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desenvolvimento sustentável♣
Salomão Soares ♣
Julia Celia Mercedes Strauch ♦
Cesar Ajara *
Resumo
Com o aumento das discussões sobre o desenvolvimento sustentável, cada vez mais estão
sendo geradas metodologias que objetivam mensurar a sustentabilidade de uma determinada
região. Destarte, este artigo apresenta três metodologias geradas de forma independente com o
objetivo de compará-las visando observar se os indicadores utilizados são semelhantes. A
primeira é apresentada no livro lançado pelo IBGE em 2004, denominado Indicadores de
Desenvolvimento Sustentável. A segunda foi um trabalho desenvolvido na Universidade Federal
de Minas Gerais, também de 2004. E a terceira, sendo a mais antiga entre os três (2002), trata-se
de uma metodologia apresentada na Universidade Federal do Pará. Esta comparação simplificará
a pesquisa de indicadores utilizados para a construção de uma metodologia
∗
Trabalho apresentado no XV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Caxambú - MG -
Brasil, de 18 a 22 de setembro de 2006.
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Escola Nacional de Ciências Estatísticas.
♦
Escola Nacional de Ciências Estatísticas.
* Escola Nacional de Ciências Estatísticas.
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Comparação de metodologias utilizadas para análise do
desenvolvimento sustentável
Salomão Soares ♣
Julia Celia Mercedes Strauch ♦
Cesar Ajara *
Introdução
A Comissão Mundial da ONU sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento realizada em
1987, apresentou um documento denominado Our Common Future, mais conhecido por
Relatório Brundtland (AJARA, 2003). Este Relatório tornou-se um marco quanto à formalização
do conceito de desenvolvimento sustentável, o qual define “desenvolvimento sustentável como
sendo o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a
capacidade das futuras gerações satisfazerem as suas próprias necessidades”.
∗
Trabalho apresentado no XIV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Caxambú- MG –
Brasil, de 20- 24 de Setembro de 2004.
♣
Escola Nacional de Ciências Estatísticas.
♦
Escola Nacional de Ciências Estatísticas.
* Escola Nacional de Ciências Estatísticas.
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De forma a facilitar a análise das metodologias elas serão comparadas levando em
consideração as dimensões ambiental, social, institucional e econômica.
Para melhor compreensão, este trabalho está organizado da seguinte forma: na seção 2 é
apresentada uma síntese da metodologia proposta pelo IBGE (2004); na seção 3 é descrito o
índice de sustentabilidade municipal proposto por Braga et al. (2004); na seção 4 é apresentado o
modelo de indicadores proposto para a mensuração do desenvolvimento sustentável na
Amazônia; na seção 5 as metodologias apresentadas são comparadas levando em consideração as
dimensões propostas; e na seção 6 são apresentadas as considerações finais deste trabalho
A proposta dos indicadores foi realizada em quatro grandes eixos: Ambiental; Social;
Econômico; e Institucional.
A dimensão ambiental diz respeito ao uso dos recursos naturais e à degradação ambiental,
e está relacionada aos objetivos de preservação e conservação do meio ambiente, considerados
fundamentais ao benefício das gerações futuras. Estas questões aparecem organizadas nos temas:
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atmosfera; terra; água doce; oceanos, marés e áreas costeiras; biodiversidade; e saneamento
(IBGE, 2004).
Por fim, a dimensão institucional que diz respeito à orientação política, capacidade e
esforço despendido para as mudanças requeridas para uma efetiva implementação do
desenvolvimento sustentável. O IBGE (2004) salienta que esta dimensão aborda temas de difícil
medição, e que carece de mais estudos para o seu aprimoramento. A dimensão é desdobrada nos
temas quadro institucional e capacidade institucional, e apresenta cinco indicadores.
No programa não foi ajuizado nenhum tipo de peso às variáveis. Ademais, um ponto
importante detectado foi a separação de alguns indicadores por sexo, cor e raça. A seguir, a
Tabela 01 com os indicadores adotados pelo projeto do IBGE (2004):
Tabela 01
Uso de fertilizantes
Uso de agrotóxicos
Desertificação e arenização
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DIMENSÃO TEMA INDICADORES
Áreas protegidas
Biodiversidade
Ambiental Tráfico, criação e comércio de animais silvestres
Espécies invasoras
Tratamento de esgoto
Taxa de desocupação
Trabalho e
rendimento
Rendimento familiar per capita
Taxa de escolarização
Educação
Taxa de alfabetização
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DIMENSÃO TEMA INDICADORES
Educação Escolaridade
Taxa de investimento
Quadro econômico
Balança comercial
Grau de endividamento
Intensidade energética
Econômico
Participação de fontes renováveis na oferta de energia
Reciclagem
Acesso à Internet
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microrregional; capacidade política e institucional de intervenção local. Os índices aplicam-se
aos municípios da região da bacia do rio Piracicaba em Minas Gerais.
