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Conceitos Fundamentais
Modern Quantum Mechanics - J.J. Sakurai (Revised Edition)
Observações
1) Na experiência com duas fendas, uma partícula não apresenta padrão de interferência: a probabilidade
de atingir uma determinada posição no anteparo é a soma das probabilidades individuais.
2) Levando em conta a conservação da energia, o padrão de interferência para ondas pode parecer
dissonante. Porém, não existe nenhum problema: a energia total no padrão de interferência é igual à energia
que chega pela fenda “1” mais a que chega pela fenda “2”. O padrão de interferência apenas rearranja esta
energia, conservando sua quantidade total.
Como “sabemos” os elétrons são partículas que têm massa definida, carga elétrica etc. Algumas das
propriedades do elétron são mostrados na tabela abaixo.
Elétrons
Propriedade Valor
Massa 9. 11 10 −31 kg
Carga 1. 60 10 −19 C
Spin 5. 28 10 −35 J-s
detector
padrão de
interferência
sem padrão de
interferência
Quando um evento pode acontecer de várias maneiras, a amplitude de probailidade é a soma das amplitudes de
probabilidade de cada maneira considerada independentemente. Existe padrão de interferência
1 2 → P | 1 2 | 2 .
Numa experiência onde se determina como as coisas efetivamente acontecem, a probabilidade do evento é a soma
das probabilidades de cada alternativa. Não existe padrão de interferência.
P P1 P2.
Pólo Forno
magétic
o
Feixe de
átomos
de prata
Campo magnético
inomogêneo
Resultados da experiência
Stern e Gerlach usaram átomos de prata (Ag) e observaram que o feixe original dividia-se em dois feixes ao
F z ∂ B ≅ z ∂B z
∂z ∂z
na direção do gradiente do campo magnético, perpendicular ao movimento do feixe atômico.
Se o laço de corrente origina-se do movimento circular uniforme de uma de uma partícula de carga e (para o elétron
e 0, então
I e e ev
T 2 2
v
Como A r 2 , então
ev r 2
2c evr e mvr e L
2c 2mc 2mc
onde L mvr é o momento angular orbital da partícula.
Da mesma forma que a Terra se movimenta em torno do Sol e do seu próprio eixo, podemos também imaginar que
uma partícula carregada num átomo tenha tanto momento angular orbital, L, como momento angular intrínseco, S.
Admitindo que o laço de corrente criado pelo movimento intrínseco produza uma relação similar entre o momento
magnético e o momento angular intrínseco, então,
e S
g e S mc
2mc
O momento magnético depende do inverso da massa da partícula. Portanto, os prótons e neutros (massas ≈ 2. 000
m e ) têm pouco efeito sobre o momento magnético do átomo, comparados com os elétrons, podendo ser
desprezados.
A configuração eletrônica da Ag (47 elétrons) é:
1s 2 2s 2 2p 6 3s 2 3p 6 3d 10 4s 2 4p 6 4d 10 5s 1
Número de elétrons : 46 1 47
Momento angular: J 0 S
As camadas eletrônicas cheias são representadas por orbitais esfericamente simétricos e o momento angular orbital
e momento angular intrínseco dos elétrons nessas camadas são nulos.
Resta o momento angular do elétron na última camada 5s. Mas, um elétron na camada s tem momento angular
orbital nulo.
Logo, o momento angular total do átomo de prata é devido apenas ao momento angular intrínseco do elétron, que
chamamos de spin.
Assim, o momento magnético do elétron, e, portanto, do átomo de prata neutro, é
mce S
onde e 0.
A força clássica sobre o átomo pode ser escrita como
e S z ∂B z
F z ≅ mc
∂z
feixe Sz+
S
feixe Sz -
A deflexão do feixe na experiência de Stern-Gerlach é então uma medida da componente S z , ou da projeção do spin
ao longo do eixo z, que é a direção do gradiente do campo magnético.
Vamos supor que todos os elétrons tenham a mesma magnitude do momento angular intrínseco, |S|, tal que a
projeção S z pode ser escrita como
S z |S| cos
onde é o ângulo entre a direção do spin e o eixo z.
Dentro do forno aquecido, esperamos uma distribuição aleatória das direções do spin e, então, todos os possíveis
ângulos . Assim, S z tem uma distribuição contínua de valores no intervalo
S z −|S|, … , |S|
Ao atravessar o campo magnético, um feixe de átomos de prata com todos os possíveis valores de S z no intervalo
Prof. Abraham Moysés Cohen Mecânica Quântica A 6
entre −|S| e |S| deveria apresentar um contínuo na deflexão do feixe (ver figura abaixo).
Sz
2
Consequência do resultado do experimento: O spin do elétron tem valores discretos ao longo de um eixo
(quantização da projeção do spin).
Conclusão: Esta quantização está em desacordo com a expectativa clássica para esta medida.
Observação: Aqui consideramos o eixo z para medir a projeção do spin, mas poderíamos escolher
qualquer outro eixo que os resultados seriam os mesmos.
Sz +
Sx +
Forno SG z SG x
Sx -
Sz -
Sz + Sx +
Sz +
Forno SG z SG x SG z
Sz -
Sz - Sx -
Postulado 3 (medidas de quantidades físicas) O único resultado possível de uma medida de uma
quantidade física A é um dos autovalores a n do correspondente operador A.
P a n |〈a n || 2
onde |a n é o autovetor normalizado de A correspondente ao autovalor a n .
Postulado 5 (redução do pacote de onda) Imediatamente após uma medida de A, sobre o sistema no
estado |, que dá o valor a n , o sistema se encontra num novo estado | ′ , que é a projeção normalizada do ket original
no subespaço correspondente aos resultados da medida:
P n |
| ′
〈|P n |
Espaço KET
Dimensionalidade. Depende da natureza do sistema em análise. Pode ser:
Finita
Infinita (espaço de Hilbert)
Significado do postulado Somente a direção do ket no espaço vetorial tem importância na representação
de um estado físico.
Observáveis. São representados por operadores no espaço vetorial. (Exemplos de observáveis: momento,
componentes de spin etc.)
Ação dos operadores. De uma maneira geral, um operador atua sobre um ket pelo lado esquerdo, isto é
A | A|
O resultado desta operação nem sempre é uma constante vezes o ket |.
