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Ano VI - No 29

10 de maio de 2005

Editorial
COMBATENTES ANFÍBIOS! a participação brasileira na MINUSTAH e nos mostra um laser tático
O Comando-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais de alta energia. Além desses, publica-se, também, um novo artigo sobre
apresenta a 29ª edição de seu periódico Âncoras e condicionamento físico, desta vez como preparar-se para correr cinco
Fuzis e ressalta a importância de sua ampla quilômetros.
veiculação em todos os círculos hierárquicos das A coluna “Palavras do Comandante-Geral” esclarece assuntos
OM de Fuzileiros Navais. Este instrumento de di- abordados em uma palestra proferida no CIASC e anuncia a criação do
vulgação de conhecimentos, além de conter uma va- Curso Especial de Logística para Oficiais. A coluna Atlântico Sul traz
riada gama de informações de interesse de todo o pro- um artigo sobre a importância de nossa “Amazônia Azul”. A Guerra de
fissional da Guerra Anfíbia, serve, também, para estimular o estudo de Manobra é comparada com a Guerra de Atrito.
temas de interesse e fomentar o treinamento de habilidades táticas e a As colaborações poderão ser enviadas até o dia 05JUN2005,
prática de processos decisórios sumários. da seguinte forma: respondendo às situações descritas na coluna DE-
Nesta edição abordaremos os seguintes temas: as peculiarida- CIDA; remetendo sua interpretação sobre o tema sugerido na coluna
des do ataque nas operações ribeirinhas no ambiente amazônico, o PENSE; ou enviando pequenos artigos sobre temas técnicos ou táticos
caçador como multiplicador do poder de combate, os carros anfíbios do que sejam de interesse do combatente anfíbio. Envie sua contribuição
passado, o intercâmbio realizado por oficial do CFN com o USMC, diretamente ao Departamento de Pesquisa e Doutrina do Comando-
como perpetuar experiências vividas e ensinamentos colhidos, o Cor- Geral pelo MBMail (33@comcfn), Lotus Notes (cgcfn-33/comcfn/
po de Fuzileiros Navais da China, o nosso CFN há cinqüenta anos mar), internet (vsguilherme@cgcfn.mar.mil.br) ou pelo Serviço Postal
atrás, o Centro de Jogos Didáticos do CIASC, o que é JOINT VISION, da Marinha. ADSUMUS!

Palavras do Comandante-Geral
Lendo esta edição de Âncoras e Fuzis, vi com muita emoção rar a carreira do MU com as demais. No entanto, os interstícios praticados,
a grande participação de Aspirantes da Escola Naval, Oficiais atualmente, são menores que os planejados, o que confere ao Quadro uma
ainda modernos e Superiores escrevendo sobre temas profis- maior fluidez.
sionais. A eles os meus cumprimentos e agradecimentos pela 2. Possibilidade de Terceiros-Sargentos fazerem prova para Oficiais
contribuição para a formação da cultura profissional do Com- Auxiliares do CFN
batente Anfíbio. O PCPM, aprovado pela Port.MM nº 0581, de 20NOV1992, previa a
possibilidade do 3ºSG candidatar-se ao concurso para o QOAM, desde que
CARREIRA DE PRAÇAS DO CFN possuísse, no mínimo, três anos na graduação, exceto para os 3ºSG-FN-
Em palestra proferida por mim à tripulação do CIASC, em 19ABR2005, MU que deveriam possuir, no mínimo, cinco anos.
que abordou o tema CARREIRA DE PRAÇAS DO CFN E O MATERI- Em 1997, com a aprovação do novo PCPM, já dividido em capítulos,
AL EMPREGADO PELO GptOpFuzNav HAITI, pude notar com satis- o Art. 2.3 do referido documento alterou os requisitos para o acesso à
fação, durante a fase dos debates, o interesse demonstrado pelo assunto. graduação superior, estabelecendo o interstício de um ano para as promo-
Algumas respostas demandaram pesquisa ou mesmo dados naquele ções de 3ºSG para 2ºSG e a conseqüente alteração na condição de candidatos
momento indisponíveis. Ficou acertado, então, que eu as responderia ao QOAM.
nesta seção das palavras do ComGer. Aqui seguem, portanto, as res- Como atualmente o interstício de planejamento para o 3º SG (exceto
postas devidas: MU) é de seis anos, será estudada, no âmbito do Comando-Geral, a
1. Processo de promoção na especialidade MU possibilidade do 3º SG ser autorizado a fazer a prova para o QOAM.
O militar da especialidade MU ingressa na MB já na graduação de 3º 3. Antiguidade
Sargento. O tempo não passado como SD-FN e CB-FN deve ser compen- No ano de 2001, foi publicado o Decreto Nº 4034/2001, RPPM, que
sado nas demais graduações. Isto é necessário para que se possa estabelecer estabelece um critério único de antiguidade, tomando como referência a
um fluxo de carreira com perfil adequado às necessidades da Marinha. colocação obtida no curso de formação. Isto foi feito para adequar a legisla-
Embora óbvio, é bom relembrar que o MU cumpre seus trinta anos de ção ao que já estava registrado no Estatuto dos Militares.
serviço em apenas quatro graduações (3ºSG, 2ºSG, 1ºSG e SO), o que faz Em conseqüência, foi publicada a 5ª revisão do PCPM, adequando seu
com que permaneça um tempo maior, se comparado com as demais especi- conteúdo à nova Lei.
alidades, em cada uma delas. Portanto, a partir de novembro de 2001, a antiguidade na MB é
O fluxo de carreira é planejado considerando-se interstícios de planeja- estabelecida pela classificação no curso de formação e não pode mais ser
mento de sete anos na graduação de 3º SG, sete anos na de 2ºSG, treze na de alterada ao longo da carreira. Isto é o que prevê a Lei.
1ºSG, atingindo a graduação de SO ainda em condições de exercer funções
por, pelo menos, mais três anos. CURSO ESPECIAL DE LOGÍSTICA PARA OFICIAIS
O processo de promoção para o QA-MU vem seguindo normalmente, Foi criado em 29MAR2004, pelo Comandante-Geral do CFN, o Cur-
conforme estabelecido no Fluxo de Carreira. O interstício previsto no Plano so Especial de Logística para Oficiais (C-ESP-LOG-OF). O curso tem
Corrente para o ano de 2005 para promoção à graduação superior prevê: como objetivo preparar os Oficiais do CFN para o desempenho de funções
a) seis anos e seis meses como 3ºSG para graduação a 2ºSG; e administrativas e/ou operativas, relacionadas à logística e ao apoio de servi-
b) cinco anos como 2ºSG para a promoção à graduação de 1ºSG.. ços ao combate. Será conduzido no Centro de Instrução Almirante Sylvio de
Cabe ressaltar que, para o acesso à graduação superior, além dos Camargo (CIASC), com o apoio do Comando do Material de Fuzileiros
interstícios previstos, é necessária a existência de vagas, bem como o cum- Navais (CMatFN), do Centro de Reparos e Suprimentos Especiais do
primento dos requisitos de carreira previstos no PCPM. CFN (CRepSupEspCFN) e, em particular, do Batalhão Logístico de Fuzi-
No caso específico dos 2º SG-MU, o Plano Corrente de Praças-2005 leiros Navais. O curso terá a duração de dez semanas e possui como requi-
prevê, como já descrito no item b, cinco anos, portanto dois anos a menos sito para matrícula ser Oficial do CFN, preferencialmente, no posto igual ou
que o previsto no PCPM (planejamento). Em resumo, não se pode compa- superior a Primeiro-Tenente.
1-
Atlântico Sul
Esta coluna traz um interessante artigo extraído da Internet, cujo autor é um analista geopolítico
português. A importância estratégica do Atlântico Sul está claramente demonstrada na análise comparativa
com outras regiões do planeta realizada pelo autor. Em que pese a desatualização dos números expostos, é
possível ter uma idéia do que significa para o Brasil exercer o controle efetivo da nossa “Amazônia Azul”.

