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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS


PROFESSOR: LUIZ ANTONIO DE PAULA
DISCIPLINA: DIREITO TRIBUTÁRIA
TURMAS: C01,C02 e B01

PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS NO DIREITO


TRIBUTÁRIO.

De início, é de se ressaltar para que se tenha a idéia de um


sistema, de um ordenamento qualquer, há que se ter a idéia fundamental de
um suporte lógico, de seus mandamentos basilares, de seus alicerces,
elementos de estruturação e coesão, os PRINCÍPIOS.
Na lição de Celso Bastos1 “as normas componentes de um
ordenamento jurídico encontram-se dispostas segundo uma hierarquia e
formando uma espécie de pirâmide, sendo que a Constituição ocupa o ponto
mais alto, o ápice da pirâmide legal, fazendo com que todas as demais normas
que lhe vêm abaixo, a ela se encontrem subordinadas. Estar juridicamente
subordinada implica que uma determinada norma prevalece sobre a inferior em
qualquer caso em que com ela conflite. A norma superior demanda obediência
da subordinada, de tal sorte que esta lhe deverá dar sempre inteiro
cumprimento sob pena de vir a ser viciada”.
Do texto constitucional decorrem os fundamentos dos demais
ramos do Direito, sendo de se encontrar naquelas normas os princípios que
regem a matéria tributária.
A tradição constitucional é rica em princípios de índole tributária,
impondo à legislação infraconstitucional a tarefa de adequação àquelas
normas, revelando-se extremamente rígida e acarretando um sistema tributário
igualmente rígido.

1
Comentários à Constituição do Brasil, Promulgada em 05.10.1988, I, p. 278.

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Esses princípios constitucionais de ordem tributária, além de
nortear a atividade do Estado na sua função de tributar, também agem como
seu freio, impondo-lhe limite em relação aos contribuintes, a fim de outorgar à
vida social o necessário equilíbrio, uma vez que nas palavras de Bernardo
Ribeiro de Moraes2, o poder fiscal constitui a faculdade que o Estado possui
para criar tributos e exigi-los das pessoas que se encontram dentro do âmbito
de sua soberania territorial, para atender às necessidades públicas, sendo a
exteriorização da soberania territorial, que advém da soberania política do
Estado. Essa faculdade, tida pelo autor como ilimitada, há, porém de
subordinar-se aos princípios constitucionais, salientando-se o princípio da
legalidade3 que vincula a obrigação tributária à lei.

1.1. PRINCÍPIO DA CERTEZA DO DIREITO, OU, PRINCÍPIO


DA SEGURANÇA JURÍDICA
Esse princípio constitucional da certeza do direito ou da
segurança jurídica permite aos cidadãos o controle da discricionariedade do
legislador vinculado em sua tarefa aos valores máximos para o Estado de
Direito.
Conseqüentes do princípio da certeza do direito (segurança
jurídica) são os direitos e garantias fundamentais elencados no art. 5°, da
Constituição, que em seu caput já os consagra: os direitos à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade.
Esse princípio é de fundamental importância ao sistema
tributário, representando a origem de diversos mandamentos constitucionais,
como resulta do art. 37 da Constituição Federal que determina à administração
pública à obediência dos princípios da impessoabilidade, da moralidade, da
publicidade e do princípio da legalidade.
O mesmo princípio projeta seus efeitos no sistema tributário,
outorgando ao contribuinte a necessária segurança em relação ao Estado,
como consta dos seguintes dispositivos constitucionais:
- Art. 146: determina competir à lei complementar:...

2
Compêndio de Direito Tributário, p. 119
3
Bernardo Ribeiro de Moraes, in ob. Cit. p. 123.

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- Art. 150: assegura ao contribuinte,...
- Art. 151: proíbe à União:.....
Para concluir, cabe destacar que a grandeza do princípio da
segurança jurídica, fundamento de todos os demais que dele decorrem, leva a
concluir com Geraldo Ataliba4 que “ o direito é por excelência, acima de tudo,
instrumento de segurança. Ele é que assegura aos governantes e aos
governados os recíprocos direitos e deveres, tornando viável a vida social.
Quanto mais segura uma sociedade, tanto mais civilizada. Seguras estão as
pessoas que têm certeza de que o direito é objetivamente um e que os
comportamentos do Estado ou dos demais cidadãos dele não discreparão”.