“While the priorities for local sustainability are overcoming poverty and equity, enhancing
security and preventing environmental degradation, there is a need to pay more attention to
social capital and cultural vitality in order to foster citizenship and civic engagement” (UWF,
2002).
BRAGA et al. (2004) diz que os índices e indicadores adotados são, via de regra, modelos
de interação atividade antrópica/meio ambiente que podem ser classificados segundo o suporte
Pressão-Estado-Resposta (PER). Para eles, os indicadores de estado buscam descrever a situação
presente, física ou biológica, dos sistemas naturais; os indicadores de pressão tentam
medir/avaliar as pressões exercidas pelas atividades antrópicas sobre os sistemas naturais; e os
chamados indicadores de resposta buscam avaliar a qualidade das políticas e acordos formulados
para responder aos impactos antrópicos e minimizá-los (HERCULANO, 1998; ESI, 2002).
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Para BRAGA et al. (2004), o índice de qualidade do sistema ambiental mensura o grau de
saúde do sistema ambiental do município através da qualidade da água do rio, visto como
testemunha das condições ambientais de sua bacia e como depositário da degradação promovida
pelas atividades humanas.
Segundo BRAGA et al. (2004), os critérios considerados na escolha dos indicadores que
comporiam os índices foram:
• Relevância - capacidade da variável em traduzir o fenômeno;
• Aderência local - capacidade da variável (ou indicador) em captar fenômeno produzido
ou passível de transformação no plano local;
• Disponibilidade - cobertura e atualidade dos dados; e
• Historicidade - capacidade da variável em permitir comparações temporais.
BRAGA et al. (2004) diz que a adequação das variáveis foi testada baseando-se na análise
das correlações entre elas. O passo seguinte foi identificar os valores extremos (outliers) e
substituí-los pelos valores correspondentes aos limites superiores e inferiores dos percentis 2,5 e
97,5%, respectivamente. Depois de corrigidos os valores extremos, padronizaram as variáveis
pelo método Z-score (Equação 01), de modo a permitir sua agregação ao converter todas as
variáveis a uma escala numérica única e amenizar distorções causadas pelos valores observados
nos percentis mais extremos.
χ −χ
Z=
m
Equação 1: Método z-score
σ
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onde:
χ : valor observado;
χ : média dos valores observados; e
m
Tabela 02
Autonomia fiscal
Autonomia político-
Endividamento público
administrativa
Peso eleitoral
Informatização
Índice de Sustentabilidade
Conselho de meio ambiente
Municipal
Gestão ambiental
Número de unidades de conservação
municipal
ONG’s ambientalistas
Participação político-eleitoral
Informação e participação
Imprensa escrita
Imprensa falada
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Nome Índices Temáticos Indicadores Composição dos Indicadores
Pressão agropecuária
Intensidade energética rural
Índice de longevidade-IDH
Condições de vida
Índice de educação-IDH
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4. Modelo de indicadores para mensuração do desenvolvimento sustentável na
Amazônia
A metodologia proposta por RIBEIRO (2002) teve por objetivo construir um modelo de
indicadores para a mensuração do processo de desenvolvimento sustentável na Amazônia. A
abrangência do trabalho reflete condições presentes tanto na escala local quanto na escala
regional.
A trabalho tem como base o programa de trabalho da CDS supracitado que recomenda
uma lista de indicadores, agrupados de acordo com os capítulos da Agenda 21. Nessa ordenação
os indicadores estão distribuídos pelas dimensões social, econômica, ambiental e institucional.
Ademais, a metodologia possuía conhecimentos propostos por outras instituições: Escola Alemã
de Kassel; Fórum Cívico de Seattle; Fórum Econômico Mundial de Davos; e Banco Mundial.
Para ele a dimensão ambiental pode ser definida como a soma de todos os processos bio-
geológicos e os elementos envolvidos neles. A dimensão social consiste nas qualidades pessoais
dos seres humanos, suas habilidades, dedicações e experiências. A dimensão institucional é o
resultado de processos interpessoais como comunicação e cooperação, resultando em um sistema
de regras que governa a interação dos membros de uma sociedade. A dimensão econômica inclui
não somente a economia formal, mas também a informal, que fornece serviços aos indivíduos e
grupos e, assim, aumenta o padrão de vida além da renda monetária.
O trabalho utilizou o suporte PER adotado pela ONU. A razão disso, segundo RIBEIRO
(2002), se deve ao fato que os indicadores organizados pela perspectiva da ONU estão
diretamente relacionados aos diversos capítulos da Agenda 21. A primeira novidade vinculada ao
trabalho de RIBEIRO (2002) está no uso, também, do suporte de teoria de sistemas. Este trabalha
os conceitos como processos dinâmicos, realimentação e controle, agindo na construção de
modelos econômicos e ambientais e na integração destes. Segundo RIBEIRO (2002), para o
problema tratado em sua investigação, os suportes PER e sistemas não se excluem,
complementam-se.
