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ELT502

7. MAPAS DE KARNAUGH

A partir de uma tabela, pode-se obter a sua função pelo do método de Lagrange.
Entretanto, esse método exige que se faça simplificações na expressão obtida para se atingir a
forma simplificada. Como exemplo, considere a tabela a seguir, e sua respectiva função:
A B C F F = ABC + ABC + A BC + ABC + ABC
0 0 0 0
0 0 1 0 F = ABC + ABC + A BC + ABC + ABC + ABC
0 1 0 1
0 1 1 1 F = AB (C + C ) + AC ( B + B) + AB(C + C )
l 0 0 1
1 0 1 0
F = AB + AC + AB
1 1 0 1 F = B ( A + A) + AC
1 1 1 1
F = B + AC

Observe que na primeira simplificação, os termos ABC e ABC apresentam uma parte
comum, ou “constante” ( AB ) e uma parte “variável” ( C e C ). Após essa primeira
simplificação, pode-se observar que a parte constante fica mantida e a parte variável
desaparece. O mesmo ocorre com os termos AB C e ABC , resultando em AB , com os
termos A BC e AB C , resultando em AB , e finalmente com AB e AB resultando em B .
Apesar de se atingir os resultados esperados, corre-se o risco de não simplificar a
função adequadamente, ou pior ainda, pode-se cometer erros nas simplificações. O método
de leitura por “Mapas de Karnaugh” elimina-se esses problemas, visto que a leitura já é dada
na forma mais simplificada possível.

7.1 Metodologia de Leitura

Ao invés de se apresentar toda a teoria e a descrição formal do método, será visto a


metodologia de leitura e a seguir alguns exemplos ilustrativos são apresentados.

1. Todos 1 devem ser lidos pelo menos uma vez.


2. Grupos de 1 em potência de 2, e retangulares formam uma leitura.
3. O grupo deve ser o maior possível.
4. Deve-se ter o menor número possível de leituras.
5. A leitura corresponde às variáveis que se mantiverem constantes.

Exemplos:
A
A B F B 0 1
0 0 0 0 0 1
0 1 0 1 0 1 F=A
1 0 1
1 1 1

UNIFEI - NOTAS DE AULA DE ELT502 27


A XY M M
B 0 1 Z 00 01 11 10 RN 0 1 RN 0 1
0 1 1 0 1 0 0 1 00 0 0 00 1 1
1 1 0 1 1 0 1 1 01 0 0 01 1 1
11 0 0 11 1 1
10 0 0 10 1 1

F = A+ B F = Y + ZX F =0 F =1

XY AB XY
Z 00 01 11 10 C 00 01 11 10 Z 00 01 11 10
0 1 0 1 1 0 1 1 0 0 0 1 1
1 1 0 1 1 1 0 0 1 1 1 1 1

F =Y + X F = AC + AC F = Y Z + XZ + XY

Neste caso, XY é uma leitura


indevida e corresponde ao
termo fantasma.
KL
MS 00 01 11 10 00 01 11 10
00 1 1 1 00 1
01 1 1 1 01 1 1 ERRADO
11 1 11 1 1 1
10 1 1 10 1 1

F = LS + LM S + M K + L

6. A leitura deve-se iniciar pelos 1 mais isolados.


7. Os 1 com mais de uma opção de leitura são deixados para o final.
FL
CS 00 01 11 10
00 1
01 1 1
11 1 1 1
10 1 1

G = C F L + C L + FLS

7.2 Leitura pelos zeros

Se um dado mapa de Karnaugh apresentar muitos 1 e poucos 0, pode-se fazer a leitura


pelos 0, resultando em uma expressão mais simplificada. Neste caso, como se faz a leitura
pelos 0, obtém-se a função invertida e, portanto deve ser invertida novamente para ser
apresentada na forma normal. Adicionalmente a leitura pelos 0 serve para se apresentar uma
função sob a forma de produto de somas. Considere o exemplo a seguir.

UNIFEI - NOTAS DE AULA DE ELT502 28


BC
A 00 01 11 10 F = AC + BC
0 1 0 0 1
F = ( A + C )( B + C )
1 1 1 0 1

7.3 5 Variáveis
7.3.1 Primeira Forma: Sobreposição de Mapas de Quatro Variáveis

O mapa final pode ser visualizado como sendo dois mapas de quatro variáveis
sobrepostos. Um dos mapas, referente a E=0, corresponde à parte inferior da linha diagonal
de divisão das células do mapa final. O outro mapa, referente a E=1, corresponde à parte
superior da linha diagonal de divisão das células do mapa final. Cada mapa apresenta a sua
leitura individual. Se a leitura em um dos mapas for igual (sobreposta) à leitura do outro
mapa, estas duas leituras formam uma única leitura.
AB
CD 00 01 11 10
1 1 1 1
00
1 1
E 01 1 1
1 1 1 1
0 11 1 1 1
10 1 1 1 1