1.2 – PRINCÍPIO DA IGUALDADE


Representa a estrutura de todos os ramos do Direito constando
do art. 5° da Constituição Federal, que em seu caput assegura a todos são
iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos dos 57
incisos que se lhe seguem.
O respeito ao princípio da igualdade em tema da ação tributária
assegura ao titular de direito já violado ou ao titular de direito em vias de vir a
ser violado por tratamento desigual, ingressar em Juízo a fim de obter a
proteção jurídica.
A igualdade há de subordinar-se às diferenças existentes entre
os destinatários da norma, o que leva à conclusão da inexistência da igualdade
absoluta, que, caso configurada, criaria situações de absoluta desigualdade.
Assim, a norma, para atender o princípio da isonomia, deve
apresentar caráter hipotético.
Além do art. 5°, consta também do capítulo da Constituição
chamado pelos estudiosos do tema de “estatuto do contribuinte”, entre as
regras voltadas às limitações do poder de tributar no art. 150, II, sendo vedado
à União, Estados, Municípios e ao Distrito Federal “instituir tratamento desigual

4
República e Constituição, p. 156-157.

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entre contribuintes que se encontre em situação equivalente, proibida qualquer
distinção em razão da ocupação profissional ou função por eles exercida,
independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou
direitos”.
E, ainda, como destaca Rui Barbosa no § 1° do art. 145, que
atribui ao princípio da isonomia a relatividade imperiosa em matéria tributária,
vinculando-o à capacidade contributiva: “Sempre que possível, os impostos
terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do
contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir
efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e
nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do
contribuinte”.

1.3 – PRINCÍPIO DA LEGALIDADE


Constitui princípio básico do sistema constitucional, contido no
inciso II do art. 5°, determina que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
fazer alguma coisa senão em virtude de lei”.
Esse princípio assume papel de absoluto destaque em
sociedades organizadas, influindo em todos os ramos do direito positivo.
Além do princípio da legalidade como tratado no art. 5°,
significando uma forma de preservação da segurança, na vigente Constituição
o princípio da legalidade em matéria tributária, que vem tratado no art. 150, I,
vedando à União, Estados, Distrito Federal e Municípios, exigir ou aumentar
tributo sem lei que o estabeleça.
O art. 150, I, da Constituição Federal apresenta o princípio
comumente denominado da estrita legalidade. Trata-se do princípio da reserva
absoluta da lei formal, impondo à lei ordinária de qualquer uma das pessoas
políticas dotados do poder de tributar(federal, estadual, municipal) conter todos
os elementos para a identificação do fato imponível, o que veda o emprego da
analogia, pelo Poder Judiciário e da discricionariedade, pela Administração
Pública, na solução de conflitos.

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A sujeição da matéria tributária à reserva absoluta da lei consta
regrada, positivamente, também no art. 97 do Código Tributário Nacional,
estabelecendo que somente a lei possa instituir tributos ou tratar de sua
extinção; majora-los ou reduzi-los; definir o fato gerador da obrigação tributária
principal; fixar a alíquota do tributo e da sua base de cálculo; cominar
penalidades para ações ou omissões contrárias a seus dispositivos ou para
outras infrações nela definidas; indicar hipóteses de exclusão; suspensão e
extinção de créditos tributários ou de dispensa ou redução de penalidades.
O princípio da constitucional da legalidade pode ser entendido
como mandamento constitucional de submissão da obrigatoriedade tributária à
lei. Essa idéia já evoca a noção de um controle eminentemente legislativo do
pretenso de obrigatoriedade tributária. No ordenamento jurídico brasileiro, a
iniciativa de lei que disponha sobre matéria tributária é sempre do Presidente
da República, do Governador de Estado ou Prefeito Municipal.
A Constituição Federal, em relação a determinadas imposições
tributárias, excepciona o regime comum, prevendo a figura da lei complementar
como veículo introdutório ou modificativo ( a lei complementar, em matéria
tributária, apresenta-se como um ato normativo complementar à Constituição,
cuja eficácia, implementa ou orienta, estabelecendo normas gerais, por sua vez
orientativa da estrutura de leis ordinárias futuras).
Nesse sentido, a previsão dos arts. 24, I, § 1° e 146 da
Constituição Federal, ou seja, a competência para estabelecer normas gerais
de direito tributário é da União e que tais normas devem ser veiculadas por lei
complementar (integrará necessariamente os ordenamentos jurídicos parciais
de todos os entes políticos). Assim, não será lei federal, mas lei nacional.
Exemplo: Código Tributário Nacional.
A criação de tributo não é atividade constitucional, ou seja, não
se tem na Constituição Federal a criação de tributos. O que se tem na CF é a
previsão das competências ordinárias, extraordinárias e residuais para a
instituição de tributos não-vinculados (impostos) atribuição de uma
competência genérica a cada um das pessoas políticas, para a imposição de

