CAPÍTULO 2

Este capítulo é considerado, por sua natureza, como o ABC da profecia. São as linhas gerais das
profecias em relação à humanidade. É conhecido também como o capítulo do sonho escapado da mente
do rei Nabucodonosor. Este capítulo é riquíssimo sob todos os aspectos, especialmente quanto aos
ensinos para as nossas vidas.

Tudo começou com um sonho que o rei teve, no segundo ano do seu reinado, mas que esqueceu.
Ao acordar se sentia perturbado e sem sono, pois sabia que o sonho não era um sonho comum. Então ele
mandou que viessem à sua presença os magos, os astrólogos, os encantadores, e os caldeus, para que
declarassem qual tinha sido o sonho e sua interpretação. Era natural um rei ter sonhos, mas esquecê-los e
pedir que alguém os declarasse era algo impossível.

Existem sonhos que são frutos dos pensamentos e preocupações do dia a dia, e sonhos que são
dados pelo Senhor através do dom de ciências. Isto quer dizer que nem todos os sonhos são do Senhor.
Às vezes a pessoa vai dormir com o estômago cheio, tem um pesadelo e depois o entrega para ser
discernido. Mas há sonhos que são revelações do Senhor, como por exemplo, os sonhos dados a José
sobre Maria. Sobre o perigo que Jesus corria por causa de Herodes e também o sonho que teve avisando
que podia voltar do Egito, pois Herodes havia morrido. Naquele tempo não havia rádio nem jornal, para se
conferir os fatos, mas José obedeceu, pois entendeu que era o Senhor quem lhe falava. O profeta Joel
disse que nos últimos dias Deus falaria por sonhos.

Nabucodonosor ficou perturbado pois entendeu que aquele sonho não era um sonho qualquer. Ele
havia conquistado todo o mundo civilizado da época e alguns focos de rebelião contra o seu governo
estavam acontecendo em várias partes. O rei estava preocupado e pensou que o sonho tinha alguma
ligação com esses problemas. A história diz que numa região chamada Asquelon estava havendo uma
revolta por causa dos altos impostos cobrados pelo rei, os quais iam para o seu tesouro, e ele teve que
resolver a situação com muita violência, usando máquinas de guerra pesadas para aquela época.

O sonho na verdade era importante por que era do Senhor. Nabucodonosor era um conquistador
e um líder importante, mas ele estava se superestimando, estava dando a si e às suas conquistas um
valor acima do merecido, e por isso o Senhor queria lhe dar uma lição e mostrar que as coisas não são
assim, pois as coisas do homem são efêmeras e passageiras.

Havia no oriente naquela época a crença de que um sonho esquecido significava um mau
presságio para a pessoa, e o rei se preocupou mais ainda, e mandou chamar os magos, astrólogos e
encantadores da sua corte, os quais eram pagos para prestar este “serviço” ao rei, e ordenou que
contassem o sonho e qual era a sua interpretação. Ninguém havia pedido coisa semelhante antes, e os
magos se viram numa difícil situação. Então eles declararam que não podiam atender ao pedido do rei,
pois somente os “deuses” tinham aquela informação. Então o rei muito se enfureceu e ordenou que
fossem mortos todos os magos, astrólogos, encantadores e sábios de Babilônia. E saiu o decreto para ser
cumprido e Arioque, capitão da guarda do rei, procurou a Daniel e seus companheiros para que fossem
mortos, já que o rei tinha o poder de vida e de morte sobre seus súditos, dentro e fora do país. Daniel e os
três jovens judeus estavam sentenciados porque eram sábios em Babilônia, apesar de não terem nada a
ver com a questão e não comungarem com o tipo de prática daqueles homens. Por isso Daniel não
aceitou e não se acomodou com a situação, pois tinham muitas coisas ao seu favor, e não podiam morrer
juntamente com aquela gente que não sabia nada das coisas espirituais. Eles então, tranquilamente, após
tomarem conhecimento do que estava acontecendo, pediram a Arioque que solicitasse um tempo ao rei
para que dessem a resposta. Foram então para casa e clamaram ao Senhor que tivesse misericórdia
de suas vidas, e que revelasse o que pedia o rei Nabucodonosor, para que não fossem mortos.
Então foi revelado o segredo a Daniel numa visão de noite. O servo do Senhor não precisa se apavorar
diante das dificuldades desta vida, pois Ele nunca abandona aqueles que nele confiam. Daniel era um
servo que orava ao Senhor três vezes por dia, com a janela do seu quarto voltada para Jerusalém.
Naquela noite Daniel e seus amigos oraram ao Senhor e foram dormir sossegados, tanto dormiram que o
Senhor deu um sonho a Daniel revelando tudo que o rei queria saber. Pela manhã Daniel não saiu
correndo para contar ao rei o seu segredo, como quem busca sua própria glória e honra, mas orou e
glorificou ao Senhor pela sua graça e misericórdia, e sua oração revela o conteúdo do sonho, pois ele viu
que o tempo passaria e com ele o reinado de Nabucodonosor e de outros reis. Também não tratou de
conferir com o rei se era aquele sonho mesmo que ele tivera, mas creu e glorificou ao Senhor.

