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Somos devedores.
(Texto: Rm 1:8~15)
1. Introdução.
O Brasil é um dos países com a taxa de juros mais alta do mundo. Isso significa dizer
que nesse país, pegar um empréstimo é caro e muito arriscado. Se eu não pagar a fatura
do meu cartão de credito, por exemplo, no valor de R$1.000,00, eu pago 12,50% a.m.
de juros sobre os R$1.000,00. Se eu não pagar essa dívida por um ano, terei acumulado
uma dívida de R$4.109.89. Se eu não pagar por 10 anos, terei uma dívida de
R$1.374.999.99! Sabe por quê? No Brasil, o cálculo de juros é exponencial, ou seja,
pagamos juros sobre juros. Depois de 10 anos, essa dívida de R$1.000,00 torna-se,
literalmente, impagável.
A mensagem de hoje é sobre divida. Mas não essa que contraímos com a empresa de
cartão de crédito, mas aquela que contraímos com o nosso próximo. Ninguém gosta de
viver endividado. Talvez seja uma das piores coisas nessa vida. Mas você é um devedor.
Talvez você nunca tenha se dado conta disso… mas desde o momento em que você
virou cristão, você contraiu uma divida com o seu próximo. Não fique assustado. Essa
dívida, é a única dívida boa que existe no mundo. Mas é uma dívida que precisa ser
paga.
Essa dívida não é financeira. Mas é uma dívida de amor. E como pagamos essa dívida?
É sobre isso que falaremos hoje. Que o Espírito Santo ilumine todos os nossos corações
para que possamos sair daqui orgulhosos de sermos devedores do amor de Deus!
1
Pregado no MEP dia 13 de março de 2011.
ὑµᾶς.
11
11 ἐπιποθῶ γὰρ ἰδεῖν ὑµᾶς, ἵνα τι µεταδῶ
Porque desejo vê-los para
χάρισµα ὑµῖν πνευµατικὸν εἰς τὸ
compartilhar com vocês algum dom
στηριχθῆναι ὑµᾶς,
espiritual para fortalecê-los,
12
12 τοῦτο δέ ἐστιν συµπαρακληθῆναι ἐν
isto é, para que eu e vocês sejamos
ὑµῖν διὰ τῆς ἐν ἀλλήλοις πίστεως ὑµῶν
mutuamente encorajados pela fé.
τε καὶ ἐµοῦ.
13 13
Irmãos, não quero que ignorem que οὐ θέλω δὲ ὑµᾶς ἀγνοεῖν, ἀδελφοί, ὅτι
muitas vezes planejei visitá-los (mas até πολλάκις προεθέµην ἐλθεῖν πρὸς ὑµᾶς,
agora tenho sido impedido), para colher καὶ ἐκωλύθην ἄχρι τοῦ δεῦρο, ἵνα τινὰ
algum fruto entre vocês, como também καρπὸν σχῶ καὶ ἐν ὑµῖν καθὼς καὶ ἐν τοῖς
entre os demais gentios. λοιποῖς ἔθνεσιν.
14 14
Sou devedor tanto a gregos e a Ἕλλησίν τε καὶ βαρβάροις, σοφοῖς τε
bárbaros, a sábios e à ignorantes. καὶ ἀνοήτοις ὀφειλέτης εἰµί·
15
Por isso, quanto a mim, estou pronto 15
Οὕτως τὸ κατí ἐµὲ πρόθυµον καὶ ὑµῖν
para anunciar o Evangelho também a
τοῖς ἐν Ῥώµῃ εὐαγγελίσασθαι.
vocês que estão em Roma.
“Primeiramente, agradeço a Deus, por meio de Jesus Cristo, por causa de todos vocês,
porque a fé de vocês é anunciada em todo o mundo. Por isso, Deus, a quem sirvo no
meu espírito, no evangelho de seu Filho, é minha testemunha de como sempre me
lembro do vocês em as minhas orações: que de alguma maneira, haja uma boa
oportunidade para visitar vocês, pela vontade de Deus.” (vss. 8~11)
Não sabemos qual era a intensidade da fé dos cristãos em Roma, mas o simples fato de
existir uma igreja naquela cidade já era uma conquista muito grande para o Evangelho.
“porque a fé de vocês é anunciada em todo o mundo” (vr. 8b), ou seja, todos os cristãos
espalhados pelo mundo (o mundo banhado pelo Mar Mediterrâneo), estavam de olho
nos cristãos de Roma. Sem que os romanos tenham se dado conta, eles haviam se
tornado em um tipo de modelo para os demais.
