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NÚCLEO DE BRASÍLIA
PÓS-GRADUAÇÃO A DISTÂNCIA EM DIREITO DA TECNOLOGIA DA
INFORMAÇÃO
Magda De Conto
Porto Alegre
2010
Magda De Conto
Porto Alegre
2010
UNIVERSIDADE GAMA FILHO
Reitora: Profa. Maria José Mesquita Cavalleiro de Macedo Wehling
Pró-Reitor de Humanidades e Ciências Sociais: Prof. Arno Wehling
CDU – 347.78:004
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________________
Prof. Anderson Soares Furtado Oliveira
Orientador
Universidade Gama Filho
____________________________________________________
Profa.
Universidade Gama Filho
____________________________________________________
Prof.
Universidade Gama Filho
This dissertation traces a detailed report of author’s protection in the world and in
Brazil, basing into two separate systems of author’s protection: Copyright and the
System Droit d' Auteur, listing concurrently some international conventions to which
Brazil is a signatory. Through bibliographical research and review of the literature,
details the main Brazilian rules treat with this subject since the Empire to the present.
Analyzes the current LDA, showing a parallel of the Bill in Congress with the text that
was recently in a public consultation, both which discuss the alteration of LDA. It
approaches the society of the information as being resulting from the freeways of the
information, connectivity, accessibility, interactivity and the use of technology as a
mediator. It puts the access to information as a fundamental right, susceptible to
respect. It situates the author’s protection in virtual atmospheres, more specifically in
the internet and digital libraries. It points the existent paradoxical situation between
the copyright and the right to the information, demonstrating how the advent of
information society caused and fuels this situation. Already in its closing argument
that puts both the system that protects the publisher in its essence, as it protects the
author are converging to a mutual protection, the entrepreneur and the author
against plagiarism and counterfeiting, considering that in this globalized capitalist
market, one doesn' t survive without the other. According to the texts analyzed, the
biggest problem in Brazil is not the law, but their implementation, and digital libraries
through the use licenses can turn accessible the information without prejudice to the
author, since resistance from authors and publishers are broken. Therefore, the need
for authorization for any use, and long duration of privileges hinders instead of
promoting the creation, the culture and the access to the information.
1 INTRODUÇÃO............................................................................................ 8
1.1Tema......................................................................................................... 9
1.2 Problema................................................................................................. 10
1.3 Justificativa............................................................................................. 10
1.4 Objetivos................................................................................................. 11
1.4.1Objetivo Geral......................................................................................... 11
1.4.2 Objetivos Específicos............................................................................ 11
2 METODOLOGIA......................................................................................... 13
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................... 67
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................. 69
ANEXO........................................................................................................... 76
8
1 INTRODUÇÃO
1.1 Tema
1.2 Problema
1.3 Justificativa
1.4 Objetivos
2 METODOLOGIA
Para Carla Eugenia Caldas de Barros (2007, p. 468), a obra em Roma, tinha
duas conotações: a moral e a econômica. A primeira era atribuída ao autor: fama,
glória, honras. Já a remuneração pertencia ao copista, vendedor. Manuella Santos
(2009, p.17) complementa, explicando que em Roma “entendia-se que o homem que
criasse não deveria ‘descer’ à condição de comerciante”.
José Carlos Costa Netto (1998, p. 30) coloca que a reparação do dano moral
é anterior aos romanos. Já existia no Código de Manu que consistia na legislação do
mundo indiano e estabelecia o sistema de castas na sociedade hindu, escrito entre
os séculos II a. C e II d.C e no Código Hamurabi, da Babilônia, datado de 1726 a.C:
mais conflitos com os editores, que passaram a ter lucros significativos, enquanto o
criador continuava somente a alimentar o seu ego com elogios e lisonjas.
Em paralelo surgia a concorrência desleal e crescia o medo da Igreja e da
nobreza com relação à divulgação de informações que provocassem motins e
revoltas contra a classe dominante e idéias contrárias às defendidas pela Igreja.
