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em unidades de conservação
2006
JULHO
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
em unidades de conservação
2006
JULHO
Educação ambiental em unidades de conservação
Esta publicação está disponível em www.ibase.br
Julho de 2006
EXECUÇÃO
Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase)
Linha de Ação: 4.2 - Educação Ambiental na Gestão Participativa: fortalecimento do conselho
consultivo do Parque Nacional da Tijuca – Projeto Água em Unidade de Conservação, proje-
to-piloto para a Mata Atlântica: Parque Nacional da Tijuca
COORDENAÇÃO EDIÇÃO
Nahyda Franca Iracema Dantas
EQUIPE TÉCNICA DA L 4.2 TEXTO
Carlos Frederico B. Loureiro Carlos Frederico B. Loureiro
Marcus Azaziel Marcus Azaziel
Laila Souza Mendes Nahyda Franca
Claudia Fragelli COLABORAÇÃO
Joelma Cavalcante de Souza Denise Alves
COLABORADORAS DA L 4.2 Laila Souza Mendes
Denise Alves Claudia Fragelli
Ana Lucia Camphora Joelma Cavalcante de Souza
Marta de Azevedo Irving REVISÃO
Marcelo Bessa
PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO
Guto Miranda
CAPA
João Maurício Rugendas - Recolte de Café.
Litografia, “Voyage Pittoresque dans le Brésil”,
Engelman et Cie., Paris, 1835.
PATROCÍNIO
Programa Petrobras Ambiental
Apresentação 5
Gestão democrática e transparente 5
O fortalecimento da gestão participativa em unidades de conservação: o papel do Ibase 6
APRESENTAÇÃO
SÔNIA L. PEIXOTO
Chefe do Parque Nacional da Tijuca e coordenadora institucional do Projeto Água
em Unidade de Conservação
NAHYDA FRANCA
Pesquisadora do Ibase e coordenadora da Linha de Ação 4.2 – Educação Ambiental
na Gestão Participativa: consolidação e fortalecimento do conselho consultivo.
Projeto Água em Unidade de Conservação, Parque Nacional da Tijuca
PROJETO ÁGUA EM UNIDADE DE CONSERVAÇÃO
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> buscar o uso das experiências das pessoas no local para a efetivação de alter-
nativas solidárias (tendo apreendido, no entanto, embora provisoriamente, as
relações entre o local, o nacional e o mundial, enfatizando-se a complexidade
dos problemas e soluções);
> aplicar uma abordagem interdisciplinar, reconhecendo a especificidade de cada
disciplina, de modo que se adquira uma perspectiva global e equilibrada.
É possível uma síntese crítica por meio de uma educação científica e pelo diálogo
democrático. A questão é como fazer isso, daí todas as polêmicas em torno das dife-
rentes posições.
Como contribuição rumo a um processo educativo mais democrático, entende-
se que:
> a natureza é uma unidade complexa, e a vida, o seu processo de auto-organização;
> somos seres naturais que redefinem o modo de existir na natureza pela própria
dinâmica da sociedade na história;
> as pessoas são constituídas por mediações múltiplas (unidade biológico social);
> a educação tem a finalidade de buscar a transformação social, o que engloba
indivíduos e atores sociais em novas estruturas institucionais, como base para a
construção democrática de “sociedades sustentáveis” e novos modos de se viver
na natureza (embora sempre respeitando as categorias das UC e seus objetivos
de manejo específicos).
12 INSTITUTO BRASILEIRO DE ANÁLISES SOCIAIS E ECONÔMICAS > IBASE
Neste momento, cabe formular algumas questões que devem estar em nossas mentes
quando se planeja uma proposta de educação ambiental:
> Que educação ambiental queremos?
> Por que e com quem prioritariamente realizaremos tal prática?
> Quais são os aspectos sociais que se pretende desenvolver durante esse processo?
> Como se dará a continuidade do processo?
Para responder a questões como essas, toma-se, como orientação oficial, o que
propõe a Coordenação Geral de Educação Ambiental (CGEAM) do Ibama.
PROJETO ÁGUA EM UNIDADE DE CONSERVAÇÃO
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Nas atuais diretrizes trazidas pelo Snuc, nota-se ênfase na garantia de processos de
envolvimento e participação da sociedade (populações locais, organizações não-go-
vernamentais, poderes públicos municipais e estaduais etc.) na criação, implantação
e gestão de UC.