Autokets. Quando a ação de um operador A sobre um conjunto particular de kets resultar no produto de uma
constante pelos correspondentes kets, estes são chamados de autokets do operador A. Então, sejam os
auto-kets do operador A
|a ′ , |a ′′ , |a ′′′ , … (3)
logo, verifica-se a propriedade
A|a ′ a ′ |a ′ , A|a ′′ a ′′ |a ′′ , … (4)
onde a ′ , a ′′ , … são números.
Autovalores do operador A. O conjunto dos números a ′ , a ′′ , a ′′′ , … ou a ′ é chamado de autovalores do
operador A.
Autoestados do operador A. O estado físico correspondente a um autoket é chamado de autoestado.
Exemplo Sistema de spin ½
S z |S z ; |S z ; , S z |S z ; − − |S z ; − (6)
2 2
Observação De acordo a notação |a ′ , onde um autoket é classificado por seu autovalor, o autoket de S z na Eq. (6)
deveria ser escrito como |/2. Mas aqui a notação |S z ; é mais conveniente, uma vez que consideramos também os
autokets de S x :
S x |S x ; |S x ; (7)
2
Observação Dimensionalidade do espaço vetorial número de alternativas num experimento do tipo Stern-Gerlach.
Mais formalmente espaço vetorial N-dimensional descrito pelos N autokets do observável A. Qualquer ket arbitrário |
pode ser escrito como
Postulado A cada ket | existe um vetor bra denotado por 〈|.
Isto significa que existe uma correspondência um-a-um entre o espaço ket e o espaço bra:
CD
| 〈|
CD
|a ′ , |a ′′ , … 〈a ′ |, 〈a ′′ |, … (9)
CD
| | 〈| 〈|
Consequência de (12):
〈| 〈| ∗
Propriedade (2):
〈| ≥ 0 (13)
onde a igualdade só vale se | for um ket nulo.
Isto é conhecido como postulado da métrica positiva definida: é essencial para a interpretação probabilística da
MQ.
Vetores ortogonais Dois kets | e | são ditos ortogonais, se
〈| 0 (14)
Norma de | A relação 〈| é conhecida como norma de |, em analogia com o módulo de um vetor
a a |a| definida no espaço euclidiano.
Observação Uma vez que | e c| representam o mesmo estado físico, podemos também exigir que os kets que
usamos para estados físicos sejam normalizados na forma da Eq. (17).
Operadores
Sejam os operadores
X, Y, Z, … classe geral
X é um operador nulo se
X | 0 (21)
para um ket arbitrário.
Adição de operadores: comutativa e associativa
XY YX (21a)
X Y Z X Y Z (21b)
Operadores lineares:
Xc | c | c X | c X| (22)
Multiplicação de Operadores
não comutativa
associativa
XYZ XYZ XYZ (27)
XY | XY| X Y |, 〈| XY 〈| XY 〈| X Y (28)
correspondência dual
CD
X Y | 〈|XY
mas,
CD
X Y | XY| 〈|Y X 〈|Y X
de onde se conclui que
XY Y X (29)
não têm nenhum sentido (quando e são vetores kets ou bras que pertencem ao mesmo espaço bra ou ket).
Eles simplesmente não significam nada (não são operadores, kets ou bras).
Como os dois lados são iguais, podemos representar numa forma mais compacta
〈| X | (37)
Prova: Seja
A|a ′ a ′ |a ′ (3.1)
〈a ′′ | A 〈a ′′ | A a ′′∗ 〈a ′′ | (3.2)
Então
〈a ′′ | A |a ′ a ′ 〈a ′′ |a ′
〈a ′′ | A |a ′ a ′′∗ 〈a ′′ |a ′
a ′ a ′∗ (3.4)
(2) Fazendo a ′ ≠ a ′′ A diferença, a ′ − a ′′∗ a ′ − a ′′ (autovalores reais), não pode se anular, por
hipótese. Logo, o produto interno 〈a ′′ |a ′ deve ser nulo, ou seja
〈a ′′ |a ′ 0, a ′ ≠ a ′′
Completeza Por construção do nosso espaço ket, os autokets de A formam um conjunto completo.
| ∑ c a |a ′
′ (3.7)
a′
〈a ′′ | ∑ c a 〈a ′′ |a ′ ∑ c a a a
′ ′ ′′ ′ c a ′′
a′ a′
Ou seja,
c a ′ 〈a ′ | (3.8)
E a expansão fica
| ∑ |a ′ 〈a ′ | (3.9)
a′
Em termos de base, os autokets de A são comparáveis ao conjunto de vetores unitários mutuamente ortogonais do
espaço euclidiano.
Relação de Completeza
Do axioma associativo da multiplicação e sendo | um vetor arbitrário, obtém-se
que é conhecida como relação de completeza. O “1” do lado direito deve ser entendido como o operador
identidade.
Uso do operador identidade. Seja 〈|. Podemos escrever
∑|〈a ′ || 2
a′
∑|〈a ′ || 2 1
a′
∑|c a | 2 1,
′ (3.13
a′
Operador projeção
Seja o operador |a ′ 〈a ′ | que aparece em (3.11). Aplicando sobre o ket |
|a ′ 〈a ′ | | |a ′ 〈a ′ | c a ′ |a ′ (3.14
∑ a ′ 1 (3.16
a′
Representação Matricial
Conhecendo-se os kets de base, num espaço N −dimensional, como representar um operador X por uma
matriz quadrada?
Considere a identidade
1 1
Quantos números da forma 〈a ′′ | X |a ′ existem? Sabendo-se que o conjunto a ′ a 1 , a 2 , a 3 , … , a N
existem N 2 números dessa forma.
Forma matricial. Podemos colocá-los na forma matricial, fazendo as seguintes identificações
Ou seja,
onde o símbolo ≗ significa “é representado por”. Usando a Eq (38) da Seç. 2, podemos escrever
∗
〈a ′′ | X |a ′ 〈a ′ | X |a ′′ . (3.20
Para um operador Hermitiano B, ou seja, B B , esta equação torna-se,
∗
〈a ′′ | B |a ′ 〈a ′ | B |a ′′ . (3.21
Verificação da regra usual da multiplicação de matrizes
Podemos mostrar que o arranjo 〈a ′′ | X |a ′ numa matriz quadrada satisfaz a regra usual de multiplicação.
Relação de operadores Seja Z o produto de dois operadores
Z XY.
