da fonte é transformar a corrente alternada da tomada em
corrente contínua (AC) já nas tensões corretas, usadas pelos componentes. Ela serve
também como uma última linha de defesa contra picos de tensão e instabilidade na corrente,
depois do nobreak ou estabilizador.

Embora quase sempre relegada a último plano, a fonte é outro componente essencial num
PC atual. Com a evolução das placas de vídeo e dos processadores, os PCs consomem
cada vez mais energia. Na época dos 486, as fontes mais vendidas tinham 200 watts ou
menos, enquanto as atuais têm a partir de 450 watts. Existem ainda fontes de maior
capacidade, especiais para quem quer usar duas placas 3D de ponta em SLI, que chegam a
oferecer 1000 watts!

Fonte de alimentação (PSU) de 500 watts

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Uma fonte subdimensionada não é capaz de fornecer energia suficiente nos momentos de
pico, causando desde erros diversos, provocados por falhas no fornecimento (o micro trava
ao tentar rodar um game pesado, ou trava sempre depois de algum tempo de uso, por
exemplo), ou, em casos mais graves, até mesmo danos aos componentes. Uma fonte de má
qualidade, obrigada a trabalhar além do suportado, pode literalmente explodir, danificando a
placa-mãe, memórias, HDs e outros componentes sensíveis.

Micro montado

Evite comprar fontes muito baratas e, ao montar um micro mais parrudo, invista numa fonte
de maior capacidade.

Não se esqueça também do aterramento, que é outro fator importante, mas freqüentemente
esquecido. O fio terra funciona como uma rota de fuga para picos de tensão provenientes da
rede elétrica. A eletricidade flui de uma forma similar à água: vai sempre pelo caminho mais
fácil. Sem ter para onde ir, um raio vai torrar o estabilizador, a fonte de alimentação e, com
um pouco mais de azar, a placa-mãe e o resto do micro. O fio terra evita isso, permitindo
que a eletricidade escoe por um caminho mais fácil, deixando todo o equipamento intacto.
O fio terra é simplesmente uma barra de cobre com dois a três metros de comprimento, que
é cravada no solo, no meio de um buraco de 20 cm de largura, preenchido com sal grosso e
carvão. Naturalmente, instalar o terra é trabalho para o eletricista, já que um aterramento
mal feito pode ser mais prejudicial que não ter aterramento algum. Não acredite em
crendices como usar um prego fincado na parede ou um cano metálico como aterramento.

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Sem o terra, o filtro de linha ou estabilizador perde grande parte de sua função, tornando-se
mais um componente decorativo, que vai ser torrado junto com o resto do equipamento, do
que uma proteção real.

Nas grandes cidades, é relativamente raro que os micros realmente queimem por causa de
raios, pois os transformadores e disjuntores oferecem uma proteção razoável. Mas,
pequenos picos de tensão são responsáveis por pequenos danos nos pentes de memória e
outros componentes sensíveis, danos que se acumulam, comprometendo a estabilidade e
abreviando a vida útil do equipamento. A longo prazo, o investimento na instalação do terra
e melhorias na instalação elétrica acabam se pagando com juros, principalmente se você
tem mais de um micro.

AT
AT é a sigla para (Advanced Technology). Trata-se de um tipo de placa-mãe já antiga. Seu
uso foi constante de 1983 até 1996. Um dos fatos que contribuíram para que o padrão AT
deixasse de ser usado (e o ATX fosse criado), é o espaço interno reduzido, que com a
instalação dos vários cabos do computador (flat cable, alimentação), dificultavam a
circulação de ar, acarretando, em alguns casos danos permanentes à máquina devido ao
super aquecimento. Isso exigia grande habilidade do técnico montador para aproveitar o
espaço disponível da melhor maneira. Além disso, o conector de alimentação da fonte AT,
que é ligado à placa-mãe, é composto por dois plugs semelhantes (cada um com seis
pinos), que devem ser encaixados lado a lado, sendo que os fios de cor preta de cada um
devem ficar localizados no meio. Caso esses conectores sejam invertidos e a fonte de
alimentação seja ligada, a placa-mãe será fatalmente queimada. Com o padrão AT, é
necessário desligar o computador pelo sistema operacional, aguardar um aviso de que o
computador já pode ser desligado e clicar no botão "Power" presente na parte frontal do
gabinete. Somente assim o equipamento é desligado. Isso se deve a uma limitação das
fontes AT, que não foram projetadas para fazer uso do recurso de desligamento automático