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tributos vinculados (taxas). E a criação das imposições tributárias se dá, frise-
se, eminentemente pela via ordinária.
A majoração de imposições tributárias, como regra, deve dar-se
através de lei ordinária. Entretanto, a Constituição Federal excepciona o IPI, II,
IE e IOF, por possuírem finalidades extrafiscais sensíveis, sujeitam-se a uma
legalidade diferenciada, podendo as alíquotas ser alteradas por decreto do
Presidente da República.

1.4 – PRINCÍPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA


O conceito de capacidade contributiva nada mais é que o
conceito de capacidade econômica qualificado por uma relação de tributação e,
no texto constitucional, tal qualificação é dada pela referência a contribuinte.
Este princípio está atrelado aos tributos não-vinculados
(impostos) a uma atuação estatal específica.
Está expresso na primeira parte do § 1° do art. 145 da
Constituição Federal: “Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal
e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte...”
Este princípio está intimamente ligado ao princípio da igualdade.
O princípio da capacidade contributiva só será atendido se o
imposto for progressivo.
E, por último, imposto com alíquota fixa agrava as diferenças
sociais existentes, porque trata de maneira idêntica contribuintes que não são
iguais, dizia Roque Antônio Carrazza···.
1.5 – PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DAS LEIS
O princípio da irretroatividade das leis está contido no art. 5°,
XXXVI, da CF, importante meio de efetivação da segurança jurídica, uma vez
que “ a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa
julgada”.
A própria Constituição Federal contém outro princípio que
tempera o princípio da irretroatividade, no inciso XL do art. 5°, consagrando
que a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu, configurando-se as
leis penais benéficas que devem, por ordem da Constituição, retroagir.

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Em matéria tributária, o princípio da irretroatividade foi repetido
no art. 150, III, alínea “a”, pela Constituição Federal. “Sem prejuízo de outras
garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios: III – cobrar tributos: a) em relação a fatos
geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído
ou aumentado”.
Como ensina Roque Antonio Carrazza5 “ a regra geral, pois, é o
sentido de que as leis tributárias, como, de resto, todas as leis, devem sempre
dispor para o futuro. Não lhes é dado abarcar o passado, ou seja, alcançar
acontecimentos pretéritos. Tal garantia confere estabilidade e segurança às
relações jurídicas entre Fisco e contribuinte”.
À luz do exposto, cumpre identificar o alcance das regras
contidas no art. 106 do Código Tributário Nacional – CTN, que determina a
aplicabilidade da lei a ato ou fato pretérito naqueles casos.

1.6 – PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE E TRIBUTAÇÃO


O princípio da anterioridade é especificamente tributário, já que
se projeta, apenas, no campo da tributação (federal, estadual, municipal e
distrito federal).
Este princípio está contido no art. 150, III, “b”, da Constituição
Federal.
Art. 150 – Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios...
III – cobrar tributos (...) b) no mesmo exercício financeiro em que
haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou.
O exercício financeiro no Brasil começa no dia 1° de janeiro e
se prolonga até o dia 31 de dezembro de cada ano. Há, pois, coincidência
entre o ano civil e o ano fiscal.
Este princípio não deve ser confundido com o princípio da
anualidade, pelo qual nenhum tributo podia ser cobrado, em cada exercício,