Para amenizar estas diferenças cria-se o sistema de privilégios. Neste
sistema, os reis concedem a um impressor o direito de exclusividade de uma obra,
mediante critérios políticos. Entretanto, os prazos de duração, as penalidades no
caso de infração, a extensão desses privilégios alterava-se de autoridade para
autoridade. Não havia uma padronização, muitos concediam a uma obra em
especial, outros a uma coleção, envolvendo muitas vezes, diversas autoridades:
municipais, papais, imperiais.
Na Inglaterra e na França este sistema se tornou complexo, vindo mais tarde
a eclodir no copyright e no droit d’ auteur e atendia aos interesses dos editores,
livreiros e da realeza. Se por um lado os primeiros tinham sua reserva de mercado e
lucros garantidos, a monarquia dispunha de mecanismo eficiente para a censura de
idéias contrárias. Sendo assim, muitos conteúdos sofreram modificações ou mesmo
verdadeiras deturpações. Este controle recebeu o nome de copyright, ou seja,
direito de reprodução, sendo que até hoje esta expressão é utilizada quando
tratamos de direito autoral.
Sabiamente coloca o autor português José de Oliveira Ascensão (1997, p. 4),
que desde o início, “a ratio da tutela não foi proteger a criação intelectual, mas os
investimentos”. Os editores não conferiam aos autores qualquer parcela de lucro,
ficando estes a mercê da boa vontade de mecenas, pessoas ricas que motivavam e
patrocinavam o trabalho de escritores e artistas.
Eliane Y. Abrão (2002, p. 29) explica que mediante o monopólio dos livreiros,
surge a pirataria, oferecendo livros a preços populares. Em contrapartida, estes
livreiros ingleses conseguem aprovar um decreto real em 1586, que ampliava seus
poderes, e novamente sem considerar os direitos do autor.
Em 1662 na Inglaterra houve a assinatura do Licensing Act, que proibia a
reprodução de obras sem registro e licença, garantindo ainda assim, o monopólio da
reprodução e comércio de livros à Stationer’s Company, mediante pagamento de
royalties à monarquia, que ganhava duplamente, na cobrança desses royalties e na
censura de obras que divulgavam idéias contrárias a seus interesses. Segundo
18
Fábio Ulhoa Coelho (2009, v. 4, p. 264), o Licensing Act tornou obrigatório o registro
da obra licenciada nesta companhia, e surgiu para aumentar e melhorar o controle
sobre as publicações bem como para assegurar a exclusividade de publicação a
determinado editor.
Esse sistema sobreviveu por 200 anos, apesar de em 1709 ser promulgado
na Inglaterra o Copyright Act, da rainha Ana I da Grã-Bretanha, também conhecido
como Statute of Anne. Esta lei estabeleceu que os impressores e livreiros poderiam
continuar imprimindo as obras dos autores, mas seria necessário primeiramente
adquiri-las destes autores mediante contrato de cessão. Ela também assegurava,
por mais 21 anos a exclusividade da Stationer’s Company sobre as obras já
editadas, permitindo também a qualquer pessoa interessada a estabelecer-se como
editor.
O Statute of Anne é considerado a primeira lei referente ao direito autoral,
apesar de não reconhecer ainda o direito do autor sobre sua obra. O que faz é tentar
regular o mercado, desfazendo o monopólio editorial existente e protegendo
indiretamente o autor, ao abrir para a livre concorrência esse mercado, fazendo com
que o autor pudesse negociar o preço de sua obra de forma mais justa, ou mesmo
dela ser seu editor.
“A noção de que o autor titulariza um direito natural sobre sua criação
intelectual surge 200 anos depois”, segundo Fábio Ulhoa Coelho (2009, v.4, p. 265),
num momento em que os livreiros antes monopolistas moviam processos contra os
novos editores assim que estes passavam a publicar as obras caídas em domínio
público após 21 anos proclamados pelo Statute of Anne. A Stationer’s Company
alegava que não podia se limitar a common law, ou seja, o direito natural que os
autores titulavam e que lhes haviam sido transmitidos. Estes argumentos utilizados
na tentativa de prolongar o monopólio na verdade contribuíram para reconhecer o
direito do autor.