Os modelos AT geralmente são encontrados com slots ISA, EISA, VESA nos primeiro
modelos e, ISA e PCI nos mais novos AT (chamando de baby AT quando a placa-mãe
apresenta um tamanho mais reduzido que os dos primeiros modelos AT). Somente um
conector "soldado" na própria placa-mãe, que no caso, é o do teclado que segue o padrão
DIN e o mouse utiliza a conexão serial. Posição dos slots de memória RAM e socket de
CPU sempre em uma mesma região na placa-mãe, mesmo quando placas de fabricantes

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diferentes. Nas placas AT são comuns os slots de memória SIMM ou SDRAM, podendo vir
com mais de um dos padrões na mesma placa-mãe.

ATX
ATX é a sigla para (Advanced Technology Extended). Pelo nome, é possível notar que trata-
se do padrão AT aperfeiçoado. Um dos principais desenvolvedores do ATX foi a Intel. O
objetivo do ATX foi de solucionar os problemas do padrão AT (citados anteriormente), o
padrão apresenta uma série de melhoras em relação ao anterior. Atualmente todos os
computadores novos vêm baseados neste padrão. Entre as principais características do
ATX, estão:

• o maior espaço interno, proporcionando uma ventilação adequada,


• conectores de teclado e mouse no formato mini-DIM PS/2 (conectores menores)
• conectores serial e paralelo ligados diretamente na placa-mãe, sem a necessidade de
cabos,
• melhor posicionamento do processador, evitando que o mesmo impeça a instalação de
placas de expansão por falta de espaço.

Painel ATX

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Gabinete ATX

Quanto à fonte de alimentação, encontramos melhoras significativas. A começar pelo


conector de energia ligado à placa-mãe. Ao contrário do padrão AT, não é possível encaixar
o plug de forma invertida. Cada orifício do conector possui um formato, que dificulta o
encaixe errado. A posição dos slots de memória RAM e socket de CPU variam a posição
conforme o fabricante. Nestas placas serão encontrados slots de memória SDRAM,
Rambus, DDR, DDR-II ou DDR-III, podendo vir com mais de um dos padrões na mesma
placa-mãe. Geralmente os slots de expansão mais encontrados são os PCI, AGP,
AMR/CNR e PCI-Express. As placas mais novas vêm com entrada na própria placa-mãe
para padrões de disco rígido IDE ou Serial ATA. Gerenciamento de energia quando
desligado o micro, suporta o uso do comando "shutdown", que permite o desligamento
automático do micro sem o uso da chave de desligamento encontrada no gabinete. Se a
placa mãe for alimentada por uma fonte com padrão ATX é possível ligar o computador
utilizando um sinal externo como, por exemplo, uma chamada telefônica recebida pelo
modem instalado.

O componente básico da placa mãe é o PCB, a placa de circuito impresso onde são
soldados os demais componentes. Embora apenas duas faces sejam visíveis, o PCB da
placa mãe é composta por um total de 4 a 10 placas (totalizando de 8 a 20 faces!). Cada
uma das placas possui parte das trilhas necessárias e elas são unidas através de pontos de
solda estrategicamente posicionados. Ou seja, embora depois de unidas elas aparentem ser
uma única placa, temos na verdade um sanduíche de várias placas.