A CORRIDA AO OURO NEGRO DO ATLÂNTICO SUL


O Atlântico Sul é hoje o principal espaço marítimo aberto que tina (a Petrobrás adquiriu 58,6% da
está emergindo no campo do petróleo, com facilidade logística e de Perez Companc, o segundo grupo pe-
resposta rápida para as potências ocidentais do Norte. Está assumindo trolífero argentino depois da Repsol
uma importância estratégica como plataforma offshore com significado YPF na mão dos espanhóis) e ao
mundial e como “corredor” de fornecimento alternativo. offshore de Cabinda e Angola.
Basta pensar no agravamento da situação no Mediterrâneo, no Angola, apesar de estar num
Golfo Pérsico ou no estreito de Bósforo, e numa eventual perda total de terceiro anel de produtores, poderá
controlo da situação no Mar das Caraíbas (turbulência na Venezuela, o aproximar-se, este ano, do patamar
segundo maior produtor latino-americano depois do México, e na Co- do milhão de barris diários (746 mil
lômbia), para se perceber como o Atlântico Sul pode ser uma verdadeira em 2001 e 930 mil estimados para
válvula de segurança. 2002).
A batalha pelo controle político, incluindo militar, e econômico Apesar de serem discutíveis
deste vasto espaço marítimo vai, por isso, intensificar-se nos próximos as avaliações do pico de produção do
anos. petróleo feitas pelos geólogos, há con-
Súbito interesse - Apesar do Golfo Pérsico - com 25% da senso na afirmação de que países
produção mundial de petróleo e 64% das reservas provadas do ouro como o Brasil, Nigéria, Angola e
negro do Planeta - e da Rússia e do Mar Cáspio - que detêm treze por Congo (Brazzaville) têm ainda uma
cento da produção mundial - estarem hoje sob os holofotes da mídia, o janela de oportunidade nesta década
espaço do Atlântico Sul subitamente agitou-se. Estamos assistindo a para aumentar as suas produções di-
uma “corrida” pelo controle geoeconômico do ouro negro desta região, árias. Acresce que o Chade, sem pro-
que abrange nomeadamente os offshores africanos do Golfo da Guiné e dução petrolífera, poderá atingir os
da África subtropical e latino-americanos do Mercosul. 225 mil barris diários, depois de con-
O Atlântico Sul já “vale” em termos de produção petrolífera cluído o projecto de oleoduto entre a
mais do que o Mar do Norte europeu. O espaço dos países africanos e Bacia do Doba e os Camarões.
latino-americanos do Atlântico Sul produz cerca de 8,5% do petróleo Há, no entanto, muitas ares-
mundial, com destaque para a Nigéria e o Brasil, tendo ultrapassado o tas por limar. O espaço do Atlântico
peso conjunto da Noruega e do Reino Unido. Sul não é um paraíso isento de pro-
Esta posição do Atlântico Sul poderá reforçar-se ainda mais blemas bicudos. A Nigéria ainda não
com uma acentuação da exploração do offshore em águas profundas e saiu da OPEP - como o fez o seu vizi-
ultraprofundas. Os próximos anos irão assistir a uma verdadeira “caça” nho Gabão em 1995 - e tem problemas de segurança interna complexos,
ao licenciamento de novos blocos de exploração particularmente no que colocam regularmente em cheque o normal funcionamento do com-
Golfo da Guiné por parte das multinacionais do sector. plexo petrolífero. E o Golfo da Guiné espera, ainda, poder colocar uma
Prevendo-se um aumento do consumo petrolífero mundial na pedra sobre as disputas de definição das fronteiras marítimas que cor-
ordem de 1,2 milhões de barris diários adicionais, os analistas antevêem tam diversas áreas do offshore petrolífero entre os vários países costei-
a “corrida” dos principais importadores - Estados Unidos, à cabeça, ros. Espera-se que a Comissão do Golfo da Guiné, criada em 1999,
Japão, China, Europa e Brasil - a todas as regiões do mundo em que seja consiga traçar um novo mapa transfronteiriço marítimo consensual até
possível fugir à estratégia do cartel da OPEP. final do ano.
A Nigéria e o Brasil não estão no “primeiro anel” dos 10 maio- Alguns enclaves como Cabinda - 2/3 da produção petrolífera
res produtores mundiais, mas sim no escalão seguinte, entre os 2,5 de Angola - ou Bioko (pertencente à Guiné Equatorial) ou a Península
milhões e os 1,5 milhões de barris diários de petróleo. No entanto, a de Bakassi (entre a Nigéria e os Camarões) assumem uma importância
Nigéria é o sétimo exportador mundial e está entre os quinze países com estratégica neste novo contexto geoeconômico.
maiores reservas provadas. E o Brasil, apesar de ser um importador Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, as ilhas da Guiné Equatorial,
líquido de petróleo, é visto cada vez mais como um dos atores centrais as ilhas brasileiras e as muitas ilhas sob administração inglesa retomam
no Atlântico Sul. um papel geoestratégico renovado, que não tinham tão claramente no
O Brasil tem vindo a ampliar a sua plataforma offshore - parti- tempo da Guerra Fria ou mesmo na primeira década depois da queda do
cularmente ao largo de Campos e Santos, a Norte e Sul do Rio de Janeiro Muro de Berlim.
- e a “internacionalizar” a sua estratégia petrolífera em direção à Argen- Jorge Nascimento Rodrigues, Novembro 2002

Publica-se abaixo a atual classificação do prêmio “Âncoras e Fuzis” nas categorias individual e por OM.
Prêmio Âncoras e Fuzis Relembra-se que esta é a primeira apuração referente ao ano de 2005.
INDIVIDUAL OM
1º - CF(FN) Cupello (ComOpNav) ..................... 06 PONTOS 1º - EN. ......................................................... 305 PONTOS
2º - CC(FN) Chaib (CGCFN) ............................. 06 PONTOS 2º - 2oBtlInfFuzNav ........................................ 191PONTOS
3º - CT(FN) Cunha Barbosa (BtlArtFuzNav) ...... 06 PONTOS 3º - BtlArtFuzNav ............................................ 24 PONTOS
4º - Asp FN 3059 Eduardo Rodrigues (EN) ...... 06 PONTOS 4º - BtlOpRib .................................................. 16 PONTOS
5º - Asp FN 3059 Sanctos (EN) ......................... 06 PONTOS 5º - CIASC ...................................................... 12 PONTOS

-2
Corpo de Fuzileiros Navais da China
O Corpo de Fuzileiros Navais da China é uma força de assal- pas levemente equipadas, uma infantaria altamente móvel apoiada
to anfíbio subordinada à Marinha. Está organizado em duas brigadas por engenharia, metralhadoras pesadas e artilharia. Porém, no final da
com seis mil homens cada uma que fazem parte da Esquadra do Mar década, como o centro da estratégia militar da China redirecionou-se
do Sul. A força inclui infantaria, artilharia, blindados, engenharia, para uma possível confrontação com Taiwan, o Corpo de Fuzilei-
comunicações, defesa química, meios anticarro e tropas de ros Navais começou a receber equipamento mais pesado,
reconhecimento. Possui dupla subordinação: como carros de combate leves, veículos blindados e ar-
operacionalmente ao Comandante da Esquadra do tilharia autopropulsada para poder realizar incursões
Mar do Sul e é, administrativamente, responsável anfíbias ou estabelecer cabeças-de-praias em lito-
perante ao seu Comandante-Geral, que fica no Quar- rais fortemente defendidos.
tel-General em Beijing, pelo adestramento, mate- Cada Brigada de Fuzileiros Navais é co-
rial, planejamento, pessoal e serviço de polícia. mandada por um Capitão-de-Mar-e-Guerra, que
Por ser uma das unidades chinesas de reação rápi- é assessorado por um representante político do
da, pode vir a ser empregado diretamente subordi- governo, seus comandantes subordinados e um
nado ao Estado-Maior de Defesa do governo chi- Chefe do Estado-Maior. A organização do Coman-
nês em situação de crise. do da Brigada está composta de quatro departa-
mentos: comando, político, logístico e material. Da
BREVE HISTÓRICO mesma forma que as Brigadas do Exército, as Brigadas
Para tentar recuperar as ilhas ocupadas pelas forças de Fuzileiros Navais também possuem comandos interme-
de Kuomintang (Nacionalistas), a Marinha do governo da Repú- diários entre o nível Brigada e o nível Batalhão, chamados de
blica Popular da China constituiu o primeiro Corpo de Fuzileiros Regimentos, algo parecido
Navais em 1953, formado inicialmente por um regimento e dois bata- com a nossa Tropa de De-
lhões de infantaria transferidos do Exército. O regimento foi combi- sembarque. Cada Brigada de
nado depois com veículos anfíbios da Marinha e um Regimento de Fuzileiros Navais tem um
Infantaria de Marinha para formar a Divisão de Fuzileiros Navais. Ao efetivo entre 6.000 a 7.000
final de Guerra de Coréia, o Corpo de Fuzileiros Navais possuía oito militares aproximadamente.
divisões com 110.000 militares. Porém, o Corpo de Fuzileiros Na- Uma Brigada de Fu-
vais foi desativado em 1957, devido ao cancelamento do plano para zileiros Navais típica inclui:
recuperar a Ilha de Taiwan. um regimento de blindados
Nos anos (consistindo em dois Bata-
setenta, o Mar do lhões de Carros de Combate
Sul da China tor- Anfíbios (Tipo 63A) e três Batalhões de Infantaria Mecanizados),
nou-se uma nova um Batalhão de Infantaria de Fuzileiros Navais (aproximadamente
área de tensão, 750 militares), Um Batalhão de Operações Especiais, um Batalhão de
onde começaram Mísseis (HJ-73/HJ-8 ATGM e HN-5 antiaéreo), um Batalhão de
a surgir disputas Engenharia e de Defesa Química e um Batalhão de Comunicações e
internacionais Guerra Eletrônica.
pelos direitos de O Comando da Brigada também tem alguns unidades orgâni-
soberania sobre cas diretamente subordinadas incluindo uma Companhia de Reco-
as ilhas de Paracel nhecimento Anfíbio (frogman), uma Companhia de Guarda e uma
e Spratly, situa- Companhia de Transporte Motorizado. Os Fuzileiros Navais tam-
das nessa região. bém podem ser apoiados
Após o conflito por helicópteros da For-
entre as Marinhas da China e do Vietnã do Sul em 1974, os governantes ça Aeronaval para trans-
chineses decidiram restabelecer o Corpo de Fuzileiros Navais em porte de pessoal e mate-
1979, para proteger os interesses territoriais da China na região. Em rial.
1980, a Primeira Brigada de Fuzileiros Navais foi criada, estabelecen-
do-se na Ilha de Hainan, ficando subordinada a Esquadra do Mar do ADESTRAMENTO
Sul. Ao mesmo tempo, destacamentos de Fuzileiros Navais guarne- Ao contrário o
ceram permanentemente as Ilhas de Woody (chamada de Yongxing em Corpo de Fuzileiros Na-
chinês), Paracel (chamada de Xisha em chinês) e alguns recifes na Ilha vais Norte-Americano, o
de Spratly (chamada de Nansha). Corpo de Fuzileiros Na-
A partir dos anos noventa, em virtude da crescente tensão vais da China não possui sua aviação própria e conta com o apoio da
entre a China Continental e Taiwan, o Corpo de Fuzileiros Navais foi Força Aérea e da For-
novamente ampliado. A Primeira Brigada de Fuzileiros Navais teve ça Aeronaval para
sua capacidade aumentada e criou-se a Segunda Brigada de Fuzileiros apoio aéreo aproxima-
Navais(164ª Brigada), que, em 2001, se estabeleceu em Zhanjiang. do e lançamento de
Os elementos blindados dos Fuzileiros Navais também sofreram mo- paraquedistas. O Ba-
dificações e foram acrescidos mais veículos anfíbios e carros de com- talhão de Operações
bate, para aumentar a capacidade de desembarque em uma costa for- Especiais do Corpo
temente defendida. de Fuzileiros Navais
é comparável ao U.S.
ORGANIZAÇÃO PARA O COMBATE Navy SEAL, em ter-
Antes da metade da década de noventa, o Corpo de Fuzileiros mos de táticas e dou-
Navais via o Mar do Sul da China como imediato e principal teatro. A trinas. Seus compo-
estrutura de sua organização e a sua dotação de material estavam nentes recebem treinamento rígido em operações especiais, artes mar-
principalmente concentradas para o cenário insular, que requeria tro- ciais, sobrevivência, paraquedismo e operações aeromóveis.
3-
A Participação Brasileira na Missão das Nações Unidas para
Estabilização do Haiti (MINUSTAH - Primeiro Contingente)
CMG (FN) Marco Antonio Nepomuceno da Costa
Comandante da Tropa de Desembarque

