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Entre as classes sociais as disparidades eram gritantes. De um lado, uma pequena elite
permanecia encastelada e servindo aos interessas do capitalismo norte-americano - que
somente entre 1946 e 1958 investiram 80.000.000 de dólares na ilha.
Enquanto os trabalhadores rurais da América Latina passavam pelas mãos dos caudilhos,
os trabalhadores cubanos conheciam diretamente o poder do capital monopolista norte-
americano - que na década de 1950 controlava 40% da produção açucareira. Fato
importante a ser destacado com relação a Cuba é que a maioria dos trabalhadores eram
rurais e não urbano-industriais, pois a industrialização não foi priorizada pelos investidores
estrangeiros.
Os efeitos do imperialismo recaíam sobre esse numeroso grupo, que sofria desde o
desemprego até a exploração brutal da força de trabalho, mas que sustentava uma
posição política contrária à situação pela qual estava passando.
Em 1925, subiu ao poder o ditador Gerardo Machado, que, não resistindo aos efeitos da
crise de 1929, foi derrubado em 1933 por um movimento popular liderado por Ramón Grau
de San Martin.
O ano de 1953 marca-se de importância para Cuba, pois o movimento estudantil passa a
promover manifestações contra o governo de Fulgênio Batista.
Fora de Cuba, Fidel e Raul Castro e médico argentino Ernesto "Che" Guevara
organizaram o movimento 26 de julho, com o claro objetivo de voltar a Cuba a derrubar a
ditadura de Batista.
O desembarque dos revolucionários do iate Granma estava sendo esperado pelas tropas
de Fulgênio Batista e marcou-se por uma sangrenta luta que levou à morte a maior parte
dos integrantes do movimento.
Fidel, Raul e "Che" conseguiram chegar à Sierra Maestra, de onde passaram a organizar
os camponeses para a luta armada. Ao mesmo tempo, os rebeldes buscavam o apoio de
setores da burguesia contrário à ditadura de Fulgêncio Batista e que acreditavam em um
projeto nacionalista para Cuba, dentro do respeito à propriedade privada. Era assinado,
então, o Manifesto de Sierra Maestra, que no ano seguinte, 1958, foi ampliado pela
formação da Frente Cívico-Revolucionária Democrática, no qual a burguesia cubana
concordava com a luta armada para depor Fulgêncio Batista.
Em outubro de 1958 teve início a "Marcha sobre Havana", que cai em mãos dos rebeldes
em janeiro de 1959.
Em troca de pretensa paz mundial, Estados Unidos e URSS assinam um acordo em que a
URSS se compromete a não instalar bases de mísseis em Cuba e os Estados Unidos a
não tentar invadir novamente a ilha.
No início dos anos 90, com as mudanças no Leste europeu e o fim da URSS, reforçram-
se as pressões por reformas que eliminassem o monolitismo, obstáculo a uma abertura
sintonizada com as transformações dos ex-socialistas e exigidas pelos países
capitalistas.
Ao mesmo tempo em que as relações entre os ex-socialistas europeus enfraqueciam, os
EUA intensificaram o bloqueio econômico iniciado em 1961, multiplicando as
dificuldades de Cuba e do socialismo. Os efeitos têm sido tão negativos, que muitas
conquistas sociais, econômicas e culurais até os anos 80, ou foram anuladas ou estão
sob ameaça de reversão.
O colapso dos socialistas do Leste europeu e da URSS provocou uma retração
econômica, próxima a 50% entre 1990 e 94.
Apesar disso, os dirigentes comunistas cubanos reafirmaram o lema revolucionário
castrista “socialismo ou morte”, passando, em meados da década de 90, a buscar um
reformismo econômico e a aproximação com a comunidade internacional discordante
do bloqueio norte-americano. Outro mecanismo adotado pelo governo cubano foi o
incremento do turismo, sendo que 750 mil visitantes entraram no país em 1994,
trazendo capital que ajudou a enfrentar o bloqueio econômico.
Inúmeras pressões têm sido feitas em busca do fim do bloqueio norte-americano a Cuba,
posição contrária aos que defendem que as conseqüências do mesmo culminará na
queda de Fidel. Esta política é defendida pela população cubana estabelecida na Flórida,
que possui peso nas eleições locais, e que influenciam na política externa dos EUA.
Já não são poucos os defensores de que as mudanças virão em seu ritmo e que o contato
com o resto do mundo mudará a estrutura socialista cuban. A todo este quadro soma-se
a questão da liderança e sucessão de Castro, com 70 anos de idade.
No início de 1996, devido à derrubada, pela Força Aérea cubana, de dois pequenos
aviões norte-americanos pilotados por exilados cubanos anti-castro, a proposta Helms-
Burton foi transformada em lei, determinando sanções às empresas e indivíduos de
qualquer país que mantivesse relações com Cuba. A medida foi criticada por vários
países, até por alguns parceiros comerciais dos EUA e tribunais internacionais,
levantando as possibilidades de uma “guerra comercial” em época do crescimento do
livre comércio no mundo.
Em julho de 1953, inicia sua segunda viagem pela América Latina. Nessa oportunidade visita
Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Panamá, Costa Rica, El Salvador e Guatemala. Ao visitar as
minas de cobre, as povoações indígenas e os leprosários, Ernesto dá mostras de seu profundo
humanismo, vai crescendo e agigantando seu modo revolucionário de pensar e seu firme
antiimperialismo. Na Guatemala conhece Hilda Gadea, com quem se casa e de cuja união
nasce sua primeira filha.
A fins da década de 1950, quando Fidel e os guerrilheiros invadem Cuba, Che os acompanha,
primeiro como doutor e logo assumindo o comando do exército revolucionário. Finalmente, no
dia 31 de dezembro de 1958, cai o ditador cubano Fulgencio Batista.
Após o triunfo da Revolução, Che Guevara se transforma na mão direita de Fidel Castro no
novo governo de Cuba. É nomeado Ministro da Indústria e posteriormente Presidente do Banco
Nacional. Desempenha simultaneamente outras tarefas diversas, de caráter militar, político e
diplomático. Em 1959 casa-se, em segundas núpcias, com sua companheira de luta, Aleida
March de la Torre, com quem terá mais quatro filhos. Visitam juntos vários países comunistas
da Europa Oriental e da Ásia.
Desde então, Che deixou de aparecer em atividades públicas. Sua missão como embaixador
das idéias da Revolução Cubana tinha chegado ao fim. Em 1966, junto a Fidel, prepara uma
nova missão na Bolívia, como líder dos camponeses e mineiros contrários ao governo militar. A
tentativa acabou significando sua captura e posterior execução no dia 9 de outubro de 1967.
Os restos do Che descansam no mausoléu da Praça Ernesto Che Guevara em Santa Clara,
Cuba.
citações
"Nasci na Argentina; não é um segredo para ninguém. Sou cubano e também sou
argentino e, se não se ofendem as ilustríssimas senhorias da América Latina, me sinto tão
patriota da América Lati na, de qualquer país da América Latina, que no momento em que
fosse necessário, estaria disposto a entregar a minha vida pela liberação de qualquer um
dos países da América Latina, sem pedir nada para ninguém, sem exigir nada, sem
explorar ninguém."