Finalmente, em 1842, o Literary Copyright Act reconhece o direito do autor e
seus sucessores sobre a obra pelo prazo de 42 anos, contados pelo que fosse
maior: da primeira publicação ou 7 anos da sua morte. Logo a seguir, em 1911 é
editado o Copyright Act, que além dos direitos do autor e ator, colocava também os
do compositor, fotógrafo e arquiteto, dentre outros. Nos Estados Unidos em 1790
editou-se o Copyright Act, onde a duração da exclusividade dos autores foi fixada
em 14 anos, contados da primeira publicação, prorrogáveis por mais 14. Foi
19
posteriormente ampliado, sendo que hoje as obras caem em domínio público após
50 anos da morte do autor. Observa-se que o sistema copyright focado
primariamente no mercado editorial se aproxima lentamente do droit d’ auteur, cujo
interesse inicial foi curiosamente o inverso: a tutela dos interesses do criador da obra
intelectual.
Já o droit d’ auteur surge na França, com a Revolução Francesa. Enquanto na
Inglaterra o regime era o do copyright que privilegiava os editores e impressores e
cujo principal direito a ser protegido era o da reprodução de cópias, mais conhecido
como sistema anglo-americano, o droit d’auteur preocupava-se com as idéias do
autor, com os seus direitos morais, sendo o inverso do copyright. Para Fábio Ulhoa
Coelho (2009, v.4, p. 266), “o reconhecimento pelo direito positivo de que o criador
de obra intelectual tornava-se o proprietário dela representou um extraordinário
avanço na promoção e difusão da cultura”.
Ao ser juridicamente considerado proprietário da obra intelectual, o autor
passou a ter em seu patrimônio obras com valor de troca, que poderiam
proporcionar-lhe independência financeira e liberdade de criação, já que não
necessitaria mais viver de favores da nobreza e de seu mecenas.
Nasce desta forma, a proteção dos direitos do autor perante os direitos do
editor. Desenvolve-se o conceito dos direitos morais, que passa a ser mais
importante do que os direitos patrimoniais, uma vez que a obra é algo único,
pessoal, fruto da criatividade e mente de seu criador, ligada a ele de forma perene.
Seguindo este raciocínio, a obra só poderia ser divulgada com nome do autor, e
continuava ligada a ele mesmo depois de sua morte ou extinguindo-se os seus
direitos patrimoniais. Pollaud-Dulian (2005, p. 2 a 37) explica que para este sistema
o registro da obra não era o mais importante para garantir a titularidade do direito
sobre ela, mas que ela tivesse sido derivada de um ato de seu criador, de seu
intelecto.
Vários foram os países que inspirados pelos franceses, promulgaram leis
versando sobre os direitos autorais, inclusive na América Latina. A primeira iniciativa
que se tem registro visando um pacto internacional sobre os direitos autorais ocorreu
em 1840, porém, a convenção mais importante neste cenário foi a Convenção de
Berna de 1886, ratificada pelo Brasil em 9 de fevereiro de 1922 e atualmente em
vigor. Ela inseriu os direitos autorais nas discussões internacionais. Nela são
contemplados três princípios: os Estados signatários pela Convenção devem
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dispensar aos autores dos demais, proteção idêntica à dispensada aos seus autores
nacionais, não podendo esta depender de qualquer exigência quanto a registros,
depósitos e valores fiscais. Esta proteção é autônoma, não dependendo da
existência de proteção idêntica de outro país. Ainda, pela Convenção de Berna,
artigo 9.2:
No Brasil, a primeira noção legal de direitos de autor surgiu com a criação dos
dois primeiros cursos jurídicos no país, em 1827. Dom Pedro I através da Lei de 11
de agosto de 1827 garantia aos professores destes cursos a proteção às suas obras
em seu artigo 7º:
Salienta Roberto Senise Lisboa (2005, p. 500) que o artigo acima institui o
delito de contrafação, mencionando também as punições cabíveis. Ao que
Manuela Santos (2009, p. 45) observa que ao contrário dos demais países, a
primeira regulação dos direitos autorais no Brasil foi feita via legislação penal e não
civil.
23
Atualmente o direito de autor está protegido através do artigo 5º, incisos XXVII
e XXVIII da Constituição Federal de 1988 colocando que aos autores pertence o
direito exclusivo não só de utilização, mas de publicação ou reprodução de sua obra.
(BRASIL, 1988). Ou seja, amplia o rol de alternativas para o autor, e este tem a
opção também de não dar acesso ao público de sua obra.