A MINUSTAH decorre da Resolução n0 1542/2004 do Conse-


lho de Segurança da ONU e tem a finalidade de proporcionar um ambi-
ente seguro e estável ao Haiti, com o respeito aos direitos humanos, e
propiciar condições para o desenvolvimento do processo político que
leve o país a eleger seus governantes democraticamente. A estrutura
segue os padrões comuns de outras missões de paz, respeitando-se
naturalmente as peculiaridades da situação e as características do Haiti.
Na figura abaixo podemos identificar os setores e suas atividades:

6700 militares dos paí-


ses participantes da
missão, dos quais 1200
são brasileiros (maior
contingente da missão)
que compõem a Briga-
da Brasileira de Paz, de-
nominada Brigada Haiti. A Brigada (Bda) é constituída por militares
das três Forças, sendo 246 da Marinha, guarnecendo postos no Esta-
do-Maior daquela Grande Unidade (onze) e integrando o Grupamento
Operativo de Fuzileiros Navais – Haiti (GptOpFuzNav-Haiti). A or-
ganização do GptOpFuzNav-Haiti é a doutrinária, com os componen-
tes básicos: Comando, Combate Terrestre e Apoio de Serviços ao Com-
A maior autoridade da ONU no Haiti é o Embaixador Juan bate.
Gabriel Valdes, chileno, Representante do Secretário Geral (SRSG). A tropa brasileira foi a primeira a chegar ao Haiti. Em
Na assessoria do SRSG, trabalham os setores de Assuntos Políticos 28MAI2004, o Destacamento Precursor deixou o país em aviões da
(coordenação e articulação política da missão), Informações e Comuni- FAB e a bordo da Força Naval. No dia 29MAI2004, já em solo haitiano,
cações (relacionamento com a mídia e com o público em geral) e Assun- os primeiros 42 soldados brasileiros iniciaram a substituição da Força
tos Legais (assessoria jurídica). Subordinados ao SRSG, estão os três Multinacional Interina (MIF). No dia 20JUN2004, transcorreu a trans-
pilares que dão vida a MINUSTAH e a fazem funcionar. São chefiados ferência de responsabilidade, passando a Bda Haiti a patrulhar a capital
pelos três principais executivos da missão. (Porto Príncipe) e as cidades do interior, quando necessário.
O primeiro deles é o comandante do braço militar (Force Ao GptOpFuzNav-Haiti coube o patrulhamento da área do
Commander), o General-de-Divisão Augusto Heleno Ribeiro Pereira, aeroporto da capital e o bairro de Citè Soleil, bairro extremamente
brasileiro, ao qual estão subordinados todos os contingentes militares à pobre com uma população calculada em 600.000 pessoas. Entre
disposição da ONU no Haiti, comentaremos com mais detalhes adiante. 29MAI2004 e 15DEZ2004, período referente ao primeiro contingen-
Segue-se o braço administrativo (PDSRSG) que dá o suporte te, os Fuzileiros Navais executaram as seguintes ações: Patrulhas –
financeiro, executa a política de direitos humanos e cuida da vertente 896, Estabelecimento de PSE – 87, Comboios de Ajuda Humanitária –
policial. Este setor tem importância capital, visto que gere os recursos cinco, Operações de Ajuda Humanitária – cinco, Reconhecimentos de
financeiros de todos os demais setores. É chefiado pelo Sr. Hocini Localidades – cinco, Resgate de Pessoal – três, Segurança de Instala-
Medili, da Argélia, tendo como subordinados: Assuntos Civis - coor- ções – doze e Segurança de Autoridades e Delegações – quatorze (inclu-
dena os projetos de desenvolvimento; CIVPOL – Comandante da Po- ídos a segurança do Presidente Lula e da Seleção Brasileira).
lícia Civil Internacional no Haiti; Segurança - responsável pela seguran- As viaturas rodaram mais de 90.000 Km, com uma taxa de
ça das instalações e do pessoal da MINUSTAH; Direitos Humanos - disponibilidade média mensal de 98%. As equipes de manutenção,
acompanha e assessora o governo do Haiti no que concerne a direitos além da obtenção da taxa acima, ainda efetuaram 264 reparos em viatu-
humanos; Gender – responsável por assegurar oportunidades iguais ras de outras unidades da Bda Haiti e nas de outros contingentes. As
para homens e mulheres e para as diferentes raças; Infância – responsá- Equipes Médicas Nível 1, pertencentes ao GptOpFuzNav-Haiti, aten-
vel pela defesa dos direitos da infância; Administração – comanda toda deram 1242 pacientes, entre militares, brasileiros e estrangeiros, e ain-
a parte administrativa e financeira da missão; HIV/AIDS –assessora as da civis de diversas nacionalidades. Neste período, foi estabelecida,
ações de prevenção do HIV/AIDS; e Assistência Eleitoral – coordena a numa área de 50.000 m2 no terreno do Aeroporto Internacional Toussaint
assistência eleitoral, junto ao Conselho Eleitoral Provisório do Haiti e Loverture, a Base de Fuzileiros Navais no Haiti Acadêmica Raquel de
à OEA. Queiroz. Estruturada nos moldes das nossas unidades, cercada e ilumi-
O último pilar a ser conhecido é o que atua nas ações da ajuda nada (cinco geradores), a base engloba dois galpões e uma construção
humanitária e no desarmamento (DSRSG). Chefiado pelo Sr. Adama menor complementados por 28 contêineres, que passaram a abrigar
Guindo Mali, tem sob sua subordinação o setor de ASSUNTOS HU- camarotes, alojamentos, refeitórios, escritórios, paióis, centro de co-
MANITÁRIOS & REFUGIADOS e o DDR – responsável pelo de- municações, COC, sala de musculação, o Cine BON BAGAY (bom
senvolvimento do programa de desarmamento, desmobilização e rapaz, no idioma local), salão de recreio, quadras de futebol e vôlei,
reinserção. cantina, instalações de manutenção, instalações de saúde e um pátio de
Como se pode notar, a participação brasileira no comando da cerimônias e formaturas, proporcionando condições de conforto ade-
missão no Haiti refere-se à vertente militar. Nas demais áreas encontra- quadas e funcionalidade.
mos diversos brasileiros trabalhando em funções variadas, particular- Além das atividades acima, foi estabelecida uma ligação res-
mente diplomatas, policiais e até integrantes da ONG “VIVA RIO”, peitosa e fraterna com a população haitiana, que somada ao sucesso
que prestam assessoramento ao DDR nas questões de desarmamento. nas ações empreendidas, contribuem para valorizar a participação bra-
Voltando ao componente militar, está previsto um total de sileira nesta missão de paz.

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Intercâmbio com o USMC
No período de dezesseis a 26MAR2005, foi realizado um
adestramento da 13ª MEU (“Marine Expeditionary Unit”), nas
cidades de San Diego e Victorville, no Estado da Califórnia, nos
Estados Unidos da América. O adestramento fez parte do pro-
grama de intercâmbios com outras marinhas em 2005, contando
com a presença do CC (FN) Carlos Jorge de Andrade Chaib, do
CPesFN.
Na cidade de San Diego, a programação consistiu em
uma apresentação inicial do processo de planejamento rápido
utilizado pelas MEU (o “R2P2”: Rapid Response Planning
Process), que prevê, do início do planejamento até a execução
das ações, um período de, no máximo, seis horas. Após essa
primeira apresentação, iniciou-se, em 20MAR2005, os exercíci-
os conhecidos como TRUEX (Situational Exercises), que con-
sistiriam em operações de estabilidade, segurança e mobilização
de forças expedicionárias. O exercício foi realizado em uma anti-
ga Base da Força Aérea Americana (George Air Force Base),
desativada no início dos anos noventa e cujas instalações ser-
Nova viatura “HUMVEE”, com portas e placas
vem agora como cenário ideal para operações em área urbana. laterais blindadas.

A preocupação com o realismo foi uma tônica durante o


exercício. Além das ações terem sido realizadas em uma base
abandonada, possibilitando uma completa interação com o am-
biente urbano, foram contratados atores de origem árabe, resi-
dentes na Califórnia, para atuarem (a caráter, com roupas típi-
cas) como figurativo inimigo, com o uso de veículos civis aluga-
dos e caracterizados como “carros-bomba”. Além disso, foi con-
tratada uma equipe de efeitos especiais de Hollywood, para
tornar mais realistas as ações no objetivo. O adestramento das
frações foi realizado por meio de oficinas, cada uma especializa-
da em determinado tipo de atividade, como deslocamento de tro-
pa em área urbana, patrulha motorizada com apoio de blindados
pesados (M1A1 Abhrams Battle Tank), entrada em edificações,
com técnicas de arrombamento de portas, janelas entre outras.
Adestramento de entrada em edificações, A 13ª MEU ainda deverá realizar mais duas TRUEX até o
realizado em casa abandonada da antiga Base mês de julho, quando será empregada possivelmente no Iraque
da Força Aérea Americana. ou Afeganistão.

Guerra de Manobra
Quando se fala em Guerra de Manobra, alguns combatentes anfíbios ainda ficam em dúvida quanto o real significado deste
conceito. Diante dessa situação, faremos uma abordagem diferente, comparando a Guerra de Atrito com a Guerra de Manobra.