5
Curso de Direito Constitucional Tributário, p. 193

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sem prévia autorização orçamentária anual. Este princípio existiu no Brasil até
durante a vigência da Constituição de 1946, após deixou de existir, cedendo
passo ao princípio da anterioridade.
O princípio da anterioridade exige, evidentemente, que a lei que
cria ou aumenta um tributo só venha a incidir sobre fatos ocorridos no exercício
subseqüente ao de sua entrada em vigor.
Este princípio é o corolário lógico do princípio da segurança
jurídica, como dizia Roque Antonio Carrazza6. Visa evitar surpresas para o
contribuinte, com a instituição ou a majoração de tributos, no curso do exercício
financeiro.
Graças a este princípio, os destinatários da lei tributária (Fisco e
contribuintes), conhecendo-a, podem preparar-se para bem cumpri-la.

1.6.1 – Exceções ao princípio da anterioridade


Alguns tributos não precisam, necessariamente, obedecer ao
princípio da anterioridade. Obedecerão, ou não, ao princípio, conforme a
vontade da lei ordinária que os instituir ou aumentar. São eles os apontados no
§ 1° do art. 150 da Constituição Federal, a saber:
- imposto sobre a importação de produtos estrangeiros;
- imposto sobre a exportação, para o exterior de produtos
nacionais ou nacionalizados;
- imposto sobre produtos industrializados;
- imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro ou
relativas a títulos ou valores mobiliários;
- imposto lançado por motivo de guerra externa (previsto no art.
154, II, da CF).
Este rol não é exaustivo, uma vez que também não precisam
submeter-se ao princípio da anterioridade os empréstimos compulsórios de
calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência ( art. 148, I, da CF).

6
Curso de Direito Constitucional Tributário,p. 111

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Assim o tributo alcançado pela exceção ao princípio da
anterioridade pode ser exigido a partir da entrada em vigor da lei que o criou ou
aumentou, a dizer, no mesmo exercício financeiro.
Por último, vale ressaltar que as contribuições sociais que
financiarão a seguridade social ( art. 195, I, II e III, da CF) não foram postas ao
largo do princípio da anterioridade. Na verdade, é deve seguir a um princípio de
anterioridade especial, já que “só poderão ser exigidas depois de decorridos
noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou
modificado ( art. 195, § 6°, da CF).
As contribuições às quais aludem o art. 149 e seu parágrafo
único da Constituição Federal também deverão obedecer ao princípio da
anterioridade.

1.7 – PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL E


PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO
Está contido no inciso LV do art. 5° da Constituição Federal,
determinando que “aos litigantes em processo judicial ou administrativo, e aos
acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os
meios e recursos a ela inerentes”, completado pela regra do inciso LIV
mediante a qual “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o
devido processo legal”.
O devido processo legal provoca seus reflexos em todo o
sistema de normas processuais, tanto que consta do art. 22, I da Constituição
Federal, a competência privativa da União Federal para legislar sobre direito
processual, a fim de tornar a prestação da justiça uniforme em todo o território
nacional.
Em decorrência do princípio do devido processo legal, age o
princípio do contraditório.
Em matéria tributária o princípio do devido processo legal
adquire contornos específicos, de extraordinária importância diante da relação
fisco/contribuinte, considerando-se que o poder administrativo no exercício da
atividade tributária cria limitações patrimoniais, impondo-se a observância das

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suas fronteiras, a fim de ensejar ao administrado o respeito aos direitos
constitucionais que lhe foram assegurados.

1.8 – OUTROS PRINCÍPIOS CONTITUCIONAIS

1.8.1 – PRINCÍPIO QUE AFIRMA O DIREITO DE


PROPRIEDADE
Está contido nos incisos XXII e XXIV do art. 5° da Constituição
Federal, ressalvada a desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou
por interesse social, sempre mediante prévia e justa indenização em dinheiro.
Esse princípio tem considerável impacto no direito tributário,
uma vez que o descumprimento das normas tributárias traz em conseqüência a
exigência pecuniária, refletindo no direito de propriedade.

1.8.2 – PRINCÍPIO DA LIBERDADE DE TRABALHO, OFÍCIO


OU PROFISSÃO
Também o princípio da liberdade de trabalho, ofício ou
profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelece, contido
no inciso XIII do art. 5° da Constituição Federal, sofre a influência das normas
tributárias. Leis que eventualmente criassem tributos exagerados sobre
determinadas atividades poderiam violentar o princípio desestimulando e até
mesmo impedindo o exercício livre de trabalho, ofício ou profissão.

