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CROMATOGRAFIA DE TROCA IÔNICA

Juliana
Departamento de Ciências Naturais, Universidade Federal de São João Del Rei,
Praça Dom Helvécio 74, Fábricas, São João Del Rei - Minas Gerais - Brasil.

Abstract: In this experiment, used the technique of ionic exchange chromatography,


which were separated ions Cu2 + and CO2 + a given sample. Evaluated the effect of pH
on Elution of sample and built the chromatogram separation using spectrophotometry in
the region of visible as detector. Copyright©2010 DCNAT/UFSJ

Keywords: ionic exchange chromatography, Cu2 + ,Co2 +, pH, chromatogram.

Resumo: Neste experimento, empregou-se a técnica de cromatografia de troca iônica, na


qual foram separados os íons Cu2+ e Co2+ de uma dada amostra. Avaliou-se o efeito do pH
na eluição da amostra e construiu-se o cromatograma de separação utilizando a
espectrofotometria na região do visível como detector. Copyright2010 DCNAT/UFSJ

Palavras Chaves: cromatografia de troca iônica, Cu2+ ,Co2+, pH, cromatograma.

1 INTRODUÇÃO Na cromatografia de troca iônica, a separação é baseada


na adsorção reversível de moléculas do soluto
A cromatografia é um método físico-químico que carregadas com um grupo trocador de íons imobilizado
permite a separação de componentes de uma mistura, na resina de carga oposta. A mistura de solutos é
através da distribuição destes componentes em duas separada em conseqüência das diferenças de carga
fases, que estão em contato íntimo. Em todas as iônica (sinal e magnitude). Solutos com interação mais
separações cromatográficas, a amostra é dissolvida fraca com o grupamento trocador acabam ligando-se
numa fase móvel (líquido gás ou fluido supercrítico). A menos à resina e saem primeiro da coluna. Solutos que
fase móvel é então forçada através de uma fase apresentam ligação mais intensa com a fase estacionária
imiscível, fase estacionária, a qual é fixa na coluna ou saem por último ou acabam não saindo. Para que
em uma superfície sólida [1]. fossem eluídos, deveriam ser utilizados solventes com
maior força iônica [2].
Os componentes que são fortemente retidos pela fase
estacionária movem devagar com o fluxo da fase As resinas de troca iônica são polímeros insolúveis de
móvel. Em contraste, os componentes que interagem massa molecular elevada, contendo grupos funcionais
fracamente com a fase estacionária movem mais capazes de realizar reações de troca iônica. É necessário
rapidamente. Como conseqüência dessas migrações que as resinas apresentem algumas propriedades como:
diferenciadas, os vários componentes da mistura se ser quimicamente estável; reticulada; mais densa que a
separam em bandas discretas e podem ser analisados água quando inchada; ser hidrofílica; conter o número
qualitativamente ou quantitativamente [1] . suficiente de grupos trocadores de íons acessíveis
(capacidade de troca iônica), permitir a difusão dos íons
A classificação da cromatografia quanto ao método de através da estrutura, a uma velocidade finita e
separação se devem aos diferentes processos físico- praticamente utilizável [3].
químicos, que são a adsorção, a partição, a troca iônica,
a exclusão ou misturas desses mecanismos [2]. As resinas podem ser de troca catiônica, com grupos
funcionais negativamente carregados ligados.
Associados a esses grupos estão fracamente ligados
cátions, disponíveis para serem trocados pelos cátions Adicionou-se 13 gotas (cerca de 0,60 mL) de uma
em solução. As resinas de troca aniônica são solução contendo os analitos de interesse (íons Co2+ e
caracterizadas pela presença de grupamentos funcionais Cu2+) sobre a resina, tomando-se o cuidado de não
de carga positiva, os quais se ligam fracamente a ânions revolver a resina. Utilizou-se uma pipeta de Pauster
que posteriormente são trocados pelos ânions da para a medida das gotas da amostra.
mistura de solutos [2].
Utilizando-se o tampão citrato de pH 5,5 promoveu-se a
A capacidade das resinas polimérica com grupamentos eluição da amostra, mantendo-se uma vazão de 1
funcionais ligados covalentemente pode atuar em mL.min-1. Foram recolhidas 20 alíquotas do produto
diferentes faixas de pH, viabilizando a separação de contendo cerca de 1 mL cada.
frações de ácidos ou de bases, como no caso da resina
catiônica, com diferentes valores de pKa [4]. 3.4- Avaliação do efeito do pH na eluição