Estimula-se a busca por parcerias e o incentivo às populações locais e organi-
zações privadas na criação, no estabelecimento e na administração de UC dentro
14 INSTITUTO BRASILEIRO DE ANÁLISES SOCIAIS E ECONÔMICAS > IBASE
Além disso,
A gestão ambiental é um processo de mediação de interesses e conflitos
entre atores sociais que agem sobre os meios físico-natural e construído.
Esse processo de mediação define e redefine, continuamente, o modo como
os diferentes atores sociais, por meio de suas práticas, alteram a qualidade
do meio ambiente e, também, como se distribuem os custos e os benefícios
decorrentes da ação desses agentes. (Ibama, 2002)
O Programa de Educação Ambiental do PNT foi criado em 1996. Contou com a participa-
ção de representantes de órgãos públicos, organizações não-governamentais e universidades
que colaboraram na sua concepção, bem como das discussões acerca dos temas centrais da
educação ambiental e da relação entre o PNT e a cidade do Rio de Janeiro. Como resultado
desse esforço, foi implantado um Núcleo de Educação Ambiental (NEA/PNT).
O NEA/PNT tem quatro linhas de ação: capacitação, interpretação ambiental, desenvol-
vimento de projetos, desenvolvimento de instrumentos e metodologias para a prática de
educação ambiental, por meio de um processo integrado. Desde então, o parque desenvolve
ações de formação, interpretação ambiental, pesquisa e produção de material educativo.3 3
Informações extraídas
de anotações sobre
As ações citadas visam articular e integrar os segmentos internos e externos à UC Histórico da Educação
como: professores(as), estudantes, pesquisadores(as), técnicos(as), servidores(as), Ambiental no PNT,
fornecidas por Denise
moradores(as), população do entorno, agentes de turismo, monitores(as), agentes Alves, analista ambiental
comunitários(as), pessoal terceirizado, entre outros atores sociais, na perspectiva de e coordenadora geral do
NEA/PNT/Ibama.
contribuir para a construção e ampliação de sua consciência, visando à participação de
cidadãos e cidadãs na defesa do meio ambiente e na melhoria da qualidade de vida.
Realizaram-se cursos e oficinas para a equipe de profissionais que atuam no par-
que (agentes de fiscalização, funcionários de segurança e serviços gerais), além de
seminários internos de educação ambiental para técnicos e técnicas de nível superior.
Também são realizados cursos vinculados a visitas guiadas e estudo de campo, com a
participação de professores(as) de nível médio e agentes comunitários(as).
Os moradores e as moradoras do interior da UC e do entorno são simultaneamente
envolvidos no processo de capacitação, com a realização de oficinas, nas quais são
discutidas as questões voltadas para a convivência com a floresta e para os cuidados
com sua conservação.
Destaque-se a parceria com a Secretaria Municipal de Educação, efetuada em 1999,
que possibilitou o envolvimento de alunos(as) e professores(as) dos ensinos médio
e fundamental em um programa conjunto, desenvolvendo cursos, oficinas e visitas
guiadas, dentro do convênio de gestão compartilhada do PNT/Ibama e a Prefeitura
da cidade do Rio de Janeiro.
A educação ambiental passou a ser considerada parte integrante do processo de cons-
trução da gestão participativa do parque, facilitando sua implementação e envolvendo
diversos segmentos sociais na discussão e atuação em relação às questões ambientais.
A partir do ano de 2005, o projeto Água em Unidade de Conservação, parte do
Programa Petrobras Ambiental, tem em vista a proteção e a valoração dos recursos
hídricos do PNT, enfatizando a conscientização quanto ao seu uso sustentável, assim
como a sua gestão participativa.
18 INSTITUTO BRASILEIRO DE ANÁLISES SOCIAIS E ECONÔMICAS > IBASE
A prática participativa de educação ambiental que se adota em todo esse processo não
deve ser entendida como uma lógica acabada com métodos e resultados predefinidos.
Ela pode e deve permitir a construção e a correção de rumos no próprio caminho,
orientada pela realidade dos grupos envolvidos.
PROJETO ÁGUA EM UNIDADE DE CONSERVAÇÃO
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REFERÊNCIAS
ANEXO
CAPÍTULO I
DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Art. 1o Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o
indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades,
atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso
comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.