Assim
que pode ser visto como a multiplicação de uma matriz quadrada por uma matriz-coluna. As matrizes-coluna 〈a i
e 〈a i representam os coeficientes de expansão dos kets | e |, respectivamente, nos kets da base. Ou seja,
〈a 1 〈a 1
〈a 2 〈a 2
| ≗ , | ≗ (3.26)
〈a 3 〈a 3
〈a 1
〈a 2
〈a 1 ∗ , 〈a 2 ∗ 〈a 3 ∗
〈a 3
Logo,
∑ ∑|a ′′ a ′ a a 〈a ′ |
′ ′′
a′ a ′′
∑ a ′ |a ′′ 〈a ′ |
a′
∑ a′ a ′ (3.34)
a′
Sistemas de Spin ½
Base usada: |S z ; ≡ |
Operador identidade
Operador S z
De acordo com (3.34), a representação de um operador na base de seus autokets é
A ∑ a′ a ′
a′
Logo,
|.
2
Da mesma forma,
− |−.
2
Após a medida. Quando a medida é realizada, o sistema é “jogado” em um dos autoestados, digamos
′
|a , do observável A. Ou seja,
medida de A
| |a ′ (4.2)
Exemplo Um átomo de prata com uma orientação de spin arbitrária mudará para um dos estados |S z ; ou |S z ; −,
quando sujeito a um dispositivo de Stern-Gerlach do tipo SGẑ . Então, a medida geralmente muda o estado. A única
exceção é quando o sistema já está em um dos autoestados do observável que está sendo medido. Neste caso,
medida de A
|a ′ |a ′ (4.3)
Ensemble puro. Embora se fale de um único sistema, devemos considerar um grande número de medidas
realizadas sobre uma coleção (ensemble) de sistemas físicos preparados identicamente, todos com o mesmo
estado inicial |. Tal ensemble é conhecido como ensemble puro.
| a(1) 〉
| a(2) 〉
|α 〉
med
ida d
e A
| a(N) 〉
Exemplo Um exemplo de ensemble puro seriam os átomos de prata que atravessam o primeiro aparelho SGẑ com
a componente S z− bloqueada, uma vez que qualquer átomo membro do ensemble é caracterizado por S z .
Casos extremos
|i |a ′ e |f |a ′ Considere o sistema no estado inicial |a ′ . Qual a probabilidade de encontrar o sistema
no estado final |a ′ após a medida? De acordo com (4.4)
P a ′ →a ′ |〈a ′ |a ′ | 2 1
como seria esperado. Repetindo-se sucessivamente a medida do mesmo observável o resultado será sempre
o mesmo.
|i |a ′ e |f |a ′′ Sendo a ′′ ≠ a ′ autoestados do observável A, devido à ortogonalidade entre eles, a
probabilidade vale
P a ′ →a ′′ |〈a ′′ |a ′ | 2 0
Do ponto de vista da teoria das medidas, kets ortogonais correspondem a alternativas mutuamente excludentes. Por
exemplo, se um sistema de spin ½ está no estado |S z ; com certeza ele não pode estar no estado |S z ; −.
Casos Gerais
Probabilidade não-negativa. A Eq. (4.4) satisfaz essa exigência.
Soma 1. Quando existem várias possibilidades alternativas, a soma total das probabilidades deve ser igual a
1. A Eq (4.4) satisfaz também essa exigência.
Valor Esperado
O valor esperado de A com relação ao estado | é definido como
〈A ≡ 〈| A | (4.5)
∑ a′
|〈a ′ ||
2
a′
valor probabilidade
medido a ′ de obter a ′
É muito importante não confundir autovalores com valores esperados. Por exemplo, o valor esperado de S z para sistemas
com spin ½ pode ter qualquer valor entre − /2 e /2, digamos, 0, 273; por outro lado, os autovalores de S z só podem ter
dois valores: −/2 e /2.
| a' 〉
|α 〉
Medida de A
Logo,
|〈|S x ; | 1
2
|〈−|S x ; | 1
2
Construção dos kets |S x ; . Podemos construir o ket |S x ; com segue. De acordo com a expressão
acima, |S x ; tem componentes em ambos os autokets da base de S z . Assim, podemos escrever
Capítulo 1 Conceitos Fundamentais 21
|S x ; 1 | 1 e i 1 |− (4.9)
2 2
com 1 real.
Por convenção, o coeficiente de | pode ser escolhido como sendo real e positivo.
Para construir o ket |S x ; −, devemos observar que ambos, |S x ; e |S x ; −, são ortogonais, uma vez que as
alternativas S x e S x − são mutuamente excludentes. Esta ortogonalidade exige que
〈S x ; −|S x ; 0.
Logo, escrevendo |S x ; − como
|S x ; − 1 | 1 e i ′1 |−
2 2
onde usamos a convenção acima, encontramos
2 2 2 2
1 1 e i 1 − 1
′
2 2
0
de onde se obtém
′
e i 1 − 1 −1 1 − ′1 ′1 1 −
Logo
|S x ; − 1 | − 1 e i 1 |−
2 2
a′
Ou seja,
que é um operador Hermitiano, como deveria ser. De fato, calculando o adjunto Hermitiano desse operador, ou
seja, S x , encontramos
S x e −i 1 |〈−| e i 1 |−〈|
2
Sx
que é a condição para que o operador seja Hermitiano.
Procedendo de uma forma similar, encontramos o operador S y :
|S y ; 1 | 1 e i 2 |−
2 2
S y e −i 2 |〈−| e i 2 |−〈|
2
Para responder a esta questão, vamos considerar um experimento sequencial de Stern-Gerlach do tipo
SGx̂ → SGŷ com átomos de spin ½ movendo-se na direção z. Devido à invariância rotacional do sistema físico,
este experimento pode ser considerado como um do tipo SGẑ → SGx̂ que foi discutido anteriormente. Os
resultados são exatamente os mesmos obtidos na Eq. (1.4.8), isto é,
|〈S y ; |S x ; | |〈S y ; |S x ; −| 1 .
2
Em vista disto,
1 |1 e i 1 − 2 | 1
2 2
ou
|1 e i 1 − 2 | 2.
Usando a fórmula de Euler, e i cos i sen , podemos reescrever aquela equação como,
1 cos 1 − 2 i sen 1 − 2
2
1 cos 1 − 2 sen 2 1 − 2
É conveniente escolhermos os elementos de matriz de S x como sendo reais. Neste caso, 1 0 ou . (No caso
de 1 , a orientação positiva do eixo x terá direção oposta a de 1 0). A segunda fase, 2 , para 1 0
será então:
2 ou − .