F = C D E + C DE + AD E + BDE + A BCD

7.3.2 Segunda Forma: Espelhamento de Mapas de Quatro Variáveis

O mapa final pode ser visualizado como sendo dois mapas de quatro variáveis
espelhados. Um dos mapas, referente a E=0, corresponde à parte esquerda da linha de
simetria do mapa final. O outro mapa, referente a E=1, corresponde à parte direita da linha de
simetria do mapa final, mas colocado de forma espelhada com relação ao primeiro mapa.
Cada mapa apresenta a sua leitura individual. Se a leitura em um dos mapas for igual
(espelhada) à leitura do outro mapa, estas duas leituras formam uma única leitura. Assim,
leituras que englobam os dois lados do mapa final devem ser simétricas! Considere os
exemplos a seguir.


EAB
CD 000 001 011 010 110 111 101 100
00 1 1 1 1
01 1 1 1 1
11 1 1 1 1 1 1
10 1 1 1 1

F = C D E + C DE + AD E + BDE + A BCD

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ABC
DE 000 001 011 010 110 111 101 100
00 1 1 1
01 1 1 1
11 1 1 1 1 1
10 1 1

F = A B D + BC D + BC E + ACDE + BDE

7.4 6 Variáveis
7.4.1 Primeira Forma: Sobreposição de Mapas de Quatro Variáveis

O mapa final pode ser visualizado como sendo quatro mapas de quatro variáveis
sobrepostos. Um dos mapas, referente à EF=00, corresponde à parte superior das células do
mapa final. O outro mapa, referente à EF=01, corresponde à parte esquerda das células do
mapa final. O terceiro mapa, referente à EF=10, corresponde à parte direita das células do
mapa final. Finalmente, o último mapa, referente à EF=11, corresponde à parte inferior das
células do mapa final.
Cada mapa apresenta a sua leitura individual. Se a leitura em um dos mapas for igual
(sobreposta) à leitura de outro mapa vizinho, estas duas leituras formam uma única leitura.
Por mapa vizinho, entende-se aquele que tenha somente uma variável diferente. Assim, como
exemplo, os vizinhos de EF=10 são EF=11 e EF=00. Da mesma forma, se as leituras dos
quatro mapas estiverem sobrepostas, estas formam uma única leitura. Considere o exemplo a
seguir.

AB
CD 00 01 11 10 EF
1
00 1 1 1 00
1 1
01 1 1 10 01
11 1
1 1 1
1
11
10 1
1 1 1 1

F = AC D E F + ADEF + BC D E + A BCE + A B C D

7.4.2 Segunda Forma: Espelhamento de Mapas de Quatro Variáveis

O mapa final pode ser visualizado como sendo quatro mapas de quatro variáveis
espelhados. Um dos mapas, referente a EF=00, corresponde à parte superior esquerda das
linhas de simetria do mapa final. O outro mapa, referente a EF=01, corresponde à parte
superior direita das linha de simetria do mapa final, mas colocado de forma espelhada com
relação ao primeiro mapa. Os outros dois mapas, referentes a EF=10 e EF=11,
correspondem às partes inferior esquerda e inferir direita do mapa final, respectivamente.
Cada mapa apresenta a sua leitura individual. Se a leitura em um dos mapas for igual
(espelhada) à leitura do outro mapa, estas duas leituras formam uma única leitura. Assim,
leituras que englobam os dois lados da linha de simetria do mapa final devem ser simétricas!
Da mesma forma, se uma leitura estiver presente em quatro mapas, estas formam uma única
leitura. Considere o exemplo a seguir.

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XYZ
KLM 000 001 011 010 110 111 101 100
000 1 1
001 1
011 1
010 1 1 1 1
110 1 1 1 1
111 1 1 1 1 1 1 1 1
101 1
100 1 1

F = YZ L M + X Y Z M + KLM + XZL M + Y Z L M

7.5 Condições Opcionais

Eventualmente, devido a limitações impostas nos códigos de entrada de um circuito,


certos valores nunca são aplicados. Assim, para efeito de simplificação de circuito, estas
condições podem ser deixadas sem um valor específico nos mapas de Karnaugh. Essas
situações são conhecidas como “não-interessa” ou opcional, e são representadas nos mapas
por um traço ou por um x. Desta forma. Os opcionais devem ser lidos se, e somente se,
favorecerem ou ajudarem na leitura, isto é, se aumentar o tamanho dos grupos nas leituras.
Como exemplo, considere um guindaste cuja plataforma de carga possui três sensores
de massa; 10Kg, 20Kg e 80Kg. Por motivos econômicos, de segurança ou ainda pessoais, as
condições de operação do guindaste são dadas por:
À vazio: deve operar
Cargas maiores que 10Kg e menores que 20 Kg: não deve operar
Cargas maiores que 20Kg e menores que 80 Kg: deve operar
Cargas acima de 80 Kg: não deve operar

10Kg 20Kg 80Kg

O circuito de controle deste guindaste deve ter a seguinte apresentação:

A
B Circuito G
C

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AB
C 00 01 11 10
0 1 - 1 0 G = A + BC
1 - - 0 -

Observe que ao considerar os opcionais, as leituras foram simplificadas.