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PCB

Como o PCB é um dos componentes de mais baixa tecnologia, é comum que a produção
seja terceirizada para países como a China, onde a mão de obra é mais barata. É por isso
que muitas placas mãe possuem um "made in China" decalcado em algum lugar da placa,
mesmo que as demais etapas de produção tenham sido realizadas em outro lugar.
A maior parte dos componentes da placa, incluindo os resistores, MOSFETs e chips em
geral utilizam solda de superfície, por isso é muito difícil substituí-los manualmente, mesmo
que você saiba quais são os componentes defeituosos.

Os menores componentes da placa são os resistores e capacitores de estado sólido. Eles


são muito pequenos, medindo pouco menos de um milímetro quadrado e por isso são
instalados de forma automatizada (e com grande precisão). As máquinas que fazem a
instalação utilizam um conjunto de braços mecânicos e, por causa da velocidade, fazem um
barulho muito similar ao de uma metralhadora. A "munição" (os componentes) também é
fornecida na forma de rolos, onde os componentes são pré posicionados entre duas folhas
plásticas.

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Rolos com resistores e outros componentes

Depois que todos os componentes são encaixados, a placa passa por um uma câmara de
vapor, que faz com que os pontos de solda derretam e os componentes sejam fixados,
todos de uma vez.

Resistores, capacitores e cristal de clock

Você pode diferenciar os resistores dos capacitores que aparecem na foto pela cor. Os
resistores são escuros e possuem números decalcados, enquanto os capacitores são de
uma cor clara. Estes pequenos capacitores são sólidos, compostos de um tipo de cerâmica.

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Eles são muito diferentes dos capacitores eletrolíticos (que veremos em detalhes a seguir) e
possuem uma capacitância muito mais baixa.

Outros componentes, como os slots, capacitores e a maior parte dos conectores utilizam o
sistema tradicional, onde os contatos são encaixados em perfurações feitas na placa e a
solta é feita na parte inferior. Na maioria dos casos, eles são instalados manualmente, por
operários. É por isso que a maioria das fábricas de placas são instaladas em países da Ásia,
onde a mão de obra é barata. No final da produção, a placa mãe passa por mais uma
máquina de solda, que fixa todos os componentes com contatos na parte inferior de uma só
vez.

Linha de montagem de placas-mãe

Outro componente importante são os reguladores de tensão, também chamados de


MOSFETs. Uma fonte ATX fornece tensões de 12v, 5v e 3.3v, sendo que a maioria dos
componentes num PC atual utilizam tensões mais baixas, como os 1.5 ou 0.8v das placas
AGP, 1.8v dos pentes de memória DDR 2 assim por diante. Os reguladores são os
responsáveis por reduzir e estabilizar as tensões fornecidas pela fonte aos níveis corretos
para os diversos componentes.
Parte da energia é transformada em calor, de forma que os reguladores estão entre os
componentes que mais esquentam numa placa atual. Em muitas placas, eles recebem
dissipadores de alumínio e, em alguns casos, até mesmo coolers ativos. O volume e a
capacidade dos reguladores de tensão são um quesito importante nas placas "premium",
destinadas a suportarem grandes overclocks:

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Reguladores de tensão

A fim de diferenciar seus produtos, cada vez mais fabricantes adotam cores alternativas no
PCB das placas, como preto, azul, ou até mesmo vermelho, fugindo do verde tradicional. A
cor tem apenas efeito decorativo, não é um indicador da qualidade da placa. Em muitos
casos, o acabamento colorido acaba encarecendo o custo de produção, mas isso é
problema do fabricante, não nosso.

Da mesma forma como a cor da placa, a cor dos slots pode variar. Os slots PCI, que são
originalmente brancos, podem ser azuis numa placa da ECS ou amarelos numa DFI, por
exemplo. As placas coloridas podem ser usadas para criar um visual diferente ao fazer um
casemod.