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Outra novidade do trabalho é a geração de índices de sustentabilidade baseados em
pesquisa de opinião pública sobre qualidade de vida. RIBEIRO (2002) credita isso ao fato de que
a construção de índices e indicadores necessita da realização de um processo participativo, que
seja capaz de validá-los, mesmo que minimamente.
Tabela 03
Índice agregado de
Casos de malária por mil habitantes
sustentabilidade da Índice de sustentabilidade da saúde Social – Saúde
Amazônia
Óbitos por doenças infecciosas e
parasitárias
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Nome Índices Temáticos Indicadores Composição dos Indicadores
Econômico – Consumo e
Geração de lixo convencional per capita
produção de padrões
Fonte:RIBEIRO (2002)
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Figura 04 - Pirâmide de construção do IASAM (Fonte: RIBEIRO (2002).
O que se pode constatar é que as metodologias apresentadas são muito parecidas. Apesar
dos indicadores utilizados por BRAGA et al. (2004) estarem fundamentados em trabalhos
diferentes, a convergência para determinados indicadores é unânime.
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Uma unanimidade, entre as metodologias apresentadas, é o suporte PER criado pela
OECD e adotado pela CDS. A única diferença encontrada, em relação aos suportes, foi a inclusão
da teoria de sistemas apresentada na metodologia proposta por RIBEIRO (2002).
Por fim, em todas as metodologias nota-se a busca por indicadores que fossem
representativos da região de estudo, além de capazes de serem observados historicamente. A
seguir, uma análise dos indicadores utilizados pelos trabalhos a partir dos quadros construídos
para cada metodologia. A comparação dos indicadores será organizada seguindo as quatro
dimensões da CDS da ONU, a saber: ambiental, social, institucional e econômica.
Na parte que cuida da água, percebe-se muita preocupação em todos os trabalhos com a
questão da qualidade da mesma. Apesar disso, os indicadores utilizados nos trabalhos são
variados. O IBGE (2004) trabalha com a qualidade das águas interiores e do mar, por se tratar de
Brasil. Já, o trabalho de BRAGA et al. (2004) propõe a observação da qualidade da água do rio
principal da bacia hidrográfica de estudo em dois períodos distintos, o de seca e o de chuva. Para
os autores, o rio principal é a testemunha das condições ambientais de sua bacia, visto como
depositário da degradação promovida pelas atividades humanas. O trabalho de RIBEIRO (2002)
utilizou como indicador da qualidade da água, a taxa de mortalidade por hepatite, demonstrando a
ligação do tema ambiental à saúde. Este indicador é válido por tratar da região Amazônica onde,
segundo o IBGE (BME, 2005), grande parte do lixo gerado tem como destino os rios e lagos da
região.
Em relação à qualidade do ar, apenas o trabalho do RIBEIRO (2002) não apresenta este
indicador. O IBGE (2004) trata de concentração de poluentes no ar em áreas urbanas e consumo
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industrial de substâncias destruidoras da camada de ozônio, já BRAGA et al. (2004) trabalha com
o índice de mortos por doenças respiratórias.
Vale informar, que o trabalho de BRAGA et al. (2004) é o que mais apresenta indicadores
preocupados com a questão institucional. Apesar do trabalho se apresentar de uma forma
diferente dos outros dois, tanto o quadro institucional, quanto a capacidade institucional são
melhores apresentados do que nos demais.
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5.4. Dimensão social
6. Considerações finais
Analisando os trabalhos como um todo, percebe-se que existe um consenso por
determinados indicadores. Por fim, em todas as metodologias observa-se a preocupação por
estabelecer indicadores que sejam representativos da região de estudo, além de capazes de serem
observados historicamente.
Sendo assim, apesar de haver consenso por determinados indicadores, vale ressaltar, que
as particularidades da região de estudo fazem grande diferença na obtenção de respostas
relevantes, e que não é possível gerar um conjunto de indicadores normativos. Contudo, este
trabalho contribuiu para a observância de determinados indicadores relevantes para os padrões
brasileiros.
Referências bibliográficas
ACSELRAD, H. Discursos da sustentabilidade urbana. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e
Regionais. Campinas, n°1, maio de 1999.
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AJARA, C. As difícies vias para o desenvolvimento sustentável: gestão descentralizada do
território e zoneamento ecológico-econômico. Textos para discussão ENCE, 8, 2003.
http://www.ufrgs.br/pgdr/textosabertos/Indicadores%20de%20sustentabilidade-v.2_15.pdf .
Acesso em: 12 ago. 2005.
NATIONS, U. Agenda 21. 2001. Disponível em: www.un.org Capturado em:18 jul. 2005.
PAULA, João A. et al. Biodiversidade, população e economia: uma região de mata atlântica.
Belo Horizonte: UFMG/Cedeplar; ECMXC; PADCT/CIAMB, 1997.
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