O Senhor quer dar ao seu povo revelações profundas hoje em dia também, nós precisamos é nos
aperfeiçoar espiritualmente, buscar mais comunhão para que o Espírito Santo opere nas nossas vidas. O
problema de hoje é que nós ainda temos compromissos com o mundo, com iguarias, algumas delas finas
e outras que não valem a pena nem citar. Há moças que estão sendo iludidas pela aparência de rapazes
que não estão nos planos do Senhor, e até já se constituíram ídolos nos seus corações. Outros não estão
dispostos a obedecer, e às vezes consultam uma viagem com a passagem na mão e as malas prontas, só
para desencargo de consciência. E não é isso que o Senhor quer, Ele quer um povo na sua dependência,
para que possa revelar o seu propósito. No dia em que nós nos colocarmos assim diante do Senhor, vai
ser uma coisa espantosa. Deus já tem feito muito, imagine como não será quando Ele puder usar toda a
igreja.

Quando Daniel chamou a Arioque e disse que já tinha a resposta, o capitão correu e falou ao rei:
“eu” achei um dentre os cativos de Judá que dirá ao rei o sonho e sua interpretação. Ele requereu para si
todo o mérito e honra daquela questão, como todos costumam fazer, tirando vantagens para si mesmo.
Daniel, no entanto, se apresentou com toda humildade, dizendo que na verdade era incapaz de atender ao
rei, mas que havia um Deus nos céus que revela o oculto e o escondido do coração do homem, e que Ele
foi quem revelou o segredo do rei. Então Daniel passou a falar do sonho e de sua interpretação, na
presença do rei e de todos os que se encontravam na sua sala real.

O sonho se referia a uma estátua de aspecto terrível, formada de diversos tipos de materiais, que
representavam os impérios que se levantariam ao longo da história da humanidade:
 A cabeça da estátua era de ouro e representava o Império Babilônico.
 O peito e os braços de prata era o Império Medo-Persa.
 Os quadris e coxas de cobre representavam o Império Grego.
 As pernas de ferro apontavam para o Império Romano.
 Os pés eram de uma mistura de ferro e barro e representavam os reinos do fim dos
tempos.
 Era vista por Daniel uma pedra que sem auxílio de mãos foi cortada e lançada nos pés da
estátua, fazendo-a ruir totalmente e transformando-a em pó que foi levado pelo vento.
Aquela pedra depois se transformou num grande monte e num grande reino que não
passará a outro povo.