A Guerra de Manobra visa, portanto, à aplicação objetiva da força em um ponto que impossibilitará o inimigo, mesmo que
momentaneamente, de manter o controle de seus meios, deixando ainda mais vulnerável o seu sistema defensivo.
5-
O Caçador como Multiplicador do Poder de Combate
CT (FN) Adilson Cappucci Júnior
Observador Militar da ONU no Costa do Marfim

Serão apresentados abaixo os principais moti-


vos que já levaram as maiores FFAA do mundo a ado-
tarem o Caçador como parte integrante de suas tro-
pas. Os aspectos abordados serão o aumento do po-
der de combate, a seletividade do tiro e a economia de
meios que advêm de sua utilização.
1. Aumento do Poder de Combate
Como definido na doutrina do CFN, Poder de
Combate resulta da combinação de fatores
mensuráveis e não mensuráveis que intervêm nas
operações, dos quais seu componente básico é a tro-
pa, somando-se a esta o apoio de fogo, a mobilidade,
a proteção, a liderança e outros fatores que aumen-
tem a capacidade de uma tropa em operações.
2. Seletividade do Tiro
O Poder de Combate de uma força é
indubitavelmente afetado pelo correto emprego do
Caçador. Mas, a viabilidade de seu emprego não se
limita a este conceito. No campo de batalha moderno,
com a crescente necessidade de se evitar danos
colaterais, quer seja às tropas amigas ou a civis, um dos gran- De acordo com dados divulgados pelo Departamento
des apelos do emprego do caçador é a seletividade de seu tiro. de Defesa norte-americano, durante a Guerra do Vietnã, a quan-
Seletividade é a qualidade daquele capaz de selecionar, ou seja, tidade média de munições do fuzil M-16 necessárias para cau-
escolher; no caso do Caçador, capacidade de escolher seu alvo. sar uma morte inimiga por tropas de infantaria convencionais
Doutrinariamente, o Caçador só atira quando possuir certeza da foi de 50.000 cartuchos. Estes mesmos dados indicam que a
identificação do alvo, esta identificação é feita tanto pelo atira- média necessária para uma morte inimiga entre os Caçadores
dor como pelo observador, empregando aparelhos óticos com era de 1,3 cartuchos. Esta gritante diferença de eficiência re-
magnificações de seis a quarenta vezes, tanto para combate presenta uma diferença de custo de US $23,000.00 gastos pelo
diurno como noturno. Este fato, aliado à precisão de cem por soldado convencional, contra menos de um dólar gastos pe-
cento de acertos em alvos a seiscentos metros (qualificação los Caçadores. Contudo, a economia representada pelo corre-
mínima para o Caçador nos cursos americanos para fuzil to emprego do Caçador não é medida apenas comparando-o
antipessoal), torna extremamente improvável que um Caçador atin- com tropas convencionais.
ja tropas amigas ou civis inocentes no campo de batalha. A cres- O correto emprego de Equipes de Caçadores substitui
cente presença da imprensa e a importância cada vez maior da muitas vezes, como já foi historicamente mostrado, o uso de
opinião pública nas operações militares faz da seletividade do tiro aeronaves, peças de artilharia, navios de apoio de fogo ou uma
do Caçador uma característica indispensável na atualidade. quantidade significativamente maior de tropas de outra nature-
3. Economia de Meios za. Grandes potências como EUA, Inglaterra, Alemanha e Fran-
Todavia, o grande conceito por trás do emprego do Ca- ça, que certamente dedicam parte substancial de seu Produto
çador em todo o mundo, e que gerou sua própria criação, é a Interno Bruto ao orçamento das FFAA, há muito empregam os
economia de meios. Caçadores para poupar meios e pessoal.

Atiradores de Elite do Batalhão Tonelero em


Treinamento. Fuzil camuflado (direita)
-6
Peculiaridades do Ataque nas Operações
Ribeirinhas no Ambiente Amazônico
CC (FN) Márcio Rossini Batista Barreira
Instrutor do CAOCFN no CIASC

prováveis emboscadas.
6. O movimento termina com a
ocupação de uma área de reagrupamento
(ARgt) ou zona de reunião (ZReu) no in-
terior da floresta, a fim de esclarecer me-
lhor a situação, realizando todos os reco-
nhecimentos possíveis.
7. À semelhança do ataque notur-
no em terreno convencional, o ataque da
CiaFuzNav em área de selva poderá ser
apoiado ou não apoiado.
8. É de fundamental importância
salientar que, em face das reduzidas dis-
tâncias de engajamento no interior da sel-
va, todo e qualquer apoio de fogo indire-
to disponível para a manobra da
CiaFuzNav na fase do ataque, somente
será executado a pedido de seu coman-
dante.
As Peculiaridades do Ataque nas Operações Ribeirinhas 9. A seção de metralhadora 7,62mm será utilizada para
no Ambiente Amazônico são: apoiar o assalto, a partir de posições principais e de muda. Po-
1. O ataque em operações ribeirinhas, utilizando-se a derá ser empregada para assaltar uma posição junto com ele-
selva, possui as seguintes características: mentos do escalão de ataque.
(1) aumento de importância do combate aproximado, utilizando 10. As armas e munição anticarro (MAC BILL e o AT-4)
o tiro de ação e reflexo; são particularmente úteis para atirar da orla da floresta sobre
(2) dificuldade na condução dos fogos indiretos; alvos situados às margens de rios (embarcações e navios), es-
(3) dificuldade no deslocamento e no seu controle; tradas e no interior de clareiras. No entanto, deve-se levar em
(4) dificuldade de identificação de tropas amigas ou inimigas; consideração a sua mobilidade e o efeito do sopro, quando
(5) dificuldade de navegação no terreno; e empregadas no interior da floresta. O uso de munição específica
(6) dificuldade de utilizar as medidas de coordenação e controle. para espaços confinados ou a limpeza da área à retaguarda da
2. No interior da floresta, o objetivo da tropa atacante, peça poderá minimizar esta limitação.
valor SU, será a tropa inimiga, como um GC ou um Pel protegen- 11. As seções de morteiros sessenta milímetros e 81mm,
do uma base logística ou de treinamento, pois o terreno não é quando empregada no interior da floresta, deverá, em princípio,
taticamente utilizável. ocupar posição de tiro na ARgt ou ZReu, ficando em condições
O objetivo que se encontra fora da floresta será um aci- de apoiar todas as fases do ataque. A grande dificuldade para o
dente capital, como por exemplo, um aeroporto ou aeródromo, emprego de ambas armas reside na dificuldade de observação e
uma zona de pouso de helicópteros (ZPH) ou zona de desem- condução dos fogos por observadores terrestres. Estas serão
barque (ZDbq), um pequeno vilarejo, um porto, confluência de amenizadas destacando-se o observador avançado junto aos
rios e instalações. elementos de ataque mais avançados.
3. A ordem de operação do escalão de ataque deve ser o 12. O controle da CiaFuzNav depende, principalmente,
mais simples e detalhado possível, semelhante ao ataque notur- das comunicações. Como flexibilidade, é vital que o comandan-
no convencional. te de CiaFuzNav estabeleça um quadro-horário para o caso das
4. Normalmente, a CiaFuzNav inicia seu movimento para comunicações não serem estabelecidas no momento do ataque
o ataque a partir de uma base de combate ribeirinha (BCR). A fim ou em qualquer fase da operação ribeirinha.
de se obter maior rapidez e levando-se em consideração as pos- 13. Iniciativa, agressividade e liderança poderão impul-
sibilidades do inimigo (PI), numa primeira fase, este movimento sionar a tropa ao cumprimento da missão.
poderá ser realizado por EProg balizados por estradas, igarapés, 14. A consolidação e a reorganização dos objetivos con-
rios ou por um movimento helitransportado, desde que o conta- quistados são semelhantes as do terreno convencional. Porém,
to com o inimigo se caracterize como remoto ou pouco prová- emboscadas serão preparadas nas direções de contra-ataques
vel. Numa segunda fase, a CiaFuzNav deverá abandonar o(s) mais prováveis do inimigo no interior da floresta, bem como
EProg, buscando ocultar seu movimento, deslocando-se pela serão lançadas posições de bloqueio nos eixos de aproximação
selva por faixa(s) de infiltração. (rios e estradas) do objetivo, além do emprego de patrulhas.
5. Na escolha da(s) faixa(s) de infiltração, as trilhas, es- Durante esta fase, a ILS deslocar-se-á da ARgt ou ZReu para o
tradas, rios e igarapés devem ser evitados, por serem locais de objetivo, a fim de otimizar o apoio logístico da CiaFuzNav.
7-
Os Carros Anfíbios do Passado
1o Ten (FN) Sérgio Luiz de Mello Furtado Motta
2o BtlInfFuzNav

Desenvolvido pela YELLOW TRUCK AND COACH


CORPORATION, que utilizou o chassi do caminhão GMC COE
2.5t , seis por seis, o DUKW (D= ano1942, U= Utilitário, K=
Veículo sobre rodas e W=dois eixos de hélices traseiros), mais
conhecido como “Duck” (Pato), foram incorporados no Corpo
de Fuzileiros Navais em novembro de 1970. Apesar da origem
Norte-Americana, os CamAnf encontravam-se no porto de An-
tuérpia, Bélgica, de onde foram embarcados rumo ao Brasil.
O veículo possuía a forma de um barco, podendo operar
tanto na água quanto em terra com sua tração seis por seis,
sendo que na água era movimentado por dois hélices traseiros,
responsáveis por seu movimento e direção. Podia transportar
até 59 homens totalmente equipados ou o equivalente em car-
gas, como um jeep quatro por quatro de um quarto de tonelada CamAnf desenvolvido no Brasil pela Biselli na
e mais alguns soldados, sendo de grande valia nas operações década de setenta/oitenta, utilizado no CFN
de desembarque realizadas àquela época.
O grande sucesso do DUKW e seu desenho inspiraram
a firma brasileira BISELLI VIATURAS E EQUIPAMENTOS IN- veículo recebeu a denominação de CamAnf (Caminhão Anfí-
DUSTRIAIS LTDA a projetar e construir em série um substituto bio), com capacidade de transportar até cinco toneladas de car-
muito similar. Estes estudos tiveram início em 1978 e o novo ga em terra ou águas tranqüilas, sendo que em mar agitado esta
carga teria de ser de 2,5t. O chassi escolhido foi o do caminhão
nacional FORD F-7000, após algumas modificações. A adoção
do motor diesel Detroit 4-53 N, 145 hp, tornou-o muito superior
ao DUKW, seja na versatilidade, seja na adoção de um guincho
traseiro de duplo emprego, capaz de puxar cargas atrás e à fren-
te, graças a uma cobertura por onde passa o cabo de reboque.
Sua velocidade em terra era de 72 km/h e na água quatorze
km/h, com autonomia de 480 km e até dezoito horas na água,
com um peso na ordem de 13.500 kg. Os pneus eram à prova de
impactos de projetis 900x20, rodagem simples, com sistema de
inflar e desinflar em qualquer tipo de terreno. Possuía sistema
elétrico de doze volts, tração nas seis rodas e direção hidráulica.
A produção previa algo em torno de 25 exemplares, mas
na realidade apenas cinco foram construídos e operados pelo
Corpo de Fuzileiros Navais. Sua carroceria era toda de aço
laminado a frio, com estrutura de proa reforçada.
Um DUKW preservado nos nossos quartéis Eles prestaram bons serviços ao CFN, mas nunca chega-
ram a ser produzidos em série, devido ao surgimento de veícu-
los mais modernos e blindados, como (por exemplo) os CLAnf.