1.8.3 – PRINCÍPIO DO DIREITO DE PETIÇÃO


O princípio do direito de petição está contido nas alíneas a e b
do inciso XXXIV do art. 5° da Constituição e representa importante base das
normas tributárias sendo a todos assegurado, independentemente de
pagamento de taxas. Visa possibilitar a defesa de direitos e impedir a prática
de ilegalidade ou de abuso de poder, assim como assegurar o fornecimento de
certidões em repartições públicas para defesa de direitos e esclarecimento de
situações de interesse pessoal.

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1.8.4 – PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE
PÚBLICO SOBRE O PRIVADO E DA INDISPONIBILIDADE DOS INTERESSE
PÚBLICOS
Importantíssimo aos ramos do direito público, com reflexos
especiais sobre o Direito Administrativo e ao Direito Tributário.
Ele proclama a superioridade do interesse da coletividade,
firmando a prevalência dele sobre o do particular, como condição, até mesmo,
da sobrevivência e asseguramento deste último.

1.9 – OUTROS PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS

1.9.1 – PRINCÍPIO DA TIPICIDADE


Cada tipo de exigência tributária deve apresentar todos os
elementos que caracterizam sua abrangência.
Segundo Alberto Xavier7 “No Direito Tributário a técnica da
tipicidade atua não só sobre a hipótese da norma tributária material, como
também sobre o seu mandamento. Objeto da tipificação são, portanto, os fatos
e os efeitos, as situações jurídicas iniciais e as situações jurídicas finais”.
O princípio da tipicidade consagrado pelo art. 97 do CTN e
decorrente da Constituição Federal, já que tributos somente podem ser
instituídos, majorados e cobrados por meio da lei, aponta com clareza os
limites da Administração nesse campo, já que lhe é vedada toda e qualquer
margem de discricionariedade. A lei e somente a lei, pode dizer à
Administração se pode agir e até onde pode agir em matéria tributária.
O atendimento ao princípio da tipicidade exige que a lei não
apenas institua tributos, mas indique, detalhadamente, as hipóteses de
incidências, os sujeitos ativos, os sujeitos passivos, as bases de cálculo e as
alíquotas.

7
Os Princípios da Legalidade e da Tipicidade da Tributação, p. 72 e s.

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1.9.2 – PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DE TRIBUTO COM
EFEITO DE CONFISCO
Contido no art. 150, IV, da Constituição Federal, consiste na
vedação à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios de utilizar
o tributo com efeito de confisco.
Como o reflexo da exigência tributária é o patrimônio, tanto que
a definição da espécie contida no art. 3° do CTN é expressa, a lei que instituir
tributo deve afastar-se do efeito de confisco segundo os princípios
constitucionais que protegem a propriedade, garantida pelo inciso XXII do art.
5°.
Sendo assim, o princípio que proíbe a atividade tributária com
efeitos de confisco tem por objetivo a harmonia entre o direito de propriedade e
o poder de tributar. Será eivado de inconstitucionalidade, portanto, o tributo que
“retirar parte substancial da propriedade ou a totalidade da renda do
contribuinte”.

1.9.3 – PRINCÍPIO DA VINCULABILIDADE DA TRIBUTAÇÃO


Por força desse comando, o “Fisco não pode, por decisão
própria, isto é, sem base legal, prejudicar ou beneficiar os contribuintes. Pelo
contrário, deve lançar e arrecadar os tributos, na forma da lei. Do mesmo
modo, salvo quando expressamente autorizado por ela, está proibido de
renunciar aos créditos tributários ou de transacionar sobre os regularmente
nascidos”.8
O § 1° do art. 145 da Constituição Federal, especialmente para
conferir efetividade ao caráter pessoal, à seletividade, e à capacidade
econômica do contribuinte, que devem, sempre que possível, ser observados
pelos impostos, faculta à administração tributária identificar, respeitados os
direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as
atividades econômicas do contribuinte.

8
Roque Antônio Carrazza, Curso de Dieito Constitucional Tributário, p. 163

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