2 2
O fato de ainda existe esta ambiguidade na escolha de 2 não significa nenhuma surpresa, uma vez que ainda não
especificamos se o sistema de coordenadas que estamos usando é dextrógiro ou não. Ou seja, dados os eixo x e z, ainda
existe uma ambiguidade na escolha do sentido positivo do eixo y. Veremos mais tarde que a escolha do sistema de
coordenadas dextrógiro levará à escolha correta de 2 /2.
Resumo
Com as escolhas 1 0 e 2 , encontra-se
2
|S x ; 1 | 1 |−
2 2
|S y ; 1 | i |−
2 2
e,
Operadores S
Os operadores não Hermitianos S definidos em (1.3.38), isto é,
S |〈∓|
podem agora ser escritos com a ajuda das Eqs. (4.18-a,b). De fato,
2S x
|〈−| |−〈|
2iS y
|〈−| − |−〈|
de onde se obtém
2S x 2iS y 2
|〈−|
2S x − 2iS y 2
|−〈|
Logo,
iS y
S ≡ |〈−| S x S x iS y
iS y
S − |−〈| S x − S x − iS y
Ou seja,
S x |〈−| |−〈|
2
Sy |〈−| − |−〈|
2i
Sz |〈| − |−〈−|
2
Seja
2
| 〈−| 〈−| | 〈−|− 〈| |− 〈| 〈−|
2 0 1 1
−i
2
|〈| |−〈−| − |〈| − |−〈−|
2
0
−i
2
| 〈−| 〈−| − | 〈−|− 〈| |− 〈| 〈−|
2 0 1 1
−i
2
− |〈| |−〈−| − |〈| |−〈−|
2
−i
2
− 2|〈| 2|−〈−|
2
Ou seja,
S x , S y −i
2
− |〈| |−〈−|
2
i |〈| − |−〈−|
2
iS z
Da mesma forma,
S y , S z iS x
S z , S x iS y
De uma maneira geral, podemos mostrar que esses operadores satisfazem as relações de comutação
S i , S j i ijk S k
onde ijk é o símbolo de Levi-Civita que satisfaz as relações
1, i, j, k permutação cíclica de x, y, z
ijk 0, repetição de dois ou mais índices .
−1, i, j, k permutação não-cíclica de x, y, z
2
| 〈−| 〈−| | 〈−|− 〈| |− 〈| 〈−|
2 0 1 1
2
|〈| |−〈−| |〈| |−〈−|
2
2
2|〈| 2|−〈−| 2
2
|〈| |−〈−|
2 2
1
.
2
2
Da mesma forma, podemos mostrar que
S y , S y S z , S z .
2
2
Anticomutação de S x com S y . Seja a relação S x , S y S x S y S y S x . Substituindo as expressões, encontra-se
−i
2
| 〈−| 〈−| − | 〈−|− 〈| |− 〈| 〈−|
2 0 1 1
−i
2
− |〈| |−〈−| |〈| − |−〈−|
2
0.
Operador S 2
S2 3 2.
4
que é uma constante multiplicada pelo operador identidade.
A forma deste operador é um caso especial para sistemas de spin ½, não valendo para outros valores de spin.
Observáveis Compatíveis
Dois observáveis A e B são definidos serem compatíveis, quando os correspondentes operadores comutam
entre si, ou seja,
A, B 0;
e, incompatíveis, quando os operadores correspondenete não comutam entre si,
A, B ≠ 0.
Observáveis compatíveis A e B. Vamos admitir, como usual, que o espaço ket seja descrito pelos
autokets de A. (Poderíamos também considerar que o mesmo espaço fosse descrito pelos autokets de B).
Degenerescência
Quando existem dois (ou mais) autokets de A, linearmente independentes, com os mesmos autovalores,
dizemos que estes autovalores dos dois (ou mais) autokets são degenerados. Neste caso, a notação |a ′ que
rotula o autoket apenas por seu autovalor não dá uma descrição completa. Pior ainda, é que o conceito de
espaço ket sendo descrito pelo conjunto de autokets |a ′ tem problemas quando a dimensionalidade do
espaço ket é maior do que o número de autovalores distintos. Felizmente, em aplicações práticas em MQ, os
autovalores de algum outro observável B que comuta com A, podem ser usados para rotular esses autokets
degenerados.
Teorema Suponha que A e B sejam observáveis compatíveis, e os autovalores de A são não-degenerados. Então, os
elementos de matriz 〈a ′′ | B |a ′ são todos diagonais. (Não devemos esquecer que os elementos de matriz de A já são
diagonais se |a ′ forem usados como kets de base.)
〈a ′′ | A, B |a ′ 0
Ou seja
Capítulo 1 Conceitos Fundamentais 29
〈a ′′ | AB − BA |a ′ a ′′ − a ′ 〈a ′′ | B |a ′ 0
〈a ′′ | B |a ′ ≠ 0, se a ′′ a ′
.
′′ ′ a ′′ a′
〈a | B |a 0, se ≠
〈a ′′ | B |a ′ a ′ a ′′ 〈a ′ | B |a ′
a′ a ′′ a ′′
Mas isto não é nada mais do que a equação de autovalores para o operador B com autovalor
b ′ ≡ 〈a ′ | B |a ′ (4.32
Caso degenerado
Embora a prova dada acima seja para o caso onde os autokets de A são não-degenerados, o enunciado
também vale se existir uma ênupla degenerescência, ou seja,
A|a ′i a ′ |a ′i , para i 1, 2, … , n,
onde |a ′i são n autokets de A mutuamente ortonormais. Para que se possa ver isso, precisamos apenas
construir n apropriadas combinações lineares de |a ′i que diagonalizam o operador B (v. Seç. 1.5).
Um autoket simultâneo de A e B, denotado por |a ′ , b ′ , tem a propriedade
A |a ′ , b ′ a ′ |a ′ , b ′
B |a ′ , b ′ b ′ |a ′ , b ′
Quando não existe degenerescência, esta notação é supérflua, uma que, da Eq. (1.4.32), vê-se que especificando-se a ′ ,
necessariamente conhecemos o b ′ que aparece em |a ′ , b ′ . A notação |a ′ , b ′ é muito mais poderosa quando existem
degenerescências. Veja exemplo abaixo.
Índices coletivos
Às vezes um índice coletivo pode ser usado para caracterizar a ′ , b ′ , tal que
|K ′ |a ′ , b ′
Conjunto máximo de observáveis comutantes. Dada uma lista de observáveis, o conjunto máximo de
observáveis comutantes é o maior conjunto que podemos formar com esses observáveis sem que se viole a
condição (1.4.36).