“Por isso, Deus, a quem sirvo no meu espírito, no evangelho de seu Filho, é minha
testemunha de como sempre me lembro do vocês em as minhas orações: que de alguma
maneira, haja uma boa oportunidade para visitar vocês, pela vontade de Deus” (vss.
9~11). Paulo queria muito poder visitar Roma. Não por causa da exuberância daquela
cidade. Mas justamente por causa dos cristãos que moravam lá. A preocupação de Paulo
era baseado em pessoas. O interesse de Deus está em pessoas, não em países,
instituições ou objetos.
A oração de Paulo a Deus pelos romanos consistia em que ele tivesse uma oportunidade
de visitá-los. Vale lembrar que Paulo não havia fundado a igreja em Roma. Talvez isso
também seja um fator importante que despertou o desejo de visitar aquela cidade e os
irmãos. Paulo queria conhecê-los, fortalecer seus laços com eles…
Meus irmãos. Quando lemos esses versículos, vemos que Paulo não era uma pessoa que
ostentava sua condição de apóstolo se isolando dos demais. Ele não tinha seguranças
que impediam o contato com as pessoas. Ontem chegou no Brasil o presidente Obama e
você viu o esquema de segurança que foi montado para garantir que ninguém não
desejado entrasse em contato com ele. Muitas pessoas que são importantes e famosas se
fecham em seu próprio mundo cortando relações com qualquer um que não lhe
convenha. Não. Paulo era uma pessoa de íntimos relacionamentos. O Evangelho havia
ensinado isso para ele. O Evangelho de Deus é a história de como Deus se relaciona
com as pessoas.
Mas havia um grande problema para Paulo: a distância. Provavelmente, Paulo estava na
cidade de Corinto, um porto grego, quando escreveu essa carta. Isso não era problema
para Paulo. Havia uma maneira dele se relacionar e comungar com seus irmãos, mesmo
separados pela distancia, mesmo sem conhecê-los: a oração.
Para nós, a distância nunca foi um problema. Nós que somos cristãos, nos relacionamos
uns aos outros de maneira espiritual: não há distância ou barreira que possa nos separar
uns dos outros. Orar é adentrar nessa dimensão. Posso interceder pelos irmãos que estão
do outro lado do mundo com o mesmo efeito de quando o irmão está do nosso lado e
podemos falar com ele face a face.
Estamos diante do maior desastre natural no Japão. Até agora, mais de 7.000 pessoas
mortas e mais de 10.000 desaparecidas. Nível de radiação preocupante, alerta de
contaminação. O que nós daqui do Brasil podemos fazer em favor deles:
“primeiramente” (vr. 1), orar! O que é orar se não depender da “vontade de Deus” (vr.
15)? Gostaria de que pudéssemos, agora, levantar um clamor de oração pelo Japão,
vamos orar durante 5 minutos, para que Deus tenha misericórdia e compaixão dos
japoneses.
“Porque desejo vê-los para compartilhar com vocês algum dom espiritual para
fortalecê-los, isto é, para que eu e vocês sejamos mutuamente encorajados pela fé.
Irmãos, não quero que ignorem que muitas vezes planejei visitá-los (mas até agora
tenho sido impedido), para colher algum fruto entre vocês, como também entre os
demais gentios.” (vr. 3)
Paulo não ficava apenas no âmbito da oração. Muitas pessoas que pensam que só orar
basta. Claro que orar é fundamental, mas muitas vezes podemos fazer Algo mais, além
de orar, pelos nossos irmãos. Veja o exemplo de Paulo aqui. Primeiramente, ele se
dirigiu a Deus em oração em favor dos irmãos em Roma. Mas ele não deixou de cultivar
em seu coração a vontade de ir pessoalmente e conhecê-los.
comunhão com os irmãos deve ter esses dois aspectos. Por isso, posso te dizer que não
existe vida cristã for a do âmbito de uma comunidade. Não existe vida cristã genuína
sozinho e trancafiado no quarto. Cristianismo é comunhão com Deus e comunhão com
os irmãos!
Paulo queria visitar Roma, para poder “compartilhar (…) algum dom espiritual para
fortalecê-los” (vr. 11). Esses dons espirituais que Paulo desejava compartilhar com seus
irmãos podem ser entendidos como capacitação, ou habilidade, dado pelo Espírito Santo,
para que o cristão possa servir a Deus de uma maneira melhor. São os mesmos dons que
Paulo nos fala, por exemplo, em Rm 12:6 e1Co 12.