As resinas poliméricas podem ser facilmente A fim de verificar o efeito do pH na separação este
recuperadas e reutilizadas, sem perda de capacidade de procedimento foi repetido utilizando-se o tampão
adsorção. As resinas de troca iônica são aplicadas em citrato de pH 3,5.
várias áreas de atuação como, no tratamento de águas,
3.5- Análise da amostra
resíduos nucleares, na indústria alimentícia,
farmacêutica, agricultura e metalúrgica [5]. As alíquotas recolhidas foram analisadas em
espectrofotômetro 600 Plus FEMTO com uma cubeta
de caminho óptico de 1cm. Primeiramente, fez-se a
2 OBJETIVOS leitura de absorbância do tampão citrato de pH 5,5 no
intervalo de comprimentos de onda igual a 400 a 900
O objetivo deste experimento foi separar os íons Cu 2+ e nm. Essas leituras serviram como branco. Cada alíquota
Co 2+ por cromatografia de troca iônica e construir o foi analisada em comprimentos de onda de 510 e 757
cromatograma da separação usando espectrofotometria nm a fim de detectar as absorções referentes aos íons
na região visível, verificando o efeito do pH na Co2+ e Cu2+, respectivamente. A cada leitura em um
separação. comprimento de onda, o branco foi novamente utilizado
para zerar o equipamento. As absorções foram anotadas
para posterior construção de um cromatograma. Esse
procedimento foi repetido para as amostras recolhidas
3 EXPERIMENTAL quando se utilizou o tampão citrato 3,5 como fase
móvel. Nesse caso, o referido tampão foi tomado como
3.1- Preparação da Resina branco.
Foi pesada uma massa de aproximadamente 10 g de
resina de troca iônica Ion ExchangerI Merck. Em um
béquer, lavou-se a resina com 100,0 mL de água 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
destilada e agitou-se vigorosamente. A resina foi
deixada em repouso para que, pela ação da gravidade, a As resinas trocadoras de cátions contém cátions livres
mesma decantasse. O sobrenadante foi posteriormente que podem ser permutados por cátions em solução
descartado. Esse procedimento de lavagem da resina foi (soln) confome a equação (1) [3]:
repetido por três vezes. Depois, adicionu-se 50,0 mL
de solução-tampão citrato de sódio/ácido cítrico 0,20 (Res.A-)B++C+(soln)↔(Res.A-)C++B+(soln)
mol.L-1 de pH 5,5, medidos com o auxílio de uma
proveta, ao béquer que continha a resina. A resina foi Res = polímero fundamental da resina
mantida nessa solução-tampão até o seu uso. A- = ânion ligado ao esqueleto polimérico
3.2- Preparação da coluna cromatográfica B+ = cátion ativo ou móvel
Utilizou-se uma coluna cromatográfica de troca iônica, C+= cátion em solução
que apresentava placa sinterizada. Adicionou-se 10,0
mL do tampão citrato 0,20 mol.L-1 de pH 5,5 medidos Ou seja, os cátions presentes na estrutura da resina são
com o auxílio de uma pipeta volumétrica de 10,0 mL. trocados pelos íons presentes na solução. O grau em
Transferiu-se a resina em suspensão para a coluna de que um íon é absorvido preferencialmente em relação a
troca iônica, mantendo-se uma vazão de 1 mL.min-1. um outro íon tem importância fundamental; este grau
Deixou-se eluir a coluna com cerca de 20,0 mL do determinará a facilidade com que duas ou mais
tampão citrato de pH 5,5. Durante as adições da substâncias, que formam íons com a mesma carga,
solução-tampão tomou-se o cuidado de não permitir a poderão ser separadas pela troca iônica e determinará
formação de bolhas na coluna. também a facilidade com que os íons podem ser
removidos, subsequentemente, da resina.Os fatores que
3.3- Aplicação e eluição da amostra determinam a distribuição dos íons inorgânicos entre
uma resina de troca iônica e uma solução incluem[3]:

2
• Natureza dos íons permutantes; considerável, evidenciado pelos valores de absorbância
registrados no cromatograma.
• Natureza da resina trocadora de íons.

Utilizando-se o tampão citrato pH-5,5, construiu-se o


cromatograma conforme figura 1, para a separação dos 2+

íons Co2+ e Cu2+ . Co


Cu
2+

0,08

0,07
2+
Co
2+ 0,06
Cu
0,05 0,05

Absorbância
0,04
0,04

0,03

0,03
0,02
Absorbância

0,01
0,02

0,00
0 2 4 6 8 10 12 14 16
0,01
Volume do eluente (mL)