Conforme Carla Eugenia Caldas Barros (2007, p. 490), a lei era breve quanto
à responsabilidade civil, “[...] apenas condenava o contrafator à indenização de
perdas e danos causados ao autor da obra”.
Em 1973, surge a lei dos direitos autorais propriamente dita. Trata-se da Lei
5.988 (BRASIL, 1973), revogada pela atual lei autoral, a Lei 9.610, de 19 de
fevereiro de 1998 (BRASIL, 1998). Ela inaugura uma nova fase da legislação nessa
área, consolidando a legislação até então existente.
Por isso a lei dos direitos autorais, em seu art. 7º, XIII, §1º coloca que os
softwares são objeto de legislação específica, observadas, no entanto, as
disposições desta que são aplicáveis a estes. Isso por vezes tem gerado confusão,
apesar de citar o software em seu texto, não tem competência para regulamentar
este tipo de situação, uma vez que a Lei de Direitos Autorais não regulamentou esta
questão para qualquer outra obra citada no artigo 7º.
A Lei do Software como é conhecida, poderia ser um capítulo dentro da LDA,
em seu texto, reconhece o direito patrimonial, mas quanto aos direitos morais limita-
se a paternidade e integridade da obra (a de não sofrer alterações). E ao exigir o
registro do software confronta-se com a Convenção de Berna, a qual se baseia a
LDA.
Quanto à transferência dos direitos, segundo o artigo 49 da Lei 9610/98, o
autor ou seus sucessores poderá ceder seus direitos total ou parcialmente para
terceiros, a título universal ou singular, pessoalmente ou por meio de seus
representantes com poderes especiais. A transferência de direitos poderá ser por
meio de Licenciamento, Concessão, Cessão, Autorização ou por outros meios
admitidos em lei. A cessão será por escrito, presumindo-se onerosa, devendo
constar da mesma, como elementos essenciais, seu objeto, condições de exercício
do direito quanto a tempo, lugar e preço.
A LDA em seu texto traz uma relação de itens que não gozam de proteção do
direito autoral, dentre eles: as idéias, procedimentos normativos, sistemas, métodos,
conceitos matemáticos, projetos, planos ou regras para realizar atos mentais, jogos
ou negócios, leis, decretos, regulamentos, decisões judiciais, títulos isolados e
informações de uso comum.
Nos artigos 46 a 48 são elencados alguns itens que não constituem ofensa
aos direitos de autorais, dentre eles a reprodução de pequenos trechos da obra,
para fins privados, sem o intuito de lucro. O entendimento de “pequeno trecho”,
segundo Carboni (2007) é de cerca de 15 % a 20 % da obra e que não contenha a
essência do texto. A questão da cópia privada, sem dúvida, é a mais polêmica, na
atual Lei dos Direitos Autorais. A Lei 5.988/1973, em seu artigo 49, possibilitava a
cópia integral de um único exemplar, sem intuito de lucro. Ao redigir o novo texto,
este tópico foi alterado para “cópia de pequenos trechos”, não sendo permitida a
cópia de livros esgotados, ou para fins educativos na nova Lei dos Direitos Autorais.
28
Não existe, também, na nossa legislação um inciso que permita uma livre
reprodução em casos envolvendo educação, pesquisa, ciência e qualquer
coisa semelhante, da mesma forma como não existe um artigo que diga que
o impacto econômico da reprodução deva ser levado em consideração. Mas
nós temos de lembrar que a “regra dos três passos”, da Convenção de
Berna, foi “internalizada” pelo nosso sistema jurídico. Então, dessa forma, é
possível fazer uma interpretação desse rol taxativo das limitações, com
base na “regra dos três passos”. (CARBONI, 2008).
Além de não prever cópias para fins de preservação, vários criadores afirmam
que a forma de arrecadação e distribuição dos seus direitos não são tratados de
forma transparente pela LDA, pois não oferece mecanismos eficazes para
comprovar a lisura da prestação de contas entre editoras, gravadoras ou
associações e seus respectivos criadores, mesmo sendo a fiscalização da
exploração econômica das obras um direito garantido pela Constituição.