Continuando, existe uma regra geral de que, quanto mais baixa for temperatura de
funcionamento, mais tempo os componentes dos PCs tendem a durar. De uma forma geral,
um PC onde a temperatura dentro do gabinete seja de 35°C tente a apresentar menos
defeitos e problemas de instabilidade e durar mais do que um onde a temperatura seja de
45°C, por exemplo.

Naturalmente, existem excessões, já que no mundo real entram em cena os imprevistos do


dia a dia e até mesmo falhas na produção dos componentes que abreviem sua vida útil.
Mas, se você fizer um teste de maior escala, monitorando o funcionamento de 100 PCs de
configuração similar ao longo de 5 anos, por exemplo, vai ver que uma diferença de 10
graus na temperatura influencia de forma significativa a vida útil.
O principal motivo disso são os capacitores eletrolíticos, que são usados em profusão na
placa mãe, placa de vídeo e diversos outros componentes.

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Capacitores eletrolíticos

Os capacitores permitem armazenar pequenas quantidades de energia, absorvendo


variações na corrente e entregando um fluxo estável para os componentes ligados a ele.
Você pode imaginar que eles atuam como pequenas represas, armazenando o excesso de
água na época das chuvas e entregando a água armazenada durante as secas.
Imagine uma situação onde o processador está em um estado de baixo consumo de energia
e subitamente "acorda", passando a operar na frequência máxima. Temos então um
aumento imediato e brutal no consumo, que demora algumas frações de segundo para ser
compensado. Durante este período, são os capacitores que fornecem a maior parte da
energia, utilizando a carga armazenada.

Tanto o processador principal, quanto a GPU da placa de vídeo e controladores


responsáveis por barramentos diversos (PCI Express, AGP, PCI, etc.) são especialmente
suscetíveis a variações de tensão, que podem causar travamentos e até mesmo danos.
Basicamente, é graças aos capacitores que um PC pode funcionar de forma estável.
Existem diversos tipos de capacitores. Os mais usados em placas-mãe e outros
componentes são os capacitores eletrolíticos. Eles possuem uma boa capacidade e são
muito baratos de se produzir, daí a sua enorme popularidade. O problema é que eles
possuem uma vida útil relativamente curta, estimada em de 1 a 5 anos de uso contínuo,
variando de acordo com a qualidade de produção e condições de uso.
Entre os fatores "ambientais", o que mais pesa na conta é a temperatura de funcionamento.
Uma redução de 10 graus na temperatura interna do gabinete pode resultar num aumento

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de até 100% no tempo de vida útil dos capacitores, daí a recomendação de caprichar na
ventilação e, caso necessário, instalar exaustores adicionais .
Durante a década de 1990 existiram muitos casos de placas mãe com capacitores de baixa
qualidade (sobretudo em placas da PC-Chips, ECS e da Abit), que falhavam depois de
apenas um ou dois anos de uso. Recentemente, as coisas melhoraram, com os fabricantes
percebendo que usar capacitores de baixa qualidade acaba causando mais prejuízo do que
ganho. Infelizmente, como temos uma grande predominância de equipamentos de baixa
qualidade aqui no Brasil, ainda é preciso ter cuidado.

Com o passar do tempo, os capacitores eletrolíticos perdem progressivamente a sua


capacitância, deixando os componentes desprotegidos. O capacitor passa então a atuar
como um condutor qualquer, perdendo sua função. Sem a proteção proporcionada por ele,
os circuitos passam a receber diretamente as variações, o que, além de abreviar sua vida
útil, torna o sistema como um todo mais e mais instável.
Como o processo é muito gradual, você começa notando travamentos esporádicos nos
momentos de atividade mais intensa, que passam a ser mais e mais freqüentes, até chegar
ao ponto em que você acaba sendo obrigado a trocar de placa mãe, pois o micro
simplesmente não consegue mais nem concluir o boot.
Nestes casos, o defeito raramente é permanente, de forma que ao substituir os capacitores
defeituosos, a placa volta a funcionar normalmente. É aí que entram os técnicos e empresas
que fazem manutenção de placas mãe, substituindo capacitores e outros componentes
defeituosos.