Os operadores individuais A, B, C, … , podem ter degenerescência, mas se especificarmos uma combinação
a ′ , b ′ , c ′ , … , então os correspondentes autokets simultâneos de A, B, C, … são especificados sem
ambiguidades. Podemos usar o índice coletivo K ′ para representar a ′ , b ′ , c ′ , … . A relação de ortogonalidade
para
|K ′ |a ′ , b ′ , c ′ , …
será
〈K ′′ |K ′ K ′ K ′′ a ′ a ′′ b ′ b ′′ c ′ c ′′ … (4.38
enquanto que a relação de completeza, será escrita como
Com base no formalismo de medidas, a resposta é simples: a terceira medida (A) sempre dará a ′ com certeza.
Isto é, a segunda medida (B) não destrói a informação obtida previamente na primeira medida (A). Isto é óbvio
quando os autovalores de A são não-degenerados:
Caso degenerado. Quando existe degenerescência, o argumento é como segue: Após a primeira medida
′
(A), que dá a , o sistema se encontra em alguma combinação linear do tipo
n
∑ c ia |a ′ , b i ,
′ (4.41
i
onde n é o grau de degenerescência, e os kets |a ′ , b i têm o mesmo autovalor a ′ com relação ao operador A.
A segunda medida (B) pode selecionar apenas um dos termos da combinação linear (1.4.41), digamos,
|a ′ , b j , mas a terceira medida aplicada a ele ainda dá a ′ .
Observáveis Incompatíveis
Neste caso, os operadores correspondentes aos observáveis A e B não comutam entre si. Ou seja,
A, B ≠ 0.
Isto significa que observáveis incompatíveis não têm um conjunto completo de autokets simultâneos, como no
caso anterior.
Demonstração. Para demonstrar, vamos considerar que, ao contrário, existe um conjunto completo de
autokets simultêneos. Logo,
′ ′
AB |a ′ , b ′ b A |a ′ , b ′ a ′ b |a ′ , b ′
BA |a ′ , b ′ a ′ B |a ′ , b ′ a ′ b ′ |a ′ , b ′
Então,
AB |a ′ , b ′ BA |a ′ , b ′ (4.44
o que significa
AB − BA |a ′ , b ′ 0
ou, mais precisamente,
A, B 0
o que está em contradição com a hipótese de que os operadores são incompatíveis.
Em geral, |a ′ , b ′ não faz sentido para observáveis incompatíveis.
Existe porém um exceção interessante: é o que acontece quando existe um subespaço do espaço ket tal que
(1.4.44) vale para todos os elementos deste subespaço, mesmo que A e B sejam incompatíveis.
Exemplo Momento angular orbital: Considere um estado l 0 (estado s). Embora os operadores L x e L z não
comutem, este estado é um autoestado simultâneo de L x e L z (com autovalores nulos para ambos os operadores). O
subespaço neste caso é unidemensional.
Qual a probabilidade de obter |c ′ , quando o feixe saindo do primeiro filtro é normalizado à unidade?
Para obtermos a medida |c ′ , o feixe deve passar pelo segundo filtro e pelo terceiro filtro. Como neste caso, as
probabilidades são multiplicativas, encontramos
|〈c ′ |b ′ | |〈b ′ |a ′ |
2 2
Agora precisamos somar sobre todos os estados b ′ para calcular a probabilidade total de ir através de todas as
rotas possíveis b ′
Operacionalmente, isto significa que primeiro registramos a probabilidade de obter c ′ com todos os b ′ bloqueados, com
exceção do primeiro; então, repetimos o procedimento com todos os b ′ bloqueados, com exceção do segundo, e assim
Comparação com o filtro B ausente. Veja a parte (b) da figura abaixo, onde o filtro B foi retirado.
Claramente, a probabilidade vale |〈c ′ | a ′ | , que também pode ser escrita como
2
2
′ ′
|〈c | a |
2
∑〈c ′ ′ ′
|b 〈b |a ′
b′
(a)
|a ′ ∑ |b ′ 〈b ′ |a ′
b′ | c'〉
A C
(b)
Observação Note que essas duas expressões são diferentes! Mas, isto é um resultado extraordinário, uma vez que em
ambos os casos o feixe puro |a ′ , saindo do primeiro filtro A pode ser considerado como composto dos autoestados de
B, isto é,
|a ′ ∑|b ′ 〈b ′ |a ′
b′
onde a soma é sobre todos os valores possíveis de b ′ . O ponto crucial que deve ser notado é que o resultado que emerge
do filtro C depende se a medida B foi ou não realizada. No primeiro caso, verificamos experimentalmente quais dos
autovalores de B realmente materializaram-se; no segundo, meramente imaginamos |a ′ ser construído dos vários |b ′ ′ s no
sentido de (1.4.48).
Em outras palavras, medindo-se realmente as probabilidades através de todas as rotas dos vários b ′ faz toda a diferença,
mesmo que no final somemos sobre todos os b ′ . Aqui está o coração da mecânica quântica.
Relações de Incerteza
Dado um observável A, definimos um operador ΔA como
ΔA A − 〈A,
onde o valor esperado é tomado para um determinado estado físico em consideração. O valor esperado de
ΔA 2 é conhecido como dispersão de A. Uma vez que,
〈| S 2x |
2
〈||〈|| 〈||−〈−||
2
0
1
1 2.
4
e
2
〈|S x | 2 〈| |〈−| |−〈| |
2
2
2
〈| |〈−| |−〈| |
2
2
〈||〈−|| 〈||−〈|| 2
2
0
Logo,
ΔS x 2 〈S 2x − 〈S x 2 1 2 .
4
Ao contrário, a dispersão ΔS z 2 0 para o estado S z . Assim, para o estado S z , S z é preciso (dispersão
nula), enquanto que S x é impreciso.
Relação de incerteza. Sejam os observáveis A e B. Então, para qualquer estado devemos ter a seguinte
desigualdade
ΔA 2 ΔB 2 ≥ 1 |〈A, B| 2 . (4.53
4
Para prová-la, consideremos os seguintes lemas:
〈|〈| ≥ |〈|| 2
que é análoga a
|a| 2 |b| 2 ≥ |a b| 2
no espaço euclidiano.
ou seja,
onde é um número complexo. Esta desigualdade deve valer quando −〈|/〈|. Logo,
〈| |〈|| 2
〈| 2 Re − 〈| 〈|
〈| |〈|| 2
〈|〈| − 2|〈|| 2 |〈|| 2
〈|〈| − |〈|| 2 ≥ 0
Lema (3) O valor esperado de um operador anti-Hermitiano, definido como C −C é imaginário puro.