O Governo Federal, através do Ministério da Cultura promoveu por 2 anos
(2007 a 2009) o Fórum Nacional de Direito Autoral e colocou, em 2010, para
Consulta Pública as idéias debatidas, e através das contribuições está consolidando
o texto final do anteprojeto de lei que será encaminhado ao Congresso Nacional. O
prazo para apresentação de propostas através do site do Ministério da Cultura
encerrou-se dia 31 de agosto de 2010. Durante este período foram feitas reuniões
setoriais, estudada a legislação de 30 países objetivando identificar fragilidades e
colher sugestões. Assim afirma o sociólogo e Ministro de Estado e Cultura Juca
Ferreira, complementando:
Com relação à punição, e sanções a quem não respeitar a nova lei de direitos
autorais, Omar Kaminski (2010) coloca:
Embora a proposta de revisão da lei não tenha caráter punitivo, ela não é
leniente com a corrupção e a impunidade. Por essa razão, irá combater a
disseminada corrupção na forma de “jabá” ou “payola” - mecanismo de
suborno que viabiliza a artificial execução pública de obras e fonogramas.
A proposta prevê a exigência de certidão de quitação de direitos autorais,
emitida pelo Poder Público, por ocasião da renovação de concessões
públicas outorgadas a organismos de radiodifusão. E torna ilícito o uso
abusivo de medidas de proteção tecnológica. A ação civil por violação a
direitos autorais patrimoniais prescreverá em cinco anos, contados a partir
da infração, no que segue o disposto no Novo Código Civil Brasileiro e
corrige lacuna existente na atual legislação.
A proposta de revisão da lei reconhece expressamente a possibilidade de o
juiz ajustar, de forma equitativa, as sanções de natureza civil, em função
das circunstâncias do caso concreto, em linha com as tendências do direito
civil contemporâneo. Incorpora-se também a jurisprudência quanto ao valor
da multa pela execução pública feita em desacordo com a lei, que deve ser
proporcional ao dano gerado.
Com relação aos dispositivos para gestão de direitos, mantêm-se as
penalidades previstas em lei, estabelecendo-se, contudo, igual sanção para
quem por qualquer meio dificultar usos permitidos, incluindo-se a utilização
abusiva de medidas de proteção tecnológica.
32
1
Peer-to-Peer (do inglês: par-a-par), entre pares (tradução livre ponto a ponto), é uma arquitetura de sistemas distribuídos
caracterizada pela descentralização das funções na rede, onde cada nodo realiza tanto funções de servidor quanto de cliente.
34
2
Programa que permite a comunicação de voz e vídeo grátis entre os usuários do software pela Internet.
35
utilizadas desde que atendam aos quatro quesitos descritos anteriormente, segundo
Manuella Santos (2009, p. 135).
A doutrina do fair use não existe na legislação brasileira, porém a Lei 9.610/98
prevê limitações dos direitos autorais, tratadas no capítulo IV artigo 46 da referida
lei.
Conforme Guilherme Carboni (2008), a OMC – Organização Mundial do
Comércio constituiu um painel em 2008 para analisar as limitações do Digital
Millennium Copyright Act, dos Estados Unidos, sendo que uma das principais
conclusões foi:
Isso também está sendo discutido, pois de certa forma, são controles sendo
exercidos junto à internet. Assim como atualmente não há como proibir o uso de
programas P2P, há de se utilizar esta tecnologia com cautela, pois no seu âmago o
ciberespaço previa liberdade de navegação, privacidade, anonimato, disseminação
de informações e neutralidade da rede, não podendo o tráfego na internet ser objeto
de monitoração e controle.
Mas também não se pode deixar de considerar que o uso de material
protegido por direitos autorais só pode ser feito mediante prévia autorização do
respectivo titular. Muitas das situações de aproveitamento e uso de obras alheias
são hoje socialmente aceitas, mas ferem o disposto em nossa lei de direitos
autorais, a LDA.
A discussão dos direitos autorais na internet está em consonância com a
discussão na regulação ou não do ciberespaço, recaindo nas questões de
privacidade, anonimato, desenvolvimento de novas tecnologias.