Internamente, um capacitor eletrolítico é composto por duas folhas de alumínio, separadas


por uma camada de óxido de alumínio, enroladas e embebidas em um eletrólito líquido
(composto predominantemente de ácido bórico, ou borato de sódio), que acaba evaporando
em pequenas quantidades durante o uso. Como o capacitor é hermeticamente selado, isto
com o tempo gera uma pressão interna que faz com que ele fique estufado. Este é o sinal
visível de que o capacitor está no final de sua vida útil. Em alguns casos, o eletrólito pode
vazar, corroendo as trilhas e outros componentes próximos e assim causando uma falha
prematura do equipamento.

Ao contrário de chips BGA e outros componentes que usam solda de superfície, os contatos
dos capacitores são soldados na parte inferior da placa. Embora trabalhoso, é possível
substituir capacitores estufados ou em curto usando um simples ferro de solda, permitindo
consertar, ou estender a vida útil da placa.

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Na próxima página temos um caso dramático, de uma placa com diversos capacitores
estufados, três deles já apresentando sinais de vazamento:

Atualmente, cada vez mais fabricantes estão passando a oferecer placas com capacitores
de estado sólido, que, embora mais caros, são muito mais duráveis que os capacitores
eletrolíticos. Como o uso deles aumenta em até US$ 10 o custo de produção da placa (o
que acaba causando um aumento de 20% ou mais no preço final) eles são oferecidos
apenas em placas "premium", desenvolvidas para o público entusiasta. Com o passar do
tempo, entretanto, o uso tende a se tornar mais comum.

Os capacitores de estado sólido podem ser diferenciados dos eletrolíticos facilmente, pois
são mais compactos e possuem um encapsulamento inteiriço:

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BIOS
O BIOS contém todo o software básico, necessário para inicializar a placa mãe, checar os
dispositivos instalados e carregar o sistema operacional, o que pode ser feito a partir do HD,
CD-ROM, pendrive, ou qualquer outra mídia disponível. O BIOS inclui também o Setup, o
software que permite configurar as diversas opções oferecidas pela placa. O processador é
programado para sempre procurar e executar o BIOS sempre que o micro é ligado,
processando-o da mesma forma que outro software qualquer. É por isso que a placa mãe
não funciona "sozinha", você precisa sempre ter instalado o processador e pentes de
memória para conseguir acessar o Setup. :)

Por definição, o BIOS é um software, mas, como de praxe, ele fica gravado em um chip
espetado na placa mãe. Na grande maioria dos casos, o chip combina uma pequena
quantidade de memória Flash (256, 512 ou 1024 KB), o CMOS, que é composto por de 128
a 256 bytes de memória volátil e o relógio de tempo real. Nas placas antigas era utilizado
um chip DIP, enquanto nas atuais é utilizado um chip PLCC (plastic leader chip carrier), que
é bem mais compacto:

Chip PLCC que armazena no BIOS da placa-mãe

O CMOS serve para armazenar as configurações do setup. Como elas representam um


pequeno volume de informações, ele é bem pequeno em capacidade. Assim como a
memória RAM principal, ele é volátil, de forma que as configurações são perdidas quando a

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alimentação elétrica é cortada. Por isso, toda placa mãe inclui uma bateria, que mantém as
configurações quando o micro é desligado.