Com esses lemas, estamos prontos para provar a relação de incerteza (1.4.53). Usando o Lema (1) com
| ΔA| ,
| ΔB|
onde | em branco, enfatiza o fato de que as considerações aqui podem ser aplicadas a qualquer ket,
obtemos
〈|〈| ≥ |〈|| 2 → ΔA 2 ΔB 2 ≥ |〈ΔAΔB| 2
onde usamos a hermiticidade dos operadores ΔA e ΔB.
Cálculo do lado direito. Para calcular |〈ΔAΔB| 2 , observe que
ΔA ΔB 1 ΔA, ΔB 1 ΔA, ΔB
2 2
onde o comutador ΔA, ΔB vale
ΔA, ΔB A − 〈A, B − 〈B
A − 〈AB − 〈B − B − 〈BA − 〈A
AB − A〈B − 〈AB 〈A〈B − BA B〈A 〈BA − 〈B〈A
AB − BA
A, B,
é anti-Hermitiano. Ou seja,
Teorema Dado dois conjuntos de kets de base, ambos satisfazendo ortonormalidade e completeza, existe um operador
unitário U tal que
UU 1 (5.2)
assim como
UU 1 (5.3)
∑ b k kl
k
b l (5.5)
1,
Matriz de Transformação
Representação do operador U na base antiga |a ′ . De acordo com (1.5.5),
〈a k |U |a l 〈a k |b l .
Em outras palavras, os elementos de matriz da matriz U são os produtos internos entre os bras da base antiga
e os kets da nova base. Lembre-se que a matriz rotação que muda de uma base x̂ , ŷ, ẑ para x̂ ′ , ŷ ′ , ẑ ′ , pode
ser escrita como
x̂ x̂ ′ x̂ ŷ ′ x̂ ẑ ′
R ŷ x̂ ′ ŷ ŷ ′ ŷ ẑ ′ .
′
ẑ x̂ ′ ẑ ŷ ẑ ẑ ′
A matriz quadrada 〈a k |U |a l é chamada de matriz de transformação da base |a ′ para a base |b ′ .
Coeficiente de expansão. Dado um ket arbitrário |, cujos coeficientes 〈a ′ | são conhecidos na base
antiga,
| ∑ |a l 〈a l |.
l
Em notação matricial, esta equação nos diz que a matriz-coluna de | na nova base pode ser obtida,
aplicando-se a matriz quadrada U sobre a matriz-coluna de | na base antiga:
(Nova) U (antiga)
O traço de um operador não depende da base. Da definição de trX, podemos mostrar que esta função
independe da base em que o operador é representado. Ou seja,
∑ 〈a ′ | X |a ′ ∑ ∑∑ 〈a ′ | b ′ 〈b ′ | X |b ′′ 〈b ′′ |a ′
a′ a′ b′ b ′′
∑ ∑∑ 〈b ′ | X |b ′′ 〈b ′′ |a ′ 〈a ′ | b ′
a′ b′ b ′′
∑∑ 〈b ′ | X |b ′′ 〈b ′′ | b ′
b′ b ′′
b ′ b ′′
∑ 〈b ′ | X |b ′ .
b′
Quando | b ′ corresponder ao l-ésimo autoket do operador B, podemos reescrever esta equação em notação
matricial, como segue:
B 11 B 12 B 13 C l
1 C l
1
B 21 B 22 B 23 C l
2
b l C l
2
(5.19
com
B ij 〈a i |B |a j (5.20
C l
k 〈a k |b l (5.20
com i, j, k 1, 2, … , N (dimensionalidade do espaço). Soluções não triviais para C l
k são possíveis somente se a
equação característica,
detB − 1 0,
0 1
S ≗ , (5.22)
0 0
não pode ser diagonalizada via matriz unitária. No Capítulo 2 serão encontrados autokets de um operador
não-Hermitiano em conexão com os estados coerentes de um oscilador harmônico simples, embora sabendo que eles
não formam um conjunto completo ortonormal.
Observáveis Equivalentes
Considere o seguinte teorema sobre transformação unitária
Teorema Considere novamente dois conjuntos de bases ortonormais, |a ′ e |b ′ conectados pelo operador U (1.5.4).
Conhecendo U, podemos construir uma transformação unitária de A, UAU −1 ; então A e UAU −1 são denominados de
observáveis equivalentes por transformação unitária. A equação de autovalores para A
A|a l a l | a l ,
Este resultado aparentemente simples é muito profundo. Ele nos diz que os kets | b l ’s são autokets de UAU −1
com exatamente os mesmos autovalores de A. Em outras palavras, observáveis equivalentes têm espectros
idênticos.
Seja | b l e, por definição,
B | b l b l | b l .
Comparando com (1.5.25), infere-se que B e UAU −1 são simultaneamente diagonlizáveis. A questão
fundamental é:
Nos casos de interesse físico, a resposta sim é muito frequente. Tome, por exemplo, S x e S z , que são
relacionados por uma rotação em torno do eixo y, como será mostrado no Capítulo 3.
Discreto → Contínuo
′ ′′
〈a |a a ′ a ′′ → 〈 | ′ − ′′
′ ′′
∑ |a ′ 〈a ′ | 1 → d ′ | ′ 〈 ′ | 1
a′
〈a ′′ | A |a ′ a ′ a ′ a ′′ → 〈 ′′ | | ′ ′ ′′ − ′
Expansão de um estado arbitrário. O ket | para um estado físico arbitrário pode ser expandido em termos
dos | x ′ :
| − dx ′ | x ′ 〈x ′ | (1.64
Experimento. Suponha um detector muito pequeno que clica somente quando a partícula está
exatamente na posição x ′ . Imediatamente após o detector clicar, podemos dizer que o estado em questão é
representado por | x ′ . Em outras palavras, quando o detector clica, | “salta” abruptamente para o autoestado
| x ′ da mesma maneira como um estado arbitrário de spin salta para o estado S z ou S z − , quando sujeito a
aparelho de SG do tipo S z .
O detector na prática. O melhor que o detector pode fazer na prática é localizar a partícula dentro de um
pequeno intervalo, Δ, em torno de x ′ , ou seja, x ′ − Δ/2, x ′ Δ/2 .