No Brasil, atualmente, o Código Civil em sua esfera autoral e de
responsabilidade civil é um instrumento jurídico eficaz, além da LDA para que os
autores tenham seus direitos tutelados, mesmo na internet, ou como muitos
preferem dizer, no ciberespaço.
Para Carla Eugenia Caldas Barros (2007, p. 560):
3
CASTELLS, Manuel. O poder da identidade. 2. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000.
40
4
MATTELART, Armand. História da sociedade da informação. São Paulo: Loyola, 2002.
5
ASCENSÃO, José de Oliveira. Direito da internet e da sociedade da informação. Rio de Janeiro: Forense, 2002.
41
6
KRONBERG DECLARATION ON THE FUTURE OF KNOWLEDGE ACQUISITION AND SHARING. Germany, jun. 2007.
Disponível em: <http://www.gossamer-threads.com/lists/wiki/foundation/96502>. Acesso em 31 jul. 2010.
42
Pela análise dos números apresentados podemos verificar que grande parte
dos brasileiros ainda estão a margem deste processo, não exercendo seus direitos
fundamentais garantidos pela Constituição Federal de 1988 como o de acesso à
informação apregoados no artigo 5º, incisos XIV e XXXIII:
Podemos ver isso como algo positivo, uma vez que o direito ao acesso à
informação também contribui para a realização e consolidação de outros direitos,
como o direito de todos de ter acesso a informações ambientais, de se ter acesso a
informações relacionadas à saúde, moradia, educação, dentre outros. Tendo
conhecimento, os cidadãos podem exercer seus direitos constitucionais.
7
Tradução coletada na obra CANELA, Guilherme; NASCIMENTO, Solange (Coord.). Acesso à informação e controle social
das políticas públicas. Brasília, DF: ANDI; ARTIGO 19, 2009. p. 17.
50
[...] uma biblioteca que tem como base informacional conteúdos em texto
completo em formatos digitais – livros, artigos, teses, imagens, vídeos e
outros, que estão armazenados e disponíveis para acesso, segundo
processos padronizados, em servidores próprios ou distribuídos e
acessados via rede de computadores em outras bibliotecas.
(MARCONDES, 2006, p. 16)
8
Um objeto digital é muito mais do que um arquivo, é um registro de informação codificado digitalmente, consistindo de
conteúdo informacional, metadados e identificador.
9
Metadados é um conjunto de campos de dados que identificam, descrevem os atributos e o conteúdo de um documento que
está no espaço digital (ex.: título, autor, data de publicação, assunto etc.), facilitando a sua recuperação posterior.
10
Preservação digital é o emprego de mecanismos que permitem o armazenamento em repositórios de objetos digitais e que
garantem a perenidade dos seus conteúdos. Compreende o planejamento, a alocação de recursos e a aplicação de métodos e
tecnologias para assegurar que a informação digital de valor contínuo permaneça acessível e utilizável.
11
Um banco de metadados, freqüentemente representando uma coleção de conteúdos de uma instituição. São sistemas de
informação que armazenam, preservam, divulgam e dão acesso à produção intelectual.
12
Um identificador persistente é uma nomenclatura e identificação que permita que um objeto possua somente um identificador
longínquo. The PURL System (Persistent Uniform Resource Locator: http://www.purl.org/)
53
A licença é uma espécie de contrato (que pode ser muito simples, até uma
linha) por meio do qual o titular de direitos sobre determinada criação define
condições e limites para a utilização da obra. Muitos definem como sendo um
documento através do qual se pode especificar condições-padrão para o uso de
determinada obra por outras pessoas. Pode-se permitir o uso de uma obra na
criação de outra, desde que a fonte seja referenciada, ou ainda para fins não
comerciais, ou ainda, que esta seja licenciada pela mesma licença da primeira.
Seguindo esta idéia surgiu o Copyleft. Uma obra sob a licença Copyleft
(deixar copiar) requer que suas modificações, ou extensões da mesma, sejam livres,
passando adiante a liberdade de copiá-la e modificá-la novamente. A licença GPL –
Licença Pública Geral para software livre baseia-a nesta filosofia, bem como o
Creative Commons, e representam uma alternativa ao copyright, o qual restringe
excessivamente a distribuição e utilização de obras intelectuais. Com relação a isso,
Ronaldo Lemos, diretor do Centro de Tecnologia e Sociedade da Escola de Direito
da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro e diretor do Creative Commons
Brasil reforça:
58
Nas licenças CC o titular dos direitos autorais continua sendo o autor, não é
uma cessão de direitos, pois não há transferência dos mesmos, nem concessão
(cuida da exclusividade de exploração temporária).