Art. 3o Como parte do processo educativo mais amplo, todos têm direito à educação
ambiental, incumbindo:
PROJETO ÁGUA EM UNIDADE DE CONSERVAÇÃO
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I - ao Poder Público, nos termos dos arts. 205 e 225 da Constituição Federal, definir
políticas públicas que incorporem a dimensão ambiental, promover a educação
ambiental em todos os níveis de ensino e o engajamento da sociedade na con-
servação, recuperação e melhoria do meio ambiente;
II - às instituições educativas, promover a educação ambiental de maneira integrada
aos programas educacionais que desenvolvem;
III - aos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente – Sisnama, pro-
mover ações de educação ambiental integradas aos programas de conservação,
recuperação e melhoria do meio ambiente;
IV - aos meios de comunicação de massa, colaborar de maneira ativa e permanente
na disseminação de informações e práticas educativas sobre meio ambiente e
incorporar a dimensão ambiental em sua programação;
V - às empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas, promover
programas destinados à capacitação dos trabalhadores, visando à melhoria e ao
controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões
do processo produtivo no meio ambiente;
VI - à sociedade como um todo, manter atenção permanente à formação de valores,
atitudes e habilidades que propiciem a atuação individual e coletiva voltada para
a prevenção, a identificação e a solução de problemas ambientais.
CAPÍTULO II
DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Seção I
Disposições Gerais
Art. 6o É instituída a Política Nacional de Educação Ambiental.
Seção II
Da Educação Ambiental no Ensino Formal
Art. 9o Entende-se por educação ambiental na educação escolar a desenvolvida no
âmbito dos currículos das instituições de ensino públicas e privadas, englobando:
I - educação básica:
a) educação infantil;
b) ensino fundamental e
c) ensino médio;
II - educação superior;
III - educação especial;
IV - educação profissional;
V - educação de jovens e adultos.
Art. 10. A educação ambiental será desenvolvida como uma prática educativa inte-
grada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal.
§ 1o A educação ambiental não deve ser implantada como disciplina específica no
currículo de ensino.
§ 2o Nos cursos de pós-graduação, extensão e nas áreas voltadas ao aspecto meto-
dológico da educação ambiental, quando se fizer necessário, é facultada a criação de
disciplina específica.
§ 3o Nos cursos de formação e especialização técnico-profissional, em todos os
níveis, deve ser incorporado conteúdo que trate da ética ambiental das atividades
profissionais a serem desenvolvidas.
Art. 11. A dimensão ambiental deve constar dos currículos de formação de profes-
sores, em todos os níveis e em todas as disciplinas.
Parágrafo único. Os professores em atividade devem receber formação complementar
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Seção III
Da Educação Ambiental Não-Formal
Art. 13. Entendem-se por educação ambiental não-formal as ações e práticas edu-
cativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua
organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente.
Parágrafo único. O Poder Público, em níveis federal, estadual e municipal, incentivará:
I - a difusão, por intermédio dos meios de comunicação de massa, em espaços
nobres, de programas e campanhas educativas, e de informações acerca de temas
relacionados ao meio ambiente;
II - a ampla participação da escola, da universidade e de organizações não-governa-
mentais na formulação e execução de programas e atividades vinculadas à educação
ambiental não-formal;
III - a participação de empresas públicas e privadas no desenvolvimento de progra-
mas de educação ambiental em parceria com a escola, a universidade e as organizações
não-governamentais;
IV - a sensibilização da sociedade para a importância das unidades de conservação;
V - a sensibilização ambiental das populações tradicionais ligadas às unidades de
conservação;
VI - a sensibilização ambiental dos agricultores;
VII - o ecoturismo.
CAPÍTULO III
DA EXECUÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Art. 14. A coordenação da Política Nacional de Educação Ambiental ficará a cargo
de um órgão gestor, na forma definida pela regulamentação desta Lei.
Art. 17. A eleição de planos e programas, para fins de alocação de recursos públicos
vinculados à Política Nacional de Educação Ambiental, deve ser realizada levando-se
em conta os seguintes critérios:
I - conformidade com os princípios, objetivos e diretrizes da Política Nacional de
Educação Ambiental;
II - prioridade dos órgãos integrantes do Sisnama e do Sistema Nacional de Educação;
III - economicidade, medida pela relação entre a magnitude dos recursos a alocar
e o retorno social propiciado pelo plano ou programa proposto.
Parágrafo único. Na eleição a que se refere o caput deste artigo, devem ser contem-
plados, de forma eqüitativa, os planos, programas e projetos das diferentes regiões
do País.
CAPÍTULO IV
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 20. O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de noventa dias de sua
publicação, ouvidos o Conselho Nacional de Meio Ambiente e o Conselho Nacional
de Educação.