Um CamAnf navegando no mar, vencendo a


barreira da arrebentação ao sair de uma praia, em Um CamAnf chegando a uma das praias da DivAnf,
manobras nos anos setenta em manobras dos anos setenta/oitenta.

-8
Joint Vision 2010
CT (FN) Vannei de Almeida Silva Junior
2oBtlInfFuzNav

Em 2005, o Pentágono realizará a penúltima revisão estra- tes” (COpE) que serão, provavelmente, incorporadas por todas as
tégica combinada do programa “Joint Vision 2010” (JV), mas o que FFAA do Ocidente num futuro próximo, quais sejam: manobra
vem a ser este programa? O programa JV foi criado na primeira dominante, engajamento preciso, logística aplicada, proteção
metade dos anos noventa, estando previstas quatro Revisões multidimensional e efeitos em massa.
Estratégicas (a partir de 1997, a cada quatro anos). Tem como Manobra dominante (Dominant Maneuver) consiste em
propósito fornecer uma diretiva conceitual para os planejamentos controlar as três dimensões do Espaço – não mais Campo – de
a longo prazo, desenvolvidos pelas Forças Singulares e outros Batalha, conduzir operações combinadas sincronizadas e rápidas,
componentes do Departamento de Defesa Norte-Americano, ge- atacar os centros de gravidade inimigos em todos os níveis com
rando uma “nova Estratégia de Defesa” norte-americana de forma velocidade decisiva e destruição do inimigo pela velocidade de
a, em 2010, existir uma “Força-Pronta Combinada”. manobra. Notamos que este conceito está em consonância com a
A JV propõe, portanto, uma visão conjunta do cenário filosofia de Guerra de Manobra, particularmente adequada para o
mundial, o que permite estabelecer uma direção comum para as CFN. Note-se, ainda, que o conceito de manobra dominante não
Forças, bem como a criação de uma visão conjunta unificada, exclui a idéia de engajamentos assimétricos. Para obter-se mano-
conforme recomendação do Departamento de Defesa: guiar os bra dominante, é fundamental a conectividade com avaliação em
esforços de desenvolvimento de cada Força e apoiar a expectati- tempo real e distribuição simultânea da informação, resultando
va de defesa eficaz contra as ameaças do nosso século. numa posição vantajosa e num ritmo superior.
Ao iniciar o JV, as FFAA norte-americanas buscavam a Engajamento preciso (Precision Engagement) é o
preparação para o amanhã, vislumbrar as ameaças e necessidades engajamento seletivo, desencade-
preponderantes em 2010 – por ado após a localização e confir-
aqui, tivemos uma iniciativa neste mação do alvo, responsável e pre-
moldes, embora mais modesta, ciso mesmo em grandes extensões,
com o seminário “O CFN do Ter- provendo um maior alcance do
ceiro Milênio” – voltando suas efeito desejado, fornecendo ao
atenções para cinco fundamentos: Comandante da Força Combina-
qualidade de pessoal, desenvol- da várias opções flexíveis e
vimento de líderes, treinamento acuradas, bem como permitindo-
realístico e prontificação, equipa- lhe modelar o espaço de batalha e
mento de última geração e optar por reengajamento em situ-
prontificação para operações com- ações previamente selecionadas.
binadas. A logística aplicada
Com isso, o Departamento de Defesa espera, sendo o JV (Focused Logistics) tem por fina-
bem sucedido, a construção de uma força de alta qualidade, que lidade permitir maior mobilida- de, versatilidade e projeção às for-
seja persuasiva na paz, decisiva na guerra e preeminente em qual- ças, reduzir o estoque, o tempo de resposta e a estrutura pesada
quer forma de conflito. Esta força estará apta a atuar em um mundo tradicional do apoio logístico e prestar um apoio eficaz em todos
em constantes mudanças, patrocinando operações multinacionais os níveis. Para isso, o ciclo logístico em campanha é composto
e cívico-militares e preparando-se contra potenciais adversários, pela solicitação, avaliação, reparo e/ou reposição. Um conceito já
utilizando-se dos avanços tecnológicos, da superioridade de in- empregado pelo Exército Brasileiro, que é utilizado na logística
formações e adestrando-se para um emprego conjunto. aplicada é o de pacotes logísticos (PacLog).
O combate vislumbrado pelos Estados Unidos da América O conceito de proteção multidimensional (Full-
para este século necessitará que as FFAA lutem como um time Dimensional Protections) baseia-se na adoção de medidas ativas
conjunto, assim é mister o desenvolvimento de uma integração e passivas adequadas ao tipo de ameaça, na rapidez na identifica-
das capacidades e limitações de cada uma e a busca por uma força ção e proteção contra ações inimigas e na melhoria da proteção em
completamente combinada. No campo das inovações tecnológicas, todos os escalões: desde o indivíduo até o TO e em todas as
os esforços voltam-se para a obtenção da precisão, da capacidade dimensões do espaço de batalha, através do controle aeroespacial,
de detecção, do incremento da logística, da autonomia, da inde- marítimo e terrestre integrados.
pendência e da proteção, além da grande ênfase no aprimoramen- A obtenção do efeito em massa (Massed Effects) advém
to dos sistemas C4I2 (Comando, Controle, Comunicações, Compu- do amplo espectro de operações que o JV e os conceitos trazidos
tação, Inteligência e Interoperacionalidade). Finalmente, no em seu bojo aplicam-se, do emprego simultâneo destes novos
concernente à superioridade de informações, vemos que esta re- conceitos e da exponenciação dos conceitos de Guerra de Mano-
sulta de três componentes: operações de informação, as quais bra, ao serem integrados aos COpE.
procuram explorar ou negar as informações; sistemas de informa- O JV não é um novo estilo de condução de guerra ou de
ção, que visam a coletar, a processar e a disseminar oportunamen- emprego da força. O JV é uma busca pela integração entre as
te as informações; e análise-fluxo de informação, que provê o fluxo FFAA e a maximização dos recursos humanos e materiais. Sua
contínuo de informações. O correto funcionamento destes com- implementação deverá prover uma diretiva comum para o planeja-
ponentes ocasionará a localização precisa das forças, trabalho de mento de longo alcance, que nos será bastante útil como ferra-
inteligência disponível por todas as fontes e para todos os usuá- menta, para projetar o CFN de 2020, por exemplo. O JV busca
rios, além de uma sensível melhora no funcionamento do sistema desenvolver parâmetros conceituais, para conduzir o desenvolvi-
C4I2. mento da força combinada através do desenvolvimento e refina-
Em decorrência do JV, surgiram alguns novos conceitos mento dos conceitos, sua experimentação, capacitação e avalia-
operacionais, chamados de “Conceitos Operacionais Emergen- ção. Deverá ser esse nosso próximo passo?

9-
Experiências vividas e ensinamentos colhidos:
como perpetuá-los?
CC (FN) Osmar da Cunha Penha
BatalhãoNaval

Certamente, um vivida(s) e/ou ensinamento(s) colhido(s) para o “PKF Head Quarters”;


dos bens mais valiosos  estes formulários são revisados, analisados e, se aprovados
que uma Força Armada pelo “Force Comander”, lançados por uma Seção responsável pelo
pode possuir é o conjun- adestramento (Training Cell) no banco de dados, onde todas as infor-
to de ensinamentos, sejam mações recebidas são concentradas e, posteriormente, divulgadas para
técnicos, táticos, a Força via Intranet;
operacionais ou estratégi-  as informações inseridas no banco de dados são enviadas
cos, advindos das experi- para o Departamento de Operações de Paz da ONU (DPKO), em
ências vividas por seus Nova York, onde são concentradas, analisadas e confrontadas com a
homens, por vezes escri- doutrina vigente, visando à emissão, ou não, de alguma proposta de
tas com suor, sangue e mesmo vidas humanas. A Organização das alteração; e
Nações Unidas (ONU), bem como algumas nações do mundo, como a  finalmente, as alterações doutrinárias aprovadas, bem como
exemplo dos EUA, Austrália e Nova Zelândia, têm a exata dimensão da as experiências dignas de nota que não tenham gerado mudanças, são
importância de perpetuar essas experiências e esses ensinamentos co- divulgadas para todos os órgãos envolvidos com as operações de paz e
lhidos ao longo do tempo, de forma que possam ser utilizados por para todas as missões em andamento.
gerações futuras, permitindo, desta forma, a constante revisão e evolu- Sistemática bastante semelhante a esta é adotada pelas Forças
ção de suas doutrinas. Porém, como perpetuar estas experiências e Armadas da Austrália, da Nova Zelândia e dos EUA, as quais possuem
estes ensinamentos de forma objetiva, visando a este constante aper- centros de estudos especificamente voltados para o armazenamento,
feiçoamento doutrinário? análise, e processamento de tais tipos de informação.
Focado neste aspecto, este artigo tentará, baseado em minha Como podemos observar, a adoção de tal sistemática pela MB
experiência vivida como Observador Militar da ONU no Timor Leste, seria capaz de proporcionar, de imediato, algumas vantagens, tais
abordar a sistemática empregada por esta organização na perpetuação como:
e disseminação de tais conhecimentos, buscando, assim, visualizar a  processamento e análise das informações por pessoal capa-
sua aplicabilidade em nossa Força. citado e especificamente voltado para tal fim;
Atualmente, na MB, e logicamente no CFN, tem sido adotada  incentivo a participação de qualquer militar, na certeza de
a sistemática de emissão de relatórios (normalmente os de fim de co- que suas contribuições seriam processadas e analisadas;
missão) para registro das experiências e dos ensinamentos colhidos  contínua e harmônica revisão da doutrina vigente e seu
durante nossos exercícios e operações. A sistemática de relatórios men- conseqüente aperfeiçoamento;
cionada continua sendo adotada pela organização e países menciona-  garantia de que as alterações doutrinárias aprovadas e as
dos, somente para efeito de registro da realização dos diversos exercí- experiências relevantes seriam divulgadas a todos os interessados den-
cios e operações. Porém, para minimizar estas limitações e permitir tro da instituição; e
uma constante revisão e evolução doutrinárias, foi desenvolvida uma  facilidade de consultas futuras a respeito de assuntos ou
nova sistemática, diferente da acima mencionada, que visa, única e tópicos doutrinários específicos.
exclusivamente, a permitir tal aperfeiçoamento. No caso específico da MB e do CFN, tal sistemática seria
A sistemática tem por base, fundamentalmente, a concentração perfeitamente aplicável, uma vez que já possuímos órgãos (EMA e
das experiências vividas e dos ensinamentos colhidos em órgãos res- CGCFN) responsáveis pelo aperfeiçoamento doutrinário. O desenvol-
ponsável por analisar o impacto destes sobre a doutrina vigente, de vimento de uma mentalidade de perpetuação de nossas experiências,
forma a permitir a proposição das mudanças necessárias. Tais mudan- aliado a criação de um banco de dados nestes órgãos, manuseado por
ças, uma vez aprovadas, são amplamente divulgadas de forma a alcan- militares especificamente voltados à necessária confrontação com a
çar todos os membros da instituição interessados em tais conhecimen- doutrina vigente e formulação de propostas das alterações decorrentes,
tos. Para tal, todos os dados coletados são armazenados em um banco tornariam perfeitamente plausível a implantação de tal sistemática,
de dados, a partir do qual as informações são analisadas e confrontadas tornando nosso processo de aperfeiçoamento doutrinário mais acessí-
com a doutrina vigente, para então surgir, ou não, uma proposta de vel e estimulante para todos dentro do CFN e da MB.
alteração. De qualquer forma, as informações e experiências permane-
cem arquivadas, mesmo que não tenham gerado alterações na doutrina,
sendo, igualmente, divulgadas. Utilizando-se de formulário próprio
para alimentação do banco de dados, esta sistemática busca incentivar
o envio das experiências vividas e dos ensinamentos colhidos, a qual-
quer tempo, por parte das organizações envolvidas ou qualquer de seus
membros. Tal formulário poderá, como veremos adiante no exemplo
específico da ONU, trazer orientações sobre tópicos específicos a
serem especialmente observados, visando ao aperfeiçoamento doutri-
nário.
Tratando-se das “United Nations Peace Keeping Force (PKF)”,
a sistemática adotada funciona da seguinte maneira:
 as unidades componentes enviam, a cada três meses, ao
final de sua “missão” ou a qualquer momento que julgarem necessário,
o formulário de “Lessons Learned”, contendo a(s) experiência(s)