A mesma bateria alimenta também o relógio de tempo real (real time clock), que, apesar do
nome pomposo, é um relógio digital comum, que é o responsável por manter atualizada a
hora do sistema, mesmo quando o micro é desligado.
Se você prestou atenção nos três parágrafos anteriores, deve estar se perguntando por que
as configurações do Setup não são armazenadas diretamente na memória Flash, ao invés
de usar o CMOS, que é volátil. Isto seria perfeitamente possível do ponto de vista técnico,
mas a idéia de usar memória volátil para guardar as configurações é justamente permitir que
você possa zerar as configurações do Setup (removendo a bateria, ou mudando a posição
do jumper) em casos onde o micro deixar de inicializar por causa de alguma configuração
incorreta.
Um caso clássico é tentar fazer um overclock muito agressivo e o processador passar a
travar logo no início do boot, sem que você tenha chance de entrar no setup e desfazer a
alteração. Atualmente basta zerar o setup para que tudo volte ao normal, mas, se as
configurações fossem armazenadas na memória Flash, a coisa seria mais complicada.

Para zerar o CMOS, você precisa apenas cortar o fornecimento de energia para ele.
Existem duas formas de fazer isso. A primeira é (com o micro desligado) remover a bateria
da placa mãe e usar uma moeda para fechar um curto entre os dois contatos da bateria
durante 15 segundos. Isso garante que qualquer carga remanescente seja eliminada e o
CMOS seja realmente apagado. A segunda é usar o jumper "Clear CMOS", que fica sempre
posicionado próximo à bateria. Ele possui duas posições possíveis, uma para uso normal e
outra para apagar o CMOS ("discharge", ou "clear CMOS"). Basta mudá-lo de posição
durante 15 segundos e depois recolocá-lo na posição original.

Uma dica é que muitas placas vêm de fábrica com o jumper na posição "discharge", para
evitar que a carga da bateria seja consumida enquanto a placa fica em estoque. Ao montar
o micro, você precisa se lembrar de verificar e, caso necessário, mudar a posição do jumper,
caso contrário a placa não funciona, ou exibe uma mensagem de erro durante o boot e não
salva as configurações do Setup.

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Jumper Clear CMOS

Como todo software, o BIOS possui bugs, muitos por sinal. De tempos em tempos, os
fabricantes disponibilizam versões atualizadas, corrigindo problemas, adicionando
compatibilidade com novos processadores (e outros componentes) e, em alguns casos,
adicionando novas opções de configuração no Setup. É muito comum que você precise
atualizar o BIOS da placa para que ela funcione em conjunto com novos processadores, de
fabricação mais recente que a placa mãe.

Atualizar o BIOS consiste em dar boot através de um disquete ou CD-ROM, contendo o


software que faz a gravação, indicar a localização do arquivo com a nova imagem e deixar
que ele regrave a memória Flash com o novo código.
O primeiro passo é visitar área de suporte ou downloads do site do fabricante e procurar por
atualizações para a sua placa mãe. Se você usa Windows, aproveite para verificar se não
estão disponíveis novas versões dos drivers, que também podem corrigir problemas e
adicionar novos recursos.

Por exemplo, uma Asus K8N4-E SE que testei tinha um problema estranho com a placa de
rede, que parava de funcionar aleatoriamente depois de algumas horas de uso contínuo,
que foi solucionado com a atualização do BIOS da versão 0106 para a 0110.

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Para baixar o arquivo, acessei a área de download do site da Asus
(http://support.asus.com/download/) e, no menu de busca por atualizações, selecionei as
opções "Motherboard > Socket 754 > K8N4-E SE > BIOS", chegando ao arquivo:

Muitos fabricantes ainda disponibilizam disquetes de boot, contendo uma versão reduzida
do FreeDOS ou MS-DOS, mas muitos já passaram a disponibilizar CDs de boot (basta
gravar a imagem .iso usando o Nero, K3B ou outro programa de gravação e dar boot), o que
elimina a necessidade de ter que instalar um drive de disquetes na máquina só para poder
atualizar o BIOS.