7.6 Aplicações de Karnaugh


7.6.1 Mapas de Karnaugh a partir de Mintermos & Maxtermos

Os mintermos/maxtermos, visualizados inicialmente na forma de tabelas, também


podem ser visualizados na forma de mapas de Karnaugh. O tamanho do mapa de Karnaugh
depende do número do maior índice dos mintermos/maxtermos, mas sempre se tentando usar
o menor mapa possível. Como exemplo, a tabela e o mapa a seguir marcam as posições dos
índices dos mintermos/maxtermos.
A
i A B C BC 0 1
0 0 0 0 00 0 4
1 0 0 1 01 1 5
2 0 1 0 11 3 7
3 0 1 1 10 2 6
4 1 0 0
5 1 0 1
6 1 1 0
7 1 1 1

Para exemplificar, considere a função dada a seguir:

G = ∑ m(1,2,5,7)
G = ∏ M (0,3,4,6)

Esta função pode ser apresentada sob a forma de tabela e de mapa. Uma vez que o
mintermo/maxtermo tenha sido inserido no mapa (ou na tabela), pode ser lido da forma
desejada.

A
i A B C F BC 0 1
0 0 0 0 0 00 0 0
1 0 0 1 1 01 1 1
2 0 1 0 1 11 0 1
3 0 1 1 0 10 1 0
4 1 0 0 0
5 1 0 1 1 G = BC + AC + AB C
6 1 1 0 0
7 1 1 1 1

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Eventualmente, pode ser necessário apresentar termos opcionais nas listagens de
mintermos/maxtermos. No caso de mintermos, ao somatório dos termos iguais a 1, faz-se o
somatório dos termos opcionais, normalmente indicados por ∑ d . Já para os maxtermos,
faz-se a multiplicação do produtório dos maxtermos pelo produtório dos termos opcionais,
normalmente indicado por ∏ M . Considere os exemplos a seguir, com os respectivos
mapas e suas funções.

F = ∑ m(0,1,5) + ∑ d (2,3)
H = ∏ M (0,4,7).∏ D (1,2,3)

A A
BC 0 1 BC 0 1
00 1 0 00 0 0
01 1 1 F = A + BC 01 - 1 H = BC + B C
11 - 0 11 - 0
10 - 0 10 - 1

7.6.2 Mintermos & Maxtermos a partir de Mapas de Karnaugh

Da mesma forma, dada uma função em um mapa de Karnaugh, pode-se apresentar


essa função na forma de mintermos/maxtermos. Como exemplo, o mapa a seguir marca as
posições dos índices dos mintermos/maxtermos.
AB
CD 00 01 11 10
00 0 4 12 8
01 1 5 13 9
11 3 7 15 11
10 2 6 14 10

Para exemplificar, considere a função F = ( A + B )( A + CD ) , a seguir colocada em


um mapa de Karnaugh e apresentada sob a forma de maxtermos.
AB
CD 00 01 11 10
00 0 1 0 0
01 0 1 0 0 F = ∏ M (0,1,2,3,8,9,10,12,13,14)
11 0 1 1 1
10 0 1 0 0

7.6.3 Conversão Soma de Produtos/Produto de Somas

Uma dada função, apresentada sob a forma de produto de somas, pode ser convertida
para a forma de soma de produto, ou vice-versa, com o uso do mapa de Karnaugh. Vale
ressaltar que para a leitura na forma de produto de soma, faz-se a leitura do mapa de
Karnaugh pelos zeros, e faz-se a inversão da função. Como exemplo considere a função

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F = ( A + B )CD + ABC + ( A + C ) D , a ser apresentada na forma de soma de produto e produto
de somas, como ilustrado a seguir.
AB
CD 00 01 11 10
00 0 0 1 1 F = C D + CB + CA + D A
01 0 0 0 0 ou
11 0 1 1 1 F = C D + AC + ABD
10 1 1 1 1 F = (C + D)( A + C )( A + B + D)

7.6.4 Fatoração em Soma de Produtos/Produto de Somas

Eventualmente pode ser necessário obter uma expressão na forma fatorada, que é feito
de forma direta usando os mapas de Karnaugh. Considere o exemplo a seguir.
AB
CD 00 01 11 10
00 0 0 1 1
F = ( A + B )CD + ABC + ( A + C ) D 01 0 0 0 0
11 0 1 1 1
10 1 1 1 1

F = ABC D + ABCD + ABC D + ABC D + ABCD +


ABC D + ABC D + ABCD + ABC D

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