- 10
Sistema de Jogos Didáticos (SJD)
CMG (RM1-FN) Mário Márcio Pimentel de Freitas
Centro de Instrução Almirante Sylvio de Camargo

Em 1990, época da transição do Curso Avançado de


Operações Anfíbias (CAVANF) para o Curso de Aperfeiçoamen-
to de Oficiais Fuzileiros Navais (CAOCFN), foi desenvolvido o
Sistema de Jogos Didáticos (SJD), software que constitui a fer-
ramenta para avaliação do Controle da Ação Planejada dos Tra-
balhos em Estado-Maior do CAOCFN.
Atualmente, o sistema utiliza a versão 3.0, sendo capaz
de simular com realismo a realização de Operações Anfíbias,
abrangendo todos os aspectos topográficos, astronômicos e
meteorológicos influentes na manobra e o desdobramento de
tropas no terreno, seus movimentos e as detecções entre as
forças oponentes.
O SJD é utilizado primordialmente em proveito do
CAOCFN, mas pode realizar simulações em proveito de outras OM, conforme as disponibilidades de tempo no calendário es-
colar e segundo as possibilidades e limitações do sistema
computacional.
Recentemente, foram adquiridos vinte novos computa-
dores, tendo sido totalmente reestruturada a rede de dados in-
terna do Centro de Jogos Didáticos, o que possibilitará a simu-
lação de operações de Grupamentos Operativos até o nível de
Brigada Anfíbia de Fuzileiros Navais.
Para o corrente ano, estão previstas quatro simulações
para o CAOCFN, quatro para a EGN (C-EMOI e C-EMOS), uma
para o CEspGAnf, duas para o C-Hab-SG e uma para os Aspi-
rantes FN do quarto ano.

Laser Tático de Alta Energia - LTAE


CF (FN) José Cupello Filho
Comando de Operações Navais

Em meados de 2004, foi testado com su-


cesso um novo armamento denominado LASER
TÁTICO DE ALTA ENERGIA (THEL - Tatical High
Energy Laser). A arma, em desenvolvimento des-
de o ano de 2000, foi construída pela empresa
NORTHROP GRUMMAN para o exército norte-
americano e para o exército de Israel e utiliza raios
laser de alta energia para destruir foguetes,
projetis de artilharia, mísseis de cruzeiro e mís-
seis balísticos de curto alcance, bem como veícu-
los aéreos não tripulados. O teste foi realizado
com cerca de trinta tipos de alvos, incluindo sal- LASER DE CAMPANHA - O LTAE sobre rodas é um programa
vas de foguetes “Katyusha” soviéticos e de ba- EUA-Israel para desenvolver uma arma de energia dirigida para
terias de obuses e morteiros de diversos calibres. barrar granadas de artilharia e outros tipos de projetis.

No intuito de continuar incentivando o estudo de idiomas, o pense desta edição está novamente escrito em
Pense português e em inglês. Sendo assim, as respostas poderão ser enviadas em qualquer dos idiomas.

“Os louros da vitória estão nas pontas das “The laurels of victory are at the point of enemy
baionetas do inimigo. Eles devem ser arrancados bayonets. They must be plucked there. They must
de lá. Se alguém pretende realmente conquistá- be carried by a hand-to-hand fight if one really
los, deve capturá-los lutando corpo a corpo”. means to conquer”.

Marshal of France Ferdinand Foch, Precepts and Judgments, 1919.


11 -
O CFN há cinqüenta anos
O ano de 2005 marca o cinqüentenário do CIASC. Este marco nos leva a uma reflexão sobre as mudanças ocorridas no
CFN, após a criação deste renomado estabelecimento de ensino. Inspirado por este magnífico momento, o Âncoras e Fuzis volta
no tempo trazendo trechos de um artigo publicado no periódico “O Anfíbio”, do trimestre abril-maio-junho de 1955, com a grafia
da época, ocasião em que o CFN realizava pela primeira vez um exercício com o apoio da aviação a jato. Há cinqüenta anos ...

OPERAÇÃO RESTINGA eficiente da tropa. Após o desfile em continência ao


Pela primeira vez no Brasil e tal- Sub-Comandante a tropa embarcou, chegando ao
vez na América do SUL, foram realiza- local de acampamento ao entardecer.
dos exercícios de Fuzileiros Navais com A tropa era formada por um batalhão de
apoio de Aviação a Jato. Infantaria com apoio da aviação e da Artilharia,
Êste ano, foi programado um exer- e estêve sob o comando do Capitão-de-
cício de longa duração para o Corpo de Fu- Corveta Juan Lopes Alonso Júnior.
zileiros Navais na Restinga de Jacarepaguá. O destacamento de Fuzileiros foi Co-
O Exercício serviu de coroamento à instrução mandado pelo Capitão-de-Corveta Luiz
ministrada ao pessoal dos Cursos de Candida- Afonso de Miranda, Comandante dos
to a Sargentos e a Cabos no decorrer dêste ano, e Cursos. Ainda na noite do dia 20, hou-
nêle tomaram parte, além dos elementos dos cur- ve uma reunião dos oficiais para es-
sos, pessoal do Quartel Central e da Companhia tudo e ambientação com o tema. O
Escola. O apoio aéreo foi feito por uma esquadrilha Capitão-de-Corveta Alonso expôs
de aviões a jato “Gloster Meteor” do Primeiro Grupo o plano da manobra.
de Caças da F AB.
Todos tinham um objetivo definido: o êxito do exer- ENFIM AS MANOBRAS
cício. E isto só se poderia conseguir à custa de muito esfor- O Dia 26 de maio raiou mais cedo para nós do
ço. Teòricamente, o pessoal achava-se bem preparado, es- Destacamento da Restinga de Jacarepaguá. As tropas
pecialmente os componentes dos Cursos que estavam a ter- rumaram para o local das manobras e colocaram-se em posição,
minar o ano letivo. Bastava colocar em prática os conhecimen- aguardando o início do exercício. No acampamento, os oficiais
tos adquiridos nas aulas. E foi o que se fêz, com grande dose de esperavam a chegada das au-
bôa vontade e entusiasmo, tanto assim que se supriram tôdas toridades.
as deficiências sugeridas antes ou durante o exercício. A primeira representa-
ção a chegar foi a da Compa-
O LOCAL nhia Escola, constituída pela
No dia 16 de maio, o Destacamento Precursor, sob o turma de Guardas-Marinhas
comando do Capitão-Tenente Lima Caldas, seguiu para a em estágio naquela Sub-Uni-
Restinga de Jacarepaguá. Depois de estudado o terreno, foi dade, e sob o comando do Sr.
escolhido o local para acampamento. Foram surgindo as barra- Capitão-Tenente Antônio
“A poderosa em ação”
cas dos oficiais e sargentos, as dos serviços e das praças – e Rodrigues Lopes.
aos poucos esta- Em seguida chegou a representação do Quartel Central,
va inteiramente sob o comando do Sr. Capitão-de-Mar-e-Guerra Alberto Gurgel
modificado o as- Sales. Vieram vários oficiais do Quartel Central e também algu-
pecto da área. mas praças.
Onde existira Pouco antes das 8 horas,
sòmente mato, chegou ao acampamento S. Exa.
apareceu um O Sr. Ministro da Marinha Almi-
acampamento rante Amorim do Vale, acompa-
para 600 homens, nhado de S.Exa. Sr Comandante-
com todas as Geral do Corpo de Fuzileiros Na-
“Os Fuzileiros aguardam o instalações ne- vais Almirante Sylvio de Camargo.
toque de reunir” cessárias ao seu Da comitiva Ministerial fa-
bom funciona- ziam parte o Exmo. Sr. Chefe do
mento. As barracas eram abrigadas dos ventos vindos do mar Estado Maior da Armada, Exmo. Sr.
por uma pequena elevação. De um lado havia pântanos, em Diretor Geral do Pessoal, oficiais
parte responsáveis pela baixa temperatura registrada durante o Assistentes, Ajudantes de Ordens,
acampamento. etc. Compareceram também ofici-
ais da Missão Naval Americana.
CHEGA A TROPA “Oficial da FAB Após assistirem à cerimô-
No dia 20, a tropa seguiu para a Restinga de Jacarepaguá. controlando, de terra, nia da Bandeira, as autoridades
À saída do Quartel, o Sr. Sub-Comandante em breve palavras o apoio aéreo rumaram para a Tôrre da Aeronáu-
concitou a todos a darem o melhor dos seus esforços para o imediato” tica existente nas proximidades do
êxito das manobras e conseqüentemente para um preparo mais Campo de Manobras.
- 12
Condicionamento Físico
CF (FN) Leonardo Lago Deza
Comando-Geral do CFN

