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Colocação pronominal

Por Thaís Nicoleti

Há uma série de regras que orientam a colocação pronominal no português. Os


professores de antigamente repetiam a lição: “o ‘que’ atrai o ‘se’”. Essa é uma maneira
simples de evitar grande parte das dúvidas que surgem na hora de escolher a posição
dos pronomes átonos.

O “que” pode ter várias funções sintáticas, mas sempre (ou quase sempre) será um fator
de próclise, o que quer dizer que “atrai” o pronome átono para perto de si. Não se diz,
portanto, “que estabeleceu-se”. A construção natural na língua é “que se estabeleceu”.
Há, entretanto, situações (raras) em que a ênclise (pronome depois do verbo) aparece
depois do “que”. Isso ocorre quando temos frases interrogativas cujo verbo esteja no
infinitivo. Assim:

Que dizer-lhe diante disso?

Vale lembrar que verbos no infinitivo impessoal convidam ao uso do pronome enclítico.
Isso se observa também nas locuções verbais. Assim:

Há pessoas que podem fazê-lo.

Advérbios em geral também são fatores de próclise. Assim:

Ali se fala uma língua estranha.

Também se cumprimentam com um sinal de cabeça.

Talvez lhe digam a verdade.

Nunca se sabe.

Palavras de sentido negativo também requerem próclise:


Não me diga!

Ninguém lhe contou?

Jamais o faria.

Nem me fale!

Verbos no particípio e no futuro (do presente ou do pretérito) não admitem, em hipótese


alguma, a ênclise. Não ocorre, por exemplo, uma construção como “tinha deixado-a".
Opta-se por “tinha-a deixado” ou “Ele a tinha deixado”. Em vez de “farão-lhe”; “far-
lhe-ão”; (pouco usado) ou “eles lhe farão";.

Há diversos outros casos, que serão abordados oportunamente. Evite iniciar frases com
o pronome átono, coisa comum na linguagem falada, mas só no registro oral. Em vez de
"Me pediu que viesse”, “Pediu-me que viesse”.

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