As principais licenças Creative Commons são a licença de Atribuição, de Uso
Não-Comercial, a de Não a Obras Derivadas e a de Compartilhamento pela mesma
Licença. O autor poderá fazer combinações, um mix entre elas.
A licença de Atribuição permite a cópia, distribuição e execução da obra –
protegida pelos direitos autorais – e a da obra derivada criada a partir dela, mas
somente se for dado crédito da maneira que o autor estabeleceu. Esta é a única
licença obrigatória.
A licença de Uso Não-Comercial, permite que as pessoas copiem, distribuam
e executem a obra e as obras derivadas criadas a partir dela, mas não para fins
comerciais.
Através da licença Não a Obras Derivadas, é permitido que outras pessoas
copiem, distribuam e executem somente cópias exatas da obra, mas o autor não
autoriza sua obra para elaboração de obras derivadas. Por isso a obra não pode ser
alterada ou reeditada sem a autorização do autor.
No Compartilhamento pela Mesma Licença, o autor permite a cópia, a
distribuição e a utilização de sua obra, como ocorre no caso da licença de
Atribuição, e na licença Vedado uso Comercial, mas impõe a condição de que, no
caso da obra ser utilizada para criação de obras derivadas, estes deverão distribuir
estas obras derivadas somente sob uma licença idêntica à licença que rege a obra
original.
Ainda existem as licenças de Sampling, por exemplo, que permitem que
pequenos pedaços da obra sejam remixados em obras novas, a licença de
Compartilhamento de Música, para músicos que queiram compartilhar suas obras
com seus fãs, entre outras.
Segundo o site Creative Commons Brasil (PROJETO, 2004), o Creative
Commons (CC) disponibiliza licenças que abrangem um espectro de possibilidades
entre a proibição total dos usos sobre uma obra – todos os direitos reservados – e o
domínio público – nenhum direito reservado. As licenças ajudam a manter o direito
autoral ao mesmo tempo em que permite certos usos da obra – um licenciamento
com “alguns direitos reservados”. É um tipo de licença mais flexível, permitindo
61
Seu surgimento na Inglaterra não foi para proteger os autores, mas sim o
monopólio dos editores e mesmo o droit d’ auteur que surgiu para proteger os
autores na França, hoje esbarra em novos conceitos de autor e obra. A web
imprimiu uma nova dinâmica na relação autor-> obra-> empresários-> usuário.
Muitas obras possuem autoria coletiva, de indivíduos que ora são leitores ora são
autores; grande maioria delas está disponibilizada na web, em redes colaborativas,
em forma de comentários e e-book, muitas delas derivadas de outras obras, e
originais para uma porção de outras mais. Muitos autores recebem contribuição de
seus leitores, muitos programas de televisão são feitos com base nas sugestões dos
telespectadores. Carlos Rogel Vide e Victor Drummond (2005, p. 32) citam ainda as
obras multimídia, intimamente ligadas com a tecnologia digital, chamada também de
numérica. Nelas estão presentes ao mesmo tempo, imagens fixas ou animadas,
textos, músicas. Estas informações estão disponíveis em diversos formatos, sendo
que há a possibilidade de se intervir nesse conteúdo, de acrescentar informações,
63
13
Wiki: edição colectiva dos documentos usando um sistema que não necessita que o conteúdo tenha que ser revisto antes da
sua publicação
64
É o caso da LDA, pois segundo o seu art. 11, o autor de uma obra só poderá
ser pessoa física, porém, já em seu parágrafo único coloca que a proteção
concedida ao autor pode estender-se a pessoas jurídicas (editoras, gravadoras),
pois o autor, através de um contrato de cessão poderá transferir a titularidade de
seus direitos a uma editora, por exemplo. Embora chamemos a LDA de Lei dos
Direitos Autorais, na verdade ela protege principalmente o titular dos direitos, que,
coincidentemente, na maioria das vezes, não é o autor.