PROGRAME-SE PARA OS CINCO QUILÔMETROS! 26 batimentos por minuto quando se corre em uma subida – isso
1. INICIANTE - Se você fez o TAF no ano passado, seja em relação a uma corrida à mesma velocidade em um terreno
em que faixa etária, em menos de 2750, você está aqui. Portanto, plano. Então, não vá no seu ritmo máximo. E atenção: todo tra-
esqueça as séries e as subidas. O importante é correr cada dia balho de série é feito de forma constante. Faça as primeiras
mais, sem exigir demais para não provocar lesões. Faça o TFM e repetições mais devagar, depois encontre sua velocidade ideal
siga o programa. Somente correndo, sem praticar mais nenhum e mantenha-se até o fim. Os dias para os quais estão marcados
os trabalhos de qualidade (mudanças de rit-
mo, séries ou subidas), faça um aquecimento
de dez minutos e, depois, quatro retas de cem
metros a 85% da sua freqüência cardíaca má-
xima para preparar o corpo para o esforço. Ao
final do treino trote por dez minutos e alon-
gue durante quinze minutos.

outro trabalho de velocidade, em poucos meses será possível REGRAS DO PLANO


perceber uma melhora significativa no desempenho, já que Mudanças de ritmo: o objetivo é completar os cinco qui-
sua capacidade aeróbica aumenta. Dessa forma, é construída lômetros em mais de trinta minutos, faça: um minuto e quinze
a base para os treinamentos mais intensos de velocidade. Fique segundos para os duzentos metros, dois minutos e trinta se-
atento à respiração e mantenha uma velocidade que o permita gundos, quatrocentos metros e cinco minutos, os oitocentos
falar com um companheiro durante o treino. metros. Para completar o percurso em até 28 min, corra em um
minuto e sete segundos, duzentos metros; dois minutos e quin-
2. INTERMEDIÁRIO - Esse é o nível mais difícil de de- ze segundos, quatrocentos metros; e quatro minutos e trinta
terminar: engloba aqueles que simplesmente conseguem termi- segundos, oitocentos metros. Para um tempo de 25min: um mi-
nar uma prova curta e também os que buscam melhorar suas nuto, duzentos metros; dois minutos, quatrocentos metros; e
marcas. O plano inclui uma quantidade maior de quilômetros, quatro minutos, oitocentos metros. Por último, para até dois
treinos de qualidade com mudança de ritmo e prática de séries. minutos e 53s, duzentos metros; um minuto e 45s, quatrocen-
No final das seis semanas, você será um corredor mais veloz e tos metros; e três minutos e trinta segundos, oitocentos metros.
com mais capacidade anaeróbica. Além disso, os treinos em Séries: caso você pretenda correr cinco quilômetros em
subida aumentarão sua potência e fortalecerão os músculos de trinta minutos, um minuto e onze segundos (duzentos metros),
pernas e glúteos, já que o exercício estimula o organismo a reciclar dois minutos e 22s (quatrocentos metros) e quatro minutos e
o lactato e amplia as passadas. Procure um desnível não muito 44s (oitocentos metros). Para terminar o percurso em cerca de 28
grande e que tenha um trajeto de mais ou menos trezentos metros, min: 1min04s (200 m); 2min08s (400 m); e 3min15s (800 m). Em 25
recupere-se retornando ao ponto inicial caminhando. Importan- min: 56s (200 m); 1min53s (400 m); e 3min45s (800 m). E abaixo de
te: pesquisas apontam que a freqüência cardíaca sobe em média 22 min: 49s, duzentos metros; um minuto e 38s (quatrocentos
metros); e três minutos e quinze
segundos, oitocentos metros.
Tempo de recuperação:
depois de fazer mudanças de rit-
mo, corra suave a metade da dis-
tância percorrida. Após a prati-
ca de séries, caminhe lentamen-
te o equivalente ao trajeto per-
corrido, ou seja, se você reali-
zou uma série de quatrocentos
metros, ande outros quatrocen-
tos metros. ao final do treino de
subidas, a recuperação é feita
voltando ao ponto de partida ca-
minhando.
Como treinar: se a sua in-
tenção é correr os cinco quilôme-
tros em um tempo maior que 28
min, realize sempre o menor nú-
mero de quilômetros indicado.
Caso queira completar o percur-
so em menos de 25 minutos, es-
colha as distâncias mais longas.
13 -
Resposta do Decida nº 28
Diversas contribuições nos foram enviadas. Em especi- elementos subordinados, alguns não desceram ao nível de Es-
al, destacamos o 2 oBtlInfFuzNav com 47 sargentos, o quadra de Tiro e outros não incluíram a 2aSeçMAG. No exame
BtlArtFuzNav com dezenove oficiais e BtlOpRib com dezesseis da situação, muitos não levaram em conta os fatores da decisão.
oficiais. Também se destacaram o Primeiro-Tenente (FN) RUBIN A seguir apresentamos o enunciado do DECIDA Nº 28,
do 1oBtlInfFuzNav e o Primeiro-Tenente (FN) FERREIRA NETO para que os leitores possam relembrar a situação a que se refere
do GptFnBe. Observamos que, ao estabelecer tarefas para os a solução apresentada.

Decida nº 28 - A Conquista da Ilha Inacessível


Após o ataque da 3aCiaFuzNav(Ref) à posição da Seção
de Mísseis Superfície-Ar e ao Parque de Antenas, cujo resultado
foi a evasão do Grupo de Combate que a defendia, a neutralização
da Seção e a destruição do Parque, o GDB-3, prosseguindo nas
ações para a conquista da Ilha Inacessível, desencadeou o movi-
mento navio para terra helitransportado da 2aCiaFuzNav(Ref).
Durante o MNT, uma das aeronaves foi obrigada a realizar um
pouso forçado a Sudoeste do PCot118, após ter recebido fogos
de armas portáteis, que se encontravam na encosta Norte do
PCot118.
Numa manobra rápida, a 2aCiaFuzNav(Ref) conquistou a
localidade de Tritão, estabelecendo uma postura defensiva. Em
seguida, recebeu fogos de aviação. O 2oGC, do 2oPelInfFuzNav,
da 2aCiaFuzNav(Ref) e a 2aSeçMAG que estavam embarcados na
aeronave que fez o pouso forçado deslocavam-se para a localida-
de de Tritão, para reincorporarem-se à 2aCiaFuzNav(Ref), quando
avistaram quatro militares na encosta Norte do PCot118, aparen-
temente remanescentes do GC que defendia a SeçMSA, que esta-
vam atuando como Guia Aéreo Avançado para as aeronaves que
atacavam a 2aCiaFuzNav(Ref).
O Senhor agora é o Comandante desse GC, que está sem
comunicações com o seu Comandante de Pelotão, com seu efeti-
vo completo e de moral elevado. São 08:30h do Dia-D. Coman-
dante, tenha iniciativa, decida e lembre-se: coragem e audácia são
o espírito do ataque.

Muitas respostas atenderam plenamente ao solicitado, porém a solução do CT (FN) CUNHA


BARBOSA, do BtlArtFuzNav, foi selecionada, pois foi considerada a mais completa.
Exame sucinto da situação: Tarefas aos elementos subordinados:
1) O nosso poder de combate é maior (3x1) o que permite a execu- a. 1aET
ção do ataque. (1) Atacar, conquistar e manter a posição mais a E da posição
2) Nosso GC conta ainda com o apoio de fogo proporcionado inimiga na encosta Norte do PCot 118;
pela 2aSeçMAG. (2) Escalar um militar para sentinela do ar; e
3) A presença dos elementos inimigos na encosta do PCot 118 (3) Estabelecer PVig.
pode, em virtude da condução dos fogos da Aviação inimiga, b. 2aET
interferir na missão da 2aCiaFuzNav (Ref), que vem cumprindo as (1) Atacar, conquistar e manter a porção central da encosta Norte
suas tarefas. do PCot 118; e
4) Nosso GC não dispõe de comunicações a fim de conduzir fo- (2) Fazer a limpeza da área, destacando dois militares para revista
gos de artilharia ou fogo naval sobre a posição inimiga. dos PG.
c. 2aSeçMAG
(1) Estabelecer posição na encosta W do PCot 118, de maneira
Decisão: que possa prestar apoio de fogo ao avanço do 2oGC; e
Este GC atacará na direção SW-NE a porção Norte do PCot 118, (2) ApDto ao 2oGC, 2oPelFuzNav.
com uma ET a esquerda, uma ET ao centro e outra a direita, para d. Reserva:
destruir os elementos remanescentes presentes no local e con- 3aET
quistar o PCot 118. Manterá em reserva uma ET. (1) Ficar ECD assumir as tarefas dos elementos em primeiro escalão.
(Continua)

- 14
Resposta do Decida nº 28 (Continuação)

