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UNIVERSIDADE TIRADENTE

FÁBIO DA SILVA RIBEIRO

RELATÓRIO DO DOCUMENTÁRIO ÔNIBUS 174

PROPRIÁ
2010
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FÁBIO DA SILVA RIBEIRO

RELATÓRIO DO DOCUMENTÁRIO ÔNIBUS 174

Relatório apresentado a disciplina


Direitos Humanos como pré requisito
para avaliação da II unidade do curso de
Direito do 8º período noturno da
Universidade Tiradentes, Professora
Franciele Faistel.

PROPRIÁ
2010
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Rio de Janeiro, 12 de junho de 2000, Bairro do Jardim Botânico, tarde ensolarada de


segunda feira as 14h20, passa mais uma vez em seu percurso usual o ônibus da empresa
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na época 174, hoje 158, que fazia a linha Central-Gávea, em dado
momento se apresenta o assaltante Sandro Barbosa do Nascimento, com bermuda,
camiseta e um revólver calibre 38, aparentemente nervoso falando palavras desconexas,
toma o ônibus de assalto, passando-se vinte minutos um dos passageiros consegue fazer
sinal para um carro da polícia que passava pela rua, que logo que percebem a
movimentação dentro do ônibus o interceptam, nesse momento o pânico já se havia
instalado, muitas pessoas conseguem fugir inclusive o motorista e o cobrador pulando
pelas janelas e correndo pela porta traseira, mas onze passageiros não conseguem e são
tomados como reféns, Luciana Carvalho é a primeira a ser aliciada, Sandro a leva para
frente do ônibus e manda ela dirigir, nesse momento ele efetua seu primeiro disparo
contra o vidro do ônibus isso para que os fotógrafos e cinegrafistas que estava muito perto
saíssem dali. Passando alguns minutos o estudante de administração Willians de Moura
foi liberado pelo seqüestrador que disse que como ele é estudante tinha que ir para a
faculdade, assim dez reféns ficam em seu pode todos do sexo feminino. Após a liberação
de Willians, Sandro apontou a arma na cabeça de Janaína Neves e a fez escrever nas
janelas, com batom, frases como: "Ele vai matar geral às seis horas" e "ele tem pacto com
o diabo". A próxima vítima a ser liberada é Damiana Nascimento Souza ela já tinha
sofrido dois AVCs em sua vida e já começava a passar mal, tendo um terceiro derrame
que a deixou sem falar e sem alguns movimentos do lado esquerdo do corpo, a mesma
aparece no documentario escrevendo o que passou, pois não pode falar mais. Um dos
momentos de maior tensão foi quando o assaltante andou de um lado para o outro com
um lençol na cabeça de Janaína. Segundo ela, Sandro disse que iria contar de um até cem,
e quando chegasse ao fim da contagem, ele a mataria. Sandro contava pulando os
números e, ao chegar ao número cem, fez a refém se abaixar e fingiu dar-lhe um tiro na
cabeça. Após isso, fez ameaças: "delegado, já morreu uma, vai morrer outra", nesse
momento ele pega a professora Geísa Firmo Gonçalves como refém e deixa Janaína
deitada no chão simulando sua morte. Às dezoito horas e cinqüenta minutos, Sandro
decidiu sair do ônibus, usando a professora Geísa Firmo Gonçalves como escudo. Ao
descer, um policial do BOPE tentou alvejar Sandro com uma submetralhadora e acabou
errando o tiro, acertando a refém de raspão no queixo. Geísa acabou também levando
outros três tiros nas costas, disparados por Sandro.
Com Geísa morta, Sandro foi logo capturado pela policia nesse mesmo instante uma
multidão correu para tentar linchá-lo. Ele foi colocado na viatura com outros policias
segurando-o. Sandro foi morto por asfixia ali dentro. A mãe adotiva Dona Elza da Silva
(a única pessoa que participou de seu enterro) disse que Sandro não era capaz de matar
ninguém,








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Relação dos fatos acontecidos tendo enfoque nos direitos garantidos pela Declaração
Universal dos Direito Humanos tais como

šc Direito a dignidade e igualdade de direitos ± Art. I


šc Direito de não ser discriminado ± Art. II
šc Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano
ou degradante ± Art. V
šc Artigo XXV
1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a
sua família saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação,
cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em
caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda
dos meios de subsistência fora de seu controle.
2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais.
Todas as crianças nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma
proteção social.

Todos esses direitos também são garantidos pela constituição e é dever do Estado
assegurar-los.

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A dignidade humana se faz necessário nas sociedades, mas apesar de ser um dos
direitos mais básicos garantidos pela constituição e pela Declaração Universal dos
Direitos Humanos, vem sendo infligida todos dos dias. No Brasil, a violência a cada dia
da saltos gritantes de ousadia e perversidade, vemos chacinas de crianças na frente das
igrejas feitas por que deveria defende-las, crianças sendo arrastadas por crianças no
asfalto, pais jogando filhos pelas janelas e parece que a cada susto nos imunizamos a
barbárie pois não reagimos ate um novo susto. O que será que acontece com as pessoas
que estão mais e mais violetas? A historia de Sandro pode dar um sinal para o problema,
nem mesmo Jó personagem bíblico teve paciência às dificuldades a que foi testado.
Sandro assistiu sua mãe grávida ser assassinada com uma faca nas costas ainda criança,
virou menino de rua onde adotou o apelido de ³Mancha´ acabou se viciando em drogas e
roubando para manter seu vício, escapou ileso da famigerada chacina da candelária pois
freqüentava as suas calçadas. Deixado a sorte aprendeu a sobreviver ainda criança a
margem da selva capitalista, sendo assim, como um produto tanto do descaso quanto do
desrespeito do Estado e da sociedade não poderia ser um desorientado? Claro que quando
um individuo tem em sua essência a força necessária a se distanciar da delinqüência o
destino e traçado de forma diferente, mas não podemos ficar esperando de que toda a
criança que nasça tenha essa força interior, o Estado deve garantir o ambiente favorável
tantos aos fortes quanto aos fracos de caráter para que seu potencial destrutivo não seja
desenvolvido, pois mesmo os bons de caráter quando estão em grande pressão podem
mudar sua doçura.
A história da violência no Brasil esta ativamente relacionada ao despreparo da
segurança publica onde ainda sobrevive a tortura por parte dos policiais, herança da
ditadura e a forma como nossos jovens e crianças vêm sendo tratados. Países onde esses
direitos são respeitados a violência é notadamente mais baixa, o que nos prova que a
violência deve ser combatida desde o respeito aos pequenos fatores, como a educação, a
moradia com saneamento, água tratada, onde a presença do estado seja efetiva não dando
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margem ao poder paralelo ou milícias onde o único respeito que vemos é com armas em
punho.

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