Após o clique do detector, o estado ket muda abruptamente como segue:
medida
x ′ Δ/2
| − dx ′′ |x ′′ 〈x ′′ | x −Δ/2 dx ′′
′
|x ′′ 〈x ′′ | (6.5)
Admitindo que 〈x ′′ | não varie apreciavelmente dentro do estreito intervalo Δ, a probabilidade para que o
detector clique é dada por
|〈x ′ || dx ′
2
existe um autoket simultâneo para as três componentes do vetor posição → podemos medí-las simultaneamente.
Logo,
x i , x j 0
onde x 1 , x 2 e x 3 representa x, y e z, respectivamente.
Translação
É a operação que muda um estado bem localizado em torno de x ′ para um outro, também bem localizado em
torno x ′ dx ′ , mantendo inalteradas as demais propriedades do sistema (spin, por exemplo).
Translação infinitesimal. O operador T que realiza essa translação, conhecida como translação infinitesimal,
é definido como
T dx ′ |x ′ dx ′ (6.12
onde um possível fator de fase foi tomado igual a um por convenção.
Não são autokets. Os |x ′ não são um autokets do operador translação infinitesimal T dx ′ .
Efeito de T dx ′ sobre um estado |. Expande-se | em termos dos |x ′ e aplica-se o operador translação.
Ou seja,
Propriedades que devem ter o operador translação. Vamos relacionar algumas propriedades do operador
translação infinitesimal.
(1) Unitariedade. Esta propriedade é imposta pela conservação de probabilidade. Se um ket | é normalizado
(2) Translações sucessivas. Aplicando-se duas translações sucessivas, primeiro por dx ′ e em seguida por dx ′′ ,
não necessariamente na mesma direção, espera-se que o resultado total possa ser descrito por uma única
translação equivalente ao vetor soma dx ′ dx ′′ . Assim, vamos exigir que
lim
dx ′ →0
T dx ′ 1,
e que a diferença entre T dx ′ e o operador identidade seja de primeira ordem em dx ′ .
T dx ′′ T dx ′ 1 − iK dx ′′ 1 − iK dx ′
≃ 1 − iK dx ′′ dx ′
T dx ′ dx ′′ .
(3) Translação inversa. Este caso pode ser facilmente mostrado
−1
T dx ′ 1
1 − iK dx ′
1 iK dx ′ O dx ′ 2
≃ 1 iK dx ′
T −dx ′
(4) É facilmente verificado.
Relação fundamental entre os operadores K e x. Sejam as seguintes expressões:
dx ′ |x ′ dx ′
≃ dx ′ |x ′ ,
onde o erro em tomar |x ′ dx ′ → |x ′ é da segunda ordem em dx ′ . Como |x ′ formam um conjunto completo de
funções, a equação acima deve valer como uma identidade de operadores. Ou seja,
x, T dx ′ dx ′
ou ainda,
− i x K d x ′ iK d x ′ x d x ′
O operador K está relacionado com o momento linear em MQ. Com esta identificação o operador translação
torna-se
T dx ′ 1 − ip dx ′ / (6.32
E as relações de comutação (6.27) tornam-se agora
x i , p j i ij (6.33
Estas relações de comutação (6.33) implicam que os pares x e p x , y e py; e z e pz são observáveis incompatíveis,
enquanto que os demais (por exemplo, x e p y ) são observáveis compatíveis. É portanto impossíveis encontrar
autokets simultâneos de x e p x y e p y ; e z e p z .
Relação de incerteza posição-momento. Aplicando o formalismo da Seç. 1.4, obtém-se a relação de incerteza
de W. Heisenberg:
Translação Finita
Seja uma translação por uma quantidade finita Δx ′ na direção do eixo x, ou seja, Δx ′ x̂ . Logo,
T Δx ′ x̂ |x ′ |x ′ Δx ′ x̂ .
Podemos tratar esse deslocamento finito, como uma sucessão de deslocamentos infinitesimais (v. figura).
dx' = Δx'/N, N → ∞
Δx'
Dividindo o deslocamento original Δx ′ em N deslocamentos dx ′ e no final tomando o limite em que N → ,
encontra-se:
T Δx ′ x̂ T dx ′ x̂ dx ′ x̂ dx ′ x̂ T dx ′ x̂ T dx ′ x̂ T dx ′ x̂
N vezes
Mas,
ip x̂ dx ′ ip x̂ dx ′
T dx ′ x̂ T dx ′ x̂ T dx ′ x̂ 1−
1−
N
N
N
ip x dx ′
1−
Como dx ′ Δx ′ /N, e, para N → , encontra-se
N
ip x Δx ′ ip x Δx ′
T Δx ′ x̂ lim
N→
1−
N
exp −
(6.36
ip x Δx ′
CUIDADO: Aqui exp −
deve ser entendido com uma função do operador p x . De uma maneira geral, para
qualquer operador X, tem-se
eX 1 X X
2
(6.37
2!
Translações em diferentes direções. Uma propriedade fundamental das translações é que translações
sucessivas em diferentes direções (x e y, por exemplo) comutam entre si. Geometricamente, isto pode ser visto
na figura abaixo: ao nos deslocarmos de A para B, não interessa se vamos via C ou via D. O resultado final é o
mesmo. Matematicamente,
T Δy ′ y T Δx ′ x T Δx ′ x Δy ′ y
Δy' y
A C
Δx' x
Translações sucessivas em diferentes
Este ponto não é assim tão trivial quanto possa parecer; será mostrado no Capítulo 3 que rotações em torno
de diferentes eixos não comutam entre si. Tratando Δx ′ e Δy ′ até a segunda ordem, encontramos
ip y Δy ′ ip x Δx ′
T Δy ′ y , T Δx ′ x exp −
, exp −
ip y Δy ′ p 2y Δy ′ 2
1− − ,
ip x Δx ′ p 2 Δx ′ 2
1− − x
Δx ′ Δy ′
≃− py, px .
2
Como Δx ′ e Δy ′ são deslocamentos arbitrários e usando (6.40), isto T Δy ′ y , T Δx ′ x 0, encontra-se
imediatamente
p x , p y 0 (6.41
ou, ainda mais geral
p i , p j 0. (6.42
Estas relações de comutação são consequência direta do fato de que translações em diferentes direções comutam entre
si. Toda vez que os geradores de transformações (no caso aqui são translações) comutam o grupo correspondente é dito
ser abeliano. O grupo de translações em três dimensões é abeliano.
Translação sobre |p ′ . Vamos aplicar o operador de translação Tdx ′ sobre o autoket dos momentos, |p ′ .