LIÇÕES APRENDIDAS

1. Emprego da RESERVA: a Reserva é ocorrência durante as operações; questões mais importantes a serem considera-
uma ferramenta que confere flexibilidade ao 3. Iniciativa: os comandantes, em todos das em cada situação;
Comando. O seu emprego deve ser revisto em os escalões, devem adotar uma postura pró- 5. Meios em Apoio: o comandante do es-
todo planejamento, particularmente nas situ- ativa e não se contentarem em serem meros calão de combate desempenha um papel de
ações críticas de combate, como são as apre- cumpridores de ordens superiores. A fluidez fundamental importância na coordenação e no
sentadas nessa coluna. A Reserva não deve ser do combate, a fugacidade das oportunidades, o emprego de todos os meios de apoio disponí-
poupada para um possível emprego futuro caos e a fricção dos campos de batalha, não veis. Durante o planejamento de sua ordem de
quando a situação atual já se encontrar deteri- permitirão que um comandante sempre inter- ataque ele deve ter sempre em mente a conju-
orada. No entanto, ao se empregar em primei- rompa suas ações para perguntar ao seu supe- gação necessária entre sua idéia de manobra e
ro escalão a peça de manobra inicialmente pre- rior se pode ou não prosseguir na ação. O co- o efeito desejado que buscará obter com o
vista como Reserva, deve o Comandante pre- mandante, ciente dos propósitos e intenções emprego de cada arma de apoio. Muitas solu-
ver a sua substituição. Para tanto, ele dispõe dos comandantes dos dois escalões acima do ções apresentadas não consideraram o empre-
de dois artifícios: a Reserva Temporária ou a seu, tem condições de decidir, acertadamente, go da 2aSeçMAG, ou empregaram esse meio
Reserva Hipotecada. A Reserva Temporária é sem precisar questioná-los. A matéria da coluna sem lhe dar tarefas táticas; e
constituída por elementos de apoio ao comba- GUERRA DE MANOBRA amplia este tema; 6. Tarefas Táticas: ao prescrever a Ordem
te e de apoio de serviços ao combate. A Reser- 4. MITM-T: ao se executar o Exame da aos Elementos Subordinados, o comandante,
va Hipotecada, por sua vez, é constituída por Situação deve-se levar em consideração os em todos os escalões, deve atribuir tarefas que
elemento(s) da(s) peça(s) de manobra(s) em Fatores da Decisão - Missão, Inimigo, Terre- definam claramente a ação operativa a ser cum-
primeiro escalão, a quem são impostas restri- no, Meios e Tempo disponível. Essa regra prida, podendo incluir, também, informações
ções ao seu emprego; mnemônica permite guardar em apenas uma sobre o local e o momento de se executar a
2. Princípio da Simplicidade: a concep- palavra toda uma série de aspectos a serem tarefa. Para tal, deve empregar verbos que tra-
ção de uma operação deve ser tão simples e analisados em qualquer situação de combate. duzam uma tarefa tática, como: assaltar, ata-
direta quanto possível. As ordens devem ser O repetido uso desse artifício faz com que os car, atrair, capturar, cobrir, conter, defender,
claras, concisas e de fácil execução, visando-se líderes desenvolvam seu raciocínio tático, per- destruir, esclarecer, escoltar, impedir,
a reduzir as perdas de controle, os enganos de mitindo-lhes acelerar cada vez mais o proces- incursionar, localizar, manter, minar, neutrali-
direção e inúmeras outras falhas de possível so de análise, sem que se perca o foco das zar, ocupar, repelir, retardar, varrer e vigiar.

Decida nº 29 Combate do Rio Garagiola

O Senhor é o Comandante da 3ªCiaFuzNav(Ref)/3ºBtlInfFuzNav, de quarenta minutos. O tempo é crítico, mas desde que o Senhor já tinha
consistindo dos 1º e 2ºPelFuzNav(Ref) embarcados em CLAnf, localiza- considerado a possibilidade de combater ao longo do rio GARAGIOLA,
dos perto do rio GARAGIOLA; e do 3ºPelFuzNav(Ref), em reserva, a o Senhor agora não se sente tão pressionado. Desenvolva as ordens que
Leste de ANDROIDA. A sua CiaFuzNav está reforçada pelo 3ºPelCC e o Senhor daria aos seus subordinados e lembre-se que o “máximo empre-
por um PelMAC da CiaApF. go da ação ofensiva” é um dos principais Fundamentos da Defensiva.
Pelas últimas duas semanas, o Senhor tem enfrentado forças Agora são 0900P.
inimigas mecanizadas, tendo sido obrigado a retrair do
Oeste para o Leste. O Senhor vem desgastando o inimigo
e ao mesmo tempo, tem procurado preservar seu próprio
poder de combate. O Senhor levantou que o inimigo a
vossa frente consiste de um PelCC e um EsqdFuzBld. As
táticas inimigas enfatizam o ataque agressivo, visando a
sobrepujar a resistência com o CC, usando a infantaria a
pé somente para o combate aproximado.
A visibilidade baixa, causada por uma forte nebli-
na, tem prejudicado o acompanhamento da situação do
inimigo, desde os últimos combates, quando o Senhor
perdeu o contato.
Enquanto vossa unidade está posicionada ao lon-
go do rio, o 3ºPelCC está tentando restabelecer contato.
Alguns bancos de areia impedem os CLAnf de
atravessar o rio. Vossa tarefa é destruir qualquer força
inimiga em sua zona de ação. Caso não consiga, deverá
retardar estas forças.
Quando o 3ºPelCC passa a Oeste de TRAGÉ-
DIA, reporta uma força inimiga blindada aproximando-
se do PCt 68. O 3ºPelCC não foi detectado pelo inimigo.
O 3ºBtlInfFuzNav possui uma Bia0105mm em
ApDto e a prioridade de fogos do BtlArtFuzNav, além de até duas
sortidas de aeronaves AF-1, estimando-se o tempo entre o pedido e a As contribuições devem ser encaminhadas a este Co-
apresentação das aeronaves em aproximadamente 10 minutos. mando-Geral até o dia 05 de Junho, devendo conter a
O inimigo estará em TRAGEDIA ou GARAGIOLA em cerca decisão e todas as providências e ordens necessárias.

15 -
Resposta do “Pense” anterior (Âncoras e Fuzis nº 28)

“UMA DAS MAIS VALIOSAS QUALIDADES DE UM COMANDANTE É O


SENTIMENTO DE COLOCAR-SE NO LOCAL CERTO NO MOMENTO MAIS
IMPORTANTE”

“ONE OF THE MOST VALUABLE QUALITIES OF A COMMANDER IS A FLAIR


FOR PUTTING HIMSELF IN THE RIGHT PLACE AT THE VITAL TIME”

Field Marshal Viscount Slim,


Unofficial History, 1957.

Inúmeras respostas nos foram enviadas. Todas realça- 2140 OLIVEIRA, Asp 1001 COUTO NETO, Asp 1019 NYLFSON
ram a importância de o Comandante saber posicionar-se para BORGES, LUIZ FELIPE, Asp 1095 SILVIRA e Asp 1219
exercer sua liderança e conduzir sua tripulação rumo à vitó- RADOMAN. Especialmente, parabenizamos os Asp (FN) 3087
ria. Destacamos as respostas dos militares abaixo: SANCTOS e Asp (FN) 3167 MUFAYA que escreveram suas res-
Escola Naval: Asp (FN) 4057 AMAMBAHY, Asp (FN) postas em inglês.
4110 CESAR SILVA, Asp (FN) 3023 RAFAEL NASCIMENTO, 2 oBtlInfFuzNav: 3 oSG-FN-IF VARELA, CB-FN-IF
Asp (FN) 3038 KEPLER, Asp (FN) 3059 EDUARDO GLAUBSON, SD-FN AMARO, e SD-FN RIOS.
RODRIGUES, Asp (FN) 3086 VINICIUS, Asp (FN) SANCTOS,
Asp (FN) 3167 MUFAYA, Asp 3185 ROQUE SANTOS, Asp 2005 Selecionamos para publicação as respostas do Asp (FN)
LEONARDO GOMES, Asp 2007 GUILHERME FERNANDES, 3059 EDUARDO RODRIGUES e do Asp (FN) SANCTOS (em
Asp 2020 SANTI, Asp 2056 BREINER, Asp 2080 LEÃO, Asp inglês).

O Comandante, por definição, é o militar investido da mais alta responsabilidade dentro de um grupo nas Forças
Armadas, justamente por ser quem o encabeça e determina os passos do mesmo. Ele é o cérebro do conjunto e responde pelas
ações e por tudo o mais que diz respeito aos homens que o compõem: seus estados físico e psicológico, sua saúde, seu
conforto, sua segurança, etc. O Comandante é quem estabelece onde e quando seus subordinados estarão e por isso a
qualidade mais valiosa e desejada nele é o sentimento de colocar-se no local certo e no momento mais importante, pois quase
nunca uma decisão sua afetará somente a si próprio, mas sim a todos sob seu comando.
Em situações extremas como a guerra, a capacidade de bem avaliar de quem está na posição de comando, em meio a
condições tão adversas, fica muito limitada em comparação ao período de paz. Aquele que comanda tem de lidar com inúmeras
variáveis, o que torna seu trabalho por demais complexo. Dessa forma, por maior que seja sua cultura bélica ou sua capacidade
técnica, é imprescindível que faça uso da mais antiga e básica ferramenta utilizada pelos animais em momentos decisivos: o
instinto.
No entanto, não trata-se de um instinto primitivo, nato, mas um cuidadosamente moldado pelas qualidades profissio-
nais supracitadas, aguçado pelo seu uso contínuo e consolidado pela experiência, desenvolvendo, assim, no comandante,
esse sentimento, esse poder de percepção que mostra como numa visão profética o caminho a seguir.
No campo de batalha, essa habilidade especial, essencial a pessoa que conduz homens ao combate, pode poupar várias
vidas. Com ela, as chances da tropa cair numa emboscada ou em outra situação de risco ficam reduzidas. As chances de uma
manobra tática ser bem sucedida se elevam sobremaneira.
Aquele que está à frente, comandando, deve procurar com afinco aperfeiçoar esse sentimento, pois dele depende o
bom andamento do seu trabalho. Essa capacidade é muito admirada e, quando observada pelos subordinados, estabelece um
forte vínculo de confiança entre Comandante e comandados, fundamental à instituição a que servem.
Asp 3059 Eduardo Rodrigues

In the past, just heritage and good social position were necessary to be ahead of the troop as general. Nowadays the
technology development and information evolution are constantly transforming the way you understand the environment
around you.
So, those who are or want to be in a leader position should be able to identify what the situation needs from him.
Improvisation and quick response are qualities that make the difference between success and failure in the battlefield.
Taking a peacekeeping operation as an example, the commanding officer is supposed to talk with locals, to win the heart
and mind war, and minutes later chat with his staff and foreign advisors about the operations progress.
Two kinds of situations that call for distinct actions and patterns to be followed, in the first one, arrogance and
prepotency will keep you miles way from any kind of agreement with the population. But in the other side, you must show
efficiency and self-confidence to gain any respect and support from the other officers.
However, sometimes, more than those desired abilities are needed. Something that happens without advice. Call that
lucky a star or whatever you like, but being in the right place in the right time can improve your career.
Asp 3087 Sanctos

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