0,00

0 2 4 6 8 10 12 14 16
Volume do eluente (mL)
Figura 2. Cromatograma da separação de Co2+ (510
nm) e Cu2+ (757 nm), utilizando o tampão citrato de pH
3,5 como fase móvel.
Figura 1. Cromatograma da separação de Co2+ (510 Outra diferença observada entre os dois
nm) e Cu2+ (757 nm), utilizando o tampão citrato de pH cromatogramas, além da maior retenção de íons Co2+,
5,5 como fase móvel. foi um maior tempo de retenção de íons Cu2+ pela fase
estacionária quando o pH da fase móvel foi 3,5. A
De acordo com a figura 1 foi possível observar que o
diminuição do pH do tampão eluente causou o aumento
primeiro cátion a ser separado foi o Cu 2+. O Co2+,
da carga líquida, devido à maior concentração de íons
entretanto, apesar de ter atingido uma concentração
H+ no tampão de pH 3,5, o que dificultou a eluição da
máxima quando o volume de eluente foi
amostra.
aproximadamente 4,0 mL, em momento algum superou
a eluição do Cu2+. Na oitava fração recolhida pôde ser observada a maior
absorbância para o Cu2+. A coloração dessa fração era a
Pôde-se notar que os íons Co2+ interagem mais
de um azul celeste, característico do íon cobre (II). Vale
intensamente com a resina, ficando retidos por mais
à pena ressaltar que a diferença entre a coloração dessa
tempo. Isto ocorreu porque os trocadores de íons,
fração e aquela da quarta fração recolhida na eluição
geralmente, favorecem a ligação com íons com carga
com o tampão 5,5 pode ser atribuída ao fato de que no
maior, raio hidratado menor e polarizabilidade maior [6].
primeiro caso (utilizando-se tampão 5,5 como fase
Os fatores que definiram a interação com a fase
móvel), os íons cobalto (II) também eluíram de forma
estacionária foram o raio iônico e a polarizabilidade,
expressiva, o que justifica a coloração arroxeada da
pois os cátions em questão apresentam a mesma carga.
fração obtida. Já no caso de se utilizar a solução tampão
A maior interação do Co+2 com a resina de troca iônica
de pH 3,5 como fase móvel, a separação entre os dois
se devem ao fato de seu raio iônico ser menor do que o
íons foi mais nítida, o que se evidenciou na coloração
do Cu2+, favorecendo sua maior interação com a resina
azul celeste (típica de íons Cu2+) da oitava fração
(fase estacionária).
recolhida. Assim, pôde-se notar que o tampão citrato
Evidenciada pela maior absorbância e pela coloração 3,5 é uma fase móvel mais eficiente para a separação
das frações recolhidas, que apresentaram uma cor azul desses dois íons.
arroxeado foi obtida na quarta fração coletada a maior
Um possível erro apreciável nessa prática foi o controle
concentração do íon Cu2+. A fim de verificar o efeito do
da vazão da fase móvel. A dificuldade em se manter
pH da fase móvel na separação cromatográfica dos
uma vazão constante contribuiu para uma separação
cátions, utilizou-se um tampão citrato de pH 3,5. Após
menos nítida dos analitos, especialmente no caso em
o recolhimento das alíquotas de eluente e a leitura
que se utilizou o tampão 5,5. As vantagens dessa
espectrofotométrica, construiu-se o cromatograma,
técnica são a sua alta sensibilidade a baixas
representado pela Figura 2.
concentrações (μg L-1 ou menos), baixo tempo de
Analisando a Figura 2, percebeu-se que, utilizando-se o análise e o fato de poder ser empregada para pequenos
tampão 3,5 como fase móvel houve uma separação volumes de amostra (1 mL ou menos) .
mais nítida entre os cátions. Isso foi verificado porque a
concentração de íons Co2+ não apresentou máximo

3
5 CONCLUSÕES

Verificou-se, através deste experimento, que a


cromatografia de troca iônica é um método de
separação de íons bastante eficiente. Foi também
possível verificar o efeito do pH na fase móvel neste
tipo de cromatografia. Através dos cromatogramas
observou-se que para os dois pHs 3,5 e 5,5 o íon Cu2+ e
o íon Co2+ foram eluidos pela fase móvel. A diminuição
do pH causou o aumento da carga líquida dificultando a
eluição da amostra aumentando assim, o tempo de
retenção do cátion Cu2+ .O tampão mais adequado foi o
de pH igual a 3,5, pois neste a separação entre os
cátions ocorreu de forma mais efetiva.

6 REFERÊNCIAS
[1]-http://www.ebah.com.br/cromatografia-pdf-
a5180.html. Acessado em 12 de junho de 2010.

[2]- VOGEL, Arthur I. Análise Química Quantitativa,


5ª Ed. Rio de Janeiro: LTC, 1992, Cap7.

[3]-http://www.lce.esalq.usp.br/aulas/lce5702/cromato
grafia.pdf . Acessado em 12 de junho de 2010.

[4]http://quimicanova.sbq.org.br/qn/qnol/2005/vol28n4/
27-NT04286.pdf. Acessado em 12 de junho de 2010.

[5]http://www.kurita.com.br/adm/download/Resinas_de
_Troca_Ionica.pdf. Acessado em 12 de junho de 2010.

[6]- HARRIS, D., Análise Química Quantitativa, 6ª


ed., Rio de Janeiro: LTC Editora, 2008, Cap26.

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