Daniel deu a interpretação, mostrando o significado de tudo e tecendo alguns comentários sobre
cada reino. Ao se referir ao último reino, formado pela mistura de ferro e barro, Daniel disse coisas que
nos interessam muito, pois se relacionam com o tempo no qual vivemos hoje. Ele disse que aquela mistura
se referia a reinos divididos, mas que tinham a firmeza do ferro. Essencialmente era ferro, mas a mistura
com o barro desnaturava aquela firmeza, deixando a liga quebradiça. É a situação dos governos do
mundo de hoje, os quais não se unem firmemente. Um país faz um acordo com outro hoje, e amanhã
estão em guerra. As nações procuram atar relações diplomáticas entre si, mas sempre espionando umas
às outras temendo por sua segurança. Daniel se referiu a um tipo de mistura através de semente humana,
e isso no original significa uma mistura mediante casamento. Literalmente isso se refere à proibição dada
pelo Senhor a todo tipo de mistura, coisa que é abominável e que está mencionado em Lev 19:19. Nós
não devemos nos preocupar se alguém nos chama de sectaristas, pois nossa preocupação é não permitir
que as coisas do Senhor se diluam e se misturem, perdendo o sabor. A mistura a que Daniel se referiu,
representa algo que não agrada ao Senhor. Coisas como o ajuntamento de raças, um aglomerado de
pessoas e ideologias que não se combinam e que por isso não podem agradar ao Senhor. A mistura de
homens é sempre heterogênea, alguma coisa que não dá liga. A união existente na Obra deve-se ao
Espírito Santo que está no nosso meio, caso contrário cada um seguia numa direção. É assim que está
acontecendo na tradição, com aqueles que perderam a benção do Espírito.
A frase Nos dias destes reis, proferida por Daniel no momento em que começou a falar sobre a
pedra que foi lançada nos pés da estátua, parece fazer referência às extremidades dos pés como sendo
estes reis. Isto não é revelação. Daniel não afirma isto, mas pode vir a ser. Alguns comentaristas dizem
que se trata da Comunidade Econômica Européia (CEE), com os países que a compõem. Só que hoje
estes países são doze e não dez. Por isso nada pode ser dito como sendo concreto.
A verdade que foi revelada é que os Impérios se levantariam com seus líderes, como
Nabucodonosor em Babilônia. Ciro, Dario, Xerxes e Artaxerxes no Império Medo-Persa. Alexandre Magno,
que conquistou todo o mundo antigo em apenas onze anos, e entrou em depressão por não ter mais o que
conquistar, morrendo com 33 anos de idade, vítima da bebida, o qual foi o principal elemento do Império
Grego. O Império de ferro, o Romano, foi terrivelmente duro e violento com os Césares que cometeram as
maiores atrocidades nos seus reinos. Todos eles passaram, como Daniel viu, de modo que hoje nos
encontramos nos pés de ferro e barro. Vivemos em tempos de muita insegurança, de modo que até o
homem que se diz líder de boa parte da cristandade, tem que andar dentro de uma redoma de vidro à
prova de balas. As coisas neste nosso tempo têm acontecido com muita rapidez, e os fatos mudam de
uma hora para outra. Caiu o muro de Berlim, o Comunismo visível como era acabou (embora a ideologia
permaneça), a Europa e outros países se unem em blocos únicos, Israel faz acordos de paz com seus
inimigos árabes. O Vaticano reconheceu o Estado de Israel, e pelo que se vê não falta mais nada
acontecer. Tudo está caminhando para o golpe que vai ser dado no final no povo de Israel, na Grande
Tribulação. A igreja fiel não vai ver estas coisas, pois será arrebatada antes, mas quem ficar vai ver tudo
isso. As duas testemunhas profetizarão e os judeus se converterão em massa, crendo no Senhor Jesus a
quem crucificaram. Tudo isso acontecerá com grandes lutas e sofrimentos nunca vividos antes pelo povo
de Israel. Mas num momento determinado por Deus, a Pedra rolará e destruirá todos os reinos humanos,
esmiuçando-os e fazendo-os desaparecer completamente. Esta Pedra é Jesus que virá para estabelecer o
seu Reino Milenar e Eterno, o qual não passará a outro povo e encherá toda a terra. Aleluia!

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Daniel 2