Allan Rocha de Souza, professor da disciplina de Direitos Autorais da UFRJ
coloca:
Uma legislação restritiva como a atualmente vigente, que reflete uma visão
hiperproprietária da proteção autoral, traz incontáveis malefícios, pois, ao
mesmo tempo, reduz o que presume promover (novas criações e uma
economia cultural robusta), restringe injustificadamente direitos
fundamentais sociais de caráter essencial à própria formação das pessoas e
condena parte substancial da população à exclusão cultural, com efeitos
nefastos sobre a democracia e cidadania culturais. Ao final, a exacerbada
restritividade da legislação vigente afeta negativamente sua própria
legitimidade social, reduz o escopo da necessária adesão voluntária,
aumenta os custos de implantação e, com isso, presta um desserviço ao
próprio Estado democrático de direito. (SOUZA, 2010, p. 33)
A rich public domain is an essential element for the growth of the Information
Society, creating multiple benefits such as an educated public, new jobs,
innovation, business opportunities, and the advancement of sciences.
Information in the public domain should be easily accessible to support the
Information Society, and protected from misappropriation. Public institutions
such as libraries and archives, museums, cultural collections and other
community-based access points should be strengthened so as to promote
the preservation of documentary records and free and equitable access to
information. (WORD SUMMIT..., 2003)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Estamos num momento de transição no que diz respeito aos direitos autorais.
Este tem de acompanhar os avanços tecnológicos e a mudança de comportamento
da sociedade. Faz-se necessária a flexibilização da atual lei dos direitos autorais
brasileira e também de outros países, de modo a tirar da ilegalidade uma série de
ações corriqueiras como passagem de uma música para o Ipod, de um CD-ROM,
para outro, por exemplo, ou de ações utilizando-se a internet, como download de
vídeos e músicas, incorporando a mesma o uso de licenças como as do creative
commons detalhadas ao longo do texto, ou outros mecanismos alternativos como o
fair use. Em outras palavras, há necessidade de se modificar os parâmetros de
proteção legal existentes.
As bibliotecas digitais já utilizam estas licenças de uso em complemento às
leis de direitos autorais. Desta forma, as obras disponibilizadas nestes repositórios
digitais estão protegidas e seus respectivos autores também, evitando-se o uso
indiscriminado e coibindo também o plágio. Ao contrário do que a maioria dos
editores alegam, essa forma de disponibilização não diminui a comercialização
destas obras, pelo contrário, torna-as conhecidas pelo público.
O direito autoral hoje está muito calcado no direito patrimonial, enquanto que
o direito à informação é um direito fundamental, presente no texto de diversas
constituições, parecendo desta forma, direitos antagônicos, porém não o são.
Propomos aqui um olhar diferente ao direito autoral, como um direito de propriedade,
com função social, que se aproximaria ao direito de acesso à informação.
Neste contexto, toda a informação governamental tem de estar disponível
para o público, obedecendo-se ao princípio do acesso à informação presente na
Constituição Federal de 1988, seguindo-se também os preceitos da sociedade da
informação e do conhecimento.
Assim como o autor não pode atualmente viver sem o empresariado que
promove sua obra, o direito autoral também não terá mais como sobreviver sem
abrir mão de sua visão excessivamente patrimonialista e comercial para uma
necessária democratização do acesso à informação. Pois, da forma como hoje está
delineado, não protege eficazmente os autores nem promove uso racional das obras
68
por parte da sociedade. Assim como o copyright e o droit d’auteur estão convergindo
para proteger tanto autores quanto os editores contra as fraudes e plágio, é
necessário ampliar esta abrangência de modo que o direito autoral promova o
equilíbrio estas três segmentos: autores, empresários e sociedade.
O que se propõe então é o equilíbrio entre os direitos. Para isso deverá haver
uma reformulação dos prazos de exclusividade dos direitos autorais, atualmente
girando em torno de 70 anos na maioria dos países, também a formalização do
registro das obras para que os autores possam ser identificados e as obras
derivadas deverão ter menor prazo de proteção se comparadas ao prazo das
originais. Isso auxiliaria no aumento do número de bens culturais disponíveis a
todos, de domínio público, incentivando-se assim novas criações.
69
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