Paulo queria fazer isso com um propósito: “espiritual para fortalecê-los, isto é, para
que eu e vocês sejamos mutuamente encorajados pela fé” (vss. 11b,12). Os dons que
Deus nos dá por meio do Espírito Santo tem essa finalidade: edificação. Mais uma vez,
Paulo está pensando em comunidade!
“Irmãos, não quero que ignorem que muitas vezes planejei visitá-los (mas até agora
tenho sido impedido), para colher algum fruto entre vocês, como também entre os
demais gentios” (vr. 13). Paul queria ver na igreja de Roma frutos do seu labor
apostólico, tanto entre os judeus convertidos, como também entre os gentios. Que fruto
era esse? Creio quer era o fruto gerado no coração das pessoas que se submetem e
vivem o Evangelho de Deus. Esse mesmo fruto tão bem explicado por Paulo em Gl
5:22,23.
Qual é o grande ensinamento de Paulo nesses três versículos? Somos convidados por
Jesus a experimentarmos os frutos de uma comunhão genuína que perpassa o âmbito
espiritual e corporal entre todos os cristãos! Mas o ponto aqui era que Paulo não queria
uma comunhão com os romanos porque era simplesmente legal. Comunhão não é só
sair para comer e assistir um filme juntos. Existe uma motivação muito mais profunda.
3. Sou devedor!
Então a pergunta deve ser “por que ter comunhão”? Paulo inverte a ordem nos
apresentando primeiro os aspectos e as implicações de uma genuína comunhão entre os
irmãos. Mas para quê tudo isso? É aqui que podemos ler o coração de Paulo. Veja
novamente o versículo 14: “Sou devedor tanto a gregos e a bárbaros, a sábios e à
ignorantes.”.
Imagine que vocês deve uma grande quantia de dinheiro a alguém. Isso não é um
problema muito grande desde que você tenha o dinheiro para pagar integralmente a
dívida. Mas a coisa começa a complicar quando você não tem o dinheiro e não teria
nunca como juntar toda essa quantia para pagar o seu credor. Imagine que você tivesse
uma dívida de R$1.374.999.99 a pagar. O que você faria?
Agora, vamos pensar com Paulo: Ele foi salvo por Jesus, sem merecimento algum. Ele
recebeu salvação e um apostolado. Foi um benefício concedido de graça por Deus. Logo,
é natural que Paulo se sentisse em dívida com Deus. Mas o interessante aqui é que ele
não diz que se sente em dívida com Deus, mas sim, com os gregos e bárbaros (ou seja,
todos aqueles que não falavam grego), sábios e ignorantes (ou seja, todos aqueles que
não conheciam a cultura helênica), ou seja, com todos os gentios!
É lógico que nunca conseguiremos pagar a dívida de amor que temos com Deus. Mas o
quanto você tem se esforçado para retribuir a Deus tudo o que Ele tem feito por você? O
quanto você tem feito para cumprir o chamado de Jesus na sua vida?
Mais uma vez: não estou falando de dívida financeira. Estou falando da dívida de amor
que temos com Deus. Quando temos essa dívida com Deus, também a temos com todas
as pessoas, por que não há vida cristã fora do âmbito de uma Comunidade. Amar a Deus
e amar o próximo… Paulo resume muito bem essa idéia em Rm 13:8: “Não fiqueis
devendo coisa alguma a ninguém, a não ser o amor de uns para com os outros; pois
quem ama o próximo tem cumprido a lei”. Com que sentimento Paulo pregava o
evangelho? Com amor! O amor torna nossa comunhão perfeita!
Somos devedores para com Deus, mas também, somos devedores uns para com os
outros. Dentro da igreja, somos devedores em edificação mutua. No mundo, somos
devedores em anunciar o Evangelho a todas as pessoas. É uma tarefa difícil pagar essa
dívida, mas só há uma maneira: pelo amor.
Conclusão:
Por causa dessa dívida, Paulo podia dizer: “Por isso, quanto a mim, estou pronto para
anunciar o Evangelho também a vocês que estão em Roma.” (vr. 15).
Quero terminar essa mensagem dizendo que eu e você somos devedores. A Deus nem
precisa falar. Mas quero enfatizar que vocês são devedores a cada pessoa que está
vivendo hoje no mundo! Você pode não ter tomado empréstimo de dinheiro… mas
sobre você está o mandamento de Jesus, de amar a todos, ao seu próximo, de maneira
semelhante ao que você ama a Deus. Baseado nesse amor, que devemos ter uma
comunhão íntima entre nós, nos edificando, mas também, não nos esquecemos que lá
fora, mais de seis bilhões de pessoas ainda esperam ouvir de você a maior e melhor
notícia: o Evangelho de Deus!