Uma idéia nova, que foi inaugurada pela Asus e vem sendo adotada por cada vez mais
fabricantes é incluir o utilitário de atualização diretamente no próprio BIOS. Neste caso, você
só precisa pressionar uma combinação de teclas durante o boot e indicar a localização do
arquivo de atualização. Na maioria das placas, ele precisa ser gravado num disquete ou CD-
ROM (você precisa queimar um CD, colocando o arquivo no diretório raiz), mas algumas já
suportam também o uso de pendrives e cartões de memória instalados com a ajuda de um
adaptador USB.

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Na maioria dos casos, você pode acessar o utilitário de atualização pressionando ALT+F2
durante a contagem de memória. Em muitas placas, a opção também fica disponível através
do Setup. Nas placas da Asus, por exemplo, ela fica dentro do menu "Tools". Dentro do
programa, basta indicar o arquivo a ser gravado. Eles geralmente possuem em torno de 512
KB e utilizam a extensão ".BIN" ou ".ROM":

Atualização de BIOS

Atualizar o BIOS é sempre um procedimento potencialmente perigoso, já que sem ele a


placa não funciona. Na grande maioria dos casos, o programa também oferece a opção de
salvar um backup do BIOS atual antes de fazer a atualização. Este é um passo importante,
pois se algo sair errado, ou você tentar gravar uma atualização para um modelo de placa
diferente, ainda restará a opção de reverter o upgrade, regravando o backup da versão
antiga.

A maioria das placas atuais incorpora sistemas de proteção, que protegem áreas essenciais
do BIOS, de forma que, mesmo que acabe a energia no meio da atualização, ou você tente
gravar o arquivo errado, a placa ainda preservará as funções necessárias para que você
consiga reabrir o programa de gravação e terminar o serviço. Em alguns casos, a placa
chega a ver com um "BIOS de emergência", um chip extra, com uma cópia do BIOS original,
que você pode instalar na placa em caso de problemas.

Placas antigas não possuem estas camadas de proteção, de forma que um upgrade mal
sucedido podia realmente inutilizar a placa. Nestes casos, a solução era remover o chip e
levá-lo a alguém que tivesse um gravador de EEPROM. Depois de regravado, o chip era

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reinstalado na placa e tudo voltava ao normal. Ou seja, mesmo nestes casos, a placa não
era realmente danificada, ficava apenas "fora de serviço".

Um truque muito usado nestes casos era usar uma placa mãe igual, ou pelo menos de
modelo similar para regravar o BIOS da placa danificada. Nestes casos, você dava boot com
o disquete ou CD de atualização (na placa boa), removia o chip com o BIOS e instalava no
lugar o chip da placa danificada (com o micro ligado), dando prosseguimento ao processo
de regravação. Desta forma, você usava a placa "boa" para regravar o BIOS da placa "ruim".
Naturalmente, a troca precisava se feita com todo o cuidado, já que um curto nos contatos
podia inutilizar a placa mãe.

Concluindo, existem também programas de gravação para Windows, que são incluídos nos
CDs de drivers de muitas placas. Eles são mais fáceis de usar, mas fazer a atualização
através deles é considerado menos seguro, já que, dentro do Windows e com outros
programas e serviços rodando, a possibilidade de algo inesperado acontecer é maior.

Hoje em dia, a maioria dos dispositivos incluindo o HD, DVD, placa wireless, placa de vídeo
possuem um software de inicialização, similar ao BIOS da placa mãe. Ele pode ser gravado
diretamente no dispositivo, em um chip de memória Flash, ou mesmo algum tipo de
memória ROM, ou ser incorporado ao driver. Esta segunda solução vem sendo cada vez
mais adotada pelos fabricantes, pois permite eliminar o chip de memória, reduzindo o custo.
É por isso que, muitas vezes (sobretudo ao tentar ativar sua placa wireless ou scanner no
Linux), você precisa baixar, além do driver ou módulo necessário, também os arquivos que
compõe o firmware da placa.

Placa Mãe – 1ET – Profº Mandarino – 2008 21

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