Ou seja
ip d x ′ ip ′ d x ′
Tdx ′ |p ′ 1−
|p ′ 1−
|p ′
Observe que, diferentemente de |x ′ (que mostramos não ser um autoket), os estados |p ′ são autoestados
(autokets) de Tdx ′ , como já haviamos antecipado, devido à relação de comutação
Note também que os autovalores de Tdx ′ são complexos. Não esperamos autovalores reais porque Tdx ′ ,
embora unitário, não é um operador Hermitiano.
Observações Históricas
(1) Historicamente foi Heisemberg quem mostrou em 1925 que as regras de combinações para linhas de
transições atômicas, conhecidas naquele tempo, seriam melhor entendidas se fossem associadas a um arranjo
de números obedecendo certas regras de multiplicação com essas frequências. Imediatamente depois, Born e
Jordan, reconheceram que as regras de multiplicação de Heisenberg eram essencialmente aquelas da álgebra
matricial e a teoria foi desenvolvida baseada no análogo de matriz da Eq. (1.6.46), que é agora conhecido com
mecânica matricial.
(2) Dirac, também em 1925, observou que as várias relações na mecânica quântica podem ser obtidas das
correspondentes relações na mecânica clássica, substituindo os colchetes de Poisson (da mecânica clássica)
pelas relações de comutação, ou seja,
,
, → , (6.47
clássico i
onde os colchetes de Poisson são definidos para funções de q e p, como
Expansão. Um ket | representando um estado físico pode ser expandido em termos de |x ′ ,
nos fornece a probabilidade da partícula ser encontrada num pequeno intervalo dx ′ em torno de x ′ .
Função de onda. Neste formalismo, o produto interno 〈x ′ | é o que usualmente se conhece como função de
onda x ′ para o estado |. Ou seja,
〈x ′ | x ′
usando a linguagem de função de onda. Mualtiplicando essa equação pelo autobra 〈x ′ | pelo lado esquerdo,
encontra-se
〈x ′ | ∑ 〈x ′ |a ′ 〈a ′ |
a′
a′
Elementos de matriz. Vamos examinar como 〈| A | pode ser escrito, usando as funções de onda para | e
|. Assim,
Logo, para calcularmos 〈| A | devemos conhecer os elementos de matriz 〈x ′ | A |x ′′ que em geral é uma
função de duas variáveis, x ′ e x ′′ .
Operador é função da posição. Quando o operador A é função da posição, podemos simplificar (7.10).
Suponha, por exemplo, que
A x2
∂x
dx ′ ∗ x ′ −i n ∂x∂ ′n x ′
n
〈| p n |
Caso unidimensional
1
〈x ′ | p |p ′ −i ∂ ′ 〈x ′ |p ′
∂x
ou
p ′ 〈x ′ |p ′ −i ∂ ′ 〈x ′ |p ′
∂x
〈x ′ |x ′′ dp ′ 〈x ′ |p ′ 〈p ′ |x ′′
O lado esquerdo é uma delta de Dirac (ortogonalidade) e o lado direito pode ser calculado com a forma
explícita de 〈x ′ |p ′ (onda plana). Ou seja
ip ′ x ′ − x ′′
x ′ − x ′′ |N| 2 dp ′ exp
2x ′ −x ′′
Logo,
x ′ − x ′′ 2|N| 2 x ′ − x ′′
e daí
2|N| 2 1 → N 1
2
onde, por convenção, escolhemos N real e positivo. Portanto,
′ ′
〈x ′ |p ′ 1 exp ip x .
2
Espaço da posição espaço do momento. Vamos ver como as funções de onda nesses dois espaços estão
relacionadas. Seja
vemos que é uma onda plana expikx ′ com vetor de onda k modulada por perfil gaussiano centrado na origem.
Probabilidade. A probabilidade de observar a partícula anula rapidamente para x ′ d. Mas especificamente,
a densidade de probabilidade vale
′2
1 − x2
|〈x ′ ||
2
e d
d
Valores esperados de x, x 2 , p e p 2
por simetria.
Valor esperado de x 2 . Seja
〈x 2 − dx ′ | x ′ x ′2 x ′ |
− dx ′ x ′2 x′ |
2
′2
1
d
− dx ′ x ′2 exp − x 2
d
d .
2
2
que nos leva a
Δx 2 〈x 2 − 〈x 2 d
2
2
para a dispersão do operador posição.
′ ′2
1
d
− dx ′ ik − x2
d
e
− x2
d
1 ikd
d
ik
〈p 2 2 2 k 2 .
2
2d
Dispersão do momento. Usando os resultados anteriores, esta dispersão vale
Δp 2 〈p 2 − 〈p 2 2
2
2d
Relação de incerteza de Heisenberg. Substituindo as dispersões na equação (1.6.34), o produto de incerteza
é dado por
Δp 2 d 2
2 2 2
Δx 2
2 2d 4
que é independente de d, tal que para o pacote gaussiano obtém-se uma relação de igualdade ao invés da
desigualdade que é a relação mais geral. Por esta razão, o pacote gaussiano é conhecido como o pacote de
onda de incerteza mínima.
1 1 p ′ − k 2 d 2
〈p ′ | 2 d exp −
2 1/4 d 2 2
′ 2 2
d exp − p − k d (7.42
2 2
Esta função de onda no espaço dos momentos fornece um método alternativo para obter 〈p e 〈p 2 .
Probabilidade. A probabilidade de encontrar a partícula com momento p ′ é uma gaussiana (no espaço dos
momentos) centrada em k, da mesma forma que a probabilidade de encontrar a partícula na posição x ′ é uma
gaussiana (no espaço das posições) centrada em zero. Além disso, as larguras das duas gaussianas são
inversamente proporcionais entre si, o que representa uma outra maneira de expressar a constância do
produto de incerteza Δx 2 Δp 2 explicitamente calculado em (7.41). Quando mais larga no espaço x mais
estreita ela é no espaço p e vice-versa (v. figura abaixo).
d 3 x ′ |x ′ 〈x ′ | 1
e
d 3 p ′ |p ′ 〈p ′ | 1
que podem ser usadas para expandir um estado ket arbitrário
| p| d 3 x ′ ∗ x ′ −i∇ x ′
Transformação. A transformação análoga a (7.32) é
1 ip ′ x ′
〈x ′ |p ′ exp
2 3/2
tal que
ip ′ x ′
x ′ 1 d 3 p ′ exp
p ′
2 3/2
e
−ip ′ x ′
p ′ 1 d 3 p ′ exp
x ′
2 3/2
***